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LINUX

Retirado do livro Linux Curso


completo, 5ª edição, de Fernando
Pereira
Linux - História
 A primeira versão do sistema operativo UNIX
foi desenvolvida durante os anos 70 pelos
famosos laboratórios Bell, da companhia
telefónica norte-americana AT&T
 Tudo começou com uma equipa de
programadores que não estavam satisfeitos
com os sistemas operativos, nem com as
linguagens de programação que existiam na
altura
Linux - História
 Por esse motivo resolveram criar outra linguagem de
programação e um novo sistema operativo
 A linguagem de programação chamou-se C e o
sistema operativo foi o UNIX
 As primeiras versões de UNIX foram utilizadas
exclusivamente para uso interno na AT&T, mas
começaram a surgir outras entidades com interesse no
sistema
 Algumas das primeiras entidades que começaram a
usar o UNIX foram as universidades e centros de
investigação
Linux - História
 Durante os primeiros tempos, a AT&T licenciava o
UNIX sob a forma de código-fonte
 Desta forma, os utilizadores recebiam o código-fonte
de todos os programas e utilitários do sistema
operativo, juntamente com o próprio sistema
 O acesso ao código-fonte foi extremamente
importante para o crescimento do próprio sistema,
porque permitia aos utilizadores modificar e adaptar o
sistema de acordo com as suas necessidades
Linux - História
 Dentro do meio científico e universitário, existiam
bastantes pessoas com conhecimentos profundos de
programação e alguma teoria dos sistemas operativos,
que desenvolveram várias extensões ao UNIX e
criaram novas ferramentas
 Na altura, as instituições científicas encontravam-se
ligadas entre si, utilizando uma rede de dados que
funcionava sobre o protocolo UUCP (Unix-to-Unix
Copy)
 Esta rede ainda era relativamente rudimentar, mas já
permitia aos investigadores trocar informação sob a
forma de e-mail e possibilitava a transferência de
ficheiros
Linux - História
 No meio científico sempre existiu uma grande tradição
de troca e partilha de informação
 Este facto é amplamente reconhecido como um dos
factores mais importantes para o avanço da ciência
 Quando os investigadores entraram em contacto com
o sistema UNIX, começaram imediatamente a aplicar a
mesma filosofia, trocando entre si as correcções e
extensões que iam desenvolvendo
 Na verdade, algumas dessas extensões foram tão
importantes que começaram a ser incluídas no próprio
sistema operativo
Linux - História
 Uma das entidades que mais destacou neste campo
foi a Universidade da Califórnia em Berkely
 As contribuições realizadas pelos membros desta
academia foram tantas que acabaram por dar origem
a uma nova variante de UNIX, chamada BSD
 Por outro lado, o MIT (Instituto Tecnológico do
Massachusetts) também merece ser mencionado,
porque alguns anos mais tarde veio a fazer uma
contribuição de enorme importância: foi aí que nasceu
o sistema de janelas X
Linux - História
 Com o passar dos anos, o sistema UNIX expandiu-se
bastante, começando a penetrar em muitos sectores,
até se tornar num verdadeiro sistema operativo
comercial
 As variantes de UNIX começaram a ser utilizadas por
uma grande quantidade de fabricantes de hardware
(OEM), que as incluíam nos seus computadores
 Por outro lado, a AT&T começou a restringir cada vez
mais a licença de utilização do sistema operativo
 As licenças de código-fonte começaram a ser cada vez
mais difíceis de obter e, em alguns casos, chegaram
mesmo a ser impossíveis de obter
Linux - História
 Este facto constituiu um motivo de grande
desapontamento para os utilizadores originais, que
mais contribuíram para a expansão e para o
desenvolvimento do UNIX
 À medida que o sistema se foi tornando mais
comercial e cada vez mais fechado, a onde de
frustração e desilusão dos utilizadores foi crescendo
 Por esse motivo, no início dos anos 80 foi criada uma
fundação chamada FSF (Free Software Foundation)
que se propunha desenvolver e proteger o software
livre
Linux - História
 Um dos maiores objectivos da FSF era construir um
ambiente de trabalho constituído integralmente por
software livre
 Pretendia-se fazer renascer o espírito inicial da
comunidade de utilizadores de UNIX, que entretanto
quase se havia perdido
 Para proteger legalmente o software livre, foi criada
uma nova licença, intitulada GPL (General Public
Licence)
 A GPL garante a qualquer pessoa o direito de copiar,
redistribuir e até modificar e melhorar todo o software
por ela protegido
Linux - História
 Basicamente, a GPL tenta ser uma licença com
o menor número de restrições possível, para
que qualquer pessoa possa utilizar o software
da forma que melhor entender
 Contudo, existem três grandes restrições que
gerem e protegem o software abrangido pela
GPL:
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 A primeira diz que o software livre pode ser distribuído
e comercializado por qualquer pessoa, mas o
distribuidor tem sempre de avisar o receptor acerca
dos termos da GPL
 A segunda restrição diz que qualquer pacote de
software derivado de software protegido pela GPL
também tem de estar abrangido pela GPL
 Finalmente, a terceira condição diz que o código-fonte
de todo o software protegido pela GPL tem de estar
acessível publicamente. Isto significa que o código
fonte deve ser fornecido a todos os utilizadores ou,
então, estes devem ser informados sobre a forma de o
obter
Linux - História
 Os activistas da FSF eram
maioritariamente programadores e
especialistas em software de sistemas
 Quando estes programadores tiveram
de escolher um modelo para o novo
sistema operativo que se propunham
criar, basearam-se no sistema
operativo que preferiam: o UNIX
 Foi a partir do UNIX que surgiu a
palavra GNU, que significa GNU is
Not Unix…
Linux - História
 Ao longo dos anos, os membros do projecto
GNU foram desenvolvendo vários programas e
utilitários, para construir um ambiente capaz de
substituir integralmente um sistema UNIX
apenas com software livre
 Por esse motivo, todos os utilitários foram
desenhados com o objectivo de manter a
compatibilidade com as versões standard do
UNIX, apesar de terem sido acrescentadas
algumas melhorias
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 Entre estes programas, estão as ferramentas de
desenvolvimento de aplicações GNU, que incluem
compiladores como o gcc, depuradores de erros e
versões alternativas de praticamente todas as
ferramentas normais dos sistemas UNIX
 Com o passar do tempo, o número de programadores
que desenvolviam programas livres foi crescendo
lentamente, até que no final dos anos 80 com o início
do crescimento da Internet, se deu um grande
impulso no movimento do software livre
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 Com o auxílio da Internet, os programadores podem
trocar ideias muito facilmente e tornou-se possível
formar grupos de trabalho com pessoas distribuídas
por todo o mundo
 Por esta razão, as equipas de desenvolvimento dos
projectos de software livre, cresceram bastante e, em
alguns casos, chegam a atingir várias centenas de
voluntários
 Actualmente, existem projectos em que o número de
voluntários é tão grande que a sua dimensão rivaliza
ou mesmo supera as equipas de profissionais que
trabalham nas maiores companhias de software
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 Por outro lado, a quantidade e a diversidade
dos projectos de software livre também cresceu
bastante
 Neste momento, os projectos não se limitam
apenas a sistemas operativos, pois também
foram criados serviços de rede, sistemas de
janelas, ambientes gráficos do tipo desktop,
processadores de texto, folhas de cálculo, jogos
e muitas, mas mesmo muitas, aplicações
Linux - História
 No princípio dos anos 90, um jovem finlandês chamado Linus
Torvalds estava bastante insatisfeito com os sistemas
operativos que existiam para PC, porque ou eram muito maus
ou eram demasiado caros
 Por exemplo, era frequente uma versão completa de UNIX para
PC custar valores equivalentes a mais de 1000 euros
 Por essa razão, o jovem Linus resolveu começar a escrever o
seu próprio núcleo (kernel) de sistema operativo
 Passados cerca de seis meses, já tinha a primeira versão a
funcionar e resolveu chamar-lhe Linux
 A primeira versão ainda era muito incompleta e limitada, mas
apesar disso, o autor resolveu afixar o código-fonte na Internet
Linux - História
 Apesar de o autor afirmar que se tratava apenas de um sistema
experimental, que ainda estava em pleno desenvolvimento,
houve várias pessoas que se interessaram imediatamente pelo
projecto e cerca de uma semana depois, já existia mais de uma
centena de utilizadores
 Todos os primeiros utilizadores eram programadores que, por
uma razão ou outra, necessitavam de um sistema operativo
aberto
 Devido ao seu perfil, os primeiros utilizadores trouxeram
bastantes contribuições para o projecto, pois implementaram
novos drivers, resolveram erros e problemas, adicionaram
novas funcionalidades e, acima de tudo, fizeram muitas
sugestões
Linux - História
 As contribuições feitas pelos novos
utilizadores foram sendo reunidas pelo
autor inicial, Linus Torvalds, que as
conjugava com as suas próprias
alterações, fazendo com que o Linux
evoluísse a um ritmo muito rápido
 Com o passar dos tempos, o Linux
evoluiu até estar ao nível dos sistemas
operativos comerciais e possuir um
conjunto de funcionalidades
extremamente sofisticado
Linux - História
 A versão actual do núcleo de Linux (2.6),
funciona em processadores de 32 e 64 bits,
suporta vários processadores funcionando em
multiprocessamento simétrico, tem um stack de
protocolos de rede bastante evoluído, permite
instalar e remover “módulos” (drivers e
subsistemas do núcleo) em pleno
funcionamento e está em conformidade com
várias normas, como o POSIX
Linux - História
 O modelo de desenvolvimento aberto, que
recentemente recebeu a designação genérica open
source, está por detrás da sua rápida evolução: como
o código-fonte está acessível a todos os utilizadores,
sempre que alguém descobre um erro ou tem uma
ideia brilhante, pode implementar a solução
imediatamente
 Em seguida, os utilizadores apenas têm de enviar as
suas alterações aos responsáveis do projecto, para
que estas passem a ser integradas na próxima versão
oficial…
Linux - História
 Uma das consequências mais importantes do modelo
open source é a estabilidade e a fiabilidade que os
projectos de sotware livre atingem
 Qualquer erro que possa existir tem uma
probabilidade muito baixa de passar por todos os
utilizadores, sem nunca chegar a ser detectado
 Assim que um problema é detectado, é imediatamente
corrigido pelos autores ou, muitas vezes, pelo próprio
utilizador que o encontrou
Linux - História
 Como cada utilizador é um potencial contribuidor para
a resolução de erros, considera-se que, neste
momento, muitos projectos de software open source
já atingiram um nível de qualidade e de fiabilidade
muito superior ao dos produtos comerciais
equivalentes
 Por exemplo, quando é detectada alguma falha de
segurança nos pacotes de software open source que
costumam ser fornecidas com o Linux, é habitual a
correcção ser publicada após algumas horas
Linux - História
 Desta forma, um administrador de sistemas atento
pode manter o seu sistema tão seguro que nem chega
a dar tempo aos possíveis atacantes, para aproveitar
as eventuais falhas de segurança que possam ser
descobertas
 No caso das companhias de software comercial, é
costume as falhas de segurança serem negadas
oficialmente durante longos períodos de tempo e
quando são reconhecidas, é normal que as correcções
só sejam publicadas várias semanas depois
 Durante todo esse tempo, os sistemas dos seus
clientes ficam vulneráveis a possíveis ataques
Linux - História
 Como já foi referido, Linus Torvalds apenas criou o
núcleo do sistema operativo
 Por esse motivo, a designação «Linux» apenas pode
ser aplicada ao núcleo do sistema, que controla o
hardware e cria um ambiente virtual, sobre o qual
funcionam as aplicações
 O sistema operativo propriamente dito é composto
pelo núcleo do sistema e várias centenas de
programas e utilitários, muitos dos quais já existiam
antes de o próprio Linux ter aparecido
Linux - História
 Nos primeiros tempos, os utilizadores de Linux tinham de
instalar manualmente o kernel (núcleo) do sistema operativo e
reunir todos os programas e utilitários, necessários para pôr o
sistema em funcionamento
 Essa tarefa era de tal forma complicada e difícil de executar,
que só as pessoas com conhecimentos mais profundos do
funcionamento interno do sistema a conseguiam realizar
 Foi para resolver este problema que surgiram as “distribuições”
de Linux
 As distribuições são constituídas pelo núcleo de Linux
propriamente dito e uma enorme colecção de programas,
serviços e aplicações, devidamente pré-configurados e prontos
a utilizar
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 As distribuições mais conhecidas são a Slackware, a Red Hat, a
Suse Linux, a Debian, a Yggdrasil, a Conectiva, a Mandrake e a
TurboLinux da Pacific HiTech
 Em Portugal, temos também a distribuição Caixa Mágica de
origem nacional
 Cada distribuição possui um programa de instalação e
configuração inicial que automatiza todo o processo de
instalação
 Nessa fase, existem vários menus em que o utilizador pode
seleccionar os pacotes de software que vai utilizar e
personalizar o sistema à medida das suas necessidades
 Os discos rígidos são inicializados e o sistema operativo é
automaticamente copiado para as partições escolhidas
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 As primeiras distribuições de Linux ainda eram
relativamente rudimentares, o que conferiu ao Linux o
estatuto de sistema operativo mais difícil de instalar,
de entre todos os sistemas operativos
 Contudo, actualmente a situação já é radicalmente
diferente
 As distribuições de Linux evoluíram bastante e, neste
momento, o Linux já é tão fácil de instalar como
qualquer outro sistema operativo ou até mais fácil,
dependendo da experiência anterior do utilizador
Linux - História
 Ao nível da utilização, o Linux também evoluiu
bastante
 Nos primeiros tempos, os utilizadores só tinham a
linha de comandos, em que o computador é
controlado a partir de ordens escritas no teclado
 Este método é muito versátil, mas os novos
utilizadores encontram grandes dificuldades, porque
são obrigados a memorizar os nomes dos comandos
 Actualmente, para além da linha de comandos, já
existem vários ambientes gráficos do tipo desktop,
como o Gnome e o KDE
Linux - História
 Os ambientes gráficos não são tão versáteis como a
linha de comandos, mas são muito mais fáceis de
utilizar para os novos utilizadores, que conseguem
trabalhar sem ter de possuir grandes conhecimentos
acerca do sistema que está por baixo
 A linha de comandos só apresenta desvantagens nos
primeiros tempos, até o utilizador aprender a usar os
comandos mais frequentes
 Depois da fase inicial de aprendizagem ser superada,
conseguem-se atingir níveis de desempenho
fabulosos, muito superiores aos que se obtêm com os
ambientes gráficos
Linux - História
 Uma das consequências benéficas da linha de comandos é o
facto de obrigar os utilizadores a progredir
 Ao fim de algum tempo a utilizar a linha de comandos,
qualquer utilizador se transforma num verdadeiro especialista,
preparado para procurar informação na documentação do
sistema e enfrentar qualquer situação
 Por outro lado, os ambientes gráficos possuem uma enorme
desvantagem: limitam a evolução e a aprendizagem dos
utilizadores
 Um utilizador típico de sistemas gráficos, mesmo com vários
anos de experiência, não consegue adquirir capacidade para
enfrentar novas situações
Linux - História
 Habitualmente, um utilizador que só esteja habituado
aos sistemas gráficos, bloqueia sempre que lhe surge
uma situação diferente do normal
 Quando necessita de realizar uma determinada
operação e não consegue encontrar nenhum ícone ou
uma entrada nos menus, então não sabe como
proceder…
 Por esse motivo, é costume necessitar do apoio
constante de alguém com um pouco mais de
experiência que funciona como baby-sitter
1.1. Conceitos Básicos

1.1.1 – Utilizadores, tarefas e


processos
Utilizadores, tarefas e
processos
 O sistema operativo Linux é um sistema multitarefa e
multiutilizador
 Trata-se de um sistema multiutilizador, porque pode
ser utilizado por muitas pessoas ao mesmo tempo
 O facto de ser multiutilizador põe um pequeno
problema: para o sistema suportar muitos utilizadores
em simultâneo, é necessário encontrar uma forma de
fazer com que estes tenham acesso físico ao sistema,
pois os computadores pessoais só costumam possuir
um conjunto de teclado, rato e monitor
Utilizadores, tarefas e
processos
 Antigamente, o problema era resolvido utilizando
“terminais”, que consistiam num conjunto de teclado e
monitor, ligados ao computador central através de
uma ligação por cabo série
 Nos dias que correm, os antigos terminais quase
caíram em desuso, mas continuam a ser utilizados
programas que simulam o seu funcionamento
 Desta forma, podemos usar computadores pessoais
para aceder a sistemas remotos via cabo série,
modem, ou mesmo utilizando ligações em rede
(Internet, etc.)
Utilizadores, tarefas e
processos
 Por exemplo, os PC antigos (XT, AT 286 ou 386) que já não
tinham qualquer utilidade, podem voltar a ser usados como
terminais
 Para isso, basta instalar-lhes o software adequado e ligá-los
a um sistema central (PC recente correndo Linux) através de
um cabo série
 Por ser um sistema multiutilizador, o sistema tem ainda de
possuir mecanismos para impedir que os utilizadores
possam interferir no trabalho uns dos outros
 Por exemplo, o sistema tem de impedir que os utilizadores
tenham acesso aos dados confidenciais de outras pessoas
Utilizadores, tarefas e
processos
 Um dos mecanismos que o sistema utiliza são as sessões de
trabalho
 Sempre que um utilizador começa a trabalhar no sistema, é
criada uma nova sessão de trabalho, que começa por um
procedimento de entrada no sistema, designado por login
 Durante o login, o utilizador tem de indicar o seu nome
(username) e uma senha (password)
 O username, que muitas vezes também é designado por login-
name, é apenas o nome (ou a sigla), pela qual o sistema
conhece cada um dos utilizadores
 A password é uma palavra secreta que serve para evitar que
pessoas estranhas entrem no sistema, fazendo-se passar por
utilizadores credenciados
Utilizadores, tarefas e
processos

Fig 1.1 – Imagem de um ecrã de login, usando o sistema de janelas X (gdm)


Utilizadores, tarefas e
processos
 Assim que um utilizador entra no sistema (faz login), é
criada uma sessão de trabalho em que o computador
executa todas as ordens recebidas do utilizador
 Quando um utilizador termina tudo o que tem a fazer,
ou se por alguma razão decidir abandonar o seu posto
de trabalho, deve terminar a sua sessão
 Para isso, executa um procedimento chamado logout
 Durante a sua sessão de trabalho, os utilizadores
podem executar muitas tarefas, uma de cada vez, ou
lançar várias tarefas em simultâneo
 É por essa razão que o Linux também é classificado
como sistema operativo multitarefa
Utilizadores, tarefas e
processos
 Em Linux, as tarefas têm o nome técnico de
«processos»
 Em cada instante, existem sempre muitos processos a
correr no sistema
 De outra forma, também podemos dizer que existem
muitas tarefas a ser executadas simultaneamente
 Geralmente, os processos são iniciados pelos
utilizadores, mas também existem processos que são
lançados automaticamente pelo sistema, chamados
daemons
 Os daemons são responsáveis pelos diversos serviços
do sistema operativo
Utilizadores, tarefas e
processos
 Caso um utilizador assim o pretenda, poderá
terminar a sua sessão de trabalho e deixar
alguns processos ainda em funcionamento
 Por exemplo, quando estamos a descarregar
grandes quantidades de informação a partir da
Internet, podemos ter de esperar muitas horas
 Nesses casos, é habitual deixar um processo
em funcionamento no computador, encarregue
de concluir a transferência de informação
1.1.2 – Sistema de ficheiros
Sistema de ficheiros
 O sistema operativo Linux oferece aos seus
utilizadores a possibilidade de guardar informação
dentro do computador, que é armazenada sob a forma
de ficheiros
 Os ficheiros podem conter dados, documentos ou
programas
 Por exemplo, os documentos podem conter cartas,
relatórios, listagens de pagamentos, etc.
 Um programa corresponde a uma sequência de
ordens que se destina a ser executada pelo
computador
Sistema de ficheiros
 Como geralmente existem muitos ficheiros num
computador, o Linux possui um mecanismo de
directórios e subdirectórios, que permite
organizar os ficheiros de acordo com os
assuntos a que se relacionam
Sistema de ficheiros

Fig 1.2 – A directoria / (root) do sistema de ficheiros do Linux


Sistema de ficheiros
 A estrutura de directórios apresenta um
formato em árvore, em que a directoria
principal se chama root, porque corresponde à
raiz da árvore de directórios
 Como o sistema pode ter muitos utilizadores, o
Linux implementa um sistema de protecções,
que permite definir regras de acesso ao
conteúdo de cada ficheiro
 Desta forma, a informação pode estar acessível
a alguns utilizadores e escondida dos restantes
Sistema de ficheiros
 Para simplificar a gestão de acessos, os utilizadores
podem ser classificados segundo grupos
 Em vez de definir regras para cada utilizador de um
grupo, basta definir uma regra geral que se aplica a
todo o grupo
 Cada utilizador possui uma directoria dedicada a si
próprio, na qual pode guardar ficheiros com toda a
informação que desejar
 À partida, cada utilizador apenas tem privilégios para
modificar informação dentro da sua própria directoria
Sistema de ficheiros
 Existe um utilizador especial, chamado
superutilizador, supervisor ou administrador,
que possui privilégios especiais e tem acesso a
todos os ficheiros do sistema, incluindo os que
pertencem aos outros utilizadores
 O login-name do superutilizador é root
 Este nome deriva do facto de o superutilizador
ter privilégios para controlar integralmente toda
a árvore de directórios do sistema
Sistema de ficheiros
 Quando o Linux é usado em computadores
domésticos, isolados de qualquer rede, existe a
tentação de usar sempre o login-name root
 Contudo, isso não é aconselhável porque pode
causar vários problemas
 Em vez disso, é preferível criar uma conta de
utilizador pessoal (username/password) para
realizar as tarefas habituais do dia-a-dia
Sistema de ficheiros
 O acto de fazer login como root deve ser
sempre evitado, pois este utilizador possui
privilégios para fazer virtualmente tudo e basta
cometer um pequeno erro para causar estragos
enormes
 Por exemplo, existe o risco de apagar ficheiros
acidentalmente, danificar o sistema operativo e,
mais grave ainda, perder muita informação
Sistema de ficheiros
 Pelo contrário, os utilizadores normais não
possuem privilégios para modificar o sistema
 Por esse motivo, possuem um grau de
segurança contra erros de utilização bastante
mais elevado
 Por exemplo, um utilizador normal não pode
formatar discos rígidos, nem pode apagar nem
modificar ficheiros do sistema
Sistema de ficheiros
 Um dos maiores problemas com que se
debatem os utilizadores actuais de
computadores são os vírus informáticos
 Os vírus informáticos são programas que
realizam tarefas indesejáveis, sem que o
utilizador tenha conhecimento disso
 Uma das acções que os vírus praticam é a
autopropagação, que consiste na contaminação
de outros programas fazendo com que estes
também fiquem infectados
Sistema de ficheiros
 Em Linux, os utilizadores normais não possuem
privilégios para modificar os ficheiros que contêm os
programas instalados no sistema
 Por esse motivo, mesmo que um utilizador executasse
um programa contendo vírus, este não se poderia
propagar aos outros programas
 É por esse motivos que praticamente não se
conhecem vírus para Linux e mesmo os poucos que se
conhecem nunca se propagaram em larga escala: diz-
se que o sistema operativo é virtualmente imune a
vírus
1.1.3 – A árvore de directorias do
Linux
A árvore de directorias do
Linux - /
 A directoria principal da árvore de directorias do
Linux chama-se root e costuma ser representada
pelo carácter «/»
 Dentro desta directoria, existem habitualmente as
seguintes subdirectorias:
Contém um conjunto mínimo de programas utilitários,
/bin que são usados durante o arranque do sistema
Arranque do sistema: contém um ficheiro com o núcleo
/boot (kernel) do sistema operativo e vários ficheiros auxiliares
A árvore de directorias do
Linux
Contém ficheiros que representam todos os dispositivos
/dev de hardware e periféricos do sistema
Contém a maioria dos ficheiros de configuração do
/etc sistema operativo

/home Directorias de trabalho dos utilizadores


Contém bibliotecas necessárias para que o sistema e os
programas possam funcionar.
/lib A subdirectoria «/lib/modules» contém módulos de
software com drivers, que podem ser carregados em
andamento no kernel do sistema
A árvore de directorias do
Linux
Directoria usada para aceder ao conteúdo de unidades de
/mnt discos amovíveis, como disquetes, CD-ROM, discos
magneto-ópticos, discos USB e drives ZIP
Contém ficheiros virtuais que representam o estado actual
/proc dos processos em execução e informação sobre o estado de
muitos componentes do sistema operativo
/root Directoria de trabalho do superutilizador
Contém os principais programas necessários para
/sbin
administrar e reparar o sistema operativo
Ficheiros temporários: todos os utilizadores podem criar
ficheiros de dados temporários nesta directoria. Estes
/tmp
ficheiros podem ser apagados sempre que o sistema
arranque
A árvore de directorias do
Linux
Contém mais subdirectórios com programas,
/usr
bibliotecas, utilitários, documentação, etc.
Contém ficheiros de dados do sistema operativo:
correio electrónico que entra e sai, ficheiros em fila de
espera para impressão, locks para impedir que vários
/var
utilizadores usem o mesmo periférico em simultâneo e
logs que registam todos os eventos que vão
acontecendo
Sempre que o sistema é desligado em andamento,
podem perder-se ficheiros. Quando o sistema arranca,
verifica todo o disco e os ficheiros perdidos são
/lost+found
enviados para esta directoria. Por regra, existe uma
directoria lost+found em cada partição e disco rígido
instalados no sistema
A árvore de directorias do
Linux - /usr
A directoria «/usr», também contém várias subdirectorias
importantes:
Local onde se encontra a esmagadora maioria dos
/usr/bin
programas e utilitários do sistema
Ficheiros de dados pertencentes a jogos (records,
/usr/games
níveis, figuras, etc.)
Ficheiros com dados e definições sobre o sistema
/usr/include operativo e as bibliotecas do sistema, utilizados nas
linguagens de programação C e C++
Muitos ficheiros contendo bibliotecas dinâmicas
/usr/lib partilháveis, que são utilizadas pelos programas
durante a sua execução
A árvore de directorias do
Linux - /usr
Local onde se encontra a maioria do programas
de administração do sistema e os deamons, ou
/usr/sbin
seja, os programas que implementam os vários
serviços
Ficheiros de dados partilhados pelos programas e
/usr/share aplicações. Possui várias subdirectorias, para cada
programa ou família de programas.
Numerosos ficheiros com documentação, manuais
/usr/share/doc e cursos sobre o sistema operativo, os serviços e
os programas instalados
Mais documentação, com informação e manuais
/usr/share/info sobre o sistema
A árvore de directorias do
Linux - /usr
Ficheiros onde são guardados os verdadeiros
/usr/share/man manuais do sistema (usados com o comando
«man»)
O código-fonte do sistema operativo. É utilizado
/usr/src pelos programadores que pretendem modificar o
sistema
/usr/X11R6 O sistema de janelas X e os seus programas
utilitários
ou /usr/X11
Contém as directorias onde são guardados
pacotes de software opcionais, que são
/usr/local
instalados manualmente pelo utilizador, pois não
fazem parte do sistema standard.
A árvore de directorias do
Linux - /var
A directoria «/var», subdivide-se em várias subdirectorias. As
mais relevantes são as seguintes:
Área onde são guardadas as filas de espera das
/var/spool impressoras e do correio electrónico
Área onde é registada a utilização de vários serviços e
/var/lock periféricos, para impedir que vários utilizadores e serviços
possam interferir uns com os outros
Inclui vários ficheiros com a identificação dos vários
processos responsáveis pelos serviços em funcionamento.
/var/run Estes ficheiros podem ser utilizados para parar ou terminar
os serviços
Vários ficheiros com o registo de praticamente todos os
/var/log eventos que acontecem no sistema (muito útil para efeitos
de segurança e administração).

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