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Introdução à Teoria de Grafos

Prof. Daniele Nantes


Coloração de Grafos- continuação
Aula 25

1 Coloração de Vértices - continuação


Se H é um subgrafo de G, então qualquer coloração de G produz uma coloração para H.
Como pode ser possível colorir H com menos cores, segue que

(H)  (G).

Exemplo 68. O grafo Q3 abaixo é planar, portanto (Q3 )  4.

Existe pelo menos um subgrafo de Q3 isomorfo a C4 , e (C4 ) = 2.


Exemplo 69. A árvore G abaixo é planar (toda árvore é planar!), portanto (G)  4.

S1 := {x, y, z} e S2 := {u, v} são conjuntos independentes de vértices. Então podemos


colorir os vértices de S1 com a cor 1 e os vértices de S2 com a cor 2. Observe que não
existe uma 1-coloração em G, logo (G) = 2.
O número clique de G é 2: !(G) = 2.

1.1 Limitantes para (G)


Definição 49. Um clique em um grafo G é um subgrafo completo de G. A ordem do
maior clique em um grafo G é o seu número clique, que é denotado por !(G). De fato,

↵(G) = k se, e somente se, !(G) = k.

Exemplo 70. A árvore G abaixo é 2-cromática.

O número clique de G é 2: !(G) = 2.

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Exercício 38. Verifique que !(G) = 2, para a árvore G do exemplo acima.

Em geral, não existe uma fórmula para o número cromático de um grafo. Encontrar o
número cromático de um grafo relativamente pequeno, ainda pode ser uma tarefa compli-
cada. O seguinte teorema apresenta limitantes inferiores para o número cromático de um
grafo G em termos do seu número clique !(G) e do número de independência de ↵(G) e
sua ordem n.

Teorema 50. Para todo grafo G de ordem n,


n
(G) !(G) e (G) .
↵(G)

Demonstração. A prova pode ser encontrada em [1], página 274.

Exemplo 71. Considere o grafo K3,3,3,3 com partições V1 , V2 , V3 e V4 abaixo: uma 4-


coloração de K3,3,3,3 pode ser dada colorindo-se os vértices em Vi com a cor i, para 1 
i  4.

A sua ordem é 12, o número de independência ↵(K3,3,3,3 ) = 3 e seu número clique


!(K3,3,3,3 ) = 4. Note que (K3,3,3,3 ) = 4 = !(K3,3,3,3 ) = 12
3
n
= ↵(K3,3,3,3 )
.

Exercício 39. Apresente o clique do grafo K3,3,3,3 acima.

O seguinte teorema apresenta um limitante superior para o número cromático de um


grafo G: o seu grau máximo (G).

Teorema 51. Para todo grafo G,

(G)  1 + (G).

Demonstração. A prova pode ser encontrada em [1], página 274.


Já observamos que se n 3 é ímpar, então (Cn ) = 3. Além disso, (Kn ) = n. Então,

(Cn ) = 1 + (Cn ), se n 3 é ímpar


e

(Kn ) = 1 + (Kn ).
O limitante do Teorema 51 pode ser ajustado para grafos que não são nem cíclos
ímpares e nem completos.

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Teorema 52 (Teorema de Brook). Para todo grafo conexo G que não é um ciclo ímpar
ou um grafo completo,
(G)  (G).
Demonstração. A prova pode ser encontrada em [1], página 275.
Exemplo 72. O grafo abaixo não é um ciclo ímpar e nem completo. Note que
(G) = 3  4 = (G).

Isto é, o grafo G é 3-cromático. Como G contém um triângulo, !(G) 3.


Exercício 40. Determine o clique de C5 .
O teorema trata de um limitante superior para o número cromático de G que depende
dos subgrafos induzidos H de G. Para lembrar, um subgrafo H de G é induzido se
sempre que u, v são vértice de H e uv é uma aresta de G, então H é uma aresta de H.
Teorema 53. Para todo grafo G,
(G)  1 + max{ (H)}
onde o máximo é tomado sobre todos os subgrafos induzidos H de G.
Exemplo 73. A árvore G abaixo é 2-cromática, i.e., (G) = 2.

Podemos observar dentre os subgrafos induzidos H de G, vale que (H)  1. Então,


(G) = 2  1 + max{ (H)}.

1.2 Grafos Perfeitos


O conceito de grafos perfeitos foi introduzido em 1963 por Claude Berge.
Definição 50. Um grafo G é perfeito se !(H) = (H) para todo subgrafo induzido H
de G.
O teorema abaixo foi provado em 1972, por László Lovász.
Teorema 54 (Teorema do Grafo Perfeito). Um grafo é perfeito se, e somente se, seu
complemento é perfeito.
O teorema abaixo foi provado em 2002, por Maria Chudnovsky, Neil Robertson, Paul
Seymour and Robin Thomas.
Teorema 55 (Teorema Forte do Grafo Perfeito). Um grafo G é perfeito se, e somente
se, nem G nem G contém um ciclo induzido de comprimento 5 ou mais.

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2 Coloração de Arestas
Definição 51. Uma coloração de arestas de um grafo não-vazio G é uma atribuição
de cores às arestas de G, uma cor para cada aresta, de forma que à arestas adjacentes
são atribuídas colores diferentes.
O menor número de cores necessário para colorir as arestas de G é chamado de índice
cromático e é denotado por 0 (G). Uma coloração de arestas que utiliza k cores é uma
k-aresta coloração.

Exemplo 74. O grafo G abaixo tem uma 4 aresta coloração.

Seja G um grafo que tem um vértice v de grau gr(v) = k 1. Então existem k arestas
incidentes com v. Qualquer coloração deve atribuir k cores distintas às arestas incidentes
a v e então 0 (G) gr(v) = k. Em particular,
0
(G) (G).

Exemplo 75. O grafo G abaixo tem grau máximo (G) = 3. Pela observação acima,
segue que 0 (G) 3.

Como apresentamos uma 4-coloração para G, segue também que 0


(G)  4. Então,
ou 0 (G) = 3 ou 0 (G) = 4.

Exercício 41. Prove que para o grafo G acima vale 0


(G) = 4.

Para o grafo da figura acima vale 0 (G) = 1 + (G).


O seguinte teorema deve ser considerado o teorema fundamental da coloração de ares-
tas de grafos.

Teorema 56 (Teorema de Vizing). Para todo grafo não-vazio G,


0
(G)  (G)  1 + (G).

Pelo Teorema de Vizing o índice cromático de um grafo não-vazio é um de dois números:


ou (G) ou (G) + 1.

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Exemplo 76. Para todo ciclo Cn , n 3, temos (Cn ) = 2 então 0
(Cn ) = 2 ou 0
(Cn ) =

3.

Considere um grafo de ordem n com uma coloração de arestas dada. Duas arestas que
tem a mesma cor não podem ser adjacentes. Desta forma não podemos ter mais do que
n
2
arestas de G que são coloridas da mesma maneira.

• Se n é ímpar, então o maior número de arestas que podem ser coloridas da mesma
cor é (n 2 1)

• Se n é par, então o maior número de arestas que podem ser coloridas da mesma cor
é n2

Podemos obter um resultado mais geral:

Teorema 57. Seja G um grafo de grau ímpar n e tamanho n. Se

(n 1) (G)
m> ,
2
então 0
(G) = 1 + (G).

Teorema 58. Para todo inteiro n 2,



0 n se n é ímpar
(Kn ) =
n 1 se n é par

Exemplo 77. Uma coloração das arestas de K4 :

Teorema 59 (Teorema de König). Se G é um grafo bipartido não-vazio, então


0
(G) = (G).

Referências
[1] Chartrand, G and Zhang, P. A First Course in Graph Theory. Dover, 2012.

[2] Bondy, J.A. and Murty, U. S. R. Graph Theory with Applications. MacMillan, 1976.

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