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Constituições de 1822 e1838, Carta Constitucional de 1826

Constituição de 1822
A Constituição de 1822 surgiu de um momento de revolta, pois o rei, (D.João VI), encontra-se
exilado no Brasil devido às invasões Francesa e Inglesa. Passada a guerra o rei continuava no
Brasil sem compartilhar com o povo os cuidados de reconstrução material e moral do reino, por
isto o povo encontrava-se ressentido, já que havia um sentimento de paternalismo por parte do
povo em relação ao rei . O povo sentia-se abandonado e revoltado, já que tinha um rei, mas ausente
e sem justificação para esta constante ausência. O país necessitava de dinheiro para a sua
reconstrução e grandes somas eram anualmente enviadas de Portugal para o Brasil, a irritação
contra as autoridades britânicas que preponderavam no governo, criaram o ambiente propicio à
revolução que veio a estalar em 1820, (revolução liberal). A grande maioria dos que inicialmente
apoiaram a revolução queria o regresso do rei, a independência nacional, um governo melhor.
Para a eclosão da revolução contribuiu também a Constituição de Cádis de 1812.
Da revolução de 1820 saiu uma Junta Provisional do Governo Supremo do Reino que mandou
proceder à eleição de deputados às Cortes Extraordinárias Constituintes, a eleição destes deputados
era feita do seguinte modo: cada freguesia elegia um eleitor paroquial; estes por sua vez elegiam os
eleitores de comarca; e estes últimos , reunidos em cada província elegiam os deputados dela.
As Cortes iniciam os seus trabalhos para a elaboração da Constituição, baseados na
Constituição de Cádis de 1812 e na Constituição Francesa. Após longa discussão a Constituição
veio a ser aprovada em 23 de Setembro de 1822. Esta Constituição visa consagrar os direitos
fundamentais: segurança, liberdade, propriedade, igualdade,(a lei é igual para todos). Nesta
Constituição também estão enumerados os deveres: venerar a religião, amar a pátria , defende-la
pelas armas quando for chamado pela lei, obedecer á Constituição e ás leis, respeitar as autoridades
publicas, e contribuir para as despesas do estado. Os poderes de estado são: legislativo, executivo e
judicial. O primeiro reside nas Cortes, com dependência da sanção do rei. O segundo está no rei e
nos Secretários de Estado. O terceiro está nos juizes. Os três poderes são independentes e nenhum
arrogar-se atribuições do outro. A Constituição visa ainda a soberania indivisível e inalienável da
Nação. O poder do rei provem da Nação.

Carta constitucional de 1826


O rei elabora-a para o povo, nesta carta é o próprio rei que se dirige ao povo na Constituição de
1822 eram as Cortes.
A maior novidade da carta é reconhecer quatro poderes: o legislativo, o moderador, o executivo
e o judicial. O poder legislativo competia ás Cortes com a sanção do rei. O poder moderador,
«chave de toda a organização política», é atribuído ao rei como chefe supremo da Nação. Este
“novo” poder convoca as Cortes,(bicamarárias), nomeia os pares, dissuluí a Câmara de deputados,
nomeia e demite o Governo, suspende os magistrados, atribui as amnistias e os perdões, veta
definitivamente sobre as Cortes, ou seja, de modo suave o rei passa a ter poder absoluto de novo.
Há uma revalorização dos direitos fundamentais e uma reafirmação das liberdades já
consagradas na Constituição de 1822.As liberdades que se mantiveram de 1822 para 1826 foram:
proibição da retroactividade da lei penal incriminadora; liberdade de deslocação e de migração;
liberdade de trabalho e emprego; educação primária gratuita e universal.
O grande objectivo desta Carta é conciliar o antigo regime e o liberalismo
Esta Carta vigora duas vezes.
Revolução de Setembro de 1836
Os primeiros anos de governo liberal foram árduos e agitados. A revolução de Setembro de
1836 derrubou o governo e alçou ao poder a oposição democrática, que, para marcar a sua intenção
renovadora, aboliu a Carta Constitucional e declarou em vigor a Constituição de 1822.
Foi, porém impossível executar a Constituição de 1822, por isso a ditadura setembrista violou a
Constituição sempre que foi preciso, assim sendo , a Constituição de1822 fora posta em vigor
«com as modificações que as circunstâncias fizessem necessárias» e nesses termos fora jurada.

Constituição de 1838
É uma Constituição compromissória que tenta equilibrar a Constituição de 1822,(liberais) e a
Carta Constitucional de 1826,(absolutistas).
Esta Constituição regressa à concepção clássica dos três poderes: o legislativo, que compete às
Cortes, com a sanção do rei; o executivo, que compete ao rei e é exercido pelos ministros; e o
judicial, atribuído aos juizes e jurados. As Cortes compunham-se de duas Câmaras: a dos senados e
a dos deputados. Ambas eram eleitas por sufrágio directo e restrito. Os deputados eram eleitos por
três anos, e todas as vezes que houvesse eleições para deputados seria renovada metade da Câmara
dos senadores. As leis deviam ser aprovadas pelas duas Câmaras.
O rei não tinha, como, como na Carta, um poder próprio mas era apresentado como chefe do
poder executivo, competindo-lhe sancionar as leis com veto absoluto e dissolver a Câmara dos
deputados quando assim o exigisse a salvação do Estado. Pertencia-lhe nomear e demitir
livremente os ministros.
A Constituição de 1838 afirmou, como em 1822, que a soberania reside essencialmente na
Nação, suprimiu a Câmara dos pares e adoptou o sufrágio directo, embora o mantivesse restrito
para firmar o Governo da burguesia.
Mas, contem modificações importantes em relação à Constituição de 1822 e onde se reflecte a
influencia da Carta: sobretudo no engrandecimento da função real, à qual reservava os direitos de
sanção e dissolução, e no bicameralismo, com o seu senado restritíssimo de notabilidades.
Esta Constituição vigorou apenas desde 4 de Abril de 1838 a 10 de Fevereiro de 1842 e teve
uma vida acidentada.

Sara Cristina Rodrigues


Nº aluna 990582

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