Você está na página 1de 2

Flavia, a paciente, perdeu o namorado.

Achava que esse relacionamento seria para sempre,


mas não foi. No início da perda achou que o namorado iria voltar pra ela. Depois, viu que ele
não voltaria. Perdeu a esperança. Restou nada a não ser dor.

Ela se tornou é a única solteira das amigas. Ela perdeu outros grupos de amigos, pois pensa q
esses grupos vão ficar com o namorado e vão se esquecer dela. Não consegue mais estudar.
Não consegue viver direito. Flavia sofre, então, pelo desmoronamento de seu projeto de
futuro. Um desmoronamento que surgiu pois ela não estuda mais, e porque pensava que o
namoro e as amizades seriam para sempre.

Ela diz que todos falam que ela é jovem, que tem seus estudos, que outros namorados vão
aparecer. Mas isso não a conforta. Isso a deixa vazia.

Ela é filha do pastor. Ela e o namorado transaram antes do casamento. A família descobriu.
Isso afetou o relacionamento dela com os pais.

Ela diz que precisa encontrar outro sentido pra vida. Sair com outras amizades, estudar, etc.

Um outro rapaz começa a se interessar por ela. Esse outro rapaz namora, por isso Flavia e ele
decidiram manter o relacionamento que estavam criando em segredo até ele terminar. Há
vezes que Flavia pensa que o novo rapaz só quer transar com ela. Mas há também vezes que
pensa que ele a ama. O novo garoto não termina com a namorada, pois diz ser mais difícil do
que achou que seria terminar um relacionamento.

O analista de Flavia, então, diz que a vida não é lugar de total realização, a vida comporta
frustrações, ou seja, projetos não realizados.

Flavia começa a ter medo de ficar sozinha e por isso não abandona o garoto.

O analista começa a destruir a ilusão que Flavia criou com esse novo rapaz. Diz que Flavia
sempre fala dos indícios de que era ela quem o rapaz iria escolher para ficar e namorar. O
analista, então, pergunta quais os indícios de que ele não quer ficar com ela? Flavia diz alguns
indícios. Fala que o rapaz diz para as outras pessoas que, o relacionamento dele com a
namorada é sério, e o relacionamento com Flavia é só diversão. Flavia se lamenta disso. Diz
que saber disso dói muito. Mas que não fala nada porque pelo menos ela tem alguém que
fique com ela e não a deixe sozinha. Se vê num conflito. Ou ela é amante, ou ela fica sozinha.
Por enquanto, prefere ser amante para não ficar só.

Na clínica, abrir o caráter de poder ser de toda e qualquer existência pode acontecer na
medida em que o analisando percebe o quanto restringe suas possibilidades.

Ela termina com o rapaz. Ela se abre para novas possibilidades. Se abre para o futuro. Ainda
assim, continua se lamentando nas sessões seguintes. Diz que se vê como uma mulher
abandonada e submissa. Ela pergunta: Por que eu? O analista responde: Por que não você?
Com essa pergunta, o clinico arriscou apontar para o caráter imprevisível e incontrolável da
existência.

A partir daí, Flavia começou a se libertar. Ficou 2 anos na psicoterapia. Entrou na faculdade.
Não se deixava mais seduzir pelas palavras. Conheço outro rapaz na faculdade. Etc.

A clínica existencial prosseguiu no sentido da reconquista da medida da existência singular:


espaço onde o querer e o poder se rearticulam.
Flavia realiza que seus relacionamentos passados foram frutos de sua imaturidade. Ela diz que
decepcionou os pais, mas que também não quer viver para não decepcionar. Ela quer viver
para viver. Em seu novo relacionamento, ela está feliz. Na vida, ela está feliz e se sente mais
livre.

Você também pode gostar