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BU L L Y I N G

O B R E I S S O
M O S F A L A R S
PRECISA

UM E-BOOK PREVENTIVO
ÍNDICE
03 I N T R O D U Ç Ã O

um mergulho nesse universo obscuro

07 O F E N Ô M E N O

etiologia
B U L L Y I N G

11 O C O N C E I T O D E

definições e contextualizações
B U L L Y I N G

15 O C O N C E I T O D E C Y B E R B U L L Y I N G

ultrapassando as barreiras físicas

18 A P R Á T I C A

causas e consequências
D O B U L L Y I N G

25 M O D U S O P E R A N D I N A S

maneiras de praticar e seus protagonistas


E S C O L A S

28 R E D U Ç Ã O D O B U L L Y I N G

projetos e práticas psicopedagógicas

33 C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S

bibliografia e links recomendados


1

INTRODUÇÃO

Um mergulho nesse universo obscuro.


No decorrer da presente obra,
imergiremos um pouco mais a
fundo neste universo que
começou a ser estudado e
discutido socialmente em
meados dos anos de 1980. Uma
série de estudos apontam a
manifestação do Bullying em
escolas ao redor de todo o
mundo, independente das
diferenças étnico culturais
presentes nas nossas relações
internacionais. Buscaremos
observar os aspectos que
envolvem o uso do termo
Bullying, como esse conceito é
apresentado, quais as causas e
consequências desse fenômeno
e o seu constante processo de
disseminação em solo brasileiro.
É notório que a apropriação do
termo Bullying para ações
conflitantes presentes em
diversos outros campos, provoca
problemas em sua identificação
e admite uma certa expansão do
fenômeno para além dos muros
da escola, como em residências,
ruas, quartéis, presídios ou em
ambientes profissionais. Por
conta disso, é preciso entender
que o direcionamento do uso
desse conceito para intimidações
existentes exclusivamente no
ambiente escolar, com as
características peculiares que o
diferencia de outras formas de
violência em contextos distintos,
é uma alternativa para evitar a
sua banalização.
Para que se possa delimitar as
fronteiras desse fenômeno
global, é imprescindível conhecer
a fundo a sua estrutura de
operação e tudo o que circunda
as causas e consequências para
os envolvidos, criando, assim,
políticas de combate e práticas
psicopedagógicas para a redução
de todos os traumas. A
especificação do que
entendemos por bullying no
Brasil, é condição essencial para
o seu conhecimento, diagnóstico,
prevenção, punição, tratamento
e repreensão da utilização
inadequada deste termo.
Estamos diante de uma nova
caracterização da violência,
desta vez em ambiente escolar.
2

O FENÔMENO
BULLYING

Etiologia.
O termo bullying passou a ser
estudado em todo o mundo após
pesquisadores e educadores de
alguns países da Europa
perceberem a forte ligação entre
a violência vivenciada por alunos
no ambiente escolar e uma série
de ataques ocorridos nestas
instituições de ensino,
verificando de que maneira isso
estava influenciando a vida dos
jovens em idade escolar. A busca
pelo conceito e caracterização do
fenômeno, culminou no presente
termo, utilizado na língua inglesa
para designar os conflitos e
agressões que se mantinham
durante muito tempo sobre um
aluno que não apresentava
resistência física ou psicológica.
Diante da dificuldade de
encontrar uma tradução do
termo para a língua portuguesa,
estudiosos brasileiros optaram
pelo seu uso em inglês,
substantivo derivado do verbo
bully, que significa "machucar ou
ameaçar alguém mais fraco para
forçá-lo a fazer algo que não
quer", definição proposta após o
Massacre de Columbine (1999).
Com o advento de pesquisas
mostrando os seus efeitos
trágicos, o Bullying passou a ser
conhecido e divulgado pela
mídia nacional. Somente em
2010, foram publicados mais de
nove livros dedicados ao assunto,
mostrando o destaque do tema
junto aos pesquisadores.
Com o processo de popularização
do termo Bullying, observamos
que o mesmo vem sendo
utilizado para designar outras
formas de violência que ocorrem
em locais que ultrapassam o
ambiente escolar. Essa extensão
do uso deste termo para além do
universo educacional, parece
prejudicar o entendimento da
população sobre a real
configuração do fenômeno e
suas causas e consequências,
que podem estar relacionadas
desde a timidez, isolamento
social e depressão, até o suicídio
ou ainda o homicídio seguido ou
não de suicídio, como no terrível
caso do Massacre de Realengo
(2011).
3

O CONCEITO DE
BULLYING

Definições e contextualizações
O Bullying é um fenômeno social
presente nas escolas com
características bastante
delimitadas. As diversas formas
de violência que os jovens
vivenciam nas instituições de
ensino são, muitas vezes,
desconsideradas, desconhecidas
ou tratadas com menos
importância pelo poder público,
assim como pela população em
geral, sobretudo o bullying. Ao
pensarmos na violência em
ambiente escolar, lembramos
imediatamente de valentões
munidos de drogas, depredando
o patrimônio, brigando nas
imediações da instituição,
praticando furtos e promovendo
o terror entre os demais alunos.
Aliado a esse tipo de violência
mais explícita e de percepção
instantânea, devemos nos
preocupar com outra forma de
coerção, intimidação, e agressão:
a forma velada. Esses
mecanismos se apresentam de
forma repetitiva, cruel, escondida
entre os grupos que excluem e
maltratam outros alunos. O
bullying se contextualiza como
um fenômeno complexo por se
munir tanto de traços da
violência explícita como da
manifestação das formas
anônimas, veladas e repetitivas,
buscando exercer um domínio
agressivo de outros estudantes
através desta propagação
frequente e habitual.
Não há uma definição universal
para o conceito de bullying, no
entanto, é amplamente aceito se
tratar de uma subcategoria de
comportamento agressivo
caracterizada pelos critérios de
intenção hostil, desequilíbrio de
poder e  repetição sobre um
período de tempo. O bullying
ocorre quando uma pessoa é
exposta, repetidamente e ao
longo do tempo, a ações
negativas por parte de uma ou
mais pessoas. Essas ações
negativas ocorrem quando um
estudante intencionalmente
inflige dano ou desconforto a
outro, através de contato físico,
através de palavras ou de outras
formas de intimidação.
4

O CONCEITO DE
CYBERBULLYING

Ultrapassando as barreiras físicas.


A popularização da internet
favoreceu o surgimento de mais
uma forma de manifestação
deste fenômeno: o denominado
bullying virtual ou cyberbullying.
Essa expansão é parte integrante
do bullying social e relacional, e
consiste nas agressões feitas em
páginas na web, e-mails,
mensagens de texto e redes
sociais. Já é possível defini-lo
como mais uma manifestação do
bullying, sendo capaz de
difundir, de modo avassalador,
calúnias e maledicências. Devido
ao seu caráter virtual, a
característica básica do
desequilíbrio de poder entre
agressor e vítima nem sempre
estará presente.
O que chama a atenção é que
além de apoiar o comportamento
hostil deliberado e repetitivo de
um grupo ou indivíduo, com a
intenção de ferir outras pessoas,
os autores, na maioria dos casos,
não se identificam para
assumirem seus atos e serem
devidamente punidos. Apesar de
terem gosto pela sensação
causada pela humilhação alheia,
os praticantes podem ser
processados, mas, na maioria das
vezes, as vítimas se sentem
ridicularizadas, envergonhadas, e
se omitem, não permitindo assim
que os agressores sejam punidos
pelos seus delitos virtuais, dando
sequência a difusão de seus
discursos de ódio.
5

A PRÁTICA DO
BULLYING

Causas e consequências.
O ato de agredir ou perseguir
alguém no ambiente escolar, traz
consequências graves. Segundo
o pesquisador norueguês Dan
Olweus, quase 60% dos
estudantes classificados como
agressores entre o sexto e nono
anos, possuem grandes chances
de serem condenados por pelo
menos um crime ainda na
juventude. Ainda como
consequência para os autores,
temos a ansiedade, intolerância,
agressividade constante e o
baixo rendimento escolar. O
autor de bullying possui
tendências a comportamentos
antissociais ou delinquentes, em
decorrência da falta de limites ou
de modelos educativos que
direcionem seu comportamento.
As regras de convívio escolar e
social são encaradas com
desmotivação, uma vez que eles
se sentem superiores aos demais
e aprenderam a conviver com as
próprias regras internalizadas,
que lhes dão mais notoriedade e
destaque perante os colegas.
Com causas na insegurança que
sentem, resultante da carência e
da ausência de limites, suas
ações não apresentam traços de
empatia. Adotam uma postura
desafiadora frente às figuras de
autoridade como os pais,
professores e policiais, e tendem
a praticar o assédio moral em
diferentes meios, além de
apresentarem baixa resistência à
frustração.
Com relação aos receptores das
agressões, alguns pesquisadores
identificaram a existência de
subgrupos com características
distintas. As vítimas indiretas,
por exemplo, são aquelas
afetadas pelo medo e ansiedade
em decorrência de uma cultura
escolar que permite situações de
bullying, seja por medo de um
marketing negativo para a
escola, seja por receio de assumir
que nestas instituições ocorrem
situações degradantes como as
que caracterizam o fenômeno.
Assim, elas vivenciam o medo
constante dentro destas escolas
sem uma perspectiva de ter seus
problemas resolvidos pelos
responsáveis.
Independente da maneira com
que a vítima absorve o Bullying,
os efeitos das agressões sofridas
são sempre graves. As vítimas
podem ter suas vidas marcadas
pela insegurança, ansiedade,
angústia, medo. Tais sentimentos
prejudicam sua capacidade de
raciocínio e aprendizado,
potencializando o surgimento de
um perfil emocional que o
agressor entenderá como fraco e
incapaz de oferecer resistência.
Nesse caso, a vítima poderá ter
dificuldade no desenvolvimento
da capacidade de criatividade e
liderança, bem como sérios
problemas na construção de
vínculos afetivos, familiares,
sociais e laborais.
Grande parte das vítimas sofrem
até a vida adulta com as
consequências das situações de
bullying vivenciadas ao longo de
toda a juventude num ambiente
escolar tóxico. Entre os
problemas mais comuns estão o
sintoma psicossomático,
transtorno do pânico, fobia
escolar, fobia social ou
Transtorno de Ansiedade Social,
Transtorno de Ansiedade
Generalizada, depressão,
anorexia e bulimia nervosas,
Transtorno Obsessivo
Compulsivo, Transtorno do
Estresse Pós-Traumático e, em
alguns casos menos frequentes,
a esquizofrenia e o suicídio ou
homicídio seguido de suicídio.
É válido destacar que estas
consequências não estarão
presentes em todos aqueles que
são ou foram vítimas deste
fenômeno no ambiente escolar.
Contudo, resta evidente que os
efeitos podem ser bastante
danosos, independente da
maneira com que outras pessoas
imaginam estas relações
conflituosas, acreditando que
podem fortalecer o caráter e
preparar o adolescente para uma
vida adulta. Devemos refletir
que, além de o bullying ser uma
prática inaceitável nas relações
interpessoais, pode levar a
quadros clínicos que exigem
cuidados médicos e psicológicos
difíceis de serem superados.
6

MODUS OPERANDI
NAS ESCOLAS

Maneiras de praticar e seus protagonistas.


Os autores agressivos, principais
protagonistas do bullying,
podem ser de ambos os sexos e
tendem a ser fisicamente mais
fortes, além de contarem com
um temperamento explosivo,
excesso de confiança e ausência
de compaixão. Já os autores
passivos são inseguros, possuem
baixa autoestima e são menos
populares. O terceiro tipo de
agressores, chamados de
vítimas-agressoras, representam
uma pequena parte dos
praticantes do bullying. Elas são
ou foram vítimas de agressões
por possuírem um aspecto mais
frágil fisicamente. Podemos dizer
que a agressividade é o elemento
comum entre todos os tipos.
O seu modus operandi  inclui
uma gama de comportamentos
maliciosos, incluindo a violência
e a ameaça física, além da
intimidação verbal. Os bullies
tendem a insultar ou ridiculizar,
humilhando as vítimas com
termos obscenos e pejorativos.
Os agressores também
costumam espalhar mentiras ou
fofocas sobre os demais colegas.
O bullying verbal pode ocorrer
pessoalmente ou de maneira
indireta através da  internet
(cyberbullying). As justificativas
para tais comportamentos às
vezes incluem diferenças
de  classe social, raça, religião,
gênero, orientação sexual,
aparência ou personalidade.
7

REDUÇÃO DO
BULLYING

Projetos e práticas psicopedagógicas.


A percepção do aumento dos
índices de violência no ambiente
escolar, tem trazido dificuldades
para os educadores no que tange
a busca pelo bom ensino e
também na tentativa de sanar o
problema, porém esse espaço
ainda é pouco explorado em
pesquisas psicopedagógicas. A
preocupação com as graves
consequências provocadas pelo
bullying, têm gerado esforços
para identificar, prevenir e
combater suas práticas em vários
países, indo desde projetos de
intervenção dentro das
instituições de ensino até a
criação de leis que tratem do
assunto ou que pretendam
criminalizar as atitudes dos
jovens agressores.
Como se sabe, existem diferentes
maneiras de se abordar o
bullying e de enfrentar suas
manifestações, tendo a
prevenção como maior objetivo.
Embora existam métodos
importantes, não podemos
considerar a existência de uma
fórmula mágica aplicada sem
contextualizá-la e adaptá-la à
realidade de um ambiente
escolar específico. O bullying é
um fenômeno complexo e suas
manifestações variam de escola
para escola. É preciso observar
de que maneira ele ocorre na
instituição e promover um
enfrentamento com foco na
prevenção baseada neste
ambiente e em suas implicações.
Não seria nenhum exageiro
encarar o bullying como uma
pauta dos direitos humanos.
Todas as pessoas, especialmente
as crianças, têm o  direito  de
serem tratadas com dignidade.
Em muitos países, existem
legislações que combatem a
violência, mas tais mecanismos
nem sempre se aplicam ao
bullying. Em face disso, muitos
governos na  América do
Norte,  Europa  e  Austrália, já
aprovaram leis anti-bullying.
Além de proibir a conduta,
concedem às vítimas o direito de
mudar de escola. Também
podem exigir que as escolas
adotem programas direcionados
aos alunos e aos professores.
O combate a situações
agressivas deve fazer parte da
vida acadêmica dos alunos e do
plano de ensino dos professores,
tornando-se rotina dentro da
instituição, pois uma vez que o
assunto é abordado de forma
clara, precisa, preventiva e
informativa, é possível
disseminar uma visão crítica
sobre o Bullying, tanto
diretamente quanto
indiretamente, tornando o
assunto mais presente no meio
escolar, trazendo para os
estudantes a responsabilidade da
instalação deste fenômeno no
ambiente em que estão imersos,
inserindo eles mesmos na
supervisão desse mal tão atual.
8

CONSIDERAÇÕES
FINAIS

Bibliografia e links recomendados.


Ao longo do conteúdo abordado
neste E-book, entendemos o
Bullying como um risco iminente
para vítimas, agressores e
espectadores. A "brincadeira"
que se faz a algumas pessoas
com o intuito de ridicularizar,
expondo-as aos demais, pode ser
muito destrutiva para todos os
envolvidos. O meio em que tal
situação acontece também pode
ser prejudicial à evolução social
dos jovens. É preciso desenvolver
um olhar criterioso para esta
problemática a fim de
analisarmos e desenvolvermos
estratégias para o seu combate,
que tem se provado tão
destrutivo para as estruturas
emocionais dos indivíduos.
Referências Bibliográficas:

REBOUÇAS, Fernando. Estigma e


Identidade Social. In: Info Escola/
Sociologia. 2008. Disponível em
http://www.infoescola.com/socio
logia/estigma-e-identidade-
social Acesso em 28/05/2012.

ROLIM, Marcos. Bullying: o


pesadelo da escola. Porto Alegre
: Ed. Dom Quixote, 2010.

FREIRE, A.N, A Contribuição da


Psicologia Escolar na Prevenção
e no Enfrentamento do Bullying.
Psicol. Esc. Educ., Maringá, v.16,
n.1, June 2012 .

https://search.scielo.org/bullying
/soescola @soescola

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