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Ditadura, imprensa e abertura política no Ceará: a atuação dos jornais “Correio da

Semana” e “O Povo” e o fim da ditadura civil-militar (1974-1985).

João Batista Teófilo Silva

Mestrando em História Social pela PUC-SP

Seminário: Populismos, Ditaduras, Democracias e Direitos Humanos


Email: jteofilogessinger@hotmail.com
Resumo

A pesquisa de mestrado em questão tem como objetivo problematizar a atuação dos


jornais cearenses “Correio da Semana” e “O Povo” durante o processo de abertura política,
considerando seus posicionamentos em relação ao golpe de 1964, à ditadura e ao processo de
lutas que se desenhou no contexto da abertura política, marcado por uma relação de
concessões por parte da ditadura e de conquista por parte de segmentos sociais mobilizados
em prol do restabelecimento da democracia. Presente na memória sobre o período entre
aqueles setores que atuaram na luta pelo fim da ditadura, é importante entender a imprensa
brasileira no processo não por uma perspectiva homogênea, que venha a colocar no mesmo
balaio os jornais colaboracionistas e os jornais críticos ou mesmo resistentes ao regime.
Entender em quais circunstâncias a imprensa brasileira apoiou a abertura política, nos indica
tal apoio não pressupõe, como pode sugerir, uma postura contrária à ditadura, mas, antes, de
apoio, legitimando a agenda da abertura nos moldes preconizados pela ditadura, que deveria
ser a controladora absoluta do processo. Assim, considerando as posições tomadas pelos
jornais estudados, a partir dos registros contidos em editoriais, colunas de opinião, artigos e
reportagens, constata-se uma atuação em defesa de uma abertura política que não se coloca
como uma bandeira de luta contrária ao regime, mas a favor dele, dentro da perspectiva lenta,
segura e gradual, que põe a abertura como um desfecho do “processo revolucionário”, ao
passo que abstrai a condição de luta pela democracia, forjando uma democracia consentida e
não conquistada, ainda que, constituindo uma postura ambivalente, estes jornais tragam
críticas ao que consideram como sendo um desvio de rota dos princípios da “revolução”,
marcado pelo arbítrio, a tortura, a censura, violação dos direitos humanos etc. sem que isso,
contudo, retire o colaboracionismo com a ditadura e sua abertura.

Palavras-chave: Abertura política; ditadura civil-militar; imprensa; Ceará.

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