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GEOGRAFIA
DEPARTAMENTO: GEOCIÊNCIAS
PROFESSORA: JAQUELINE
PIRAPORA-MG
JULHO/2020
O filme/documentário, “Pro Dia Nascer Feliz” com direção de João Jardim, expõe
uma série de entrevistas em localidades diferentes do Brasil, trazendo um diagnóstico da
realidade educacional do país até o ano de 2006, que permanece nos dias atuais, e
provavelmente continuarão nas próximas décadas. As observações do documentário
estão relacionadas a configuração e estrutura do nosso ensino médio e fundamental, a
partir de reflexões e críticas, que inserem professores, alunos, gestores escolares numa
missão difícil de continuar caminhando rumo às melhorias e manter os sonhos vivos.
A 50 km da grande capital São Paulo, tem a Escola Estadual Parque Piratininga ll,
numa região periférica da cidade de Itaquaquecetuba, que apresenta uma estrutura quase
que turística para a cidade. Nessa situação, que apresenta características já apontadas
nas outras anteriormente destacadas, vemos como a ausência de professores impacta no
cotidiano dos alunos. A gestora escolar acredita que a legislação dá alguns privilégios, o
que impulsiona a falta dos docentes, enquanto isso, uma determinada professora
contrapõe argumentando que a carga psicológica é severa, e a mesma precisa inclusive
acompanhamento terapêutico para não adoecer mentalmente. Essa discussão é
relevante, porque não há até hoje um amparo psicológico gratuito para os professores
por parte do Estado, e contradiz os “privilégios” da lei educacional que a gestora roga
no seu discurso a respeito da ausência dos professores no cotidiano escolar. Por falar em
questões psicológicas, vemos também alunos sofrerem com isso, apresentando algumas
sensações de angústias e barreiras introspectivas, atravessamento de fases.
Cada vez mais o documentário avança, você questiona como pode ser tão atual,
apesar de ter sido produzido há 15 anos aproximadamente. As desigualdades nunca
ficam ultrapassadas neste país. No cenário do colégio particular em São Paulo, nota-se
visivelmente como existe uma discrepância socioeconômica sobretudo de étnica, se
comparado ao colégio de Duque de Caxias no Rio de Janeiro e os demais. Ao tratar-se
da bolha social, as alunas do colégio discutem a relação do poder financeiro e a
exclusão social, exprimindo suas perspectivas. É interessante neste momento, pois
traçamos um paralelo com o texto Os Excluídos do Interior” do Bourdiei e Champagne
(2001). As alunas entrevistadas autoafirmam se encaixar entre os privilegiados, bem
aventurados, que por herança familiar seguirá caminhos semelhantes aos seus pais e
ascendentes. Os excluídos de periferias e interiores apontados no inicio documentário,
encontravam dificuldades tremendas, e suas respectivas escolas e professores também,
enquanto os privilegiados e “bem aventurados” nos seus contextos confortáveis
apresentam outros enfrentamentos diferentes. Analisando o texto citado e o próprio
documentário pode-se subir um questionamento: como seria caso esses excluídos
passassem a conviver com os privilegiados em escolas particulares, e vice-versa? Talvez
essa tentativa utópica de misturar dualidades de poder, classe e etnia resultaria em mais
preconceitos, desprezos e ódio, do que humanismo.
CARDOSO, R. L; CHER UTI, L. J. C; PONTE, M. K;. Pro dia nascer feliz Análise do
documentário. In: Revista Educação, Ciência e Cultura, v.17, n.2, dez. 2012. P.151-
152
_________. Coisas do Japão. 7 motivo para a taxa de suicídio no japão ser tão alta.
(2017) Disponível em: <https://coisasdojapao.com/2017/07/7-motivos-para-a-taxa-de-
suicidio-no-japao-ser-tao-alta-harakiri/> Acesso 14 julho 2020.