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1.

Apresentação do tema com justificativa e relevância

O presente trabalho pretende estimular a expressividade e alteridade dos discentes


através de leituras literárias conjuntas e posterior adaptação das tessituras para texto
dramático. Um dos textos de análise coletiva propostos para este trabalho, a história de Bertha
Pappenheim, escancara a potência da arte na vivência humana. Para suportar um ambiente
monótono e repleto de repressões, Bertha - a famosa Srta. Anna O.- subverte sua realidade
sob a forma de sequências imaginativas que chamou de “Teatro Particular”. A recorrência
com que ela precisa se valer dessa artimanha num contexto extremamente puritano e
conservador, entretanto, produz uma dissociação da mente que escancara seu adoecimento
manifestado posteriormente em sintomas físicos, categorizado por seu médico particular como
histeria.
Todorov (2009 ou 1939?) ratifica essa percepção do poder da literatura ao ilustrar
experiências diversas de relação com o texto literário, inclusive as suas próprias. Em uma
passagem, o crítico traduz a experiência de encontro do escritor John Stuart Mill com uma
coletânea de poemas: “Eles me pareceram ser a fonte na qual eu podia buscar a alegria
interior, os prazeres da simpatia e da imaginação (...) me ensinou tudo isso sem me desviar da
consideração dos sentimentos cotidianos e do destino comum da humanidade”. (Todorov
apud Mill). Sobre sua própria experiência, diz:
A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos
profundamente deprimidos, nos faz ainda mais próximos de outros seres
humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos
ajudar a viver. Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para
com a alma; porém, revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso,
nos transformar a cada um de nós a partir de dentro. (TODOROV, 2009)

O contato com a arte produz a sensibilidade que é urgência de nosso tempo (...)
(ainda vou acrescentar mais aqui, estou lendo e fichando para construir a argumentação da
justificativa)
2. Problema
● O ambiente/estrutura escolar não favorece aprendizagem prazerosa.
● O reduzido espaço reservado à leitura literária no ambiente e currículo do ensino
fundamental II.
Discentes e docentes seguem condicionados a um espaço/estrutura escolar que evoluiu
muito pouco ao observarmos o formato apresentado por Machado através de "Conto de
Escola", em 1884. Ainda que os meios pedagógicos sejam outros, a estrutura espacial da
escola do século XIX ainda é a que permanece nas escolas do século XXI. Polêmicos críticos
da arquitetura (e regimento) escolar destacam sua função de ‘vigiar e punir’ proposta por
Focault.
Paralelamente a isso, inserido nessa estrutura, o professor tem tido o papel adicional de
reinventar e apresentar atividades educativas prazerosas em contexto bem desfavorável, assim
como estar preparado para aprimorar a convivência dos estudantes em formação. É nesse
espaço que o adolescente experiencia a alteridade de forma mais intensa. Orquestrar as
diversidades produzindo um ambiente de respeito é extremamente necessário ao êxito da
prática educativa.
Para amenizar o problema do ambiente escolar, este projeto pretende apresentar-se como um
momento de escape, uma possibilidade de “transmigração” de espaços (afinal, a mente se
transporta ao ambiente da narrativa em leitura); de forma simultânea, pretende a ampliação de
visão de mundo do discente a partir da “visita” a outros lugares, outra cultura, produzindo no
leitor a experiência da alteridade pela “viagem” ao mundo do outro.
Todorov (2009 ou 1939?) apresenta que o filósofo Richard Rorty em “Redemption
from Egotism. James and Proust as spiritual exercices” (Redenção do egoísmo: James e
Proust como exercícios espirituais?) debate a contribuição da literatura para nossa
compreensão de mundo recusando termos como “verdade” ou “conhecimento”.
A leitura de romances, segundo ele, tem menos a ver a leitura de obras
científicas, filosóficas ou políticas do que outro tipo bem distinto de
experiência: a do encontro com outros indivíduos. Conhecer novas
personagens é como encontrar novas pessoas, com a diferença de que
podemos descobri-las interiormente de imediato, pois cada ação tem o
ponto de vista do seu autor. Quanto mais essas personagens se
parecem conosco, mais elas ampliam nosso horizonte, enriquecendo
assim nosso universo. (...) O horizonte último dessa experiência não é
a verdade, mas o amor, forma suprema da ligação humana.
(TODOROV, 2009)

(ainda vou acrescentar mais aqui, estou lendo e fichando para construir a apresentação do
problema)
3. Objetivo
Este projeto pretende produzir momentos de leitura literária no ambiente escolar,
desenvolvendo percepção estética e aprimorando o convívio através de produção coletiva e
expressividade.

4. Fundamentação teórica
Justificativa “O que pode a Literatura?” Tzvetan Todorov e “Literatura para quê?”
Antoine Compagnon
O processo da leitura compartilhada/coletiva Círculo de leitura Paulo Freire e Rildo
Cosson
Processo de retextualização Estética da criação verbal (Bakthin) e Da Fala à escrita
(Marcuschi)

Falta um teórico que trate da questão do texto dramático. Não sei se o Boal encaixa. Pensei
também em categorizar a apreciação /análise/ leitura que eles vão fazer dos textos
selecionados como uma leitura crítica também, acredito que eles farão esse trabalho de
“criticizar” no sentido de ler e levantar pontos que são relevantes para a contagem da história
que querem produzir.

5. Metodologia
Locus: Colégio municipal localizado em Pedra de Guaratiba – Escola Municipal
Professora Myrthes Wenzel
OBS.: A escola tem auditório com palco/ a localidade – Pedra de Guaratiba- tem uma arena
que (possivelmente) pode ser usada pelos educandos
Sujeitos: Uma turma de 9º ano de ensino fundamental de (aproximadamente) 35
alunos

5.1 As leituras coletivas


As leituras serão feitas em círculos de leitura, possivelmente no pátio da escola,
podendo ser organizadas como cafés/piqueniques literários

A apresentação do projeto, partes, objetivos.

A subversão da figura do narrador pela encenação


5.2 Os Textos
Texto I Casos Clínicos I Anna O. Anna O. e Emmy Von N – Sigmund Freud (ainda que
publicado pelo Freud, o texto é de Breuer)
Professor, ao longo do texto em que o Breuer vai descrevendo sua interação com a Bertha, ela
chega a falar de “contos de fada” que faziam parte de seu “Teatro particular”. Eu consegui
achar uma tradução num trabalho acadêmico, chama-se “A fada do lago”. Vale a pena
acrescentar esse na coletânea que estamos selecionando? Ou deixar para que o grupo sorteado
para retextualizar a história da Bertha decida se vai ou não usá-lo?
http://www.poslin.letras.ufmg.br/defesas/1422M.pdf
Texto II – A imoralidade das mulheres da Galícia - Bertha Pappenheim
Texto III – Proteção das mulheres e das meninas - Bertha Pappenheim
Texto IV Esses Lopes, Guimarães Rosa
Texto V A ginga da Rainha, Iris Maria da Costa Amâncio
Texto VI Trechos de BR-Trans, Silvério Pereira

5.3 Divisão de grupos


Grupo 1 – Breuer e Bertha
Grupo 2 – Guimarães Rosa
Grupo 3- A rainha Ginga
Grupo 4: BR-Trans – Do monólogo à cena, adaptação de texto dramático para texto dramático

Daqui pra baixo me baseei nas vozes da minha cabeça (que possivelmente são vozes de outras
pessoas, eu sei, mas ainda não achei um teórico que ensinasse a esboçar o roteiro de texto
dramático). O Boal tem um livro de jogos teatrais, mas estou mais interessada em um teórico
que apresente como fazer a escritura desse tipo de texto. Tenho “A análise Literária” do
Massaud Moisés que trata um pouco da questão, mas ainda não é o que preciso (usei na época
da faculdade, não sei se ele estaria adequado a dissertações). Sabe de algum nessa linha,
professor?

5.4 A Retextualização – As histórias serão contadas a partir de textos dramáticos e


organizadas em cenas produzindo uma única rapsódia
5.4.1 Caracterização do espaço, cenário básico.
Grupo 1: Viena, 188
Grupo 2: Minas Gerais, década de 60?
Grupo 3: Angola, Luanda, 1580
Grupo 4: Uma escola, atualidade

5.4.2 Lista do que é essencial para suscitar esses espaços/ambientes no imaginário da plateia?
“Estética da recepção
5.4.2.1 Transformação da lista em texto descritivo. Descrição do cenário.
5.4.3 Caracterização de personagens
5.4.3.1 Descrição objetiva
5.4.3.2 Caracterização psicológica
5.4.3.3 Caracterização psicológica impressa no figurino
5.4.3.4 Texto descritivo do traje de cena/ elaboração de croqui

5.4.4 Elementos essenciais à apresentação da história/ divisão em cenas com pequeno resumo

5.4.5 Efeitos sonoro/ trilha sonora/ Coreografia


Professor, minha escola é campeã mais de uma vez do FECEM (Festival da Canção das
Escolas Municipais). Então essa parte de coreografia aparece aqui como uma ideia, ok? Cada
cena (que conta uma história) poderia terminar com uma coreografia.
Coreografia 1: Pagu, Rita Lee ou Ninguém manda nessa raba, Pocah
Coreografia 2: ?
Coreografia 3: Ginga, Iza
Coreografia 4: ?

5.4.6 A ação: transposição de diálogos para o discurso direto

5.4.7 Jogos teatrais/jogos de encenação: representação de esquete das cenas para identificação
de rubricas/ movimentação dos atores necessárias para melhor representar as cenas

6. Cronograma

Processo Mês Detalhamento Situação


Leitura do referencial 1ª quinzena/ Delimitação do recorte teórico Em
teórico janeiro 2022 da dissertação andamento
Leitura do referencial 2ª quinzena/ Estruturar e correlacionar as
teórico / Início da janeiro 2022 informações levantadas em
produção escrita texto escrito
Produção escrita do 1ª quinzena/ Estruturar e correlacionar as
projeto fevereiro informações levantadas em
2022 texto escrito
Apresentação do pré- 2ª quinzena/ Momento de tensão e espera
projeto ao orientador e fevereiro (rs)
ajustes para a qualificação 2022
Preparação para a 1ª quinzena/ Ajuste da pesquisa aos
qualificação do projeto março 2022 apontamentos levantados pelo
orientador
Qualificação do projeto 2ª quinzena/ Momento de apresentação do
março 2022 projeto e catalogação das
contribuições da banca
Revisão do projeto a partir 1ª quinzena/ Reestruturação a partir de
das observações abril 2022 contribuições da qualificação
levantadas na qualificação
Documentos para o 2ª quinzena/ Revisão dos documentos a
Comitê de Ética abril 2022 serem submetidos e inscrição.
Documentos para o 1ª quinzena/ Submissão da pesquisa ao
Comitê de Ética maio 2022 CONEP

Leitura do texto I 2ª quinzena/ Aplicar atividades na turma


maio 2022
Leitura dos textos II, III e 1ª quinzena/ Aplicar atividade na turma
IV junho 2022
Leitura do texto V 2ª quinzena/ Aplicar atividades nas turmas
junho2022
Leitura do texto VI 1ª quinzena/ Aplicar atividades nas turmas
julho 2022
Início da produção escrita 2ª quinzena/ Aplicar atividades nas turmas
(dos alunos) julho2022
Produção escrita 1ª quinzena/ Aplicar atividades nas turmas
(dos alunos) agosto 2022
Produção escrita 2ª quinzena/ Aplicar atividades nas turmas
(dos alunos) agosto 2022
Organização da pesquisa 1ª quinzena/ Seleção de material relevante
setembro para a pesquisa
2022
Organização da pesquisa 2ª quinzena/ Escrita do primeiro esboço da
setembro dissertação
2022
Entrega ao orientador 1ª quinzena/ Submissão do primeiro esboço
outubro ao orientador
2022
Ajustes pós-correções do 2ª quinzena/ Adequação da dissertação às
orientador outubro contribuições do orientador
2022
Defesa da dissertação Novembro Apresentação da pesquisa

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