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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 01ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS – SC

Autos n...

BRENO, já qualificado nos autos de ação penal que lhe move o


Ministério Público, vem, por intermédio do seu advogado que
infra subscreve, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, irresignado com a sentença condenatória de oito
anos e oito meses de reclusão e vinte dias-multa, interpor,
tempestivamente

RECURSO DE APELAÇÃO

com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo


Penal. Requer que, após o recebimento destas, com as razões
inclusas, ouvida a parte contrária, sejam os autos
encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, onde serão processados e provido o presente recurso.

Termos em que,

pede e aguarda deferimento.

Florianópolis, 09 de dezembro de 2019.

Luan Vinícius Rodrigues Batista

OAB SC626262
_______________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA
CATARINA

Recorrente: Breno

Recorrido: Ministério Público

Autos de origem n.:...

RAZÕES DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara
Ínclitos julgadores
1. DOS FATOS

O recorrente foi denunciado pelo Ministério Público em 05 de


junho de 2019, pela suposta prática dos crimes de roubo
qualificado pelo emprego de arma de fogo e corrupção de
menores.

A denúncia foi recebida e, após a instrução, o recorrido foi


condenado à pena de oito anos e oito meses de reclusão e ao
pagamento de vinte dias-multa.

Assim, irresignado com a decisão proferida em primeira


instância, com o devido respeito e acatamento, deve a sentença
ser reformada, consoante os fatos e fundamentos a seguir
expostos.

2. PRELIMINARMENTE

2.1 Da Nulidade Da Audiência De Instrução E


Julgamento

Tendo em vista que não houve respeito às previsões do Art. 212 do Código de Processo
Penal, em que, desde a reforma referente ao procedimento comum ordinário, realizada
no ano de 2008, na qual as perguntas às testemunhas devem ser realizadas diretamente
pelas partes, podendo o magistrado complementá-las, se houver ponto não esclarecido.

Tendo em vista que a defesa técnica do réu manifestou seu inconformismo e houve
prejuízo, já que as partes sequer puderam complementar a inquirição realizada pelo
magistrado.

Fica claro que tal conduta representou cerceamento de defesa e violação ao princípio da
ampla defesa, disciplinado no Art. 5º, inciso LV, da CRFB e, por conseguinte, a
nulidade total da Audiência de Instrução e Julgamento, bem como da sentença
proferida.

3. NO MÉRITO RECURSAL
3.1 Absolvição

3.1.1 Absolvição pelo Crime de Corrupção de Menores


Caso a teses anteriores não sejam acolhidas, insta verificar se a
conduta teoricamente praticada pelo acusado engloba o tipo
penal de Corrupção de Menores, uma vez que claramente o
apelante não tinha conhecimento sobre a idade de Carlos.

Carlos e Breno, ora apelante, se conheceram em festa em que


era proibida a entrada de menores de 18 anos, poucos
momentos antes do crime, em que o menor apenas conseguiu
ingressar por se valer de documentação de identificação falsa,
conforme consta dos autos. E ainda conforme endossa o
depoimento da vítima, Carlos aparentava aproximadamente
vinte e cinco anos de idade.

Dessa forma, Breno não tinha conhecimento sobre a elementar


do crime referente à idade, ocorrendo erro de tipo, afastando,
então, o dolo e a culpa, cabendo, portanto, absolvição por
atipicidade da conduta, nos termos do Art. 386, inciso III, do
CPP.

3.2. Da da Pena

3.2.1 Da 1ª Fase da Dosimetria: Fixação da Pena Base


no Mínimo Legal

Caso a tese preliminar não seja acolhida e o entendimento seja


pela condenação, insta analisar e reformar a dosimetria da
pena aplicada, culminando na redução da pena base dos crimes
de roubo e corrupção para o mínimo legal, tendo em vista que
inquéritos policiais e ações penais em curso não podem
justificar o reconhecimento de qualquer circunstância
desfavorável do Art. 59 do CP, nos termos da Súmula 444 do
STJ, o que representaria violação indireta ao princípio da não
culpabilidade.
3.2.2 Da 2ª Fase da Dosimetria: Atenuante de
Minoridade Relativa

Requer o reconhecimento da atenuante da menoridade


relativa, já que o réu era menor de 21 anos na data dos fatos,
nos termos do Art. 65, inciso I, do CP.

3.2.3 Da 3ª Fase da Dosimetria

3.2.3.1 Causa de Aumento e irretroatividade da lei


penal mais gravosa

O crime teria ocorrido no ano de 2017, sendo que, apenas no


ano de 2018 foi editada a Lei nº 13.654, que tornou mais severa
a punição do crime de roubo praticado com emprego de arma
de fogo.

Todavia, o magistrado aumentou a pena de 2/3, embora o


crime tenha sido praticado antes da entrada em vigor da nova
lei. Dessa forma, considerando que o Art. 5º, inciso XL, da
CRFB, prevê a irretroatividade da lei penal mais gravosa,
deveria haver redução em relação ao aumento operado na
terceira fase pela presença da majorante, sendo o previsto na
lei em vigor à época dos fatos de 1/3 a 1/2.

3.2.3.2 Do Reconhecimento do Crime Tentado

Tendo a ação delituosa sido interrompida pela pronta e


eficiente ação policial, a infração não restou consumada, não
tendo ocorrido inversão da posse dos bens que se pretendia
subtrair como exige a Súmula 582 do STJ, sendo, portanto
configurada apenas a tentativa do delito, na forma do Art. 14,
inciso II, do CP.

3.3. Do Regime Inicial


Em razão da latente necessidade de adequação da
quantificação e dosimetria da pena a ser aplicada, faz-se
necessária reavaliação do Regime Inicial para cumprimento da
sentença, em consonância ao Art. 33 do Código Penal.

III. DOS PEDIDOS


Ante a todo o exposto, requer seja a sentença ora impugnada
reformada de modo a:

a) Preliminarmente, reconhecer a nulidade da Audiência de


Instrução e Julgamento e, consequentemente, da Sentença
Condenatória, em razão do Cerceamento de Defesa e violação
do Princípio da Ampla defesa causados pelo desrespeito às
previsões do Art. 212 do Código de Processo Penal;

b) Subsidiariamente, requer seja o apelante absolvido pelo


crime de Corrupção de Menores por atipicidade da conduta,
em razão do Erro de Tipo, nos termos do Art. 386, inciso III,
do CPP;

c) Requer, nos termos da Súmula 444, que seja fixada pena


base mínima para os crimes imputados ao apelante;

d) Requer o reconhecimento da Minoridade Relativa nos


termos do Art. 65, inciso I, do CP.

e) Requer a o respeito ao Art. 5º, inciso XL, da CRFB, no que


tange a não irretroatividade da lei penal mais gravosa,
mantendo o aumento de pena entre 1/3 e ½ conforme lei em
vigor à época dos fatos.
f) Requer, ainda, o reconhecimento do crime tentado,
conforme Art. 14, Inciso II do CP, uma vez que a ação delituosa
foi interrompida por motivos alheios ao agente, não havendo
troca da posse dos bens como exige a Súmula 582 do STJ

f) Por fim, reavaliação do Regime Inicial para cumprimento da


sentença, em consonância ao Art. 33 do Código Penal.

Nesses termos,

Pede e aguarda deferimento.

Florianópolis-SC, 09 de dezembro de 2019.

Luan Vinícius Rodrigues Batista

OAB SC626262

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