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RESUMO: Esse artigo tem como objetivo analisar a visão plotiniana acerca
do amor, a partir do tratado III, 5 [50], Enéada, tendo como base a
premissa a qual Plotino discorre sobre o amor como estado da alma,
inerente a todo ser humano. Mais precisamente a interpretação de tal
pensamento a partir da chave de leitura dada na obra Plotino Escultor de
Mitos. O amor nascente do encontro entre o ente que contempla seu objeto
contemplado, e a alma sendo divisa e indivisa, aquela que anima os corpos
e os conecta com o Um. Esse amor como estado da alma se dá de duas
formas; pelos homens que desejam a Beleza, usando-a como um meio para
atingir a Beleza suprema, transcendendo a beleza material, e pelos homens
que se contentam com a beleza física se preocupando, então, com a
descendência. De modo que o amor é dividido em duas formas qualitativas,
que denotam o grau de elevação que o amante se encontra para com a
finalidade que é alcançar o Uno, transcendente.
ABSTRACT: This article aims to analyze the Plotinian view of love, based
on the treatise III, 5 [50], Enéada, based on the premise to which Plotinus
talks about love as a state of the soul inherent to every human being. More
precisely the interpretation of such thinking from the key of reading given
in the work Plotinus Sculptor of Myths. The rising love of the encounter
between the being which contemplates its contemplated object, and the
soul being divining and undivided, that which animates the bodies and
connects them with the One. This love as a state of the soul occurs in two
ways; by men who desire Beauty, using it as a means to attain supreme
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Mestrando em Ética e Filosofia Política pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.
eduleal@hotmail.com
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Beauty, transcending material beauty, and by men who are content with
physical beauty caring then for offspring. So love is divided into two
qualitative forms, which denote the degree of elevation that the lover finds
for the purpose which is to reach the transcendent One.
INTRODUÇÃO
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então mistura com a matéria corruptiva, também criou o amor que está no
Mundo, que como ela, está relacionado aos Matrimônios, que são a versão
carnal, logo mais baixa, do amor.
Plotino continua a desenrolar seus argumentos sobre a origem do
amor, ainda se baseando nas concepções míticas de Platão. Já é de se
observar que nesta definição como em todas as definições de amor, já
falamos do estado da alma em Plotino, deixando claro que é indissociável a
concepção e definição de amor com o estado da alma, ou seja, um
movimento da própria alma em busca do Uno. O amor é um estado da alma
em todos os aspectos e definições, mas claro que tem que haver uma
disposição por parte do homem, pois as inclinações ele tem, depende do
homem cultivá-las por meio de atos virtuosos, como exposto:
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desse mundo sensível para se unirem ao uno [Supremo]. A alma estando
em um lugar, pela transcendência, pode facilmente estar em outro, não
com uma parte dividida de si mas com a mesma parte ao mesmo tempo
dividida e indivisa (Plotino, 2000: 171). A alma permanece “inteira consigo
mesma, mas está dividida nos corpos porque os corpos, por sua própria
divisibilidade, não são capazes de recebê-la de maneira indivisa.
Concluindo: a divisão é uma afeição própria dos corpos, não da Alma”
(Plotino, 2000: 171). Convém salientar que a Alma é uma pura hipóstase
(substância), também há a “Alma do todo” que é a alma enquanto criadora
do mundo e do universo físico, e por fim as “Almas particulares”, aquelas
que “descem” aos corpos para animá-los, todas as almas derivam da “Alma
hipóstase”, da qual mantém com ela a relação de uma em muitas e também
sendo distintas da Alma suprema, mas ao mesmo tempo ligada a ela.
Afrodite é a alma e Eros consiste no amor que a Alma sente pelo
belo e pelo Bem. De modo que para Plotino, Eros nasce do ato de
contemplação de Afrodite, sendo idêntico a este ato. De modo que se Eros
pode corresponder a um deus, a um daímôn, e ainda a um estado da alma,
Afrodite igualmente apresenta faces distintas. Assim como Eros apresenta
várias faces, Afrodite também o faz, de modo que busquemos compreendê-
las.
Faces de Afrodite
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por Platão. Segundo Hesíodo, na Teogonia, 189 ss., ela desce de
Urano. Em Homero, na Ilíada, Afrodite não descende de Urano, mas
figura como uma deusa Olímpia, filha de Zeus e Dione.². Essas
diferentes faces de Afrodite resultaram em duas Afrodites distintas,
cunhadas pela imaginação platônica no Banquete. (OLIVEIRA, 2014,
p.146)
Neste caso, temos que o amor (Erôs) é filho de Afrodite e sua função
é cuidar das crianças belas, despertar nas almas a busca pela Beleza celeste
e intensificar na Alma a busca pelo transcendente, que já existe nela. A
segunda Afrodite, que não é totalmente pura como a primeira – pois habita
o Mundo (Kósmos) – também criou o amor que está no Mundo e com ela
se relaciona, o amor dos Matrimônios. Ao dizer isso, se faz necessária a
compreensão de alma, para Plotino, para desse modo, compreendermos o
amor puro, o amor que eleva a virtude, ou a primeira Afrodite, como um
estado da Alma.
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Da alma
(...) algo dela permanece ali: aquilo que não pode se dividir.
Portanto se ela é descrita como sendo constituída de uma essência
indivisa e de uma essência que se divide nos corpos, isso equivale
a dizer que a Alma contém uma essência que está em cima, ligada
ao Supremo, mas que ao mesmo tempo desce a esta região inferior
como um raio que parte de um centro.2 (Plotino, 2000: 164)
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É o processo indutivo pelo qual o filósofo parte do autoconhecimento e, a partir daí,
começa a recordar de verdades perenes indo até o conhecimento mais universal possível;
através da anamnese, a alma é capaz recordar verdades que a auxiliarão na experiência
concreta.
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para a reminiscência será a contemplação, como nas palavras do filósofo
francês Louis Lavelle: “O amor inicia na contemplação” (Lavelle, 2014:
126).
A alma, para Plotino, é invariavelmente um ser Divino e, uma vez
que procede do Supremo, sua natureza transcende este mundo – sensível
– para unir-se ao Uno. Sobre o “Uno”, cumpre dizer que na visão de Plotino
este representa “a potência de todas as coisas”; em seguida, esclarece:
(...) se ele não existisse, nada existiria, nem seria o intelecto a vida
primeira e universal. O que está além da vida é a causa da vida,
pois a atividade da vida, sendo todas as coisas, não é a primeira,
mas ela deflui, por assim dizer, como se de uma fonte. (BACARAT
JÚNIOR apud PLOTINO, 2000: 87)
Logo, uma vez que a alma procede do Uno, ela, estando em um lugar
– pela transcendência – pode facilmente estar em outro, não com uma parte
dividida de si, mas com a mesma parte ao mesmo tempo dividida e indivisa
(por contemplação). Nesse sentido, afirmam REALE e ANTISERI (2003:
361) que “pode-se dizer que a alma é divisa-e-indivisa, uma-e-múltipla”,
uma vez que pode gerar o corpóreo (material/diviso) e relacionar-se com o
ele de maneira incorpórea (imaterial/indivisa) sem perder a sua essência.
A alma permanece inteira consigo mesma, embora dividida nos corpos
porque os corpos, por sua própria divisibilidade, não são capazes de recebê-
la de maneira indivisa. Concluindo: a divisão é uma afeição própria dos
corpos, não da Alma. Convém salientar que a Alma é uma pura hipóstase
(substância); também há a “Alma do todo” que é a alma enquanto criadora
do mundo e do universo físico e, por fim, as Almas particulares, aquelas
que “descem” aos corpos para animá-los; todas as almas derivam da “Alma
hipóstase” e mantêm com ela a relação de uma em muitas e também sendo
distintas da Alma suprema, mas ao mesmo tempo ligada a ela. Como é
função própria da Alma ordenar, dirigir, comandar, gerar e fazer viver as
coisas, ela é o princípio do movimento, e, também, o movimento em si
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mesma. Assim, a Alma possui uma posição dupla e intermediária: gerando
o corpóreo, ela se relaciona com o corpóreo; portanto, pode entrar em
qualquer corpo sem desviar-se da unidade de seu ser e permanecer
incorpórea, tornando-se toda (ou plena) em tudo que há.
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que estão adstritos aos aspectos físicos provavelmente se desviarão do
objetivo do amor enquanto estado da alma. A esse respeito: “Mas se algum
dentre estes homens fixar-se nos reflexos, ele se desviará, e ao invés de se
elevar, vai se abismar na matéria” (OLIVEIRA, 2013: 94).
Portanto, existe aquele que por reminiscência, venera tanto a Beleza
do alto como a Beleza terrestre; esse tem consciência de que a Beleza
terrena é um efeito menor da Beleza do alto, usando-se da primeira para
contemplar ou unir-se a segunda. Em síntese, para Plotino, aquele que
reconhece o Bem e o Belo como algo que vem do alto e que pode ser
contemplado já na terra, vive o amor como estado da alma. Evidentemente,
para que isso ocorra, é necessário que haja o desapego às coisas terrenas,
à beleza terrena, a fim de atingir um estado contemplativo, que faz da
beleza terrena um tipo de “escada”, por rememoração (Anamnese), da
verdadeira beleza – Una, imutável, transcendente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAMÕES, LUÍS DE. Sonetos. (2013). 4ª edição. São Paulo: Martim Claret.
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