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Da Fragmentação à Totalidade: sistemas

de opressão no interior do capitalismo

Douglas Santos Alves 1

Introdução

Os processos de mudanças econômicas, culturais e


informacionais que marcam a modernidade capitalista pa-
recem ter se intensificado nas últimas décadas. A multipli-
cidade de atores políticos e sociais, em especial dos grupos
denominados de “minorias”, que emergiram nas últimas dé-
cadas do século XX trouxe um conjunto de novas questões
para os movimentos sociais e para a comunidade acadêmica.
Um dos efeitos desse processo de sucessivos questionamen-
tos foi a fragmentação das distintas dimensões da realidade,
a saber, o sujeito, a classe social, as formas de opressão de
grupos específicos, a política e as relações sociais de pro-
dução. Diante disso, o objetivo deste capítulo é, partindo
de algumas teorias que problematizam essa fragmentação,

1
  Professor de Ciência Política na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

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propor uma abordagem que recupere a noção de totalidade
da sociedade capitalista e que articule, ainda que contradi-
toriamente, as diferentes dimensões que foram desagrega-
das nas últimas décadas.

Contextualizando

Os movimentos sociais das décadas de 1960 e 1970


trouxeram à cena política os sujeitos que até então tinham
suas pautas invisibilizadas. Dentre eles, destacam-se o mo-
vimento negro, o movimento feminista e o movimento de
gays e lésbicas. Desde então, um intenso debate foi tomando
lugar no meio acadêmico e no interior dos próprios mo-
vimentos. Como efeito, um forte questionamento do pró-
prio saber produzido pelo mundo ocidental, com base em
uma lógica incapaz de pensar a diferença, foi tomando lugar
entre intelectuais e ativistas. Segundo Rago(1998), a críti-
ca feminista revelou o conteúdo totalizador e autoritário
do saber científico que, sob a pretensão de universalidade,
ignorou as hierarquias baseadas nas diferenças e ocultou a
marginalização de grupos sociais estigmatizados.
No âmbito do pensamento de esquerda, o protagonis-
mo de um movimento operário supostamente homogêneo
e internamente indiferenciado teve de ceder lugar às novas
pautas e aos novos atores, desestabilizando a centralidade
daquele sujeito social e político (HALL, 2011). A luta pela
visibilidade e pelo reconhecimento de grupos sociais espe-
cíficos, portadores de demandas particularistas, colocou na
agenda política questões culturais e identitárias que reper-
cutiram nas mais variadas esferas da vida social e acadêmica
e, inclusive, entre os próprios movimentos sociais.

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No âmbito do debate feminista, por exemplo, a ques-
tão não se resumia mais ao confronto das mulheres com a
lógica patriarcal e o machismo. Correntes do feminismo
marxista colocaram o recorte de classe social no interior do
debate revelando contradições no interior da categoria “mu-
lheres”, abrindo intensas polêmicas sobre o papel da mulher
na divisão sexual do trabalho e mesmo sobre a divisão entre
trabalho produtivo e trabalho doméstico (ARRUZA, 2015).
Os estudos das feministas vinculadas às lutas da população
negra também incidiram fortemente no debate. O chamado
Black Feminism (feminismo negro) apontou para os cho-
ques e conflitos entre mulheres brancas e negras no interior
do feminismo.
Posteriormente, as questões de sexualidade atraves-
saram o debate e culminaram no questionamento das pró-
prias identidades de gênero da orientação sexual, desestabi-
lizando a ideia mesma de uma essência a definir os sujeitos
de gênero (BUTLER, 2013).

Interseccionalidade e consubstancialidade

Para iniciar a exposição apresentamos duas teoria-


simportantes que emergiram com o intuito de articular as
diferentes dimensões da opressão (gênero, sexualidade e
raça) com a exploração. A teoria da consubstancialidade e a
teoria da interseccionalidade (HIRATA, 2014).
A teoria da consubstancialidade afirma essencialmen-
te que a opressão de sexo2 estaria articulada com a exploração

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  Segundo Delphy (2009, p. 178), o debate teórico francês lança mão das ca-
tegorias de “patriarcado, gênero e relações sociais de sexo”. Ainda que tenham

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de classe, tentando aproximar o patriarcado do capitalismo.
O papel da opressão racial acabou ocupando um espaço
menor (HIRATA, 2014; ARRUZA, 2015). Como expoente
dessa posição, Kergoat (2010) afirma que as relações sociais
são consubstanciais ao formarem um nó no nível das práti-
cas sociais que somente é desatado no âmbito da análise teó-
rica. Nesse sentido, relações de classe, sexo e raça interferem
mutuamente umas sobre as outras,“produzindo e reprodu-
zindo a si próprias mutuamente” (KERGOAT, 2010, p. 94).
O ponto central é que não existiria uma relação prioritária,
não havendo, assim, centralidade de uma sobre as demais.
A teoria da interseccionalidade centrou-se na relação
entre raça e sexo, dando menos espaço para a questão de
classe. Para Hirata (2014), essa teoria, oriunda do trabalho
de Crenshaw (1989) tenta apreender a complexidade das
identidades e desigualdades integrando as dimensões de
raça, sexo e classe, mas sem estabelecer ou mesmo recusan-
do uma hierarquia entre elas, tal como o trabalho de Kergoat
(2010); logo, o debate entre ambas parece estar centrado,
segundo a própria Kergoat, no problema das categorizações
feitas por Crenshaw (1989).
A noção de interseccionalidade, ao se apoiar em cate-
gorias de sexo e raça tomadas como acabadas, implica o ris-
co de ocultar pontos da dominação e não captar as relações
sociais dentro das quais as categorias foram construídas.
Também é problemática por fomentar uma segmentação na
opressão que elimina o componente móvel da dominação e

origens e sentidos matizados entre si, esses termos têm, em comum, a pretensão
de descrever “um sistema que comanda o conjunto das atividades sociais”, não
se restringindo a atitudes individuais e podendo, como é o caso neste texto, ser
intercambiados.

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a determinação histórica das relações sociais. Ou seja, não
há posições fixas nas relações de dominação, que estão em
mutação e negociação permanentes.
Do ponto de vista empírico, o foco deste debate está
em como diferentes formas de opressão se intercruzam na
realidade das práticas sociais. Assim, a distribuição de ren-
da, os postos de liderança políticos, o acesso a postos de
trabalho e a ocupação dos espaços sociais e simbólicos esta-
riam influenciados pelo machismo e pelo racismo. O estudo
de Hirata(2014) é ilustrativo neste sentido.
No Brasil, a média salarial da população está expli-
citamente hierarquizada. Homens brancos ganham mais
do que homens negros e mulheres brancas. E mulheres ne-
gras são as que ganham os salários mais baixos. Da mesma
forma, os imigrantes ocupam os piores postos de trabalho
na França e as mulheres imigrantes ganham os menores
salários. Os trabalhos relativos ao cuidado de idosos e os
trabalhos domésticos (o care, como vem sendo chamado),
além de serem vistos com forte preconceito,terminam sen-
do exercidos por pessoas não brancas e do sexo feminino
em sua maioria.
Arruzza (2015) lançou alguns questionamentos inte-
ressantes sobre essas abordagens. O debate no interior do
feminismo que se ocupou das relações entre a opressão das
mulheres e o problema da exploração, embora tendo saí-
do “de moda” ao final dos anos 1980 e da década seguinte,
começou a ganhar força mais recentemente, inclusive por
força dos efeitos do neoliberalismo e da precarização das
relações de trabalho.Adotando uma perspectiva marxista,
Arruzza critica essas concepções teóricas agrupando-as em
alguns eixos centrais.

Da Fragmentação á Totalidade • 19
O primeiro eixo central é referido por Arruzza (2015)
como “tese dos sistemas duplos (ou triplos)”. Gênero e rela-
ções sexuais são tomados como um sistema autônomo que
se combina com o capitalismo em um processo de interação
que remodela ambos, constituindo-se em sistemas de ex-
ploração e opressão. Podem incorporar o sistema de raça
(triplo). A classe é entendida meramente como econômica;
logo, é o patriarcado que lhe dá caráter extraeconômico3.
O segundo eixo é referido como “tese do capitalismo
indiferente”. Nesse caso, o patriarcado e a opressão de gêne-
ro seriam anteriores ao capitalismo e este seria indiferen-
te às relações de gênero, podendo superar a opressão pa-
triarcal em países avançados com a reestruturação radical
da família. Essa tese defende, ainda, que o capitalismo seria
“oportunista” com a desigualdade de gênero, mantendo cer-
tas formas de opressão quando úteis ao capital e eliminando
outras que sejam consideradas obstáculos. Assim, logica-
mente a desigualdade não é necessária, mas empiricamente
ela se constata. (ARRUZZA, 2015, p. 37)
Problematizando a tese dos sistemas duplos ou triplos,
Arruzza(2015) afirma que a tese do patriarcado como siste-
ma autônomo possui um problema central, o de como ele se
reproduz e se mantém. Se ele não depende do capitalismo,
então a sua força motriz e a razão de sua continuidade de-
vem ser internas ao próprio patriarcado. Se a organização
patriarcal definiu e organizou a produção econômica em
outras épocas, no capitalismo a produção não é organizada

3
  Há uma variante que trata das relações de gênero como ideológicas e oriundas
de relações sociais pré-capitalistas, dando ao capitalismo uma dimensão de
gênero (ARRUZA, 2015, p. 36).

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pelo patriarcado, e a família é relegada à esfera privada4. Tais
críticas abrangem a noção de interseccionalidade e, menos
diretamente, a de consubstancialidade.
A tese de Kergoat (2010), portanto, não mostra como
ocorre a consubstancialidade, nem como a opressão e a ex-
ploração se interligam, a não ser empiricamente. Como al-
ternativa, Arruzza (2015) propõe uma terceira tese, chama-
da “teoria unitária”, que será vista mais adiante.

Teoria Queer e o pós-estruturalismo

Em uma direção bastante distinta destes estudos, a


chamada Teoria Queer5ganhou forte espaço. Surgida na dé-
cada de 1980, oriunda do campo dos estudos culturais no
meio acadêmico norte-americano assim como da corrente
pós-estruturalista francesa (MISKOLCI, 2009), essa teoria
tem como base fundamental a crítica da heterossexualidade
como pressuposto das ciências humanas como um todo.
Nesse sentido, propõe-se a fazer uma análise genealógica
dos processos de normalização, ou seja, reconstituir cri-
ticamente aqueles processos que constituem o âmbito do
normal como hegemônico e o desviante como subalterno
(MISKOLCI, 2009, p. 171).
O ponto alto da Teoria Queer foi o de questionar pres-
suposto de uma essência de gênero, pondo “em xeque” a

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  A variante do patriarcado como sistema ideológico remanescente permanece
igualmente problemática, pois as incessantes mudanças no capitalismo dificul-
tam aceitar a manutenção desta ideologia a menos que ela seja tomada como
a-histórica e sem conexão com as relações sociais materiais.
5
  A palavra “queer” significa estranho, bizarro e também é utilizada como adje-
tivo pejorativo aos homossexuais.

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própria identidade dos sujeitos como algo fixo e imutável.E,
a partir dos anos 1990, essa teoria ganhou forte projeção.
Como principal expoente, Butler(2013) lançou questões no-
vas sobre a problemática feminista. A questão central pro-
posta pela autora é a seguinte:

Ser mulher constituiria um “fato natural” ou uma per-


formance cultural, ou seria a “naturalidade” consti-
tuída mediante atos performativos discursivamente
compelidos, que produzem o corpo no interior das
categorias de sexo e por meio delas? (Butler,
2013, p. 8-9).

A partir desse questionamento, a preocupação de Bu-


tler (2013) centrou-se em elaborar uma crítica genealógica
às categorias de gênero que, segundo a autora, não seriam
senão efeitos discursivos e políticos de um ideal normativo
pautado pela heterossexualidade reprodutora.
A construção de corpos generificados, ou seja, do
binário masculino/feminino que permite interpelar os in-
divíduos como homens ou mulheres, ocorreria a partir do
terreno dos discursos. E isso implica a produção de uma
definição metafísica do que seja o gênero, que passa pela
articulação de sexo, gênero e desejo. Disso, chega-se a um
ideal de gênero, que atua com força de norma. Portanto, o
gênero tal como é concebido, no sentido de ser inteligível,
é um ideal normativo. E essa inteligibilidade de gênero se
consolida dentro da estrutura binária, na qual o masculino
existe para o feminino e vice- versa. Desse modo, a estru-
tura binária é heterossexual reprodutora. Sua consolidação
ocorre pela afirmação de “um Outro”, que é o abjeto, aquilo

22 ◉ Gênero e Diversidade Sexual


que escapa da norma, o “não heterossexual”, que ajuda a de-
finir os limites da heterossexualidade.
Como efeito político dos discursos de gênero, um
conjunto de práticas reguladoras se desdobram do ideal
normativo de modo a regular e a disciplinar os corpos. Esse
processo ocorre por meio de atos e gestos que constituem
a performatividade. E é através dela que se chega à noção
do “sujeito”, como ente coerente, estável e contínuo, ou seja,
como uma essência a lhe conferir identidade. Isso resultaria
no gênero, que se toma como natural, como uma constru-
ção hegemônica.
Contudo, a variação da repetição abre a possibilidade
de revelar o sujeito de gênero como construção artificial, e
acaba revelando, também, que não há um original a ser co-
piado, a não ser o ideal normativo. Isso torna a variação da
repetição uma “paródia do gênero”. Assim, a performance
parodística é o elemento a subverter a ordem discursiva que
constrói o sujeito generificado como essência imutável.
Embora este debate pareça um tanto descolado do
anterior, o fato é que Butler(2013) coloca novos problemas
para o feminismo. Ao questionar a categoria “mulheres”, ela
questiona, também, as políticas de aliança política que en-
volvem gênero, raça, classe etc. Em sua elaboração teórica o
que é posto “em xeque” é a ideia de identidades essenciali-
zadas, que terminariam por ser tão problemáticas quanto os
problemas que se busca resolver. Em última instância, a or-
ganização dos grupos sociais a partir de identidades essen-
cializadas implicaria o risco de se reproduzir a lógica que
se quer combater. No caso da luta feminista, a ideia de uma
essência feminina a unificar as mulheres, além de refor-
çar o binário masculino/feminino, não é capaz de resolver

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especificidades internas às mulheres, como as clivagens de
classe, raça, religião, etnicidade, sexualidade etc.
Ainda que o centro do debate de Butler(2013) seja de
natureza epistemológica, o fato é que essa autora se apoia em
alguns conceitos que permitem buscar uma aproximação
com o debate anterior. Ao se aproximar da obra de Foucault
(1987) para desenvolver a ideia da hegemonia do ideal nor-
mativo de gênero, Butler (2013) abre um espaço de diálogo
importante. O elemento-chave para a performatividade de
gênero são as práticas reguladoras, visto que estas se desen-
volvem no marco de micropoderes e microrrelações sociais
que disciplinam e enquadram os corpos de acordo com o
ideal normativo de gênero e dentro da matriz heterossexual
reprodutora. Assim, servem como mediação entre o ideal
normativo que reside no âmbito dos discursos e da cultura
e os atos performativos.
No terreno do pós-estruturalismo, particularmente
a partir da influência de Foucault, as práticas reguladoras
estão associadas ao debate acerca do poder. SegundoPogre-
binschi (2004), o filósofo francês mostra como o poder se
realiza em duas instâncias da sociedade. Na primeira ins-
tância, opera ochamado poder disciplinar, que emana das
microrrelações sociais, e que molda e disciplina os corpos, é
a disciplina da fábrica, da escola, do quartel, do hospital etc.
Tem como mecanismo central a vigilância, que faz o vigiado
se apresentar de forma individual e não coletiva diante do
poder que vigia. E o poder disciplinar também faz o vigiado
internalizar o vigilante, o que gera uma economia nos es-
forços de controle dos corpos. Como exemplo básico, está o
panópticom, analisado em Vigiar e Punir(1987). Na segun-
da instância, atua o biopoder, distinto e complementar ao

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poder disciplinar. O conceito remete ao controle da popula-
ção, e se estende sobre a cidade e a sociedade de conjunto.
O biopoder exercido pelo Estado e por instituições políti-
cas e sociais, não sendo necessariamente estatal. Controla
a vida das pessoas em uma dimensão biológica, de modo
a maximizar sua utilidade (natalidade, mortalidade, saúde,
epidemias, etc). Ele possui como ferramenta fundamental
e lógica de operação as médias estatísticas, o que significa
trabalhar com noções de normalidade. E, disso, decorre a
norma, como efeito da lógica de análise de distribuições de
casos em torno do ponto médio. Assim, o biopoder é nor-
malizador, uma vez que não trabalha com regras ou leis
(que se restringem a proibir ou obrigar), mas busca adequar
tudo o que se distancia da norma, qualificado como pato-
lógico, reaproximando-o do ponto normal, portanto, nor-
malizando. Envolve, também, dar sentido de valor ao ponto
normal, ou seja, valorar o normal, tornando o anormal não
só indesejável como também corrigível a partir do normal.
A analítica do poder proposta por Foucault (1987)
é conhecida pela sua recusa de um “centro de poder” ou,
ainda, do poder como algo que “pertence” a um grupo ou
classe social. Desse modo, o autor trabalha com a noção de
capilaridades de poder que se dispersam pelo interior da tra-
ma social. Outra característica fundamental é que o poder
não é somente repressivo, mas também positivo e produtivo
a partir de sua função normalizadora.
Assim, a Teoria Queer se destaca por uma concepção
absolutamente fluida de gênero e sexualidade. Da influên-
cia recebida do pós-estruturalismo, essa teoria trabalha com
noção de sujeito como indivíduo sujeitado a poderes dis-
cursivos e disciplinares, cuja identidade é uma construção

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geralmente externa e imposta. Isso implica uma radicaliza-
ção da crítica às identidades fixas, à ideia de masculinidade
e feminilidade e, também, das categorias de heterossexual e
homossexual.

O debate sobre as lutas meramente culturais

Em uma polêmica travada com Fraser (2000), Butler


(1999)6 retoma o argumento de feministas marxistas das
décadas de 1970, e também o de Rubin (1986), articulando
a família patriarcal ao capitalismo. O objeto da polêmica é
como a esquerda contemporânea deve articular as lutas cha-
madas como “meramente culturais” (onde residiria o papel
dos movimentos feminista, racial e LGBT entre outros) e a
luta de classes contra a exploração capitalista.
Segundo a discussão, a família tal como se configura
na sociedade capitalista cumpre função essencial ao auxi-
liar o processo de acumulação do capital em dois sentidos:
no primeiro, a família heterossexual reprodutora garantiu
a ampliação da força de trabalho. No segundo sentido, e
mais importante, o papel do trabalho doméstico, ainda que
não produza valor diretamente, é essencial à reprodução e
recomposição da força de trabalho. Assim, o trabalho do-
méstico permitiria maior e melhor exploração da força de
trabalho sendo decisivo na extração de mais-valia. Nesse
sentido, Butler(1999) afirma que a família heterossexual
monogâmica e reprodutora é condição para a acumulação

6
  Neste texto,Butler afirma que a posição teórica para a qual argumenta não é
a sua, uma vez que se coloca próxima ao pós-estruturalismo e a Teoria Queer.

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capitalista, o que forneceria as bases para a valoração desse
tipo de família e a discriminação de sexualidades e confi-
gurações de gênero dissonantes. Com isso, estabelecer-se-
-ia um vínculo direto entre a regulação heteronormativa da
sexualidade e a exploração capitalista.
Em resposta, Fraser (2000) afirma que a opressão se-
xual e de gênero prescinde da emancipação da exploração
para ser resolvida. A desigualdade distributiva não estaria
associada diretamente à desigualdade de reconhecimento.
E mesmo a família e a sexualidade não são diretamente re-
guladas pelas leis econômicas da mesma forma que a explo-
ração da força de trabalho não é estruturada pela regulação
heteronormativa da sexualidade. Em essência, Fraser ado-
ta uma postura um tanto voluntarista, no sentido de que a
opressão sexual e de gênero não seria um problema menor
frente ao da exploração, ainda que não diretamente conec-
tado a esta última. Ao fim, sua posição se próxima da “tese
do capitalismo indiferente” proposta por Arruzza (2015).

Totalidade

A emergência de novos atores políticos e sociais nas


últimas décadas, bem como de demandas de natureza cul-
tural e identitária, e não mais estritamente econômicas, co-
locou sob questionamento a centralidade do movimento
operário como protagonista central dos conflitos contem-
porâneos. Dos problemas de gênero e sexualidade postos
pelos novos movimentos sociais, decorreu um amplo de-
bate teórico e político, o qual se desdobrou em diferentes
abordagens acerca do poder, do papel do Estado, da cultura

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e dos discursos, da relação entre classe social e sistemas
autônomos de opressão, do indivíduo e da constituição da
identidade. Entretanto, o elemento comum que perpassa
o debate parece residir na fragmentação da totalidade das
relações sociais sob o capitalismo. As diferentes dimensões
da realidade passam a ser tomadas como autônomas entre
si, tendo, talvez, pontos de conexão contingentes. Não há,
entretanto, uma articulação necessária entre cada um dos
elementos problematizados pelas linhas teóricas tratadas.
Diante disso, pretendemos apresentar uma aborda-
gem que considere as relações capitalistas como uma tota-
lidade. É possível encontrarmos a articulação contraditória
dos elementos que enredam gênero e sexualidade como
parte dessa totalidade, aspectos referentes à constituição do
indivíduo, sua subjetividade e identidade, das classes sociais
e da exploração e também o modo como a política e o Esta-
do operam dentro do capitalismo.
De acordo com Mascaro (2013), a relação entre capital
e trabalho é a chave para a compreensão da totalidade das
relações capitalistas. A exploração de uma classe social por
outra, no capitalismo, não ocorre por meio da violência di-
reta. A extração da mais-valia possui a especificidade de se
realizar mediante mecanismos extrapolíticos; mas, para que
ocorra, são necessárias certas condições. Assim, o trabalho
assalariado livre, o contrato de trabalho e o sujeito de direito
são elementos constitutivos das relações econômicas de
exploração. Mas essas condições, por sua vez, demandam
o surgimento de uma esfera que concentra poder ao mes-
mo tempo em que se distancia das classes sociais. Portanto,
é como derivação das relações de produção que emerge a
figura do Estado. Atuando como um terceiro em relação às

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classes sociais, como ente apartado da economia, ele é ele-
mento central para a garantia das condições de reprodução
do capitalismo (MASCARO, 2013, p. 17).
Todavia, se o Estado possui um núcleo central, cuja
forma se pode identificar pelas instituições que diretamente
o compõem, ele não deve ser reduzido a tal núcleo. Toma-
do em sentido ampliado, o Estado envolve instituições que
não são diretamente estatais, mas que são por ele reguladas
e legalizadas, como a família, a escola, a imprensa etc. Seja
na figura dos Aparelhos Ideológicos de Estado, proposta por
Althusser, ou na forma de Aparelhos Privados de Hegemo-
nia, proposta por Gramsci, a área de influência do Estado se
estende ao interior das relações sociais em um processo de
interação conflituosa que as constitui ao mesmo tempo em
que é por elas constituída. E de acordo com Mascaro (2013),
é em função dessa relação conflituosa e de sua existência
como não diretamente vinculada ao aparato burocrático e
repressivo estatal que surge a aparência de uma relativa au-
tonomia de tais instituições. Em verdade, a especificidade
distintiva das formas políticas, econômicas e sociais de nos-
sa época é a aparência de autonomia entre si; porém, isso
não deve ocultar o fato de que “[...] todas elas operam sob
uma mesma estrutura de reprodução das formas do capita-
lismo” (MASCARO, 2013, p. 72).
A própria forma que as relações sociais assumem sob
o capitalismo, ou seja, a objetivação mesma das relações so-
ciais, é determinada pela maneira como as coisas – as mer-
cadorias – são trocadas no interior da sociedade. Do mes-
mo modo que mercadorias são trocadas livremente pelo
seu valor de troca, o trabalho também o é. Como o vínculo
entre partes não ocorre pela imposição coercitiva desses

Da Fragmentação á Totalidade • 29
contratos, tornam-se necessárias certas garantias. Os con-
tratos são firmados segundo formas jurídicas e políticas que
pressupõem possuidores e tomadores como sujeitos iguais
e livres e dotados de vontade, ou seja, sujeitos de direito.
Da forma-valor, derivam as formas sociais e políticas no
interior das relações sociais de produção. Não como refle-
xo superestrutural ou consequência a posteriori, mas como
condições de sua reprodução. Contudo, tal derivação ocor-
re, novamente, mediante a “aparência de autonomia”, e esse
é o traço distintivo das relações capitalistas. Isso coloca o
Estado no papel de produzir o sujeito moderno, com as
características apontadas antes, como figura necessária ao
funcionamento do capital.
Mascaro (2013) acrescenta que as interações sociais
de modo algum ocorrem livremente, tampouco podem são
ocasionais ou contingentes. Elas se realizam sob formas
determinadas pela reprodução do capital e pela força po-
lítica do Estado Ampliado. A família, instituída como foro
privado, regulamentada juridicamente e chancelada poli-
ticamente imputa certos papéis aos seus membros, define
hierarquias, impõe responsabilidades e expectativas, ou
seja, estrutura as relações. Desse modo, segundo o autor,
o sujeito que atua no interior das relações sociais objetiva-
das em certas formas, que por sua vez são legalizadas, ins-
tituídas e regulamentadas jurídica e politicamente, “[...] é a
pedra de toque estrutural do tecido social capitalista, e isso
se faz também por meio da ação estatal” (p. 64). Assim, as
relações sociais estruturadas sob o capitalismo produzem
instituições e o próprio indivíduo, como aparentemente
desconectados da exploração direta de uma classe social
sobre outra. No terreno do imediatamente visível, a política

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se descola da economia e o indivíduo das classes. E os con-
flitos não se conectam diretamente e aparentam funcionar
sob lógicas distintas.
Para além da dimensão aparente, a totalidade das re-
lações sociais está estruturada de acordo com as relações de
produção capitalistas. Não é à toa que a forma Estado que
se conhece hoje é típica do capitalismo e não encontra cor-
respondente em momentos anteriores, bem como a família
nuclear moderna e o próprio sujeito dotado dos direitos de
igualdade e liberdade. Todos esses elementos são necessá-
rios à reprodução do capital e, ainda que contraditoriamen-
te, estão a ele articulados.

Teoria Unitária

Como contraponto às teorias apresentadas, o trabalho


de Arruzza (2015) propõe uma análise que estabeleça a uni-
dade entre os sistemas de opressão de gênero e sexualidade
e as relações de exploração capitalistas. A chamada Teoria
Unitária traz como ponto central o problema das condições
de reprodução das relações sociais de produção.
Segundo Arruzza (2015), as teorias que terminam
por dissociar o capitalismo da opressão de gênero enten-
dem que o capitalismo funciona mediante leis econômicas
puras e apartadas das outras formas de relação social. Tal
concepção economicista precisa ser criticada em dois pon-
tos centrais.
No primeiro ponto, Arruzza é categórica ao afirmar
que a relação de exploração sempre implica uma relação de
dominação e alienação.

Da Fragmentação á Totalidade • 31
Como Marx escreve, o processo produtivo “produz”
o trabalhador na mesma extensão que reproduz a
relação de trabalho capitalista. Uma vez que todo
processo de produção é sempre concreto – ou seja,
caracterizado por aspectos que são historicamente e
geograficamente determinados – é possível conceber
cada processo produtivo como conectado ao pro-
cesso disciplinar, que parcialmente constrói o tipo
de sujeito que o trabalhador se torna. (ARRUZZA,
2015, p. 53).

Podemos, então, afirmar que a materialidade das re-


lações sociais constituem as pessoas, suas experiências e
suas relações; mas, como isso não se desenvolve de modo
imediatamente visível, tende a ser apreendido sob sua forma
aparente. Ainda na mesma direção, a lógica de acumulação
capitalista:

[...] impõe limites objetivos não apenas à nossa práxis


ou experiência vivida, mas também à nossa habilida-
de de produzir e articular relações com outros, nosso
lugar no mundo, e nossas relações com nossas condi-
ções de existência. (ARRUZZA, 2015, p. 56-57).

Com isso, é possível articular a constituição da subje-


tividade das pessoas, suas experiências práticas e suas rela-
ções sociais concretas com a totalidade das relações sociais
capitalistas.
No segundo ponto, Arruzza (2015) assevera que pro-
dução e reprodução constituem um todo articulado e in-
divisível. Assim, a produção não seria possível sem as con-
dições de reprodução: educação, indústria cultural, igreja,
discursos de gênero, hábitos de consumo, polícia etc. Isso

32 ◉ Gênero e Diversidade Sexual


torna os elementos que constituem o Estado Ampliado es-
senciais à reprodução do capital. Assim, esse ponto da tese
da autora explica que:

[...] a forma como a reprodução social opera dentro


de uma formação social dada tem uma relação in-
trínseca com a forma em que a produção e reprodu-
ção de sociedades são organizadas em sua totalidade
e, portanto com as relações de classe. Mais uma vez,
estas relações não podem ser concebidas como pura-
mente intersecções acidentais e contingentes: vê-las
pelas lentes da reprodução social nos permite identi-
ficar a lógica organizacional destas intersecções sem
por isso excluir o papel desempenhado pela luta, ou
desconsiderar a existência de fenômenos contingentes
e práticas em geral. (ARRUZZA, 2015, p. 56, grifos
do original).

Nesse ponto, e convergindo com as afirmações de


Mascaro (2013), a forma do Estado, tomado em sentido
ampliado, e da política, tomada como relações de poder e
dominação, assumem caráter produtivo e não somente re-
pressivo, constituem a identidade, a subjetividade e a von-
tade dos indivíduos e o sujeito de direito necessários para
atuarem nas relações sociais dadas, pautadas pela aparente
liberdade e igualdade. O próprio Estado Ampliado que apa-
rece como agente externo às relações de produção é neces-
sário para organizar e garantir sua perpetuação. Contudo,
novamente, esse processo precisa se desenvolver sob a apa-
rência imediata de autonomia entre produção e reprodução,
indivíduo e classe. Afastadas das formas sociais, jurídicas
e políticas que as originam, subjetividade e identidade ga-
nham aparência de uma constituição autônoma, e passam

Da Fragmentação á Totalidade • 33
a ser concebidas como atributos naturais, ou ainda, comoa
essência dos indivíduos.
Para a compreendermos a proposta de Arruzza (2015),
portanto, é necessário entendermos que as relações de po-
der e dominação são o ponto de articulação entre produção,
reprodução e relações de classe. Ao mesmo tempo, estão
presentes na constituição da subjetividade e da identidade
do indivíduo, por meio da disciplina e da delimitação do
campo de relações sociais e de experiências vividas. Não são
externas, nem contingentes, mas intrínsecas e necessárias às
dimensões contraditórias do capitalismo. Estão estrutura-
das em função dos imperativos de produção e reprodução
e suas formas derivam da forma-valor. Logo, são expressões
concretas da unidade contraditória da totalidade das rela-
ções capitalistas.
A própria noção de reprodução social, Arruzza (2015,
p. 56), incorpora o trabalho doméstico, mas vai além deste,
revelando “as paredes porosas” que o distinguem da sexua-
lidade, da mercantilização, da divisão sexual no mercado
de trabalho e das políticas do Estado de bem-estar social.
Assim, é possível compreendermos como se vinculam “for-
mas de dominação” que estão no interior do mercado de
trabalho com aquelas que são jogadas para fora deste, mas
que seguem por ele influenciadas (ARRUZZA, 2015, p. 55).
O trabalho dos cuidados de crianças, idosos e pessoas com
deficiências (o care), vem sendo exercido por imigrantes na
Europa, sob forte estigma social e com baixa remuneração,
revelando a articulação entre formas de preconceito, explo-
ração além das dimensões de produção e reprodução so-
cial. O trabalho doméstico, que é essencialmente exercido

34 ◉ Gênero e Diversidade Sexual


por mulheres, ainda perpetua a velha estrutura patriarcal
de divisão do público e do privado ao mesmo tempo em
que é essencial à extraçãode mais-valia. Mesmo os trabalhos
mais precarizados executados por negros e LGBTs, dentre
outros, são exemplos de como exploração e estigmatização
social e cultural se interligam praticamente. Esses exemplos,
portanto, revelam como relações de poder e dominação ba-
seadas em gênero, sexualidade e raça vinculam produção e
reprodução social como “momentos concretos da totalida-
de capitalista” (ARRUZZA, 2015, p. 57).
As lutas por demandas identitárias e de reconheci-
mento terminam por se dirigir ao Estado como fonte de
garantias. E, quando se pretende subverter os binarismos
de gênero e orientação sexual que pautam as identidades,
para além de paródias performativas, parece ser necessário
encontrar as relações de poder que servem de “pano de fun-
do” para a estruturação desses binarismos. Se os atos per-
formativos decorrem de um conjunto de práticas regulado-
ras, e se por sobre os corpos operam poderes disciplinares
e o biopoder, há que se encontrar a conexão destes com as
formas de produção e reprodução sociais. Para isso é pre-
ciso, conforme mencionado, um afastamento de leituras
economicistas do capitalismo e da concepção meramente
burocrático-repressiva do Estado. Assim, os micropoderes
podem ser entendidos como estruturados sob um conjun-
to maior de relações, ainda que com aparente autonomia,
estando articulados ao Estado Ampliado, estruturados em
função da reprodução social das relações capitalistas e atra-
vessados pelas clivagens de classe, embora essa situação não
seja visível na forma imediata.

Da Fragmentação á Totalidade • 35
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