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NOME: Matheus

ENSAIO

TÍTULO: Pro dia Nascer Feliz

O filme começa com dados do início da década de 60 e depois com os


mesmos dados, porém no começo dos anos 2000. Apenas com isso já podemos
reparar em um falso avanço na participação escolar no Brasil, porque mesmo que
os dados mostrem um maior número de alunos matriculados nas escolas o número
de alunos que conseguem se manter e completar os estudos ainda é muito baixo.
Isso demonstra a precariedade de políticas de permanência estudantil nas escolas
do Brasil que permanecem até os dias de hoje, mesmo que com algumas melhoras.
Ao decorrer do filme a equipe de filmagem percorre várias escolas, com
realidades muito diferentes, dês do interior do país até a capital de grandes centros
e suas áreas periféricas. Ao trocar de escola, podemos perceber uma grande
diferença, estrutural e cultural, não apenas da escola em si, mas do meio onde ela
está e como isso afeta o pensamento e vida dos alunos. As expressões culturais
locais, as condições de subsistência dos alunos, tarefas extraescolares do campo,
da periferia e do centro e, como fica claro que junto ao recorte de classe, á o recorte
racial no Brasil. Nas escolas localizadas nas periferias a grande maioria dos alunos
são negros, muitos precisam conciliar o trabalho aos estudos, ao mesmo tempo em
que tentam sobreviver numa realidade marginalizada. Enquanto na escola particular
localizada no centro da cidade, frequentada por estudantes de classe média não a
nenhum, ou quase nenhum negro e as preocupações dos alunos giram em volta das
suas notas, qual faculdade irão frequentar, etc.
Toda a carga educacional acaba caindo nas costas dos professores,
principalmente nos locais onde a estrutura é precária e os alunos marginalizados.
Isso acaba causando certo confronto entre estudante, pai e professor, pois mesmo o
professor não sendo responsável pela falta de recursos na escola e políticas
públicas na periferia, é ele que faz a linha de frente estando cara a cara todos os
dias com os alunos, tendo que se virar na medida do possível para aplicar a
matéria, dar atenção aos alunos, compreender seus problemas e acaba
sobrecarregando demais seu trabalho e vida pessoal. O professor acaba
absorvendo os problemas ao seu redor, muitas vezes chegando a adoecer. Isso
acarreta numa ausência do profissional que é intensificada pela falta de concursos
públicos e investimentos no ensino, deixando uma lacuna que interfere na
programação escolar e quantidade de aulas ofertadas aos alunos
Mas mesmo com todas as diferenças ainda podemos notar algumas
semelhanças nas escolas, a importância de uma atenção psicossocial aos alunos,
ouvir seus problemas que mesmo diferentes afetam as vidas tanto do estudante da
periferia, quanto o de classe média. Problemas com a família, atenção dada pelos
adultos, cobrança excessiva, são recorrentes nas escolas.
Por último algo que me chamou muito a atenção foi a influência cultural nos
estudos, a presença de poesia, música, dança, nas escolas como forma de
complementar os estudos, de aumentar a permanência na escola e valorizar outras
formas de conhecimento além do propriamente acadêmico nas salas de aula.
Mesmo que o filme tenha sido gravado entre 2004 e 2005 ainda é uma
realidade muito comum no Brasil atual e explicita um desafio para a educação do
nosso povo, um desafio que passa não somente da escola, aluno e professor, mas
toda uma questão estrutural da sociedade que diante todos os avanços e
retrocessos das últimas décadas não conseguimos resolver e como aluno de
licenciatura é algo que me faz questionar ser possível uma mudança da maneira
que temos tentado até hoje. Acredito que precisamos de uma mudança estrutural e
radical da sociedade como um todo para que possamos sanar os problemas que
nos persegue a tanto tempo e somente então teremos uma educação realmente
libertadora, universal e de qualidade.

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