Você está na página 1de 8

1

- Conceituar cultura – grande guarda-chuva que define quem somos

Dividir – traçar no quadro as pernas saindo de cultura: (dividir quadro em 3


partes e ir preenchendo)

cultura (alta cultura, elitizada)

cultura popular

cultura de massa

O que seria cultura?

- termo que possui imensa capacidade de abranger tudo na sociedade e serve


também para delimitar o que fica de fora.

- Ponto a destacar: cultura é termo em constante metamorfose. Cultura está


relacionada ao espaço físico e ao tempo histórico (escrever no quadro) –
Portanto é mutante.

- Para além dos conjuntos de símbolos, tradições, adornos, palavras, idiomas,


etc, uma cultura fornece, segundo Morin, “pontos de apoio imaginários” à vida
prática

- O que são esses pontos de apoio: elementos que colaboram na construção


de quem nós somos, de como nos enxergamos. Se proponho uma palavra:
cadeira. Você faz imagem mental. E “homem”, “mulher”, “brasileiro”, “baiano”,
etc?

- O real se projeta no mítico e o mítico se projeta no real.

Desenhar no quadro:

Real ↔ mítico
2

Cultura popular:

Dessa mesma relação real e imaginário, vem uma discussão sobre a cultura
popular.

A cultura popular surge em diálogo ao saber “culto dominante”. Determinados


teóricos constroem a ideia de algo que não mereça o mesmo lugar desse
“saber culto dominante”

Qual o problema? A partir do momento em que o discurso elitizado define


cultura popular como diferente do “saber culto”, a definição do popular passa a
ser feito na perspectiva da elite.

Talvez a origem mais fundamental da cultura popular esteja também na relação


“saber x fazer”.

Engenheiro x pedreiro - músico formado (partituras, arranjos, campos


harmônicos) x músico popular (de ouvido)

Outra perspectiva da cultura popular é dela enquanto “tradição”.

Uma ideia de que seu auge foi no passado. O que acontece? As constantes
modificações pelas quais ela passa não são consideradas.

Cultura de massa

Waldenyr Caldas “a cultura de massa consiste na produção industrial de um


universo muito grande de produtos que abrange setores como a moda, o lazer
no sentido mais amplo incluindo os esportes, o cinema, a imprensa escrita,
falada e televisionada, os espetáculos públicos, a literatura, a música, enfim,
um número muito grande de eventos e produtos que influenciam e
caracterizam o atual estilo de vida do homem contemporâneo no meio urbano-
industrial”
3

- Essa produção em larga escala traz consequencias estéticas e políticas.

Morin: a orientação consumidora destrói a autonomia e a hierarquia estética


próprias da cultura. Na cultura de massa não há descontinuidade entre a arte e
a vida”

Arte existe porque a vida não nos basta. Na cultura de massa, arte e vida não
são fases separadas. É cotidiana.

Dessa mistura arte e vida, um dos fenômenos que surgem é o sincretismo:


mistura de valores dispares para “resgatar” alguma cultura que marque a
cultura de massa;

É a música caipira brasileira adotar no sertanejo referenciais do western norte-


americano. O cantor se veste como cowboy.

A apropriação estética dará propagação aqueles que adotam o “padrão” abrir


busca por imagens “cantor sertanejo”

Esse tipo de adoção vira obrigatória na lógica de mercado capitalista: vender o


produto procurado em busca do maior lucro possível

Outro aspecto do sincretismo é a mistura entre o setor da informação e o do


entretenimento. Cria-se a espetacularização. Notícias que gerem curiosidade,
acidentes bizarros, quebra da normalidade, crimes…. Lógica do notícias
populares.

A cultura de massa é “animada” pelo movimento do real incorporando o


imaginário.

Estudos
4

a cultura de massa foi estudada pela escola de Frankfurt e pela escola


evolucionista-progressista

Por volta de 1947, as primeiras pesquisas da sociedade de massa surgem.


Theodor Adorno é a referência inicial

Adorno usa o termo “Indústria Cultural”. Ele evitava o uso de Cultura de Massa
para não construir confusões com Cultura Popular – conceitos completamente
opostos.

Destacar: Adorno:”Não reconhece na sociedade de massa, a presença de um


núcleo moral, um código de ética que respeite a vontade, os direitos, e a
autonomia do cidadão. O consumidor é transformado num instrumento de lucro
e dependente do capital.”

Escola Evolucionista

“A cultura de massa é, sobretudo, democrática e pluralista. A sociedade pós-


industrial possibilitaria maior ambito de iniciativa, liberdade e desenvolvimento
do homem, através dp surgimento da industrialização e da tecnologia”

- O entendimento da escola evolucionista é que a produção cultural seria cada


vez mais autonoma fazendo uso dos aparatos tecnológicos.

Sociologo estadunidense Daniel Bell, o sistema capitalista de consumo inserido


na sociedade contemporânea não acabaria por criar uma cultura de massa
homogênea tanto em conteúdo como ideologia, mas com diversas vozes
expressando de forma livre haveria um acesso democrático da produção e
seus meios de divulgação.

Das escolas de pensamento não existe uma “correta”.


5

- Massificação de conteúdos e preparação para consumo em larga escala é


inegável.

- Perda de qualidade, diminuição dos valores estéticos

- Exercício da democratização, em certa medida, também existe.

Morin propõe como método de estudo dessa realidade o “não-isolamento”. O


pesquisador deve vivenciar o que está disposto a estudar, seja acompanhando
noticiario, televisão, novelas. Acompanhar de perto, criticamente, a cultura de
massa para tomar conhec imento de seu movimento.

Morin: a cultura de massa é a primeira a ser plenamente estética.

Industria cultural

Adorno defende que a ideia de Indústria Cultural causa danos tanto a cultura
“erudita” quanto à popular.

A popular na medida em que o público é convertido em consumidor e a


manifestação convertida em produto. Padronizam-se horários e espaços de
apresentação. “Engessam” a naturalidade

A arte erudita sai prejudicada diante da perspectiva do kitsch. Uma obra


“adaptada” ao consumo popular passa a ser kitsch. Fur Elise, de Beethoven, ao
ser executada pelo caminhão de gás. Para isso ela foi editada sumariamente.
O prejuízo é colossal, pois foi feito de forma arbitrária, sem o consentimento do
autor.

Uma foto, uma reprodução em excelente qualidade de Monalisa ou da Última


Ceia, nunca terá as pinceladas, as cores exatas, são perdidas em nome da
reprodutibilidade técnica.
6

Perda da “aura”. Uma orquestra apreciada ao vivo não terá o mesmo impacto
de uma gravação vista posteriormente.

Hic et nunc

A técnica utilizada na industria cultural será aplicada na obra terminada,


influenciará nela seu consumo, sua distribuição sem respeitar a lei formal de
autonomia estética, Essas adequações atingem o núcleo estético do obra e a
descaracterizam.


Outra característica da indústria cultural: padronização

O que leva a isso? Concentração técnico-burocrática dos meios de produção e
comunicação

O conteúdo que será exibido, vendido, impresso, passa por diversos filtros que
organizam a informação.

Essa manipulação passa basicamente por:
- linha de pensamento
- relação propaganda x investidores
- proposta do Estado

Estado faz convênio com um grande laboratório para vacinação. A cobertura
jornalística mostrará os atendimentos, a criança vencendo a agulha, etc.

Se o patrocinador vende refrigerante, matérias que citem malefícios dessa bebida
serão evitadas...

Como MOrin diz (p. 25): o que é produzido experimenta a “tendência a
despersonalização da criação, à predominância da organização racional de produção
(técnica, comercial, politica) sobre a invenção”

Marilena Chauí (Livro O que é ideologia)define ideologia:
Ïdeologia consiste precisamente na transformação das ideias da classe dominante, em
ideias dominantes para a sociedade como um todo, de modo que a classe que domina
no plano material (econômico, social,politico), também domina no plano espiritual
(das ideias)

Essa é a ideologia propagada pela indústria cultural. Gabriel Cohn diz que ideologia
remete ao conjunto de elementos da mensagem que diz respeito aos seus significados
conotativos.

7

Uma minoria: chefes de empresa, editores, redatores, membros de uma determinada


classe intelectual, que apura as ideias, valores e costumes a serem consumidos pela
maioria: a classe trabalhadora.

Dentre os valores mais propagados pela indústria cultural um dos mais fortes é o
individualismo

Tudo que é vendido é para seu bem imediato, para consumo imediato. A proposta é
sempre de satisfação.

Satisfaction (Rolling Stones)

Outro valor habitualmente vendido: juventude

A sociedade deve ser sempre jovem, sempre atualizada

Você não se torna maduro, você se torna obsoleto, ultrapassado

Por fim, o ultimo produto vendido é o amor.

Filmes, musicas, novelas, romances... a musica sertaneja saiu da descriçao da rotina do
campo para os relatos de amor.


Essa tríade: amor + juventude + individualismo colabora para a indústria cultural
configurar o mito.
Barthes define mito como sistema de comunicação. Uma mensagem

Mito é um processo de significação.

Morin, no capitulo 10, fala sobre os Olimpianos.

Pessoas publicas que a indústria cultura alça a condição de personagem. A vida pessoal
se torna espaço de historias fantásticas, narrativas espetacularizadas, as vidas se
convertem em histórias mitológicas para manutençnao das atenções e propagação da
venda dos produtos/discursos atrelados.

Jose Loreto/Debora Nascimento
Bolsonaro/discurso/vídeo porta dos fundos

Os jornais/imprensa reforçam esse lado “mítico”das historias pessoais facilitando a
propagação/venda dos discursos

Por fim, a indústria cultural se apropria de movimentações populares e a ressignifica
transformando em produto. A preocupação de “melhorar o nível técnico”leva a uma
apropriação que distorce o foco original: funk, paixão de cristo.

8


A indústria cultural vive, portanto, de um processo de apropriação.

Apropriação de valores (juventude, amor, individualismo)
E
De temáticas. (folclores, etc)

Todo bem cultural produzido passa a ser um bem material com a finalidade de
consumo, venda, alimentação de mercado

Você também pode gostar