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INTRODUÇÃO

A transferência de idioma é a aplicação de recursos linguísticos de um


idioma para outro por um falante bilingue ou multilingue.  A transferência de
idiomas pode ocorrer entre ambas as línguas na aquisição de um bilíngue
simultâneo , da primeira língua de um falante maduro para uma segunda
língua que está adquirindo.  A transferência de idioma (também conhecida
como interferência ou interferência linguística e influência interlinguística )é
mais comumente discutida no contexto da aprendizagem e ensino de outras
Línguas.

Quando estamos aprendendo línguas, cada um de nós desenvolve seu


próprio sistema linguístico formado pelo conhecimento prévio de outros
sistemas linguísticos, sobretudo de nossa língua materna (LM), que irão servir
de base para a aprendizagem de outros idiomas. Esse sistema híbrido oriundo
do contacto entre línguas constitui a interlíngua. Errar faz parte do processo de
ensino/aprendizagem, pois é através dos erros que se percebe a testagem de
hipóteses do aprendiz, que vai desenvolvendo sua competência na língua que
está aprendendo, avançando em direção ao nível mais alto que lhe seja
possível na língua alvo.
DESENVOLVIMENTO

INTERFERÊNCIA LINGUÍSTICA- É o fenómeno que consiste na


utilização de uma língua de traços característicos de uma outra língua devido a
incapacidade de produzir correctamente um SOM, um PALAVRA,
EXPRESSÃO ou FRASE de sentido que faz lembrar a tradução literal de algo
análogo na língua materna de quem fala (sujeito falante).

Diante deste conceito, podemos referir que, a interferência ocorre em


situações de contacto de línguas, principalmente na fase inicial de
aprendizagem da língua invasora.

Em linguística, e mais especificamente no estudo do aprendizado de


línguas, o conceito de interferência é sempre estudado em paralelo aos
conceitos de interlíngua e fossilização.

interlinguais é o sistema de transição criado pelo aprendiz, ao longo


de seu processo de assimilação de uma língua estrangeira. É a linguagem
produzida a partir do início do aprendizado, caracterizada pela interferência da
língua materna, até o aprendiz ter alcançado seu teto na língua estrangeira, ou
seja, seu potencial máximo de aprendizado.

Fossilização ou cristalização- refere-se aos erros e desvios no uso da


língua estrangeira, internalizados e difíceis de serem eliminados. Ocorre
quando o aprendizado se dá longe de hambientes autênticos da língua e da
cultura estrangeira, sem contacto com falantes nativos. Ocorre também quando
o aprendizado se inicia tardiamente, já na idade adulta.

TIPOS DE INTERFERÊNCIAS

Interferência negativa
Dentro da teoria da análise contrastiva , o estudo sistemático de um par
de línguas com vistas a identificar suas diferenças estruturais e semelhanças,
quanto maiores as diferenças entre as duas línguas, mais transferência
negativa pode ser esperada. De acordo com Whitley, é natural que os alunos
cometam.   De um ponto de vista mais geral, Brown menciona que "todo novo
aprendizado envolve transferência com base no aprendizado anterior".  Isso
também poderia explicar por que o aprendizado inicial afetará a aquisição de
de outra língua.
Interferência positiva
Os resultados da transferência positiva passam amplamente
despercebidos e, portanto, são menos discutidos.  No entanto, tais resultados
podem ter um efeito observável.  
De um modo geral, quanto mais semelhantes as duas línguas forem e
quanto mais o aluno estiver ciente da relação entre elas, mais transferência
positiva ocorrerá.  
Além da transferência positiva potencialmente resultando na produção
correcta da língua e da transferência negativa resultando em erros, há alguma
evidência de que qualquer transferência da primeira língua pode resultar em
um tipo de vantagem técnica ou analítica sobre falantes nativos (monolingues)
de uma língua.   Esse "benefício de transferência de idioma nativo" parece
depender de um alinhamento de propriedades no primeiro e no segundo idioma
que favorece os viesses linguísticos do primeiro idioma, em vez de
simplesmente as semelhanças percebidas entre dois idiomas.

INTERFERÊNCIA CONSCIENTE
A transferência de linguagem pode
ser consciente ou inconsciente . Conscientemente, aprendizes ou tradutores
inexperientes podem às vezes adivinhar ao produzir fala ou texto em um
segundo idioma porque não aprenderam ou esqueceram seu uso adequado. 

INTERFERÊNCIA INCONSCIENTE
Eles podem não perceber que as estruturas e regras internas das
línguas em questão são diferentes.  Esses usuários também podem estar
cientes das estruturas e das regras internas, mas ser insuficientemente
qualificados para colocá-las em prática e, consequentemente, muitas vezes
recorrem à sua primeira língua. O aspecto inconsciente da transferência da
linguagem pode ser demonstrado no caso do chamado princípio "transfer-to-
nowhere" proposto por Eric Kellerman, que abordava a linguagem a partir de
sua organização conceitual ao invés de suas características sintáticas . Aqui, a
linguagem determina como o falante conceitua a experiência , com o princípio
descrevendo o processo como uma suposição inconsciente que está sujeita à
variação entre as línguas.

Por outro lado, pode ser ilustrada no princípio desenvolvido por Roger
Andersen chamado "transferência para algum lugar", que sustenta que "uma
estrutura de linguagem só será suscetível de transferência se for compatível
com a aquisição natural. Princípios ou é percebido como tendo uma
contrapartida semelhante (um lugar para onde se transferir) na língua
receptora.

ACELERAÇÃO E DESACELERAÇÃO
As teorias de aceleração e desaceleração são teorias de aquisição de
linguagem infantil bilíngue baseadas nas normas conhecidas de aquisição
monolíngue.  Essas teorias vêm de comparações da aquisição de crianças
bilingues com a de seus pares monolingues de origens semelhantes.

A aceleração é um processo semelhante ao do bootstrap , em que uma criança


que está adquirindo um idioma usa o conhecimento e as habilidades de um
idioma para auxiliar e acelerar a aquisição do outro idioma. [14]

A desaceleração é um processo em que uma criança experimenta efeitos


negativos (mais erros e aprendizado de idioma mais lento) na aquisição de sua
linguagem devido à interferência de seu outro idioma.

No entanto, a interferência linguística é mais frequentemente discutida


como uma fonte de erros conhecida como transferência negativa , que ocorre
quando falantes e escritores transferem itens e estruturas que não são os
mesmos em ambos os idiomas.

A interlíngua se caracteriza pela interferência da língua materna. Formas


da língua materna inevitavelmente aparecem no linguajar usado pelo aprendiz.
A ocorrência e a persistência de interlíngua é significativamente maior em
adultos do que em crianças. De acordo com Harpaz, aquele que aprende uma
segunda língua, além de ter que executar sequências de operações mentais
(estruturar a ideia) e motoras (articular sons) novas, precisa também evitar os
velhos hábitos da língua materna. As operações relativas à língua mãe estão
profundamente enraizadas pela prática constante, sendo por isso muito difíceis
de serem evitadas. Por esta razão, adultos aprendizes de línguas estrangeiras
acham muito difícil não cair nas formas da língua materna, tanto nas operações
motoras de pronúncia quanto nas operações mentais de estruturação das
ideias em frases.

Para uma criança, este problema é muito menor porque seus hábitos
linguísticos não se encontram tão desenvolvidos e enraizados. Dependendo da
intensidade de exposição à língua estrangeira, bem como do modelo de
performance a que o aprendiz estiver exposto, sua interlíngua será mais ou
menos acentuada, isto é, apresentará um maior ou menor grau de interferência
da língua materna, como mostra o gráfico acima. Se a intensidade de
exposição à língua estrangeira for insuficiente, a interlíngua persistirá por mais
tempo, causando uma tendência maior à fossilização dos desvios.

Isto porque as necessidades de comunicação na língua estrangeira


enfrentadas pelo aprendiz podem exigir uma frequente produção de linguagem
imprecisa, que se não for contrabalançada e sobrepujada por input autêntico,
acabará causando uma internalização prematura de formas da interlíngua, isto
é, a fossilização dos desvios que a caracterizam. Além disso, se o modelo de
performance da língua estrangeira não for autêntico, isto é, se o professor não
tiver um nível de proficiência equivalente à de um nativo, o aprendiz já estará
assimilando desvios que caracterizam a interlíngua, causando uma tendência
maior à fossilização dos mesmos. Assim como um artista precisa de um
modelo real constantemente ao alcance de seus olhos para captar as formas,
luzes e cores da realidade que procura retratar, assim o aluno precisa de um
ambiente autêntico de língua e cultura estrangeira para uma assimilação mais
pura. A afinação de um instrumento nunca será perfeita se o diapasão já
estiver desafinado.

“ERRO” EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Quando falamos em ensino de línguas, o erro surge imediatamente


como a causa principal do insucesso de alunos na aprendizagem, e de
professores, no ensino. Ele é ainda concebido como elemento parasita desse
processo.

O principal factor considerado prejudicial ao ensino/aprendizagem de


línguas é o uso da língua materna do aluno. Tal mito é oriundo de antigos
métodos estruturalistas em que o ensino de línguas era centrado em exercícios
gramaticais e acreditava-se que aprender uma língua estrangeira ocorreria do
mesmo modo como se aprende a língua materna. Essa crença devia-se, em
parte, à falsa noção de “duplo monolinguismo”, segundo a qual o aprendiz é
monolíngue na LM e poderá ser um monolíngue também na LE. (MOORE,
2003:97).

Em outras palavras, acreditava-se que o aluno não possuía nenhum


conhecimento linguístico, era como uma “tabula rasa”, devendo aprender a
língua estrangeira como adquiriu a sua língua materna. Essa aprendizagem da
LE “pura”, idealizada, em que não haveria influência da LM, conferiria ao
aprendiz uma competência linguística em LE semelhante à competência
materna de um monolíngue.

Por esse motivo, postulava-se a exclusão total da língua materna do


processo de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, já que ela iria
interferir na aprendizagem da LE. No entanto, Fernandes (1997) afirma que a
LM tem papel activo no processo de aquisição de LE, agindo como
conhecimento prévio, que pode ser utilizado estrategicamente na comunicação,
fonte de interferência estratégica integrada aos mesmos processos de
construção criativa da língua.

Sendo sua língua materna o maior repertório prévio que possui, é


inevitável a sua influência, através de transferências e/ou interferências
linguísticas. Desse modo, à LM do aprendiz é atribuída a produção dos erros.
Com isso, cada vez mais se comprova que errar é parte inevitável e importante
do processo dinâmico de ensino/aprendizagem de línguas, pois os erros
ocorrem através da testagem de hipóteses para a superação de lacunas em
relação ao repertório estrangeiro. Assim, ao passo que se aumenta
gradativamente esse repertório linguístico da língua alvo, os erros tendem a,
também gradativamente, diminuir.

Em relação à ocorrência de erros no ensino/aprendizagem de línguas,


Corder (1967) afirma que isso é normal e inevitável, já que é a manifestação
natural 16 da aprendizagem. Os erros também podem representar uma
ferramenta eficaz de diagnóstico que pode revelar, por exemplo, se a
metodologia e as técnicas pedagógicas estão adequadas ao ensino. Ele
distingue entre “erros” (errors), que seriam sistemáticos e estariam no âmbito
da competência, e “lapsos” (mistakes), que seriam equívocos não sistemáticos,
ao acaso, no âmbito do desempenho (CORDER, 1980:21). Para o autor, só os
erros são significativos, pois refletem o estágio da “competência transitória” do
aprendiz, ou seja, de sua interlíngua.

Esses erros podem ainda ser interlinguais 2 , como as interferências


linguísticas que são proporcionadas pelos conhecimentos de regras de outras
línguas, principalmente da LM do aprendiz. Existem também erros
intralinguais3 , ocasionados por influência de regras da própria LA, que é o que
ocorre quando há super generalização. Essa mudança na concepção do erro e
sua valoração no ensino/aprendizagem de línguas se devem também, em
parte, a mudanças em relação às metodologias de ensino de línguas, como
exposto a seguir.

METODOLOGIAS DE ENSINO DE LÍNGUAS

Com a evolução das metodologias de ensino de línguas estrangeiras,


percebe-se um avanço gradual na aceitação dos erros, os quais passam a ser
vistos como produto de estratégias comunicativas e marca do estágio de
domínio da língua pelos aprendizes. Essa aceitação surge através de
mudanças em relação ao conceito de língua e aos objectivos de sua
aprendizagem. Nas antigas abordagens de ensino, as quais se baseavam na
gramática escrita, principalmente na Abordagem da Gramática e da Tradução
(AGT), surgida no século XVIII, o erro não era tolerado.

O objectivo de tal abordagem centrava-se na leitura e na escrita, que


eram desenvolvidas através de exercícios gramaticais e de tradução, sendo, a
língua concebida apenas como um conjunto de regras a serem aprendidas.
(VANDRESEN, 1988:75-94) Já com o surgimento da abordagem audiolingual,
surgida durante a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos, o objectivo da
aprendizagem de línguas volta-se para a competência comunicativa, sobretudo
em sua modalidade oral. Naquele momento, a oralidade torna-se mais
importante do que a escrita, que passou a ser considerada como derivada da
linguagem oral, entendendo-se que língua é fala e não escrita.

Porém, a língua materna ainda era considerada como fonte produtora de


erros e obstáculo para a aprendizagem da LE, devido, principalmente, a
diferenças fonético-fonológicas existentes entre os sistemas em contacto. 18
Também, por influência do Behaviorismo no ensino de línguas, abordagem
psicológica e mecanicista amplamente difundida de 1920 a 1960 nos Estados
Unidos, a aprendizagem de LE era vista como a substituição de hábitos ruins
(originários da LM do aprendiz), por hábitos bons, os da língua estrangeira que
ele estava aprendendo. Esse fato reforçou a ideia de que os erros não tinham
função, sendo vistos como oriundos unicamente das interferências de hábitos
da língua materna, as quais deveriam ser abolidas do processo. Assim, as
estruturas da LM não poderiam interferir, nem mesmo ser utilizadas como base
para aprendizagem de uma nova língua.

Para os behavioristas, a aprendizagem está condicionada a estímulos e


respostas, em que, para um determinado estímulo, espera-se uma resposta.
Aprender uma língua, portanto, envolveria os mesmos processos de qualquer
aprendizagem: a aquisição de um conjunto de comportamentos, ou seja, a
formação de hábitos adquiridos através da interacção dos indivíduos com as
informações oriundas do meio. (FINGER, 2008:17-44). Uma crítica em relação
ao behaviorismo deveu-se aos problemas que essa teoria encontrou em
explicar, por exemplo, os erros que não eram devidos a interferências da língua
materna, mostrando que essa não era a única fonte de erros e a culpada pelo
insucesso na aprendizagem de línguas estrangeiras. No final da década de
1970, com o surgimento da abordagem comunicativa apoiada na Análise de
Erros e no conceito de interlíngua, é que o erro e a língua materna, por meio de
suas interferências, têm seu papel valorizado no processo de
ensino/aprendizagem de LE.

A ABORDAGEM COMUNICATIVA

Na abordagem comunicativa, a língua é vista como um instrumento de


comunicação e interacção social, suscetível a erros, os quais passam a ser
vistos como parte integrante no processo natural do ensino/aprendizagem.
Nessa abordagem, os aspectos gramaticais são ensinados em um contexto
comunicativo, visando à comunicação competente. Tomando como
comparação a dicotomia langue/parole5 de Saussure, surgida na década de
1910, significa dizer que, nas abordagens estruturais (tradicionais), a ênfase
está na langue, ou seja, no sistema linguístico, na estrutura; ao passo que as
abordagens comunicativas dão ênfase à parole.
Desse modo, uma abordagem comunicativa buscará desenvolver a
capacidade de interacção e comunicação, sendo que é nesse contexto de
interacção comunicativa que será aprendida a langue. Junto dessa nova
abordagem, os diálogos artificiais foram abolidos para dar lugar a diálogos
realísticos, textos autênticos e funcionais, com personagens e situações os
mais reais possíveis.

As quatro habilidades linguísticas recebem importância igual, não


havendo nenhuma ordem de preferência, nem restrições quanto ao uso da
língua materna. (LEFFA, 1988:211-236). A partir de então, o erro e a utilização
da língua materna do aprendiz são aceitos como mecanismos estratégicos no
processo de ensino/aprendizagem. Antes disso, cometer erros e recorrer ao
sistema linguístico materno representavam deficiências quanto à competência
que o aluno tinha na língua que estava aprendendo.

INTERFERÉNCIAS DA LINGUAS NATIVAS (MATERNA)

Se caracteriza inevitavelmente aparecem no linguajar usado pelo


aprendiz. A ocorrência e a persistência de interlíngua é significativamente
maior em adultos do que em crianças. De acordo com Harpaz, aquele que
aprende uma segunda língua, além de ter que executar sequências de
operações mentais (estruturar a ideia) e motoras (articular sons) novas, precisa
também evitar os velhos hábitos da língua materna. As operações relativas à
língua mãe estão profundamente enraizadas pela prática constante, sendo por
isso muito difíceis de serem evitadas. Por esta razão, adultos aprendizes de
línguas estrangeiras acham muito difícil não cair nas formas da língua materna,
tanto nas operações motoras de pronúncia quanto nas operações mentais de
estruturação das ideias em frases. Para uma criança, este problema é muito
menor porque seus hábitos linguísticos não se encontram tão desenvolvidos e
enraizados.

CONCEITO DE LÍNGUA 1ª OU MATERNA

A língua materna é aquela que o falante adquire desde a infância e que


constitui o instrumento com que a criança contacta com a comunidade e forma
a sua visão sobre o mundo. Para CASANOVA (2009:173), A língua materna é,
pois, geralmente a primeira língua a ser adquirida. Nunca é aprendida.

Segundo (FERRAZ 2007:20-21) o jornal faz um levantamento histórico,


remontado ao século XIV, quando Nicole d΄Oresme introduz no francês a
locução ‘‘Langue maternelle’’ (língua materna). Para a autora, na sua origem,
língua materna designava um nível inferior que se opunha ao latim que era
considerada como língua do saber e do pensamento. Correspondia com a
desvalorização da mulher, pois, o bom uso da língua era considerado língua do
pai. Citando o mesmo jornal, a autora sublinha que a língua materna era a
língua do não pensamento, do não poder, uma língua sem regras, rudimentar,
desprezível, rejeitada, esmagada, pela língua máscula e nervosa do pai,
guerreiro, sacerdote, filósofo, e matemático. Era o grau zero da comunicação
humana. A aquisição de uma língua materna obedece etapas de evolução da
criança. Estas podem dividir-se em duas, a etapa pré-linguística e a etapa
linguística. Cada uma das etapas com várias fases. Conhecimento trazido do
pensamento de SAUSSURE (1992:34-35) que sublinha a língua como um
conjunto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções
necessárias adaptadas pelo corpo social para permitir aos indivíduos o
exercício desta faculdade. Uma vez que a língua é partilha de uma comunidade
que admite as suas convenções e que pouco a pouco as modifica, conclui-se
que a língua encerra em si um caracter evolutivo. Assim podemos mais
facilmente perceber por que razão a língua L 1 (materna) é uma língua que se
adquire, por outras palavras, é adquirida desde que o indivíduo nasce. Para
(TAVARES 2007:26), a língua materna desempenha um papel simbólico
reforçando a identidade e permitindo estabelecer laços de pertença a uma
determinada comunidade.

INTERFERÊNCIA DO CÔKWE

O contacto de línguas entre vários povos faz parte da história linguística


e social da maioria das comunidades do mundo. Dos vários aspectos, as
línguas influenciam-se entre si através de aparecimento de alguns traços de
uma língua no discurso de falantes da outra língua. Perante esta situação de
contacto linguístico é impossível não se verificarem casos de interferência
linguística.

O Cokwe ou quioco (Cokwe,pronunciado tchócuè), é
um idioma africano e uma das principais línguas nacionais de Angola, tendo o
Instituto de Línguas Nacionais de Angola fixado normas ortográficas para a sua
melhor divulgação e utilização. O chócue é falado por mais de 456 000
habitantes angolanos, localizados no Nordeste, Sul e Norte da Lunda, no leste
do Bié, a oeste do Moxico, na região central do Cuando Cubango, no Cunene e
em Malanje. Em Luanda, a capital, é mais falado no Município de Viana.
Também é falado na República Democrática do Congo e na Zâmbia.

A Antroponímia, como parte do léxico, constitui um rico acervo para a


reflexão sobre a vida quotidiana dos indivíduos e das sociedades em geral.
Relativamente ao estudo da Onomástica em Angola, constatámos que não
existe, até ao momento, obras que se debrucem sobre a temática que
escolhemos abordar. Assim, apoiar-nos-emos em autores que já investigaram
a Antroponímia na língua portuguesa e que fazem alusão a realidades e a
contextos um pouco semelhantes aos nossos.

A complexidade dos problemas inerentes às comunidades


sociolinguísticas, relativamente ao tratamento do léxico, motiva qualquer
investigador a realizar um estudo de carácter antroponímico. Esta motivação
deriva do facto de o léxico, enquanto parte fundamental das línguas, permitir
verificar o modo como a sociedade Cokwe organiza o seu sistema de
nomeação e as suas múltiplas facetas da realidade social à qual um
antropónimo pode remeter.

O percurso histórico das disciplinas das Ciências da Linguagem mostra


que o estudo do léxico tem sido objecto de estudo em diferentes perspectivas,
sendo que cada uma tem produzido teorias e análises diferenciadas,
nomeadamente no âmbito da aplicação de metodologias que apontam para a
descrição do léxico geral e individual da língua.

EXPRESSÕES

 musono unapema - (hoje estás bom)


 mbungue - (coração)
 tweya - (vem)
 muthu - (pessoa)
 chimene-chipema - (bom dia)
 chindele - (branco)
 katapi - (amendoim)
 samanhonga - (pensador)
 ishima - (provérbios)
 muanapwo - (mulher jovem)
 mbolo - (pão)
 wa - (toma)
 landa kanawa- (compra bem)
 Jesus - (Yesu)
 Igreja- (Tambele)

O povo Cokwe é do grupo Bantu e o seu conhecimento baseia-se na


tradição oral. A sua língua é o Cokwe existente em quase toda a extensão da
Província e, em particular, no leste da Província e no centro e sul do país,
sendo falada também em outros países africanos. Actualmente, em Angola, por
razões históricas relativas à sua expansão e fixação, esta língua é dominante
nas Lundas norte e sul e no Moxico, tendo também fortes núcleos nas
Províncias de Malanje, Cuando-Cubango, Bié e em pequenos núcleos na
Província do Cunene.

Fora do território angolano, os tucokwe (povo) têm uma presença notória


na República do Congo, nordeste da República da Zâmbia e na Tanzânia. Nas
Lundas os tucokwe constituem a etnia maioritária e mais influente neste espaço
geográfico, exercendo uma hegemonia territorial e cultural através da sua
língua.

CONCLUSÃO
Abordou-se o resultado advindo da convivência entre as duas línguas.
Para a melhor execução do mesmo, foi usado o método investigativo e
descritivo linguístico.

Considerada a pesquisa e tendo em conta as informações dela obtidas,


não foi fácil apresentar um trabalho científico que contemplasse as exigências
da linguística. Para que tivésse uma abordagem mas cuidada e concisa dos
temas em menção, com base nos estudos realizados, foi agradável saber
ilustrar os resultados obtidos da pesquisa e apresentar com maior cuidado e
rigor científico os inventários lexicográficos levantados como amostras de
interferências da língua portuguesa e Côkwe. Pois este estudo serviu também
de base para compreendermos os factos, que de algum modo eram
desconhecidos. Outrossim, permitiu-nos encontrar dados que fornecem
possibilidades de darmos um tratamento igual entre as línguas em questão, de
modos a serem colocadas nos sistema de ensino afastando a hipótese de uma
vir a ser superior em ralação a outra ou que seja a única língua veicular e com
o estatuto de unificação territorial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Assembleia Constituinte (2010), “CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA”.
Consultado a 11.11.2013, em
http://imgs.sapo.pt/jornaldeangola/content/pdf/CONSTITUICAO-
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Decreto Nº 77, de 17 de Dezembro, I Série – Número 50. Luanda.

Conselho de Ministros (2001), Estratégia Integrada Para a Melhoria do Sistema de


Educação 2001-2015. Ferreira, Manuel (1988), Que Futuro para a Língua Portuguesa
em África? Linda-a-Velha: ALAC (ÁFRICA – Literatura, Arte e Cultura Lda.)

Ferreira, Maria; Marcelino, Zanene (1996), in “Para uma História da Educação


Colonial”. Porto e Lisboa: IAG – Artes Gráficas,

Lda. Fiorin, José; Petter, Margarida (2008), “África no Brasil: a formação da língua
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García, Ofelia (2010), Bilingual Education in the 21st Century, a Global Perspective.
Singapore: Willey Blackwell.

https://cabodostrabalhos.ces.uc.pt/n10/documentos/
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https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_ch%C3%B3cue

https://wp.ufpel.edu.br/ppgl/files/2018/09/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Pablo-Diego-
Niederauer-Bernardi.pdf

https://run.unl.pt/bitstream/10362/21952/1/XAVIER-Disserta%C3%A7%C3%A3o
%20de%20Mestrado-29.06.2017.pdf

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