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O artigo em questão intitulado “ a relação Mãe-Bebê e a estruturação da

personalidade” tem por objetivo compreender as condições de construção da personalidade


de jovens que viveram nas ruas, praticando delitos e consumindo drogas, partindo da hipótese
de que a personalidade da criança pode vir a ser comprometida logo no seu primeiro ano de
vida se essas crianças vivenciaram situações de carência econômica, estresse e
vulnerabilidade em seu seio familiar.

Para realizar tal estudo, o autor se baseou na teoria psicanalítica, a qual afirma que
uma estruturação da personalidade segura se dá através da qualidade da interação entre o
recém-nascido e sua mãe. Desse modo, a falta de uma figura cuidadora nesse período pode
acarretar em prejuízos na formação da personalidade.

Nesse sentido, a relação firmada entre a mãe ou um cuidador e o bebê é de extrema


importância para a formação da personalidade. Klein (1982) afirma que a forma como o
vínculo entre mãe e bebê ocorrem no primeiro ano de vida determinará como esse sujeito se
relacionará consigo mesmo e com os outros ao longo da vida.

Partindo desse pressuposto entende-se que crianças de personalidade mais frágil são
aquelas que vivenciaram circunstâncias desagradáveis ou traumatizantes como estresse ou
frustração nesse primeiro momento de cuidado.

Como forma de comprovar tal premissa, o autor adotou o método qualitativo com a
utilização de vários instrumentos, como depoimento pessoal, entrevista dirigida, desenhos,
entre outros. Os entrevistados foram cinco jovens entre 15 e 19 anos, três do sexo masculino e
dois do sexo feminino, que encontravam-se abrigados em instituições.

Os resultados das entrevistas e depoimentos colhidos com os participantes da


pesquisa comprovam os postulados de Klein, desse modo, fica claro que faz-se imprescindível
que o ser humano tenha pessoas ao seu lado que zelem pelo seu desenvolvimento através de
um elo de afeto em seus primeiros anos de vida, não necessitando, necessariamente, ser uma
pessoa da família, em si. O fato de ter alguém para nutrí-los emocionalmente faz total
diferença na constituição de uma personalidade saudável.

A totalidade dos sujeitos da pesquisa tiveram prejuízos na constituição de suas


personalidades devido ao fato de terem tido vivências ruins em sua primeira infância, seja
pela falta do contato mais afetuoso com sua mãe, seja pela falta de estrutura econômica e
emocional de suas famílias de origem, o que resultou em uma vida de vícios e delinquência
ainda em tenra idade. Nesse sentido, fica claro que a assimilação desse ambiente nocivo,
altamente estressante, com desentendimentos, separações, alcoolismo e uso de outras drogas
interferiu/moldou negativamente a estrutura da personalidade dessas crianças.

Apesar dessa constatação, alguns entrevistados da pesquisa conseguiram criar vínculos


seguros mais tarde que preservaram sua personalidade, eles encontraram pessoas que se
tornaram referências positivas em suas vidas, fato esse que possibilitou na construção da
autoestima e da segurança interna tão importantes para o equilíbrio emocional do sujeito.

O referido artigo buscou a partir de uma pesquisa qualitativa e tendo como base a
teoria psicanalítica respostas para a compreensão da formação da personalidade de
determinados sujeitos que viviam em situações de vulnerabilidade, longe de suas famílias e
abrigados em instituições mantidas pelo governo.
Através dos postulados de Klein, entre outros teóricos, confrontados com as
entrevistas das pessoas entrevistadas foi possível constatar a importância desse primeiro
vínculo familiar para a formação da personalidade e o desenvolvimento emocional da criança,
uma vez que a totalidade dos sujeitos objetos da pesquisa, por terem vivenciado essa ausência
de afetividade e condições econômicas precárias acabaram sucumbindo ao mundo das drogas
e desenvolvendo uma personalidade frágil.

Dessa forma, entende-se que o ambiente nocivo nos quais os entrevistados viveram foi
determinante para o seu desenvolvimento emocional, isso não significa que crianças em boas
condições não possam ser afetadas em seu desenvolvimento, no entanto, o somatório de
inúmeros fatores negativos como a condição financeira dessas famílias, que gerou uma
desestruturação familiar foram responsáveis pelo abalo emocional desses indivíduos.

Assim, o artigo foi de grande importância por sua contribuição no sentido de ampliar
os vieses acerca dos estudos sobre o desenvolvimento da personalidade, uma vez que
comprovou que há inúmeros fatores que interferem na formação da personalidade e que
prejudicam a saúde mental das crianças e adolescentes.

Aluna: Karliana Barbosa de Arruda

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