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Uma aventura no manicómio

Era uma vez uma menina chamada Carminho que tinha uma irmã mais velha, a
Caetana. A Caetana era estudante de enfermagem e estava, na altura de estagiar, em vários
hospitais para, futuramente, escolher a especialidade que queria seguir como enfermeira.
Tudo começou quando Caetana foi estagiar para um manicómio, no Telhal. Quando
Caetana soube que ia para lá, ficou muito assustada, pois era um sítio isolado, sem nada por
perto e bastante sinistro.
Para a realização do estágio, ofereciam-lhe um quarto dentro do hospital, mas
quando ela chegou ao quarto, deparou-se com uma grande desilusão. Era um quarto
pequeno, frio e sem condições praticamente nenhumas, ela ficou apavorada. Para piorar a
situação, o quarto ficava exatamente em frente à igreja do hospital, que, por sinal, também
era sinistra.
Para facilitar a circulação dentro do hospital, em vez de se andar por fora dos
edifícios, havia túneis, mas não eram uns túneis quaisquer, eram obscuros e muito
apertados. Caetana ligou aos pais apavorada.
Os dias foram-se passando e, certo dia, quando ia a pegar no carro para ir ao
supermercado mais perto, o carro não funcionava, tinha avariado! Ela ficou desesperada,
pois estava sozinha, num sítio desconhecido, e precisava de ir às compras, uma vez que já
quase não tinha comida. Tornou a ligar aos pais a contar tudo o que se passara e os pais
decidiram que iam lá no dia seguinte. E assim foi, eles foram, ajudaram-na e acalmaram-na.
Caetana e Carminho sempre foram muito unidas e sempre contaram tudo uma à
outra, por isso, Caetana contou a Carminho que costumava ouvir barulhos vindos dos túneis.
Os barulhos eram sempre à mesma hora (às 22h00) e parecia que vinham sempre do mesmo
sítio.
Carminho ficou logo alerta, pois ela adorava uma boa aventura. Todos os dias ela
perguntava a Caetana se os barulhos continuavam e Caetana dizia sempre que sim.
Carminho contou aos amigos e, como eles também adoravam uma boa aventura,
decidiram ir investigar. No dia seguinte, partiram de autocarro para o Telhal. Na viagem,
Carminho ia com os seus amigos Benedita, Henrique, João e Afonso.
Quando lá chegaram, foram ter com Caetana e esperaram pelas 22h00 para poderem
partir à aventura.
Eram 22h00 em ponto e lá se começou a ouvir o tal barulho, eles foram seguindo
para ver de que parte dos túneis vinha o barulho. Quando lá chegaram, depararam-se com
uma enorme surpresa. O barulho vinha de um paciente do manicómio, que estava deitado
sobre o chão a cantar, olhando para as estrelas através de uma claraboia que havia no túnel.
Ele cantava uma canção calminha, com uma melodia suave e doce.
Os cinco amigos foram ter com ele e perguntaram-lhe o porquê de estar a cantar
aquela cantiga, àquela hora, naquele sítio.
Ele, como era uma pessoa doente, que tinha problemas, ficou reticente, mas, por fim,
acabou por lhes dizer que cantava aquela canção, àquela hora, naquele sítio, pois era a que
a mãe lhe cantava para o embalar quando era pequenino e, como a mãe já tinha falecido,
ele cantava a olhar para as estrelas do céu.
A história comoveu tudo e todos, por isso, o diretor do hospital acabou por transferi-
lo para uma ala mais antiga, onde havia um quarto com uma claraboia circular. E aí ele
passou a poder cantar para a mãe no seu conforto.

Matilde Moura, 8.º A


EB 2,3 D. JOÃO DE PORTEL

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