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Definir o que uma a criança adquire durante o processo de aquisição de uma língua parece
tarefa simples, mas, assim como há diferentes formas de se abordar o estudo das línguas,
diferentes olhares podem ser lançados para o processo de aquisição. Este trabalho visa a
uma reflexão acerca desses olhares, abordando temas, teorias e trabalhos desenvolvidos
sobre aquisição.
Estudar aquisição da língua significa buscar entender como um indivíduo passa de não-
falante a falante de sua língua materna ou de uma segunda língua. Historicamente,
estudiosos de diversas áreas procuram entender de que forma acontece esse processo
instigante e encantador que permite ao homem o desenvolvimento de sua capacidade
linguística e comunicativa.
Este trabalho é produto de uma investigação, que tem como tema de abordagem Aquisição
da língua, tema este que se ajusta na disciplina de Psicolinguística, que faz parte do
conjunto das disciplinas do 2º ano, do curso de licenciatura em Ensino de Português.
Objectivos
Geral
Específicos
Krashen considera a aquisição como um processo mais importante, pois para ele somente
adquirindo uma língua é que teremos fluência nela. (Ligthbown e Spada, 1999). Assim, a
aquisição se daria em um ambiente de imersão do sujeito que deseja desenvolver uma nova
língua. Seria o caso de pessoas que buscam por experiências fora do seu país de origem.
Por isso que existem indivíduos que dominam uma segunda língua sem conhecerem
nenhuma regra gramatical, enquanto existem outros que conhecem e dominam essas regras,
mas não conseguem expressar-se, pois se preocupam muito em usar corretamente as regras
que aprenderam.
Existem teorias que propõe que somente crianças seriam capazes de adquirir uma nova
língua, mas para a hipótese em questão, um indivíduo adulto é capaz de adquirir uma língua
assim como uma criança, e são capazes de se tornarem fluentes como nativos, sem nenhum
conhecimento sobre regras. Para isso, seria então o caso de imersão. Contudo, para Krashen
é possível que mesmo dentro da sala de aula o professor proporcione e trabalhe de maneira
que o aluno adquira a língua.
Segundo Schütz (2007), “muitas teorias sobre aprendizado de línguas já foram propostas,
sempre diretamente influenciadas por duas ciências: a da linguística e a psicologia.” Essas
abordagens atendem as especificidades da época em que foram elaboradas. Serão descritas
as seguintes teorias: o Behaviorismo, o Inatismo e o Interacionismo.
a) Behaviorismo
Segundo Figueiredo (1995, p. 48) “esta abordagem pode usar de técnicas de repetição
exaustivas e intensivas de estruturas e exercícios de substituição, que promovem o
estabelecimento de novos hábitos necessários para se aprender uma segunda língua”.
É através dessas incansáveis repetições que o aprendiz deixa de produzir erros. Esse tipo de
exercício aparece até hoje em livros de aprendizagem de línguas, acreditando-se ainda que
é a repetição que fará o indivíduo a aprender uma nova língua. Contudo, essa abordagem é
uma explicação incompleta da aquisição da segunda língua e mesmo da aquisição da língua
materna. (Lightbown & Spada, 1999, p. 25 apud Figueiredo, 1995, p.48).
O aluno, segundo Figueiredo (1995, p. 48) “aprende com a experiência, mas não somente
da experiência, como comprovam tantas outras teorias” as quais veremos mais adiante.
Além do que fora citado, o que mais deixa a desejar nesta abordagem é o fato de que, como
um indivíduo é capaz de elaborar ou produzir, sentenças que nunca ouviu antes. Se um
aprendiz falasse somente o que é repetido, a aprendizagem de uma nova língua seria um
processo muito mais longo que o habitual.
b) Inatismo
O ato de desenvolver uma língua é para ele como o ato de aprender a caminhar, tendo para
isso um período determinado para acontecer. Para Chomsky, a aquisição de uma língua é
inato ao aprendiz, o qual nasce pré-disposto a adquirir uma língua. Porém é necessário que
o ambiente em que este aprendiz está situado lhe dê base e condições, aí sim este
desenvolverá uma língua. (Ligthbown e Spada, 1999, p. 16).
O linguista em sua abordagem concebe a Gramática Universal (G.U), que seria uma pré-
programação presente em um lugar no cérebro, com princípios que são comuns à
linguagem.
De acordo com Galeffi (2003, p. 43) é graças a G.U que “as crianças são capazes de criar
representações mentais que ultrapassam o discurso que ouvem, e se assemelham muito às
representações dos falantes da mesma língua.” É devido a isso, que as crianças produzem
enunciados que nunca ouviram.
De acordo com Ligthbown e Spada, (1999) a teoria inatista não faz especificações claras a
cerca da aprendizagem de uma segunda língua. Contudo, muitos linguistas explicam que a
G.U é a melhor perspectiva para a aquisição de uma segunda língua. Já outros, afirmam que
a G.U não guiaria a aquisição em indivíduos que passaram do período crítico para esta
aquisição.
Os inatistas, não veem o erro como um benefício. Para eles, na aprendizagem de uma
segunda língua, a correção dos erros e informações metalinguísticas não mudariam e não
afetariam profundamente o conhecimento sistemático da língua.
c) Interacionismo
A terceira teoria é representada pelo filósofo e psicólogo suíço Jean Piaget (1896 - 1980).
Ele procurou observar crianças e lactentes em suas brincadeiras e interações com adultos.
Ele traçou o desenvolvimento cognitivo compreendendo as coisas como permanência do
objeto. Os interacionistas se preocupam mais com o ambiente do que os inatistas, ambiente
que forneça amostras da língua que se vai aprender.
Para os interacionistas esta teoria nos diz que o desenvolvimento da linguagem está voltado
ao ambiente. Em suma, a linguagem é o resultado de uma ação complexa entre
exclusivamente as características humanas e o ambiente em que ela se desenvolve.
Piaget, de acordo com Ligthbown e Spada (1999), não via a língua como base num módulo
na mente como Chomsky. Para ele a linguagem se desenvolve na infância e pode ser usada
para representar o conhecimento que a criança tem adquirido com a interação física no seu
ambiente.
Essa teoria anos mais tarde, ganha a contribuição de Lew Vygotsky (1896- 1934),
intelectual russo, que trabalhou na União Soviética, o qual possuía um amplo e
diversificado conhecimento, atuando em áreas da psicologia, educação, medicina, direito,
filosofia entre outras. Sua teoria também pode ser encontrada como teoria
socioconstrutivista, sociointeracionismo entre outros.
Estudos intra e interlinguísticos defende que qualquer língua é adquirida por fases e diz-se
que cada fase sucessiva se aproxima mais da gramática do adulto. Assim, os primeiros
choros e vagidos do recém-nascido fazem parte de um período pré-linguístico, pois são
totalmente controlados por estímulos e constituem respostas da criança a factores como
desconforto, desejo de ser embalado, etc.
Uma criança psicofisiologicamente normal ao aprender qualquer língua natural passa pelo
menos por quatro fases de aquisição: fase do balbuceio, fase holofrástica, fase de duas
palavras e a fase do telégrafo para o infinito:
a) Fase do balbuceio: ocorre por volta dos seis meses e a criança começa a produzir
os primeiros sons da linguagem humana;
b) Fase holofrástica: ocorre, normalmente, um pouco depois do primeiro ano. As
crianças já aprenderam que os sons se relacionam com os significados e produzem
as suas primeiras “palavras”;
c) Fase das duas palavras: ocorre por volta dos dois anos. Nesta fase ainda não há
marcas sintácticas ou morfológicas, ou seja, flexão de número, pessoa, tempo, etc.
Os pronomes são raros.
d) Fase do telégrafo para o infinito: ocorre mais ou menos aos três anos. A criança
começa a encadear mais de duas palavras, podendo a sua produção consistir em três,
quatro, cinco ou mais palavras. As primeiras produções de mais de duas palavras
geralmente não contêm palavras funcionais; limitam-se a palavras plenas, de
conteúdo, razão pela qual tais produções se denominam “discurso telegráfico”.
Nos anos 50 vigorou a teoria behaviorista ou a teoria E-R-R, defendida por SKINNER,
OSGOOD, E WHITE. SKINNER defendia que a língua era aprendida através de um
sistema de hábitos, pressionados por uma cadeia de E-R-R. Esta teoria valoriza a
imitação e defende que o meio-ambiente e a experiência desempenham um papel
fundamental na aprendizagem.
REFERÊNCIAS