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DOI: 10.1590/1413-81232022274.

02622021 1547

Saúde pública e comunicação: impasses do SUS à luz da formação

temas livres free themes


democrática da opinião pública

Public health and communication: impasses facing Brazil’s


National Health System in democratic public opinion formation

Ronaldo Teodoro dos Santos (https://orcid.org/0000-0002-0125-7700) 1


Thais de Andrade Vidaurre Franco (https://orcid.org/0000-0001-8755-4337) 1
Rachel Guimarães Vieira Pitthan (https://orcid.org/0000-0001-9032-6896) 1
Lucas Manoel da Silva Cabral (https://orcid.org/0000-0001-6144-8050) 1
Dorival Fagundes Cotrim Junior (https://orcid.org/0000-0002-7389-7635) 1
Brenda Castro Gomes (https://orcid.org/0000-0001-7547-2641) 1

Abstract This article discusses the political re- Resumo O presente artigo problematiza o víncu-
lations between construction of Brazil’s national lo político entre a construção do Sistema Único de
health system (SUS) and communication. Under- Saúde (SUS) e a comunicação. Compreendendo
standing communication as an underdeveloped a comunicação como um campo dos direitos da
field of citizens’ rights in Brazil, it proceeds on cidadania pouco desenvolvido no Brasil, trabalha-
the hypothesis that the democratic formation of mos com a hipótese de que a presença de um oligo-
public opinion regarding the SUS is hindered by pólio midiático no sistema de telecomunicações e
a media oligopoly in the telecommunication and jornalismo constrange a formação democrática de
journalism system. This affects relations between um juízo público sobre o SUS afetando a relação
the forces in dispute over construction of the SUS. de forças que disputam os rumos do sistema. Par-
Drawing on analysis of opinion polls and studies tindo da análise de pesquisas de opinião e de estu-
of Brazilian media coverage of the SUS, it argues dos sobre a cobertura do SUS pela mídia nacional,
that communication is a key political determi- argumentamos que a comunicação consiste em
nant in building a social base in support of the um determinante político central à construção de
SUS and overcoming the impasses identified by uma base social de apoio ao SUS e superação dos
the literature. It concludes that the relationship impasses identificados pela literatura. Concluí-
among communication, politics and democracy mos que a relação entre comunicação, política e
challenges the SUS to dispute the formation of a democracia traz para o SUS o desafio de disputar
public health awareness in the daily lives of Bra- no cotidiano dos cidadãos e cidadãs brasileiros a
zilian citizens, as expressed by Giovanni Berlingu- formação de uma consciência pública sanitária,
er to Brazil’s nascent health sector reform move- conforme colocado por Giovanni Berlinguer ao
ment in the 1970s. nascente movimento da Reforma Sanitária brasi-
Key words Communication, Democracy, Public leira nos anos 1970.
health awareness, SUS Palavras-chave Comunicação, Democracia, Cons-
ciência sanitária, SUS
1
Instituto de Medicina
Social, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
Rua São Francisco Xavier
524 7º andar Bloco D e
E, Maracanã, 20550-900.
Rio de Janeiro RJ Brasil.
ronaldosann@gmail.com
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Santos RT et al.

Introdução com déficit de aceitação, precariamente formado


no convencimento do juízo público, sentirá sua
No contexto pós-redemocratização do Brasil fo- autoridade relativizada, vulnerável, sem consti-
ram distintas as dinâmicas de aprofundamento tuição estabilizada no tempo6. No entendimento
dos direitos de cidadania nas diversas áreas da de Fontana7, é constitutivo da natureza do poder
vida social. Essa condição é particularmente no- a interação instável entre os processos que for-
tável quando comparamos os princípios e a tra- mam relações de força e construção de consensos.
jetória da política de saúde, estruturada em tor- Nesse artigo, exploramos a compreensão da
no do Sistema Único de Saúde (SUS), e os rumos comunicação pública não como comunicação
políticos do setor de comunicação, centrado em governamental, mas como momento instituinte
grandes corporações. O paradoxo torna-se claro da política, vinculado à construção do interesse
quando considerados os esforços de reconheci- público, inscrito nas relações de poder, central,
mento da saúde como um direito público univer- portanto, à republicanização dos direitos, sobre-
sal, por um lado, e a reafirmação da concentração tudo em democracias representativas. A partir
e do oligopólio privado que constrange o acesso desse fundamento teórico, formulamos o argu-
à informação, por outro1. mento de que a consolidação plena do SUS de-
No caso do SUS, a radicalidade da transfor- manda a formação de uma base social de apoio
mação pode ser melhor apreendida quando se constituída a partir de uma consciência pública
entende que o acesso universal, equitativo e in- sanitária8 e que a presença de um sistema oli-
tegral aos serviços de saúde tornou-se um dever gopolizado de mídia interfere em prejuízo desse
do Estado a ser construído com a participação da processo.
sociedade no dia a dia do sistema. A existência de Para fundamentar esse argumento, na pri-
conselhos gestores, a realização de conferências meira seção apresentamos o debate teórico que
de saúde, visando formular estratégias, avaliar e nos permite afirmar o caráter público da comu-
controlar diretrizes e executar a política de saú- nicação como esfera fundamental do poder polí-
de, materializam, em sentido forte, o que é um tico, sobretudo para a construção de direitos em
direito público, simétrico e coletivamente com- democracias. Na seção seguinte, apresentamos
partilhado2. uma análise de pesquisas de opinião sobre o SUS
No caso do sistema de comunicação, por realizadas por diferentes institutos nas duas úl-
contraste, a concentração de decisões restritas às timas décadas. Por este percurso, considerando
grandes empresas de mídias denuncia que a no- a condição complexa da formação da percepção
ção de direito público se encontra subordinada pública, debatemos os sentidos da opinião dos
ao direito de propriedade. Ao arrepio do artigo brasileiros sobre o SUS e a interferência do siste-
220, parágrafo 5º da Constituição Federal de ma privado de comunicação. Por fim, concluímos
1988, que proíbe os meios de comunicação de que a ausência de uma formação democrática da
constituírem, “direta ou indiretamente”, “mono- opinião pública é relevante para a compreensão
pólio ou oligopólio”, a forma histórica assumida dos impasses do SUS. Como momento constitu-
mantém a comunicação atada às relações priva- tivo da natureza do poder político, a comunica-
das corporativas e mercantis do poder, refratárias ção incide sobre a correlação de forças que dis-
e intolerantes a uma distribuição simétrica e pu- puta os rumos do sistema público, precisamente
blicamente controlada desse direito3. Como en- porque afeta a formação dos valores de cidadania
fatiza Lima3, no setor da comunicação no Brasil que definem a deliberação pública.
não há nem mesmo um órgão regulador público
onde os cidadãos possam questionar qualquer Comunicação, democracia e legitimação
abuso ou mesmo negligência praticada pelas cor- do SUS
porações de mídia.
Segundo Adverse4, o exercício da política para O entendimento da política a partir das ideias
a tradição republicana é, incontornavelmente, e dos valores compartilhados em público é uma
constituído por disputas em torno da linguagem tópica maquiaveliana da discussão sobre a natu-
pública. Especialmente em democracias, o pro- reza do poder político que se encontra consoli-
cesso de tomada de decisão acerca de pautas que dada como tema clássico do pensamento político
afetam os rumos coletivos da sociedade demanda, republicano5,7,9. Para esta tradição, a configuração
sempre, em algum nível, princípios de justifica- de leis, instituições e escolhas econômicas encar-
ção e legitimidade pública para se tornar reali- nam moralidades públicas formadas conflituo-
dade efetiva4,5. Em contrário, o poder instituído samente em diferentes contextos históricos. Em
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contraste com as teorias elitistas da democracia, pectiva democrática republicana, a distribuição
que negam a relevância da soberania popular no desigual do poder de comunicar ideias e pontos
curso da história ou a condiciona exclusivamente de vista sobre os assuntos que importam para a
aos interesses de oligarquias parlamentares, das vida coletiva se equipara mesmo à censura, defi-
elites econômicas e vanguardas intelectuais, o nindo, em muitos casos, a própria distinção entre
pensamento republicano compreende que a pre- democracias e não-democracias. Como expresso
sença popular funda o próprio sentido moderno por Guimarães e Amorim6, com a corrupção des-
do poder na política, ainda que não necessaria- te bem, traduzida na desigualdade do poder de
mente em uma condição ativa e soberana7,10. fala e de audiência na res pública, é o sentido da
Segundo essa tradição da teoria política, es- democracia que se torna incerto (p.14), por não se
pecialmente em regimes democráticos, o juízo encontrar garantida nem mesmo a liberdade de
público dos cidadãos comuns acerca dos rumos expressão. Seguindo o princípio da teoria repu-
a serem seguidos torna-se central para a conso- blicana, a corrupção é antes compreendida como
lidação e conservação do poder político. Sendo a apropriação privada, mercantil de um bem pú-
a construção e a preservação de base social de blico, e não como um fenômeno exclusivo ao es-
apoio condições fundamentais para qualquer tado. Trata-se, então, de um processo no qual os
agenda política - de matéria tributária à política interesses particulares relativizam e prevalecem
de educação, de saúde pública aos assuntos previ- sobre os interesses públicos, constrangendo a so-
denciários -, o julgamento público constitui mo- berania popular.
mento incontornável da política7. Até mesmo es- O debate sobre a formação democrática da
tudiosos que tomam as instituições como centro opinião pública coloca no centro de suas pro-
da dinâmica da política, incorporaram a opinião blematizações não apenas a regulação pública da
pública como domínio importante da contenção comunicação em oposição ao oligopólio privado
do desmonte dos Estados de Bem-Estar Social e mercantil, mas o controle da própria regulação
desde os anos 198011,12. que esses segmentos conseguem impor. Situação
Sob enquadramento diferente, os estudos essa que caracteriza um veto antidemocrático ao
de cultura política – civic culture – vem sendo próprio diálogo sobre o tema, impedindo, por
retomados para compreender os riscos contem- exemplo, que órgãos públicos possam cobrar dos
porâneos às democracias, apontando que a sua concessionários de rádio, tv e mídia impressa, di-
consolidação institucional demanda considerá- versidade e pluralidade de informação.
vel grau de aceitação e aprovação pública para No caso brasileiro, o caráter mercantil e con-
se manter13. De modo geral, essas correntes in- centrado das telecomunicações, edificado contra
terpretativas reforçam o entendimento de que é a mínima ‘simetria de voz’, indica que a orienta-
constitutivo dos sistemas representativos a con- ção republicana da comunicação se encontra for-
figuração de base social de apoio à realização de temente reprimida. Segundo o Media Ownership
programas e agendas políticas. Todavia, ao consi- Monitor Brasil, 26 grupos ou empresas de comu-
derarem a condição política da opinião pública e nicação concentram os 50 veículos de mídia mais
sua importância para a dinâmica das instituições, importantes do país. Desses, cinco grupos ou
tais correntes não incorporam o entendimento seus proprietários individuais controlam mais da
da opinião pública como variável política ins- metade dos veículos de mídia nacional, não raro
tituinte da cidadania. Como desdobramento, a caracterizando a ‘propriedade cruzada’ de rádios,
análise das condições em que se encontram orga- tvs e jornais. Os proprietários da mídia brasileira
nizados os meios de comunicação, sua influência também desenvolvem atividades em outros se-
e impacto para uma formação democrática da tores econômicos, como os sistemas financeiro,
opinião pública fica subestimada. imobiliário, educacional, agropecuário, trans-
O reconhecimento de que os valores públicos portes, e, também, de saúde, o que representa
constituem elemento central da natureza do po- um claro conflito de interesse14. Nesse ambiente
der político é justamente o que torna relevante o antirrepublicano, posto que oligárquico, o circui-
debate sobre a formação democrática da opinião to empresarial atua pautando a agenda pública,
pública. Como bem comum, antes que um direi- podendo omitir ou subdimensionar fatos, e ain-
to individual ou de propriedade, o sentido demo- da transformar verdades parciais em realidades
crático da comunicação se preocupa aqui com o exageradas, conforme seus interesses.
‘igual poder de fala’, problematizando, portanto, Uma vez que a luta por cidadania no século
a distribuição dos meios e recursos que veiculam XX pode ser compreendida como o esforço pelo
e constroem concepções de mundo. Nessa pers- reconhecimento da educação, da previdência, do
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trabalho e da saúde enquanto direitos públicos democrática, esses grupos debatem, escutam e pro-
e dever estatal, nota-se o contraste do caminho movem apenas a própria voz17 (p. 9). Em oposição
percorrido pela comunicação no país. Apesar da à distribuição da oportunidade ‘de falar’ e ‘ser
disputa travada por Roquette-Pinto, desde os efetivamente ouvido’, vinga o ‘mercado de ideias’
anos 1920, para que a comunicação assumisse e suas assimetrias.
um sentido público, educativo e de cultura – in- Na linguagem do republicanismo, o domínio
clusive central para as questões sanitárias15, pre- privado dos sistemas de comunicação, legitima-
valeceu, sobretudo a partir dos anos 1940, o seu do como propriedade de um circuito reduzido
sentido comercial3. A universalização dos direi- de grandes empresários, configura um sério obs-
tos, amplamente aceita e norteadora das lutas de- táculo para a formação de uma opinião pública
mocráticas, contrasta radicalmente com o que se democrática6. Nesse cenário, os conglomerados
consolidou na área da comunicação. Nesse cam- privados, portadores de um poder assimétrico
po, predominou a tal ponto um sentido privatista de comunicação de perspectivas e de influência
de liberdade que o debate sobre uma legislação nas escolhas públicas, devem ser compreendidos
pública acerca do empresariamento dos meios de como verdadeiros agentes políticos. Constran-
comunicação é, geralmente, enquadrado como gida a pluralidade de perspectivas, a capacidade
agressão incisiva e violação da própria liberdade privilegiada de interferir na democracia possi-
de expressão6. bilita que uma verdadeira militância em torno
Embasa essa acepção a orientação dominante de pautas e agendas específicas seja apresentada
na tradição do liberalismo político que toma a na forma de matérias jornalísticas. Esse hiperdi-
regulação estatal da comunicação como um risco mensionamento de determinadas perspectivas
direto à liberdade civil, particular, de pensar sem favorece ainda o silenciamento e a crítica envie-
constrangimentos, de manifestar o pluralismo de sada a seus oponentes.
perspectivas sem interferências externas16. Nesta Como discutido nesta seção, o conceito de
chave, o próprio conceito de ‘opinião pública’ formação democrática da opinião pública formu-
encontra-se, via de regra, associado a visões uni- la a liberdade de comunicação como uma prática
formizadas, ou opiniões parciais transformadas social que, como tal, está condicionada ao igual
autoritariamente em verdades públicas. Como poder e capacidade de colocá-la em exercício. A
apontam Guimarães e Amorim6, o sentindo in- exemplo de outros direitos de cidadania, como a
dividual da liberdade de comunicação para esse própria saúde, a liberdade de comunicação é, em
cânone liberal se instala em tensão contra a pró- conformidade com a Constituição, reconhecida
pria ideia de republicanização de direitos e deve- como um bem público que ganha a sua plena re-
res simétricos que devem conformar a cidadania. alização individual quando compreendido o seu
A convergência do sentido restrito que a co- valor coletivo, compartilhado, não oligopolizado.
municação alcançou no Brasil com esse paradig- Como exploramos, a distância entre a expressão
ma político liberal é patente. Assentados nessa das ideias e o seu poder de difusão define mesmo
matriz interpretativa, qualquer esforço de de- a sua condição democrática ou a corrupção da
bater publicamente a desconcentração do poder opinião pública. Corrupção essa que pode se ex-
dos meios de comunicação é enquadrado pelos pressar na indução de visões e perspectivas par-
oligopólios de mídia como aventura autoritária e ciais como representação do universal.
opressiva, seja do estado ou de facções políticas. Por se tratar de um momento constitutivo do
Apesar de inconstitucional, a ação política dos poder político, a construção de uma base social
empresários que controlam o sistema tradicional ampliada de apoio ao SUS está inevitavelmente
de mídia para a perpetuação desse oligopólio tem vinculada ao debate público. Nesse sentido, a co-
se mostrado fortemente efetiva. Exemplificam municação comparece como um determinante
essa condição o boicote à I Conferência Nacional político decisivo da construção do sistema públi-
de Comunicação, realizada em 2009; a recusa em co de saúde, e sua democratização pode configu-
debater a vigência do Código Brasileiro de Tele- rar um elemento fundamental do contraponto às
comunicações, de 1960; e os esforços reiterados pressões dos circuitos empresariais da assistência
de veto à regulamentação das normas da legis- privada sobre o sistema político18. Ao nos ocu-
lação complementar para a comunicação social parmos dos processos de formação da opinião
pendentes na Constituição Federal de 198817. pública, os meios de comunicação ganham pleno
Para Lima, [p]reocupados em garantir os incrí- sentido político, cuja democratização se coloca
veis privilégios que conquistaram historicamente como requisito para a construção de um sistema
e numa reafirmação de sua recusa à negociação de saúde fundamentado no interesse público.
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O SUS e as pesquisas de opinião ários’ o índice de aprovação caía para 30,3%23.
Em pesquisa posterior, o Instituto de Pesquisa
Corridos mais de trinta anos de construção Econômica Aplicada (IPEA) apurou um cenário
do SUS, o escopo dos serviços de saúde do país semelhante: entre “aqueles que tiveram alguma
se transformou consistentemente. Considerados experiência com os serviços do SUS nos últimos
todos os limites de sua rede de assistência, pre- 12 meses” e os que não tiveram, a proporção de
venção e outros cuidados, os notáveis ganhos na opiniões de que esses serviços são bons ou muito
saúde dos brasileiros requalificaram o cenário sa- bons foi maior (30,4%) do que entre os segundos
nitário do país. Exemplificam o reconhecimento (19,2%)24 (p. 9).
desses resultados, publicações como o Boletim A série de pesquisas trabalhadas pelo Data-
da OMS (Brazil’s march toward universal covera- folha (2014-2018) também identificou diferen-
ge)19, o editorial do British Medical Journal20, e o ças entre a avaliação baseada na experiência em
número especial da revista The Lancet, de 201121. serviços do SUS e aquelas construídas de forma
Em edição comemorativa dos 30 anos do SUS, indireta. Em 2018, 22% dos entrevistados que
a revista Ciência e Saúde Coletiva, reunindo es- utilizaram algum serviço do SUS nos dois anos
tudos de mais de cem pesquisadores, apresentou anteriores à pesquisa os classificaram como ruim
um debate equilibrado dos desafios do sistema ou péssimo e 39% como bom/excelente. Quando
e sua inegável contribuição para a melhoria das a pergunta se referia à saúde no Brasil em geral,
condições de saúde de milhões de brasileiros. A a avaliação negativa subia para 55% dos entre-
síntese desses estudos está bem formulada na re- vistados25-28.
flexão de Campos, segundo o qual [h]á uma série A análise dessas pesquisas de opinião sobre
de evidências sobre a superioridade, em efetividade o SUS permite identificar que quanto maior a
e eficiência, dos sistemas públicos e universais de proximidade da população com os seus serviços,
saúde quando comparados com modelos de merca- cresce a avaliação positiva sobre o sistema. Na di-
do22 (p. 1708). reção contrária, o juízo negativo se mostra ten-
Ao considerarmos essas avaliações e assu- dencialmente enraizado nos segmentos sociais
mirmos que a legitimação pública do Sistema de que, por diversos motivos, estabelecem menor
Saúde é um determinante político central para a contato com seus serviços. Reiterando essa con-
consolidação da saúde como direito, procuramos dição, uma pesquisa realizada pelo IBOPE, em
verificar a percepção dos brasileiros sobre o SUS 2018, aferiu que a avaliação do “sistema público
analisando pesquisas de opinião realizadas por de saúde da cidade do entrevistado” apresenta
diferentes institutos de pesquisas, entre os anos contraste relevante com “a avaliação do sistema
2000 e 2020. É importante anotar que pesquisas público de saúde brasileiro, de forma geral”. As-
de opinião representam fotografias de um mo- sim, enquanto 16% dos entrevistados aprecia-
mento específico, suscetíveis a vieses, como, por vam como ‘bom e ótimo’ a assistência do SUS
exemplo, o humor da conjuntura, o método de local, ao se remeterem ao SUS do qual se escuta
amostragem e mesmo a forma como as pergun- falar esse indicador de positividade caía para 5%.
tas são elaboradas. Além disso, por adotarem me- Na avaliação de ruim/péssimo, essas considera-
todologias distintas, não foi possível realizar uma ções variaram de 54% para 75%, respectivamen-
comparação sobre mudanças na percepção pú- te29. Conforme concluiu o próprio IBOPE, essa
blica sobre o sistema. Não obstante esses limites, situação reforça o entendimento de que a opinião
a análise dessas pesquisas trás aspectos relevantes negativa sobre o SUS sofre um viés significativo
para pensarmos as relações entre a saúde públi- de informação, indicando que a piora na avalia-
ca e a comunicação no Brasil: (1) a diferença de ção geral está mais relacionada à insatisfação ge-
avaliação entre os ‘usuários diretos’ do SUS e os neralizada dos brasileiros e a opiniões baseadas na
‘usuários indiretos’; (2) as diferenças de avaliação mídia29 (p. 6).
entre os serviços utilizados no SUS (experiência) Essa condição sugere que a mediação da in-
e a percepção ‘em geral’ do sistema público; (3) formação e, sobretudo, a abordagem da avaliação
e o nível de conhecimento da população sobre o produzida, são componentes fundamentais para
SUS. formação da opinião pública, incidindo sobre a
No estudo realizado pelo Vox Populi a pedido legitimação ou não do SUS.
do CONASS, em 2003, identificou-se que entre As evidências de que os oligopólios de mídia
os ‘usuários exclusivos’ do SUS, 45,2% disseram submetem o SUS a um processo sistemático de
que o sistema público de saúde funciona ‘bem enviesamento de fatos, e que hiperdimensiona
ou muito bem’, ao passo que entre os ‘não usu- suas fraquezas e relativiza suas virtudes, encontra
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eco em outros trabalhos sobre o tema. Pesquisa de 2014 a 2018, a saúde compareceu como a
realizada por Moraes, Oliveira-Costa e Men- principal prioridade entre os brasileiros. Entre-
donça30 identificou que no ano de 2016, 66% tanto, quando se nota que o contato direto com
das matérias sobre o SUS veiculadas no Correio o SUS favorece uma apreciação mais positiva do
Brasiliense tiveram teor negativo, 19,9% neutras que entre aqueles que forjaram sua opinião por
e apenas 14,1% positivas. A constituição de uma fontes que não a experiência concreta, pode-se
imagem quase que exclusivamente negativa do dizer que a mediação da informação cumpre um
SUS nos meios de comunicação, segundo essas papel importante na construção do juízo público
pesquisas, ocorreria tanto pela predominância sobre o sistema. Nesse processo, a construção da
‘quantitativa’ de notícias negativas sobre o siste- imagem do “SUS problema” se dá pela hipérbole
ma, quanto pela utilização de recursos linguísti- de um fragmento da realidade, complementada
cos que contribuem para a construção da ima- com a lateralização reiterada das suas virtudes.
gem do SUS exclusivamente como problema30-33. O exame mais detalhado das pesquisas de
Esse processo de distorção informacional seria opinião permite constatar também que a maior
perceptível tanto nos jornais de circulação na- rejeição ao SUS está fortemente associada à pro-
cional, quanto naqueles veículos de abrangência gressão de renda, escolaridade e detenção de pla-
regional. no de saúde. A este respeito, o relatório apresen-
Na análise de Silva e Rasera32 acerca dos re- tado pelo CONASS, em 2003, é categórico:
cursos linguísticos e discursivos presente nas ma- Há uma relação inversa, bastante nítida, entre
térias veiculadas no jornal Folha de São Paulo, foi a avaliação positiva do funcionamento do SUS e o
identificado que o termo ‘SUS’, ou ‘Sistema Único grau de escolaridade do entrevistado. Esta aprova-
de Saúde’, se fez consistentemente presente entre ção atinge 64%, entre os analfabetos. Entre os que
as notícias negativas. Por contraste, na maioria têm formação superior, 39%. O mesmo ocorre em
das matérias que faziam referência a melhorias relação à renda: quanto menor a renda, melhor a
nas condições de saúde dos brasileiros ou a pro- avaliação feita sobre o SUS23 (p. 23).
gramas e serviços de excelência a terminologia É importante destacar que a concentração da
não ganhava destaque. Outra estratégia discursi- visão negativa do SUS nos setores sociais médios
va frequente nas matérias da Folha de São Pau- é convergente com a representação depreciativa
lo analisadas pelos autores foi a identificação de que comparece na mídia. Este polo de opinião
que problemas em serviços da rede pública eram política contrasta decisivamente com os setores
abordados como crise generalizada do SUS. Na mais empobrecidos da população, os 75% que
conclusão dos autores, esses mecanismos discur- não têm planos privados de saúde e são, portan-
sivos estão na base da construção do “SUS-pro- to, ‘usuários diretos’ do SUS – que, como vimos,
blema” como imagem forte sobre o sistema32. Se- apresentam maiores índices de avaliação positiva
gundo Oliveira, frequentemente essa imagem do dos serviços do sistema. A abordagem negativa
SUS se encontra associada à suposta ineficiência midiática também tem penetração entre ‘usuá-
do Estado, [à] incompetência das autoridades ou rios diretos’, perceptível quando são chamados a
dos profissionais da área, levando à construção de avaliar o ‘SUS em geral’. Todavia, essa convergên-
uma ordem simbólica pouco reflexiva sobre o cam- cia é sopesada com a percepção experienciada.
po da política de saúde representada pelo SUS³¹ (p. A afinidade entre a abordagem negativa mi-
72). diática e a percepção dos setores médios, com
Como destacam esses trabalhos, isso se torna menor contato com o SUS, projeta a percepção
particularmente problemático quando se iden- de uma parcela da população como opinião geral
tifica que a parcialidade das abordagens críticas dos brasileiros. Ao documentarmos esse viés clas-
ao SUS são acompanhadas por uma tendência sista na abordagem midiática, pode-se afirmar
de valorização da assistência privada30,31. Assim, que ocorre um silenciamento ou lateralização do
se o quadro desenhado pela mídia sobre o SUS apoio público que o sistema conserva. Essa disso-
é mais frequentemente negativo, paralelamente, nância entre avaliações baseadas na experiência
e em sentido oposto, comparecem os serviços direta e a ‘percepção genérica’ tem fundamental
privados, seja de planos ou de prestadores, via de relevância para o entendimento das consequên-
regra, sobrevalorizado. cias políticas que a comunicação impõe à supe-
Como identificado nas pesquisas de opinião ração dos impasses do SUS. Seguindo as pistas
aqui investigadas, os níveis de insatisfação com presentes nas pesquisas de opinião sobre o siste-
a assistência prestada pelo SUS não são despre- ma, pode-se dizer que o déficit democrático da
zíveis. Segundo levantamentos do DataFolha25-28, comunicação vem prejudicando decisivamente o
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reconhecimento do pluralismo presente no inte- são dos gastos federais em saúde, e o movimento
resse público. Precisamente porque na ausência “Saúde+10”, de 2013.
de espaços para vocalização das boas experiên- No contexto da Pandemia do novo coronaví-
cias com o sistema, seu funcionamento e avanços, rus, a construção da campanha Marcha Pela Vida,
vis-à-vis a observância de seus limites, corrompe- que contou com o apoio de mais de 500 entidades
se as condições para a construção de uma cons- nacionalmente articuladas em defesa do SUS, não
ciência pública sanitária que tenha o SUS como recebeu nenhuma entrada nos circuitos tradicio-
um valor político consistente de cidadania. nais midiáticos. Seja em uma agenda propositiva
Por essa compreensão, pode-se dizer que a ou contestatória, como a supressão do Teto de
comunicação assume um sentido político deci- gastos (EC 95/16), a comunicação comparece de
sivo para a plena realização do SUS, exatamente forma agônica e não como um programa perma-
por ser parte do que define a natureza do poder. nente e orgânico de formação cidadania política.
Sendo a comunicação um domínio da política do A conhecida tese de que as renúncias fiscais ali-
qual depende o enraizamento público de todos mentam o setor de planos privados de saúde35, ou
os demais direitos, ‘a formação de uma consciên- aquelas que pontuam como a prestação terceiriza-
cia pública sanitária’ apontada por Berlinguer8 na da de serviços precarizam a assistência, precisam
década de 1970 segue sendo um desafio central ganhar o juízo público para bloquear as razões de
para o SUS. mercado. De certo modo, o êxito e a derrota dessas
Em que pese essa condição, entre as princi- lutas nunca se colocaram mesmo fora da sua capa-
pais teses que versam sobre os impasses do SUS, o cidade de difusão e legitimação pública.
sentido político que a comunicação assume para Correlata à fragilização da base social de
a democratização do acesso à saúde não consta apoio ao SUS, outra consequência da baixa cen-
como objeto central de reflexões. Nos últimos tralidade da comunicação na agenda política
30 anos, os debates do campo sanitarista têm se sanitarista é o déficit de divulgação de informa-
concentrado, essencialmente, na investigação do ções de interesse público sobre o funcionamento
subfinanciamento público do SUS, no hibridis- do sistema. Ilustra essa lacuna o fato de que em
mo público-privado e nos desafios afetos à sua 2003, apenas 35% dos entrevistados souberam
gestão². Por ângulos distintos, as razões políticas citar, espontaneamente, com precisão, o que sig-
da perpetuação desses impasses vêm sendo expli- nifica a expressão SUS e quase 22% não sabiam
cadas pelo estudo das coalizões políticas que defi- que os serviços do sistema não deviam ser pagos
nem os incentivos do estado ao mercado da saúde no ato do atendimento23. Em pesquisa do IBOPE,
e pela trajetória institucional do setor². Decerto, de 2018, 76% dos entrevistados informaram que
a identificação desse enquadramento dominante ‘não conheciam’, ou conheciam apenas de ‘ouvir
na saúde coletiva não implica em desconsiderar falar’, a Estratégia de Saúde da Família. Se consi-
que a consciência dos termos políticos da comu- deramos que no ano de 2018, 64,5% da popula-
nicação e de sua centralidade para a saúde se faz ção era coberta por essa política, é provável que
presente em debates do campo, sendo, por exem- parte desses entrevistados tenham utilizado esses
plo, objeto de reflexão de um Grupo de Traba- serviços, mas não souberam identificar29. Em
lho da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. outra direção, Camargo e Grant36 apontam que
Como vêm apontando Araújo e Cardoso, [d] a ausência de um amplo debate público demo-
emocratizar as telecomunicações interessa à saúde cratizado sobre as questões sanitárias abre espaço
e deve ser mais uma área de exercício da interseto- ainda para a ascensão de movimentos baseados
rialidade, uma concepção cara ao campo34 (p. 94). na desconfiança da ciência, como o movimento
Ao dialogar com esse legado, nos interes- antivacina e suas consequências deletérias para a
sa apontar que as lutas pela democratização do saúde da população.
acesso à saúde sempre demandaram forte apoio Estudos apontam que o próprio sistema de
e visibilidade pública. Historicamente, além da saúde inglês, National Health Service (NHS),
própria luta pela Reforma Sanitária na consti- que há anos goza de elevado prestígio, também
tuinte dos anos 1980, atestam essa luta por voz dependeu de certo cultivo de valores públicos
pública os movimentos criados em torno da para se desenvolver ao longo do tempo. Segundo
Contribuição Provisória sobre Movimentação Thompson37, o contato direto da população com
Financeira (CPMF), seja em sua criação, em o NHS se mostrou fundamental para a crescente
1997, ou no seu ocaso, em 2007, a histórica cam- legitimação do sistema na Grã-Bretanha, dado
panha pela Emenda Constitucional (EC) 29, na que, inicialmente, não se criou uma identidade
aurora dos anos 2000, que reivindicava expan- que confrontasse a “desconfiança” com os mo-
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Santos RT et al.

delos anteriores. É necessário registrar, no en- Entre os brasileiros, a saúde tem figurado
tanto, que o Reino Unido tem um dos mais bem como preocupação central, o que não indica, ne-
estruturados sistemas públicos de comunicação cessariamente, apoio e confiança junto ao SUS.
do mundo, o que certamente favorece um debate Mesmo a legitimidade alcançada por seus prin-
público mais plural dos seus desafios. cípios de universalidade e gratuidade não se con-
Enquanto dimensão formadora da cidadania, funde com a legitimação do sistema em si, com
o direito à comunicação tem diversos desdobra- a sua defesa pública. Precisamente, segundo pu-
mentos para a construção do direito à saúde. As- demos analisar neste artigo, a crítica reiterada e
sim, considerando que a opinião pública importa parcial ao SUS não se traduz, obrigatoriamente,
para as dinâmicas de implementação, funciona- em rejeição aos seus princípios, mas pode estar
mento institucional e garantia constitucional do servindo à contestação da sua viabilidade.
acesso ao direito, afirmamos que a relação entre Na identidade política do cidadão muitas ve-
comunicação, democracia e legitimação pública zes se encontram latentes a opinião sobre temas
da luta por direitos deve ser colocada ao centro fundamentais para a vida democrática nacional,
das preocupações da Reforma Sanitária brasileira. como o apoio a partidos políticos ou a rejeição a
reformas do estado. Como formulado pela tradi-
ção republicana, a disputa pública pelo sentido
Conclusão das coisas compartilhadas é intrínseca à política,
para a qual importa a comunicação na confor-
Nesse artigo a análise de pesquisas de opinião so- mação e direção de valores. Enquanto objeto da
bre o SUS nos permitiu identificar que existem política, isso implica dizer que a legitimidade
diferenças importantes entre a avaliação baseada da construção de um sistema de saúde público
na utilização do sistema com a avaliação infor- e gratuito ou da comercialização dos serviços de
mada por outras fontes que não a experiência saúde no mercado são construções sociais e his-
concreta. É interessante notar que a avaliação dos tóricas que ocorrem por meio da prática política.
setores populares apresenta convergências com Dependem da construção coletiva de concepções
os resultados alcançados por prestigiados centros de mundo que identifiquem a saúde como bem
de pesquisas da saúde, dentro e fora do Brasil. A comum e direito ou mercadoria a ser acessada
rejeição por aqueles setores que utilizam menos por meio do mercado. Isto acarreta que sua per-
os serviços do SUS é afim à abordagem midiática manência enquanto condição democrática con-
de construção do “SUS problema”32, indicando tém uma disputa sempre aberta à construção e
que quanto mais distante da experiência direta convencimento.
mais se impõe a posição jornalística, e suas visões Como discutimos, a Reforma Sanitária cons-
e interesses específicos. truiu sua fortuna crítica atenta a várias dimen-
No contexto da pandemia da COVID-19, sões que cerceiam a realização do SUS, conser-
análises apontam que esse enquadramento jor- vando, no entanto, um vácuo de reflexões no que
nalístico tradicional sobre o sistema de saúde so- diz respeito à compreensão de que a comunica-
freu impactos com o ascenso do reconhecimento ção é instituinte da construção e conservação
público do SUS como esperança38. Desde junho do poder – da constituição de uma autoridade
de 2020, quando o governo federal passou a di- sanitária. Via de regra, as dimensões da política
ficultar o acesso aos dados sobre os números de são localizadas no âmbito do Estado e suas ins-
mortos e contaminados, a construção do chama- tituições clássicas, como pastas ministeriais e ca-
do Consórcio de Imprensa, constituído pelo sis- sas congressuais, e nos interesses disputados por
tema Globo de comunicações e os jornais Folha movimentos sociais e corporações empresariais.
de São Paulo e Estadão, apresentou-se como por- É recorrentemente comum a essas abordagens o
ta-voz do interesse público. A rarefeita menção entendimento da política como ação exclusiva de
ao fato de que essas informações são produzidas elites e vanguardas políticas. Sem dúvida, as teo-
pelos serviços de vigilância epidemiológica que rias do elitismo democrático que fundamentam
compõem o SUS ilustra mais um capítulo do o argumento da complexidade, da racionalidade
tradicional apagamento e descredibilização do e da escala geográfica como impeditivos à parti-
sistema. Tal enquadramento jornalístico invisibi- cipação e compreensão por parte dos homens e
liza as ações das secretarias de saúde de estados mulheres ordinários na tomada de decisão con-
e municípios na detecção e monitoramentos de tam nesse enquadramento.
novos casos e óbitos, intensificando a própria re- Ao revés dessa ciência política liberal, a tradi-
lativização da autoridade sanitária do SUS. ção republicana reconhece a comunicação como
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Ciência & Saúde Coletiva, 27(4):1547-1556, 2022


um ativo político verdadeiramente instituinte da de dos cidadãos e cidadãs brasileiros, é parte do
política de saúde, revelando que uma consciência que constitui a correlação de forças que disputam
pública sanitária, firmada no centro da identida- os rumos do sistema.

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2018. da Silva

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