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Autoria
PRISCILLA FARIAS PITTS - priscillafpitts@gmail.com
Resumo
Este artigo apresenta a evolução do conceito da responsabilidade socioambiental até os dias
atuais e como o movimento B está integrado ao papel social das organizações. Pautas como
mudanças climáticas, pobreza e desigualdade social estão na mira das organizações que
desejam atuar de forma ética e responsável, assim buscam a certificação B para comunicar à
sociedade o empenho em “ser melhor para o mundo”. Os estudos sobre as empresas B estão
avançando na academia e o aumento do número de certificações sinaliza que o movimento
está em expansão. Por essa razão, torna-se cada vez mais necessário aprofundar o debate
sobre o movimento B e como as organizações e sociedade são impactadas. Diante desse
contexto, sugerimos a metodologia de pesquisa-ação como um dos caminhos viáveis de
pesquisas em estudos organizacionais podem contribuir, sobretudo na prática, para ações
mais concretas que gerem práticas organizacionais sustentáveis para a sociedade em que
vivemos.
XI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD - EnEO 2022
On-line - 26 - 27 de mai de 2022 - 2177-2371
Introdução
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XI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD - EnEO 2022
On-line - 26 - 27 de mai de 2022 - 2177-2371
O Movimento B Corp
em 2006 nos Estados Unidos com a fundação da B-Lab, uma organização sem fins
lucrativos que atua na certificação de empresas que se empenham em atender padrões de
performance ambiental e social, de prestação de contas e de transparência (B-Lab, 2022),
o movimento B Corp busca utilizar a força dos negócios para promover o equilíbrio entre
lucro e propósito, possibilitando “a construção de um sistema econômico mais inclusivo,
equitativo e regenerativo para as pessoas e para o planeta” (Empresas B, 2022).
Para se tornar uma empresa certificada, a organização precisa atender 3 requisitos:
1) Obter no mínimo 80 pontos de 200 na Avaliação de Impacto B; 2) Incluir no estatuto
social da empresa cláusulas que garantam o compromisso de ir além de seus interesses
financeiros e econômicos em suas tomadas de decisão; e 3) Assinar o Contrato de
Empresa B e a Declaração de Interdependência (Sistema B, 2022).
Até fevereiro de 2022, conforme o site da organização B Corporation, são 4.688
companhias certificadas distribuídas em 78 países. Na América Latina, o movimento
iniciou em 2011 e o Brasil, um dos primeiros países fora da América do Norte a ter
empresa certificada, aderiu ao movimento em 2013. No país, até fevereiro de 2022, 233
organizações são certificadas como B Corp (B-Lab, 2022).
A certificação trata-se de um processo voluntário dirigido pelo B-Lab, em que
cinco áreas de impacto da organização candidata são avaliadas, sendo elas: social,
ambiental, clientes, comunidades e governança. O Sistema B define a certificação como
sendo uma revisão detalhada de todas as áreas da empresa, revelando quais temas a
empresa já se destaca e quais pontos de melhoria para uma gestão mais transparente e
responsável ao longo do tempo.
O movimento B Corp e a respectiva certificação se diferenciam das demais
práticas de responsabilidade socioambiental por se tratar de uma avaliação que “aborda a
empresa como um todo, suas práticas de gestão e a relação com os multistakeholders”
(RODRIGUES; COMINI, 2019; PAELMAN et al., 2020). Apesar da pontuação da
certificação relacionar-se ao quanto a empresa atende aos quesitos do questionário
denominado “Avaliação de Impacto B” (Empresa B, 2022), a alta pontuação não é prova
de que a empresa incorporou valores socioambientais ao seu core, pois a certificação é o
primeiro passo, sendo necessário investigar se após a aquisição do selo, as organizações
continuam a desenvolver melhorias junto aos stakeholders (RODRIGUES; COMINI,
2019). Conforme afirma Villela et al. (2017), ainda é limitada a investigação empírica
sobre a evolução das empresas certificadas no Sistema B quanto aos aspectos financeiros
e sociais, apesar do crescente estudo.
Diversas são as motivações que levam as empresas a buscarem a certificação. Para
Rodrigues e Comini (2019), a ideologia do movimento e a possibilidade de atrair
investidores de impacto são as principais motivações. Barki (2017) apontou que a
certificação é uma demonstração à sociedade do engajamento da empresa nas questões
sociais e ambientais, diferenciando das demais organizações. Compartilhar valores
similares em uma comunidade de negócios também tem sido uma das justificativas
apontadas (VILLELA et al. 2017; RODRIGUES; COMINI, 2019).
Quanto ao aspecto ideológico, em um estudo realizado por Villela et al. (2017)
com 4 empresas brasileiras, foi demonstrado que, apesar das organizações estudadas não
terem nascido como empresas B, os fundadores demonstraram interesse desde a fundação
em construir negócios socioambientalmente responsáveis assim como lucrativos. Ou seja,
as empresas “nasceram desde o início híbridas, mas com variadas formas de estrutura e
orientadas pelos valores dos fundadores” (Villela et al., 2017, p. 6, tradução nossa). O
Relatório anual de 2020 demonstra que mais da metade das empresas certificadas no
Brasil são de serviço com pegada ecológica pequena (Sistema B, 2022), ratificando o
posicionamento dos fundadores como um fator importante na decisão pela certificação.
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Considerações Finais
Referências Bibliográficas
BARKI, E. Beyond the Base of the Pyramid: For an Inclusive and Purposeful
Capitalism. Revista Interdisciplinar de Marketing, v. 7, n. 1, p. 77-85, 2017.
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XI Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD - EnEO 2022
On-line - 26 - 27 de mai de 2022 - 2177-2371
VILLELA, M., BULGACOV, S.; MORGAN, G. B Corp certification and its impact on
organizations over time. Journal of Business Ethics, v. 170, n. 2, 2021.