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● Objetivos da aula
● Ambiente/centro cirúrgico
*Área de transferência: fica no limiar com a zona limpa, onde os pacientes são transferidos das
macas usadas nas enfermarias do hospital para macas do centro cirúrgico (reduzir
contaminação).
-A circulação é restrita ao centro cirúrgico (em geral), pois as pessoas são as principais fontes
exógenas de bactérias. A entrada é feita sempre pelo vestiário.
-O vestuário é uma indumentária própria (gorro, máscara, camisa, calça, propés, avental e
protetor ocular). Essa indumentária não é estéril, mas é feita uma lavagem especial com água
quente. A roupa foi feita para evitar contaminação do centro cirúrgico, a troca de vestuário
ocorre no vestuário e é formada por calça e camisa ou camiseta.
-As camisas são de tecido de malha densa, possuem mangas curtas quase na altura do ombro
para facilitar a antissepsia do braço e é usada por dentro da calça.
-As calças também são de malha densa, fechadas nos tornozelos por meio de um tubo de
malha. Desta forma, há uma menor disseminação de bactérias a partir do pessoal.
-Os propés são usados por cima do calçado em uso. Seu uso não é obrigatório, mas eles
impedem que partículas das solas dos sapatos contaminem o centro cirúrgico.
-A touca (mulheres) ou gorro (homens) deve cobrir todo o cabelo. Deve-se evitar o uso de
adornos, pois há impossibilidade de realização da assepsia dos mesmos. OBS: o paciente
também não deve estar com adornos.
-A máscara evita a projeção de gotículas de saliva ou de muco expelidas com a respiração
forçada, fala, espirro ou tosse durante o ato cirúrgico. Em cirurgias longas, faz-se a troca da
máscara, visto que sua eficácia diminui com o tempo de uso. Quanto mais próxima à face,
melhor é a filtração do ar expirado. É importante evitar a comunicação exagerada.
● Paramentação
● Administração (posto)
● Corredores
-São pias com torneiras destinadas à degermação cirúrgica das mãos e dos antebraços dos
profissionais que participarão do ato cirúrgico.
-Há torneiras com diferentes mecanismos de acionamento: sensores, ação mecânica (fechar
com o cotovelo), pedais de acionamento, etc.
-Escovas de degermação.
-Podem constar: dispensadores de sabão líquido e de solução antisséptica.
● Outras instalações
● Sala de operação
-Os objetivos são eliminar as sombras e reflexos, reduzir o calor com o uso de lâmpadas ideais
e filtros atérmicos e fornecer a intensidade adequada para o trabalho da equipe cirúrgica.
-Os focos cirúrgicos devem ser aerodinamicamente desenhados, podendo ser movimentados
tanto na horizontal quanto na vertical. A cor e tonalidade da luz devem ser moduladas de forma
com que os tecidos corporais pareçam o máximo possível com seu estado natural. O foco
cirúrgico auxiliar deve estar disponível.
-OBS: salas cirúrgicas não podem ter luz externa para não atrapalhar o foco.
● Tubulações
-Os equipamentos elétricos da sala de operação devem ter aterramento elétrico adequado.
-Risco de choque elétrico: dissipar a eletricidade estática.
-Critérios ideais - Tomadas devem estar a 1,5m do chão e conectadas aos aparelhos de forma
firme (possivelmente com uma trava) para evitar com que eles sejam desconectados
acidentalmente. Devem estar disponíveis várias tomadas com linhas elétricas diferentes; deve
haver um sistema de eletricidade de emergência, permitindo com que geradores supram a sala
de operação quando da falta de energia do sistema.
-Foram criadas no final da década de 90 nos EUA, objetivando maior conforto e segurança,
rapidez e otimização do número de operações.
-Conexão funcional integrada de diversas tecnologias no ambiente cirúrgico, como de recursos
audiovisuais, sistemas de arquivamento, dispositivos contendo todos os dados do paciente,
focos cirúrgicos, condições de ambiência (iluminação, ventilação, temperatura, umidade) e os
equipamentos cirúrgicos.
-Permitem aos usuários utilizar e controlar os recursos de forma mais rápida, simples e fácil.
-Pode-se manipular a tecnologia da sala a partir de um único local e sob comando de um
operador.
-Características:
*Braços pneumáticos oriundos do teto contêm cabos e fios (não permanecem situados no
chão, evitando desconexões acidentais). Braços pneumáticos também carreiam câmeras e
monitores.
*O circulante de sala permanece em uma área de controle central de todos os equipamentos,
tendo a sua disponibilidade um painel touch screen para realizar as solicitações do cirurgião.
Em alguns sistemas integrados a tecnologia touch screen permanece ao alcance do cirurgião.
Ainda, é possível que o cirurgião controle tudo por comando de voz.
*Sistema interligado - Conexão da sala cirúrgica com outros setores do hospital, como a
radiologia e os laboratórios, através de um sistema de informação hospitalar como: prontuário
eletrônico pode ser enviado para a sala de cirurgia, acessado e direcionado aos monitores,
dados de imagens e resultados de exames podem ser apresentados nos monitores e no caso
de uma biópsia, a imagem da lâmina pode ser enviada do laboratório para a sala cirúrgica,
sendo possível a interlocução entre a equipe e o patologista.
*Pode incorporar a telemedicina - A sala de cirurgia pode ser conectada com salas de
conferências ou de aulas em qualquer lugar do mundo, possibilitando ao cirurgião consultar
alguém ou ensinar à distância.
-Vantagens:
*Câmeras e monitores que fornecem imagens de alta qualidade e dados do paciente e
procedimento.
*Limpeza da sala pode ser feita de forma mais rápida e fácil, sem ter que conectar e
desconectar dispositivos entre os procedimentos.
*Aumenta a segurança, eficiência das cirurgias e produtividade; logo, maior número de
procedimentos pode ser realizado.
*Benefício mútuo - O hospital atrai mais cirurgiões e a equipe cirúrgica tem disponível as
ferramentas mais avançadas. Grande benefício para o paciente.
● Equipe cirúrgica
● Cirurgia ou operação
-Quanto à finalidade
*Diagnóstica - Coleta de material para estudo anatomopatológico ou avaliação do quadro da
doença. Não há a intenção da retirada de nada.
*Ablativa - Intenção de retirada de um órgão, parte de um órgão, cálculo renal.
*Paliativa - Correção de obstrução intestinal por neoplasia maligna já com metástase. Não há o
intuito de sanar a doença e retirar o tumor completamente, apenas sanar a obstrução intestinal
para melhorar a qualidade de vida e aumentar o tempo de vida.
*Restauradora - Correção de lábio leporino, outras doenças congênitas.
*Transplante
*Cosmética/estética
-Quanto à urgência
-Quanto ao porte
Classificada por aspectos ligados a duração e a possibilidade de perda de fluidos ou sangue.
Não é uma relação única e direta. Existem cirurgias de curta duração com grande perda ou
cirurgias de longa duração com pouca perda. Mas geralmente cirurgias de curta duração terão
pouca perda e cirurgias de longa duração terão grande perda. Geralmente cirurgias eletivas
são de pequeno porte.
*Pequeno porte - Menos de 1h ou pequena perda.
*Médio porte - 1 a 2h ou média perda.
*Grande porte - Mais de 2h ou grande perda.
-Quanto ao risco
Relacionado a fisiologia do organismo. Relacionado à repercussão hemodinâmica ou dinâmica
no paciente. Existem muitas opções. Podemos fazer uma cirurgia abdominal por laparotomia
ou por videolaparoscopia ou por punção com monitorização.
*Procedimento minimamente invasivo
*Procedimento moderadamente invasivo
*Procedimento altamente invasivo
● Posições operatórias
● Campos
-Só deixamos exposta a área ou as áreas em que iremos operar. Todas as demais partes do
corpo estão cobertas, minimizando a contaminação da região exposta.
-Tecido grosso de origem vegetal ou sintética
-Estéril
-Retangular ou quadro de dimensões variáveis
-Campos oculares: cirurgias de região operatória muito pequena
● Objetivos da aula
● Nomenclaturas importantes
-A falibilidade é parte da condição humana. Não se pode alterar a condição humana, mas é
possível mudar as condições em que as pessoas trabalham. Não podemos minimizar a
possibilidade de nós, médicos, cometermos algum erro e não podemos cometer erros. Para
evitar os erros, precisamos ter conhecimento das coisas que podem possivelmente darem
errado. Conhecer os riscos, minimiza a nossa chance de falhar. Precisamos ter conhecimento e
atenção durante toda a nossa vida profissional. A nossa condição de trabalho pode nos induzir
a erros.
● Conceitos
*Generalidades:
-Complicação: algo (qualquer coisa) que agrava algum estado normal de evolução do indivíduo.
Exemplo: operou e pegou infecção, operou e aspirou.
-Acidente: ação que involuntariamente resulta em danos. Exemplo: paciente com neoplasia
maligna que se estende para um vaso sanguíneo e no momento da retirada do câncer há uma
hemorragia. É uma ação involuntária, sem o intuito de lesar. O conhecimento de situações
como essa diminui a ocorrência de acidentes. Precisamos conhecer a nossa área de atuação
profundamente e todos os riscos associados.
-Sequela: alteração anatômica ou funcional permanente. Exemplo: paciente com extenso
câncer de laringe ao retirar a laringe em uma laringectomia perde a capacidade de fala normal,
paciente após um acidente automobilístico precisa amputar as duas pernas e perda a
capacidade de andar.
-Iatrogenia: estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas pelo tratamento
médico.
-Mutilação: ablação, extirpar. Exemplo: paciente perde o órgão, paciente perde os
membros inferiores.
-Óbito.
-O risco é a distância entre o resultado esperado e o resultado obtido (real). Esses resultados
podem ser diferentes. O que me cabe como profissional médico é não cometer erros entre a
minha expectativa de resultado e o que realmente ocorrerá.
-Retornar vivo.
-Retornar sem sequelas.
-Ser submetido ao procedimento correto e na área correta.
-Duração rápida dos procedimentos realizados - Isso possui repercussões físicas.
-Satisfazer necessidades básicas (higiene, alimentação, etc).
-Ser tratado com respeito e cordialidade.
-Não esperar em filas.
-Não perder pertencer pessoais.
-Comer uma boa comida.
-Ter algum tipo de lazer e distração (leitura, televisão, área verde), etc.
-Em 2004, a 57a Assembléia Mundial da Saúde aprovou a criação de uma aliança internacional
para melhorar a segurança do paciente, globalmente lançada em outubro de 2004.
-O objetivo da aliança é favorecer as normas e práticas de segurança do paciente.
-As ações são organizadas sob a forma de campanhas de segurança denominadas “Desafios
Globais para a Segurança do Paciente”.
-Em 2007/2008, a área escolhida foi a segurança da assistência cirúrgica.
-Não podemos evitar esses riscos, mas podemos ser minimizá-los. Podemos evitar em partes
que esses riscos realmente ocorram. O risco está atrelado à cirurgia. Temos que prever esses
riscos.
-A ciência médica pode ser muito inesperada, pois não temos conhecimento de tudo e não
podemos prever tudo.
-O risco depende do local onde a lesão está, mesmo que a lesão possua o mesmo tamanho. A
realização de uma cirurgia em uma região caracterizada como nobre, aumenta muito mais os
riscos. O cirurgião deve conhecer profundamente a anatomia para evitar danos.
1) Doença cirúrgica
2) Agressão cirúrgica - Podemos ponderar/avaliar/medir qual será a eventual resposta do
paciente frente ao ato cirúrgico.
3) Tipo e porte da operação
4) Tipo de anestesia - Local ou geral, por exemplo.
5) Afecção clínica
6) Doença que contra-indica operação - Doenças prévias importantes
7) Idade
8) Infecção cirúrgica.
9) Tempo entre início da doença e a operação (tratamento) - Existem muitas filas de espera
para a operação. O tempo de espera do paciente da fila gera uma progressão da doença e isso
aumenta os riscos.
10) Outros: nutrição (estado nutricional do paciente), imobilidade (o decúbito prejudica o
pós-operatório. o paciente possui condição de se movimentar após a cirurgia?), recursos do
hospital, experiência do médico, etc.
-Exemplo: 1 ampola de Dipirona no paciente no leito 56, de 2ml diluída em 10ml de agua, IV,
lento, de 6/6hr. O que pode dar errado? Existem mais de 25 possibilidades de riscos. Riscos:
não fazer o medicamento certo, não fazer na via certa, não diluir em água, leito errado, não
fazer no tempo correto, paciente ser alérgico, quantidade errada, esquecimento de realizar a
medicação, medicamento contaminado, não tem materiais adequados, erro de técnica, recusa
do paciente, sumiço da medicação, medicamento vencido, medicamento mal acondicionado,
medicamento sem identificação, etc.
-Devemos ter noção da responsabilidade integral que temos ao tratar os nossos pacientes
cirúrgicos e clínicos. Temos que ter em mente todas as possibilidade de acertos (opções de
tratamento) e principalmente todas as situações que podem prejudicar a boa evolução do
nosso paciente. Entre as possibilidades de acertos e de erros, há os riscos que devem ser
gerenciados por nós. Os médicos estão o tempo todo durante a sua profissão gerenciando
riscos.
-Riscos não clínicos - São aqueles advindos de procedimentos e práticas das atividades de
manutenção da estrutura física e dos processos e suportes assistenciais. Exemplos: ter
manutenção elétrica como um gerador nos locais essenciais do hospital, como UTI,
emergência, bloco cirúrgico, imagem, etc para que a cirurgia ou a assistência continue mesmo
que a energia elétrica acabe ou ter desfibrilador. Quem cuida disso é o diretor administrativo.
-Riscos clínicos - São aqueles associados à ação direta ou indireta dos profissionais da área da
saúde, que determinam danos à saúde física ou psicológica dos pacientes. Exemplo: gerenciar
um ato operatório propriamente dito. Quem cuida disso é o diretor clínico e técnico. Envolve
diretamente o nosso exercício com médico.
-Para poder gerir adequadamente os riscos, é necessário conhecer os riscos, ou seja , o que
pode dar errado.
-O médico deve assegurar os direitos e o bem-estar do paciente de acordo com a ética médica
e as necessidades do mesmo. O médico é responsável por TUDO que acontece com o
paciente.
-Atendimento adequado
-Atendimento integralizado - O médico trabalha em equipe com diversos outros profissionais de
saúde para alcançar o melhor tratamento para o paciente. Trabalha com médicos de outras
especialidades, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, fisoterapeutas, etc.
-Acompanhamento diário - Os prontuários eletrônicos auxiliam muito nessa tarefa.
-Atenção às possíveis complicações - Todo paciente em pós operatório possui risco de
sangramento. O paciente deve ser observado, atendido e tratado a tempo.
-Fornecer informações a família e ao paciente - É uma obrigação do médico oferecer o Termo
de Consentimento Informado para o paciente assinar, ainda mais em procedimentos com riscos
altos/evidentes.
-No caso de paciente terminal (com uma condição clínica irreversível), deve ser feito o
tratamento paliativo. O hospital deve ter condições e estrutura para oferecer um tratamento
paliativo.
-Alta hospitalar - A responsabilidade é do médico assistente. Não pode ser precoce ou tardia,
pois ambas causam riscos ao paciente.
-Transferências - A responsabilidade é do médico que envia o paciente para outro local. Ele
deve estabelecer adequadamente as condições de transporte e do hospital que irá receber o
paciente.
● Riscos assistenciais
-Então, em que o profissional deve estar atento e como de proceder?
1) Há preocupação com a assistência?
2) Quais atitudes o hospital tem para efetivamente diminuir os riscos assistenciais? - O hospital
deve ter gestão de qualidade e a principal delas é da Organização Nacional de Acreditação
(ONA). Esse tipo de diagnóstico e certificação é muito importante.
3) O hospital também se preocupa com os profissionais que ali trabalham?
● Tipos de riscos
● Falhas
-Tipos de falhas
*Falhas ativas - São cometidas por profissionais da ponta (equipe médica e enfermagem).
Cometida por profissionais que podem causar consequências adversas imediata. Exemplo:
executar a cirurgia no paciente errado ou a cirurgia no local errado.
*Falhas latentes - São cometidas por profissionais de base (equipe farmacológica, limpeza do
hospital, manutenção do hospital etc).
● Protocolo universal
-Ferramentas para prevenir incidentes em cirurgias/procedimentos invasivos.
-3 situações catastróficas: local errado, procedimento errado e paciente errado.
-Empregado em centros cirúrgicos e de diagnósticos e em aplicações terapêuticas invasivas.
● Riscos cirúrgicos
-Verificar
*Identificação correta do paciente
*Lado e local corretos
*Concordância com o procedimento a ser realizado
*Posição correta do paciente
*Disponibilidade de implantes corretos e qualquer equipamento ou exigência especiais, etc
*Placa de bisturi posicionada corretamente?
*Posicionamento correto e com proteções?
*Antibiótico profilático nos últimos 60 minutos corretamente?
*Todos os profissionais da equipe confirmam seus nomes e profissões?
*Checagem da esterilização (instrumentais e implantes) com todos os integradores
disponíveis?
-Checagem pós-operatório
*Contagem de compressas
*Contagem de gases
*Contagem de agulhas
*Contagem de instrumentais
*Congelação (biópsia intra-operatória)
*Identificação da peça cirúrgica para anatomia
● Prontuário eletrônico
-Importância
*Permite o acesso remoto e simultâneo às informações por vários profissionais.
*Suporte para administração de serviços de saúde, como gerência de custos.
*Reúne informações necessárias para garantir a continuidade dos tratamentos.
● Erro médico
-Conceitos
*Imperícia - Falta de experiência ou conhecimentos práticos necessários ou exercício de sua
profissão. Inabilidade. Ação sem ter conhecimento adequado. Fazer o que não sabe. A
prevenção é só fazer o que temos conhecimento e experiência, praticando a especialidade que
escolhemos. Exemplo: fazer um procedimento que não sabe.
*Imprudência - Ato de agir perigosamente com falta de moderação ou precaução. Temeridade.
Sabe do risco, mas acredita que nada acontecerá. Ação sem ter cautela/cuidado. Feita de
maneira precipitada. Fazer o que não deve. Exemplo: operação excessivamente rápida,
operação sem os exames pré-operatório, operação sem preparo adequado, etc.
*Negligência - Falta de atenção ou cuidado. Inobservância de deveres e obrigações. Descuido.
Deixar de fazer algo que se espera. Não fazer o que deve ser feito. Omissão. Exemplo: não
passar visita ao paciente.
● Objetivos da aula
● Conveniência operatória
-É a análise das vantagens de se operar frente aos risco deste procedimento, e em função
disso, decidir qual a melhor operação e qual o melhor momento.
-É um conceito muito subjetivo, mas os diversos exames pré-operatórios estão fundamentados
na conveniência operatória, a fim de avaliar os riscos e as vantagens de uma operação.
-Tudo é vantagem frente ao risco. O médico cirurgião deve avaliar as vantagens/indicações
frente aos riscos para decidir a melhor operação. Tem que haver mais benefícios do que riscos
em qualquer operação.
-Estimativa complexa - Aspectos técnicos e morais (éticos). Possui como base certa doença,
certo paciente, certos exames pré-operatórios. O indivíduo é avaliado integralmente. Aspectos
técnicos: cirurgias de grande, médio ou pequeno porte, etc.
-Grande progresso científico - Existem muitos procedimentos atualmente que são minimamente
invasivos, mas eles não deixam de causar lesão/estresse no paciente.
-Aspectos ligados à assistência - Os recursos oferecidos pelos hospitais são muito importantes.
-Pirâmide médico administrativa - Cuidados paralelos feitos pela assistência e pela equipe que
o hospital de grande porte e de alta qualificação pode oferecer.
-A conveniência operatória trata-se de um processo mental com bases técnicas, pois o médico
deve decidir a partir das indicações e dos riscos se vale a pena a operação. Operar é um
procedimento técnico, mas a decisão de operar é algo mais complexo.
● Indicação operatória
É dependente de:
1) Recursos terapêuticos e de sua participação na evolução do paciente - Dispor de recursos
para oferecer assistência pós-operatória ao paciente.
2) Grau de incapacidade atual do paciente - A retirada da doença irá trazer benefícios para a=o
paciente e a permanência da doença irá gerar a piora do paciente.
3) Morbidade e mortalidade prognósticas - Todo paciente possui isso. O médico conhece
anteriormente os índices estatísticos de morbidade e mortalidade dos procedimentos cirúrgicos.
4) Limitações profissionais, sociais e emocionais da equipe e do ambiente - A equipe cirúrgica
foi treinada e está preparada para realizar o procedimento.
5) Comportamento da doença e a resposta usual à terapêutica.
● Pré-operatório
-Definição: são todas as medidas tomadas antes do ato cirúrgico, para preparar o paciente para
a cirurgia. É o momento em que o médico tem para fazer o melhor para que seu paciente saia
bem da cirurgia.
● Monitorização e avaliação
-Nutrição e hidratação
-Sistema urinário
-Sistema respiratório
-Sistema circulatório
-Efeito psicológico - O paciente precisa estar preparado e motivado para a operação.
-Doenças associadas - Todas as doenças associadas devem estar equilibradas e controladas.
-Uso de drogas
-Sistema imunológico
-Idade - Quanto mais velho o paciente (mesmo que íntegro fisicamente), maiores são os riscos.
● Avaliação
● Sistema imune/hematológico
-Histórias de alergias
-Infecções - Profilaxia com antibióticos para evitar infecções. A cirurgia pode ser: limpa,
potencialmente contaminada, contaminada ou infectada. A profilaxia cirúrgica é feita nas
cirurgias potencialmente contaminadas. O antibiótico é feito em uma dose apenas (na maioria
das vezes) durante a indução anestésica ou até 48h no pós-operatório. Na maioria absoluta
das cirurgias limpas não é feita a profilaxia, mas deve ser feita quando são em: cirurgias com
órteses, cirurgias com próteses, cirurgias extensas, cirurgias cardíacas e neurocirurgias. Nas
cirurgias contaminadas ou infectadas não é feito antibioticoprofilaxia, mas antibioticoterapia, ou
seja, vários dias (mais de 7 dias) de uso de antibiótico para tratar uma infecção que já existia
-Checar alterações de coagulação
-Profilaxia de TVP - Deambulação (caminhada) precoce.
-Gravidez - Pesquisar gravidez em mulheres em idade fértil.
-Buscar problemas hepáticos - Pacientes alcoólotras, hepatopatas, etc precisam de exames
pré-operatórios específicos.
● Nutrição
-Indicações para avaliação: desnutridos, emagrecidos, doenças consumptivas ou situações
com perdas de conteúdo (como fístulas, diarréia, vômito, etc).
-Objetivo da avaliação: quantificar as reservas corpóreas.
*Pessoa que perde mais de 5% em 30 dias - Importante do ponto de vista cirúrgico.
*Albumina < 3,5g/gl
*Queda de linfócitos (linfopenia)
*Queda transferrina (N > 250mg%)
*IMC - Importante do ponto de vista abaixo ou acima.
*Prega cutânea triciptal - Utilizar o parâmetro de pregas para avaliar a quantidade de massa
magra e de gordura
-NPP (nutrição parenteral prolongada) prévia por 15 dias? - O médico deve avaliar se irá fazer
nutrição parenteral ou oral prévia por 15 dias no paciente com perda de reserva corpórea ou
não (irá operar desta maneira).
● Sistema cardiovascular
● Sistema respiratório
-Avaliação da capacidade respiratória (com, por exemplo, RX de tórax) - Feito nos pacientes
tabagistas e pacientes com DPOC.
-Tabagismo - Coleta da história do tabagismo.
-Fisioterapia - Avaliar se há a necessidade de fisioterapia pré-operatória.
-Incisão cirúrgica - Incisões cirúrgicas no tórax geram maior repercussão no sistema
respiratório do que em outro local. A tomografia do tórax é obrigatória em pacientes cuja
intervenção será no nível do tórax.
-Obesidade - Avaliar se o paciente é obeso
-Doenças específicas (mais frequentes) - Tratar as principais doenças pulmonares prévias.
*DPOC
● Sistema urinário
-Avaliar a função renal - Em pacientes com problemas urinários conhecidos, como pacientes
que fazem diálise. Em pacientes “saudáveis”, é necessário fazer uma uma análise da função
urinária em cirurgias urinárias ou ginecológicas/urológicas. Em pacientes “saudáveis” em outros
tipos de cirurgia, se necessário fazer os outros exames, mas a creatinina é o exame
fundamental.
-Volume urinário
-Sonda X micção espontânea.
-Insuficiência renal
-Exames:
*EAS
*Ureia e creatinina.
● Sistema endócrino
● Sistema digestivo
-Dieta - Analisar qual dieta o paciente tem e qual será a sua dieta no momento pré-operatório.
-Alteração intestinal
-Proteção da mucosa gástrica
-Ostomia
-Lavagem intestinal - Preparo realizado somente para as cirurgias no intestino grosso.
● Risco anestésico
-As cirurgias eletivas só são realizadas em pacientes ASAI e ASAII. O paciente é classificado
antes do procedimento.
-Classificação de Mallampati - Classifica a facilidade de visualização da orofaringe. Importância,
pois demonstra a facilidade ou não de intubar o paciente. Quanto maior o grau, mais difícil é a
intubação. Conhecer a classificação não impede que haja dificuldade no momento da
intubação, mas deixa o cirurgião e o anestesista mais preparados.
*Classe I - Quando o palato mole, as tonsilas palatinas, a úvula e os pilares anterior e posterior
da orofaringe são visíveis.
*Classe II - Quando todas as estruturas da classe I são visíveis, exceto os pilares da orofaringe.
*Classe III - Quando apenas a base da úvula é visível.
*Classe IV - Quando a úvula não pode ser vista e apenas o palato duro é visível.
● Pré-operatório de urgência
-Um paciente que sofreu um trauma grave, por exemplo, e precisa de procedimento cirúrgico
de urgência é encaminhado diretamente para o bloco cirúrgico. No bloco cirúrgico é feito no
paciente acesso venoso, monitorização cardiológico e coleta de amostra sanguínea de forma
rápida para o cirurgião poder atuar.
-Hemograma completo
-Testes de coagulação
-Dosagem de creatinina
-Glicemia
-Dosagem de TSH (T4 livre em certas eventualidades)
-Em mulheres férteis: Beta-HCG
-Exames específicos
● Pós operatório
-Um paciente hospitalizado após ter realizado um procedimento operatório, irá passar por
fases/períodos de alterações fisiológicas (normais) em um paciente no pós-operatório. Essas
alterações dependem da intensidade do trauma operatório. Por exemplo, um procedimento em
uma lesão de pele com anestesia local gera alterações e repercussões corporais menos
intensas do que um transplante de coração e pulmão.
-OBS - Dreno - Material em contato com o interior da ferida para extravasar secreções
(serosidade, sangue, etc) para fora do corpo do paciente.
-O pós operatório começa assim que o procedimento operatório finaliza.
-Ao término da operação, o paciente deve ser transportado para algum setor específico e
recebido neste setor. O setores são: sala de recuperação anestésica (ainda no centro
cirúrgico), unidade de internação (enfermaria ou apartamento), setor de imagem (para fazer
exames), UTI ou alta.
● Estresse
-Principal aspecto - A cirurgia gera estresse, o que altera a homeostase do organismo e
desencadeia uma resposta neuroendócrina e metabólica ao estresse. Mesmo procedimento
eletivos são fatores de estresse. As alterações endócrinas (com repercussão metabólica)
ocorrem após o estresse cirúrgico (ou usual) com o intuito de facilitar a volta do nosso
organismo para a sua homeostase anterior.
-Resposta ao estresse é a designação para o conjunto de alterações hormonais e metabólicas
que decorrem após qualquer situação de trauma.
-A agressão cirúrgica desencadeia uma reação neuroendócrina e metabólica semelhante à
encontrada em qualquer situação de estresse ou trauma a que o organismo seja submetido. No
ponto de vista fisiológico, a cirurgia desencadeia uma alteração hormonal.
-A resposta ao estresse tem como finalidade manter e/ou restaurar a homeostasia interna,
como:
1) A estabilidade hemodinâmica - Manter ou restaurar pressão arterial, pulso e respiração
normais.
2) A preservação do aporte de oxigênio.
3) A mobilização de substratos calóricos (glicose) - Manter ou restaurar o aporte de energia.
4) A diminuição da dor e a manutenção da temperatura.
-A resposta ao estresse não é única e nem constante e dependerá de diversos fatores, como:
1) Características do ato cirúrgico - Um procedimento de pequeno porte e minimamente
invasivo gera uma resposta diferente de um procedimento de grande porte e altamente
invasivo.
2) Extensão do traumatismo tecidual - Retirar uma lesão da pele gera uma resposta diferente
de fazer um transplante de órgão.
3) Técnica anestésica/analgésica - Uma anestesia local que dura pouco tempo gera uma
resposta diferente de uma anestesia geral que dura maior tempo.
4) Susceptibilidade própria do doente - As pessoas possuem uma individualidade e respondem
de formas diferentes a uma cirurgia idêntica, mesmo que a resposta tenha um certo padrão
fisiológico.
4) Condição pré-operatória - O paciente pode possuir condições pré-existentes de saúde que
gera uma resposta diferente em uma condição de estresse.
-A principal forma pela qual o sistema imune inato lida com infecções e lesões teciduais é
através da indução da inflamação aguda, que é o acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas
e fluidos derivados do sangue em um sítio de infecção ou lesão no tecido extravascular. O
processo inflamatório é um processo fisiológico de reparação do tecido lesado desencadeado
pelo trauma cirúrgico.
● Períodos do pós-operatório
1a - Precoce - Primeiras 6h. São muito importantes (não mais importantes), pois as principais
complicações do pós-operatório imediato são apresentadas através de alterações nessas
primeiras 6h.
1) Sistema neurológico
-Observar: nível de consciência, pupilas e padrão de motricidade/mobilidade dos membros.
-Causas de alteração: anestesia, alteração de volemia, hipóxia e alteração de temperatura.
Esses fatores são controlados pelo anestesista, o que demonstra a importância desse
especialista.
2) Sistema respiratório
-Observar: ventilação, frequência respiratória, amplitude e ruídos. Principalmente em pacientes
que realizaram cirurgias no tórax.
-Causas de alteração: doença pulmonar anterior, efeitos depressivos dos anestésicos,
broncoaspiração, imobilização prolongada, tubo endotraqueal e aumento da secreção
brônquica. Devemos sempre fazer a mobilização mais precoce possível.
3) Sistema cardiovascular
-Observar: sinais vitais, coloração de pele e mucosas, temperatura, umidade da pele e
perfusão.
-Causas de alteração: hipovolemia, hipoxemia e distúrbio hidroeletrolítico. São fatores
controlados no pós operatório através de exames e de reposição.
4) Sistema renal
-Observar: diurese.
-Causas de alteração: retenção hídrica por aumento do ADH.
-Problema: alteração da volemia.
-O médico deve ter atenção ao que é administrado para o paciente e ao que é eliminado pelo
paciente. O débito urinário do paciente deve ser de 50 mL/h e a hidratação adequada deve ser
de 30-50 mL/kg/dia. O equilíbrio do paciente ocorre quando o ganho e a perda de líquido são
os mesmos.
5) Suporte nutricional
-Observar: sonda nasogástrica (SNG), sonda nasoentérica (SNE) e dieta.
-A dieta oral no paciente em pós-operatório é a mais simples, desejada e ideal, no entanto,
muitos procedimentos, complicações e doenças associadas impedem essa forma de
alimentação.
6) Eliminações
-Observar: náuseas, vômitos, diarréia, fístulas (eliminação de secreções do organismo para o
exterior) e sudorese.
-Todas as eliminações devem ser repostas. A reposição adequada pode ser observada em
tabelas específicas.
7) Acessos venosos
9) Ferida cirúrgica
-O aspecto da ferida cirúrgica deve ser observado obrigatoriamente.
10) Posicionamento
1) Cuidados gerais
-Dieta - Oral (“normal”), parenteral (introduzida no sistema venoso profundo) ou enteral
(introduzida no sistema digestório).
-Balanço hidroeletrolítico - Atenção ao volume de líquidos e à concentração de eletrólitos.
-Medicamentos - Medicamentos para dor, febre e vômitos e antibióticos.
-Mobilização - Dar a devida importância.
-Exame clínico - Temperatura, FC, FR e PA.
-Exame do local operado - É obrigatório.
● Alta médica
1) Alta hospitalar - Quando o paciente é autorizado a sair do hospital, é uma alta somente do
ambiente hospitalar. O paciente mesmo depois da alta hospitalar continua sob cuidados em
casa ou em ambulatórios, pois a doença que o paciente possui deve continuar sendo
controlada por meses ou até por anos.
2) Alta definitiva - Quando o paciente não precisa mais ser acompanhado. Exemplo: um
paciente transplantado nunca receberá alta médica definitiva, pois sua condição deve ser
acompanhada pelo médico durante toda a sua vida.
3) Alta a pedido - O paciente por diversos motivos pede para ter alta hospitalar. O paciente
pode passar a ser cuidado no seu próprio domicílio ou em outra instituição. Cabe ao médico
autorizar ou não. O médico deve autorizar a alta a pedido se tiver plena segurança de que os
cuidados que o paciente necessita serão mantidos.
4) Evasão - O paciente pode ir embora do hospital por motivos diversos. Reflete sobre a
segurança do ambiente hospitalar, já que todos os pacientes devem ser observados
continuamente pelos profissionais que trabalham na instituição.
5) Transferência - O paciente pode ser transferido para outro hospital por motivos diversos. A
responsabilidade da transferência é do hospital de origem, o que permite a transferência.
-A técnica cirúrgica em seu conceito mais restrito significa a codificação de regras que
presidem a realização das intervenções cirúrgicas. Em todos os setores da atividade humana
em que o trabalho intelectual ou manual é constantemente repetido há a necessidade de
sistematização para que se obtenha maior eficiência.
● Exérese
-Quando a sequência de operações fundamentais tem por objetivo a retirada de tecidos ou de
órgãos, este procedimento se denomina exérese. Por exemplo: exérese de unha encravada,
lipoma, estômago (gastrectomia), colón (colectomia), etc.
● Diérese ou divisão
-Manobra cirúrgica destinada a criar uma via de acesso através dos tecidos.
1- Incisão
-Feita com instrumento de corte, isto é, que secciona os tecidos moles por meio de uma lâmina
produzindo ferimento inciso.
-A diérese incisional também é promovida por bisturi elétrico, raios laser e coagulação.
2- Secção
-Ato de cortar com tesoura, serra, lâmina afiada, bisturi elétrico, laser, ultra-som ou microondas.
-Na figura abaixo, observamos a secção de uma aponeurose com tesoura.
3- Divulsão
-Obtida através da separação dos tecidos com pinça, tesoura, tentacânula, afastadores, etc.
-Na imagem abaixo, vemos que a tesoura é introduzida fechada e depois é aberta,
afastando/separando os tecidos. Nesse caso, a tesoura não está cortando os tecidos (secção),
mas separando os tecidos (divulsão).
4- Punção
-Realizada por meio de um instrumento perfurante, com várias finalidades, tais como a
drenagem de coleção líquida das cavidades ou do interior de órgãos, coleta de fragmento de
tecido e de líquidos orgânicos para exame diagnóstico, injeção de contraste e de
medicamentos.
-Por agulha ou trocarte.
-Na imagem abaixo, vemos uma punção por um trocarte.
5- Dilatação
-Usada para aumentar o diâmetro de canais e orifícios naturais, ou de trajetos fistulosos. É
obtida pela rotura de fibras musculares ou de tecido fibroso.
-Por vela de Hegar.
Vela de Hegar
6- Serração
-Realizada por meio de serra manual e elétrica, especialmente em cirurgia óssea.
● Instrumentos de corte
-Alguns exemplos de instrumentos de corte são: bisturi, tesoura, serra, rugina, cisalha, faca,
costótomo, bisturi elétrico, osteótomo e goiva.
1- Bisturi
-Contém uma parte chamada cabo, que pode ser mais curto ou mais longo, e uma parte
chamada de lâmina. A lâmina é inserida no cabo e encaixada de forma firme através uma
pinça.
-O bisturi é um instrumento de corte utilizado para fazer incisão magistral da pele.
-Pode-se utilizar a empunhadura do tipo lápis ou do tipo arco de violino.
-Deve-se penetrar o bisturi frio perpendicularmente à pele. O sentido da incisão é sempre da
esquerda para a direita ou de distal para proximal em relação ao cirurgião. Após o término da
incisão, deve-se retorná-lo para a posição perpendicular em relação à pele e retirá-lo em
seguida. A lâmina do bisturi deve ser deslizada sob um ângulo de 30-45° enquanto a mão não
dominante do cirurgião fixa a pele. O cirurgião deve se empenhar em completar toda a incisão
com a primeira passagem da lâmina em um único movimento suave que abranja toda a
espessura da pele e evite o tecido subcutâneo mais profundo, onde encontram-se vasos
sanguíneos mais calibrosos. Uma vez que a incisão da pele seja feita, deve-se controlar o
sangramento dos vasos seccionados, o que permite a melhor visualização da gordura
subcutânea subjacente.
2- Bisturi elétrico
-O bisturi elétrico ou eletrônico é um aparelho em que ao passar uma corrente elétrica, essa
corrente é transmitida pela ponta metálica, fazendo um corte no tecido.
-Dependendo da intensidade da corrente elétrica, a corrente pode ser utilizado para coagulação
e nesse caso, o aparelho se chama eletrocautério.
-Existe um pedal em que o médico irá pisar para cortar ou para coagular ou na própria caneta
do bisturi há um botão para corte e um botão para coagulação.
3- Tesoura
-A tesoura é um instrumento de corte, cuja ponta pode ser romba, aguda ou mista
(aguda-romba).
-De modo geral, as tesouras podem ser agrupadas em retas, curvas e anguladas, sendo este
ângulo no sentido ao plano de corte ou perpendicular a ele.
-As tesouras para dissecções em geral, pelo menos as mais utilizadas nos tempos cirúrgicos
fundamentais, são as curvas de tamanho médio com pontas rombas mais delicadas. Dentro
dessas características encaixam-se as tesouras de Mayo (mais fortes) e as tesouras de
Metzenbaum (mais delicadas). As tesouras curvas são preferidas por permitirem um manuseio
mais confortável. As tesouras retas são mais utilizadas pelo auxiliar para seccionar fios.
-A empunhadura das pessoas se faz com os dedos polegar e anelar dentro dos anéis com o
dedo médio firmando o ramo inferior e o dedo indicador na articulação, dando firmeza ao
instrumento. O modo da imagem da direita de empunhar a tesoura chama-se empalmar a
tesoura e possibilita mantê-la na mão enquanto se maneja outros instrumentos, para isso basta
fazer com que a tesoura gire 180° em torno do dedo anelar, sendo presa pelo dedo mínimo
contra a palma da mão. A vantagem é que possibilita manejar instrumentos e realizar outras
manobras com os três dedos livres e imprimindo o movimento inverso permitir que a tesoura
volte para a posição primitiva.
4- Serra
Serra de falange
5- Rugina
Rugina curva
6- Cisalha
Cisalha de Liston
7- Faca
Faca de amputação
8- Costótomo
-O costótomo de Shoemaker é utilizado para o corte de costelas.
Cóstomo de Shoemaker
9- Osteótomo
-O osteótomo geralmente está acompanhado do martelo.
Osteótomo e martelo
10- Goiva
Goiva de Horsley
● Instrumentos de divulsão
-Alguns exemplos de instrumentos de divulsão são: pinça hemostática, tesoura, afastador e
tentacânula.
1- Pinça hemostática
-A pinça é inserida fechada e posteriormente é aberta para afastar os tecidos, assim como a
tesoura.
2- Tesoura
-A tesoura é inserida fechada e posteriormente é aberta para afastar (divulsionar) os tecidos
● Instrumento de punção
-Alguns exemplos de instrumentos de punção são: trocarte e agulha.
1- Trocarte
2- Agulha
-É utilizada uma agulha juntamente com uma seringa para realizar a punção.
● Instrumentos de dilatação
-Alguns exemplos de instrumentos de dilatação são: velas, sondas e beniqués.
● Instrumentos de serração
-Alguns exemplos de instrumentos de serração são: serras e serra de Gigli.
1- Serras
-Podem ser manuais ou elétricas.
-Na imagem abaixo, observa-se uma serração manual.
2- Serra de Gigli
-Muito utilizada nas amputações.
-É uma serra com fios de aço trançados.
● Instrumentos auxiliares
-Alguns instrumentos auxiliares são muito úteis durante a operação e eles são: instrumentos de
preensão, instrumentos de separação e instrumentos especiais.
1- Instrumentos de preensão
-São aqueles destinado a prender vísceras e manipular tecidos. Os dois tipos básicos são:
pinças elásticas e pinças com anéis e cremalheira.
a- Pinças elásticas
-Podem apresentar-se em vários tamanhos, ser mais fortes ou mais delicadas e ter dentes ou
não em sua ponta.
-Podem ser: retas, curvas, em baioneta e anguladas
-As pinças utilizadas como instrumento de preensão são selecionadas para cada ato cirúrgico
de acordo com as suas características e geralmente são empunhadas com a mão esquerda,
tornando-se extensões delicadas dos dedos de quem as maneja, dando suporte à várias
manobras, como: pinçamento de um vaso sangrante, uma sutura, dissecção de um órgão ou
estrutura ou conduzindo uma gaze para enxugamento.
-As pinças podem ser: anatômicas ou dente de rato. A pinça anatômica pode ou não conter
uma protuberância em sua ponta (dente) e quando a pinça anatômica possui dente, ela é
chamada de pinça dente de rato.
-O formato das pontas das pinças é que confere a elas as suas principais características e
determina a sua indicação de uso.
-As pinças sem dente apresentam geralmente um serrilhado transversal na sua ponta, o que
impede o escorregamento da víscera ou do tecido apreendido. As pinça com dente
apresentam-se em determinados tipos, tamanhos e combinações.
-Alguns exemplos de pinças elásticas muito utilizadas são: Adson, Nelson, Potts-Smith, Brown
e DeBakey.
b- Pinças com anéis e cremalheira
-São instrumentos de preensão constante. São utilizadas para segurar ou tracionar órgãos
móveis, como intestino e pulmão.
-Alguns exemplos de pinças com anéis e cremalheira muito utilizadas são: Allis, Babcock, Collin
e Duval.
-A pinça Babcock é muito utilizada para prender alças intestinais sem lesionar o tecido.
2- Instrumentos de separação
a- Afastadores dinâmicos
-São aqueles manuseados pelos auxiliares e com possibilidade de mudarem de posição
sempre que as necessidades do campo cirúrgico obrigarem a isso. São utilizados para a
exposição do campo cirúrgico.
-Exemplos de afastadores dinâmicos muito utilizados são: Farabeuf, Love, Langenbeck,
Volkmann e Richardson - Utilizados em cirurgias superficiais ou na apresentação de órgãos
específicos, por conta da adaptabilidade das suas características à situações específicas.
-Existem afastadores dinâmicos que são utilizados em estruturas mais profundas. Exemplos de
afastadores dinâmicos profundos muito utilizados são: Harrington, Deaver, Doyen e Coryllos.
b- Afastadores estáticos ou autoestáticos
-São afastadores que se mantém abertos e em posição por si só, ou seja, não precisam ser
manuseados por ninguém.
-Exemplos de afastadores estáticos mais utilizados são: Gosset, Balfour e Finochietto.
-Os afastadores de Gosset e de Balfour são muito utilizados para abertura da cavidade
abdominal.
-O afastador de Finochietto é mais utilizado para abertura da cavidade torácica.
-O afastador de Balfour pode ser acompanhado ou não por uma válvula suprapúbica, como
observa-se na foto abaixo.
3- Instrumentos especiais
● Operações fundamentais
-São seguintes as operações fundamentais:
*Dierese (ou divisão): toda manobra destinada a criar descontinuidade de tecidos.
*Hemostasia: toda manobra destinada a evitar ou a estancar a hemorragia.
*Síntese: aproximação correta dos tecidos visando apressar a cicatrização.
● Hemostasia
-A hemostasia é de suma importância e visa evitar que a perda sanguínea comprometa a
volemia do operado, mantendo limpo o campo operatório e evitando a formação de coleções
sanguíneas e de coágulos, que favorecem as infecções.
-A hemostasia é a manobra cirúrgica destinada a prevenir ou a interromper o sangramento.
-A hemostasia tem como objetivo impedir (prevenir) ou coibir (interromper) a hemorragia
durante a intervenção cirúrgica. O alcance da hemostasia eficiente ultrapassa a própria
duração do ato cirúrgico. Evita a perda excessiva de sangue, propicia melhores condições
técnicas e aumenta o rendimento do trabalho.
-Após a operação, favorece a evolução normal da ferida operatória, evita a infecção e a
deiscência, afastando a necessidade de reoperação para drenagem de hematomas e
abscessos.
● Hemorragia
-A hemorragia é a saída anormal de sangue de um vaso seccionado, seja cirurgicamente, por
traumatismo ou por afecção local.
-A hemorragia pode ser classificada quanto:
*Ao lugar: externa ou interna.
*Ao vaso: arterial, venosa ou capilar.
*Ao tempo: pode ser imediata ou mediata.
● Finalidades da hemostasia
-Evitar perdas sanguíneas desnecessárias.
-Manter o campo cirúrgico limpo.
-Evitar complicações pós-operatórias.
-Profilaxia da hipovolemia.
-É preciso ter em mente que as finalidades da hemostasia são fundamentais para o sucesso da
cirurgia.
● Classificação da hemostasia
-A hemostasia pode ser temporária ou definitiva, preventiva (profilática) ou (corretiva/curativa).
-A hemostasia deve ser uma preocupação constante do cirurgião, já que a perda de sangue
poderá comprometer a vida do paciente, assim como sua presença excessiva no campo
cirúrgico tornará difícil o reconhecimento das estruturas anatômicas. Nenhum cirurgião deverá
suturar uma ferida ou fechar uma cavidade sem estar seguro de que fez uma hemostasia
rigorosa, pois este cuidado garantirá parte do êxito da operação porque previne o choque,
evitam os hematomas, que dificultam a cicatrização ao aproximar estruturas aproximadas e que
muitas vezes se infectam, adicionando novos riscos à vida do enfermo.
-A limpeza do campo operatório muitas vezes traduz a técnica e a arte cirúrgica. O campo
exangue e as luvas limpas falam muito da ordem, da disciplina e da rigorosa padronização
técnica que certamente distinguirá o cirurgião e sua arte.
● Hemostasia temporária
-É a manobra que tem duração em período de tempo finito.
-Primeiramente, trata-se da hemostasia temporária. É executada como primeiro tempo para
uma hemostasia definitiva ou como meio auxiliar para executar uma determinada manobra
cirúrgica.
-A hemostasia temporária é aquela que reduz ou suprime o fluxo sanguíneo transitoriamente
durante o ato cirúrgico ou em determinado tempo operatório.
-A ação em geral é exercida no campo operatório (aplicação de pinça de Satinsky) ou à
distância (garroteamento). São consideradas ainda manobras de hemostasia temporária, a
ação farmacológica de drogas, parada cardiocirculatória por hipotermia e aplicação de balão
endovascular.
-Algumas formas de hemostasia temporária:
-A figura acima apresenta que é possível controlar a hemorragia fazendo uma compressão com
uma gaze ou com um pano em um acidentado em que há uma hemorragia, como mostra o
exemplo. É possível conter o sangramento apertando/tamponando a ferida com uma gaze ou
uma compressa ou ainda um pano.
-O torniquete consiste em torcer e apertar um pano, fazendo com que haja interrupção do fluxo
sanguíneo distalmente. No exemplo abaixo de amputação traumática de um membro, pode-se
utilizar o torniquete para se evitar a hemorragia até que o paciente chegue ao hospital.
-O torniquete também pode ser feito de modo industrial. O torniquete industrial geralmente está
presente em ambulâncias de socorristas e é utilizado em situações de emergência até que o
paciente consiga ser atendido no ambiente hospitalar.
8) Hipotensão controlada
● Hemostasia definitiva
-É conseguida com a oclusão permanente do vaso. É usada em vasos normalmente
seccionados na diérese ou naqueles que perderam sua função, como em ressecções de
tecidos ou órgãos.
-A hemostasia definitiva é quase sempre cruenta, em geral sobre o vaso, e interrompe para
sempre a circulação do vaso sobre o qual é aplicada. É aplicada sobre os vasos que, por
inadvertência ou necessidade, são seccionados durante a dissecção cirúrgica.
-São exemplos de hemostasia definitiva a ligadura, cauterização, sutura, grampeamento,
obturação e tamponamento.
-Métodos de hemostasia definitiva:
5) Eletrocauterização
-Cauterização consiste na parada do sangramento de um vaso provocada pela formação de um
coágulo na extremidade sangrante, devido a aplicação de agentes físicos (como calor e
eletricidade) ou de agentes químicos (substâncias químicas).
-Em cirurgias é muito utilizado o eletrocautério, que consiste no aparelho em que é transmitida
uma corrente elétrica até a ponta do instrumento em que consegue-se a coagulação. É o
mesmo aparelho do bisturi elétrico, em que pode-se pisar no pedal para cortar (bisturi elétrico)
ou para coagular (eletrocautério). Pode ser acionado também através de botões na caneta do
instrumento, sendo um botão para cortar (bisturi elétrico) e outro para coagular (utilizando-se
então a forma de eletrocautério).
● Hemostasia profilática ou preventiva
-É a operação fundamental que é realizada antes de ocorrer a hemorragia, ou seja, previne o
sangramento.
● Operações fundamentais
-São as seguintes as operações fundamentais:
*Diérese ou divisão - Toda manobra destinada a criar descontinuidade de tecidos. A simples
introdução de agulha ou de trocarte implica a separação de tecido, constituindo-se numa
punção. Quando implica a retirada de tecido ou de órgãos chama-se exérese.
*Hemostasia - Toda manobra destinada a evitar ou a estancar a hemorragia. Esta operação, de
suma importância, visa evitar que a perda sangüínea comprometa a volemia do operado,
mantendo limpo o campo operatório e evitando a formação de coleções sangüíneas e de
coágulos que favorecem as infecções.
*Síntese - É a aproximação correta dos tecidos visando apressar a cicatrização. Pode ser feita
por simples afrontamento anatômico das estruturas, ou, o que é mais comum, por meio de
sutura.
● Síntese
-Síntese é a aproximação correta dos tecidos, visando apressar a cicatrização.
-Pode ser feita por simples afrontamento anatômico de estruturas, ou, o que é mais comum,
por meio de sutura.
-É o conjunto de manobras para união de tecidos com a finalidade de restituir o estado
anatômico e funcional.
-É uma operação obrigatória na maioria dos procedimentos cirúrgicos.
-É a operação fundamental que visa à aproximação dos tecidos seccionados ou ressecados.
-Tem por objetivo a manutenção da continuidade dos órgãos e tecidos
-Facilita as fases iniciais da cicatrização e, portanto, o restabelecimento da continuidade
orgânica e tecidual.
-A aproximação das bordas dos tecidos ressecados ou seccionados deve ser mantida à custa
de materiais que resistam às trações e tensões que irão exercer sobre a ferida nas fases
iniciais da formação da cicatriz.
-O material de síntese, representado geralmente pelos fios de sutura, à medida que a
cicatrização se processa, tem sua função substituída pela própria cicatriz.
-A síntese cirúrgica constitui, portanto, com a cicatrização, um conjunto cuja finalidade é a
restauração da continuidade dos tecidos. Ambos se imbricam em seus respectivos papéis e a
missão da primeira não deve terminar antes que a segunda já esteja em pleno curso.
-O procedimento de síntese é realizado em feridas, que são as soluções de continuidade nos
tecidos, provocadas por agentes traumáticos físicos, químicos ou biológicos, de forma
intencional ou acidental.
-Enquanto se processam as fases iniciais do processo de cicatrização é necessário que os
tecidos, ao se unir, permaneçam perfeitamente justapostos pois a mobilidade relativa impede o
fenômeno da cicatrização.
● Classificação da síntese/sutura
1) Quanto ao fechamento:
a- Fechamento imediato (de primeira intenção ou primário) - Quando há a aproximação das
bordas da ferida, por exemplo, por sutura cirúrgica, decorrendo menor edema e perda tecidual,
com menor possibilidade de infecção.
b- Fechamento tardio (segunda e terceira intenção)
-No fechamento tardio de segunda intenção, há perda tecidual, com ou sem infecção,
impossibilitando a aproximação imediata das bordas, porque houve perda de tecido. As feridas
permanecem então abertas até que ocorra a cicatrização, com o passar do tempo, por
contração e repitelização daquela área.
-No fechamento tardio de terceira intenção, é realizado da seguinte forma: após um período de
tempo que a ferida foi deixada aberta, sem sutura, protegida com curativa, realiza-se, depois de
algum tempo, o fechamento da ferida com a devida aproximação das bordas.
2) Quanto ao número de planos:
a- Síntese em plano único ou sutura total - Não se deve suturar em plano único grandes
estruturas e nem unir planos de natureza tecidual diferentes.
b- Síntese em planos múltiplos ou sutura plano por plano
5) Quanto à profundidade:
a- Sutura superficial - Quando englobam apenas as camadas mais superficiais da pele:
epiderme e derme superficial.
b- Sutura profunda - Quando compreendem níveis mais profundos da pele: derme profunda,
tecido adiposo, fáscias, tendões, músculos, cartilagens, ossos e ligamentos.
6) Quanto à finalidade:
a- Finalidade hemostática - Quando o objetivo é fazer a hemostasia ao coibir ou prevenir o
sangramento da área acometida.
b- Finalidade de aproximação ou união - Quando se almeja unir os tecidos seccionados.
c- Finalidade de sustentação - Quando são realizadas para manter determinada estrutura em
posição, podendo ser necessária maior tensão e tração dos fios.
d- Finalidade estética - Quando o objetivo é a aparência da sutura realizada, buscando um
resultado harmonioso e com cicatriz perfeita.
-As finalidades podem estar combinadas e as suturas serem realizadas com mais de um
objetivo.
● Materiais da síntese
-Com sutura: porta-agulha, agulhas, fios e grampos.
-Sem sutura: colagem ou fitas adesivas.
-Com prótese: biológica (feita de pericárdio, fáscia lata, tecido bovino, dura-máter, etc), sintética
(teflon, dacron, silicone, materiais metálicos como placas, parafusos, pinos, etc).
● Instrumentos de síntese
1) Porta-agulhas
2) Agulha cirúrgica de sutura - É constituída de três partes: ponta, corpo e fundo (também
chamado de encastoamento). Tem como finalidade levar o material de síntese através dos
tecidos, causando mínima lesão tecidual. A prática da técnica correta, a experiência em campo
e os conhecimentos básicos permitem ao cirurgião a melhor escolha do tipo de agulha.
a- Reta X Curva - As agulhas curvas são usadas com o porta-agulhas, enquanto as agulhas
retas são usadas com a mão. As agulhas curvas tem curvatura variável, adaptando-se a cada
tipo de síntese em tamanho adequado. A seleção da agulha é determinada por fatores como:
acessibilidade do tecido a ser suturado, tipo de tecido e diâmetro do fio de sutura.
a- Lineares ou retos
b- Circulares
-Na imagem abaixo, é representado a introdução de um grampeador pelo ânus, a aproximação
do cólon e o grampeamento acima da linha pectínea.
● Características do fio ideal
-Os fios e as agulhas são materiais de sutura usados pelo cirurgião na síntese e na
reconstituição de tecidos.
-Suturar significa unir as bordas de uma ferida, sendo o próprio fio muitas vezes também
referido como sutura.
-As características do fio ideal são:
*Grande resistência à tração e torção
*Calibre fino e regular
*Flexível e pouco elástico
*Ausência de reação tecidual
*Esterilização fácil
*Custo baixo
-A função principal de uma sutura cirúrgica é unir tecidos enquanto se processa o
restabelecimento cicatricial, que deve ser executado sem demora e com o mínimo de cicatriz.
-As suturas fixam os lábios da incisão durante as fases iniciais do processo de cicatrização,
enquanto não se desenvolve resistência tênsil adequada. A medida que a resistência à tração
aumenta, a necessidade da presença das suturas torna-se menos importante.
-É por causa da existência da grande variabilidade de incisões cirúrgicas que são necessários
materiais de sutura com propriedades físicas e biológicas diferentes.
-O material de sutura deve ter e manter adequada resistência tênsil até que tenha servido seu
propósito.
1) Absorvíveis X Inabsorvíveis
2) Naturais X Sintéticos
a- Naturais
-Categute simples
-Categute cromado
-Seda
-Algodão
b- Sintéticos
-Ácido poliglicólico (Dexon®)
-Ácido poligaláctico (Vicryl®)
-Polidioxanona (PDS®, Maxon®)
-Poliglecaprone (Monocryl®)
-Poliéster (Mersilene®, Surgilene®)
-Náilon
-Polipropileno (Prolene®)
-Metálicos (aço)
3- Monofilamentares X Multifilamentares
a- Monofilamentares
-Polidioxanona (PDS®, Maxon® )
-Poliglecaprone (Monocryl®)
-Polipropileno (Prolene®)
-Náilon
b- Multifilamentares
-Categute simples
-Categute cromado
-Ácido poliglicólico (Dexon®)
-Ácido poligaláctico (Vicryl®)
-Seda
-Algodão
-Poliéster (Mersilene®, Surgilene®)
-Náilon
-Metálicos (aço)
● Materiais de próteses
-Quando a solução de continuidade entre as estruturas é extensa ou a síntese é feita sob
demasiada tensão, dá-se a interposição de material de prótese ou implante, que pode ser
dividida em dois grupos: biológicas e sintéticas.
1) Biológicas
-Fáscia lata
-Dura-máter
-Pericárdio bovino
2) Sintéticas
-Metálicas (placas, parafusos e pinos)
-Membranas plásticas (silicone)
-Telas (Marlex, Prolene e Mersilene)
-Enxertos (dácron e teflon)
● Introdução
-Os traumatismos (as lesões) de partes moles caracterizam-se como ferimentos, desde que
exista solução de continuidade de tecidos, com ou sem perda de substância.
-Quando não existe solução de continuidade da pele, a lesão traumática é denominada
contusão. Nas contusões, a lesão realizada nos tecidos é por esmagamento, por força de
compressão, nelas os tecidos apresentam alterações patológicas, tipo: edema, isquemia,
hemorragia, necrose adiposa, etc. A lesão de vasos na pele manifesta-se como equimose. A
ruptura de vasos em plano mais profundo como hematoma.
-Na aula de hoje, vamos abordar o tratamento e a cicatrização do ferimento, ou seja, quando
ocorre abertura da pele (solução de continuidade da pele). Iremos abordar o tratamento e a
cicatrização de feridas superficiais em partes moles.
● Ferimentos
1) Superficiais - Aqueles em que as lesões são produzidas por agente vulnerante em: pele,
tecido subcutâneo, aponeurose ou músculos. O tema dessa aula são as feridas superficiais. O
ferimento superficial deve ser tratado por todo médico, independente da especialidade.
2) Profundos - Quando as lesões comprometem estruturas profundas como: nervos, vasos
calibrosos, tendões, ossos ou vísceras. Quando se trata de um ferimento profundo, em geral,
esses ferimentos são tratados no centro cirúrgico por equipes especializadas.
1) Incisas
-São produzidas por força cortante.
-São as mais frequentes.
-Nesse tipo de feridas, a energia transmitida e absorvida pelos tecidos é pequena, e
consequentemente a desvitalização tissular geralmente é pouco significativa.
-São ferimentos em geral de bordas regulares e lineares.
-A cicatrização habitualmente se processa sem infecção e sem complicações.
2) Perfurantes
-São produzidas por agente fino, pontiagudo e cortante.
-Com frequência lesam estruturas profundas.
-Exemplo: lesão produzida por punhal.
3) Puntiformes
-São produzidas também por agente fino e pontiagudo, como por estilete.
-As mais frequentes são as ocorridas na região plantar, como por prego enferrujado.
-Os ferimentos puntiformes devem sempre ser considerados como altamente contaminados.
4) Corto-contusas ou lacero-contusas
-A lesão tissular é produzida por instrumento submetido a grande força de pressão.
-São geralmente feridas irregulares em que, além da força aplicada, tem valor a velocidade e a
particularidade do agente agressor.
-São em geral produzidas por objetos rombos, ou semi-rombos, produzindo lesão de avulsão
ou com retalhos.
-A pele é arrancada de sua base de sustentação e permanece com uma base unida a pele
normal.
-Na sua avaliação, deve ser considerado a extensão, a relação da espessura do retalho, sua
espessura, as condições vasculares locais, assim como o grau de necrose tissular e o grau de
contaminação.
-Ferimentos produzidos por lesões de impacto são cem vezes mais susceptíveis à infecção que
os produzidos por forças cortantes.
-Essas feridas, quando de grande extensão e extremamente violentas, podem ser designadas
como feridas lacerantes, onde a dilaceração e a grande isquemia tissular são características.
5) Abrasivas
-Produzidas por atrito da pele com superfície áspera.
-Existe perda da camada epidérmica e de parte da derme.
TRATAMENTO
● Anamnese
-Tempo decorrido do ferimento
-Mecanismo do trauma
-Imunização contra o tétano do paciente
-Presença de doenças associadas (exemplo: diabetes, uso de corticosteróides, etc)
-Alergias
-Sensibilidade medicamentosa
-Todos esses aspectos são importantes para que o médico faça o tratamento eficiente da
ferida.
● Exame físico
-No exame físico, o médico deve observar os fatores locais do ferimento.
-Corpos estranhos - Na avaliação inicial do paciente com ferimento, deve ser considerada a
possibilidade da presença de corpos estranhos. Localizar e extrair corpos estranhos de tecidos
moles é frequentemente desafiante e, não raras vezes, frustrante para o cirurgião. Na maioria
dos ferimentos que abrigam corpos estranhos, a cicatrização é retardada pela inflamação
intensa que pode evoluir para infecção grave, podendo pôr em risco estruturas vitais. Materiais
não inertes (como madeiras, espinhos, detritos, fragmentos de roupas) devem ser sempre que
possível removidos total e prontamente. Terra, principalmente do subsolo, é um dos mais
nocivos contaminantes de feridas traumáticas e as feridas assim caracterizadas devem ser
consideradas como de elevado risco. Vidros, metais e plásticos são relativamente inertes e
podem ser removidos eletivamente se necessário, se localizados em regiões que suportam
peso (como pés, mãos e região glútea) ou se possam comprometer a função, devem ser logo
retirados. Os corpos estranhos nos tecidos com frequência formam granulomas e favorecem a
infecção e devem, sempre que possível, ser tratados agressivamente.
-Tecidos necrosados, isquêmicos ou macerados
-Perda de substância
-Edema acentuado
-Tecidos irradiados
-Hematomas e espaços de descolamento traumático
-Toda a ferida traumática por definição, tem certo grau de contaminação. Para seu tratamento é
preciso considerar fatores locais e gerais que possam interferir no processo de cura.
● Esquematização do tratamento
a) Avaliação inicial e retirada de corpos estranhos grosseiros.
b) Tamponar o ferimento e preparar a pele adjacente.
c) Colocar campos cirúrgicos esterilizados.
d) Anestesiar.
e) Controlar a hemostasia.
f) Identificar o ferimento e todos os recessos.
g) Desbridamento cuidadoso e completo, com ressecção de tecidos necrosados e
desvitalizados. Identificar tecidos nobres.
h) Irrigação copiosa sob pressão com soro fisiológico ou água destilada. É fundamental fazer
uma boa limpeza da ferida.
i) Decidir e executar ou não o fechamento da ferida.
j) Curativo. O curativo deve ser feito independentemente se houve o fechamento da ferida com
sutura ou não (fechamento por segunda intenção). Caso o fechamento for primário, o curativo
permanecerá por 24h a 48h, ou seja, até que haja a epitelização das bordas. Caso o
fechamento for por segunda intenção, o curativo deve ser trocado diariamente até que ocorra a
cicatrização completa da ferida.
● Objetivo do tratamento
-O objetivo do tratamento é restabelecer a integridade anatômica, funcional e estética dos
tecidos lesados.
-Condições ambientais e técnicas assépticas são obrigatórias no atendimento do paciente. É
importante: uso de máscara, evitando maior contaminação por gotículas de saliva; uso de
gorros e aventais cirúrgicos. Mãos limpas e o uso de luvas evitam a maior contaminação do
ferimento por bactérias do leito ungueal do examinador.
● Condutas no tratamento
1) Fechamento primário
-Utilizado basicamente para feridas cortantes, sem lacerações extensas, sem contaminação
(como por fezes, saliva, pus ou impurezas grosseiras, como terra, especialmente do subsolo) e
atendidas dentro das primeiras 6 horas após o trauma.
-É a aproximação das bordas das feridas.
-Indicado para feridas consideradas limpas e recentes.
-Pode ser feito com sutura, utilizando o instrumental necessário (como porta-agulha, agulha,
fio, clip ou grampo) ou pode ser realizado sem sutura, com o auxílio de colas ou fitas adesivas
para fazer a justaposição das bordas da ferida.
-Não deve ser indicado quando:
*Ferimento ocorrido há tempo maior que seis horas
*Suprimento sanguíneo inadequado
*Perda de substância
*Feridas muito contaminadas - Feridas maciçamente contaminadas ou muito contaminadas
devem permanecer abertas para fechamento primário retardado ou para cicatrização por
segunda intenção.
*Mordeduras humanas e de animais - As lesões produzidas por mordeduras humanas ou
animais devem ser tratadas com fechamento primário retardado, ou mais frequentemente, de
forma aberta em geral.
*Ferimentos por arma de fogo - Ferimentos produzidos por arma de fogo devem igualmente ser
explorados, desbridados e deixados abertos, pois com frequência existem lacerações
profundas, extensas lesões teciduais e a sutura superficial pode facilmente favorecer a infecção
neste espaço fechado.
2) Fechamento primário retardado ou por terceira intenção
-É realizado após um período de tempo onde a ferida foi deixada aberta sem sutura.
-Realiza-se posteriormente a aproximação das bordas com a sutura do ferimento, quando for
considerado limpo, quando as bordas estiverem mais próximas ou quando não há mais tensão,
enfim, quando o médico julgar que já é possível fazer a sutura após determinado período em
que a ferida foi deixada aberta.
● Anestesia
-Em geral, os pacientes com ferimentos de partes moles sentem muita dor, sendo necessária a
anestesia para o exame e tratamento local do ferimento.
-O anestésico empregado deve ter ação rápida e não deve comprometer as defesas locais.
-Um dos anestésicos mais empregados é a Lidocaína.
-Deve ser feita a anestesia local pelo método infiltrativo, anestesiando os ramos subcutâneos.
-A injeção deve ser lenta, pois provoca menos dor do que uma injeção rápida.
-A pele deve estar limpa e a injeção deve ser aplicada na pele limpa para evitar contaminação.
-Não há necessidade de usar vasoconstritores na maioria dos ferimentos. Sobretudo nas
extremidades devem ser evitados os vasoconstritores, pois podem provocar isquemia e
hipóxia.
● Desbridamento cirúrgico
-É de fundamental importância no tratamento do ferimento, principalmente de feridas
contaminadas, o desbridamento cirúrgico.
-Deve-se retirar todo tecido necrosado, macerado ou isquêmico. O tecido necrosado age como
meio de cultura, inibe a fagocitose por leucócitos e propicia ambiente anaeróbio, favorável ao
desenvolvimento de graves infecções. O tecido necrótico identificado deve ser removido
imediatamente. O desbridamento requer a diferenciação entre tecidos viáveis e inviáveis, o que
nem sempre é conseguido com facilidade. A pele isquêmica é em geral identificada por sua
descoloração e ausência de enchimento capilar. O músculo inviável pode ser reconhecido por
ausência de contração ao estímulo e ausência de enchimento capilar, sendo a coloração de
mais difícil avaliação.
-Deve-se também retirar corpos estranhos.
-O exame do ferimento deve ser completo para que o desbridamento amplo propicie condições
fisiológicas de cicatrização.
-O desbridamento não deve remover tecidos nobres. Tecidos como dura máter, fáscia, tendão,
se limpos podem sobreviver mesmo desvitalizados, como enxertos livres, se protegidos com
tecidos íntegros.
-Evitar no desbridamento o pinçamento grosseiro de tecidos, assim como afastamento
compressivo e prolongado.
-É necessário com desbridamento minucioso eliminar os fatores locais que diminuam a
resistência do hospedeiro a infecção.
-Muito importante limpar bem a ferida, fazendo uma irrigação sob pressão, com água destilada
ou soro fisiológico.
-Lembrar que ferimentos da região plantar (ferimentos puntiformes) devem ser ampliados para
que seja propiciado um bom desbridamento cirúrgico e uma boa limpeza da ferida.
● Hemostasia
-O controle do sangramento deve merecer atenção primária. O médico tem que fazer uma boa
hemostasia da ferida superficial.
-A compressão direta é frequentemente suficiente para controlar e fazer cessar a hemorragia
da maioria dos ferimentos.
-Pontos hemorrágicos persistentes devem ser identificados e podem ser submetidos à ligadura
ou à eletrocauterização.
● Fechamento da ferida
-Sempre que possível é preferível fazer o fechamento primário da ferida.
-Esse tratamento visa a aproximação dos tecidos seccionados ou ressecados.
-Tem por objetivo a manutenção da contiguidade dos tecidos.
-Facilita as fases iniciais da cicatrização.
● Curativo
-Nas feridas suturadas primariamente, o curativo age como barreira contra bactérias exógenas.
Deve ser mantido seca a superfície do curativo para agir como barreira bacteriana, o curativo
úmido permite a migração bacteriana.
-Podem ser utilizados curativos compressivos para eventualmente reduzir algum sangramento
ou edema, mas por pouco tempo.
-Lembrar que o curativo exige técnica cirúrgica asséptica. A cada troca de curativo deve-se
empregar técnicas assépticas.
-Para as feridas deixadas abertas, lembrar que a troca dos curativos deve ser feita de maneira
frequente, sempre que necessário, até que ocorra a total epitelização do ferimento.
● Indicações da vacina contra tétano (TT) e de imunização passiva contra tétano (SAT ou
IGHAT) em ferimentos