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Linguagens
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e suas tecnologias
Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias
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Amor
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CLAUDIA BERGAMINI
FLÁVIA BANDECA BIAZETTO
GABRIELA LISBOA PINHEIRO
RENATO CARDOSO
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G
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IA
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PALAVRAS DE
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Linguagens
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e suas Tecnologias
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Amor
Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias
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Claudia Bergamini
Bacharela em Letras Português e Linguística (FFLCH-USP)
Licenciada em Português e Linguística (FE-USP)
Mestra em Letras – Filologia e Língua Portuguesa (FFLCH-USP)
Professora de Língua Portuguesa na Educação Básica da rede particular
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de São Paulo-SP
Renato Cardoso
Graduado em Música com habilitação em violão (IA-UNESP)
Mestre e doutor em Música (IA-UNESP)
Pesquisador em aprendizagens musicais em instituição de Ensino Superior
do estado de São Paulo
Arte-educador de Música em projetos culturais em São Paulo-SP
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Ebe Spadaccini e suas Tecnologias – Amor
Edição Diana Brito © Claudia Bergamini, Flávia
Juliana Paula Souza Bandeca Biazetto, Gabriela Lisboa
(Manual do Professor) Pinheiro, Renato Cardoso
Assistência Editorial Hosana Zotelli dos Santos © Para esta edição: Palavras
Edição de Texto Andréia Szcypula Projetos Editoriais Ltda.
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Fabiana Teixeira Lima Todos os direitos reservados
Valdivania Carvalho Faustino
Todas as imagens e os textos cita-
Apoio Editorial Felipe Seriacopi
dos neste livro têm o fim exclusivo
Coordenação Técnico-pedagógica Cibele Lopresti Costa de contribuir com a aprendizagem
Assessoria Técnica Arthur Müller dos estudantes. Foram tomadas
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Monise Martinez todas as ações necessárias para
Revisão Simone Garcia (coordenação) obter a autorização de uso e publi-
cação, bem como para fazer a cor-
Ana Cortazzo
reta citação dos devidos créditos.
Ana Paula Felippe
Porém, caso alguma alteração seja
Helaine Albuquerque
necessária, colocamo-nos pronta-
Kiel Pimenta
mente à disposição.
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Nair Hitomi Kayo
Sandra Garcia Cortés
Vânia Bruno
Projeto Gráfico Estúdio 5050com
Simone Scaglione Borges
Matheus Zati
Palavras Projetos Editoriais Ltda.
Foto de Capa Benjavisa Ruangvaree Art/
Rua Padre Bento Dias Pacheco,
Shutterstock
IA
62, Pinheiros - CEP: 05427-070
Cartografia Allmaps São Paulo – SP
Ilustrações Andrea Ebert Tel.: +55 11 3673-9855
Eduardo Borges
palavraseducacao.com.br
Licenciamento de Textos Tempo Composto Ltda.
Monica de Souza Contato e correspondência
Bárbara Pinardi Rua Descalvado, 51, Sumaré
Andreia Miranda CEP: 01256-070 - São Paulo – SP
Pesquisa Iconográfica Tempo Composto Ltda. Tel.: +55 11 3673-9855
Monica de Souza
Maria Favoretto Em respeito ao meio ambiente,
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Tamara Queiroz
as folhas deste livro foram
produzidas com fibras obtidas
de árvores de florestas
plantadas, com origem
certificada.
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Caro estudante, cara estudante,
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analisadas em diferentes campos de atuação humana. O assunto é amplo e
instigante, pois permite que se tome consciência das interações humanas
e sociais de maneira crítica, considerando os mecanismos de cada uma
das linguagens que utilizamos em nosso cotidiano.
Em cada volume, elegemos um tema para que possamos analisar como
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ele é abordado e representado pelas diferentes linguagens. Neste volume,
a escolha foi pelos afetos e sentimentos, especialmente o amor. Nossa
ideia é mostrar que os sentimentos vão muito além das relações entre
casais, familiares e amigos. Para isso, propomos diferentes perspectivas: o
apego pela terra e pelas raízes, a dedicação à arte, os afetos pela ances-
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tralidade e o amor por si mesmo.
Os temas e o olhar propostos para as variadas linguagens em cada vo-
lume foram pensados e discutidos com o objetivo de apresentar a diversi-
dade cultural, principalmente, de nosso país. Para isso, selecionamos dife-
rentes textos e contextos artísticos e culturais, uns consagrados por uma
tradição e outros contemporâneos. Assim, é possível colocar em diálogo
as produções de tempos históricos distintos e as do tempo atual, com as
U
Bom estudo,
O autor e as autoras
3
Sumário
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UNIDADE UNIDADE
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nossa terra?, 16
N
Linguagem artística: música, 18 Linguagem artística: dança, 56
Poética e estilo na música caipira de raiz .......19 Cenário ........................................................................... 56
Ampliando o repertório: Dialeto caipira ........ 24 Sequência ..................................................................... 58
Tradição e legitimidade ..........................................25 Repetição ...................................................................... 59
Linguagem literária: poesia, 28 Ampliando o repertório:
P
O processo de criação de Pina Bausch...........60
Ampliando o repertório: Metrificação ............ 30
Arcadismo ......................................................................31 Linguagem literária:
a prosa de Guimarães Rosa, 61
Entre inovações e tradições poéticas ..............32
Guimarães Rosa e seu retrato do Brasil ......... 62
Práticas de pesquisa: Análise documental.... 34
Os neologismos de João Guimarães Rosa ... 66
IA
Ampliando o repertório: Clube de leitura ......67
Seção 2 nálise linguística
A
multimodal, 36
Seção 2 nálise linguística
A
Língua em contexto, 36
multimodal, 70
Usos linguísticos, 39
Língua em contexto, 71
Os falares da nossa terra ....................................... 39
Muitas linguagens, muitos temas:
Muitas linguagens, muitos temas: Pensamento computacional .................................72
Língua e sociedade .................................................. 42
Os tipos de narradores:
U
4
D
UNIDADE UNIDADE
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cor da minha pele?, 90 a arte ganha corpo?, 122
N
Linguagem artística: teatro, 92 Linguagem artística: artes visuais, 124
Teatro Experimental do Negro............................ 93 Figuração nas artes plásticas ............................ 124
Práticas de pesquisa: Estudo de recepção... 95 As duas Fridas ...........................................................128
Linguagem literária: Dramaticidade em Bernini ................................... 129
o teatro de Antonio Callado, XX Ampliando o repertório:
P
Antonio Callado e o teatro negro...................... 98 O Barroco e as artes plásticas............................ 129
Ampliando o repertório: Muitas linguagens, muitos temas:
José de Anchieta e o teatro................................103 Educação Física: Ginástica .................................. 132
Visibilidade e valorização da cultura negra.....105 Linguagem literária: Concretismo, 134
Ampliando o repertório:
IA
Literatura marginal................................................... 137
Seção 2 nálise linguística
A
multimodal, 108 Videopoesia, 140
Ampliando o repertório:
A pontuação em textos ficcionais..................... 113 Usos linguísticos, 149
Usos linguísticos, XX
Seção 3 rodução artística
P
e textual, 153
rodução artística
P
G
Seção 3
e textual, 115 Produção artística:
Autorretrato fotográfico
Produção artística: Leitura dramática.............. 115 com intervenção plástica...................................... 153
Produção de texto: Edital: Produção de texto:
concurso de slam.......................................................118 Infográfico sobre ideais
Encerramento, 121 de beleza no Ocidente...........................................156
Encerramento, 160
Pascal Victor/ArtComPress/
Bridgeman Images/Fotoarena
5
Introdução
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A coleção que está em suas mãos foi orga- Investigações e reflexões
sobre o Brasil, busca de
nizada para possibilitar a você, estudante, auto- novas experiências em
Exílio, viagens e
nomia em seus estudos, por meio de propostas deslocamentos
diferentes lugares, itinerância,
deslocamento entre fantástico
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de leitura, escrita e produção textual que têm e real, voz do viajante, visita a
como objetivo estimular o desenvolvimento de tempos históricos distintos.
habilidades e competências da área de Lingua- Racionalidade da criação,
gens e suas Tecnologias. produção de conhecimentos,
método de criação e
Cada um dos seis volumes da coleção está Tecnologia, ciência
sistematização de ideias,
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e técnica
estruturado em torno de um eixo temático inde- argumentação e elaboração de
hipóteses, abstração e estudo
pendente: afetos e sentimentos; exílio, viagens e comparativo.
deslocamentos; tecnologia, ciência e técnica; mito, Produção de sentidos
mitologia e metafísica; panoramas e paisagens; para apreciação e fruição,
temporalidade de diferentes
povo, diversidade e multiplicidade. Ao longo das Mito, mitologia e
culturas, narrativas tradicionais
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Unidades de cada volume, esses temas são apre- metafísica
e tragédias gregas, estudos de
sentados a você propondo abordagens e pers- temas canônicos, ancestralidade,
real e no imaginário.
pectivas diferentes. Assim, você poderá refletir de
Ecologia acústica, cultura
forma crítica e perceber como os mecanismos das urbana periférica, acesso à
diversas linguagens podem servir de ferramenta na Panoramas e
cultura e ao lazer no espaço
urbano, interação com o
interação humana. paisagens
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outro, diferentes formas de
Você pode pensar nesse eixo temático representação do espaço,
representação de paisagens.
como um campo gravitacional cujos dife-
rentes aspectos são explorados nas quatro Aspectos da nacionalidade,
diversidade étnico-racial,
unidades que compõem o volume, em com- Povos, diversidade multiplicidade da produção
plexidade progressiva. e multiplicidade contemporânea, narrativas
de origem na cultura popular,
A escolha desses eixos temáticos, especifica- vanguardas europeias.
mente, foi feita para apresentar a você as repre-
sentações que eles têm nas obras da tradição Nosso objetivo, com esta coleção, é propiciar
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artística e literária, além de servir de elemento momentos para apreciação e análise de leitura,
de coesão ao longo do volume. Assim, propo- produção escrita, práticas de pesquisa, diálogos
mos reflexões inseridas no contexto contem- com seus colegas de sala, entre diversas outras
porâneo dos diversos campos de atuação, para práticas. Além disso, pretendemos despertar sua
você estabelecer comparações entre eles e per- curiosidade sobre outras linguagens relaciona-
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ceber o mundo em que vive para apreciá-lo ou das aos campos nos quais você circula em sua
propor ações para modificá-lo. vida cotidiana: o artístico-literário, o da vida pes-
Em cada volume, ganham destaque diferen- soal, o de atuação na vida pública, o das práticas
tes leituras, produções e pesquisas de acordo de estudo e pesquisa e o jornalístico-midiático.
com os eixos temáticos. Nos volumes, esse conjunto de situações de
aprendizagem visa à mobilização de seu pro-
Eixos temáticos e o foco de leituras,
produções e pesquisas tagonismo como jovem e, em cada Unidade,
o ponto de partida está no campo artístico-li-
Foco de leituras, produções e
Eixo terário, com base em uma linguagem artística:
pesquisas
Sentimentos afetivos que Música, Dança, Teatro e Artes Visuais. Essas
estabelecemos nas relações Unidades são iniciadas com uma pergunta dis-
com a terra natal, subjetividade
Afetos e que instiga nossa criatividade,
paradora, que é desdobrada progressivamente,
sentimentos formação de nossa identidade e permitindo trocas e ampliação de seus repertó-
autoestima, autocuidado com o rios e de suas vivências. Com base em questões
corpo e reflexões sobre padrões
de beleza. e reflexões, buscamos instigar em você, jovem
6
estudante, posturas conscientes e atuantes na sas e diálogos com seus colegas, é possível cons-
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sociedade, pois acreditamos que o domínio das truir um repertório coletivo e articulá-lo com suas
linguagens é um potencial transformador para a próprias vivências artísticas. Na seção Dentro da
atuação cidadã. música, o estudo e as atividades de Música, es-
Nessa coleção, a linguagem artística está em pecialmente, são apoiados por um CD com uma
diálogo direto com a linguagem literária e ambas coletânea de áudios.
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se desdobram nos demais campos de atuação A Literatura é compreendida como um texto
por meio dos estudos da linguagem oral e escrita. com características e recursos próprios. Você
O estudo das linguagens proporciona reflexões vai ler e estudar não só os textos da tradição
sobre manifestações, práticas, padrões e com- literária, mas também os contemporâneos, pre-
portamentos que você, jovem, faz nesses diversos sentes em seu cotidiano. Com base em pesqui-
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campos de atuação. sas que visam ampliar seu conhecimento, você
E, para contemplarmos essas possibilidades poderá compreender a abrangência da Litera-
de estudo, estruturamos as Unidades com as tura como instrumento artístico de participação
seções descritas a seguir. social em diversos contextos.
Ao final dessa seção, o boxe Diálogos entre
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1. Fruição e análise artística e literária Arte e Literatura pretende evidenciar as rela-
Nessa seção, o objetivo é apresentar propos- ções entre as linguagens apresentadas.
tas para o desenvolvimento de suas habilidades
de apreciador e leitor, além de compreender-se 2. Análise linguística multimodal
parte do contexto da linguagem artística e lite- O foco dessa seção 2 Análise linguística multimodal
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rária por meio do diálogo entre a tradição e o é apresentar a você Língua em contexto
Reprodução/Editora 34
A pontuação é um dos elementos fundamentais para
a escrita de um bom texto. Ela permite fluidez na leitura
contextos literários são apresentadas junto às mento de suas habi- Pare e compare
O texto a seguir é o início do romance Água funda, da
Capa do livro Água funda, de
lidades de análise do
autora Ruth Guimarães (1920-2014), que reúne histórias de
discurso e de reflexão
no Modernismo, situando a
ce em contextos que
árvores são as mesmas – eucaliptos subindo a ladeira que vai
culturas digitais.
dois-pontos: :
reticências: ... até a casa do administrador. Na refinação é aquele barulho de
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ultrapassam a esfera
aspas: " " corcunda de nascença, varando a serra desde os começos, em-
baixo, na fazenda, volteia o cabeço e vai dar, no outro lado, em
terras de Maria da Fé. E os burros descem, como sempre des-
ceram por ele, carregados de cana caiana e cana-rosa. Pode ser
Poética e estilo na música caipira de raiz
1 Fruição e análise artística e literária
artística e possibilitam
que sejam os mesmos burros. A madrinha bem se vê que não
No universo musical, a união de uma letra (como essa que
você acabou de ler) com uma música (sons) constitui um 108 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Música caipira: Também Linguagem artística: música tipo de peça musical que denominamos canção.
do Nordeste, ganhando O som da viola bateu nhum acompanhamento instrumental, o que chamamos
contornos estilísticos No meu peito doeu, meu irmão de a cappella.
Peão Carreiro e Zé
Cantando interpreto a poesia
Levando alegria aonde há solidão
referindo ao gado, aos cava-
los, ao pasto, além da vida do
próprio boiadeiro, em suas an-
Assim, esperamos Usos linguísticos
Você já parou para pensar no que constitui uma infogra-
O destino é o meu calendário danças, festas, traços étnicos e
os fenômenos e padrões
parcerias e Zé Paulo já era introduzir informações de maneira mais dinâmica e sintética
Com minha viola no peito mesmo que relatem a vida
um reconhecido violeiro.
Meus versos são feitos pro mundo cantar afetiva das pessoas, também por meio da combinação de elementos da linguagem não
A carreira dessa parceria
musical se encerrou em É a luta de um velho talento retratam assuntos como con- verbal, como ilustrações e fotografias, e da linguagem ver-
1993, depois da gravação Almeida Júnior, O violeiro, óleo sobre tela, 141 cm × 172 cm, bal, como textos curtos.
Menino por dentro sem nunca cansar... sumo, violência, vida noturna e
sa apresenta e reconhe-
Reprodução/Nexo Jornal
Reprodução/Nexo Jornal
Da morte.
variedade na sociedade
250 Odes mínimas
contemporânea, muito
publicou somente livros
imagens de diversos tipos. Com base em pesqui- estão presentes e inter- LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 149
7
ligados ao longo do estudo da Unidade, sem deixar Além disso, ao longo da Unidade, há diversos
D
de lado as características próprias de cada um em boxes, cujo objetivo comum é auxiliar a sistema-
relação a sua composição, seu uso e sua circulação. tizar e acrescentar conhecimentos ao tema em
Portanto, entendemos a língua como um estudo. São eles:
objeto de estudo e pesquisa, que você irá in- • Diálogos em sala Não perca!
Esse tipo de estrutura para as coreografias ajuda o es-
pectador a entender melhor como foram planejadas e or-
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Documentário alemão tador, pois estabelece pontos de apoio e referência para
sobre a vida e a carreira de
acompanhar a dança-teatro. Por outro lado, é um modo de
Pina Bausch. A produção
dar ênfase a um movimento que poderia passar mais des-
em questões sobre
Tanztheater Wuppertal.
1. Qual é o tema norteador do espetáculo?
2. Qual é o perfil dos dançarinos na segunda montagem?
os temas e sobre as
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Ampliando o repertório
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60 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
convidado a participar
IA
“Apenas um rapaz latino- por exemplo, foi Belchior. Em sua canção “Fotografia
um produto final.
-americano”, “Velha roupa 3x4”, ele fala: “Eu me lembro muito bem do dia em que
colorida” e “Como
eu cheguei / Jovem que desce do Norte pra cidade gran-
nossos pais”. Com
personalidade reservada, de [...] Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
de situações reais e
evitou exposição na mídia [...] / E lágrima nos olhos de [...] ver o verde da cana. [...]
• Práticas de pesqui-
em suas últimas décadas Cai no sul grande cidade / São Paulo violento, corre o rio
de vida. Sua música que me engana”.
voltou a chamar atenção
Ele construiu suas letras considerando sua experiência
Práticas de pesquisa
volver as produções,
participação dos artistas forme grupos de quatro ou cinco integrantes para realizar a análise docu-
1. Com base nos versos da canção mencionada, responda às mental, ou seja, trabalho de coleta de informações, análise e apresentação
de pesquisas mais
Majur e Pabllo Vittar.
questões e explique suas respostas. dos poetas e seus poemas.
Acervo/TV Globo
enxergando a si mes-
b) Qual ambiente (rural ou urbano) ele buscou retratar com I. A coleta de dados envolverá uma pesquisa sobre a biografia dos autores
mais ênfase?
amplas e abrangen-
e alguns de seus poemas, estabelecendo uma comparação entre os poe-
c) Quais sentimentos ele exprime nesses versos em relação a mas que foram apresentados nesta seção, para que sejam apontados os
esses ambientes? aspectos mais comuns nas obras dos dois autores.
II. Escolham um integrante do grupo que possa assumir a organização do
mo, conscientemente,
2. Diferencie a produção de Belchior daquilo que você estudou
trabalho, acompanhar o que é feito e estabelecer as intermediações ne-
sobre a música caipira e sertaneja, nos quesitos vida urbana e
tes, desenvolvidas
cessárias, além de participar ativamente da produção do trabalho.
vida rural. Utilize, se necessário, elementos das letras da mú-
III. O grupo, sob a coordenação do líder, poderá dividir a responsabilidade
sica para construir sua argumentação.
de compor as partes do trabalho, de forma a aproveitar preferências e
aptidões individuais de cada integrante.
interlocutor e produ-
1976 e conta com clássicos do compositor, por cotidiano e as coisas reais tais como elas são,
datas e obras publicadas. Anote, com as suas palavras, as apreciações
todos e estratégias
exemplo, as canções "Apenas um rapaz lati- sem o escapismo, a imaginação e a esperança
mais importantes sobre cada autor e encadeie tais ideias de forma
no-americano", "Como nossos pais" e "Velha que por vezes tomavam conta da música de
sequencial e coerente. Os autores e as fontes pesquisadas devem ser
roupa colorida", além da canção mencionada seu tempo.
citados no final do texto, para sinalizar de onde as informações foram
“Fotografia 3x4”.
orientadas e siste-
44 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
de forma que apoie seu trabalho.
U
matizadas.
Análise comparativa entre os poemas escolhidos e apresentados na se-
• Muitas linguagens,
Resultado
O trabalho será apresentado oralmente para a sala, mas precisa ser guia-
do por um suporte, de preferência por slides que tenham pequenos tex-
co m p l e m e n t a re s
essa instabilidade. Em Dafne, podemos tra-
çar arcos por seu braço e do tronco para a
perna direita. Em Apolo, é possível traçar os
que estabelecem
tes no tecido que cobre parte de seu corpo.
Bernini escolhe captar a cena em seu
momento de maior intensidade dramática.
conexões com a
to narrativo que tem capacidade para pro-
G. Dagli Orti/De Agostini/Glow Images
área de Linguagens
rais das personagens retratadas, bem como
a impressão de movimento. É como se o
artista congelasse uma cena teatral em seu
momento mais importante.
Que histórias estão marcadas
UNIDADE
soas negras com as marcas corporais cha- mentos baseados nas imagens e em seus atuais, a ginástica adquiriu diversas “roupa- ginásticas de condicionamento e seus im-
Marvel Studios/AF Archive/Alamy/Foto
madas de escarificação, que são marcas conhecimentos de História. gens” de acordo com as intenções vigentes. pactos no corpo?
bal e corporal – em
ritualísticas produzidas com a cicatrização 4. Retomando seus conhecimentos de Histó- A ginástica sueca, introduzida nas esco- b) Vivencia os diferentes programas dispo-
de cortes feitos na pele. ria, que marcas invisíveis (não corporais) las brasileiras a partir do início do século níveis para as ginásticas de condicionamento?
1. O que difere cada um dos retratados? os negros brasileiros, descendentes de XIX, tinha como principal objetivo docilizar e
pessoas escravizadas, ainda carregam na c) Utiliza o programa de ginásticas de
2. Como as escarificações se relacionam com disciplinar os corpos, além de curar e evitar
os demais elementos visuais das imagens? sua pele? condicionamento alinhado às diferentes pre-
quaisquer males ortopédicos que pudessem
em foco na Unidade.
1 2. Reconhecimento da influência midiática
nada constituição de corpo, estabelecendo
gue/Hans
2 padrões estéticos por meio de programas sobre padrão de corpo, padrão estético e be-
de televisão, novelas, filmes, propagandas e leza em busca do “corpo ideal”.
1. Rosto escarificado
Eric Laffor
de uma jovem da outras linguagens veiculadas nas mídias, in- 3. Ressignificação das ginásticas de con-
Você vai estudar...
ertharding/AFP
Assim, priorizamos
fluenciando diretamente na forma como nos
no Sudão do Sul.
enxergamos e como enxergamos o outro. grupo que as realizará.
• A história do Teatro Experimental do Negro. 2. Sudanesa com
marcas tribais de
• Papéis e oportunidades para atores e criadores negros.
McConnell/rob
escarificação.
• Estudo de recepção da produção teatral negra no Brasil. 3. Personagem 132 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Killmonger, do filme
8
mundo digital e as práticas da cultura digital; • Anote aí!: tem como objetivo retormar, es-
D
a integração das Linguagens a outras áreas clarecer ou sistematizar conceitos e temas
(Matemática, Ciências da Natureza e Ciên- discutidos na Unidade.
cias Humanas e Sociais Aplicadas).
Ícones
• Ponto de observa-
Indica que o resultado de seu
Ponto de observação
L
trabalho ou do grupo, seus registros
a despertar a sensibilidade das pessoas para injustiças sociais
e históricas? De que maneira a arte e o teatro se diferem de
outras formas de aprendizagem?
no Portfólio.
Reprodução/Nova Fronteira
Rodrigues (1912-1980) atuou como
jornalista e cronista nos principais
Faixa
seus textos marca a fala de per-
sonagens que ora problematizam
valores e comportamentos de sua
cias, as habilidades e
N
com deboche, os criticam.
Entre suas peças mais famo-
Em Teatro completo,
sas estão Os sete gatinhos (1958), Nelson Rodrigues reuniu
Boca de ouro (1959) e Toda nudez peças psicológicas e
será castigada (1965). míticas tragédias cariocas.
os conteúdos explo-
Eixo e propostas de estudo
Não perca!
rados anteriormente
A obra de Nelson Rodrigues também se destaca pelo grande
número de crônicas esportivas publicadas em jornais.
O dramaturgo, amante do futebol nacional, tratava os
futebolistas brasileiros como heróis. Em suas palavras:
estudos contribuem
P
tos e os sentimentos, abordados por diferentes
para a compreensão da questão-título que perspectivas: afeição e sentimentos pela terra
abre a Unidade. e pelas origens, pela ancestralidade, pela arte e
• Não perca!: nesse boxe, fazemos indicações por si mesmo. Assim, estruturamos este volume
de sites, vídeos, livros, músicas, filmes e ou- pensando em alguns objetivos para sua apren-
tras obras que podem contribuir para apro- dizagem, expostos a seguir junto às justificati-
IA
fundar seus estudos e ampliar o repertório. vas para essas escolhas.
• Analisar contextos de produção da música • Ampliar seu repertório sobre a origem e a história do
caipira de raiz e o sertanejo universitário. gênero sertanejo universitário.
• Relacionar canção e poemas. • Refletir sobre as similaridades entre poemas e
Seção 1 canções que apresentem representações da relação
• Conhecer a origem do gênero poético.
U
9
D
• Identificar efeitos de sentido em tipos de • Reconhecer diferentes tipos de discurso e atribuir
discurso em diferentes narrativas. sentido a textos que fazem uso de diferentes recursos
Seção 2 • Identificar os diferentes modos de linguísticos, para garantir uma leitura autônoma.
referenciação. • Empregar a referenciação para construção de textos
• Relembrar os tipos de narradores. coerentes e coesos.
L
• Produzir e compartilhar um mash-up vídeo. características e as funcionalidades do mash-up.
Seção 3
• Produzir uma videodança. • Fazer interagir recursos técnicos e criativos da dança
e do audiovisual.
N
• Dialogar com a produção de teatro de atores
negros, analisando uma produção do Teatro
Experimental Negro. • Conhecer a estrutura do gênero peça teatral.
• Compreender como a arte e a literatura • Reconhecer os protagonismos da população negra
Seção 1 colaboram na reflexão sobre problemas sociais na história das artes nacional.
históricos. • Refletir sobre o racismo em diferentes esferas sociais.
P
• Construir argumentos críticos a respeito da • Valorizar a cultura contemporânea periférica.
presença do negro em espaços sociais e
artísticos.
• Conhecer Bernini e a arte barroca. nas Artes e a integração entre a linguagem visual e
• Analisar os aspectos constitutivos da poesia verbal na poesia e no texto informativo.
concreta. • Ampliar os repertórios artísticos e literários por
Seção 1
• Conhecer os principais precursores da poesia meio do reconhecimento de representantes da arte
concreta: os irmãos Campos. figurativa como Frida Kahlo e Bernini.
• Analisar os aspectos constitutivos da • Comparar contextos de produção analógicos e
videopoesia. digitais para reconhecer semelhanças e diferenças de
• Apreciar poemas concretos e videopoemas. uso no universo da cultura digital.
• Refletir sobre a literatura marginal.
• Compreender o Tropicalismo e a Contracultura.
10
• Produzir um autorretrato fotográfico com • Experimentar novas maneiras de construir a
D
intervenção plástica. autoimagem fotográfica.
• Planejar, elaborar, revisar, editar, produzir e • Experimentar diferentes linguagens, verbais e não
Seção 3
publicar infográfico. verbais, para organização e sistematização de
• Apresentar oralmente os dados pesquisados, informações.
com apoio do infográfico. • Colaborar para as reflexões identitárias na juventude.
L
Competências, habilidades e
os temas contemporâneos
Neste volume, como nos demais, as propostas Essas competências gerais se relacionam
de leituras, de pesquisa, de reflexão e de produção às específicas da área de Linguagens e suas
N
estão apoiadas em situações diversas e contex- Tecnologias que, por sua vez, contemplam di-
tualizadas. Para que os objetivos sejam atingidos, versas habilidades. Nos quadros a seguir, você
seu comprometimento como estudante – desem- pode conhecer as competências específicas,
penhando suas habilidades e aptidões e, também, assim como os temas contemporâneos de-
aceitando o desafio de envolver-se com práticas e finidos pela BNCC e outros assuntos correla-
usos variados de linguagem – é fundamental para tos que abordamos neste volume da coleção.
P
a aprendizagem e o desenvolvimento das compe- Na abertura de cada Unidade, dentro do boxe
tências referentes ao Ensino Médio. Você vai estudar..., relacionamos novamente
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) os códigos das habilidades – em Linguagens e
é o documento norteador no qual essa coleção em Língua Portuguesa – que se relacionam às
se fundamenta, contemplando as competências competências específicas.
IA
e habilidades ali descritas que, por sua vez, vi-
sam ao desenvolvimento gradativo para uma
formação de atuação cidadã.
As competências gerais definidas na BNCC es- Não perca!
tão presentes ao longo dos volumes. Veja o quadro.
A BNCC é o documento que fundamenta
Competências gerais as “aprendizagens essenciais que todos os
Competência geral 4 alunos devem desenvolver ao longo das
Nas Unidades 1, 2 e 4, você vai visitar e elaborar textos etapas e modalidades da Educação Básica”,
U
multimodais, tais como videominuto, fanzine, videodan- ou seja, desde a Educação Infantil até o
ça, mash-up e infográfico, desenvolvendo essa Compe-
tência, que se refere ao uso de diferentes linguagens e Ensino Médio. Para conhecer esse documento
conhecimentos para se expressar, produzir sentidos e e saber mais sobre o ensino no Brasil:
promover entendimento mútuo.
• BRASIL, Ministério da Educação. Base
Competência geral 5 Nacional Comum Curricular. Brasília:
As Unidades 1 e 3, você poderá explorar recursos digi-
G
11
D
conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos Competência Específica 5
de qualquer natureza. Compreender os processos de produção e negociação
de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e
Habilidades
vivenciando-as como formas de expressão de valores
• (EM13LGG201); (EM13LGG202); (EM13LGG203). e identidades, em uma perspectiva democrática e de
• (EM13LP01); (EM13LP28); (EM13LP47). respeito à diversidade.
L
Competência Específica 3 Habilidades
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e ver- • (EM13LGG501); (EM13LGG502); (EM13LGG503).
bais) para exercer, com autonomia e colaboração, prota- Competência Específica 6
gonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crí- Apreciar esteticamente as mais diversas produções artís-
tica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista ticas e culturais, considerando suas características locais,
que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre
N
a consciência socioambiental e o consumo responsável, as linguagens artísticas para dar significado e (re)cons-
em âmbito local, regional e global. truir produções autorais individuais e coletivas, exercendo
protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à
Habilidades diversidade de saberes, identidades e culturas.
• (EM13LGG301); (EM13LGG302); (EM13LGG303);
Habilidades
(EM13LGG305).
• (EM13LGG601); (EM13LGG602); (EM13LGG603);
• (EM13LP05); (EM13LP15); (EM13LP19); (EM13LP22);
P
(EM13LGG604).
(EM13LP34); (EM13LP36); (EM13LP51); (EM13LP53).
• (EM13LP46); (EM13LP47); (EM13LP48); (EM13LP50).
Competência Específica 4
Competência Específica 7
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político,
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, con-
histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível
siderando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas
aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e
e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos,
vivenciando-as como formas de expressões identitárias, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de apren-
IA
pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento der a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho,
de preconceitos de qualquer natureza. informação e vida pessoal e coletiva.
Habilidades Habilidades
• (EM13LGG401); (EM13LGG402). • (EM13LGG701); (EM13LGG703); (EM13LGG704).
• (EM13LP10); (EM13LP16). • (EM13LP28); (EM13LP35).
Direitos da criança e do Na Unidade 3, aborda-se a Lei das Cotas e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
adolescente Brasileira, que garantiram o estudo da história e da cultura afro-brasileira.
12
Atividades e práticas lacionadas à produção de gêneros digitais. A
D
O eixo organizador das Unidades deste vo- publicação dessa produção pode ser feita em
lume são os afetos e os sentimentos, especial- sites e plataformas de compartilhamento de
mente o amor, já que esses aspectos subjetivos vídeo para que os saberes adquiridos sejam
praticados em situações reais, de seu cotidia-
da nossa existência, entre outros, certamente
no, extrapolando o ambiente escolar. Por fim,
são vivenciados intensamente por você nessa
L
depois da autoavaliação e da avaliação do pro-
fase da vida. Esse eixo é explorado sob vários
duto final publicado, é chegado o momento do
pontos de vista ao longo das Unidades e, des-
Encerramento quando, com base em argumen-
sa maneira, por meio da análise de diferentes
tos desenvolvidos ao longo do estudo, retoma-
manifestações culturais e práticas de linguagem
mos a pergunta-título do início da Unidade.
N
– por exemplo, leitura, escuta, produção de tex-
Com a pergunta O que nos move?, a Unida-
tos e análise linguística –, colocamos em prática
de 2 explora formas atuais de criação de sen-
possíveis representações da afetividade e dos
tidos para a arte, com foco na dança e na arte
sentimentos, além de abordar e propor a pro-
literária. Para começar, na seção 1, é feito um
dução de conteúdos que perpassam questões
aprofundamento sobre a dança-teatro de Pina
P
éticas e estéticas sobre esses assuntos.
Bausch. Ao ler imagens ou analisar os propósi-
Especialmente na Unidade 1, o foco é o ape-
tos e a estética da arte produzida pela coreó-
go pela terra, pelo local de origem e a lingua-
grafa contemporânea, é possível criar sentidos
gem artística estudada é a música. Para a in-
para os movimentos da dança e para a arte em
vestigação sobre o tema, está colocada, logo
nossa vida, de acordo com os sentimentos e
na abertura, a pergunta Como se cantam os
IA
as subjetividades de cada um de nós. A pre-
afetos de nossa terra? Para começar o estu- sença de Guimarães Rosa, com o fragmento
do, na seção 1, você e seus colegas vão analisar de Grande sertão: veredas, em Linguagem li-
canções sertanejas tradicionais e exemplos do terária, amplia essa reflexão e favorece a dis-
contemporâneo sertanejo universitário, o que cussão sobre como acontecem os processos
favorece a exploração de manifestações cultu- de leitura compartilhada em clubes de leitura
rais produzidas em ambientes rurais, a reflexão e como se dá a formação do leitor literário na
sobre a manutenção da tradição, sobre ruptu- atualidade, assim como o conhecimento sobre
ras que promoveram mudanças estéticas do vida e obra do importante autor da literatura
U
estilo musical e suas disputas por legitimidade. brasileira. A análise do texto literário é o mote
Ainda nessa seção 1, em Linguagem literária, o para a seção 2, que retoma mecanismos de re-
estudo sobre a representação literária da terra ferenciação e tipos de narradores, conteúdos
está presente em um poema de Tomás Anto- já estudados nos anos finais do Ensino Funda-
nio Gonzaga, que retrata a natureza bucólica mental. As propostas de produção da seção
G
D
ções artísticas dessa companhia. Em Linguagem estudo das artes visuais tem início na seção
literária, questões identitárias são exploradas na 1, onde a representação de si mesmo apare-
análise de texto de Antonio Callado, na peça ce tematizada tanto na arte barroca do na-
A revolta da cachaça. Com base nesses estu- politano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
dos, propomos a reflexão e a discussão sobre como nos retratos contemporâneos da me-
L
a condição do negro na sociedade brasileira e xicana Frida Kahlo (1907-1954). Ao trabalhar
sobre a construção da imagem do negro em com diferentes estéticas, buscamos construir
diferentes manifestações artísticas. A seção um repertório sobre arte e, ao mesmo tempo,
2 propõe a análise dos efeitos de sentido que ampliar seu ponto de vista para as questões
diferentes sinais de pontuação promovem no vinculadas à imagem de si mesmo. Em Lin-
N
texto Água funda, de Ruth Guimarães, uma das guagem literária, tomamos a linguagem como
primeiras autoras negras a publicar livros no corpo de trabalho e representação e, por isso,
Brasil. Na seção 3, é exercitada a leitura dra- estudamos a poesia concreta e a videopoesia.
mática de textos teatrais, permitindo refletir Na seção 2, propomos a análise de diferentes
sobre os mecanismos de participação social, infográficos, extraídos de contextos comuni-
P
com a elaboração de um edital para um even- cativos distintos, buscando aprimorar a ca-
to de slam na escola. No Encerramento desse pacidade leitora. A proposta da seção 3 é a
percurso, você será capaz de voltar à pergunta produção de um autorretrato fotográfico com
inicial da Unidade e ponderar sobre a legitima- intervenção plástica e um infográfico sobre
ção de sua identidade. os ideais de beleza do Ocidente. No Encer-
IA
Na Unidade 4, que encerra o volume, o ramento, propomos a retomada dos estudos
tema volta-se para a construção da identida- e das reflexões sobre as diferentes represen-
de pessoal e as representações de si mesmo, tações do corpo humano, para responder à
com a pergunta-título De quais maneiras a questão-título da Unidade.
Bibliografia comentada
U
A seguir, apresentamos parte da bibliografia que usa- triangular em que é possível: 1. Compreender o con-
mos ou que norteou nosso trabalho na elaboração texto histórico de produção da obra; 2. Apreciá-la;
deste volume. Caso queira aprofundar seus estudos, 3. Produzir arte. Por isso, ao longo dos volumes
se possível, busque por essas obras e as conheça. desta coleção, você é apresentado a elementos só-
cio-históricos, convidado a refletir e a desenvolver
BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do portu-
G
guês brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. o pensamento crítico e, por fim, a se arriscar em
Linguista e professor universitário, o autor defende a práticas artísticas.
gramática da língua com base no uso e propõe diver- BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4. ed.
sas formas de análise para comprovar os fenômenos São Paulo: Martins Fontes, 2003.
de variação da língua. Neste volume, com base nes- Para esse filósofo russo, a linguagem verbal é inte-
ses princípios de Marcos Bagno, propusemos tam- ração, mediada pelo diálogo, dando visibilidade aos
bém questionamentos a respeito dos fenômenos lin- interlocutores. É pressuposto de seus pensamentos
guísticos por meio da análise do modo como eles são a teoria dos gêneros, em que ele aponta que o pro-
enunciados na língua nesse tempo em que vivemos, cesso de interação que elabora discursos – orais e
para que você possa perceber que a mudança é uma escritos – leva em conta o estilo do autor, o conteúdo
característica comum das línguas naturais. relacionado ao tema e formas mais ou menos fixas de
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: construção composicional desses discursos. Assim,
anos 1980 e novos tempos. 9. ed. São Paulo: Perspec- ele entende o que sejam os gêneros. Consideramos
tiva, 2014. esses pressupostos para problematizar as propostas
As pesquisas dessa professora acadêmica focam de produções textuais e também para analisar textos
nos estudos de Arte por meio de uma abordagem de diferentes campos de interação humana.
14
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. zadas pelo estudante e mediadas pelo professor. Em
D
São Paulo: Cultrix, 1997. várias propostas deste volume, levamos em conta
O autor faz um panorama da história literária, apon- essa abordagem para que você possa ser protagonis-
tando momentos decisivos e autores de destaque. ta diante de seus estudos e alcance maior autonomia
Baseamo-nos em suas teorias para elaborar conteú- na construção de seus saberes e repertório.
dos e propostas que relacionam as produções tradi-
KOCH, Ingedore. Desvendando os segredos do texto.
cionais da literatura brasileira às contemporâneas.
L
São Paulo: Cortez, 2002.
CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Investigadora da linguística cognitiva, na qual perpassa
Haroldo. Teoria da poesia concreta: textos críticos e um conjunto de condições de nossa mente e sistema
manifestos (1950-1960). Cotia: Ateliê Editorial, 2006. de aprendizagem, essa autora mostra também como
Nessa obra, esses três consagrados escritores da se dá nosso processo de categorização e rotulação do
poesia concreta apontam os processos de elabora-
N
mundo. Baseamo-nos em alguns desses pressupostos
ção dessa poesia e sua relação com o movimento teóricos para propor a você caminhos conscientes e
modernista de 1922. Neste volume, usamos esses organizados para a construção de textos.
estudos como base para propor o estudo sobre a
NASCIMENTO, Abdias do. Teatro Experimental do Ne-
poesia concreta.
gro: trajetória e reflexões. Estudos Avançados. São
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Paulo, v. 18, n. 50, p. 209-224, abr. 2004. Disponível
P
Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2014. em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
CANDIDO, Antonio. Na sala de aula. São Paulo: Ática, 1989. =S0103-40142004000100019>. Acesso em: 16 set. 2020.
O pensamento do sociólogo e crítico literário Anto- Um dos fundadores do Teatro Experimental do Ne-
nio Candido orientou-se pelo olhar para o autor, a gro, Abdias do Nascimento reconta os aspectos
obra e o público em diálogo com a tradição literária, mais significativos da trajetória do grupo, compar-
embasando os estudos literários. Já em seus estudos tilhando seu ponto de vista dos bastidores, estabe-
IA
e orientações para a sala de aula, destacamos a série lecendo importante documento histórico para co-
de exemplos de análises de poemas em que o autor nhecer melhor sua atuação. Nessa obra, buscamos
leva em conta ritmo e imagens e na qual nos apoia- informações preciosas sobre o TEN para apresen-
mos para as propostas de análise de poemas. tar a você neste volume.
CASTILHO, Ataliba T. Nova gramática do português PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura: uma nova pers-
brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012. pectiva. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2009.
CASTILHO, Ataliba T. A língua falada no ensino do PETIT, Michèle. A arte de ler, ou como resistir à adver-
português. São Paulo: Contexto, 2001. sidade. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2010.
Os estudos desse linguista e professor universitário Essa antropóloga francesa estuda a relação de jovens
U
mostram, de forma prática e exemplificada, compa- – que vivem em países em guerra, em situação de
rações e análises entre a língua falada e a escrita que refúgio ou de pobreza – e a leitura, defendendo que
partem da valorização, na escola, da língua portugue- partilhar o que se lê é um dos caminhos para condu-
sa falada, contrastando-a à escrita, com a intenção zir práticas de leitura. Neste volume, partimos dessas
de mostrar diferentes mecanismos utilizados em vá- premissas ao propor, por exemplo, clube de leitura,
rias situações de comunicação. Inspirados nesses es- sarau ou outras reflexões sobre suas leituras e as rela-
G
tudos, elaboramos propostas para instigar você a ob- ções entre elas e seu cotidiano.
servar a língua, identificar questões de análise, criar
SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular
hipóteses e verificá-las, em diversos contextos de uso
brasileira. São Paulo: Editora 34, 2013.
que se materializam em gêneros textuais variados.
Nesse livro – uma síntese de mais de 50 anos de pes-
FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina C. Metodo- quisa – o autor divide a história da música brasilei-
logias inov-ativas na educação presencial, a distância ra em quatro momentos: a formação (1770-1928); a
e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018. consolidação (1929-1945); a transição (1946-1957); e
As autoras são pesquisadoras de práticas com me- a modernização (1958 até o início do século XXI). Foi
todologias ativas, nas quais a construção do conhe- esse critério que utilizamos ao elaborar os estudos da
cimento se dá pela pesquisa, análise e síntese reali- música sertaneja, neste volume.
15
1
UNIDADE Como se cantam os
D
afetos de nossa terra?
L
1. Observe atentamente a imagem. Com base 4. Considerando que cada estilo musical re-
apenas nos aspectos visuais, comente a di- trata seu contexto social:
ferença entre os instrumentos que Tonico
N
a) cite um estilo musical tipicamente asso-
e Tinoco estão segurando. Que diferença
ciado ao meio rural e outro associado
estrutural eles apresentam?
ao meio urbano.
2. Para alguns estilos musicais no Brasil, é
b) que critérios você usou para rela-
comum que os cantores se organizem em
cionar o estilo ao meio urbano? E ao
duplas. Mencione o nome de algumas du-
P
meio rural?
plas musicais que você conhece ou sobre
as quais já ouviu falar. 5. Descreva seu artista ou grupo musical pre-
ferido (por exemplo, disposição corporal,
3. Compare os instrumentos entre as duas
vestuário, instrumento musical utilizado).
imagens e analise como essas diferenças
Depois, compare com os músicos repre-
podem influenciar na sonoridade de cada
sentados nas duas imagens.
um dos instrumentos.
IA
Comunicações S.A.
1
Carlos Namba/Abril
U
G
16
D
2
L
apress Folh
Marcello Fim/Ofotográfico/
N
P
IA
U
17
1 Fruição e análise artística e literária
D
Música caipira: Também Linguagem artística: música
conhecida como música
L
Os versos a seguir são de uma música caipira de autoria de
sertaneja de raiz, foi o
Peão Carreiro (1932-1999) e Zé Paulo (1943-), chamada “Por-
primeiro estilo musical
a retratar o modo de ta do mundo”. Essa canção se consagrou com a versão de
vida rural. Tião Carreiro (1934-1993), célebre violeiro de longa carreira e
Surgida no interior muitos discos. A letra da música retrata a relação do músico
N
paulista e paranaense por caipira com seu instrumento, a viola caipira. Além disso, os
volta de 1930, a música versos retratam como a música dialoga com nossas emoções
caipira se espalhou nas
e afeta a maneira como enxergamos nossa trajetória pessoal.
décadas seguintes pelo
Centro-Oeste, Sul e
Porta do mundo
P
interior de Minas Gerais e
do Nordeste, ganhando O som da viola bateu
contornos estilísticos No meu peito doeu, meu irmão
regionais e dialogando
Assim eu me fiz cantador
com a cultura rural de
cada lugar. Além do tema
Sem nenhum professor aprendi a lição
IA
da vida no campo e das São coisas divinas do mundo
desventuras amorosas, Que vêm num segundo a sorte mudar
a música caipira se Trazendo pra dentro da gente
caracteriza pela presença As coisas que a mente vai longe buscar
da viola caipira e da
sanfona, incluindo também
ritmos e danças regionais. Em versos se fala e canta
Alguns dos principais O mal se espanta e a gente é feliz
nomes desse estilo são: No mundo das rimas e trovas
U
Tião Carreiro, Inezita Eu sempre dei prova das coisas que fiz
Barroso, Tonico e Tinoco e
Por muitos lugares passei
Cascatinha e Inhana.
Mas nunca pisei em falso no chão
Cantando interpreto a poesia
G
D
No universo musical, a união de uma letra (como essa que
você acabou de ler) com uma música (sons) constitui um
tipo de peça musical que denominamos canção.
Na música popular, a canção é uma composição musical
L
para canto com acompanhamento instrumental. Nos for-
matos veiculados nas mídias tradicionais, a canção é uma
peça curta, com duração que varia entre 2 e 5 minutos.
Considerando os diversos estilos e poéticas musicais, as
N
canções podem ser cantadas por cantor solista, por um
cantor solista acompanhado de vocais de apoio, ou mesmo
por um pequeno grupo vocal.
As canções podem ser acompanhadas por uma diversi-
P
dade de instrumentistas e também ser cantadas sem ne-
nhum acompanhamento instrumental, o que chamamos
de a cappella.
Na música caipira, é típico que o canto seja feito em du-
plas, com um dos integrantes fazendo a melodia principal,
IA
chamada de primeira voz, e o outro integrante adicionan-
do uma melodia secundária, a segunda voz. O instrumen-
to acompanhante típico na música caipira é a viola caipira.
Outro instrumento bastante presente é o acordeão, tam-
bém conhecido como sanfona.
A vida rural é o principal
D
Eu lírico: por vezes
chamado de "eu poético", ção de elementos da vida rural com aspectos da vida afetiva
é o nome que se dá à do eu lírico. O trecho a seguir ilustra bem essa junção:
voz que fala no poema.
Muitas vezes, autor e eu Boiadeiro do Norte
lírico se confundem, pois
L
o poema pode retratar Quando vai escurecendo
emoções evidentes do
autor, mas são emoções Ele para ali o seu gado
relacionadas às estratégias Faz um pouso no sereno
próprias da escrita
literária, o que favorece
Ali dorme sossegado
N
a transformação dessas
emoções, pensamentos
Quando ele dorme em cima do baixeiro
e ideias. Assim, o eu Com seu cavalo ali perto pastando
lírico corresponde, Sua cabocla que ficou tão longe
convencionalmente, a um
"eu" ficcional. Ele dormindo com ela sonhando
P
ZULMIRO. Boiadeiro do Norte. In: Tonico e Tinoco (78 RPM), 1951.
D
Cordas dedilhadas: os
Que vêm num segundo a sorte mudar instrumentos de corda,
Trazendo pra dentro da gente também chamados de
cordofones, são aqueles
As coisas que a mente vai longe buscar cuja principal fonte sonora
provém da vibração de
4. Ao longo de toda a letra da canção, há uma estrutura externa
L
uma corda tensionada. As
e uma estrutura interna de rimas. cordas dedilhadas estão
dentro dessa classificação
a) Selecione um trecho da letra, destacando essas estruturas e se distinguem por
das rimas. se constituírem de
b) Relacione essas estruturas das rimas dos versos com o instrumentos cujo som é
N
fato de o eu lírico se declarar autodidata. produzido no deslocamento
da corda em repouso, após
o qual ela vibra livremente.
Um violeiro tange as cordas
Dentro da música do instrumento com os
dedos, unhas, palheta,
Agora, vamos caminhar por meio dos sons que carac- dedeira ou outro objeto.
P
terizam a música caipira e que, com o passar do tempo, Entre os instrumentos de
cordas dedilhadas mais
influenciaram outros estilos musicais brasileiros. comuns, estão o violão, a
O primeiro passo para entender a música caipira é co- viola caipira, o cavaquinho,
o ukulelê, a guitarra elétrica,
nhecer mais de perto o som da viola. Há algumas seme- o contrabaixo elétrico e
lhanças desse instrumento com o violão, por serem da o alaúde.
IA
mesma família das cordas dedilhadas.
1 Na Faixa 1, após a vinheta, você vai escutar o som da viola
Faixa 1
caipira. Procure se concentrar em alguns elementos apresen-
tados a seguir.
2 Em uma primeira audição, observe como as notas soam sem-
pre em pares, já que a viola tem suas dez cordas agrupadas
de duas em duas. Isso gera uma reverberação que a distingue
do violão, por exemplo.
U
Observe a disposição das Observe a posição do dedo Observe a posição dos dedos
cordas da viola caipira, polegar, sobre a corda, para sobre as cordas e o punho
duas a duas. produzir o ponteado. flexionado, para produzir
o rasgueado.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 21
Outro elemento bastante típico da música caipira e que
D
permanece na música sertaneja até os dias atuais é o canto
em dueto, com a primeira e a segunda voz.
4 Escute a Faixa 2, que exemplifica o canto em dueto:
a) Na primeira parte da Faixa 2, ouve-se a melodia principal
L
Faixa 2
entoada por uma voz.
b) Na segunda parte da Faixa 2, ouve-se a melodia secundá-
ria da mesma canção, denominada segunda voz.
c) Por fim, a terceira parte exemplifica as duas vozes sendo
N
cantadas juntas, mostrando o efeito sonoro típico desse
gênero musical.
Eduardo Borges
P
IA
U
Representação do canto em
dueto, típico da música caipira. Agora que conhecemos dois dos principais aspectos mu-
sicais da música caipira, a sonoridade da viola e o canto em
dueto, podemos escutar uma canção completa desse estilo.
A canção “Chico Mineiro” foi consagrada pela interpre-
G
Não perca!
Na internet, há vídeos musicais instrutivos que mostram
como se faz a primeira e a segunda voz na música sertaneja
e caipira. Um exemplo deles é a videoaula sobre a música “É
o Amor”, dos goianos Zezé Di Camargo e Luciano.
• CIFRA Club. Como fazer segunda voz de É o amor. Dispo-
nível em: <www.cifraclub.com.br/videos/musicas/segunda-
voz-sertanejo-e-o-amor-aula-de-canto/>. Acesso em: 28
abr. 2020.
D
Faixa 3
L
Sinto uma tristeza
Uma vontade de chorar
Alembrando daqueles tempos
N
Que não mais há de voltar
P
O amigo Chico Mineiro
Caboclo bom decidido
Na viola era dolorido e era o peão dos boiadeiro
D
Tonico (1917-1994) e
Mataram meu companheiro
Tinoco (1920-2012)
nasceram no estado de Acabou-se o som da viola
São Paulo. Em 64 anos Acabou-se o Chico Mineiro
de carreira, lançaram 83
L
álbuns e participaram Depois daquela tragédia
de inúmeros programas
Fiquei mais aborrecido
de rádio e tevê. Muitos
artistas os consideram Não sabia da nossa amizade
referência musical, dada Porque nois dois era unido
N
sua importância no
mercado fonográfico. Quando eu vi seu documento
Me cortou meu coração
Vim saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão
dade regional. Pesquise e descreva cin- seja revivida pela sonoridade ou pela
co palavras dessa canção. letra da música?
Ampliando o repertório
G
Dialeto caipira
Leia o trecho do livro O português da gente, de Rodolfo Ilari e Renato Basso.
O português da gente
[...]
A imagem do caipira costuma ser associada ao seu modo de falar, caracterizado, principal-
mente, pelo erre retroflexo, pela queda do erre em fins de palavra (começá por começar; querê
por querer), pela queda do ele em fins de palavra (ou sua pronúncia como erre retroflexo) e pela
pronúncia como erre retroflexo do ele em fins de sílaba (animar ou animá por animal; vortá por
voltar etc.). Vale lembrar também que os “caipiras” não estão presentes apenas no interior do
estado de São Paulo, mas também no norte do Paraná e em boa parte de Minas Gerais.
L
meira, que já foi gravada nas vozes de Tonico e Tinoco, Sérgio Reis e outros. [...]
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São
Paulo: Contexto, 2006. pp. 163-164.
N
a) Busque o sentido da palavra retroflexo no dicionário Aulete digital. Disponível em:
<www.aulete.com.br>. Acesso em: 10 jun. 2020.
b) Comente o sentido da palavra no contexto do trecho do texto.
c) Busque o termo preconceito linguístico no Glossário Ceale. Disponível em: <www.
ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale>. Acesso em: 10 jun. 2020.
P
d) Agora responda: Por que ainda hoje ocorrem situações em que se pode identificar o
preconceito linguístico quando há o uso do erre retroflexo?
Registre suas respostas e o resultado de suas pesquisas em seu Portfólio.
IA
Tradição e legitimidade
A música caipira ou sertaneja de raiz sem- Portfólio
pre foi considerada uma música típica da vida
O Portfólio é um recurso para o
rural, representando o cotidiano, o modo de arquivamento de todo o material que será
vida, as aventuras e desventuras das pessoas produzido ao longo das produções artísticas
do interior do Brasil. Mesmo com a influência e textuais. Ele contém o registro do
das músicas mexicana e paraguaia na segun- processo artístico e de elaboração textual,
U
da metade do século XX, em suas primeiras bem como o produto final de toda produção
resultante de pesquisa. Mais do que caderno
gravações em 1929 até os anos 1970, os ele-
ou bloco de papel para anotações, o
mentos externos incorporados a esse gênero Portfólio deve ser formado também por
musical foram ocorrendo de modo gradual e pastas física e digital, de uso individual
G
D
zita Barroso (1925-2015), que apresentou o
programa televisivo Viola, Minha Viola, na TV
Cultura, entre 1980 e 2015, no qual divulgava
a cultura caipira.
L
Apesar das críticas, o pop-sertanejo
ainda manteve algumas características da
música caipira. Apenas relegou a segundo
plano esses aspectos, trazendo elementos
N
mais modernos para os seus shows. Dentre
as características preservadas estão: o can-
Chitãozinho e Xororó, dupla de música sertaneja, to em dueto, alguns nomes artísticos como
em foto da década de 1980. o de Chitãozinho e Xororó (inspirado em
P
música de mesmo nome de 1947, fazendo
referência ao pio das aves inhambu-xintã e chororó), e a
mescla de músicas marcadamente tradicionais com o re-
pertório mais atual, como “Galopeira” e “No rancho fundo”,
regravadas por Chitãozinho e Xororó, e “No dia em que saí
IA
de casa”, regravada por Zezé Di Camargo e Luciano.
Entre as principais mudanças propostas pelo pop-serta-
Sertanejo universitário:
uma atualização da nejo estão, na música, a adoção de instrumentos elétricos
música sertaneja para como a guitarra e teclados; no uso de adereços, um visual
um público jovem- com referências ao cowboy estadunidense; e a transforma-
‑adulto universitário, em
ção dos shows em megaespectáculos de som e luz.
torno das regiões do
Centro-Oeste e Sudeste Essa disputa por legitimidade de uma cultura local ocor-
U
L
de os anos 2000 por um grande sucesso comercial, o
estilo também trouxe mudanças em termos de repre-
sentatividade, trazendo para os holofotes mais canto-
ras e compositoras mulheres.
N
Se, por um lado, as mulheres ganham voz ao narrar
suas desventuras amorosas e suas perspectivas para o
mundo atual, por outro, é possível afirmar que os prin-
P
sageiros, individualismo e festas. De todo modo, é im-
portante ressaltar que são esses mesmos elementos
que fazem sucesso junto ao grande público, constituí-
do em sua maioria por jovens e jovens adultos.
A ideia de tradição musical sai de cena com a
IA
chegada do sertanejo universitário. A reminiscência
mais notável da tradição nesse estilo é o canto em
dueto, com primeira e segunda voz, mas adaptado
para pequenos trechos mais expressivos da música,
Van Campos/Fotoarena
3
como o refrão.
Para buscar conservar e manter o estilo tradicional,
ainda restam aqueles que veem na viola caipira um
U
música instrumental.
D
O texto que você vai ler são dois trechos anos depois, ficaram noivos e logo em seguida
de um longo poema de amor que data do o poeta teve seu destino selado, separando-se
século XVIII. Na íntegra, esse poema é di- da noiva e nunca mais voltando a vê-la.
vidido em três partes e 80 liras. “Marília de
L
Como era costume entre os poetas da
Dirceu”, escrito por Tomás Antônio Gonzaga época, no século XVIII, o eu lírico dos poe-
(1744-1810), sobrevive ao tempo e tornou-se mas era identificado por nomes inspirados
o símbolo de uma história de amor frustrada na mitologia clássica grega. Até os pró-
que entrou para o imaginário popular. Marília prios poetas escolhiam codinomes com
N
é referenciada até os dias de hoje, inspirando a mesma inspiração. Portanto, no poema,
personagens na TV e no cinema e até o nome Gonzaga adota o nome Dirceu, Maria Do-
de uma cidade no interior de São Paulo. roteia Joaquina torna-se Marília, e peque-
O texto foi publicado em Lisboa quando To- nos toques reais dessa história de amor se
P
más Antônio Gonzaga já estava preso, a mando misturam a um universo de inventividade
da coroa portuguesa, a caminho do de- delicada, que seguia as tendências estilís-
gredo em Moçambique. Gonzaga tinha quase ticas e temas da época.
40 anos quando conheceu a jovem adolescen- Leia com atenção os trechos transcritos e
te Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Alguns responda às questões que se seguem.
IA
Andréa Ebert
Marília de Dirceu
PARTE I
Lira I Mas tendo tantos dotes da ventura,
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura,
U
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela,
Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
Graças à minha Estrela! [...]
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha, Lira: poesia lírica, instrumento musical
de cordas dedilhadas, banda de música,
Que inveja até me tem o próprio Alceste: repertório de letras de músicas populares.
Ao som dela concerto a voz celeste; Casal: pequena propriedade.
Assisto: moro, resido.
Nem canto letra, que não seja minha, Alceste: personagem da mitologia grega.
Graças, Marília bela, Concerto: apresentação musical.
Graças à minha Estrela!
28 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Lira IV Se estavas alegre,
D
[...] Dirceu se alegrava;
Se estavas sentida,
Mal vi o teu rosto, Dirceu suspirava
O sangue gelou-se, À força da dor.
A língua prendeu-se,
L
Marília, escuta
Tremi, e mudou-se
Um triste Pastor.
Das faces a cor.
Marília, escuta [...]
Um triste Pastor. Tu mesma disseste
N
A vista furtiva, Que tudo podia
O riso imperfeito, Mudar de figura;
Fizeram a chaga, Mas nunca seria
Que abriste no peito, Teu peito traidor.
P
Mais funda, e maior. Marília, escuta
Marília, escuta Um triste Pastor.
Um triste Pastor. Tu já te mudaste;
Dispus-me a servir-te; E a faia frondosa,
Levava o teu gado Aonde escreveste
IA
À fonte mais clara, A jura horrorosa,
À vargem, e prado Tem todo o vigor.
De relva melhor. Marília, escuta
Marília, escuta Um triste Pastor.
Um triste Pastor. Mas eu te desculpo,
Se vinha da herdade, Que o fado tirano
Trazia dos ninhos Te obriga a deixar-me;
U
L
e mudou-se para Vila Rica, atual Ouro Preto atribuída a Tomás Antônio Gonzaga mais
(MG), em 1782, para trabalhar como ouvidor e de um século depois, apenas. Hoje, a casa
procurador. Desde o início, entrou em conflito de Gonzaga, em Ouro Preto, é um museu
com os interesses da coroa portuguesa, sendo bastante visitado, de onde é possível ver o
preso e depois degredado para Moçambique, local onde morava Maria Doroteia Joaquina
N
colônia portuguesa na África. de Seixas, a musa do poeta.
P
poema de Tomás Antônio Gonzaga? entre as canções sertanejas e o poema
de Gonzaga?
Ampliando o repertório
IA
Metrificação
A métrica é a maneira pela qual se organizam as sílabas poéticas de um verso ou con-
junto de versos. Por meio da escansão, ou seja, da decomposição do verso, pode-se contar
as sílabas poéticas e conhecer a métrica do poema. Veja o exemplo no soneto do poeta
mineiro Cláudio Manoel da Costa (1729-1789), contemporâneo de Tomás Antônio Gonzaga:
XIII
U
L
Em dupla, faça o que se pede:
a) Decomponha os outros versos decassílabos do poema.
b) Identifique a última sílaba tônica de cada verso.
N
c) Destaque outras elisões.
d) Pesquise:
• Como são classificados os versos com outras medidas.
• O que são redondilha maior e redondilha menor.
e) Como são chamados os versos que não obedecem à forma fixa?
P
3. Faça um comentário a respeito da musicalidade do poema “Marília de Dirceu”.
O texto no contexto
IA
Arcadismo
O Arcadismo foi um período da história da literatura li-
gado à poesia e localizado no século XVIII. Ele foi bastante
expressivo em países como Itália e Portugal e chegou ao
Brasil por meio do intercâmbio cultural entre estudantes e
U
D
Anote aí!
guesa. Quase todos os nomes mais famosos da literatura
Poesia, cantiga, brasileira desse período tiverem envolvimento na Inconfi-
dência Mineira e foram perseguidos, presos, degredados
canção
ou mesmo mortos. Foram eles: Tomás Antônio Gonzaga,
Na Idade Média, a
L
Cláudio Manoel da Costa, Basílio da Gama, Frei José de
poesia também era
chamada de cantiga, Santa Rita Durão, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
ou canção, e seu
registro escrito era
acompanhado por uma Entre inovações e tradições poéticas
N
notação musical. Poucas Não é possível precisar a origem e o momento exato
notações musicais dessa
em que a poesia surgiu. Ela é, certamente, anterior à es-
época sobreviveram ao
tempo. Os instrumentos crita, quando o texto existia apenas em sua forma oral e
utilizados para assim era perpetuado. Com o aparecimento da escrita,
P
acompanhamento do os indivíduos passaram a registrar os textos que ante-
canto eram geralmente riormente estavam gravados apenas na memória coleti-
instrumentos de cordas
va. É interessante imaginar em que momento os textos
(como os alaúdes), de
sopro (como as flautas) começaram a ser pensados para, em seguida, serem re-
e de percussão (como gistrados diretamente na forma escrita. Toda essa espe-
IA
os tambores). culação liga-se à origem da poesia como a de qualquer
Ainda no período outro tipo de texto, mas uma certeza a história deixou
da Idade Média, registrada: a poesia nasceu associada à música.
eram chamados
de trovadores os
A ligação da poesia com a ideia do canto e da música
compositores que remete à Grécia Antiga, quando a lira era um instrumento
criavam, cantavam e bastante utilizado. O canto era comumente acompanhado
instrumentavam suas por esse instrumento de cordas dedilhadas e acabou por
cantigas. Havia ainda
U
Erich Lessing/Album/Fotoarena
32
de seus afetos, está tanto na música caipira ou sertaneja
D
Manoel de Barros (1916-
quanto na poesia árcade. A natureza como elemento fun-
-2014) foi um poeta
damental também aparecerá em outros momentos da his- mato-grossense que se
tória da literatura, de maneira mais ou menos marcante. destacou pela maneira
Dando um salto no tempo, mas ainda pensando na relação como relacionava temas
L
do eu lírico com seu local de vivência e de experiência dos subjetivos ao mundo
natural. Seus poemas
afetos, leia os poemas a seguir para realizar as atividades.
configuram um retrato do
ser humano que vive em
XIX
relação profunda e íntima
N
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a com o ambiente.
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Reprodução/Editora Alfaguara
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
P
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
BARROS, Manoel. O livro da ignorãças.
Rio de janeiro: Record, 1997. p. 25.
IA
Ruas selvagens
Na rua de cima
moravam inimigos,
na de baixo Sérgio Vaz (1964-) vive
em Taboão da Serra (SP),
os metidinhos.
onde criou a Cooperifa
Na seis (Cooperativa Cultural
U
compartilham e divulgam
os homens
suas produções.
cuspiam primeiro.
Reprodução/Global Editora
D
Análise documental
O que é
Agora que você tomou contato com Manoel de Barros e Sérgio Vaz,
L
forme grupos de quatro ou cinco integrantes para realizar a análise docu-
mental, ou seja, trabalho de coleta de informações, análise e apresentação
dos poetas e seus poemas.
Objetivo
N
I. A coleta de dados envolverá uma pesquisa sobre a biografia dos autores
e alguns de seus poemas, estabelecendo uma comparação entre os poe-
mas que foram apresentados nesta seção, para que sejam apontados os
aspectos mais comuns nas obras dos dois autores.
II. Escolham um integrante do grupo que possa assumir a organização do
P
trabalho, acompanhar o que é feito e estabelecer as intermediações ne-
cessárias, além de participar ativamente da produção do trabalho.
III. O grupo, sob a coordenação do líder, poderá dividir a responsabilidade
de compor as partes do trabalho, de forma a aproveitar preferências e
aptidões individuais de cada integrante.
Coleta de dados
IA
I. Biografia dos dois poetas. Ao consultar materiais de pesquisa sobre
os autores, você encontrará apreciações importantes sobre seus tra-
balhos e não apenas informações objetivas como local de nascimento,
datas e obras publicadas. Anote, com as suas palavras, as apreciações
mais importantes sobre cada autor e encadeie tais ideias de forma
sequencial e coerente. Os autores e as fontes pesquisadas devem ser
citados no final do texto, para sinalizar de onde as informações foram
coletadas. Essa revisão bibliográfica tem o objetivo de fazer um levan-
U
Resultado
O trabalho será apresentado oralmente para a sala, mas precisa ser guia-
do por um suporte, de preferência por slides que tenham pequenos tex-
tos (tópicos), imagens e informações técnicas: abertura do trabalho com o
nome da equipe, título, fontes de pesquisa ao final etc.
Em dia e hora previamente marcados, compartilhem oralmente as infor-
mações coletadas e analisadas.
Utilizem o Portfólio para arquivar elementos coletados e elaborados
por vocês.
L
origem, como nos poemas de Manoel de Barros. Nas canções, as
duplas sertanejas ou caipiras também são bastante lembradas,
por ter esse tema muito presente em suas composições.
Você conhece outros artistas ou grupos musicais que can-
taram sua terra, o lugar onde eles nasceram ou vivem?
N
Como esses artistas ou grupos musicais “cantam os afetos
da nossa terra?”
P
Não perca!
Conheça a obra de Ivan Vilela (1962-), violeiro nascido na
cidade de Itajubá, Minas Gerais. Ivan é professor da Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, criador da
Orquestra Filarmônica de Violas e músico vencedor de prêmios
IA
como Sharp (1995 e 1999) e Prêmio de Música Brasileira (2011).
Em sua obra, Vilela une a tradição erudita à popular, inovando e
ampliando a maneira de tocar a viola caipira.
Acesse: <www.instrumentalsescbrasil.org.br/artistas/
ivan-vilela>. Acesso em: 01 ago. 2020.
D
Língua em contexto
L
Após conhecer as letras de canção caipiras e o universo
desse estilo musical e de ter estudado um pouco sobre as for-
mas de manifestação do eu lírico, podemos perceber como
se dá a relação entre a voz lírica e o contexto de produção.
As letras de canção, em geral, possuem muitas seme-
N
lhanças com os poemas, e não apenas por causa do eu
lírico, mas também pelo ritmo, métrica, rimas, entre outros
atributos, pelos quais a língua perpassa.
Agora, vamos analisar mais profundamente como a lín-
P
Racionais MC’s: É um dos gua se articula nesse universo de representação de uma
grupos de rap brasileiro de
cultura específica, de um grupo social. A proposta é dar
maior representatividade
da cultura hip-hop no país. continuidade à investigação sobre as diversas manifesta-
Surgiram no cenário da ções dos falares regionais e o modo como esses falares
música em 1989, abrindo constituem a identidade de um povo e, muitas vezes, acar-
IA
espaço para um estilo retam maior prestígio ou até mesmo preconceito em rela-
musical de denúncia sobre
ção a uma comunidade de falantes.
o racismo, o preconceito
e os crimes vividos pelos
jovens negros da periferia
paulistana. O nome da
Pare e compare
banda foi inspirado no disco A letra da canção “Porta do mundo”, de Peão Carreiro e
Racional, do cantor Tim Zé Paulo, contextualiza os costumes e as paisagens típicas
Maia. Seus integrantes –
U
D
Não perca!
atitude é o meu o lema
Esquema feito a justiça está com nóis O álbum Sobrevivendo
Lei da periferia irmão, ouça a minha voz no inferno, dos Racionais
Meu rap é linha de frente dessa guerrilha MC’s, foi anunciado,
em 2018, como obra
L
Faça o que puder, vier siga minha estreita trilha de leitura obrigatória
Na picadilha a matilha está a solta pela Universidade de
Ideia de mil grau e o veneno escorrendo da boca Campinas (Unicamp) para
[Mano Brown] o vestibular de 2020. O
álbum foi transformado
N
Nego, a vida é loka
no livro Racionais MC’s:
Cruel e sangrenta
Sobrevivendo no inferno
Só muito pior, sem dó, marginal e violenta e as letras ganharam a
O sangue esquenta, ei Éder quero ver companhia de um texto
[Mano Brown] introdutório de Acauam
P
Edinho liga o Marquinhos pra fazer o chão tremer Oliveira, crítico literário
e ativista de questões
Pode crê
afrodescendentes e
Não sou aquele que via satélite te seduz etnicorraciais, além de
Porque bala de PT não faz sinal da cruz fotos inéditas do grupo
Nem muito menos tô aqui pra fazer média e informações da ficha
IA
Não sou aquele que pega carona na tragédia técnica do álbum e dos
créditos das composições.
Vejo de perto a viúva da dor
D
Hip-hop: esse conteúdo pdf/rieb/n63/0020-3874-rieb-63-0235.pdf. Acesso
é trabalhado em outro em: 22 jul. 2020) e responda:
volume desta coleção.
• O que significa a palavra rap?
• Qual é a relação entre o rap e o hip-hop no cenário
brasileiro?
L
b) Conte brevemente a história do rap: quando e onde
ele surgiu? Em que contexto? Como é sua manifesta-
ção no Brasil? Como é reconhecido atualmente?
c) Quais representantes musicais desse gênero no Bra-
N
sil você conhece?
d) Quais outras informações e curiosidades sobre o rap
você encontrou e gostaria de compartilhar?
5. Quais são as semelhanças do rap com a música caipira?
6. Leia o artigo “Modernização do caipira: O que mudou
P
na música sertaneja ao longo dos anos”, de Adriana
Izel, publicado no jornal Correio Braziliense, em 23
out. 2016 (disponível em: <www.correiobraziliense.
com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2016/10/23/
interna_diversao_arte,554327/modernizacao-do-
caipira-o-que-mudou-na-musica-sertaneja-ao-longo-
IA
dos.shtml>, acesso em: 22 jul. 2020). Com base nesse
artigo e em sua vivência, responda:
• Quais mudanças sofridas pela música caipira você
conheceu nesta Unidade?
Questões da língua
U
D
ta à cena"? Aponte-as e explique-as.
2. A variação linguística se caracteriza pelo rompimento da
estrutura e da homogeneidade da língua descrita pela nor-
ma-padrão. Esse fenômeno é realizado pelos falantes de um
determinado grupo social que utiliza um sistema linguístico
L
pautado na norma-padrão, mas capaz de gerar transforma-
ções na língua descrita como normativa.
a) Pesquise o que são variações diacrônicas, diatópicas, dias-
tráticas e diafásicas.
N
b) Utilizando ferramentas digitais, elabore um mapa mental
com os resultados de sua pesquisa.
3. Pesquise sobre o bairro paulistano do Capão Redondo e levante
dados demográficos que você considera relevantes sobre o local.
4. Relacione os dados demográficos com o que você leu na letra
P
da canção: como esses dados justificam o conteúdo da música?
5. Qual é o objetivo do autor da música ao compor a letra dessa
forma? O que ela representa?
6. Falantes de outras regiões do Brasil poderiam compor a letra
da canção da mesma forma? Ela teria o mesmo conteúdo?
7. Considerando a letra da canção e as pesquisas que você reali-
IA
zou até aqui, o que você identifica na música como um objeto
de investigação linguística?
Registre os resultados de seu material produzido no Portfólio.
Usos linguísticos
Os falares da nossa terra
U
D
Fala-se muito num “dialeto brasileiro”, expressão consagra-
da até por autores notáveis de além-mar; entretanto, até hoje
.
io
eiro, RJ
ional, R
L
d e
N
o do Sul. O de S. Paulo não é igual ao de Minas. No próprio
Reprod
P
Seria de se desejar que muitos observadores imparciais,
pacientes e metódicos se dedicassem a recolher elementos
em cada uma dessas regiões, limitando-se estritamente ao
terreno conhecido e banindo por completo tudo quanto fos-
se hipotético, incerto, não verificado pessoalmente. Tería-
IA
mos assim um grande número de pequenas contribuições,
restritas em volume e em pretensão, mas que na sua simpli-
cidade modesta, escorreita e séria prestariam muito maior
serviço do que certos trabalhos mais ou menos vastos, que
Atlas Linguístico do
de quando em quando se nos deparam, repositórios incon-
Brasil (ALiB): é um projeto
da Universidade Federal gruentes de fatos recolhidos a todo preço e de generaliza-
da Bahia que tem como ções e filiações quase sempre apressadas.
objetivo compor um
U
projeto e colaboram com avançado nas pesquisas sobre dialeto. Uma pesquisa da
estudos de determinados Universidade Federal da Bahia (UFBA), por exemplo, de-
fenômenos fonológicos
senvolve um Atlas Linguístico do Brasil, que apresenta as-
e lexicais de variadas
regiões do país. Dois pectos da língua falada em diferentes regiões, com base
volumes do Atlas já foram nas contribuições de cartas geolinguísticas que mapeiam
publicados e diversos a frequência de ocorrências por região. Dessa maneira, as
outros documentos estão cartas geopolíticas são documentos que funcionam como
disponíveis no site do
um retrato de diferentes comportamentos de nosso idioma
projeto.
em diferentes regiões do Brasil.
• Projeto Atlas Linguístico
do Brasil. Disponível em: Na carta linguística a seguir, extraída de um dos estudos
<https://alib.ufba.br/ feitos para o ALiB, você poderá identificar a distribuição
hist%C3%B3rico>. Acesso de ocorrências dos vocábulos “moleque”, “guri”, “garoto” e
em: 10 jun. 2020. “piá” pela região Sul do Brasil.
Allmaps
MATO GROSSO
DO SUL
L
SÃO
PAULO
207
210 211
N
212
215
213 214
PARAGUAI 217
216
220
PARANÁ 218
219 222 221
223
225
224
226
227
P
SANTA
228
CATARINA
234 230
235
231
ARGENTINA 238
236 233
237
239 RIO GRANDE
DO SUL 240
IA
242 243
245
246
OCEANO
247
ATLÂNTICO
248
Garoto
490. Disponível em: <https://alib.ufba.
Piá 0 70
br/sites/alib.ufba.br/files/1981-5794-
km alfa-58-02-00463.pdf>. Acesso em:
28 abr. 2020.
L
vive? Quais são eles?
presentes nos estudos
dos fenômenos 2. Com base nos movimentos que você identificou, como
linguísticos, possuem é a manifestação linguística envolvida nele? Há imagens,
diferenças de sons, palavras e expressões características? Quais?
significado importantes. 3. Se há mais de um movimento hip-hop, quais diferenças na
N
As variantes manifestação linguística entre eles podem ser percebidas?
correspondem ao 4. Considerando o hip-hop como um movimento de iden-
conjunto de elementos tidade que representa um modo de viver, falar e se re-
analisáveis que lacionar, pense sobre uma cultura análoga a essa que
compõem os tipos represente de forma muito particular o modo de vida
P
de variação [os quais do lugar onde você vive e descreva os pilares e as ca-
você pesquisou]. E a racterísticas dessa manifestação.
variedade, por sua vez,
5. Se você estivesse em outro contexto cultural e se mani-
é o conjunto dessas
festasse de acordo com essa cultura local, como imagi-
variações. Em uma
na que seria recebido?
suposta hierarquia,
IA
esses conceitos seriam 6. De que modo você poderia ampliar o reconhecimento
assim representados: nacional da cultura local, do lugar onde você vive?
variante > variação > 7. Em grupo de até quatro estudantes, usando ferramen-
variedade (CASTILHO, tas digitais, elaborem um mapa linguístico com as infor-
Ataliba T. de. Nova mações coletadas na roda de conversa:
gramática do português I. Fenômenos regionais
brasileiro. São Paulo:
II. Movimento hip-hop
Contexto, 2012, p. 197.)
Em dia e hora previamente combinados, os grupos de-
U
Língua e sociedade
Antes de ler o texto a seguir, reflita: por que, diante de
tantas variações linguísticas, foi definida uma língua-padrão?
No texto, há uma explicação para essa necessidade.
L
mente, respeitando as mesmas regras em relação aos usos Brasil. Nele, diferentes
linguísticos. Dessa forma, uma comunidade de fala não se membros da Academia
caracteriza por ter pessoas que falam do mesmo modo, mas Brasileira de Letras – por
sim pelo fato de essas pessoas se relacionarem por meio de exemplo, Nélida Piñon,
Ariano Suassuna, João
N
redes comunicativas diversas, seguindo as mesmas normas.
Ubaldo Ribeiro, Moacyr
A padronização de língua é sempre historicamente de-
Scliar, Ledo Ivo, Ivan
finida. Claro que a escrita é um sistema rígido, organizado Junqueira – falam sobre a
por um conjunto de regras comum a todos os falantes de língua falada em diferentes
uma mesma comunidade linguística para evitar o caos na estados do Brasil. Por
P
comunicação. Entretanto, há um dinamismo inerente em meio de entrevistas e
todas as línguas, tornando-as heterogêneas [...]. depoimentos, o filme traça
um panorama da língua
A diversidade linguística dá-se em razão de diferenças falada em nosso país,
geográficas, de classes sociais, de níveis de escolaridade, destacando seu aspecto
de categorias como profissão, idade, sexo, entre outras. dinâmico e mutável.
IA
Além disso, a diversidade da língua expressa-se na pró- • Português, a língua do
pria continuação histórica, de forma que as mudanças Brasil, direção de Nelson
temporais sejam parte da história das línguas. Pereira dos Santos, 2007,
documentário (72 min.).
SOUSA, Julienni Lopes de; LIMA, Luana Nunes Martins.
Regionalismo e variação linguística: uma reflexão sobre a
linguagem caipira nos causos de Geraldinho. Revista do
Instituto de Estudos Brasileiros. n. 72, São Paulo, jan./abr. 2019.
Epub 10 jun. 2019. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0020-38742019000100063>.
U
Ponto de observação
Diante das variações linguísticas presentes na língua por-
tuguesa, que é falada em diferentes continentes, a educação
deve se adaptar em lugares com extensões continentais?
Em sua opinião, é válido buscar diferentes abordagens de
ensino para que o estudante compreenda mais facilmente
uma variação linguística?
No lugar onde você vive ou onde você nasceu, quais varia-
ções linguísticas se destacam? Como essa “sua” língua portu-
guesa é ensinada?
Você e seus colegas gostariam de sugerir alterações no
modo de aprendê-la?
D
Belchior (1946-2017)
Produção artística
nasceu em Sobral, no
L
estado do Ceará, e morreu
em Santa Cruz do Sul, Rio Canção
Grande do Sul. Além de O contraste entre a vida rural e a urbana pode apa-
cantor e compositor, foi
recer em músicas de diversos estilos e se apresentar de
desenhista, caricaturista e
N
pintor. É autor de canções maneiras distintas. Um cantor e compositor que se per-
de sucesso, entre elas mitiu cruzar referências de diferentes estilos musicais,
“Apenas um rapaz latino- por exemplo, foi Belchior. Em sua canção “Fotografia
‑americano”, “Velha roupa 3x4”, ele fala: “Eu me lembro muito bem do dia em que
colorida” e “Como
eu cheguei / Jovem que desce do Norte pra cidade gran-
P
nossos pais”. Com
personalidade reservada, de [...] Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
evitou exposição na mídia [...] / E lágrima nos olhos de [...] ver o verde da cana. [...]
em suas últimas décadas Cai no sul grande cidade / São Paulo violento, corre o rio
de vida. Sua música que me engana”.
voltou a chamar atenção
Ele construiu suas letras considerando sua experiência
IA
dos jovens quando o
rapper Emicida sampleou com a música de repentistas e suas leituras da poesia do
a canção "Sujeito de sertão de João Cabral de Melo Neto. Além disso, deixou-
sorte" e a lançou sob o -se influenciar por The Beatles, Bob Dylan e pela MPB de
título de "AmarElo", com sua época.
participação dos artistas
Majur e Pabllo Vittar. 1. Com base nos versos da canção mencionada, responda às
questões e explique suas respostas.
Acervo/TV Globo
Não perca!
Um dos discos de maior prestígio de Bel- De modo crítico, Belchior revela em suas
chior se chama Alucinação. Foi lançado em letras que sua "alucinação" é suportar o seu
1976 e conta com clássicos do compositor, por cotidiano e as coisas reais tais como elas são,
exemplo, as canções "Apenas um rapaz lati- sem o escapismo, a imaginação e a esperança
no-americano", "Como nossos pais" e "Velha que por vezes tomavam conta da música de
roupa colorida", além da canção mencionada seu tempo.
“Fotografia 3x4”.
D
tro pessoas, compor a letra e a melodia de uma música e
apresentar essa criação com seu grupo para a turma.
L
Caso alguém toque algum instrumento ou esteja habitua-
do a cantar em público, convide-o a assumir esse papel no
grupo. Se alguém tiver o costume de escrever poesias e letras
de música, pode ocupar o posto de letrista, por exemplo.
N
Caso alguém tenha referências musicais variadas e/ou
conheça bem a cultura sertaneja, pode também auxiliar
com seus saberes. O importante é encontrar a melhor ma-
neira de cada um se sentir à vontade para cooperar na rea-
P
lização da atividade.
Organize-se com o seu grupo de forma a dedicar o tempo
necessário para a composição e para o ensaio de sua música.
Elaboração e criação
IA
Observe seu cotidiano e busque expressar na letra da
canção as seguintes questões:
• Como é o lugar onde você vive: mais urbano ou mais rural?
• Como os elementos naturais se revelam no seu entorno?
• Como é a circulação de pessoas pelas ruas da cidade?
• Como as suas relações afetivas se situam no cotidiano?
U
• Q
ue estilos musicais você tem curiosidade de conhecer
mais profundamente?
D
Esta atividade é um exercício de criação e composição.
Sendo assim, não se espera uma canção completa e es-
truturada, mas sim a elaboração de algumas estrofes e de
uma melodia identificável. Para abarcar as referências da
L
música caipira e sertaneja, você pode se basear no modo
de cantar, na admiração da natureza, nas dinâmicas afeti-
vas das letras etc. Você pode se inspirar também em como
Belchior tratou temas similares, com resultados poéticos e
N
sonoros bastante únicos.
Apresentação
Combinem um encontro para a apresentação das cria-
P
ções musicais.
Lembrem-se de planejar o momento anterior à apre-
sentação, para que a entrada e a saída do “palco” seja
organizada, possibilitando a todos os grupos se apresen-
tarem em sequência.
IA
Arquive no Portfólio os vários versos e tentativas de ela-
boração da letra; o registro fotográfico e audiovisual dos
ensaios e da apresentação. Se possível, tire uma fotografia
do público presente à apresentação, bem como dos basti-
dores, como entrada e saída dos grupos, afinação de ins-
trumentos, conversas preparatórias etc.
U
Produção de texto
Videominuto e Fanzine
G
D
ridade com esses gêneros, isto é, você é usuário de gêneros
digitais? Conhece as ferramentas que são usadas em sua
produção e acesso?
L
Planejamento
Para explorar os gêneros digitais, você e seus colegas
vão produzir, em grupos de até cinco estudantes, um vi-
N
deominuto e um fanzine sobre a música sertaneja contem-
porânea, seja a popularmente chamada música caipira ou
o sertanejo universitário. Para tanto, deverão ampliar a pes-
quisa sobre um compositor, cantor ou grupo representante
dessa estética musical e produzir conteúdos digitais sobre
P
ele, de acordo com as orientações do quadro.
Suporte de
Gênero Público Propósito/Finalidade
publicação
Produção de
Estudantes do Ensino Site do Festival do
IA
Videominuto videominuto para o
Médio Minuto
Festival do Minuto
Publicação de fanzine
Estudantes do Ensino sobre produção Plataforma digital para
Fanzine
Médio musical sertaneja publicações diversas
contemporânea
Videominuto
U
ticas e funcionalidades. Logo você vai notar que há diferen- do Minuto: <www.
ças nas produções, pois algumas são mais artísticas, outras festivaldominuto.com.
têm toques autobiográficos, há documentários etc. br/pt-BR>.
Festival do Minuto/Ministério do Turismo
D
Anote aí!
do Festival do Minuto, busque “documentários”. Depois,
Fanzines impressos em grupo, escolham apenas um vídeo dessa série para ser
objeto de análise, conforme o roteiro a seguir. Registrem
e digitais
suas ideias em documento a ser arquivado no Portfólio
Embora os fanzines
L
para consulta no momento de produção.
tenham se originado
em suporte físico, hoje Roteiro para análise
é comum que essas
publicações também 1. Examinem as características do vídeo:
sejam feitas em versão • Tempo de duração.
N
digital e publicadas em • Presença de imagem, som e escrita.
blogs ou em plataformas • Possíveis intertextualidades.
de compartilhamento de
• Apresentação do tema, desenvolvimento e finalização.
conteúdos digitais.
• Presença de vinheta, sonoplastia, créditos.
Pesquise essas
P
• Linguagem utilizada em relação ao público-alvo,
ferramentas e explore
suas funcionalidades. 2. Em roda de conversa, discutam os efeitos de sentido:
Se possível, publique • Duração da cena, enquadramentos, cor e luz e seus efeitos
o conteúdo criado de sentido.
pelo seu grupo. Para • Relação semântica entre imagem, som e escrita.
isso, é importante
IA
• Repetição, supressão ou corte de texto, imagem para a pro-
que, antes de iniciar
dução da mensagem.
a produção, vocês já
tenham conhecimento Fanzine
dos procedimentos para
postagem. Fanzine é uma revista produzida e publicada por fãs de
Em grupo, escolham pessoas públicas ou de artistas de música, cinema ou de ou-
um dos sites, façam tras artes. Feita de maneira independente, são folhetos ou
a inscrição gratuita
catálogos artesanais compostos por colagens de imagens e
e explorem os links
U
para saber como são textos escritos por um ou diversos autores. Servem para di-
suas funcionalidades e vulgar impressões, ideias sobre trabalhos de outrem ou mes-
procedimentos de uso. mo criações autorais inspiradas em ídolos ou obras prediletas.
Se necessário, consulte Para conhecer mais sobre a estrutura desse gênero, você
tutoriais oficiais ou de
G
D
Não perca!
3. Analisem as características do fanzine:
Por causa da pandemia
• Número de páginas.
causada pelo vírus SARS-
• Relação entre imagem e escrita.
-CoV-2 em 2020, as mídias
• Possíveis intertextualidades. digitais assumiram um
L
• Apresentação do tema, desenvolvimento e finalização. protagonismo ainda maior
• Gêneros textuais. no cotidiano das pessoas,
• Diagramação das páginas. acelerando a necessidade
• Capa e contracapa. do multiletramento digital.
• Linguagem utilizada em relação ao público-alvo. Dessa maneira, para a
N
expressão artística ou para
4. Em roda de conversa, discutam os efeitos de sentido:
o exercício da cidadania, é
• Imagens, cores, formas e seus efeitos de sentido. imprescindível o domínio da
• Relação semântica entre imagem e escrita. produção de conteúdo no
• Gêneros textuais e função comunicativa. ambiente virtual.
P
• Repetição, supressão ou corte em texto, imagem para a Sobre isso, leia o livro
produção da mensagem. de Rui Fava indicado a
• Variações linguísticas. seguir. Nessa obra, o autor
apresenta um histórico
do uso de tecnologia ao
Produção longo de séculos até os
IA
dias atuais, discutindo
Videominuto especialmente a maneira
como as novas ferramentas
Antes de começar a produção do videominuto, é preci- digitais impactam o mundo
so organizá-la e estabelecer critérios de qualidade a serem do trabalho.
atingidos. Por isso, o grupo deve previamente discutir so- • FAVA, Rui. Educação para
bre os aspectos positivos das peças assistidas, consideran- o século 21: A era do indi-
víduo digital. São Paulo:
do o conteúdo produzido, a qualidade do som e da ima-
U
Saraiva, 2016.
gem e a edição de imagens e sons. Em seguida, promover
reuniões, quantas forem necessárias, para discutir, palpitar
e combinar todas as etapas de produção.
Lembrem-se de registrar e arquivar no Portfólio os re-
G
Produção do roteiro:
• Elaboração da sequência do texto: começo, meio e fim.
O texto a ser narrado pode ser redigido previamente, o que
pode induzir o ator ou atores a decorá-lo. Para evitar essa situa-
ção, o conteúdo pode ser indicado em forma de tópicos e ele
pode ensaiar a fala previamente, de acordo com esse roteiro.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 49
• Elaboração da sequência da imagem:
D
O grupo pode escolher imagens a serem inseridas, fotos ou
cenas de outrem e/ou gravar sequências com participantes
do grupo. Nesse caso, devem escolher dia e hora para gra-
vação, cenário e figurino, considerando a luminosidade e os
efeitos de luz que incidem no local.
L
Edição de vídeo:
Os responsáveis pela edição de imagens e sons devem pre-
viamente explorar os recursos do software escolhido.
6. Produção do videominuto.
N
Em grupos:
• Em dia e hora agendados previamente, compartilhem as
imagens a serem inseridas no vídeo e gravem a sequência
roteirizada.
P
• Assistam às imagens para certificarem-se de que estão ade-
quadas.
• Arquivem imagens e cenas em locais seguros, se possível
com cópia de segurança em locais diferentes.
• Elaborem documentos em um editor de texto com textos
e/ou legendas, caso seja necessário.
IA
• Construam a página com créditos finais, com nomes e fun-
ções dos participantes.
Fanzine
Agora é a vez de você e seu grupo produzirem o fanzine.
Para tanto, reúnam-se quantas vezes for necessário para discu-
tir, planejar e combinar todas as etapas de produção. Revejam,
G
D
• Assistente de conteúdo: digitaliza o material finalizado no
papel e carrega na plataforma escolhida.
• Divulgador: divulga a publicação do fanzine para outras
pessoas e outras comunidades.
L
9. Produção de fanzine.
Em grupo, combinem:
• Número de páginas.
• Capa e contracapa.
N
• Assunto e gênero de cada texto.
• Composição de imagens ou ilustrações.
• Créditos.
• Publicação e divulgação.
P
Autoavaliação e reescrita
Videominuto
10. Antes da publicação, avaliem a produção do grupo, re-
IA
gravem ou editem o videominuto, conforme avalia-
ção coletiva.
omo você e seu grupo já tiveram a oportunidade de explorar
C
diferentes videominutos, agora são capazes de estabelecer
critérios para análise e aplicá-los na avaliação de suas pro-
duções. Utilizem alguns itens listados a seguir e acrescentem
outros, caso considerem necessário.
U
Fanzine
11. A última etapa antes da publicação é a avaliação do fanzine e
a sua autoavaliação como participante de grupo de trabalho.
Para tanto, siga os critérios destacados a seguir e, se neces-
sário, acrescente outros.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 51
Anote aí!
D
Direitos autorais Critérios para análise: fanzine
L
b) E
stá adequado ao público- b) A
s imagens e textos
imagens de terceiros -alvo. apresentam dimensões
é uma aprendizagem c) A mensagem é coerente adequadas à leitura.
importante para quem com a proposta inicial do c) A
s cores usadas nas
pretende publicar grupo. imagens, nas letras e no
materiais em suportes fundo da página estão
N
d) O
s textos apresentam
físicos ou virtuais. O clareza, coesão e coerência. esteticamente equilibradas.
Brasil, assim como e) O
s textos estão livres de d) O enquadramento das
outros países, já problemas de acentuação, imagens está adequado.
tem uma legislação ortografia e concordância e) C
ortes e inserções de
específica para esses verbal ou nominal. textos, imagens e sons
P
casos. Por isso, ao f) O
fanzine não apresenta estão adequados.
produzir conteúdos preconceito de qualquer
digitais, é necessário natureza.
verificar como ela
se constitui. Para
conhecê-la, estude
IA
a lei 9.610/1998 (lei
ordinária), de 19 de Publicação
fevereiro de 1998, que
pode ser acessada Videominuto
em site do Governo
Federal. Disponível em: 12. Publicação.
<www.planalto.gov.br/
grupo que editou o vídeo deve publicar o material no site
O
ccivil_03/leis/l9610.
do Festival do Minuto.
htm>. Acesso em: 22
U
D
Agora que você compreendeu o que são um videominuto e
um fanzine, e também os produziu, reflita e compartilhe com
seus colegas as possíveis razões para que essas duas modali-
L
dades de produção de conteúdo estejam ganhando tanto es-
paço e adeptos, especialmente entre os jovens. Que relação
eles têm com a vida moderna?
N
Encerramento
D
L
1. A obra retratada nestas imagens leva para 2. Compare as duas imagens da abertura
o palco pelo menos dois elementos natu- com uma dança que você conheça ou pra-
rais, por meio dos quais se trabalham mo- tique. Em seguida, comente as duas princi-
N
vimentos expressivos, compondo ainda o pais diferenças entre elas.
cenário do espetáculo.
3. Considerando que o dançarino está quase
a) Interprete cada um desses elementos na- sempre em movimento no palco, elabore
turais e comente como eles poderiam in- estratégias que auxiliariam um fotógrafo no
fluenciar os movimentos dos dançarinos. momento de registrar esses movimentos.
P
b) Em sua opinião, dançar movido por um
estímulo pode influenciar a subjetivida-
de do dançarino? Como você imagina
que seria sua performance nesse tipo
de contexto?
IA
es/Album/Fotoarena
1
Marion Kalter/akg-imag
U
G
54
D
2
L
otoarena
ess/Bridgeman Images/F
N
Pascal Victor/ArtComPr
P
IA
U
1 e 2. Cenas do
Você vai estudar... espetáculo
Vollmond (Lua
Cheia), dirigido
• A trajetória de Pina Bausch na dança da segunda metade do século XX. por Pina Bausch
• O que gera o movimento. e exibido pela
G
55
1 Fruição e análise artística e literária
D
Pina Bausch é uma das
Linguagem artística: dança
principais referências da Imagine um contexto em que a dança se liberta das suas
L
dança contemporânea
regras mais estritas, podendo utilizar como recurso expres-
dos anos 1970 até o início
do século XXI. Assumiu sivo qualquer movimento, tema ou figurino. Como os dan-
a direção da companhia çarinos e coreógrafos poderiam criar algo coerente, que
Tanztheater Wuppertal
N
fizesse sentido tanto para eles quanto para o público, com
em 1973, na cidade de
tamanha liberdade?
Wuppertal, na Alemanha,
país onde nasceu. Sua Na dança contemporânea, que surge a partir da segun-
produção está diretamente da metade do século XX, diferentes artistas passam a dar
associada à dança-teatro, forma às novas possibilidades criativas e expressivas. A
P
da qual foi uma das
principais expoentes, seguir, vamos conhecer o trabalho da coreógrafa e dança-
tendo sido influenciada rina Pina Bausch (1940-2009), reconhecida mundialmen-
pelos trabalhos de seus te por sua atuação na direção da companhia Tanztheater
antecessores: Rudolf Laban,
Wuppertal, da Alemanha.
Mary Wigman e Kurt Jooss.
IA
Como muitos coreógrafos de sua época, Pina Bausch
Michael Probst/AP Photo/
Glow Images
Cenário
O cenário é um dos elementos principais quando pensa-
mos sobre a questão da coerência e do sentido na monta-
gem de uma peça de dança contemporânea. No teatro, o
cenário é o conjunto de elementos visuais que são dispostos
em um determinado espaço, de forma a caracterizar e de-
limitar o local em que as cenas vão ocorrer, utilizando-se,
sempre que necessário, objetos cênicos que remetam à am-
bientação da ação.
56 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Observe a imagem a seguir, que mostra o cenário da
D
peça Café Müller, de Pina Bausch.
Reprodução/Pina Baush
L
N
P
Cenário da peça
Café Müller, 1978,
Alemanha.
D
Na dança, a sequência é
uma série de movimentos Para compreender melhor as criações de Pina Bausch,
concatenados dentro de vamos analisar a sequência de uma das peças de sua au-
uma ação. Um grupo de
toria. Nessa análise, direcionamos nossa atenção para os
sequências compõe uma
movimentos dos dançarinos e a interação entre eles, bus-
L
seção. Por sua vez, um
grupo de seções compõe cando interpretar o sentido de suas ações no contexto da
a obra completa. peça. Os movimentos dançados também nos dizem como
a coreógrafa e os dançarinos entendem o próprio ato de
dançar e se expressar artisticamente em movimento.
N
Vejamos a seguir a descrição de uma sequência de
Café Müller, de Pina Bausch. A cenografia e o figurino
são assinados por Rolf Borzik.
As imagens tratam-se de frames extraídos do docu-
P
Cenas do documentário Pina, mentário Pina, de 2012, dirigido por Wim Wenders.
de Wim Wenders, 2012.
Reprodução/Wim Wenders/Imovision
Reprodução/Wim Wenders/Imovision
IA
1. S
ozinha, a dançarina à frente está em pé, 2. Dançarino entra pela porta à esquerda, en-
mão direita ao peito, mão esquerda es- quanto a dançarina se vira para ele e co-
U
Reprodução/Wim Wenders/Imovision
G
3. C
onforme ela vai acelerando seus passos, 4. A dançarina encontra bruscamente a pare-
o dançarino tenta rapidamente remover de. O dançarino continua atento a ela, sem
as cadeiras do caminho. Em seguida, o se aproximar. Ele arruma as cadeiras caídas
movimento dos dois se acelera, enquan- antes de fechar a porta que está aberta.
to ele consegue remover a última cadeira.
D
demos perceber certa narratividade na dança. Isso se torna
mais evidente quando notamos que, ao descrever os mo-
vimentos, não estamos apenas focados em um movimento
corporal tipicamente coreografado, como nas danças que
L
acompanham a música popular. Ao contrário, a sequência
de movimentos mostra uma interação entre os dançarinos
que nos remete aos elementos de uma história contada,
da qual fazem parte gestos de aproximação e atitudes de
N
incompreensão entre um casal. Ao mesmo tempo que o
dançarino busca remover todas as cadeiras da trajetória da
dançarina, ele não consegue impedir seu encontro com a
parede à sua frente, tampouco se aproximar afetivamente.
Essa é uma das características marcantes da dança-teatro
P
desenvolvida por Pina Bausch.
Repetição
Dando continuidade à descrição e à análise dessa se-
quência, podemos ressaltar um aspecto estrutural da co-
IA
reografia. Trata-se do uso da repetição como elemento es-
trutural e expressivo.
Pina Bausch trabalha a repetição de movimentos de
modo a transformar as experiências subjetivas dos bailari-
nos em material expressivo da dança. Em outras palavras,
a repetição dos movimentos molda a expressividade do ar-
tista em forma de dança. Isso também revela um estudo do
U
Reprodução/Wim Wenders/Imovision
G
D
Não perca!
pectador a entender melhor como foram planejadas e or-
• Pina (2011). Direção: Wim ganizadas as sequências, as seções e a totalidade da obra.
Wenders, Alemanha. Trata-se de uma estratégia importante para situar o espec-
Documentário alemão tador, pois estabelece pontos de apoio e referência para
sobre a vida e a carreira de
L
acompanhar a dança-teatro. Por outro lado, é um modo de
Pina Bausch. A produção
mostra também os grandes dar ênfase a um movimento que poderia passar mais des-
espetáculos protagonizados percebido, caso não fosse repetido.
pela companhia que Pina
dirigiu durante 35 anos.
N
• Pina Bausch e o
Wuppertal dança-teatro:
Diálogos em sala de aula
repetição e transformação
(2007), de Ciane Pesquise na internet informações sobre a Escola do
Fernandes. São Paulo: Teatro Bolshoi no Brasil, de Joinville, Santa Catarina, espe-
P
Annablume. cialmente o espetáculo de dança-teatro Do que nós somos
Livro que analisa de um feitos?. O espetáculo já foi produzido pela escola em dois
ponto de vista mais técnico momentos diferentes e nas duas oportunidades causaram
a construção artística de impacto importante no público.
Pina Bausch frente ao Em roda de conversa, discutam:
Tanztheater Wuppertal.
IA
1. Qual é o tema norteador do espetáculo?
2. Qual é o perfil dos dançarinos na segunda montagem?
3. Por que espetáculos dessa natureza, em geral, são pou-
co explorados pelo público?
Ampliando o repertório
U
para arquivar todo o demos ver que na arte contemporânea não é somente o re-
material produzido durante sultado que importa, mas as estratégias usadas para a sua
esta Unidade. Para isso, criação, a relação entre os artistas e a forma que é dada ao
você pode utilizar um material de trabalho.
caderno ou bloco de papel Para conhecer as particularidades da obra de Pina, reú-
para anotações, mas não nam-se em duplas e façam uma pesquisa na internet so-
se esqueça de criar uma bre as diferentes obras da autora. Em seguida, realizem o
pasta física e outra digital, que se pede abaixo e arquivem os dados encontrados em
de uso individual ou em seu Portfólio.
grupo, para o arquivamento 1. Escolham uma das obras, identifiquem o tema princi-
dos materiais. Você pode pal e como ela se relaciona com a subjetividade dos
guardar em seu Portfólio participantes.
recortes, esboços,
fotografias, vídeos, 2. Sobre essa peça, compreenda e interprete como foi o
áudios etc. processo de criação da coreografia e do tema.
D
Partindo da questão “O que nos move?”, analisamos fotografias do cenário de uma peça de
dança-teatro e uma sequência de imagens extraídas de um documentário com cenas desse
mesmo espetáculo.
L
Retome esse estudo, bem como as imagens e suas respectivas descrições, comentando
de que forma as fotografias e os textos colaboraram para uma compreensão mais abrangen-
te do espetáculo.
Que aspectos adicionais foram percebidos nas imagens e que não estão nas descrições?
Quais elementos presentes nas descrições ajudam a compreender as imagens e os movimentos
N
dos dançarinos?
L inguagem literária:
P
a prosa de Guimarães Rosa
D
Guimarães Rosa nasceu
em Cordisburgo, MG,
onde anos mais tarde se Guimarães Rosa e seu retrato do Brasil
formou em Medicina. Foi
atendendo os sertanejos do A obra de João Guimarães Rosa tem sido amplamente es-
L
interior mineiro que o então tudada por especialistas e pesquisadores da área da Literatu-
médico começou a escrever ra por apresentar traços inéditos da escrita literária. Em seus
contos, novelas e romances
inspirados na realidade textos, pode-se notar a maneira como o autor preocupou-se
do sertão. Anos mais em registrar a musicalidade presente na linguagem do brasi-
N
tarde iniciou sua carreira leiro, em materializar a fala do homem simples, em registrar
diplomática, favorecida
graças aos conhecimentos
as imagens que afloram em nossa terra, mais especialmente
que tinha de outros do sertão. Para realizar seu projeto literário, o autor criou uma
idiomas. Em sua carreira de língua própria, em que o léxico e a sintaxe são resultados do
autor, ganhou incontáveis
P
cruzamento entre a norma-padrão e as variantes linguísticas
prêmios.
do português brasileiro de sua época.
Folhapress/Folhapress
D
tagonista relata os conflitos vividos por seu bando no ser-
tão brasileiro e a relação estreita e amorosa que estabeleceu
com Diadorim. O trecho que você vai ler agora é o primeiro
em que a personagem é citada pelo narrador. Antes disso,
L
ele apresentou outros jagunços e alguns dos conflitos vivi-
dos por seu bando e também seus conflitos íntimos, como,
por exemplo, o motivo pelo qual tantos males acontecem
no sertão e a razão pela qual os homens devem atravessar
N
tantos problemas ao longo da vida.
P
se misturam e desmisturam, de acaso, mas cada um é feito um
por si. De nós dois juntos, ninguém nada não falava. Tinham a
boa prudência. Dissesse um, caçoasse, digo – podia morrer. Se
acostumavam de ver a gente parmente. Que nem mais maldavam.
E estávamos conversando, perto do rego – bicame de velha fazen-
IA
da, onde o agrião dá flor. Desse lusfús, ia escurecendo. Diadorim
acendeu um foguinho, eu fui buscar sabugos. Mariposas passa-
vam muitas, por entre as nossas caras, e besouros graúdos esbarra-
vam. Puxava uma brisbrisa. O ianso do vento revinha com o cheiro
de alguma chuva perto. E o chiim dos grilos ajuntava o campo,
aos quadrados. Por mim, só, de tantas minúcias, não era o capaz
de me alembrar, não sou de à parada pouca coisa; mas a saudade
U
Maria Lemesheva/Dreamstime.com
Som como os sapos sorumbavam. Diadorim, duro sério, tão boni-
to, no relume das brasas. Quase que a gente não abria boca; mas
G
D
sabe, adivinha se não entende. Perto de muita água, tudo é feliz.
Se escutou, banda do rio, uma lontra por outra: o issilvo de plim,
chupante. – “Tá que, mas eu quero que esse dia chegue!” – Dia-
dorim dizia. – “Não posso ter alegria nenhuma, nem minha mera
L
vida mesma, enquanto aqueles dois monstros não forem bem aca-
bados…” E ele suspirava de ódio, como se fosse por amor; mas,
no mais, não se alterava. De tão grande, o dele não podia mais ter
aumento: parava sendo um ódio sossegado. Ódio com paciência;
N
o senhor sabe?
E, aquilo forte que ele sentia, ia se pegando em mim – mas
não como ódio, mais em mim virando tristeza. Enquanto os dois
monstros vivessem, simples Diadorim tanto não vivia. Até que
viesse a poder vingar o histórico de seu pai, ele tresvariava. Du-
P
rante que estávamos assim fora de marcha em rota, tempo de des-
canso, em que eu mais amizade queria, Diadorim só falava nos
extremos do assunto. Matar, matar, sangue manda sangue. Assim
nós dois esperávamos ali, nas cabeceiras da noite, junto em junto.
IA
Calados. Me alembro, ah. Os sapos. Sapo tirava saco de sua voz,
vozes de osga, idosas. Eu olhava para a beira do rego. A ramagem
toda do agrião – o senhor conhece – às horas dá de si uma luz,
nessas escuridões: folha a folha, um fosforém – agrião acende de
si, feito eletricidade. E eu tinha medo. Medo em alma.
Não respondi. Não adiantava. Diadorim queria o fim. Para isso
a gente estava indo. Com o comando de Medeiro Vaz, dali de-
pois daquele carecido repouso, a gente revirava caminho, ia em
U
D
ciosa do fragmento, responda: o texto palavra “só”. Qual sentido se aplica à
atendeu às suas expectativas iniciais? fala do narrador? Explique.
Justifique sua resposta com exemplos
6. Qual era o motivo do ódio de Diadorim?
retirados do trecho.
Justifique sua resposta com passagens
2. Em grupos de até quatro integrantes, do texto.
L
leiam o texto em voz alta e selecionem:
7. Comente o sentido inscrito na metáfo-
a) um fragmento em que seja possível ra presente em “O segredo dele era de
observar cadência, ritmo e musicali- pedra”.
dade na frase, sugerindo linguagem 8. Elabore um comentário apreciativo do
própria da poesia.
N
trecho em que constem suas impressões
b) um trecho que contenha marcas da sobre o texto lido e as partes que mais
linguagem oral. lhe impressionaram. Destaque também
as características que lhe parecem mais
3. Agora sintetizem, em um breve comen-
representativas do estilo do autor.
tário, as características principais da lin-
P
guagem usada por Guimarães Rosa em 9. Agora busque em plataformas de com-
“Grande Sertão: Veredas”. partilhamento os seguintes vídeos:
4. Releia o fragmento e faça o que se pede: I. Grande Sertão: Veredas, por Yudith
Rosenbaum, produzido pela Casa do
“Diadorim e eu, nós dois. A gente dava
Saber.
passeios. Com assim, a gente se diferen-
II. José Miguel Wisnik fala sobre “Gran-
IA
ciava dos outros – porque jagunço não é de sertão: veredas”, produzido pela
muito de conversa continuada nem de Companhia das Letras.
amizades estreitas: a bem eles se mistu- III.
Novas Veredas: Guimarães expli-
ram e desmisturam, de acaso, mas cada ca "Grande sertão", produzido pelo
um é feito um por si. De nós dois juntos, Estadão.
ninguém nada não falava. Tinham a boa IV. Literatura Fundamental 42 − Grande
prudência. Dissesse um, caçoasse, digo – Sertão: Veredas − Willi Bolle.
Assista aos vídeos e componha uma
U
Maria Lemesheva/Dreamstime.com
D
Dá-se o nome de
neologismo ao processo O uso de neologismos é um dos recursos estéticos utili-
de criação de novas zados por Guimarães Rosa para a criação de sua linguagem
palavras em um idioma.
literária. No conjunto de textos que produziu, percebe-se o
Caso haja uso recorrente
potencial do autor para a invenção de novas palavras que,
L
da palavra inventada,
pode ocorrer o processo às vezes, surgem de jogos sonoros, projeções imagéticas
de inclusão da palavra no ou pelo arranjo de diferentes radicais ou elementos cons-
léxico da língua, o que titutivos de distintos vocábulos. Como não há uma única
obriga a sua inclusão no
maneira ou procedimento para a criação de novas palavras,
N
dicionário.
esse traço criativo parece ainda mais esteticamente valori-
zado em sua obra. Explore alguns exemplos presentes no
Bicame: sulco para fragmento lido anteriormente.
passagem de riacho.
Lusfús: lusco-fusco, E estávamos conversando, perto do rego – bicame de velha
P
crepúsculo. fazenda, onde o agrião dá flor. Desse lusfús, ia escurecendo.
Brisbrisa: duplicação de
radical para efeito sonoro. Diadorim acendeu um foguinho, eu fui buscar sabugos. Mari-
Ianso: o mesmo que posas passavam muitas, por entre as nossas caras, e besouros
brisbrisa, porém com
graúdos esbarravam. Puxava uma brisbrisa. O ianso do vento
semelhança fonética com a
palavra "manso". revinha com o cheiro de alguma chuva perto. E o chiim dos
IA
Revinha: percorrer, grilos ajuntava o campo, aos quadrados. Por mim, só, de tantas
atravessar.
Chiim: canto, grito de minúcias, não era o capaz de me alembrar, não sou de à parada
numerosas vozes. pouca coisa; mas a saudade me alembra. Que se hoje fosse.
Quisquilhas: minúcias,
coisas de pouca
Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas
importância. quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som como os sapos so-
Sorumbavam: manifestavam rumbavam. Diadorim, duro sério, tão bonito, no relume das
melancolia.
Delém: atração, sentimento brasas. Quase que a gente não abria boca; mas era um delém
U
seguir:
a) Lusfus
b) Brisbrisa
c) Revinha
d) Chiim
D
Não perca!
O Léxico de Guimarães Rosa,
Grande Sertão: Veredas apresenta, entre outros temas, de Nilce Sant'Anna Martins,
um verdadeiro tratado sobre a amizade e o amor. Lançado é um importante livro para
pela primeira vez em 1956, o livro impactou o público leitor quem pretende conhecer
L
por tratar de temas polêmicos para a época. mais profundamente o
Você sabe qual é o desfecho da história? Teve a curiosi- emprego das palavras na
dade de pesquisar como termina a história dessa amizade? obra rosiana. Nele, a autora
Para enriquecer a conversa, pesquisem sobre a série listou todas as palavras
Grande Sertão, de 1985, da Rede Globo, protagonizada por inventadas ou com sentido
N
Bruna Lombardi, Tony Ramos e Tarcísio Meira. alterado na obra de João
Guimarães Rosa.
Ampliando o repertório
Clube de leitura
P
IA
As duas imagens a seguir representam possíveis comportamentos de leitores na atualidade.
U
G
L
• ao longo da leitura, anotem dúvidas ou comentários a serem compartilhados no final.
• depois da leitura, estabeleçam o tempo destinado aos comentários dos diferentes leitores,
de maneira que todos tenham tempo de fala.
• se necessário, releiam passagens para aprofundar o sentido do texto.
N
• tenham um dicionário físico ou on-line para o caso de haver dúvidas. E lembrem-se: nem
todas as palavras que aparecem na obra de Guimarães Rosa estão no dicionário, já que ele
inventava alguns vocábulos. Nesse caso, o grupo deve compor seus sentidos por meio da
leitura do contexto.
No final do encontro, elaborem uma indicação de leitura do conto, levando em conta os
P
aspectos mais marcantes da obra. Vocês podem citar o tema, o enredo, a linguagem do au-
tor, o desfecho ou mesmo alguma emoção que o texto tenha suscitado.
Por fim, gravem um pequeno áudio em aparelho celular com a dica de leitura e comparti-
lhe-o em redes sociais de seu grupo de amigos da comunidade escolar.
Utilizem o Portfólio para arquivar elementos coletados e elaborados por vocês.
IA
Ponto de observação
Riobaldo, o narrador de uma das mais importantes obras
Reprodução/Editora José Olympio
Capa da primeira edição 3. Que impressão o texto provoca em você? Como você com-
do livro Grande Sertão: preende as observações do narrador de que as pessoas
Veredas (1956), de João “não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas”?
Guimarães Rosa.
L
linguagem artística e literária, vamos aproximar a narrati-
va “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, da obra
Café Müller, dança-teatro de Pina Bausch.
No caso do espetáculo, os dançarinos entram em rela-
ção com os objetos que, em cena, representam o antigo
N
restaurante do pai de Pina, transformando mesas e cadei-
ras em elementos disparadores da emoção dos bailarinos.
Dessa maneira, os corpos em movimento se relacionam
subjetivamente com os elementos composicionais do ce-
nário que, como os personagens secundários, estimulam
P
os principais para a ação, para o protagonismo da cena.
Já no trecho do romance, o protagonista e Diadorim
circulam no ambiente do sertão cortado por rios que pare-
cem interferir nas emoções e em seus destinos.
Para refletir um pouco mais sobre o efeito de sentido
que o espaço físico promove nas personagens, releia o tre-
IA
cho a seguir e realize as atividades propostas.
Matahiasek/Dreamstime.com
onde o agrião dá flor. Desse lusfús,
ia escurecendo. Diadorim acendeu
um foguinho, eu fui buscar sabu-
gos. Mariposas passavam muitas,
U
D
Os papéis assumidos pelo narrador em um discurso, so-
bretudo na literatura contemporânea, transcendem aquilo
L
que conhecemos como canônico – em primeira ou terceira
pessoa, onipresente ou onisciente. O narrador não apenas
conta a história, como a compõe, muitas vezes em uma re-
lação que parece ser a voz da consciência das persona-
gens. Estudaremos alguns textos para analisar como essa
N
relação do eu e do outro aparece na narração.
P
A maneira como autores inovam suas formas de escrita
se materializa dentro das possibilidades que a língua oferece,
em uma tentativa também de transcendência dessas possibi-
lidades. Escrever uma narrativa requer conhecer sua técnica,
IA
mas também usar a criatividade para trazer elementos novos.
D
textos dos mais variados campos do conhecimento. As
palavras e expressões usadas para expressar as diversas
manifestações ligadas à arte, por exemplo, estão inseridas
em um contexto de percepção de mundo e de represen-
L
tação que é intrínseco a ela.
Seja na manifestação oral, seja na escrita, a referenciação
acontece em textos de todas as tipologias – narrativa, descriti-
va, dissertativa ou injuntiva. Investigaremos como ocorrem os
N
processos de referenciação em alguns desses tipos de texto.
Língua em contexto
P
A prosa de Guimarães Rosa é bastante desafiadora para
nossas habilidades leitoras. Escrever, para esse autor, signifi-
cava lapidar as palavras, compreender a língua em suas mi-
núcias e extrair dela o máximo de possibilidades expressivas.
Muitos foram os estudiosos da linguagem que se dedica-
IA
ram a analisar a obra de Guimarães Rosa. Entre os desafios
dessa análise está a forma como ele compõe os tons de suas
narrativas, por meio da apresentação de várias facetas do
narrador, que ora se coloca irônico, ora engraçado, ora dra-
mático, tudo em um mesmo texto, já que Guimarães Rosa
compõe a figura do narrador em uma relação com o outro.
Esse “outro” são as personagens.
U
D
Pensamento computacional
Podemos compreender a realidade, tal como pressupõem as teorias sociológicas, como
L
uma criação coletiva baseada em estereótipos culturais. Usemos a escola como exemplo:
compreendemos a escola como é estruturalmente e sua importância como instituição for-
mativa porque assim se convencionou culturalmente, por um conjunto de regras e estereóti-
pos que se cristalizaram na humanidade. Considerando as diferentes etapas do pensamento
computacional, responda à seguinte questão:
N
1. O que é cultura para você?
I. Decomposição:
Decomponha a pergunta em perguntas mais específicas. Por exemplo:
a) Qual é o sentido da palavra "cultura" no dicionário?
b) O que eu já conheço do termo?
P
c) Em que contextos essa palavra pode ser aplicada?
Acrescente outras perguntas que você considere pertinente.
II. Padrões:
d) Identifique os possíveis aspectos que podem gerar dúvida em você ao elaborar esse
conceito.
IA
III. Abstração:
e) Elimine definições que contemplem somente situações específicas. Para compor sua
definição, lembre-se de que o termo deve contemplar uma ideia ampla e não somente
situações específicas.
IV. Algoritmo:
f) Elabore uma sequência de procedimentos do estudante a ser cumprido para que a de-
finição do termo seja composta de maneira clara, coesa e ampla.
U
primeira pessoa, isto é, por uma voz que faz guerreiro. Medeiro Vaz era homem sobre o sisu-
parte da narrativa e, por isso, sabemos que o do, nos usos formado, não gastava as palavras.
narrador desconhece os acontecimentos e Nunca relatava antes o projeto que tivesse, que
as emoções das outras personagens. Releia marchas se ia amanhecer para dar. Também,
este trecho e faça o que se pede a seguir. tudo nele decidia a confiança de obediência.
D
Tipos de narrador
Em trios, elaborem uma apresentação digital com as
principais informações sobre os tipos de narrador: em pri-
L
meira pessoa ou terceira pessoa, onipresente ou onisciente.
1. Nesse documento digital, apresente:
a) Características do narrador em 1ª e 3ª pessoas.
b) Tipos de narrador em 3ª pessoa.
N
2. Busque em livros físicos ou no site Domínio Público os
seguintes contos de Machado de Assis. Leia-os e classi-
fique os tipos de narrador, justificando sua resposta com
exemplos:
P
a) “Um apólogo”. c) “A cartomante”.
b) “Missa do galo”. Os tipos de narrador
são tratados também
Lembrem-se de arquivar o material pesquisado e a em outro volume
apresentação de slides no Portfólio. desta coleção.
IA
Pare e compare
Agora que você já estudou os tipos de nar- que ele se firmou como um armador cerebral no
rador, leia os fragmentos abaixo e responda meio de campo, com passes que transformaram
às questões a seguir. em artilheiro o centroavante Geraldão, contrata-
Texto 1 do na temporada posterior pelo Corinthians.
U
breve como craque. Por ser estudante de medi- Nenhum indício de tragédia. O encontro mar-
cina na prestigiosa Universidade de São Paulo cado com Renata o deixava feliz, os músculos
(USP) na cidade do interior, Magrão treinava da barriga contraídos de ansiedade. Fez a barba,
com o time. Os dirigentes lhe abriam exceção enfiou-se em roupa nova, e de roupa nova ele
porque sabiam se tratar de um fora de série e se achava um perigo, passou perfume. Demais.
esperavam lucrar com ele não só dentro de cam- Penteou-se. Recuou dois passos para botar a si-
po, com suas jogadas geniais para a equipe, mas lhueta inteira no reflexo do espelho. Penteou-se
sobretudo financeiramente, quando fossem ne- de novo. Chegou mais perto para verificar se era
gociá-lo com um grande clube no futuro. perceptível a espinha despontando no nariz. O
Aos 18 anos, Sócrates estreou pelo time pro- moço do reflexo, ele mesmo, ou o outro que ele
fissional do Botafogo-SP numa excursão ao Mato queria ser, especial, sublime, apaixonado, sério,
Grosso, em 1972, e recebeu outras oportunida- terno, ostentava ar de inteligente. Ajustou ex-
des no ano seguinte. Mas foi no Paulistão de 1974 pressão facial diferente para cada uma dessas
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 73
qualidades que planejava exibir para a moça. Ao comparar os dois fragmentos, é possível
D
Experimentou o perfil. Esquerdo. Depois o di- perceber nuanças na maneira como cada
reito, o lado melhor. Ergueu a sobrancelha, num narrador em terceira pessoa se manifesta.
gesto de conquistador, imaginando a impressão Reflita sobre isso e responda:
que causaria, depois caçoou bobo de si próprio. 1. Qual dos dois narradores é mais objetivo e
L
Não se incomodou com a cicatriz na testa – re- menos passional?
cuerdos de um voo de cima do ouro ao chão,
2. Qual dos dois narradores conhece mais a
quando tinha cinco anos, ganhou uma capa de intimidade da personagem? Como isso se
super-homem e achou ter ganhado superpode- manifesta?
N
res junto com a fantasia.
3. Agora reflita: como a atitude do narrador
BOTELHO, Joaquim Maria. Costelas de Heitor
Batalha: Os prazeres e as dores de um anti-herói. pode interferir na maneira como avaliamos
São Paulo: Évora, 2014. p. 1. as personagens ou as situações relatadas?
Questões da língua
P
Nesta Unidade você revisitou os tipos de narrador e pôde
analisar como eles se manifestam em diferentes situações
comunicativas. Agora terá a oportunidade de aprofundar
esse estudo, observando como o uso de certos recursos lin-
IA
guísticos favorece a construção dessa voz narrativa.
1. Leia o trecho inicial de um conto de Guimarães Rosa, “As mar-
gens da alegria”, publicado no livro Primeiras Estórias.
formada a partir de
vinham trazê-lo ao aeroporto. A Tia e o Tio tomavam conta dele,
1926, na cidade de Praga
(República Tcheca), justinhamente. Sorria-se, saudava-se, todos se ouviam e falavam.
composta de estudiosos ROSA, João Guimarães. As margens da alegria. In: Primeiras estórias.
russos fugidos do regime Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2005. p. 49.
G
ditatorial stalinista. Ao
lado de linguistas nativos, a) Que objetivo tem o primeiro enunciado: “Esta é a estória.”?
eles criaram o Círculo b) Quem são as personagens anunciadas? Com que palavras
Linguístico de Praga. Os são identificadas?
estudos se baseavam
c) Ao longo do texto, que classes de palavras são usadas para
no formalismo russo
se referir às personagens e retomá-las nos períodos?
e na fenomenologia
(corrente da Psicologia) d) Que objetivo tem essa mudança na escolha da forma de se
e procuravam investigar referir às personagens ao longo do trecho?
as partes constitutivas de
determinadas estruturas,
observando também o Os referentes textuais
funcionamento dessas
As análises sobre os tipos de narrador, como entendemos
partes inseridas em um
contexto. hoje, constituem-se com base em critérios que advêm dos
estudos estruturalistas, que começaram na década de 1910,
74 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
na Rússia, e se dissiparam
Serhii Bolshakov/Dreamstime.com
D
Funções da linguagem:
por todo o mundo, tornan-
definidas pelo linguista
do-se premissas dos estu- russo Roman Jakobson
dos de crítica literária. (1896-1982), as funções
Esses estudos se ini- da linguagem são: função
L
referencial (referenciar
ciaram na observação da
algo, informar); função
constituição das línguas e emotiva (transmitir
seu funcionamento e, ao se emoções); função
reconhecer a existência de diversas funções da linguagem, poética (maneira
N
como a mensagem
essa noção estruturalista se ampliou para aplicação no cam-
será transmitida,
po literário. ocupando-setambém dos
O texto literário, então, é compreendido como um todo sentidos metafóricos e
que depende de suas partes constitutivas para adquirir figurados da linguagem);
função fática (de manter
P
sentido, sejam elas: enredo, personagens, tempo, espaço,
ou interromper uma
ambiente, narrador e tipos de discurso. comunicação); função
Quando focamos nos estudos literários da narração, espe- conativa (também
cificamente, percebemos que as bases do estruturalismo es- conhecida como
apelativa, tem o objetivo
tão cristalizadas em nosso conhecimento: tendemos a dividir de convencer o leitor) e
IA
o narrador em tipos, conforme a pessoa do discurso em que função metalinguística
se apresenta e o grau de influência que ele exerce na história. (refere-se à própria
linguagem, com o objetivo
Ao analisarmos o texto de Guimarães Rosa, no entanto,
de explicá-la).
percebemos que a classificação dos tipos de narrador não
Literatura
se apresenta de forma tão clara em sua obra. Isso se deve contemporânea: é como
ao fato de que certos autores desafiaram a compreensão os críticos literários
tradicional do papel do narrador e seu grau de influência convencionaram chamar
U
as produções literárias
nas histórias, o que se configura com força na literatura
após a década de 1960.
contemporânea, base para estudos pós-estruturalistas. Essas obras desafiam
Conhecemos bem o pressuposto de que o narrador não é classificações, porque
o autor e que tantas podem ser as criações do narrador quan- não seguem valores
canônicos (estruturalistas)
G
L
Andrade. Publicado riamente, discuta com seus colegas e com o professor
em seu primeiro livro, sobre as questões a seguir:
Alguma poesia, em 1930,
1. No texto literário, como essa relação entre o “eu” e o
o texto usa poeticamente
“outro” ocorre em cada uma das partes constituintes da
a referenciação para
N
narração (narrador, leitor, personagens)?
tematizar o jogo amoroso
entre vários casais. 2. No texto falado, explique como o contexto da comunica-
ção influenciaria na ativação da forma linguística usada
para nos referirmos ao interlocutor ou abordar um deter-
minado tema.
P
3. Que fatores do nosso cotidiano influenciam na constru-
ção de nossa rede de referentes?
4. Observe, agora, a rede de referências usada na interação
em sala de aula. Do que ela depende? O que mobiliza?
5. Essa rede seria a mesma mobilizada em sua casa? Por quê?
6. No momento da elaboração de um texto, seja ele escrito
IA
ou oral, qual é a importância prática de mobilizar a nossa
rede de referenciação de forma ativa e consciente?
D
relações entre essas estratégias neste mapa mental.
L
acompanhadas de artigo definido
Definidas
Usadas para acompanhadas de pronome relativo
introduzir ou re-
tomar referentes
N
Indefinidas acompanhadas por artigos indefinidos
Uso de formas
nominais
Hipônimo
P
Hiperônimo e
palavras que pertencem a um mesmo cam-
po de sentido, mas que estabelecem uma
relação hierárquica entre elas.
Uso de formas
Pronomes do caso oblíquo
pronominais
Pronomes demonstrativos
G
Anote aí!
Hiperônimo e hipônimo
O termo hiperônimo (do grego hyper: acima e onymon: nome)
refere-se a palavras que possuem sentido abrangente, amplo.
Elas estão no mesmo campo de significação dos hipônimos
(do grego hypo: inferior e onymon: nome), porém estes
possuem significado mais específico; é como se os hipônimos
estivessem contidos nos hiperônimos. Por exemplo: cachorro
e gato são hipônimos de animais; por sua vez, animais é
hiperônimo de gato e de cachorro.
D
textos, voltemos ao trecho de “As margens da alegria”:
L
Saíam ainda com o escuro, o ar fino de cheiros desconheci-
dos. A Mãe e o Pai vinham trazê-lo ao aeroporto.
N
tidos entre o pronome “esta” e o substantivo “estória”. Aqui,
o pronome refere-se a algo que será citado posteriormente,
antecipando ao leitor o que virá. No trecho seguinte, outros
recursos linguísticos anunciam processos de referenciação.
P
Observe como a palavra "menino" aparece referenciada em
ele e em trazê-lo. Nesses dois casos, o uso dos pronomes
para a referenciação ao substantivo "menino" produz enca-
deamento e fluência na escrita.
1. Leia esta notícia publicada pela Universidade de Caxias do
IA
Sul, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da
Dança, no ano de 2020:
D
reografia individual; o bailarino anterior desafia o seguinte a
prosseguir com a dança. O projeto reuniu dez alunos, explo-
rando gênero preferido de cada; eles organizaram o próprio
figurino e desenvolveram o roteiro sequencial.
L
[…]
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL. De casa, estudantes criam
vídeo para celebrar o Dia Internacional da Dança. Disponível em: <www.
ucs.br/site/noticias/de-casa-estudantes-criam-video-para-celebrar-o-dia-
internacional-da-danca/>. Acesso em: 04 jul. 2020.
N
Os destaques na notícia relacionam os referentes usados pelo
autor para apresentar o assunto e as partes constitutivas do tex-
to e para cumprir o projeto de dizer.
a) Identifique quais são as partes que constituem o assunto e
P
explique qual é o projeto de dizer do autor do texto.
b) Explique as estratégias de referenciação usadas pelo autor
e as funcionalidades delas no texto: apresentar, recuperar
ou desfocar informações, articular a progressão textual,
evitar repetições, entre outros objetivos que identificar.
Ponto de observação
Ao longo desta seção você observou uma das estratégias
usadas para estabelecer relação de sentido entre termos e pa-
lavras, de maneira que o discurso se torne fluido, claro e coe-
so. Por meio dessa estratégia, a referenciação, as palavras e as
ideias se articulam para gerar distintos sentidos e promover a
progressão temática no texto.
Em roda de conversa, discutam o que caracteriza a progres-
são temática em um texto. Como se pode mudar o assunto dos
parágrafos sem modificar a ideia central do texto?
D
Maya Deren (1917-1961),
Produção artística
L
nascida ucraniana e
naturalizada estadunidense,
Videodança
é considerada uma das Hoje em dia é muito comum as pessoas utilizarem câ-
mais influentes cineastas
meras de celular com o objetivo de construir uma ima-
do cinema experimental.
gem de si mesmas ou para registrar momentos da vida.
N
Além do audiovisual, Deren
destacava-se também Particularmente na adolescência, essa construção da au-
como fotógrafa, escritora, toimagem vem acompanhada do descobrimento e da for-
coreógrafa, o que permitiu mação da identidade de cada um, constituindo uma eta-
tornar sua obra significativa
pa fundamental do desenvolvimento individual e social.
P
para a relação entre dança
e cinema. Entre suas Paralelamente, aquilo que ouvimos, dançamos e reagimos
produções estão Tramas na nossa cultura vem nos mostrar caminhos possíveis de
do Entardecer (1943), identificação e de reflexão.
At Land (1944), Ritual of
Para chegar a uma produção artística que contemple
Transfigures Time (1946)
nossa identidade e os meios técnicos nos quais estamos
IA
e The Divine Horsemen
(1985). habituados a nos expressar e comunicar, vamos primeiro
fazer um breve apanhado do imbricamento de dois ele-
Album/Fotoarena
D
tinção mais clara. Veja as imagens a seguir.
1. O
s dançarinos estão dan-
Lesik Aleksandr/Dreamstime.com
1
çando em um palco, e a
fotografia é o registro de
L
um momento da apre-
sentação. Eles não estão
dançando para a câmera,
nem o fotógrafo está bus-
N
cando um ângulo artisti-
camente único para aque-
le momento registrado.
P 2. O
enquadramento auxilia
Núcleo Luz/Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo, SP.
2
na construção do sentido
para a dança: a dançarina
IA
está no chão e o ângulo
de visão de sua coreo-
grafia só é possível de ser
visto por alguém de cima;
ela não está enquadrada
no meio da imagem, fi-
cando um pouco mais do
U
D
tes, você e seus colegas vão organizar, ela- forma colaborativa, de modo que todos
borar e finalizar a produção de uma peça os membros do grupo assumam tarefas
de videodança de 1 a 3 minutos de duração. de organização, bem como de dança e de
Ao final do projeto, o vídeo será compar- utilização da câmera. Dessa maneira, cada
L
tilhado em uma plataforma de vídeos on-line um vai poder experimentar e contribuir
e vocês poderão organizar uma exibição pú- com cada etapa do processo criativo.
blica para a comunidade escolar.
N
Organização de materiais e do espaço
Essa atividade contará com o uso de • Cenário: pode ser ao ar livre, em algum
câmeras fotográficas ou celulares, um local de sua familiaridade, no espaço in-
aplicativo para edição de vídeo, um ou terno da casa de algum dos integrantes
P
mais locais como cenário e figurino. do grupo ou mesmo na escola. Atenção
• Câmeras: é possível a utilização de mais para a iluminação natural em ambientes
de uma câmera, o que deixará a ati- ao ar livre, bem como a iluminação artifi-
vidademais complexa no momento da cial em ambientes fechados. A sugestão é
IA
edição. A câmera do celular pode asso- fazer testes prévios de filmagem para ve-
ciar o vídeo a algum aplicativo de edi- rificar a iluminação de cada ambiente.
ção. No caso da câmera fotográfica ou • Figurino: para esta atividade, não é ne-
filmadora, o vídeo deverá passar por um cessário a confecção de peças especiais
programa de edição, o que envolve o uso para o figurino. Sugerimos que utilizem
do computador. peças com as quais vocês já têm familia-
• E
dição de vídeo: conectado à internet, ridade e elaborem uma identidade visual
que dialogue com a proposta artística
U
Elaboração e criação
Em grupo, sentados em círculo no es- vo, resultando em novas palavras e mo-
paço escolhido como cenário, cada estu- vimentos, como: “Que movimento meu
dante deve compartilhar com os demais corpo pede neste momento? Que movi-
uma palavra e um movimento dançado que mento eu sou impedido de fazer?”. Essas
responda à questão do início da Unidade: perguntas buscam primeiro aprofundar o
“O que nos move?”. Outras perguntas po- contato com a própria subjetividade de
dem ser adicionadas ao processo criati- cada integrante, criando um vocabulário
D
adicionados ao modo de cada um dançar. peça e que movimentos complementares
Partindo para uma investigação do su- poderiam surgir com base neles.
porte, no caso a câmera, o vídeo e o com- Considere o mesmo processo para o
partilhamento on-line de imagens, novas planejamento de posicionamento e utili-
L
perguntas, que gerem movimentos e pala- zação da câmera. Afinal, não queremos
vras, podem ser feitas, por exemplo: “Que apenas o registro em vídeo de uma dan-
imagens estão mais presentes nas mídias ça! A câmera e os recursos visuais que
sociais? Como essas imagens podem ser ela oferece fazem parte da construção
N
descontruídas? Como essas imagens po- da peça, sendo assim, podemos traba-
dem se contrapor aos movimentos mais lhar essas mesmas perguntas utilizando
subjetivos que fiz na etapa anterior?”. a câmera como elemento expressivo. Por
Notem que esse processo de criação de exemplo, podemos reformular a pergun-
P
movimentos dançados já resultou em pelo ta “O que nos move?” para “O que move
menos seis movimentos e palavras de meu olhar?” e responder a essa questão
cada integrante! Pensem como esses mo- com movimentos de câmera.
Reelaboração e concretização
IA
Uma vez que o processo criativo foi ini- podemos nos perguntar: “Como reinterpreto
ciado e desenvolvido, o grupo pode partir meus movimentos dançados, utilizando cria-
para a concretização da produção. Tendo tivamente a câmera? Como um movimento
em mente as questões, as palavras, os movi- de um colega do grupo pode gerar um novo
mentos corporais e os de câmera, elaborem movimento em mim?”.
uma sequência de dança. Gravem essas diversas experimenta-
U
Apresentação e divulgação
Uma vez finalizado, o vídeo deve ser dis- Acesse os vídeos disponibilizados pelos
ponibilizado em uma plataforma de vídeos demais grupos da turma. Faça sua avalia-
on-line. Se preferirem, o vídeo pode ser pos- ção na seção de “comentários” do vídeo,
tado em modo privado, disponível apenas ressaltando: um aspecto positivo; um as-
para quem tiver o link de acesso. Compar- pecto expressivo; aspectos que poderiam
tilhe o link com sua turma e seu professor. ser explorados em uma futura produção.
D
Vídeo mash-up
Agora, propomos a união dos vídeos da turma em uma
divertida composição de mash-up vídeo, para apresentar
L
as videodanças à comunidade escolar de forma bem-hu-
morada, com postagem dos vídeos mash-up nas redes so-
ciais da escola.
Você vai compor também o roteiro de produção para
N
a composição desses vídeos, bem como os textos de
apresentação para cada uma das redes sociais em que
ele será publicado.
Advindo do cenário da música eletrônica, os mash-ups
(ou mashups) são mixagens que unem partes diversas de
P
sons, misturando letras, estilos e sonoridades para compor
uma nova proposta. Não é por acaso que o termo, em tra-
dução livre da língua inglesa, significa “misturar”. É preciso,
portanto, haver a combinação de elementos multimidiáti-
cos para que o mash-up aconteça.
IA
Atualmente, a aplicação desse recurso se estendeu tam-
bém a combinações de sons com imagens de vídeos. Essa
combinação foi, de certa forma, complementada pelo sig-
nificado que os mash-ups têm no campo da informática,
para designar a mescla de dois aplicativos a fim de melho-
rar a oferta de um serviço.
Essas mixagens podem ser feitas, por exemplo, com a
U
Planejamento
Nesta proposta, você vai compor um mash-up de, no
máximo, três minutos, com trechos das videodanças feitas
por você e sua turma nesta seção, a fim de ser apresentado
nas redes sociais da escola. Como se trata de uma produ-
ção própria, vocês não precisam se preocupar em obter
permissão para uso dos vídeos, o que seria necessário se
houvesse uso de vídeos de terceiros.
84 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Essa produção será desenvolvida em grupo e envolve-
D
rá trabalhos de roteirização, edição de vídeo e escrita de
texto de apresentação. A seguir, apresentamos as etapas
da proposta.
Propósito / Suporte de
L
Gênero Público
Finalidade publicação
Mash-up de 3 minutos
Divulgar, com humor,
das peças de Redes sociais da
Comunidade escolar as videodanças
videodança produzidas escola
produzidas.
N
nesta seção
P
mash-ups, acesse uma plataforma de vídeos de sua prefe-
rência e coloque no campo de busca: "mushup + dance".
Acesse alguns vídeos relacionados ao tema. Se quiser
consultar outros tipos, basta fazer outras combinações
(político, músicas etc.). Observe:
IA
• C
omo a música é mesclada? Foi utilizada a música origi-
nal dos vídeos ou outra?
• Como é feita a passagem de uma cena para a outra?
• As cenas se repetem ao longo do mash-up?
• Que outras informações relevantes foram observadas?
U
Ampliando o repertório
Nuvem: refere-se a
uma vasta rede global
Etapa 2 – Organização para roteirização de servidores remotos,
• O
rganizem um repositório on-line em uma nuvem para dis- responsáveis por armazenar
e gerenciar dados, executar
por todas as produções da videodança feitas nesta seção. aplicativos ou fornecer
• V
erifiquem se a escola tem uma conta que permita mais conteúdos ou serviços,
como transmissão de
espaço para esse repositório na nuvem, pois vídeos cos- vídeos, webmail e software
tumam ser arquivos “pesados” que exigem espaço para de mídias sociais.
serem armazenados.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 85
• C
ompartilhem esse repositório com a turma. Se conside-
D
rarem necessário, elejam representantes da turma para
acessar esse local.
L
Organizem a infraestrutura necessária para realizar o
mash-up:
• P
ara recortar e juntar as partes dos vídeos serão usados
dispositivos móveis ou computadores?
N
• Que software ou aplicativo para edição de vídeos será
utilizado?
• H
á acesso à internet para realizar as buscas e facilitar a
movimentação dos arquivos da nuvem para o aplicativo
P
ou software de edição?
• S
erá necessário o uso de fones de ouvido para identifi-
car melhor as nuances do som?
Produção
IA
Etapa 1 – Roteirização do mash-up
• P
ara a elaboração do mash-up, façam um roteiro com o
nome do vídeo recortado, a minutagem selecionada, o
efeito de transição (se houver), o ponto de combinação
com a nova música (se for o caso) e outros itens que
U
considerarem relevantes.
• S
ugerimos, a seguir, um formato possível, cujo fio con-
dutor está no movimento do corpo ou outro elemento.
Por exemplo: uma dança nova com várias partes das vi-
deodanças, com uma música nova ao fundo. Nesse caso,
G
D
Batidas por minuto:
contempladas no roteiro.
conhecida por sua sigla
Etapa 2 – Edição BPM, é uma unidade de
medida utilizada para
Com o roteiro em mãos, verifiquem a disponibilidade de verificar as batidas do
infraestrutura planejada e façam os recortes e a sincroniza-
L
coração e de músicas. É
ção das partes: feita com a ajuda de um
metrônomo. Podemos
• A
bram cada um dos vídeos e insiram no software ou
dizer que tem a ver com
aplicativo de edição. o andamento da música.
• F
açam os recortes conforme a minutagem selecionada.
N
Para fazer a mixagem, é
Não se esqueçam de “salvar o projeto”, dentro do aplica- preciso aproximar as BPM
tivo, para não perderem os recortes feitos. das músicas de modo que
a passagem entre elas não
• D
isponham os recortes lado a lado no software ou apli- seja brusca e assim
cativo, para verificarem como fica a sequência. se garanta uma sensação
P
• I dentifiquem no roteiro se o ponto que vocês selecio- de fluidez de uma faixa
naram na imagem para fazer a ligação entre as cenas para outra.
selecionadas é realmente o melhor fio condutor. Façam Créditos: são as
informações da equipe
as adaptações necessárias.
participante de um
• S
e vocês optaram pela mixagem da música real dos ví- audiovisual. Os itens que
IA
deos, será necessário garantir a mixagem dessas músi- constituem os créditos
cas durante a edição. Para isso, usem a mesma técnica variam, mas geralmente
aparecem em ordem
que usam os DJs para mixar a música eletrônica: a con-
já definida. Entre eles
tagem das batidas por minuto. destacam-se: elenco (em
• C
aso tenham optado por uma música nova para compor ordem de aparecimento),
o mash-up, façam testes para verificar em que ponto ela consultores, direção,
sincroniza com as partes do vídeo. roteiro, arte (animação),
U
pós-produção (edições),
• C
aso façam modificações na prática da edição, sina- som, instalações,
lizem-nas no roteiro, para indicar possíveis revisões no entre outros.
mash-up.
• A
ssistam ao vídeo final e salvem-no como primeira
G
Em roda de conversa, discutam a questão Que consequência pode ter a omissão des-
ética que envolve a produção de mash-ups. ses nomes?
• Qual é a importância dos créditos, isto é, os • Ao usar textos, músicas ou vídeos de ter-
nomes dos autores das imagens ou músi- ceiros, você geralmente cita o nome do
cas originais da produção de um mash-up? autor do texto original?
D
apresentação projeto.
Para elaboração do texto de apresen- • R
etomem as estratégias de referencia-
tação dos mash-ups, definam as redes so- ção estudadas na seção anterior, a fim
ciais oficiais em que eles serão publicados de garantir a progressão do texto, evitar
L
e considerem as orientações a seguir: repetições e ampliar informações.
• S
eus interlocutores fazem parte da co- • E
scolham um tom para o texto: alegre,
munidade escolar; por isso, estejam sério, irônico, divertido, entre outros que
atentos ao maior ou menor grau de for- considerarem importantes para desta-
N
malidade do texto, considerando tam- car a produção feita.
bém o suporte de publicação. • T
erminem com um convite para que o
• A
presentem as informações técnicas so- espectador assista ao vídeo. Usem a
bre o vídeo: quem são os bailarinos da vi- criatividade para esse convite.
deodança e os integrantes do grupo.
• R
ealizaram todas as etapas da atividade
apresentação sugerida? O que não funcionou?
• A
presentaram informações técnicas so- • Q
uais foram as dificuldades técnicas en-
bre a produção? contradas no processo? Elas foram resol-
• E
struturaram o texto de modo a apresen- vidas coletivamente?
tar o projeto e despertar a curiosidade do • H
ouve dificuldades de relacionamento
espectador a assistir ao vídeo? entre os integrantes do grupo? Elas fo-
• O
texto tem tamanho e complexidade de ram conversadas e resolvidas?
informações adequados à plataforma a • F
oi possível compartilhar conhecimen-
que se destina? tos e habilidades entre os integrantes do
• Fizeram a revisão do texto? grupo? Você aprendeu coisas novas com
• U
saram estratégias de referenciação va- seus colegas?
riadas para cumprir o projeto de dizer • O que vocês mudariam nesse processo?
88 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Publicação
D
Para a publicação do texto e do mash-up postagem (mistura entre os vídeos e os
nas redes sociais oficiais da escola, verifi- textos das turmas).
quem algumas condições importantes: • S
e a nuvem for de domínio da escola,
• A
veriguem a necessidade de encami-
L
compartilhem o acesso com a pessoa
nhar previamente os arquivos ao res- responsável pela postagem.
ponsável pela postagem na rede. • C
ombinem o dia para a postagem e
• O
rganizem uma pasta na nuvem com acompanhem as redes para verificar se
os vídeos e textos finais, nomeados de foi feita de forma adequada.
N
forma igual, para não haver confusão na
P
Ponto de observação
Tanto na produção da peça de videodança como na produ-
ção de mash-up, você analisou relações entre imagens, sejam
visuais ou sonoras.
Você já pensou sobre como as novas mídias favorecem,
IA
hoje em dia, a inter-relação entre obras que já existem? Como
o movimento inspira sons ou imagens? Que aspectos criativos
foram ressaltados nas duas produções artísticas de seu gru-
po? Que aspectos criativos lhe chamaram a atenção ao apre-
ciar a produção dos outros grupos?
U
Encerramento
G
D
na cor da minha pele?
L
As imagens apresentadas retratam pes- ou contra essa hipótese, utilizando argu-
soas negras com as marcas corporais cha- mentos baseados nas imagens e em seus
madas de escarificação, que são marcas conhecimentos de História.
N
ritualísticas produzidas com a cicatrização 4. Retomando seus conhecimentos de Histó-
de cortes feitos na pele. ria, que marcas invisíveis (não corporais)
1. O que difere cada um dos retratados? os negros brasileiros, descendentes de
2. Como as escarificações se relacionam com pessoas escravizadas, ainda carregam na
os demais elementos visuais das imagens? sua pele?
P
3. Uma das hipóteses sobre escarificação é 5. Relate uma história contada a você que
que ela é uma marca que identifica cada revele a trajetória de antepassados de sua
indivíduo como pertencente a um povo família. De que forma essa história pode
ou etnia, permitindo o reconhecimento e a estar relacionada ao processo de forma-
identificação de pessoas. Comente a favor ção do povo brasileiro?
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IA
1. Rosto escarificado
de uma jovem da
U
91
1 Fruição e análise artística e literária
D
Linguagem artística: teatro
L
A identidade cultural brasileira é formada pelas po-
pulações de povos nativos, europeus colonizadores e
os que migraram posteriormente, e pelas populações
africanas, principalmente as etnias que ocupavam ter-
ritórios que atualmente correspondem a Nigéria, Ango-
N
la e Moçambique. Trazidos à força para o Brasil duran-
te centenas de anos, os africanos escravizados e seus
descendentes brasileiros trouxeram e desenvolveram um
mundo simbólico e artístico próprio que foi perseguido e
P
outras vezes apropriado pela cultura dominante em nos-
so país. Com a chegada do século XX, enquanto algumas
manifestações negras ganhavam o Brasil, como o samba,
outras mantiveram uma dificuldade de acesso ao prota-
gonismo negro.
IA
Um caso emblemático se dá na esfera do teatro. Há um
grande prestígio em uma companhia teatral ocupar os palcos
de um Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de São Paulo ou de
Manaus. No entanto, é seguro dizer que grande parte da elite
é formada por pessoas brancas que querem se ver refletidas
nas histórias e nos dramas do palco.
Assim, quando pensamos em marcas e histórias liga-
U
D
Em 1944, surge no Rio de Janeiro o Tea- maturgo estadunidense Eugene O’Neill que
tro Experimental do Negro (TEN), fundado cedesse o texto O Imperador Jones, pois
pelo diretor e dramaturgo Abdias do Nasci- considerava essa peça a que mais se apro-
mento. O grupo tem por objetivo a valoriza- ximava da situação do negro no Brasil no
L
ção do negro como protagonista do teatro período pós-abolição da escravidão.
e a criação de uma nova dramaturgia em Com o tempo, textos brasileiros começa-
que as histórias e os símbolos da negritude ram a suprir a demanda do grupo, como a
são centrais como referencial estético. peça O filho pródigo (1947), de Lúcio Car-
N
O TEN atuou de 1944 a 1961, revelando doso, e Sortilégio (1957), do próprio Abdias
atores e atrizes, novas dramaturgias e se tor- do Nascimento.
nando uma referência para o teatro negro
Cedoc/Funarte
até os dias de hoje. O grupo também atuou
P
fortemente nos aspectos formativos dos
atores. Advindo das camadas populares, o
elenco do TEN era formado por operários,
empregadas domésticas, desempregados e
funcionários públicos de baixo escalão. Des-
IA
sa forma, o grupo atuava na conscientização
de seus membros, na alfabetização do elen-
co e na luta pelo reconhecimento do ator
negro. Quanto aos textos teatrais, em suas
primeiras realizações, Abdias do Nascimen-
to percebeu que não havia textos escritos
por negros que retratassem aquele mundo
U
Dramaturgia: é um texto
G
Abdias do Nascimento
Alaor Filho/Agência Estado
D
Flashback: elemento
narrativo para contar algo culo independente Jornal GGN descreve essa peça como:
da história que ocorreu
anteriormente, mudando
Baseada numa história de amor que envolve um negro e
a ordem cronológica da duas mulheres, uma negra outra branca, a peça, cheia de ele-
encenação. Muito utilizado mentos não realistas, como aparições, flashbacks e personagens
L
para construir um passado
que simbolizam o inconsciente coletivo, aborda a tomada de
para personagens, bem
como para estabelecer consciência do protagonista a respeito de sua alienação no
um fato na história que mundo dos brancos.
terá repercussões futuras.
ALVES, Wedencley. “Teatro Experimental do Negro: histórico”.
N
É utilizado em novelas e
JORNAL GGN. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/noticia/teatro-
seriados para lembrar os experimental-do-negro-historico/>. Acesso em: 15 jul. 2020.
telespectadores de algo
que já ocorreu em episódios Podemos ver que esse projeto pioneiro de formulação
anteriores e está sendo
retomado pela narrativa.
de um novo teatro pautado na experiência corporal e nar-
P
rativa do negro no Brasil teve que superar muitas etapas
para sua efetivação.
A ausência de atores profissionais e de textos drama-
túrgicos no contexto de sua fundação em 1944 apontou
para a necessidade de formação de atores e de busca
IA
pela tradução e criação de textos que fizessem sentido
para uma nova dramaturgia negra. Não adiantava, porém,
para Abdias do Nascimento, a criação artística sem que
com ela viesse uma formação cultural e social. Foi nessa
iniciativa com uma frente ampla de atuação que pôde se
consolidar seu projeto.
Assim, podemos ver que as marcas da história no corpo
e nas histórias dos negros brasileiros evidenciaram desafios
U
Estudo de recepção
Para aprofundar o estudo sobre o Teatro Experimental do Negro (TEN), vamos trabalhar
com um estudo de recepção. Em grupos de quatro a seis integrantes, você vai passar por um
L
roteiro de pesquisa até elaborar um produto final.
O que é:
Você já se perguntou se os leitores de um jornal são sempre passivos, concordando com
tudo o que leem? Já assistiu a um show ou apresentação artística e não se identificou com
N
aquilo que estava sendo veiculado?
Os estudos de recepção buscam compreender como uma mensagem, seja ela artística, literá-
ria ou veiculada por meios de comunicação, é interpretada por aqueles que a recebem (o públi-
co, o leitor, o receptor). Essa é uma perspectiva que busca superar a ideia de um leitor ou espec-
tador passivo, que apenas aceita e concorda com tudo o que lhe é falado. Assim, as pesquisas
buscam analisar o receptor, aquele que está recebendo e interagindo com a mensagem enviada.
P
Pode ocorrer que um grupo artístico faça uma apresentação e um jornalista esteja assistin-
do, compartilhando depois suas impressões com o seu público. Note como nesse caso pode-
mos traçar uma linha entre artistas, jornalista e público do jornal (ou blog, ou qualquer outro
veículo em que o jornalista escreva), cada um interagindo com a mensagem que recebe.
Uma linha de atuação no estudo de recepção é a dos estudos culturais. Essa abordagem
IA
buscar superar as noções de cultura erudita em contraposição à cultura popular, bem como
avaliar como os textos veiculados em uma sociedade são recebidos pelas pessoas das cama-
das populares.
Na ótica dos EC [Estudos Culturais] as sociedades capitalistas são lugares da desigual-
dade no que se refere a etnia, sexo, gerações e classes, sendo a cultura o locus central em
que são estabelecidas e contestadas tais distinções. É na esfera cultural que se dá a luta
pela significação, na qual os grupos subordinados procuram fazer frente à imposição de sig-
nificados que sustentam os interesses dos grupos mais poderosos. Nesse sentido, os textos
U
Observamos que os estudos culturais utilizaram novas categorias para a análise dos tex-
G
tos veiculados socialmente, com foco nas categorias de etnia, gênero, gerações e classe.
Assim, as manifestações artísticas que analisamos, como o Teatro Experimental do Negro,
podem ser lidas nessa perspectiva de uma busca pela mudança do significado de ser negro
nas artes e na sociedade.
Objetivo:
Vamos buscar compreender como tem sido a recepção às produções e ideias do Tea-
tro Experimental do Negro pela mídia tradicional. Além disso, nos concentraremos em uma
fonte jornalística da época e em fontes atuais, analisando como essas matérias jornalísticas
significam as questões étnicas, de gênero, de geração e de classe.
1. A peça jornalística a seguir, de 1946, trata-se de uma resenha da peça Aruanda, encenada
pelo Teatro Experimental do Negro. Analise como o autor se dirige aos negros e ao TEN.
Reprodução/Coleção particular
L
N
P
IA
U
TYS, Helio. Aruanda e Calígula. Folha Carioca. Rio de Janeiro. p. 5, 18 ago. 1948. Teatro. 1 recorte
de jornal. Acervo Abdias Nascimento/Ipeafro. Disponível em: <https://ipeafro.org.br/wp-content/
gallery/aruanda/20100602-c84f8.jpg>. Acesso em: 25 jul. 2020.
L
Teodorico dos Santos e José Herbel. A estes cinco, se juntaram logo depois Sebastião Rodrigues
Alves, militante negro; Arinda Serafim, Ruth de Souza, Marina Gonçalves, empregadas do-
mésticas; o jovem e valoroso Claudiano Filho; Oscar Araújo, José da Silva, Antonieta, Antonio
Barbosa, Natalino Dionísio, e tantos outros.
N
Teríamos que agir urgentemente em duas frentes: promover, de um lado, a denúncia
dos equívocos e da alienação dos chamados estudos afro-brasileiros, e fazer com que o
próprio negro tomasse consciência da situação objetiva em que se achava inserido. Ta-
refa difícil, quase sobre-humana, se não esquecermos a escravidão espiritual, cultural,
socioeconômica e política em que foi mantido antes e depois de 1888, quando teorica-
P
mente se libertara da servidão.
NASCIMENTO, Abdias. Teatro experimental do negro: trajetória e reflexões. Estudos avançados. v. 18, n. 50. São Paulo,
jan./abr. 2004. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ea/v18n50/a19v1850.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2020.
3. Compare os dois textos anteriores, a fim de compreender a perspectiva que cada um de-
les adota sobre o mesmo tema.
IA
4. Busque na internet uma resenha sobre um espetáculo teatral negro, seja do Teatro Expe-
rimental do Negro, seja da atualidade. Quais perspectivas os autores adotam quanto às
questões de etnia, gênero, geração e classe social?
Resultado:
Compile suas respostas junto com a pesquisa de uma fonte adicional em forma de um
texto único. Introduza o texto contextualizando a temática do Teatro Experimental do Ne-
gro. Conclua o texto retomando os principais pontos de sua análise, evidenciando as suas
interpretações das fontes.
U
Faça uma mesa-redonda em sua sala de aula, em que cada grupo leia o seu texto em se-
quência, abrindo depois um tempo para perguntas e respostas.
Utilize o Portfólio para arquivar elementos coletados e elaborados na pesquisa.
G
Portfólio
D
Antonio Callado (1917-1997)
nasceu em Niterói (RJ) e
viveu a maior parte de sua
de Antonio Callado
vida na cidade do Rio de A arte registrou, ao longo da história, impressões pessoais
Janeiro. Formou-se em e coletivas sobre as mais variadas experiências de vida pelas
L
Direito em 1936 e foi um
quais o ser humano passou e passa. Seja de maneira explícita
reconhecido jornalista,
escritor de romances ou implícita, planejada ou espontânea, todo escritor expõe
e contos, dramaturgo, em suas obras um retrato humano e social de uma época, e
biógrafo e professor. Como algumas delas permanecem, em certa medida, sempre atuais.
N
jornalista, trabalhou na BBC
O teatro brasileiro inicia seu processo de modernização
de Londres entre 1941 e 1947,
prestando serviços durante durante a década de 1940. Entre 1940 e 1950 há grandes
esse período também para transformações nas narrativas dramatúrgicas, na linguagem,
a Radio-Diffusion Française, nas encenações, na performance dos atores. Algumas das
em Paris. Cobriu, a pedido
P
peças produzidas nesse período tornaram-se clássicos e in-
do Jornal do Brasil, a Guerra
do Vietnã em 1968. Ao
fluenciaram gerações de dramaturgos que vieram posterior-
longo de sua vida e de suas mente. O teatro brasileiro finalmente introduzia conquistas
experiências, pôde vivenciar modernistas que já se anunciavam havia pelo menos duas dé-
diversas realidades sociais cadas. Alguns nomes do teatro nesse período foram: Nelson
e humanas, exploradas
IA
Rodrigues (cuja peça Vestido de noiva, que estreou em 1943,
posteriormente em suas
obras literárias. Entre elas, inaugura oficialmente o Moderno Teatro Brasileiro), Jorge
destacam-se: Tempo de de Andrade e Ariano Suassuna. Antonio Callado ocupou um
Arraes, reportagem (1965); importante lugar na dramaturgia do período por sua qua-
Quarup, romance (1967); lidade como escritor e pelo interesse em questões sociais.
A revolta da cachaça,
coletânea de quatro peças
Sua peça Frankel foi talvez a primeira a tratar modernamen-
(1983); O homem cordial e te da causa indígena no Brasil. Já Pedro Mico trouxe para o
U
Outras histórias, palco a favela brasileira. Por sua vez, Uma rede para Iemanjá
contos (1993). é um auto de Natal de inspiração afro-brasileira.
O texto no contexto
G
D
que ocorreu entre 1660 e 1661, no Rio de Janeiro, entre os
produtores de aguardente e as autoridades coloniais. Os
portugueses produziam sua própria aguardente, feita do
bagaço da uva (a brasileira era feita do bagaço da cana), e
L
não queriam concorrência comercial na colônia. Dessa for-
ma, a produção e comercialização da cachaça brasileira era
proibida, mas continuava em plena prosperidade, já que a
fiscalização não era efetiva. Em 1660, o governador do Rio
N
de Janeiro, Salvador de Sá, com o apoio de vereadores,
encontrou uma forma de pressionar os ricos produtores
de cachaça: cobrar impostos sobre sua riqueza. Assim ini-
ciou-se a revolta liderada pelos produtores, que chegaram
a assumir o governo do Rio de Janeiro, que passou a ser
P
conduzido por Jerônimo Barbalho, importante fazendeiro.
Salvador de Sá, um militar da época, venceu os revoltosos
no dia 6 de abril de 1661. Jerônimo Barbalho foi enforca-
do, decapitado e teve sua cabeça exposta ao público. A
punição, considerada excessiva e feita sem a autorização
IA
da Coroa, acabou por desencadear o efeito contrário: os
revoltosos foram perdoados e o comércio da cachaça bra-
sileira, liberado. A cachaça, desde então, tornou-se uma be-
bida que simboliza o Brasil, em contraposição aos vinhos
portugueses e europeus.
A história da peça é um exercício metalinguístico: Vito,
uma das personagens, é um importante dramaturgo que
U
Metalinguagem é a
namorada de Ambrósio) o papel de protagonista. A peça
linguagem que se refere
de Callado é composta dessas três personagens, além dos a si mesma. Podemos,
policiais 1, 2 e 3 que aparecem ao final, e se passa na casa por extensão, dizer:
metateatro, metaliteratura,
de Vito e Dadinha, situada em Petrópolis, região serrana
metapoema, metanarrativa,
do Rio de Janeiro. Ambrósio, que há anos não encontra- metadiscurso etc. Aqui, o
va o casal, vai a Petrópolis cobrar a finalização da peça título da peça de Callado,
(que tinha inclusive mais de uma versão, todas transcritas A revolta da cachaça,
gira em torno da história
e organizadas por Ambrósio). O desenrolar da história se de uma peça inacabada
dá por meio da discussão que se estabelece entre as três que tem o mesmo título
personagens, conversa que havia se iniciado de maneira e faz referência a um
fato histórico que ficou
amigável, mas que vai crescendo até chegar ao clímax final, conhecido também como
quando se desencadeia um acontecimento trágico: a mor- “A revolta da cachaça”.
te de Ambrósio.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 99
A revolta da cachaça
D
DADINHA – E o Ambrósio continua o fino dos na frente do Convento de Santo Antônio.
da elegância, Vito, olha só. Blazer azul-marinho, Tinham provado, contra o governador do Rio
botões dourados. Sai debaixo! e o rei de Portugal, que o Rio se governava
(Vito esvazia o copo. É o primeiro a ficar muito melhor só por meio de seus vereadores.
L
alegre, acelerado. Se abastece de mais cacha- Vereadores daquele tempo, naturalmente. Na
ça diretamente da torneira do tonel.) segunda versão a mesma história vira enredo
VITO (respondendo a Dadinha) – Quem de escola de samba.
tirou você debaixo dele foi aqui o dramaturgo. [...]
N
AMBRÓSIO (como quem não ouviu) – (A luz apaga um instante. Os três “re-
Eu procuro sempre andar meio almofadinha, presentam” o acontecido vários anos antes.
como se dizia antigamente. Crioulo tem que Quando a luz acende, Vito vem entrando pela
andar com ar de quem é troço na vida, de porta do fundo. Encontra Ambrósio e Dadi-
P
quem tem grana no banco e erva viva no bol- nha cansados, sentados no sofá, mãos dadas.
so. Se ele não se enfeita e de repente pinta Manter, até o fim desta “representação”, al-
uma cana – quem é o primeiro a entrar no gum efeito de luz que guarde a sugestão de
camburão? Até o negro se explicar... passado que se relembra.)
[...] VITO – Dadinha! Ambrósio! Agora, sim.
IA
AMBRÓSIO (chegando à frente da cena) – Temos uma história de lascar. Cessa tudo
Senhores, eu sou o prólogo desta peça anti- que a musa antiga canta, que a caceta da
ga. Não é antiga no tempo, nada disso. Ainda peça se levanta.
nem está terminada, como o distinto público AMBRÓSIO (irritado) – Tem dó, Vito. Va-
já percebeu. O autor dela, o Vito, empacou mos ensaiar direito o que a gente tem! Ideia
por motivos que estamos tentando deslindar. melhor do que essa da escola de samba você
Eu subi a Petrópolis para isso. Ela devia ser não vai ter não. Se você continuar assim quem
antiga, lá isso devia. Quando a gente pensa fica sem peça sou eu [...]. Acabo outra vez fa-
U
que peças de teatro são escritas no Brasil zendo papel de criado, de ladrão, de bicheiro
desde que Cabral abriu a cortina deste pal- ou chofer.
co (Anchieta já fazia teatro) parece incrível DADINHA – Poxa, Vito, às vezes você dá
que esta seja a primeira que tem um pre- mesmo a impressão de que só quer é sacanear o
G
to como protagonista. Sobretudo quando os Ambrósio, tirar o pão da boca dele. Só falta ele
pretos chegaram aqui no tempo de Anchie- te pedir a peça de joelhos! É isso que você quer?
ta. (suspira) Portanto, quando eu digo, como AMBRÓSIO – Peço, peço! Peço a peça! (se
prólogo, que esta é uma peça antiga, estou ajoelha) Me dá a peça, Vito! Não aguento mais
apenas querendo dizer, sem ofender o autor, ser copeiro, punguista e assaltante!
que é uma peça antiquada. Porque ela tem [...]
começo, tem meio, tem fim. Tem cabeça (a
cabeça de Jerônimo), tem tronco e tem per-
Almofadinha: homem que se veste
nas. E o preto-protagonista é crioulo mesmo exageradamente bem.
e não preto pintado de branco. O Vito sempre Prólogo: em uma peça teatral, cena em
que são dados elementos elucidativos da
deu à peça o tratamento direto, mostrando trama que se vai desenrolar.
no palco como a 6 de abril de 1661 João de Punguista: “trombadinha”.
Angola e Jerônimo Barbalho foram decapita-
100 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
D Andrea Ebert
L
N
AMBRÓSIO – O que é isso, cara? Pirou
de vez? Ou está bancando o ciumento pra me
despachar da sua vida e não terminar a peça P Não falhou nenhuma. [...] Mas era tudo peça
para ator brasileiro normal, quer dizer, represen-
tante dessa negrada disfarçada que está aí (faz
IA
nunca? (ameaçador) Só tem uma coisa: você um gesto largo, abrangente), gente fosca, cafuza,
me mata como artista, mas em compensação mulato-clara ou nem tão clara assim, gente cho-
eu te mato e ponto final! colate de leite, gente marrom puxado pra bege,
VITO (conciliador) – Vai fazer besteira, jabuticaba pra roxinho leve, gente luto aliviado,
me matando agora, Ambrósio. Porque agora, quer dizer, carapinha e beiçola mas o couro já
na peça de carne e osso, é que todo mundo desbotando, e o olho verde – assim tudo bem!
vai ver que não tem ator brasileiro maior do Mas peça de preto honesto, preto-preto, preto
que você nem nunca houve nenhum. Mesmo sem habilidade e hipocrisia, da carapinha à cór-
U
sem repertório, mesmo sem ter o que repre- nea amarela e à unha roxa, essa não tem, essa
sentar, você já tinha convencido meio Brasil você não acabou nunca!
desta verdade. (pega Ambrósio pelos ombros e o VITO – Poxa, meu irmão, tu está ficando
leva até o proscênio) Respeitável público, está racista? Eu não deixei de acabar a tua peça
G
aqui o grande ator. Encontrei ele no canto do por causa de negócio de cor, tinha graça! Ain-
palco, sempre no canto. O lugar dele é aqui! da não acabei a peça até hoje, porque ela é
[...] também a minha peça, a que não tem nada
DADINHA – Pura verdade, Ambrósio. Me que ver com televisão, com roteiro de cinema
deu um nó na garganta só de lembrar, nos nos- e com teatro digestivo. Uma peça direta...
sos ensaios, o mestre-sala compreendendo... [...]
entrando na tua loucura mansa... aceitando o CALLADO, Antonio. A revolta da cachaça.
papel de Jerônimo, vocês dois na masmorra, Rio de Janeiro: José Olympio, 2017. [versão digital]
D
assistiu a algum espetáculo teatral? qual ele seria o protagonista. Explique a
a) Caso você já tenha lido peças de tea- razão da urgência de Ambrósio e encon-
tro, ou tenha referências de textos tre passagens que a justifiquem.
que tenham sido escritos para serem 5. A estrofe a seguir aparece entre as pri-
encenados, indique-os, juntamente meiras do poema Os Lusíadas, de Ca-
L
com seus respectivos autores. Fale mões. Nele, sugere-se que todas as gran-
também sobre espetáculos teatrais a des navegações e conquistas do passado
que tenha assistido.
se apequenam diante dos feitos grandio-
b) Que diferenças você observa na lei- sos dos portugueses, que são contados
tura de um texto teatral em relação
N
(ou cantados) na sequência.
à leitura de narrativas como crônicas,
contos e romances? Cessem do sábio Grego e do Troiano
c) A ausência de um narrador nos textos As navegações grandes que fizeram;
teatrais promove que tipo de mudan- Cale-se de Alexandro e de Trajano
ça na percepção do leitor que acom-
A fama das vitórias que tiveram;
P
panha o desenrolar da história?
2. Os textos teatrais apresentam um tipo
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
de interlocução diferente, as chamadas A quem Neptuno e Marte obedeceram.
rubricas, que apareceram nos trechos li- Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
dos entre parênteses e em itálico.
Que outro valor mais alto se alevanta.
a) Observando sua presença no texto,
IA
que função elas têm e quais são seus CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas.
interlocutores? A Biblioteca Virtual do Estudante
Brasileiro. Disponível em: <www.
b) É possível afirmar que a rubrica é a dominiopublico.gov.br/download/texto/
voz do autor do texto? Essa voz cos- bv000162.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2020.
tuma aparecer em outros tipos de
textos ficcionais? Justifique. a) Em que passagem, nos trechos lidos
3. Ao ler o texto, é possível identificar tra- da peça, aparece uma referência in-
ços da linguagem oral da época, anos de tertextual com o poema de Camões?
1950. Indique algumas passagens que os Que sentido essa intertextualidade
U
Realize a atividade a seguir oralmente, 1. Você acredita que atualmente o ator ne-
em forma de debate, seguindo as orienta- gro ainda enfrente as mesmas dificulda-
ções do professor. des que as de Ambrósio? Houve algum
Ambrósio, nos trechos lidos, justifica seu progresso nesse espaço de tempo que
apelo pela conclusão da peça prometida há separa a peça dos dias atuais? Pense em
tanto tempo pelo amigo e dramaturgo Vito. referências que venham do teatro, da TV
Pensando nas justificativas dadas pela per- e do cinema que justifiquem sua resposta.
sonagem, converse com seus colegas a res-
peito das seguintes questões:
L
leve, gente luto aliviado, quer dizer, cara-
• promover positivamente a representa-
tividade do negro na sociedade? pinha e beiçola mas o couro já desbotan-
3. No cotidiano, em que situações o negro do, e o olho verde – assim tudo bem! Mas
sofre mais preconceito? Você conhece peça de preto honesto, preto-preto, preto
fatos que exemplifiquem sua resposta, já
N
sem habilidade e hipocrisia, da carapinha
os vivenciou ou presenciou?
à córnea amarela e à unha roxa, essa não
4. Comente de forma crítica, responsável e
tem, essa você não acabou nunca!
respeitosa as seguintes falas de Ambró-
sio, na peça: 5. Ambrósio usa, em certo momento, o termo
“crioulo”. Quais termos são ou foram histo-
P
Trecho 1 ricamente usados para se referir ao negro?
Eu procuro sempre andar meio almofadi- Há termos hoje considerados mais apro-
nha, como se dizia antigamente. Crioulo tem priados? Problematize que sentidos ou sig-
nificados cada termo identificado carrega.
que andar com ar de quem é troço na vida,
6. Na última fala, Vito diz:
de quem tem grana no banco e erva viva no
IA
bolso. Se ele não se enfeita e de repente pin- Eu não deixei de acabar a tua peça por
ta uma cana – quem é o primeiro a entrar no causa de negócio de cor, tinha graça! Ainda
camburão? Até o negro se explicar... não acabei a peça até hoje, porque ela é tam-
Trecho 2 bém a minha peça, a que não tem nada que
Mas era tudo peça para ator brasilei- ver com televisão, com roteiro de cinema e
ro normal, quer dizer, representante des- com teatro digestivo. Uma peça direta...
sa negrada disfarçada que está aí (faz um Que tipo de crítica aparece nesse trecho?
U
G
Ampliando o repertório
“Quando a gente pensa que peças de teatro são escritas no Brasil desde que Cabral abriu
a cortina deste palco (Anchieta já fazia teatro) parece incrível que esta seja a primeira que
tem um preto como protagonista. Sobretudo quando os pretos chegaram aqui no tempo de
Anchieta. (suspira)”
Você já ouvir falar no Padre José de Anchieta? Que referências você tem sobre ele?
Em grupos de cinco estudantes, realize uma pesquisa que responda às seguintes perguntas:
L
5. Considerando as questões anteriores, que inferências podemos fazer a respeito do modo
como Anchieta enxergava o indígena?
6. Dando um salto do século XVI para o século XXI, o que a legislação brasileira diz a respei-
to dos direitos dos indígenas?
7. Ainda existe, no século XXI, divergência de pensamento sobre a legitimidade dos modos
N
de vida dos indígenas brasileiros? Qual o seu posicionamento sobre essa questão?
Siga agora os seguintes passos para finalizar e registrar sua pesquisa:
I. Para registrar a pesquisa, o grupo deve gravar uma videoaula explicando quem foi
José de Anchieta, qual seu papel na história da literatura brasileira, que características
P
peculiares suas peças de teatro têm e como é possível avaliar criticamente sua obra
teatral, levando em consideração a maneira como Anchieta tratava a condição do
indígena (leia pelo menos um trecho da peça indicada de Anchieta – a fonte do texto
estará disponível ao final das instruções da atividade). Essa avaliação crítica pode
levar em conta tanto o pensamento hegemônico do século XVI sobre os indígenas
como o pensamento do século XXI, observando a mudança que houve na visão sobre
IA
o ser humano e suas diversas identidades culturais nesse espaço de tempo.
II. Siga um roteiro de apresentação, aproveitando as informações já pesquisadas na atividade.
III. Considere que seu vídeo será direcionado a colegas do Ensino Médio. Sugerimos que
os grupos criem então um canal na internet onde os vídeos produzidos pela turma
possam ser compartilhados com outras turmas de Ensino Médio da escola.
IV. Dividam as tarefas nesta última etapa: alguns integrantes podem elaborar o roteiro,
outros podem montar o cenário de gravação, quem já tiver alguns conhecimentos
computacionais pode se responsabilizar pela edição do vídeo, e, claro, um integrante
será escolhido para ser o apresentador.
U
Peças teatrais não estão entre os textos mais frequentemente lidos. É comum que a
dramaturgia seja pensada apenas para o palco, ou seja, que o teatro só exista quando
encenado. Entretanto, veja o que o professor de literatura e pesquisador João Roberto
Faria, da Universidade de São Paulo, diz ao iniciar seu livro O teatro na estante:
L
Sei muito bem que o espaço da realização teatral é o palco, não a estante. No entanto,
ainda que o dramaturgo escreva para ser representado e que o teatro seja mais atraente e
verdadeiro enquanto espetáculo, nada impede que busquemos o ‘prazer do texto’ – para
N
lembrar a feliz expressão de Roland Barthes – na leitura das peças teatrais ou que as estu-
demos criticamente. São elas que perpetuam a glória do escritor dramático, abrindo-se a
novas interpretações, sejam as de encenadores e artistas, que ganham uma forma concreta
sobre o tablado, sejam as de leitores comuns, que se realizam enquanto espetáculos vir-
tuais no espaço da imaginação, sejam as de críticos e historiadores do teatro, expressas em
P
estudos especializados.
FARIA, João Roberto. O teatro na estante. Cotia: Ateliê Editorial, 1998.
D
Décio de Oliveira Vieira
(1956-), nascido em São O texto que você lerá é um poema de Décio de
Paulo, era estudante
Oliveira Vieira, publicado na edição especial Caderno
universitário quando
enfrentou uma prisão Negro Três Décadas.
L
em razão de suas
orientações políticas.
Das savanas africanas
Em 1978, participou da Do meu ventre saíste na manhã dos tempos
criação do Movimento Empilhado como carga, atravessaste o mar
Negro Unificado, o MNU.
Negras tetas balançavam ao som do escárnio riso
N
Exilou-se do Brasil em
1979 e retornou em 1982. O Deus dos desgraçados, da vaga envergonhado,
Foi professor de Língua Sua face escondeu
Portuguesa, colaborou com
diversos jornais, geralmente
É muita dor. Nos campos do sol
abordando o tema da Preparaste para a morte encarar
P
literatura, e publicou contos Sem saber que nas terras do porvir
e crônicas no jornal O Terias apenas, por companhia, a dor,
Matuto, de Jundiaí, estado A agonia
de São Paulo. Em 2002,
iniciou sua participação nos Vendido pelos próprios irmãos
Cadernos Negros. Embarcaste no portal dos passos perdidos
IA
Agrilhoado como a maltrapilha caça
Depois de tanta luta, os músculos jazem, inertes
À sorte
Preparaste para a morte encarar,
Preparaste para o açoite enfrentar,
Porém, não avaliaste o quanto pagarias
Para continuar vivendo
U
L
e históricas? De que maneira a arte e o teatro se diferem de
outras formas de aprendizagem?
N
Diálogos entre Arte e Literatura
P Reprodução/Nova Fronteira
Rodrigues (1912-1980) atuou como
jornalista e cronista nos principais
veículos de comunicação do país.
Suas peças de teatro, por tratarem
de temas polêmicos de maneira
tragicômica, ao serem lançadas, re-
IA
ceberam críticas severas de setores
mais conservadores da sociedade.
A linguagem direta e coloquial de
seus textos marca a fala de per-
sonagens que ora problematizam
valores e comportamentos de sua
época, ora os ironizam ou mesmo,
com deboche, os criticam.
Entre suas peças mais famo-
U
Em Teatro completo,
sas estão Os sete gatinhos (1958), Nelson Rodrigues reuniu
Boca de ouro (1959) e Toda nudez peças psicológicas e
será castigada (1965). míticas tragédias cariocas.
G
Não perca!
A obra de Nelson Rodrigues também se destaca pelo grande
número de crônicas esportivas publicadas em jornais.
O dramaturgo, amante do futebol nacional, tratava os
futebolistas brasileiros como heróis. Em suas palavras:
[...] Convém aceitar esta verdade recente – o campeão
não é apenas um jogador de futebol. É um herói: nenhum
clube, nenhum povo tem o direito de vender seus heróis.
RODRIGUES, Nelson. A pátria de chuteiras.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. [versão digital]
D
Língua em contexto
Reprodução/Editora 34
L
a escrita de um bom texto. Ela permite fluidez na leitura
− orientando pausas e entonações de voz adequadas −,
ajuda na organização das ideias e proporciona clareza de
sentidos. Ela pode, inclusive, modificar os sentidos de um
N
texto. Nesta Unidade, observamos textos, de natureza ar-
tística ou não, cuja pontuação foi utilizada conforme obje-
tivos específicos desses textos. A partir de agora, vamos
comparar tais usos, ampliar a reflexão sobre esse assunto
P
e colocá-lo a favor do texto e de seus objetivos.
Pare e compare
O texto a seguir é o início do romance Água funda, da
Capa do livro Água funda, de
autora Ruth Guimarães (1920-2014), que reúne histórias de
IA
Ruth Guimarães, que conta
com uma ilustração de Tarsila inspiração rural e de tradição oral, em um espaço temporal
do Amaral, Palmeiras (1925). que vai do período escravocrata até a década de 1930.
A arte de Tarsila na capa
do livro inscreve o romance
no Modernismo, situando a Água funda
obra no tempo e no território
cultural e estético nos quais a
Se era boa? Tão boa como mel de jati. É que a Mãe de Ouro
escritora foi criada. tinha enfeitiçado o homem. A Mãe de Ouro mora do outro lado
da serra. Pra lá fica Juruna, no Itaparica, e é um estirão de mais
U
D
A autora Ruth Guimarães
da testa, que vinha bamboleando a cabeça, num delém-delém
(1920-2014) nasceu em
de campainha ruindo, mal comparando, como sino de capela. Cachoeira Paulista, cidade
Não é aí que está a diferença. Isso tinha que acabar e acabou. localizada no Vale do
O que já não existe é outra coisa. Coisa que a gente vê menos, Paraíba, no estado de São
L
mas de que sente mais a falta. É o ar que não é mais o mesmo. Paulo. Passou a infância em
uma fazenda administrada
Os antigos dizem que foi a praga. É ver que foi, pois aquilo não
pelo pai no sul de Minas
era coisa que se fizesse para um cristão. Gerais, na cidade de
O engenho é do tempo da escravatura. Seu Pedro Gomes, o Pedralva. De lá recolheu
N
morador mais antigo do lugar, ainda se lembra quando o paiol, muitas histórias de tradição
perto da casa grande, era senzala. Antes disso, era só um ran- oral que aparecem em sua
vasta obra. Ruth Guimarães
cho de tropa, na baixada, e mato virgem subindo o morro. A
foi escritora de romances,
casa grande pode-se dizer que é de ontem. Tem pouco mais de contos, poesia, teatro
cem anos e ainda dura outros cem. A parte de lá, a primeira que e textos não ficcionais;
P
fizeram, é toda de taipa e as paredes são escoradas com cada tradutora, cronista,
vigote, que um homem sozinho não abarca. As salas, como se professora e pesquisadora
vê, são grandes e têm um mundo de janelas. Olhando por elas, – seu interesse pelo folclore
a aproximou de Mário
descobre-se lá fora o canavial, cortando o vento com navalhas de Andrade e de Luís da
verdes. E o sol entra aqui, sem cerimônia, como gente de casa. Câmara Cascudo. Foi a
IA
Não adianta. Alguma coisa continua triste. Não há sol que es- primeira escritora negra
pante os pensamentos da gente, num lugar vazio assim. Dizem a pertencer à Academia
que essa casa é assombrada por causa do terreirão, onde os Paulista de Letras. Lançou
em 1946, aos 26 anos,
negros morriam debaixo de açoite. Muitos não acreditam. São
Água funda, romance
abusantes. Pode ser e pode não ser. Aquele listão verde, en- largamente elogiado por
feitado de rosas, foi a última dona quem mandou pintar. Essa personalidades como
era bonita. Na outra sala há um retrato dela, no meio de outro Antonio Candido e Erico
U
listão verde, com rosas. Maria Carolina, está escrito por baixo. Verissimo, de quem se
tornou amiga.
Parece que ela segue com os olhos quem perturba o silêncio
destas salas.
[...]
G
D
(se necessário, releia-o). terras de Maria da Fé.
a) O texto é predominantemente com-
posto por frases longas ou curtas?
Trecho 2
b) Qual é o efeito de sentido provocado A madrinha bem se vê que não é a bes-
pela extensão das frases? ta ruana, dengosa que era um gosto, de
L
c) Esse efeito de sentido condiz com malha no meio da testa, que vinha bam-
uma intencionalidade do romance? boleando a cabeça, num delém-delém
Apresente argumentos que susten- de campainha ruindo, mal comparando,
tem sua resposta. como sino de capela.
N
2. Compare o texto lido nesta seção com
os trechos de A Revolta da Cachaça e Dos fragmentos, é possível deduzir uma
“Das Savanas Africanas”. das regras para o uso de vírgulas, e que
pode tornar uma frase mais longa. Que
a) De qual dos textos a pontuação de
regra é essa?
Água Funda mais se aproxima?
P
b) Qual é a intenção no uso da pontua- 4. Na frase: “Na refinação é aquele barulho
ção no texto do romance, assim como de sempre: maquinaria rodando, correa-
na peça de teatro? De que modo o me dando chicotadas no ar e engrena-
poema difere nessa intenção? gens se entrosando”, podemos deduzir
uma das regras do uso dos dois-pontos?
3. Leia e analise os trechos:
Qual é ela?
IA
Trecho 1 5. No trecho lido, percebemos que o narra-
dor inicia sua história criando expecta-
O mesmo caminho sobe torcido, cor- tivas em dois momentos distintos. Que
cunda de nascença, varando a serra des- momentos são esses e que efeitos eles
de os começos, embaixo, na fazenda, vol- provocam no leitor?
U
L
1. Você consegue identificar as palavras indígenas no pri-
meiro parágrafo? Se sim, transcreva-as.
2. Que raciocínio você usou para identificar tais palavras?
3. Tente descobrir o sentido original das palavras identi-
N
ficadas. Depois, arquive no Portfólio seus achados.
4. Você conhece outras palavras de origem indígena?
Sabe seus significados? Elas se parecem com as pala-
vras do texto?
5. Palavras de origem indígena são usadas, com muita
P
frequência, para nomear quais elementos da nossa
realidade?
IA
Questões da língua
A produção de texto faz parte de todas as esferas de
nossa vida. Em situações mais informais do cotidiano, você
já deve ter se deparado com textos de difícil compreensão,
em razão da qualidade de sua escrita, ou talvez já tenha
também se preocupado em tornar o seu próprio texto mais
U
Não perca!
Conheça o Dicionário Ilustrado Tupi Guarani, disponível
em: <www.dicionariotupiguarani.com.br>. Acesso em:
26 jul. 2020.
L
de pontuação e observar como elas promovem encadeamento entre ideias e criam sen-
tidos desejados. Antes de realizar a atividade a seguir, pense como a linguagem mate-
mática pode apresentar intersecções com a Língua Portuguesa. Para ajudá-lo, leia os
fragmentos a seguir.
N
A linguagem matemática pode ser definida como um sistema simbólico, com símbolos
próprios que se relacionam segundo determinadas regras. Esse conjunto de símbolos e re-
gras deve ser entendido pela comunidade que o utiliza. A apropriação desse conhecimento
é indissociável do processo de construção do conhecimento matemático. Está compreen-
P
dido, na linguagem matemática, um processo de “tradução” da linguagem natural para uma
linguagem formalizada, específica dessa disciplina, [...].
Ler a ordem de um exercício matemático ou extrair informações de um problema
expresso em língua natural e codificá-las em uma ou mais sentenças matemáticas nem
IA
sempre é uma tarefa fácil pois os símbolos e as regras da Matemática não constituem
uma linguagem familiar. [...]
LORENSATTI, Edi Jussara Candido. Linguagem matemática e Língua Portuguesa: diálogo necessário na
resolução de problemas matemáticos. Conjectura, Caxias do Sul, v. 14, n. 2, p. 90-91, maio/ago. 2009.
Por meio dessa leitura, podemos estabelecer algumas inferências, mais bem organizadas,
respondendo às perguntas a seguir.
G
D
Uma das funções da pontuação é a possibilidade de
transmitir, por meio da escrita, as emoções de interlocuto-
res e personagens ficcionais. A atividade a seguir recupera
o sentido que alguns sinais de pontuação transmitem.
L
Ampliando o repertório
N
A pontuação em textos ficcionais
Seja na ficção, seja em textos não ficcionais, a emoção
do narrador ou do locutor do texto precisa ser transmitida.
P
1. Para recuperar a importância de alguns sinais de pon-
tuação, pesquise textos da literatura, especialmente se
houver a possibilidade de pesquisar peças de teatro, e
transcreva um ou mais trechos que apresentem dois si-
nais de pontuação que expressem sentimento.
IA
2. Explique que sentimentos tais sinais indicam ao leitor.
3. Cite sentimentos diferentes que os mesmos sinais po-
dem indicar, em contextos diferentes.
4. Em que tipos de textos tais sinais não devem aparecer?
Utilize o Portfólio para arquivar elementos coletados e
elaborados por você.
U
Usos linguísticos
Observe a tirinha da quadrinista Fabiane Langone, pu-
G
D
e grande parte delas se referem a assuntos que estão sendo
abordados naquele período de tempo. Como você explicaria
essa tirinha para alguém que a visse no ano de 2040?
2. Como se caracteriza a linguagem usada na tirinha, especial-
mente em relação ao seu registro escrito?
L
3. O que a linguagem não verbal da tirinha nos mostra que a
linguagem verbal não consegue?
4. Como você avalia o uso dos sinais de pontuação ao final das
frases?
N
5. O humor é bastante usado para abordar temas polêmicos,
não apenas como forma de provocação, mas também para
gerar reflexão ou colocar em discussão um tema difícil de ser
debatido.
P
a) Você acha que o humor pode gerar reflexões sobre assun-
tos importantes? Explique sua resposta.
b) Você concorda que determinados assuntos são mais bem
aceitos quando abordados por meio do humor? Justifique
sua resposta.
IA
c) A tirinha trata de um confronto observado em meio à
pandemia da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2,
conhecida como Covid-19, vivida em 2020: fazer ou não
isolamento social. E ainda trata das “guerras” virtuais ob-
servadas especialmente nas redes sociais sobre esse as-
sunto. Você acompanha os conflitos virtuais que ocorrem
sobre os mais variados assuntos? Como você enxerga esse
comportamento social?
U
Ponto de observação
De que modo você pode melhorar a maneira como se ex-
pressa por escrito?
Você costuma observar os contextos, objetivos e des-
tinatários ao escrever mensagens e enviá-las por meio di-
gital? Quais preocupações surgem no momento de redigir
essas mensagens?
Você concorda que a pontuação é um dos problemas
mais frequentes nas redações cotidianas? A comunicação
pode ser prejudicada quando a pontuação não é feita ade-
quadamente?
D
Produção artística
Leitura dramática
L
Nesta produção vamos buscar compreender a atual si-
tuação da visibilidade de atores e atrizes negros nas produ-
ções cênicas, como teatro, cinema, televisão e séries.
N
Sabendo que o Teatro Experimental do Negro foi um
projeto que formava atores e atrizes, vamos conhecer um
pouco uma das mais atuantes atrizes negras da drama-
turgia brasileira, a atriz Ruth de Souza.
P
Ruth de Souza (1921–2019)
D
atores negros em cena, analisar a construção da persona-
gem e produzir uma leitura dramática.
L
• Fontes de pesquisa: livros, filmes e internet.
• R
egistro no computador ou no caderno do texto dramá-
tico escolhido.
N
• C
ombinação com colegas colaboradores de acordo com
as necessidades da cena.
• D
uração da cena escolhida para leitura dramática: 1 a 3
minutos.
P
• O
rganização do espaço com mesas e cadeiras para a lei-
tura, de frente para o público, de forma que todos pos-
sam escutar com qualidade a leitura dramática.
Elaboração e criação
IA
1. Pesquise cinco atores e cinco atrizes negros, com atuação no
teatro, televisão, cinema e outras produções audiovisuais.
2. Averigue os tipos de papéis encenados por eles. Escolha uma
produção de cada um dos atores e atrizes e indique o papel
que interpreta, bem como características básicas da sua per-
sonagem, como o modo como é retratada, sua profissão, re-
lação com as demais personagens e aproveitamento na cena.
3. Destaque uma cena em que a personagem é desenvolvida.
U
Revisão e reelaboração
Uma vez transcrito o texto, comece a trabalhar aspectos
mais específicos ligados à leitura dramática. Primeiramente,
assuma o papel do protagonista da cena e convide colegas
para assumir as outras personagens, quando houver.
Estude o texto também de forma teatral, considerando al-
guns aspectos do trabalho do ator diante de um texto dra-
mático. Ao reler o texto, faça marcações nos diálogos, por
exemplo, de respiração, de entonação, de gestualidade e do
ritmo da fala. A respiração indica que você deve deixar um
116 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
tempo específico entre as palavras, de forma a não apenas
D
repeti-las seguidamente. A entonação deve indicar o modo
como a personagem está se comunicando verbalmente, se
está calma, amorosa, agressiva ou impaciente, por exemplo.
A gestualidade pode ser marcada e adicionada considerando
L
movimentos de mãos, braços, tronco e rosto. Ela pode ser
usada apenas incidentalmente, já que estamos em uma leitu-
ra dramática, não na interpretação da peça em cena. O ritmo
da fala deve determinar algumas características da persona-
N
gem, bem como a fluência do diálogo. Se é uma personagem
que fala mais cantado, ou que fala mais apressado, com de-
terminado sotaque. Entretanto, a noção de tempo entre uma
frase e outra, ou como elas ganham uma fluência, também
entra nesse aspecto da preparação.
Apresentação
P
Agende coletivamente uma data para a apresentação
das leituras dramáticas. Organizem-se para estabelecer
IA
de antemão a ordem das cenas. Apresente aos colegas o
nome da peça, das personagens e o contexto da cena, para
que entendam o contexto da produção. Não se esqueça
de compartilhar as características básicas dessa persona-
gem no contexto geral da obra escolhida. Essa leitura pode
ser filmada para ser compartilhada e também para permitir
uma autoavaliação do desempenho de cada um.
U
G
Ponto de observação
Retome cada etapa descritiva da leitura dramática produzida e comente como você se or-
ganizou para realizá-la, como mobilizou colegas para sua produção e como foi a contribuição
de cada um.
Em que aspectos as cenas demarcam o tipo de papel e atuação do ator negro? Como sua afe-
tividade é evidenciada nessas cenas?
Que recursos foram mobilizados para caracterizar a sua leitura dramática e a dos demais
colegas? Cite um desses recursos apreciados na leitura dos outros textos dos colegas.
Para essa produção artística, arquive em seu Portfólio virtual o texto completo, com o nome
da obra, do dramaturgo, dos atores originais, além de dar crédito nominal a você, que fez a
transcrição e registrar o nome de cada participante que assumiu um dos papéis da cena. Salve
em uma pasta a data da apresentação com os registros fotográficos e audiovisuais. Salve tam-
bém os links, vídeos e livros utilizados na pesquisa.
D
Edital: concurso de slam
Vimos na seção 1 desta Unidade alguns mecanismos pos-
síveis de promoção de culturas e grupos sociais, como por
L
meio da criação de leis. Outra forma é por meio de con-
cursos, e para sua realização é necessária a publicação dos
chamados editais, que reúnem todas as normas para uma
N
concorrência justa e democrática.
Os editais podem ser lançados com os mais diversos ob-
jetivos e para os mais diferentes públicos: eles estabelecem
regras para concursos culturais, de emprego, de ingresso
P
em instituições de ensino, de bolsas de estudo, de licitação
para compra de insumos etc. Nesta seção, vamos conhecer
alguns editais, verificar suas características mais importan-
tes, como eles são escritos e, por fim, produziremos um para
um concurso de slam. Você já ouviu falar no slam?
IA
Planejamento
Para a produção do edital, será preciso: conhecer o gê-
nero poético que o concurso pretende promover, ler alguns
editais para compreender que informações eles costumam
trazer e quais são suas características textuais, produzir o
U
Propósito/ Suporte de
Gênero Público
Finalidade publicação
Reunir as normas
para um concurso de
slam entre estudantes Blog de estudantes
do Ensino Médio da do Ensino Médio da
Edital de Estudantes
escola, tendo em escola; divulgação
concurso literário do Ensino Médio
vista selecionar um impressa em
candidato para murais da escola
uma etapa municipal
do concurso
L
2. Você já tomou conhecimento ou participou de algum
edital? Se sim, que informações ele trazia?
3. Você conhece o slam? Sabe como ele surgiu?
4. O slam é um gênero poético cuja essência é um discur-
N
so de protesto. Que outros gêneros poéticos ou musi-
cais você conhece com esse mesmo propósito?
P
Anote aí!
Ampliando o repertório
Slam
U
Para conhecer o objeto de promoção do edital que será produzido, os estudantes, organi-
zados em grupos, devem realizar uma pesquisa que responda às seguintes questões:
1. Como surgiu o slam?
2. Que temas costumam ser abordados?
G
D
Para a produção do edital para o concurso de slam a ser
realizado em sua escola, siga as seguintes etapas:
1. Faça um levantamento das normas essenciais que devem
constar em um edital. Para isso, pesquise editais e compare
L
suas informações.
2. Observe, com muito cuidado, a linguagem utilizada nos edi-
tais (objetiva, direta e coerente), sua pontuação (especial-
mente o uso de vírgula, ponto e vírgula e ponto-final), sua
N
organização (tópicos em destaque e enumeração de itens).
É importante que o grupo possa reproduzir essas mesmas
características em sua produção textual.
3. Após a pesquisa realizada sobre o slam, assegure-se de que
as exigências de um concurso como esse (especialmente em
P
relação às etapas de composição do slam e as rodadas de
apresentações) estejam contempladas no edital, com suas
respectivas regras, datas e horários.
4. Elaboração de um título e de uma introdução para o edital,
seguindo os modelos apresentados nas fontes de pesquisa.
5. Digitação do edital.
IA
Autoavaliação e reescrita
Para a autoavaliação do edital criado pelo grupo e sua
reescrita final, considerar o seguinte roteiro:
1. O edital contemplou todas as informações essenciais coleta-
das na etapa de pesquisa de seus modelos?
U
Publicação
Todo edital precisa tornar-se público, da forma mais efi-
ciente possível, para todos os interessados em participar
de um concurso. Por isso, os editais escritos pelos grupos
deverão ser publicados de duas maneiras:
1. Ser impresso e divulgado em murais da escola;
2. Ser postado em um blog criado para a sala, no qual todos os
grupos publicarão seu edital.
120 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
D
Ponto de observação
Qual é a importância da observação atenta de um edital
de concurso? Como candidato, que prejuízos você poderia ter
em não observar as normas de um edital?
L
N
Encerramento
Que histórias estão marcadas na cor da minha pele?
P
Em 2015, o jornalista e ator Ernesto Em pleno século 21, a pele negra con-
Xavier criou uma página em rede so- tinua sendo motivo de discriminação e
cial chamada "Senti na Pele" para que preconceito. O peso de ter sido o último
ele e seus amigos pudessem relatar país das Américas a abolir a escravidão
episódios de racismo que já tinham é sentido nos ombros da população ne-
IA
vivenciado. Leia o início de uma re- gra do nosso país. O racismo dissimula-
portagem sobre a página que virali- do nos espaços públicos e escancarado
zou e se tornou sucesso: em redes sociais, onde a proteção pelo
anonimato se torna álibi para o crime
de injúria racial, reflete a consequência
de mais de 350 anos de escravidão e
violência contra o corpo negro.
U
D
a arte ganha corpo?
L
1. Na primeira imagem, um autorretrato de a) Como você costuma representar sua
Frida Kahlo, a pintora encara diretamente imagem?
o espectador enquanto dois animais estão b) Como você utiliza os elementos visuais
N
sobre seus ombros. O que a disposição nas imagens que produz de si mesmo?
deles nos mostra sobre o conteúdo ex- 4. É possível que você já tenha visto a imagem
pressivo da pintura? da artista Frida Kahlo circulando na internet,
2. Em ambas as imagens, há uma valorização em diversos sites e nas redes sociais. Pode-
mos dizer que a imagem de Frida “viralizou”,
P
da cultura local de cada artista. Que ele-
sendo reproduzida em outras obras, como
mentos visuais indicam tal valorização e o
no grafite apresentado, e também em pro-
que eles podem representar? dutos, como camisetas, pôsteres etc. Como
3. Considerando as suas experiências pes- você explicaria essa veiculação de uma ima-
soais de autorretrato ou de selfie: gem ganhando proporções tão grandes?
IA
sil, 2020.
som Center, Texas
1
s Trust, Mex
SuperStock/Glow Ima
Kahlo Mus eum
G
122
D
2
L a
Cipriano Snupi/Acervo do artist
N
P
IA
liano.
puedes amar, no te demores,
• Barroco: artistas e obras importantes.
2019. O mural foi feito às
margens do Lago Paranoá, • Poesia concreta, videopoesia e infopoesia.
em Brasília. • Elementos de coesão em textos midiáticos.
• Infográfico.
• Produção de um autorretrato fotográfico com inter-
venção plástica.
• Produção de infográfico.
Habilidades da BNCC: EM13LGG102, EM13LGG202,
EM13LGG302, EM13LGG501, EM13LGG502,
EM13LGG503, EM13LGG601, EM13LGG602,
EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LP15, EM13LP19,
EM13LP34, EM13LP35, EM13LP36, EM13LP46.
123
1 Fruição e análise artística e literária
D
Na arte figurativa, o Linguagem artística: artes visuais
artista busca representar
L
pessoas, elementos da Figuração nas artes plásticas
natureza e objetos em
geral de forma verossímil. Quando fazemos arte, muitas vezes temos o impulso
Isso significa que esses de reproduzir um objeto à nossa frente, de modo a cap-
objetos serão de fácil tar sua forma, cor e posição no espaço. Por outras vezes,
N
reconhecimento pelo somos levados a dialogar com símbolos que nos repre-
espectador. Os principais
sentam, como o visual de uma banda ou de um artista,
suportes para a arte
figurativa são a pintura e objetos do nosso cotidiano, a paisagem de nossa cida-
a escultura. Nas obras a de, elementos simbólicos de uma cultura com a qual nos
P
seguir, podemos perceber identificamos.
que a intenção é retratar
Ao longo da história, os artistas visuais observaram as
de forma clara a figura
humana, suas expressões,
pessoas e os objetos de seu cotidiano, buscando compor
postura, vestimentas. A imagens expressivas e significativas. Por vezes, foram
partir do século XX, a objetos de representação cenas bíblicas ou mitológicas,
IA
arte figurativa passou a por outras, a dura realidade da população nas grandes
disputar lugar com a arte cidades. Além disso, os artistas costumam representar
abstrata, na qual não se
objetos que têm um significado simbólico, ou seja, que
busca a representação de
objetos e pessoas. nos remetem a uma ideia ou sentimento específico. To-
dos esses exemplos relacionam-se à arte figurativa.
Reprodução/Museu Casa de Maurício, Haia, Holanda.
1. Johannes
Vermeer, Moça
com brinco de
pérola, óleo
sobre tela,
44,5 x 39 cm,
1665-6. Museu
Mauritshuis, Haia,
Holanda.
2. Aleijadinho,
Profeta Jonas,
escultura em
pedra-sabão,
1800-5. Basílica
do Bom Jesus
de Matosinhos,
Congonhas do
Campo (MG).
124 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Mesmo optando pela arte figurativa, não basta ao artis-
D
ta apenas buscar representar aquilo que observa. A arte
é muito mais do que um registro e, portanto, gera signi-
ficado com base nos elementos visuais utilizados de for-
ma criativa e expressiva. Para adentrar mais a fundo nes-
L
se tema, vamos explorar um pouco as pinturas de Frida
Kahlo (1907-1954).
A obra de Frida Kahlo tem forte caráter autobiográ-
fico, e suas produções podem ser analisadas de acordo
N
com o período de sua vida em que foram elaboradas. Um
dos traços marcantes que podemos observar nos seus
quadros é como ela retrata a subjetividade em suas rela-
ções amorosas. A pintora tinha uma notável relação con-
turbada com o também artista Diego Rivera (1886-1957);
P
eles se separaram e reataram muitas vezes.
Outro aspecto dominante na obra de Frida é a sua
perspectiva artística como mulher que pinta a própria
vida, partindo de sua subjetividade para lançar um olhar
único sobre o mundo das artes. O modo altivo como
IA
constrói seus retratos, sempre olhando para o especta-
dor, a forma como representa seu próprio corpo, fugindo
de padrões estereotipados de beleza, e a utilização da
pintura como um exercício de liberdade daquilo que de-
seja transmitir tornaram Frida um ícone da representati- Retrato: representação
artística de uma pessoa
vidade feminina nas artes. que está, em geral,
Um terceiro aspecto marcante da produção artística intencionalmente posando
U
aparência, a personalidade
e alguma expressividade
Frida Kahlo foi uma pintora mexicana, natural de do rosto do retratado,
Coyoacán. Sua vida pessoal foi marcada pela poliomielite normalmente associada ao
que contraiu quando criança e por um grave acidente olhar, ao posicionamento
da sobrancelha e à
de ônibus que sofreu aos 18 anos de idade. Esse último boca. O retratado pode
evento gerou longos períodos de convalescença que a ser enquadrado em
artista enfrentou pintando, em sua casa. Com um espelho comprimento total (todo o
instalado no dossel de sua cama, Frida pôde pintar a corpo), meio comprimento
imagem de si mesma, iniciando uma longa trajetória na (da cintura para cima),
busto (cabeça e ombros)
elaboração de autorretratos, característica marcante de
ou cabeça. A posição do
sua obra. Ao longo da vida, em virtude das consequências rosto também pode variar.
do acidente e da doença, ela voltaria a ter períodos de Quando o artista retrata
convalescença, nos quais continuava seu processo artístico a si mesmo, realiza um
deitada na cama. autorretrato.
Não perca!
Site, em espanhol e em inglês, do Museo Frida Kahlo, com
fotos de sua coleção particular.
•
<www.museofridakahlo.org.mx/es/el-museo/> (acesso em:
04 set. 2020.)
D
L
N
P
IA
U
D
Amuleto: objeto a que
se atribui algum poder ra um amuleto com a foto de Diego Rivera quando criança,
mágico ou sobrenatural, objeto que ela possuía na vida real. Esse amuleto confirma
como o de trazer proteção
a quem o carrega consigo. o tema mais amplo da obra, que é um autorretrato de Frida
em um momento de separação de seu marido. Do amuleto
L
sai uma artéria que se enrola em seu braço e vai até o cora-
ção, que é retratado de forma visível sobre o vestido. Essa
conexão continua com uma segunda artéria que liga os cora-
ções das duas Fridas. A Frida à esquerda tenta interromper o
N
sangramento de sua artéria com uma pinça cirúrgica, mas é
possível perceber manchas de sangue em seu vestido, que se
misturam com o bordado de flores vermelhas.
A escolha por um autorretrato duplo nos mostra duas
facetas da mesma pessoa. Quanto à expressão dos rostos
P
retratados, Frida fixa o olhar no espectador, como ocorre
repetidamente ao longo de sua produção de autorretratos,
evidenciando uma determinação de se colocar como sujeito
de sua história. Seu olhar é quase desafiador.
Nessa obra podemos ver o retrato de uma experiência de
IA
dor psicológica causada por uma separação, representada
também como uma dor corpórea, que remete a sua condi-
ção física debilitada, que necessitou de cirurgias dolorosas ao
longo dos anos. Há um diálogo de nacionalidades nas vesti-
mentas, o que remete novamente à sensação de solidão, visto
que a artista só se sentia confortável em seu país e em relação
com sua cultura natal.
U
O texto no contexto
As duas Fridas
G
A pintura que leva esse título, que você viu na página 127,
é de 1939 e coincide com o término do relacionamento entre
Frida Kahlo e o pintor Diego Rivera. Posteriormente, o casal
se reconciliou.
Também é importante ressaltar que Frida pintou suas
obras em uma época pós-revolucionária no México, a par-
tir de 1920, o que a fez adotar, com outros artistas, in-
cluindo seu marido, uma série de elementos simbólicos
nacionais mexicanos, desde o reconhecimento da cultura
indígena até a utilização de símbolos naturais da fauna e
da flora. Essa é uma das facetas de sua obra, que ganha
maior significado ao ser analisada lado a lado com seu
protagonismo como artista e mulher de seu tempo.
128 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. Observando a obra As duas Fridas, ar- b) O céu representado por Frida Kahlo
D
gumente por que esse quadro pode ser em As duas Fridas remete às pintu-
considerado arte figurativa. ras de um artista conhecido como El
2. A composição do quadro As duas Fridas Greco (1541-1614). Pesquise na inter-
levou em conta também o espaço em net imagens das obras desse pintor e
que se dá o retrato. Considere o espa- busque uma correlação interpretativa
L
ço que as duas figuras ocupam e o céu entre o céu de El Greco e o de Frida
atrás delas e responda: Kahlo na obra em questão.
N
da pintura, de forma a amplificar seu
potencial expressivo? dos por eles com os que você aprendeu
nesta seção.
Dramaticidade em Bernini
P
A representação na arte figurativa pode também tratar
de cenas religiosas ou míticas, como ocorria com frequên-
cia durante a Renascença (séculos XIV-XVI) e o Barroco
europeu (do século XVII a meados do século XVIII). Além
Anote aí!
da pintura, a escultura também era suporte para esse tipo
IA
de arte. Analisaremos a seguir a obra Apolo e Dafne, de Arte barroca
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), escultor e arquiteto do A arte do Barroco floresceu
barroco italiano. inicialmente na Itália,
financiada por patronos
católicos, sendo considerada
uma arte exuberante que se
Ampliando o repertório contrapunha à austeridade
do protestantismo. Suas
U
L
das produções artísticas
e textuais. Ele contém 2. Busquem, em fontes confiáveis, data de nascimento e
o registro do processo morte do(s) artista(s) escolhido(s), lugar de origem e
artístico e de elaboração reprodução e título de pelo menos uma obra importan-
textual, bem como o te feita por ele(s).
N
produto final. Mais do Sugestões de fontes de pesquisa:
que caderno ou bloco de • Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: <https://
papel para anotações, o enciclopedia.itaucultural.org.br/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
Portfólio deve ser formado • Britannica Escola. Disponível em: <https://escola.
também por pastas física britannica.com.br/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
P
e digital, de uso individual
• Biblioteca Nacional Digital do Brasil. Disponível em:
ou em grupo, para o
<http://bndigital.bn.gov.br/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
arquivamento de materiais
diversos, como recortes, • Museo Del Prado. Disponível em: <www.museodelprado.
esboços, fotografias, es/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
vídeos e áudios. • Aleijadinho 3D. Disponível em: <www.aleijadinho3d.
IA
icmc.usp.br/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
3. Em dia e hora previamente combinados com seu pro-
fessor, de maneira compartilhada, façam a composição
de um mural sobre o Barroco nas artes plásticas com
imagens da(s) obra(s) escolhida(s), legenda com títu-
lo da(s) obra(s), se houver, data, nome do(s) autor(es)
e fonte de pesquisa. Lembrem-se de colocar um título
no mural para que o público em geral saiba o assunto
apresentado. Informe também os nomes dos estudan-
U
D
não surgiu do mero acaso, mas da ira feroz de Cupido.
OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução de David Gomes Jardim Junior.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1983. p. 21.
L
G. Dagli Orti/De Agostini/Glow Images
ela pede a seu pai, Peneu, que a socorra desse amor inde-
sejado. Quando Apolo está prestes a alcançá-la, Peneu a
transforma em um loureiro.
Com as forças esgotadas, a virgem empalidece e, exausta pelo
N
esforço daquela fuga, exclama, voltando os olhos para as águas
de Peneu: “Socorre-me, meu pai! Se vós, os rios, tendes um
poder divino, muda a minha aparência, culpada de mui-
to agradar!”. Mal acabara a súplica, um pesado torpor
P
lhe invade os membros; seu peito delicado se reveste
de uma fina casca, os cabelos se transformam em fo-
lhas, os braços em ramos; os pés, que ainda há pouco
corriam tão rápidos, são raízes ao chão presas agora, o
rosto desaparece na fronte
IA
OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução de David Gomes
Jardim Junior. Rio de Janeiro: Ediouro, 1983. p. 21.
D
essa instabilidade. Em Dafne, podemos tra-
çar arcos por seu braço e do tronco para a
perna direita. Em Apolo, é possível traçar os
mesmos arcos e eles também estão presen-
L
tes no tecido que cobre parte de seu corpo.
Bernini escolhe captar a cena em seu
momento de maior intensidade dramática.
Em outras palavras, ele evidencia o momen-
N
to narrativo que tem capacidade para pro-
G. Dagli Orti/De Agostini/Glow Images
P
a impressão de movimento. É como se o
artista congelasse uma cena teatral em seu
momento mais importante.
IA
Muitas linguagens, muitos temas
L
Em Bernini, Dafne foge de um amante indesejado. Co-
mente como essas representações podem nos auxiliar a
refletir sobre a posição da mulher na sociedade atual.
2. Em Apolo e Dafne, de Bernini, um homem persegue uma
mulher. Debata com seus colegas os modos antigos e
N
atuais de assédio contra a mulher, como o “stalking”. Se
possível, consulte as seguintes fontes para orientar al-
guns termos do debate:
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. “Stalking” ou assédio
por intrusão e violência contra a mulher. Jusbrasil. Dis-
P
ponível em: <https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/
artigos/264233531/stalking-ou-assedio-por-intrusao-e-
violencia-contra-a-mulher>. Acesso em: 18 jul. 2020.
O Globo. Justiça de SP enquadra perseguição na
internet, o “stalking”, na Lei Maria da Penha. 2 mar.
2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/
IA
sociedade/justica-de-sp-enquadra-perseguicao-na-
internet-stalking-na-lei-maria-da-penha-24281491>.
Acesso em: 18 jul. 2020.
3. Em Bernini e na arte barroca em geral, há uma ten-
dência à composição de cenas dramáticas, que con-
gelam o ápice de uma narrativa. Pesquise ou crie
exemplos fotográficos, de memes, gifs, ou recorte
uma imagem de uma telenovela, série ou filme que
U
Ponto de observação
D
Já parou para pensar em como, a exemplo de nossos
gestos e expressões em uma conversa, a visualidade das
palavras pode contribuir com a criação e ampliação do
sentido em um texto?
L
Na década de 1950, um grupo de poetas brasileiros
fundou, em São Paulo, um movimento artístico chama-
do Concretismo. Esses poetas estavam interessados em
explorar as interações entre as formas e os conteúdos
N
das palavras para a construção de sentido. Entre as per-
sonalidades que se lançaram ao desafio criativo de pen-
sar essa nova forma de fazer poesia, estava Augusto de
Campos. Leia o poema “Tensão”, publicado por ele em
P
1956, e responda às questões na sequência.
O texto no contexto
A poesia concreta
IA
Quando os poetas que integravam o grupo Noigandres
A palavra candango é publicaram o manifesto Plano-Piloto para a poesia concreta,
hoje usada para designar no número 4 da revista que levava o nome do grupo, em
os primeiros habitantes
1958, o Brasil passava por um período de democratização
da cidade de Brasília, isto
é, os trabalhadores que lá política e desenvolvimento econômico encabeçado pelo
chegaram para construí-la. então presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). Foca-
Naquela época, o termo do em impulsionar o crescimento industrial e a moderni-
U
era empregado para se zação do país, o período foi marcado, entre outras coisas,
referir pejorativamente
aos trabalhadores braçais
pelo lançamento de um plano-piloto para a construção
incumbidos dessa função, de Brasília: uma cidade idealizada como centro do poder,
servindo à distinção social situada no coração geográfico do país, projetada pelo ur-
G
e de classe que marcava banista Lúcio Costa, com edifícios públicos desenhados
a oposição entre iletrados
por Oscar Niemeyer, e construída com mão de obra de
e letrados naquele
contexto. A palavra migrantes – sobretudo nordestinos e nortistas –, que fo-
originou-se, no entanto, ram chamados candangos pelos primeiros construtores
do termo kungundo, em da cidade.
quimbundo (língua falada
Influenciados por todas as mudanças da paisagem ur-
no noroeste de Angola),
o qual fora primeiro banística brasileira à época e também por propostas ar-
utilizado por seus falantes tísticas de vanguarda que floresciam na Europa após o
para distinguir como fim da Primeira Guerra, os poetas Augusto de Campos,
maus os colonizadores Haroldo de Campos e Décio Pignatari, que compunham
portugueses que se
o Noigandres, propunham-se a questionar as formas tra-
ocupavam do tráfico
negreiro. dicionais da poesia ancorada em rimas e métricas, ex-
perimentando substituir essas linhas de força por novas
134 LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
estruturas. Surgia, então, a poesia concreta, na qual a
D
construção do sentido dos poemas parte da materiali-
dade das palavras, isto é, de uma combinação de seus
aspectos gráficos e sonoros. Augusto de Campos
nasceu na cidade de
L
São Paulo em 14 de
Tensão fevereiro de 1931. Poeta,
tradutor, ensaísta e
TENSÃO (1956) - Augusto de Campos. In: VIVA VAIA, Poesia 1949-1979. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. ©
Augusto de Campos
crítico literário, seu
primeiro livro de poemas,
N
O Rei Menos o Reino, foi
publicado em 1951. Em
1952, na companhia de
seu irmão, Haroldo de
Campos, e do também
poeta Décio Pignatari,
P
fundou a revista e o
grupo Noigandres, dando
início ao movimento
da poesia concreta no
Brasil. Além do vasto
repertório de poemas
IA
concretos, Campos
conta também com
composições resultantes
de suas experimentações
com as novas mídias,
a partir da década de
1980. Em seu acervo,
há ainda poemas em
U
luminosos, videotextos,
neon, hologramas
e laser, animações
CAMPOS, Augusto de. Tensão. Augusto de Campos – Poemas. computadorizadas e
Disponível em: <www.augustodecampos.com.br/02_01.htm>. eventos multimídia.
Acesso em: 18 jul. 2020.
G
1. Observe a disposição visual das sílabas 3. A leitura do poema nos permite identi-
que constituem o poema. Do ponto de ficar uma palavra que ocupa um vérti-
vista da leitura, que padrão é adotado no ce comum entre as formas geométricas
agrupamento entre elas para formar pa- identificadas. Que palavra é essa? Que
lavras? Quais palavras são formadas e a posição ela ocupa na disposição visual
que classes gramaticais pertencem? do poema?
2. No poema, as linhas visuais que criamos 4. Pense, agora, na palavra “tensão”, que
para ler as palavras constituem, entre si, dá título ao poema. De que maneira as
uma forma geométrica, repetida, que visualidades atribuídas a ela contribuem,
caracteriza o poema. Que forma é essa? junto de seu significado, para a com-
Quais palavras ocupam os seus vértices? preensão do sentido geral do poema?
L
co, em 1996.
Leia as questões sobre o tema pontuadas a seguir,
reflita individualmente sobre elas e, depois, em roda
de conversa, partilhe suas impressões com os demais
colegas.
N
1. Na primeira parte do vídeo, o poeta cria uma oposição
sonora entre as palavras “com som” e “sem som”. Que
oposição é essa e, pensando na visualidade já trabalha-
da do poema, como ela contribui para a construção do
significado?
P
2. Na segunda parte do vídeo, a sonoridade das palavras,
intensificada pela forma como elas são lidas e pela mú-
sica que as acompanha, cria um ritmo para o poema. De
que maneira esse ritmo se relaciona com o significado
do termo que dá título ao poema?
IA
3. Tendo-se em conta os aspectos gráficos e sonoros des-
se poema concreto, de que maneira você acredita que
a proposta do Concretismo representou, na literatura,
uma ruptura na forma de pensar e fazer poesia?
Reprodução/11º Festival Internacional Videobrasil/Sesc Pompéia, 1996
U
G
L
“Literatura marginal”: os escritores de periferia entram em manifestações plurais nas
cena, escrita por Érica Peçanha do Nascimento em 2006. artes plásticas, na música,
Para mais informações, consulte: no cinema e no teatro
NASCIMENTO, Érica Peçanha do. “Literatura marginal”: brasileiro. Influenciado
os escritores de periferia entram em cena. Dissertação de por correntes artísticas
N
mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Hu- da vanguarda europeia
manas, Universidade de São Paulo, 2006. Disponível em: e pelo Concretismo, o
<www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-030920 movimento tinha um forte
07-1 3 3 9 2 9/p u b l i co / T E S E _ E R I C A _ P E C A N H A _ apelo político, opondo-
NASCIMENTO.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2020. se ao regime ditatorial
em vigência no Brasil à
P
No campo artístico-literário, o termo “marginal” é usa-
época, em fins da década
do para designar produções que confrontam aquilo que
de 1960.
se entende por cânone literário, rompendo com normas e
Na segunda metade
paradigmas estéticos considerados vigentes em determi-
do século XX, surgiu,
nado tempo e espaço. Sob essa óptica, o Concretismo, ao
incialmente nos Estados
lado do Tropicalismo e da Contracultura, foi então consi-
Unidos e, posteriormente,
IA
derado por parte da crítica literária um movimento “margi-
espalhando-se por
nal” em seu tempo.
diversos países, entre eles
Contudo, na história da literatura brasileira, o termo o Brasil, outro movimento
“marginal” foi por muitos anos comumente empregado cultural marcado pela
para se referir a um movimento organizado por artistas pluralidade, denominado
e intelectuais de classe média, no Rio de Janeiro, na dé- Contracultura. Seus
cada de 1970, que passaram a produzir e distribuir suas adeptos questionavam
obras de forma independente, posicionando-se contra e se contrapunham aos
as formas de produção e circulação da literatura nos
U
L
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Ana Cristina Cesar. Dis-
ponível em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa2866/ana-cristina-cesar>. Acesso em: 18 jul.
2020.
N
• Allan da Rosa
NÓS. Allan da Rosa. Disponível em: <http://editoranos.
com.br/nossos-autores/allan-da-rosa/>. Acesso em: 18
jul. 2020.
• Ferréz
P
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Ferréz. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa280342/
ferrez>. Acesso em: 18 jul. 2020.
Escolha um autor para apresentar para os colegas em
sala. Após a pesquisa, planeje o que será destacado e decida
IA
se a pesquisa será apresentada em cartazes, de forma digital
ou de outra maneira. Não se esqueça de revisar seu texto
e fazer os ajustes necessários no que se refere à ordem de
apresentação dos conteúdos e outros aspectos. Durante a
exposição, saliente, com exemplos, de que maneiras o escri-
tor escolhido rompe com o cânone e adéqua-se, assim, ao
sentido primeiro atribuído ao termo “marginal” na literatura.
Arquive o resultado de sua pesquisa no Portfólio.
U
Reprodução/11º Festival Internacional Videobrasil/Sesc Pompéia, 1996
G
D
Renan Inquérito nasceu em
dição da poesia concreta na composição do livro Poesia pra
Nova Odessa, no interior do
encher a laje, um compilado de 68 poemas no qual aborda te- estado de São Paulo. Mestre
mas sociais e ligados aos sentimentos por meio da linguagem e doutor em Geografia,
do rap. Veja, a seguir, um dos poemas publicados no livro. o autor foi também
L
sorveteiro, empacotador,
mecânico e professor. Poeta
e compositor, sua trajetória
N
Inquérito, cujo nome foi
escolhido para enfatizar a
proposta geral do grupo:
“questionar, confrontar e
apurar a verdade”. Renan
tem seis discos lançados,
P
três livros de poemas e
uma participação ativa
em projetos educacionais
diversos por ele
desenvolvidos no âmbito
da arte-‑educação, como
IA
é o caso do sarau “Parada
Poética” e também das
oficinas literárias realizadas
por ele em instituições
como a Fundação Casa, em
escolas e feiras literárias.
U
G
INQUÉRITO, Renan.
Configurações. Poesia pra
encher a laje. São Paulo:
LiteraRUA, 2016. p. 67.
Infopoesia
Com o surgimento do ambiente digital, de texto. Assim, surgiu um novo gênero
alguns artistas passaram a usar as poético denominado infopoesia. Um
L
ferramentas da tecnologia para a produção dos precursores desse gênero é o poeta
de poemas. Como os poetas concretos, que português E. M. de Melo e Castro (1932-).
usavam os signos da língua como material Como esses gêneros ainda são muito novos,
de trabalho, esses poetas passaram a algumas vezes não se pode classificá-
usar os recursos eletrônicos-digitais para los com precisão, já que seus autores
N
produzir poemas, como os que distorcem a experimentam recursos, ferramentas e
voz, ou mesmo a interferência na imagem procedimentos de produção de textos de
de palavras por meio de editores digitais maneira livre e criativa.
Videopoesia
P
O texto visual é
constituído por imagens. As relações entre os aspectos visuais e o sentido das pala-
Sua leitura é realizada por vras não foram exploradas, no campo da literatura, apenas na
meio da compreensão poesia concreta. Desde os textos visuais produzidos nos sé-
e interpretação de
culos XVII e XVIII, por exemplo, muitas têm sido as experimen-
diversos signos: cores e
IA
tonalidades, dimensões tações desenvolvidas por poetas no labor com as palavras.
e formas, formatos e Entre elas destaca-se, por exemplo, a videopoesia: um tipo
tipografias. O possível de poesia que, baseada em aspectos visuais e comunicativos
entrecruzamento passíveis de serem explorados em vídeos, faz da palavra um
dessas variantes produz
ícone independente, que estabelece relações no espaço-tem-
mensagem, o que amplia
o tradicional conceito de po e articula, ao mesmo tempo, diversos elementos expres-
texto que está baseado na sivos que podem contribuir para a construção do significado
palavra escrita ou falada. do poema, como o movimento, as formas, as cores e o ritmo.
U
disposição visual:
Renan Inquérito/Acervo do autor
INQUÉRITO, Renan.
Escada. In: Poesia
para encher a laje.
São Paulo: LiteraRUA,
2016. p 89.
D
em grupos de quatro ou cinco pessoas e, lidade e do movimento, contribui com
em diálogo com os colegas, responda às a construção de sentido da mensagem
questões:
central do videopoema?
1. Qual é a mensagem central do video-
poema “Já reparô?”? Ao final, partilhe as respostas do seu
L
grupo com os demais, comparando-as e
2. De que maneira os movimentos atribuí-
dos às palavras dos versos do videopoe- atentando-se a possíveis aspectos que
ma contribuem com a construção do você não abordou durante a discussão
sentido de sua mensagem central? e a escrita das respostas em seu grupo.
N
Ponto de observação
P
A mensagem do videopoema “Já reparô?” pode fomen-
tar uma série de debates. Reflita individualmente sobre o seu
conteúdo e, de acordo com suas experiências, elenque dois ou
três motivos, baseados em exemplos concretos, pelos quais
concorda com ela ou discorda dela. Em seguida, exponha seu
IA
ponto de vista e seus argumentos aos demais colegas em uma
roda de conversa sobre o tema.
U
L
N
P
IA
DE PIERO, Janice; MARTINS, Sérgio Régis. MARTINS, Sérgio Régis. Obra presente na
Obra presente na instalação Interiores instalação Interiores afetivos, 2016/2017. Casa
afetivos, 2016/2017. Casa Amarela da Vila Amarela da Vila Romana, São Paulo (SP).
Romana, São Paulo (SP).
U
Não perca!
Arnaldo Antunes é um artista de multitalentos. Em 1973, aos 13 anos de idade, começou
a escrever seus primeiros poemas. De lá para cá, compôs músicas, interpretou-as (no
grupo Titãs, no trio Tribalistas e também em carreira solo), escreveu livros, desenhou e fez
videopoemas. Em seu site você confere tudo isso:
• Arnaldo Antunes. Disponível em: <www.arnaldoantunes.com.br>. Acesso em: 14 ago. 2020.
Você pode conhecer mais sobre poesia concreta por meio do trabalho dos mais consagrados
concretistas brasileiros.
• Site Poesia Concreta. Disponível em: <https://poesiaconcreta.com.br/poetas.php>. Acesso em:
14 ago. 2020.
D
Língua em contexto
L
Já parou para pensar nas relações entre
Reprodução/https://www.insidetheedit.com/
a forma e o conteúdo daquilo que você vê
e lê cotidianamente? Nesta seção, abor-
daremos a importância de estabelecer re-
N
lações entre a visualidade e a substância
das obras plásticas e literárias na concep-
ção de ideias ou mensagens pretendidas
pelos artistas e escritores.
P
Refletir sobre esse entrelaçado diálo-
Reprodução/https://www.insidetheedit.com/
go no contexto do ambiente midiático
pode não só nos ajudar a compreender
melhor informações nem sempre explíci-
tas que acompanham os conteúdos que
IA
lemos, como também nos auxilia a em-
pregar essas noções em nossas práticas
diárias de comunicação, como no uso de
redes sociais.
Reprodução/https://www.insidetheedit.com/
Em um site de busca da sua preferên-
cia, procure pelo infográfico animado O
U
D
Assim como a língua portuguesa, os elementos visuais
são organizados de acordo com uma gramática própria.
Formas – categoria que pode incluir também tipografias –,
tamanhos e cores são alguns modos de organização
L
desses elementos, com o intuito de produzir sentido. A
exemplo das relações entre forma e conteúdo na poesia
concreta, no ambiente midiático a combinação entre es-
ses elementos pode evidenciar ou ocultar conjuntos de
N
informações em detrimento de outros, ou ainda destacar
e transmitir ideias de modo visual e resumido por meio de
gráficos e infográficos.
Numa matéria publicada no Nexo Jornal, temos um
P
exemplo da importância dos diálogos entre forma e con-
teúdo. Nela, é possível observar como a criação de visua-
lidades para apresentar dados numéricos pode produzir
gráficos enganosos e induzir a leituras equivocadas. Veja, a
seguir, a comparação entre dois gráficos criados com base
IA
em dados coletados em uma pesquisa sobre os meios de
acesso à internet usados pelas pessoas no Brasil:
Televisão
Tablet 5%
15%
0 30% 60% 90%
Celular 88%
G
Computador 69%
Tablet 15%
Celular Computador
88% 69% Televisão 5%
D
siderou equivocada a primeira represen- fico nos induz ao erro porque representa
tação dos dados e correta a segunda. A as porcentagens de maneira equivocada:
razão para isso está no fato de que nos a fatia “celular”, por exemplo, ocupa me-
gráficos de setores, também conhecidos tade do círculo completo, mas tem valor
L
como gráficos de pizza, os tamanhos de numérico de 88%, muito superior aos 50%
cada uma das fatias devem representar visualmente indicados.
a porcentagem de cada categoria em re- No caso dessa pesquisa, como informa-
lação ao todo – no gráfico em questão, do pelo jornal, seria melhor que os dados
N
100% de pessoas entrevistadas. No caso fossem representados em um gráfico de
da pesquisa realizada, como cada pessoa barras, que são independentes e não suge-
podia escolher mais de um meio de aces- rem visualmente uma ideia de soma e tota-
so à internet, a soma das fatias do grá- lidade, como é o caso do gráfico de pizza.
Ampliando o repertório
Compreensão e comparação
P
Em grupos de até quatro pessoas, você vai realizar uma pesquisa em portais
IA
de conteúdos informativos com a finalidade de encontrar um exemplo de uso
adequado e um exemplo de uso inadequado de gráficos na representação de
dados em notícias ou reportagens. Os resultados da pesquisa deverão ser apre-
sentados para os colegas de sua sala, em dia e horário previamente combinados
com o professor. Para essa atividade, siga as instruções a seguir.
I. Façam, inicialmente, uma pesquisa sobre tipos de gráficos e seus usos. Essa
etapa os ajudará a compreenderem melhor os tipos de erros que poderão
encontrar. Vocês podem acessar videoaulas em redes sociais ou sites e pu-
U
L
põem visualmente conjuntos de dados de maneira bem-sucedida ou não,
atentem-se aos aspectos relacionados a:
• pertinência do tipo de gráfico de acordo com o tipo de dado/informa-
ção que pretende representar (Para exemplos de erros e acertos, con-
sultem o artigo: BOURCHARDT, Eliezer. Os 5 erros comuns que levam a
N
uma visualização de dados incorreta. Medium.com, 13 out. 2017. Dispo-
nível em: <https://medium.com/@eliezerfb/os-5-erros-comuns-que-
levam-a-uma-visualização-de-dados-incorreta-8f1573e4d188>. Acesso
em 13 abr. 2021.);
• pertinência no modo como as representações visuais dos dados são
P
feitas (As cores usadas nos gráficos facilitam ou dificultam a leitura? As
proporções visuais revelam a relação de proporção que existe entre os
números que embasam a pesquisa? O tipo de letra usado e o tamanho
permitem que a informação seja vista com clareza? Considerem esses
entre outros aspectos.).
V. Planejem como o conteúdo pesquisado será exposto para os demais cole-
IA
gas, organizando, assim, um roteiro de apresentação. Nesse planejamen-
to, levem em consideração aspectos como:
• a importância de contextualizar o conteúdo a ser apresentado (De que se
trata o gráfico? O que o grupo sabia ou pesquisou sobre o tema? Onde o
gráfico foi publicado e com qual finalidade?);
• a importância de utilizar recursos visuais para valorizar o conteúdo apre-
sentado, o que poderá implicar uma seleção prévia de materiais de apoio a
serem usados no momento da exposição, como cartazes em que o conteú-
do poderá ser reproduzido de forma ampliada para que todas as pessoas
U
D
Portais de conteúdo informativo on-line em detrimento de outras, por meio do uso
costumam ter um propósito bastante de- de fontes tipográficas, tamanhos e cores di-
finido. De acordo com o tipo de conteúdo ferentes, por exemplo.
que promovem e divulgam, o público que Veja, a seguir, a página da Agência Jovem
L
pretendem atingir e a imagem que desejam de Notícias (AJN) — um portal criado por e
passar, a organização visual de seu espaço para adolescentes seguindo a linha editorial
virtual é ordenada com base no uso estraté- jornalística educomunicativa e independen-
gico da gramática visual. Isso significa que te — e, em roda de conversa, discuta e res-
N
algumas informações serão privilegiadas ponda às questões da próxima página.
P
IA
U
G
Página inicial da
Agência Jovem de Notícias.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 147
D
1. O site da AJN é construído com base em diferenciar as informações publicadas.
faixas de informação que agrupam con- Tendo isso em consideração, identifique
teúdos categorizados com base em uma quais são essas cores e sua finalidade.
lógica definida. Quais são essas faixas? 4. Na sua opinião, de que maneira os aspec-
2. A fonte tipográfica usada como padrão tos relacionados às fontes, os tamanhos
L
no site apresenta variação no tamanho no e cores usados para destacar as informa-
que se refere ao tipo de informação a ser ções do site influenciam o modo como
veiculado. Em termos de gramática visual, as identificamos e classificamos e, desse
qual é a função dessa variação? Justifique ponto de vista, por que isso é importante?
sua resposta por meio de exemplos.
N
Identidade visual: uso de recursos gráficos
3. Há, na página, uma paleta de cores pre-
que relacionam os propósitos de uma
dominantes que, além de fazer parte empresa ou instituição à sua marca.
da identidade visual da AJN, serve para
P
Anote aí!
Tipografia
As fontes tipográficas, também chama- tuem são comuns a grande parte delas. En-
das “tipos” ou “fontes”, consistem num con- tre esses aspectos, estão o “corpo”, que diz
IA
junto unificado de caracteres alfabéticos respeito ao tamanho da letra e determina o
e numéricos e sinais de pontuação, cujos espaçamento mínimo entre as linhas quan-
desenhos e traçados partilham as mesmas do as vemos escritas (independentemente
características, apresentando propriedades do quanto a ampliamos ou diminuímos; as
visuais semelhantes. Um exemplo de tipo- “serifas”, prolongamentos nas hastes das
grafia é a popular Times New Roman. Cria- letras, que podem ou não estar presentes,
da em 1931 pelos designers Stanley Morison, dependendo do tipo de fonte; as “caixas”,
Starling Burgess e Victor Lardent para ser que são chamadas “altas” quando referem
usada no jornal inglês The Times of London, o agrupamento das letras maiúsculas, e
U
essa fonte é apenas um exemplo entre mui- “baixas”, quando agrupam as minúsculas;
tas que foram criadas ao longo da história as partes ascendentes e descendentes, que
nos mais diversos contextos e com os mais correspondem, respectivamente, às partes
diferentes tipos de finalidade. dos tipos que se estendem para cima ou
Embora cada fonte tipográfica tenha para baixo de seu corpo; e as ligaduras, que
G
sua história, os padrões que dizem respei- são conexões formadas entre algumas le-
to aos aspectos que geralmente as consti- tras quando as escrevemos.
Tipografia
Ascendente
Corpo Ligadura
distância entre a linha ascendente Altura x
e a linha descendente.
É medido em pontos
(1 pt = 0,351 mm).
D
rosa de
Lori Lamby
50 Cantares
de perda
Hilda
L
tipos de conteúdos em revistas e jornais impressos ou(2014)
on-li-
O gráfico não considera edições com mais de uma obra. Como, por exemplo,
“Porno Chic” da Biblioteca Azul e a prosa e a poesia completas da autora
publicadas pela Companhia das Letras: “Da prosa” (2017) e “Da poesia” (2018).
ne. Atrativos para a leitura, os infográficos são usados para
introduzir informações de maneira mais dinâmica e sintética
Hilst
1930 - 2004
por meio da combinação de elementos da linguagem não
Hilda Hilst publicou seu primeiro livro, “Presságio”, em 1950,
quando tinha 20 anos. Uma das suas obras de maior destaque,
N
verbal, como ilustrações e fotografias, e da linguagem
“Cantares de perdaver- e predileção” ganhou o Prêmio Jabuti de
poesia quando a autora tinha 54 anos. Hilda voltou a ganhar o
bal, como textos curtos. Jabuti, dessa vez com o melhor livro de contos “Rútilo nada”,
nove anos depois em 1993.
Veja, a seguir, uma infografia produzida pelo Além
Nexo Jornal
de poemas, escreveu prosa, crônicas e dramaturgia.
sobre a vida e a obra da escritora paulista Hildaa loucura
O Hilst e(1930-
trabalho de Hilda aborda temas como o amor, o desejo,
as questões metafísicas.
2004) e depois responda às questões.
P
Reprodução/Nexo Jornal
Reprodução/Nexo Jornal
Obras de Hilda Hilst catalogadas no Livros de poesia de Hilda 5,0
250 Da morte.
Odes mínimas
4,4
Júbilo, memória, A obscena
noviciado senhora D Do desejo
200 da paixão
4,2 Presságio
U
AVALIAÇÕES
3,6
20 800
20 40 60 80 Bufólicas
NÚMERO
0
DE PÁGINAS
IDADE 3,4
50 100 150 200
O gráfico não considera edições com mais de uma obra. Como, por exemplo,
“Porno Chic” (2014) da Biblioteca Azul e a prosa e a poesia completas da autora “Alcoólicas” (1990) e “Sete cantos do poeta para o anjo”
(1962) contam com menos de três avaliações e por isso não
publicadas pela Companhia das Letras: “Da prosa” (2017) e “Da poesia” (2018).
foram considerados no gráfico. “Do amor” (1999) não estava
cadastrada na plataforma até a publicação deste gráfico.
A obscena
de poemas,senhora D: texto
crônicasem prosa de Hilda Hilst que
PELA MÉDIA DAS NOTAS DOS
Além escreveu prosa, e dramaturgia. LEITORES NO GOODREADS
0
Oapresenta o fluxo de pensamentoode
trabalho de Hilda aborda temas como o amor, uma mulher de 60 anos,
desejo,
a loucura e as questões metafísicas.
viúva e solitária. AVALIAÇÃO
NO GOODREADS
4,4
Rútilo Tu não te
nada moves de ti
Reprodução/Nexo Jornal
Reprodução/Nexo Jornal
Linha do tempo da vida e das
D
Livros de prosa de Hilda 5,0
principais obras de Hilda Hilst
Hilst por avaliação e
número de páginas 2,5 Hilda Hilst se formou em direito na USP (Universidade
de São Paulo). Ela viveu na sua residência, a Casa do
PELA MÉDIA DAS NOTAS DOS
Sol, em Campinas, até sua morte, aos 73 anos, em 2004.
LEITORES NO GOODREADS
0
OBRAS E PREMIAÇÕES
AVALIAÇÃO
L
NO GOODREADS Hilda nasce em Jaú em abril de 1930,
4,4 dois anos depois seus pais se separam.
Rútilo Tu não te Ela e sua mãe vão para Santos
nada moves de ti
Fluxo-floema
Aos 18 anos, ingressa na
Cartas de Faculdade de Direito da
4,2 um sedutor
USP, onde conhece Lygia
Fagundes Telles
N
Cascos Kadosh
& carícias JAÚ
A obscena
senhora D
4,0 Publica seu
primeiro livro de
O caderno rosa
de Lori Lamby poesia: “Presságio”,
aos 20 anos Casa-se com o
escultor Dante
Aos 36, conclui a Casarini aos 38
construção da Casa do Sol,
P
3,8 NÚMERO DE
onde passa a hospedar
Contos d'escárnio AVALIAÇÕES
Estar sendo. diversos escritores e
/textos grotescos Ter sido artistas,
20 800
NÚMERO DE PÁGINAS
Em 2002, começaa
ser publicada
pela Editora Globo
É homenageada
Linha do tempo da vida e das pela Flip em 2018
O livroEm132 Crônicas
1969, recebe o Prêmio é uma reunião de jogo de vozes que discorrem a respeito de
crônicas
Anchieta por uma das suas
peças que abarcam,
teatrais: “O Verdugo” entre outros
50 ANOS experiências, segredos, dores e amores.
assuntos, a situação política do Brasil na Prêmio Jabuti: tradicional premiação
épocaEmem que Hilda as escreveu, entre
Em 1984, recebe o 1992 realizada em evento promovido pela
1993, recebe o
e 1995. Prêmio Jabuti “de
Prêmio Jabuti “de
poesia com “Cantares
Câmara Brasileira do Livro. É destinada
melhor conto com
“Rútilo Nada”
• HILST, Hilda. 132 crônicas: Cascos &
de Perda e Predileção”
a escritores e intelectuais cuja produção
carícias e outros escritos. Rio decomeçaa
Janeiro: se destacou em período previamente
Em 2002,
D
tões a seguir.
Não perca!
L
uma e a popularidade dos livros segundo avaliações no composição dedicada à
Goodreads. Que recursos visuais foram usados para di- obra do pintor holandês
ferenciar e destacar cada uma dessas informações? Rembrandt até uma peça
que agrupa hieróglifos e a
b) Compare os gráficos e responda: a que gênero per-
linguagem Isotype.
N
tence a obra mais popular de Hilda? E a que gênero
pertence a menos popular? Quais são elas, quantas • ISOTYPE revisited.
páginas têm e qual foi a média de nota obtida na pla- Disponível em: <http://
taforma Goodreads para cada uma? isotyperevisited.org>.
c) Compare os gráficos e a linha do tempo: que fatos da Acesso em: 18 jul. 2020.
P
vida da autora aconteceram em fases próximas à pu-
blicação de suas obras mais e menos populares?
d) Numa leitura geral da infografia, que informações po-
demos apreender sobre a relação entre as obras mais e
menos populares de Hilst de acordo com o seu público
leitor, as notas a elas atribuídas e as premiações recebi-
IA
das pela autora ao longo de sua vida?
Anote aí!
D
informações sobre quantidades por meio de ícones de
fácil compreensão para alcançar uma comunicação clara e
precisa. Os pictogramas utilizados pelo casal foram criados,
por sua vez, pelo alemão Gerd Arntz (1900-1988) – um
designer gráfico modernista reconhecido, no campo das
L
artes, por seu trabalho como gravurista e pelos desenhos
sintéticos. Em 1928, Arntz foi convidado para integrar o
projeto Isotype, para o qual elaborou uma coleção de
4 mil símbolos que, como “sílabas”, eram empregados na
construção das mensagens visuais concebidas pelo grupo
N
em suas atividades, sobretudo no Museu Socioeconômico
de Viena, onde Marie e Otto trabalhavam.
Financiado pelo município austríaco que, à época, detinha
uma agenda política socialista, o Museu, que era dirigido por
Otto, estava focado no ensino. Com o propósito de partir
P
de uma perspectiva histórica global, as exibições artísticas
organizadas nesse espaço foram em grande parte concebidas
com o uso do Isotype — também chamado Método de Viena
—, e buscavam representar fatos sociais e econômicos
pictoricamente, servindo como uma forma de comunicação
educativa para aqueles que frequentavam o museu.
IA
Em razão de sua proposta comunicativa e pedagógica,
o Isotype é muitas vezes referido como um dos possíveis
antecessores das infografias.
Ponto de observação
Ao longo desta seção você refletiu sobre a produção de info-
gráficos e o impacto que eles têm na leitura de textos.
Em que medida esse estudo modificou sua visão sobre esse
tipo de produção? Você tinha familiaridade com a leitura desse
gênero textual? Acredita que a presença de infográficos sem-
pre facilita a compreensão de dados e informações?
D
Produção artística
L
Autorretrato fotográfico com intervenção plástica
Nesta produção, vamos contemplar o tema artístico des-
ta Unidade produzindo um autorretrato e trabalhando nele
com intervenções plásticas.
N
O autorretrato fotográfico, hoje em dia, também é conhe-
cido como “selfie”. Você já considerou como produtos artís-
ticos as selfies que faz ou que vê na internet? Nem sempre
há uma intenção artística por trás de cada selfie, porém, nes-
P
ta produção, o objetivo é ir além, acrescentando uma faceta
criativa a esse hábito tão disseminado em nossa sociedade.
Uma das maneiras de explorar artisticamente as fotografias
é fazer intervenções plásticas sobre elas. Essas intervenções
nada mais são do que o uso de novos materiais sobre a foto-
IA
grafia impressa ou revelada. Podemos, por exemplo, pintar a
fotografia, desenhar formas ou mesmo colar sobre ela novos
materiais, como barbantes, tecidos, objetos, entre outros.
Para entender um pouco melhor sobre isso, vamos co-
nhecer o trabalho da artista plástica portuguesa Helena
Almeida (1934-2018).
Pesquise uma das séries de fotografias da artista, entitu-
ladas Pintura habitada. No site do Museu de Arte Contem-
U
1. Para vocês a obra Pintura habitada é um 2. Agora considerem o título dado ao traba-
autorretrato? Ao observá-la, temos aces- lho, Pintura habitada. O que ele pode re-
so ao corpo e à fisionomia da artista? velar sobre a obra?
L
Nesta Unidade, tivemos contato com o nova perspectiva a respeito da autorrepre-
N
autorretrato, observando e refletindo sobre sentação. Agora, você vai dedicar-se a sua
algumas obras de Frida Kahlo, analisando os própria produção, que consistirá em uma in-
diversos elementos destacados pela artis- tervenção sobre fotografia. Para isso, aten-
ta, além da representação de sua figura. A te-se para a organização dos materiais que
P
fotografia de Helena Almeida, nos traz uma você vai utilizar.
Elaboração e criação
Tire ao menos cinco fotos suas. Busque geral da produção antes mesmo da seleção
por ângulos de rosto diferenciados, para po- da foto.
G
D
Com o espaço organizado e os materiais à os colegas e o professor. Você pode retomar
disposição, inicie seu processo artístico de in- as discussões da etapa anterior ou repensar
tervenção, utilizando traços, formas, buscan- sua criação baseando-se nos materiais que
L
do representações, reinterpretando as cores estão à sua disposição no momento.
da fotografia, alterando o entorno da figura Ao finalizar, lembre-se de que sua produ-
retratada, entre outros. ção provavelmente necessitará secar para
Caso fique sem saber por onde começar não borrar. Deixe seu trabalho em local segu-
N
ou prosseguir com sua produção, consulte ro para a manutenção do resultado obtido.
Exposição e divulgação
Depois que os trabalhos estiverem finaliza- ve as obras e que seja de visibilidade para o
P
dos e secos, vocês podem fazer uma primeira público que passa por ali. Combinem um dia
exposição na própria sala de aula, juntando e horário para cada um contar para o público
as mesas e colocando as produções lado a parte de seu processo criativo e como che-
lado. Em uma visão geral, que tipos de ca- gou ao resultado final. Não se esqueçam de
racterísticas emergiram em comum entre os registrar a exposição e a reação do público ao
IA
trabalhos? Como os retratados estão posicio- ver as imagens.
nados? Que cores e traços predominam? Guarde em uma pasta virtual as fotos
Em seguida, escolha alguns trabalhos que você tirou no processo de elaboração.
para observar mais atentamente, buscan- Anexe também as fotos do evento que fi-
do identificar sua singularidade em termos zeram, datadas.
de expressão e de técnica utilizada. Em pasta física, arquive sua produção
Montem uma exposição na escola com os plástica, também com data e período de
U
Ponto de observação
G
D
Infográfico sobre ideais de beleza no Ocidente
Nas artes visuais e literárias, os movi- atravessam os padrões conceituais com
mentos considerados “marginais”, como os quais, por diferentes razões, os movi-
L
vimos, são muitas vezes assim chamados mentos artísticos “marginais” romperam,
pelo fato de proporem rompimentos com propondo novas formas de entender o
os padrões conceituais e estéticos que belo. Mas, afinal, como esses ideais se
permeiam as produções artísticas de seu construíram em nossas sociedades? Para
N
tempo. O ideal de belo de que se vale- saber mais sobre esse assunto, nesta se-
ram artistas e escritores/as na concep- ção você produzirá um infográfico sobre
ção de suas obras ao longo da história é, a história dos ideais de beleza projetados
por exemplo, um das componentes que nos corpos no Ocidente.
Planejamento
Nesta Unidade, a importância das rela-
ções entre forma e conteúdo foram salien-
P co que vocês realizarão nesta seção. Neste
momento, será importante:
IA
tadas por meio de diversos exemplos. O • p
lanejar e desenvolver um infográfico
infográfico, como já visto, é um dos recur- sobre os ideais de beleza ao longo dos
sos que podem ser utilizados quando bus- séculos no Ocidente;
camos sistematizar informações sobre um • d
ecidir a ferramenta que será usada
tema, a fim de torná-las mais apreensíveis para a apresentação do infográfico aos
para quem as recebe. Reúnam-se em gru- demais colegas da sala e à comunidade
pos e leiam as seguintes orientações, sobre escolar (exemplos: Prezi, PowerPoint ou
o planejamento para a criação do infográfi- aplicativos de edição e design gratuitos).
U
Propósito/ Suporte
Gênero Público
Finalidade de publicação
Ferramenta digital
G
D
4. A busca pela adequação a esses padrões parece um processo harmônico? Por quê?
ara essa discussão, busque aprofundar as suas reflexões com base na leitura de arti-
P
gos críticos publicados em revistas e plataformas de conteúdo on-line e que possam
revelar aspectos que não são habitualmente mencionados quando se pensa sobre os
padrões de beleza, como as relações entre homogeneidade e exclusão que podem
L
permeá-los. Os textos indicados a seguir são bons pontos de partida:
IMA, Juliana Domingos de. Para buscadores online, ‘mulher bonita’ é só aquela que
L
é branca e jovem. Nexo Jornal, 26 dez. 2016. Disponível em: <www.nexojornal.com.br/
expresso/2016/12/26/Para-buscadores-online-‘mulher-bonita’-é-só-aquela-que-é-branca-e-
N
jovem>. Acesso em: 18 jul. 2020.
IRA, Camila de. Gordura é doença? Revista AzMina, 22 jan. 2019. Disponível em: <https://
L
azmina.com.br/especiais/gordura-e-doenca/>. Acesso em: 18 jul. 2020.
OUZA, Pérola de. O corpo da mulher com deficiência é uma subversão do que a socie-
S
dade considera perfeito. Revista AzMina, 12 set. 2016. Disponível em: <https://azmina.
P
com.br/reportagens/beleza-outra-face-da-exclusao-para-mulheres-com-deficiencia/>.
Acesso em: 18 jul. 2020.
Produção
IA
Para criar uma infografia, siga as etapas confiáveis, especializados na produção de
elencadas no roteiro a seguir. conteúdos educativos. Para facilitar a dina-
Primeira etapa: pensar criticamente sobre mização dessa tarefa, concretize-a cumprin-
o conteúdo que será produzido do as seguintes fases:
Já parou para pensar sobre os ideais 1. Realize uma primeira pesquisa individual-
de beleza que nos são comumente apre- mente, selecionando alguns materiais para
sentados? Refletir sobre esses padrões no partilhar com os colegas.
U
um pouco mais sobre o conteúdo que va- Terceira etapa: organizar a estrutura-ba-
mos produzir. se do infográfico e produzir o conteúdo
Segunda etapa: pesquisar conteúdos em verbal
fontes confiáveis Depois de selecionados os materiais,
Agora é a hora de pesquisar sobre a vocês deverão trabalhar na produção dos
construção dos ideais de beleza ao longo conteúdos verbais que constituirão o in-
da história no Ocidente. Nessa fase, vocês fográfico. Nessa etapa, é importante que
deverão selecionar materiais confiáveis para organizem uma estrutura básica de como
a realização das pesquisas, como livros in- pretendem apresentar o conteúdo. Depois
teiramente dedicados a esse tema ou, en- disso, definam como cada integrante do
tão, livros gerais sobre História da Arte em grupo contribuirá com a produção do con-
que o tema seja abordado. Você também teúdo verbal e combinem uma data para
pode realizar esta pesquisa on-line, em sites apresentá-lo finalizado, para depois proce-
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 157
der à discussão sobre os elementos gráfi- lizar no infográfico, avaliando a possibili-
D
cos. Caso julguem mais fácil, usem plata- dade de usar imagens, ilustrações e gráfi-
cos, ou, então, construí-lo usando outros
formas on-line para a construção de um
recursos visuais. Decidam também quais
arquivo comum que pode ser acessado serão os padrões de fontes, tamanhos e
por todos os integrantes do grupo para cores empregados para destacar os con-
L
partilhar de forma mais dinâmica o con- teúdos verbais trabalhados, como o título
teúdo produzido. Para essa etapa, levem e também os eventuais blocos de texto.
Nessa etapa, busquem mais informações
os seguintes pontos em consideração:
sobre como escolher esses elementos de
1. Privilegiem uma estrutura-base na qual maneira estratégica acessando videoau-
N
datas e períodos tenham destaque, afinal, las, sites sobre o tema ou perfis em re-
a proposta central é mostrar as mudanças des sociais de pessoas especializadas em
nos padrões de beleza ao longo do tempo. criação de conteúdo.
2. Combinem previamente um formato sim- 3. Elaborem um esboço inicial do infográfi-
ples e padronizado para a construção dos co distribuindo visualmente os blocos de
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textos sobre cada época referida. Nesse informação e elementos gráficos escolhi-
formato, não se esqueçam de incluir da- dos para compô-lo. Se possível, apliquem,
dos como datas, lugares, pormenores rela- no esboço, as cores que decidiram usar e
cionados com o contexto histórico e social analisem as relações de proporção entre
de cada tempo e uma breve descrição do os espaços, a fim de verificar se a quan-
padrão de beleza adotado. tidade de informação escrita produzida
IA
Quarta etapa: planejar o conteúdo visual é suficiente, bem como se a distribuição
imaginada alcançará o efeito pretendido.
Com o conteúdo textual pronto, é hora
de pensar em estratégias visuais a serem Quinta etapa: produção da infografia
empregadas no infográfico. Nessa etapa, Com o conteúdo verbal criado e as
é importante mobilizar todo o conheci- principais decisões sobre as estratégias
mento sobre o uso de fontes, cores, ta- visuais definidas, é hora de escolher as
manhos e formas como recursos para ga- ferramentas para a produção. Vocês po-
U
rantir melhores resultados na visualidade dem optar pelo Prezi, pelo PowerPoint
da informação pretendida. Para facilitar ou também por aplicativos de design e
a dinamização dessa tarefa, sigam o se- edição gratuitos que tenham essa fun-
guinte roteiro: cionalidade. Antes de pôr a mão na
massa, familiarizem-se com as opções
G
D
Depois de criado o infográfico, é hora recebe o conteúdo. Se julgarem necessário,
de revisá-lo. Nessa etapa, será importante façam ajustes para garantir um bom acaba-
mento ao produto final.
executar algumas tarefas a fim de garantir
um melhor resultado: 3. É importante que todos os integrantes do
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grupo deem sua opinião, e, se possível, pe-
1. Releiam todo o conteúdo verbal disponibili-
çam a outros colegas ou pessoas de seu con-
zado, para encontrar possíveis erros.
vívio que digam o que acharam do resultado,
2. Verifiquem se há clareza na exposição das a fim de avaliar se o propósito do infográfico
N
ideias, se os elementos gráficos estão ali- foi atingido. Mediante as sugestões, avaliem
nhados e se cumprem a função pretendida, se será possível e necessário fazer algum
isto é, se estão de fato tornando as infor- ajuste para melhorar a clareza do conteúdo
mações mais claras e acessíveis para quem exposto ou sua linguagem visual.
P
Publicação
Em dia e horário previamente agendados, culdades encontradas, as soluções decididas
cada grupo deverá apresentar seu infográ- pelo grupo e as impressões pessoais sobre o
fico utilizando a ferramenta escolhida. Além processo de produção. Após todas as apre-
IA
de expor e explicar as informações ali con- sentações, publiquem o infográfico em for-
tidas, compartilhem com os colegas as difi- mato de imagem em blog ou site da turma.
Ponto de observação
U
respondendo-as:
Comente como você utilizou conceitos desenvolvidos na
Unidade para avançar nas suas ideias sobre autorretratos e
selfies, por exemplo. Em que aspectos a sua visão artística foi
complementada ao ver todas as fotos lado a lado na sua sala
de aula? Como a produção do infográfico ampliou sua visão
sobre o conceito de beleza mais comumente presente em seu
grupo social?
Como as explicações de cada um sobre seu processo criati-
vo atuaram em uma ampliação de referências ao ver as obras
na exposição? Em que medida a leitura dos infográficos dos
colegas impactou sua maneira de pensar o assunto?
L
Vivemos em uma sociedade
repleta de imagens, distribuídas
em diversas plataformas, como
jornais, revistas, televisão, novas
N
mídias. São diferentes maneiras
de entrar em contato com repre-
sentações do corpo humano e,
consequentemente, com valores
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estéticos atribuídos a ele. Você já
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© Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums
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