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RESENHA
ITAPECURU MIRIM
2022
MARIA DOS SANTOS
RESENHA
ITAPECURU MIRIM
2022
RETRATO PAULISTA DO BRASIL :PAULO PRADO,O MODERNISMO E A SEMANA
DE ARTE MODERNA DE 1922.
ITAPECURU MIRIM
2022
Resenha
PRADO,Paulo,1869-1943. Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza
brasileira /Paulo Prado: organização Carlos Augusto Calil-10° ed.-São Paulo:
Companhia das Letras,2012.
A tese defendida ao longo do Retrato diz respeito à ideia de que haveria graves
defeitos na formação do brasileiro as quais, consequentemente, interferiram na
constituição da nacionalidade do povo. Segundo o livro, a formação do
brasileiro a partir do cruzamento de “três raças tristes” – o português, o negro e
o índio –, aliada ao contato com o clima rigoroso do país, criaram um estado
permanente de melancolia excessiva que dificilmente poderia ser
transpassado. Citemos a passagem inicial do ensaio: Numa terra radiosa vive
um povo triste. Legaram-lhe essa melancolia os descobridores que a revelaram
ao mundo e a povoaram. O esplêndido dinamismo dessa gente rude obedecia
a dois grandes impulsos que dominam toda a psicologia da descoberta e nunca
foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a sensualidade livre e infrene
que, como culto, a Renascença fizera ressuscitar. (PRADO, 2012:39)
Desse modo, o autor declara que o engajamento na luta pela arte moderna
corresponde a uma renovação em diversas instâncias, como na política, arte,
literatura, filosofia. Para ele, a Semana [...] veio revelar ao deserto do nosso
mundo lunar que uma nova modalidade do pensamento surgira como uma
grande Renascença moderna. O mundo já está cansado das fórmulas do
passado, em toda parte, e todos os terrenos – na estética da rua, no anúncio,
nos reclames, nos jornais ilustrados (...). Assim iniciou o grupo de Arte
Moderna a obra de saneamento intelectual de que tanto precisamos. (PRADO,)
A crítica pradiana incidiu não apenas sobre os poetas brasileiros que não se
atualizavam frente às questões de arte e literatura, como no caso do
aparecimento tardio de romances naturalistas na literatura brasileira da última
metade do século XIX, mas na política que seria a responsável pelo atraso
econômico e a deformação social do país.
Na sequência, ainda sobre o elemento negro, Prado afirma: “Se há mal, ele
está feito, irremediavelmente” (PRADO, 2012. P. 111). Tais afirmações revelam
uma contradição do autor que é contra as teses de inferioridade racial, , porém,
ao mesmo tempo, enfatiza os malefícios da mestiçagem com o elemento
negro.
Para tanto, conforme salientou Berriel (2000), Paulo Prado recorre à tese
exposta no artigo “Caminhos do Mar”, de Paulística, identificando o isolamento
geográfico como o fator que preservou o povo paulista, nos dizeres do autor, “o
melhor sangue dos elementos sadios da capitania” (PRADO, 2012 p.206).