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1. Introdução
Nas cidades, por ter ambiente escolar fortemente dominante, a escolarização quer
masculina quer feminina tende a ser valorizada. Nisto, não significa que não tenha
desistência nas zonas urbanas embora de causas e escalas totalmente diferentes
das zonas rurais.
2. CAUSAS DE NATUREZA SOCIOCULTURAIS
2.1. CONFLITO ENTRE DOIS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO (FAMILIAR/ESCOLAR)
A criança, ao crescer numa sociedade, nota pela sua experiência que a posição
social esta relaciona com o poder; as pessoas vão subindo de estatuto com idade;
os mais jovens pedem sempre conselho aos mais velhos, porque se supõe que
eles saibam mais. A educação escolar faz com que alguns com estatuto atribuído
mais baixo adquirem mais conhecimentos que os familiares mais velhos. Segundo
Edsmose, citado por Vandelbo (1999), o estudo feito na zona rural do Quénia,
encontrou-se que há valores contraditórios no processo de socialização na esfera
doméstica e na esfera escolar. Os jovens começam a desrespeitar quer os valores
culturais e até mesmo familiares constituindo assim uma ameaça às relações do
poder social estabelecido[3]. Na realidade, nas sociedades rurais, as crianças não
só podem sobreviver sem a competência escolar (por ser a agricultura uma base
fundamental de sobrevivência) mas também, pouco ou nenhum uso faz dela já
que pouco há para se ler e para se escrever[4]. Segundo Bourdeau citado por
Pinto (1995), a escola transmite cultura das classes dominantes (…) a escola ao
mistificar a imposição que faz da cultura dominante como sendo cultura universal,
está a exercer a violência simbólica. Como assim? Duma maneira geral, todas as
pessoas que aparecem nos livros estão bem vestidas, usam sapatos, vivem em
casas de cimento, tem carros e assim por diante, e se mostra a vida no campo,
encontra-se as machambas bem tratadas, trabalham a terra com ajuda de animais
de tracção e tractores. Será que é esta a vida de campo? Não! Então, perante
esta realidade, qual será a reacção dos pais? Para nos mostrar a reacção dos pais
perante esta situação, a obra, “eu mulher em Moçambique” reza: “devido a falta de
confiança na qualidade de ensino, os pais sustentam que as raparigas estão a
perder tempo na escola, tempo este que é preciso, pois pode ser dedicado a
actividades agrícolas e domésticas para a preparação de casamento (situação do
meio rural). (…) as raparigas que vão a escola pensam em satisfazer as novas
necessidades tais como cinema, discotecas e outras diversões. Alguns pais fazem
associações do tipo escola – discoteca – prostituição (situação do meio urbano)
”. (op. Cit. P. 189).
2.2.CASAMENTO
Culturalmente, o preconceito de que as mulheres são feitas só para o casamento
pode influir na educação. Diz-se que educar a rapariga há menor retorno de
investimento. Segundo Afonso et al (1994), os pais pensam que as raparigas, uma
vez casadas, tornam-se da responsabilidade da família do marido. Assim, o
investimento feito pelos seus pais não resulta em nenhum lucro para a sua própria
família. É pensamento comum que os rapazes devem ser bem preparados porque
serão eles a providenciar o bem-estar da família. Uma senhora entrevistada diz
“frequentei-me a escola, mas o meu pai tirou-me da escola dizendo que eu não
podia estudar como se fosse rapaz. Quem vai a escola são os rapazes, dizia ele “
(id.ibid). Como já fiz referência no princípio de trabalho, as pessoas tem um
conceito negativo do género feminino desde muito tempo. As mulheres foram
inculcadas por este pensamento[6].
3. CAUSAS SOCIO-ECONOMIAS.
3.1. INSUCESSO ESCOLAR (REPETÊNCIA)
Um aluno pode abandonar a escola com reprovações repetidas, isto mostra que,
segundo os pais, ele não tinha capacidade para a escola. Reprovações
sucessivas significam também que a criança vai crescendo e talvez chegue na
fase à idade adulta já na 3ª classe. Segundo Palme (1992), manter as crianças na
escola apesar de repetidas repetências também significa um custo considerável
para a família. E, normalmente, são as raparigas que têm que têm alto número de
repetências. Porque as raparigas têm altas taxas de reprovação?[7] Nas cidades,
com o avanço das tecnologias modernas, há aqueles que crêem que o fraco
aproveitamento pedagógico, as vezes é associado a diversões. Nas zonas rurais,
o ambiente é outro. A rapariga deve ajudar a mãe nos trabalhos domésticos,
ajudar a família no trabalho agrícola, que por vezes tem pouco tempo para estudar
as lições. Como espelho disso, há muitas repetências e consequentemente,
abandono escolar em escala maior para as raparigas do que os rapazes.
3.2. O FACTOR PROFESSOR
3.3. POBREZA
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
FDC (2000), Relatório – seminário de debate sobre a educação da rapariga,
Maputo.