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Manual de química para o Iº trimestre

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Tema1: Funções inorgânicas

As funções inorgânicas são os grupos de compostos inorgânicos que apresentam


características semelhantes.

Uma classificação fundamental em relação aos compostos químicos é: os


compostos orgânicos são aqueles que contêm átomos de carbono, enquanto os
compostos inorgânicos são formados pelos demais elementos químicos.

Há excepções como, por exemplo, CO, CO2 e Na2CO3, que embora apresentem
o carbono na fórmula estrutural, possuem características de substâncias inorgânicas.

As quatro principais funções inorgânicas são: ácidos, bases, sais e óxidos.

Essas 4 funções principais foram definidas por Arrhenius, químico que


identificou iões nos ácidos, nas bases e nos sais.

1.1 Ácidos

Ácidos são compostos covalentes, ou seja, que compartilham eletrões nas suas
ligações. Eles têm a capacidade de ionizar em água e formar cargas, liberando o H+
como único catiões.

Características dos ácidos

As principais características dos ácidos são:

 Têm sabor azedo.


 Conduzem corrente eléctricas, pois são soluções electrolíticas.
 Formam o gás hidrogénio quando reagem com metais, como magnésio e zinco.
 Formam gás carbónico ao reagir com carbonato de cálcio.
 Alteram para uma cor específica os indiciadores ácido-base (papel de tornassol
azul fica vermelho).

Nomenclatura dos Ácidos


A nomenclatura dos ácidos é feita de acordo com a presença ou não de oxigénio
na molécula, assim sendo, teremos: Hidrácidos e Oxiácidos.
1 - Hidrácidos: são ácidos cuja molécula não contém oxigénio.
A nomenclatura dos hidrácidos obedece ao esquema:
ÁCIDO nome do elemento sem a última vogal ÍDRICO
Quando o nome do anião termina em eto o nome do ácido termina em idrico.
HCl: ácido clorídrico ……………………………………. anião cloreto (Cl-)
HCN: ácido cianídrico
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HBr: ácido bromídrico


HI: ácido iodídrico ………………………………………... anião iodeto (I-).
2 – Oxiácidos: são ácidos cuja molécula contém oxigénio.
A nomenclatura dos oxiácidos segue o esquema:
ÁCIDO nome do elemento central ICO
H2SO4: ácido sulfúrico
H2CO3: ácido carbónico
HClO3: ácido clórico
Quando o nome do anião termina em ito o nome do ácido termina em oso
H2SO3: ácido sulfuroso …………………………………….. anião sulfito (𝑆𝑂3−2 )
HNO2: ácido nitroso ……………………………………….. anião nitrito (𝑁𝑂2− )
Acontece, por vezes, que esses elementos podem ainda formar ácidos diferentes,
que distinguem - se entre si, pelo número de oxigénio presentes na molécula.
Para os distinguir acrescenta – se ao nome respectivo o prefixo Hipo para o que
tiver menor número de átomo de oxigénio e o prefixo Per para o que tiver maior
número de átomo de oxigénio.
Por exemplo, o nitrogénio pode formar três oxiácidos diferentes:
𝐻2 𝑁2 𝑂2 , 𝐻𝑁𝑂2 , 𝐻𝑁𝑂3 , cujos nomes são:
 𝐻2 𝑁2 𝑂2 : ácido hiponitroso
 𝐻𝑁𝑂2 : ácido nitroso
 𝐻𝑁𝑂3 : ácido nítrico
O fósforo forma os ácidos:

 𝐻3 𝑃𝑂2: ácido hipofosforoso


 𝐻3 𝑃𝑂3: ácido fosforoso
 𝐻4 𝑃2 𝑂6 : ácido hipofosfórico
 𝐻3 𝑃𝑂4: ácido fosfórico
O cloro forma os seguintes ácidos:
 𝐻𝐶𝑙𝑂:ácido hipocloroso
 𝐻𝐶𝑙𝑂2: ácido cloroso
 𝐻𝐶𝑙𝑂3: ácido clórico
 𝐻𝐶𝑙𝑂4: ácido perclórico

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1.2 Bases ou Hidróxidos

Bases são compostos iónicos formados por catiões, na maioria das vezes de
metais, que se dissociam em água liberando o aniões hidróxido (OH-).

Características das bases

 A maioria das bases são insolúveis em água.


 Conduzem corrente eléctrica em solução aquosa.
 São escorregadias.
 Reagem com ácido formando sal e água como produtos.
 Alteram para uma cor específica os indiciadores ácido-base (papel de tornassol
vermelho fica azul).

Nomenclatura dos Hidróxidos ou Bases


Os hidróxidos são constituídos por hidróxidos catiões metálicos e aniões (HO-) e
as suas soluções aquosas apresentam carácter básico, mais ou menos acentuado; daí a
razão de serem conhecidos também por bases.
Ao contrário dos ácidos, a nomenclatura dos hidróxidos ou bases é muito
simples e obedece ao esquema:
Hidróxido de nome do catião presente

 𝐾 + 𝐻𝑂− : hidróxido de potássio


 𝑁𝑎+ 𝐻𝑂− : hidróxido de sódio
Pode acontecer que um mesmo elemento venha a formar mais de uma base.
Para estes casos, usa – se a terminação oso, para o que tem menor número de
grupos (HO-) e a terminação ico, para o que tem maior número de grupos (HO-).
Por exemplo, o elemento ferro forma duas bases: 𝐹𝑒(𝐻𝑂)2 , 𝐹𝑒(𝐻𝑂)3.
Então:

 𝐹𝑒(𝐻𝑂)2 : hidróxido ferroso


 𝐹𝑒(𝐻𝑂)3 : hidróxido férrico
O elemento cobre forma duas bases: 𝐶𝑢(𝐻𝑂), 𝐶𝑢(𝐻𝑂)2 .
Então:
 𝐶𝑢(𝐻𝑂): hidróxido cuproso
 𝐶𝑢(𝐻𝑂)2 : hidróxido cúprico
No entanto, segundo recomendação da IUPAC hoje a tendência é indicar o
número de grupos (HO-) por algarismos romanos em vez da terminação oso e ico.

 𝐹𝑒(𝐻𝑂)2 : hidróxido de ferro II


 𝐹𝑒(𝐻𝑂)3 : hidróxido de ferro III
 𝐶𝑢(𝐻𝑂): hidróxido de cobre I
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 𝐶𝑢(𝐻𝑂)2 : hidróxido de cobre II

1.3 Sais

Sais são compostos iónicos que apresentam, no mínimo, um catião diferente de


H e um anião diferente de OH-.
+

Um sal pode ser obtido em uma reacção de neutralização, que é a reacção entre
um ácido e uma base. A reacção do ácido clorídrico com hidróxido de sódio produz
cloreto de sódio e água.

O sal formado é composto pelo anião do ácido (Cl-) e pelo catião da base (Na+).

Características dos sais

 São compostos iónicos.


 São sólidos e cristalinos.
 Sofrem ebulição em temperaturas altas.
 Conduzem corrente eléctrica em solução.
 Têm sabor salgado.

Nomenclatura dos sais


Os sais são compostos iónicos que resultam da reacção de um ácido com uma
base.
São por isso, formados por catiões( com excepção do ião hidrogénio H+), e por
aniões (com excepção do ião hidróxido HO-) os seus nomes obedecem ao esquema:
Acrescentar ao nome do anião o nome do catião presente no sal. Por exemplo:

 𝑁𝑎𝐶𝑙: cloreto de sódio


 𝐾2 𝑆: sulfureto de potássio
 𝐾𝑁𝑂3: nitrato de potássio
 𝐶𝑎𝐶𝑂3: carbonato de cálcio

1.4 Óxidos

Óxidos são compostos binários (iónicos ou moleculares), que têm dois


elementos. Possuem oxigénio na sua composição, sendo ele o elemento mais
electronegativo.

Características dos óxidos

 São substâncias binárias.


 São formados pela ligação do oxigénio com outros elementos, excepto o flúor.
 Óxidos metálicos, ao reagir com ácidos, formam sal e água.
 Óxidos não metálicos, ao reagir com bases, formam sal e água.

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Nomenclatura dos Óxidos


Os óxidos podem ser: moleculares e iónicos
Nomenclatura dos óxidos molecular
Para dar nome a esses óxidos, usa – se o termo óxido, seguido do nome do não –
metal, acrescentando – se um prefixo indicativo do número de átomos de oxigénio, ou
do não – metal presentes na molécula. Por exemplo:

 𝐶𝑂: monóxido de carbono


 𝐶𝑂2: dióxido de carbono
 𝑆𝑂3: trióxido de enxofre
 𝑁2 𝑂4: tetróxido de azoto
Nomenclatura dos óxidos molecular
Os óxidos iónicos são formados por aniões óxido (O-2) e catiões metálicos nas
proporções estequiometricamente bem definidos. O nome é formado pelo termo óxido
seguido do nome dos catiões metálicos presentes. Por exemplo:
 Li2O: Óxido de lítio ………………………………….. (𝐿𝑖 + )2 𝑂−2
 CaO: Óxido de cálcio ………………………………… 𝐶𝑎+2 𝑂−2
 Al2O3: Óxido de alumínio ……………………………. (𝐴𝑙 +3 )2 𝑂3−2
 CuO: Óxido de cobre II ………………………………. 𝐶𝑢+2 𝑂−2
Ainda podemos encontrar óxidos, em que dois átomos de oxigénio, encontram –
se ligados entre si por uma ligação covalente. A esses óxidos chamam – se peróxidos.
Podem ser iónicos, os peróxidos de metais; ou moleculares, como o peróxido de
hidrogénio. Por exemplo:
 𝑵𝒂𝟐 𝑶𝟐 : peróxido de sódio
 𝑪𝒂𝑶𝟐 : peróxido de cálcio
 𝑯𝟐 𝑶𝟒 : peróxido de hidrogénio ( água oxigenada).

Obs: para além das quatro funções inorgânicas já mencionadas anteriormente,


podemos encontrar dentre elas os hidretos. Os hidretos são também compostos iónicos,
mas caracteriza – se pela presença de aniões hidreto (H-), seguido de catiões metálicos.
Os seus nomes formam – se acrescentando ao termo hidreto o nome dos catiões
metálicos presentes. Por exemplo:

 NaH: hidreto de sódio ……………………. 𝑁𝑎 + 𝐻 −


 KH: hidreto de potássio ………………….. 𝐾 + 𝐻 −
 CaH2: hidreto de cálcio …………………… 𝐶𝑎+2 (𝐻 − )2

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Tema2: Electroquímica

Electroquímica é uma área da química que estuda as reacções que produzem


corrente eléctrica através de reacções chamadas de oxidação e redução.

Também estuda as reacções que ocorrem por intermédio do fornecimento de


corrente eléctrica, conhecidas como electrólise. Nessas situações, ocorrem trocas de
electrões entre os átomos e os iões.

A electroquímica está muito presente no nosso dia a dia. Está presente


basicamente em pilhas e baterias utilizadas em aparelhos electrónicos, como celular,
controle remoto, lanternas, filmadoras, calculadoras, brinquedos electrónicos, rádios à
pilha, computadores e muitos outros.

As reacções de oxirredução (oxidação e redução) também estão presentes no


quotidiano, como na oxidação do ferro (formação da ferrugem), redução de minérios
metálicos para a produção de metais, formação do aço, corrosão de navios, etc.

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A conversão de energia química em energia eléctrica é um processo espontâneo,


chamado de pilha ou célula galvânica.

A conversão de energia eléctrica em energia química é um processo não-


espontâneo, chamado de electrólise.

2.1 Número de oxidação (NOX)

Para a compreensão da electroquímica, é necessário saber calcular o número de


oxidação das substâncias envolvidas em uma reacção química.

O número de oxidação ou NOX deve ser calculado da seguinte maneira:

1) Substância Simples: ZERO (porque não há perda e nem ganho de electrões).


Exemplos:
H2 NOX H = 0
Fe NOX Fe = 0
O3 NOX O = 0

2) Átomo como íon simples: Sua própria carga.


Exemplos:
Na+ NOX Na = 1+
S2- NOX S = 2-
H+ NOX H = 1+

3) Metais alcalinos à esquerda da fórmula: 1+


Exemplos:
NaCl NOX Na = 1+
LiF NOX Li = 1+
K2S NOX K = 1+

4) Metais alcalino-terrosos à esquerda da fórmula: 2+


Exemplos:
CaO NOX Ca = 2+
MgS NOX Mg = 2+
SrCl2 NOX Sr = 2+

5) Halogênios: 1-
Exemplos:
NaCl NOX Cl = 1-
KF NOX F = 1-
K2Br NOX Br = 1-

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6) Calcogênios: 2-
Exemplos:
CaO NOX O = 2-
ZnO NOX O = 2-
MgS NOX S = 2-

7) Ag, Zn e Al: 1+, 2+, 3+


Exemplos:
AgCl NOX Ag = 1+
ZnS NOX Zn = 2+
Al2S3 NOX Al = 3+

8) Hidrogênio em composto: 1+
Exemplo:
H2O NOX H = 1+

9) Hidreto metálico (hidrogênio do lado direito da fórmula): 1-


Exemplo:
NaH NOX H = 1-

10) Oxigênio em composto (regra dos calcogênio): 2-


Exemplo:
H2O NOX O = 2-

11) Oxigênio com flúor: 1+ e 2+


Exemplos:
O2F2 NOX O = 1+
OF2 NOX O = 2+

12) Peróxidos (oxigênio + alcalino / alcalino terroso): 1-


Exemplos:
H2O2 NOX 0 = 1-
Na2O NOX 0 = 1-

13) Superóxidos: -
Exemplo:

K2O4 NOX O = -

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2.1.1 Cálculo de NOX

Para as substâncias com dois ou mais elementos químicos:

- soma do NOX de todos os átomos = zero


- soma do NOX de todos os átomos em um ião composto = sua carga

Exemplo: para encontrar o NOX do H na água, sabendo apenas o NOX do O, pode-se


colocar em cima da fórmula o NOX e em baixo o somatório. Assim:

1+ 2- → NOX

H2O → elemento químico


______

2+ 2- = 0 → somatório

Neste caso, o NOX do O é 2-. Multiplica-se o NOX pelo número de átomos de


O, então 2-

Como a água é uma substância que está no seu estado neutro (não é um iões), o
somatório de cargas é zero. O H soma 2+, por este motivo.

Para achar o NOX do H, divide-se o número do somatório do H pelo número de


átomos de H. Como existem dois átomos de H, o NOX será 1+

2.2 Reacção de Oxirredução

É a reacção química que se caracteriza pela perda ou ganho de electrões. É a


transferência de electrões de uma espécie química para a outra. Ocorrem dois
fenómenos: oxidação e redução.

Oxidação – perda de electrões, onde aumenta o NOX. Agente redutor.


Redução – ganho de electrões, onde diminui o NOX. Agente oxidante.

Ex:

2.2.1 Acerto de equação de Oxirredução

Considerando a reacção de oxidação -redução em meio ácido, acerte a equação:

SO32- + MnO4- → SO42- + Mn2+

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Resolução:

1. Escrita das semi-reacções de oxidação e de redução:

Semi-reacção de redução: MnO4- → Mn2+

Semi-reacção de oxidação: SO32- → SO42-

2. Os elementos que alteram o seu estado de oxidação, o Mn e o S, estão certos


logo, neste passo, não há acertos a fazer às equações.
3. Acerta-se o oxigénio somando moléculas de água no lado da equação onde
houver falta de oxigénios e, tendo em conta que o meio onde a reacção ocorre é
ácido, acertam-se os hidrogénios adicionando H+:

Semi-reacção de (acerto dos átomos de


MnO4- → Mn2+ + 4H2O
redução: oxigénio)

MnO4- + 8H+ → Mn2+ + (acerto dos átomos de


4H2O hidrogénio)

Semi-reacção de (acerto dos átomos de


SO32- + H2O → SO42-
oxidação: oxigénio)

SO32- + H2O → SO42- + (acerto dos átomos de


2H+ hidrogénio)

4. Procede-se ao acerto das cargas das semi-reacções, adicionando electrões onde


houver excesso de cargas positivas:

Semi-reacção de redução: MnO4- + 8H+ + 5e- → Mn2+ + 4H2O

Semi-reacção de oxidação: SO32- + H2O → SO42- + 2H+ + 2e-

5. Nesta etapa é necessário encontrar um factor multiplicativo de forma a que


ambas as equações envolvam o mesmo número de electrões:

Semi-reacção de redução: (MnO4- + 8H+ + 5e- → Mn2+ + 4H2O ) × 2

Semi-reacção de oxidação: (SO32- + H2O → SO42- + 2H+ + 2e-) × 5

6. Por fim através da soma das duas equações obtém-se a equação global:

5SO32- + 2MnO4- + 6H+ → 5SO42- + 2Mn2+ + 3H2O

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2.3 Pilhas de Daniell

Observe a seguinte reacção química de oxirredução:

Esta reacção pode ser feita muito facilmente colocando um pedaço de zinco
metálico (Zn°) em um copo com uma solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), que
é um líquido azul translúcido.

Após alguns tempo, cerca de 20 minutos, pode-se observar que o pedaço de


metal ficou avermelhado. A parte que ficou vermelha é o cobre (Cu°) que se depositou
sobre a placa de zinco. E no fundo do copo há a formação de sulfato de zinco (ZnSO4),
conforme a reacção acima.

Esta experiência que pode ser feita até mesmo em casa, demonstra as reacções
de oxirredução.

A experiência feita pelo meteorologista e químico inglês John Frederic Daniell,


em 1836, constitui uma pilha formada a partir de reacções de oxirredução.

Pilha – São reacções químicas que produzem corrente eléctrica.

Daniell montou um sistema com dois eléctrodos interligados. Um eléctrodo era


constituído de uma placa de zinco imersa em um copo com uma solução com iões de
zinco, no caso, sulfato de zinco.

O outro eléctrodo era constituído de uma placa de cobre imersa em um copo com uma
solução com iões de cobre, no caso, sulfato de cobre.

Chamou o eléctrodo de Zinco de ânodo, com carga negativa.


Chamou o eléctrodo de Cobre de cátodo, com carga positiva.

Fonte: educar.sc.usp.br/licenciatura/2006/Pilha_de_Daniel/pilha_de_Daniell.html
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2.4 Força electromotriz, potencial de redução e de oxidação

Antes de realizar a montagem de uma pilha, é necessário saber qual metal vai
perder e qual metal vai ganhar electrões. Para conseguir responder a esta questão,
devemos conhecer o conceito de potencial de redução e o potencial de oxidação.

Os potenciais de redução e de oxidação são medidos em volt (V), sendo


representados pelo símbolo E°.

Onde:
variação de potencial
E° = diferença de potencial (padrão)
E°RED = potencial de redução
E°OX = potencial de oxidação

Padrão: 25°C e 1atm

Pode-se utilizar qualquer uma destas fórmulas, dependendo dos dados que são
fornecidos. A diferença de potencial pode ser chamada também de força electromotriz
(fem).

Quanto maior o E°RED, mais o metal se reduz.


Quanto maior o E°OX, mais o metal se oxida.

Em geral, são usadas tabelas com potenciais padrão de redução para indicar se o
metal irá se reduzir ou oxidar.

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Potenciais de oxidação Ionnização Potenciais de redução


(E0Ox) em volt (E0Red) em volt
+ 3,04 𝐿𝑖 + + 𝑒 − ↔ 𝐿𝑖 0 - 3,04
+ 2,87 𝐶𝑎+2 + 2𝑒 − ↔ 𝐶𝑎0 - 2,87
+ 2,71 𝑁𝐻4+ + 𝑒 − ↔ 𝑁𝐻40 - 2,71
+ 2,36 𝑀𝑔+2 + 2𝑒 − ↔ 𝑀𝑔0 - 2,36
+ 1,66 𝐴𝑙 +3 + 3𝑒 − ↔ 𝐴𝑙 0 - 1,66
+ 0,76 𝑍𝑛+2 + 2𝑒 − ↔ 𝑍𝑛0 - 0,76
+ 0,46 𝐹𝑒 +2 + 2𝑒 − ↔ 𝐹𝑒 0 - 0,44
+ 0,28 𝐶𝑜 +2 + 2𝑒 − ↔ 𝐶𝑜 0 - 0,28
+ 0,25 𝑁𝑖 +2 + 2𝑒 − ↔ 𝑁𝑖 0 - 0,25
+ 0,14 𝑆𝑛+2 + 2𝑒 − ↔ 𝑆𝑛0 - 0,14
+ 0,13 𝑃𝑏 +2 + 2𝑒 − ↔ 𝑃𝑏 0 - 0,13
0,00 𝟐𝑯+ + 𝟐𝒆− ↔ 𝑯𝟐 0,00
- 0,34 𝐶𝑢+2 + 2𝑒 − ↔ 𝐶𝑢0 + 0,34
- 0,86 𝐴𝑔+ + 𝑒 − ↔ 𝐴𝑔0 + 0,80
- 0,85 𝐻𝑔+2 + 2𝑒 − ↔ 𝐻𝑔0 + 0,05
- 1,07 𝐵𝑟2 + 2𝑒 − ↔ 2𝐵𝑟 − + 1,07
- 1,36 𝐶𝑙2 + 2𝑒 − ↔ 2𝐶𝑙 − + 1,36
- 1,50 𝐴𝑢+3 + 3𝑒 − ↔ 𝐴𝑢0 + 1,50
- 2,87 𝐹2 + 2𝑒 − ↔ 2𝐹 + 2,87

Veja o exemplo. Sendo:


E°RED Cu = +0,34V
E°RED Zn = -0,76V

a) Qual metal sofrerá redução?


O metal que sofrerá redução é o cobre (Cu) porque possui maior valor, maior tendência
a reduzir.

b) Qual o valor da ddp desta pilha ou diferença de potencial?

Pode-se calcular também, se soubermos qual metal é o cátodo e qual é o ânodo:

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c) Qual metal sofrerá oxidação?


O metal que sofrerá oxidação é o zinco (Zn) porque possui menor valor de potencial de
redução. Então possui tendência a sofrer oxidação.

Então:

Reacção espontânea e não espontânea

A reacção na pilha (ou célula electrolítica) pode ser espontânea ou não.


Quando o potencial padrão da célula electrolítica é positivo, a reacção é espontânea.
Quando o potencial padrão da célula electrolítica é negativo, a reacção é não
espontânea.

Representação IUPAC

De acordo com a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), a


representação de uma pilha deve ser da seguinte maneira:

2.5 Pilhas electroquímica

No nosso quotidiano é muito difícil passarmos um dia sequer sem entrarmos em


contato com equipamentos eletroeletrónicos, tais como celulares, câmaras fotográficas,
filmadoras, brinquedos, relógios, aparelhos de som e assim por diante. Mas, para todos
esses equipamentos funcionarem é preciso o uso de pilhas e baterias bem leves e
pequenas.

Isso nos mostra que as pilhas possuem um papel importante em nossa sociedade
e que a descoberta das pilhas e o seu desenvolvimento representou um grande avanço
tecnológico.

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Mas, o que é uma pilha? Como funciona esse dispositivo? Que tipo de reacção
ocorre dentro dela que consegue gerar energia eléctrica?

A Electroquímica, um dos ramos de estudos da Química, responde a essas


perguntas. As pilhas ou células electroquímicas podem ser definidas como:

“Dispositivos capazes de transformar energia química em energia eléctrica


por meio de reacções espontâneas de oxirredução (em que há transferência de
electrões).”

As baterias também realizam esse mesmo processo, porém, a diferença está no


fato de que as pilhas possuem apenas um electrólito (solução condutora de iões também
denominada de ponte salina) e dois eléctrodos. Já a bateria é composta de várias pilhas
agrupadas em série ou em paralelo. Além disso, as pilhas não são recarregáveis, mas as
baterias são.

Portanto, numa pilha sempre ocorrerão reacções de oxirredução e ela terá os


seguintes componentes:

1- Dois eléctrodos:

1.1 – Ânodo: É o pólo negativo, sofre oxidação porque perde electrões e é o agente
redutor.

1.2 - Cátodo: É o pólo positivo, sofre redução por ganhar electrões e é o agente
oxidante.

As pilhas são representadas da seguinte forma:

Ânodo // Cátodo
Oxidação // redução
A → Ax+ + x e- // Bx+ + x e- → B

2- Uma solução electrolítica: Também chamada de ponte salina, tem a finalidade de


manter as duas semicelas electricamente neutras através da migração de iões.

// → representa a ponte salina.

3- Fio metálico externo: Por meio dele os eléctrodos são conectados e há a


transferência de electrões.

Por exemplo, podemos montar uma pilha colocando uma solução de sulfato de
cobre (CuSO4) num copo e mergulhando nessa solução uma placa de cobre. Em outro
copo, colocamos uma solução de sulfato de zinco (ZnSO4) e mergulhamos uma placa de
zinco. Depois, conectamos as soluções por meio de uma ponte salina, que pode ser um
tubo contendo uma solução electrolítica com os iões K+(aq) e SO42-(aq) ou uma placa de
porcelana porosa. Por fim, conectamos as placas metálicas por meio de um fio de cobre

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com um voltímetro (que indicará a passagem de corrente eléctrica). O sistema ficará da


seguinte forma:

Com o tempo, notaremos que o zinco metálico (Zn(s)) se oxidará, perdendo seus
electrões, que serão transferidos para a placa de cobre. Consequentemente, o cobre se
reduzirá, recebendo os electrões. Portanto, o zinco será o pólo negativo (ânodo) e o
cobre será o pólo positivo (cátodo). As semireacções que ocorrerão em cada eléctrodo
são dadas por:

Semi reacção no ânodo: Zn( s) ↔ Zn2+(aq) + 2 e-

Semi reacção no cátodo: Cu2+(aq) + 2 e- ↔ Cu( s)

Reacção Global: Zn( s) + Cu2+(aq) ↔ Zn2+(aq) + Cu( s)

Podemos representar essa pilha do seguinte modo:

Zn / Zn2+// Cu2+ / Cu

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Exemplos de pilhas existentes no mercado

a) Pilha comum (pilha de Leclanché)

Foi a primeira pilha desenvolvida sem a presença de soluções. Trata-se de uma


pilha capaz de produzir uma voltagem (diferença de potencial) em torno de 1,5 V e
apresenta os seguintes componentes:

 Ânodo: formado por uma placa de zinco metálico;


 Cátodo: formado por uma pasta com dióxido de manganês (MnO2), cloreto de
amônio (NH4Cl), água e amido.

Representação esquemática dos componentes de uma pilha comum

Trata-se de uma pilha muito utilizada em brinquedos e dispositivos eletrônicos


gerais (controle remoto, lanternas etc.).

b) Pilha alcalina

Trata-se de uma pilha que apresenta o mesmo padrão de estrutura da pilha comum.
O diferencial está na composição do ânodo e do cátodo. É capaz de produzir uma
voltagem em torno de 1,5 V e apresenta os seguintes componentes:

 Ânodo: geralmente formado por uma placa de zinco, cádmio e outros metais;
 Cátodo: formado também por uma mistura pastosa com óxidos de alguns metais,
mas com a presença de cloreto de potássio (Kcl) em vez do cloreto de amônio.

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Essa pilha apresenta as mesmas aplicações de uma pilha comum.

c) Pilha de lítio e iodo

Pilha alcalina capaz de produzir uma voltagem em torno de 2,8 V e apresenta os


seguintes componentes:

 Ânodo: formado por uma placa de lítio;


 Cátodo: formado por um complexo de iodo.

Essa pilha é utilizada em aparelhos de marca-passo, por exemplo.

d) Pilha de mercúrio e zinco

Pilha alcalina capaz de produzir uma voltagem em torno de 1,35 V e apresenta os


seguintes componentes:

 Ânodo: formado por uma placa de zinco;


 Cátodo: formado por uma pasta com óxido de mercúrio (HgO).

Essa pilha é muito utilizada em relógios e calculadoras, por exemplo.

11ª classe Prof.: Mac Hidrogénio

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