Você está na página 1de 5

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO

PROFESSORA: GLEICY VASQUES MOREIRA


CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DATA: 23/05/2019 (REVISÃO DE CONTEÚDO)
ACADÊMICO:

1. Apresente a origem da discussão sobre a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública,
enfocando a doutrina e o entendimento do STF sobre o assunto, além de sua fundamentação
constitucional.

Com o advento da EC 39/2002, houve a autorização para a criação da contribuição para o custeio do
serviço de iluminação pública, COSIP, o que gerou a inserção do art. 149-A, no texto constitucional:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.   
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o
caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 
A origem de tal discussão, decorre do fato, de que reiteradas vezes prefeitos municipais tentaram
instituir taxas para remunerar o serviço de iluminação pública, porém, o STF declarou nessas
diversas vezes, sua inconstitucionalidade ante a ausência dos atributos de especificidade e
divisibilidade, conforme preceituado no art. 145, II, CR, como requisito para instituição de quaisquer
taxas.
Dessa forma, prefeitos de todo o país articularam a propositura de uma emenda constitucional, com
vistas a criação de um tributo para atender a essa especificidade, qual seja, o serviço de iluminação
pública, ao qual deram a classificação de contribuição.
A esse respeito, o STF declarou sua constitucionalidade e classificou-a como um tributo sui generis,
conforme RE 573.675-SC, 25.3.2009.

2. Analise as sentenças a seguir, informando se as mesmas são V (verdadeiras) ou F (falsas). Se falsas,


fundamente o motivo.
a) Caso uma ação de cobrança de IPTU tenha sido ajuizada em 02/04/2008, o juiz tenha ordenado, em
15/04/2008, a citação do réu, e este tenha sido citado em 18/04/2008, nessa situação, o prazo de
prescrição para interrupção irá até 15/04/2013.

Art. 174, I, CTN, em que diante da ocorrência de tal fato, suspende-se a exigibilidade do crédito tributário e o
prazo para a Fazenda Pública proceder a execução fiscal recomeça a correr, em sua integralidade.

b) A moratória quando concedida em caráter individual, mediante despacho da autoridade


administrativa competente, desde que autorizada por lei, não poderá sofrer revogação, sob pena de
ferir direito adquirido.

Levando-se em conta que a moratória dá-se mediante ato administrativo vinculado, ou seja, uma vez
preenchidos os requisitos legais pelo interessado, tem ele direito ao benefício, conforme expresso nos arts. 152 e
153, CTN. Logo, sua concessão gera direito adquirido. Outro elemento importante, é que dá-se mediante ato
administrativo vinculado, sujeito portanto a anulação e não, revogação. Segundo o entendimento doutrinário da
prof. RHC, trata-se de uma impropriedade do trecho contido no art. 155, CTN, que nos levaria a interpretação
de que a concessão de moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogada de ofício,
sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou
deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, o que o art. 155 faz sentido, quando se interpreta que
a concessão do benefício foi efetuada contrariamente a lei, o que ensejará a invalidação do ato, ou quando o
sujeito deixar de atender os requisitos necessários, autorizando a sua cassação.

c) No caso de um contribuinte de IPTU sofrer lançamento de um valor venal superior ao valor de


mercado, a medida cabível para suspender a exigibilidade do crédito e livrar-se da exigência é:
promover ação de anulação de lançamento tributário, com depósito do valor que entende ser devido.

O depósito do montante integral, correspondendo à soma do tributo, juros e multas, é um direito do


contribuinte, que dele se vale visando suspender a exigibilidade do crédito tributário, porém, o montante
legítimo, não é aquele tido como correto pelo contribuinte depositante, mas o que comtempla o importe
desejado pelo Fisco, conforme entendimento da Súmula 112, do STJ: o depósito somente suspende a
exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro.

3. Comente sobre os elementos que configuram a fraude cometida por sujeito passivo em débito para com
a Fazenda Pública, expressa no art. 185, CTN.

Sobre a fraude, cabe comentar as hipóteses previstas no campo civil, a fraude contra credores, que configura-se
como a transmissão gratuita de bens, a remissão de dívidas ou a celebração de contratos onerosos quando a
insolvência for notória ou houver motivo para que seja conhecida do outro contratante, no caso, a Fazenda
Pública. Além dessa modalidade, tem-se a fraude à execução, que constitui-se em instituto de natureza
processual, sendo considerada mais grave, por ofender a ofensa a função jurisdicional. Na atual redação do
CTN, que trata do assunto, art. 185, uma vez inscrito o débito em Dívida Ativa, qualquer alienação de bens ou
rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo, será presumivelmente fraudulenta. Em outras palavras, a presunção
só poderá ser afastada mediante prova inequívoca de que a alienação ou o seu começo não configuram fraude.
Ou ainda, de que o devedor não tinha ciência da inscrição do débito em Dívida Ativa.

4. Comente sobre a atenuação de preferência do crédito tributário, diante da situação de falência do


devedor tributário.

Com o advento da Lei 11.105/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário
e da sociedade empresária, verifica-se que os créditos extraconcursais, possuem prioridade em relação ao
próprio crédito tributário, o que trouxe nova redação ao inciso I, do art. 186, CTN.

5. Sobre o instituto da denúncia espontânea, comente:


a) Requisitos;

As condições ou requisitos para a admissão da denúncia espontânea, são: de que seja apresentada antes do início
de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização; tais providências devem estar relacionadas
com a infração.

b) Entendimento jurisprudencial recente.

O entendimento jurisprudencial recente, diz respeito ao teor da Súmula 360: O benefício da denúncia
espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas
pagos a destempo. Tal entendimento, trouxe o reconhecimento de que o pedido de parcelamento, pura e
simplesmente, não acarreta o benefício da denúncia espontânea e, não afasta, portanto, a aplicabilidade de
multa. Porém, resta cabível a denúncia espontânea, para tributos sujeitos a lançamento por homologação,
quando ocorridas situações de pagamento feito em desacordo com a própria legislação, por exemplo.
6. Comente sobre os princípios gerais do direito sancionatório.

Princípio da legalidade, art. 5º, II, CF, em que somente lei pode impor obrigações aos particulares, proibir
comportamentos aos particulares, prever infrações, cominar penalidades.
Princípio da irretroatividade da lei, art. 5º XXXVI, CF, com as exceções previstas pelo CTN, em seu art. 106, II,
que constituem casos de retroatividade benéfica ao sujeito passivo da obrigação tributária.
Princípio da presunção de inocência, art. 5º, LVII, CF, para assegurar a presunção de inocência também, na
seara dos ilícitos tributários.
Princípio da verdade material ou da realidade, que se expressa pela busca da demonstração da situação fática
efetivamente ocorrida, afastando-se suposições ou presunções.
Princípio da razoabilidade, art. 5º, LIV, CF, que preconiza o equilíbrio, a ponderação e a harmonia entre os
diversos interesses amparados pela CF.

7. Sobre os institutos listados a seguir, comente quanto as modalidades, os requisitos para concessão,
fundamentação legal:
a) Moratória;

Trata-se de instituto voltado a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, com a prorrogação do prazo ou a
outorga de novo prazo para o cumprimento da obrigação principal. Sempre depende de lei para a sua concessão,
podendo ser concedida em caráter geral, ou individual, conforme art. 152, I e II, CTN. Os itens de destaque na
lei concessiva são o prazo do benefício, as condições a serem preenchidas pelo interessado e os tributos por ela
abrangidos.

b) Parcelamento;

Trata-se de instituto também voltado a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, sempre depende de lei
para a sua concessão, conforme preceitua o art. 155-A, CTN.

c) Remissão;

Trata-se de instituto que extingue a obrigação tributária e assemelhando-se ao disposto no direito privado, trata-
se do perdão no âmbito da obrigação de pagar o tributo. Só pode ser concedida por lei, pode ser total ou parcial
e ter por fundamento uma das cinco hipóteses do art. 172, CTN.

d) Anistia.

Dentro do CTN está descrita enquanto um instituto de exclusão do crédito tributário, mas, parte da doutrina
entende tratar-se de exoneração da penalidade imposta ao contribuinte infrator e, eventualmente, no perdão da
própria infração. Aplica-se somente a fatos pretéritos e aqueles, não qualificados como ilícitos penais. Também
pode ser concedida em caráter geral ou individual, conforme preceituam os arts. 180, 181 e 182, CTN.

e) Depósito do montante integral;


Trata-se de um instituto de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, funciona como garantia do crédito
da Fazenda Pública, que fica impedida de proceder à sua cobrança, não podendo ajuizar execução fiscal. Tal
depósito pode ser efetuado tanto em processo administrativo como em processo judicial. Está previsto no art.
151, III, CTN.

f) Reclamações e recursos administrativos;


Trata-se de um instituto de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, compreende todos os instrumentos
de defesa, todos os meios hábeis a impugnar exigências fiscais. Está previsto no art. 151, III, CTN.

g) Concessão de medida liminar (em mandado de segurança ou em outra ação, ou de tutela antecipada)

Trata-se de um instituto de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, previsto no art. 151, IV e V, CTN,
constituem-se ações que justificam-se pelo perigo na demora e no eminente prejuízo ao contribuinte, que não
poderia esperar o término da discussão no âmbito administrativo ou judicial, sob pena de prejuízos a direitos, o
que o leva a ingressar com a ação e suspender os efeitos de uma possível atualização monetária no montante
devido e, em discussão, bem como possíveis efeitos de juros, multas, bem como a própria execução fiscal.

h) Pagamento;

Trata-se de um instituto de extinção da obrigação tributária, conforme previsto no art. 156, I, CTN. Nada mais
é, do que o cumprimento da obrigação devida ao fisco, sua efetiva quitação integral.

i) Compensação;

Trata-se de um instituto de extinção da obrigação tributária, conforme previsto no art. 156, II, CTN, conforme
ensina a prof. Regina Helena Costa, trata-se de um encontro de contas, viabilizador da extinção de um ou mais
vínculos obrigacionais entre os mesmos sujeitos.

j) Transação;

Trata-se de um instituto de extinção da obrigação tributária, conforme previsto no art. 156, III, CTN, constitui-
se em uma forma de encerramento do litígio, mediante concessões mútuas, tanto em nível administrativo,
quanto em nível judicial.

k) Remissão;

Trata-se de um instituto de extinção da obrigação tributária, conforme previsto no art. 156, IV, CTN, significa
perdão da obrigação de pagar o tributo e vem disciplinado no art. 172, CTN. Deve ser concedida via lei, pode
ser total ou parcial e atender a um dos requisitos previstos nos incisos do art. 172. Uma vez preenchidos os
requisitos legais pelo interessado, faz ele jus à remissão, deferida mediante ato administrativo de natureza
vinculada, que pode vir a ser cassado, se verificado que o interessado deixou de preencher algum requisito
necessário a fruição dessa situação jurídica, conforme parágrafo único, do art. 172, c/c art. 155, todos do CTN.

l) Decadência;

Trata-se de uma das formas de extinção do crédito tributário, conforme art. 156, V, CTN e de expressão da
segurança jurídica, fundamentada na ideia de que a inércia no exercício de um direito, pelo prazo legalmente
assinalado, conduz ao seu perecimento. Conforme preceituado no art. 173, CTN, o direito da Fazenda Pública,
em constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos.

m) Prescrição;

Trata-se de uma das formas de extinção do crédito tributário, conforme art. 156, V, CTN e de expressão da
segurança jurídica, fundamentada na ideia de que a inércia no exercício do direito de ação, pelo prazo
legalmente assinalado, conduz ao seu perecimento. Conforme assinalado no art. 174, CTN, o direito da Fazenda
Pública, em ajuizar a ação de execução do crédito tributário – a execução fiscal extingue-se após cinco anos.

n) Decisão administrativa irreformável;


Trata-se de uma das formas de extinção da obrigação tributária, conforme o art. 156, IX, CTN, em que a decisão
proferida em sede de processo administrativo, acerca da impugnação do sujeito passivo a determinada exigência
tributária.

o) Decisão judicial passada em julgado;

Trata-se de uma das formas de extinção da obrigação tributária, conforme o art. 156, X, CTN, o
pronunciamento judicial definitivo, no sentido da invalidade do crédito tributário, culminará em coisa julgada
material, extinguindo, em consequência a obrigação tributária.

p) Isenção;

Dentro do CTN está descrita enquanto um instituto de exclusão do crédito tributário, conforme art. 175, I, CTN.
Impeditiva da produção de efeitos da norma consistente na hipótese de incidência. Também pode ser concedida
em caráter geral ou individual, conforme preceituam os arts. 176, 177, 178, 179, CTN.

q) Anistia.

Dentro do CTN está descrita enquanto um instituto de exclusão do crédito tributário, conforme art. 175, II,
CTN. Porém, parte da doutrina entende tratar-se de exoneração da penalidade imposta ao contribuinte infrator
e, eventualmente, no perdão da própria infração. Aplica-se somente a fatos pretéritos e aqueles, não qualificados
como ilícitos penais. Também pode ser concedida em caráter geral ou individual, conforme preceituam os arts.
180, 181 e 182, CTN.

Você também pode gostar