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Kevin Henrique Barbosa de Santana RA: 3356504

Rozana de Jesus Lima Silva RA: 1510444


História Noturno - 5º Semestre
Profº Alexandre Claro Mendes
Disciplina: História Contemporânea

ATIVIDADE 2 - HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

Discorra sobre a importância da Revolução Russa de 1917; podemos dizer


que seus ideais já foram ultrapassados? O Socialismo morreu e o capitalismo
venceu?

Sobretudo, para pensarmos nas revoluções de caráter nacional-libertadora,


nacionalista - antiimperialistas - e socialistas/marxistas que aconteceram no século
XX, cabe-nos uma breve apresentação do cenário geral do antagonistas de classe e
ideológico, que ocorria cada vez mais exacerbado no contexto social do mundo.
Para incutir-nos tal discussão, incumbe-nos darmos um passo para trás para
darmos dois passos à frente, pensando, portanto, as revoluções burguesas que
contrapunha-se aos regimes monarquismo absolutista, extremamente desiguais e
déspotas, e que a partir da vitória da classe burguesa constitui-se um sistema
liberal-democrático: estabelecendo igualdade jurídica, adotando a divisão dos
poderes, forjando nacionalidades etc. Porém, a partir do estabelecimento da ordem
burguesa, do desenvolvimento industrial, os progressos tecnológicos, o processos
de urbanização, a formação de uma nova classe - proletariado, a agudização do
antagonismo de classe e as ações imperialista de países europeus nos continentes
africano e asíatico demonstrará-se a verdadeira face do ordenamento da sociedade
burguesa, tal como a historiadora Emília Viotti da Costa expõe: “[...] a igualdade
jurídica não encontrava correspondência na prática; a liberdade sem a igualdade
transformava-se em mito; os governos representativos representavam apenas uma
minoria, pois a grande maioria do povo não tinha representação de fato.” (COSTA,
2004).
Todo o ordenamento, organização social, ideias liberais e a idealização da
democracia burguesa, já no século XIX ganhavam enorme contraposição e
confronto com ideias anarquistas, sindicalistas, socialista/comunistas ou mesmo
reformistas que criticavam a ordem social liberal-burguesa.
No século XX, diante da propagação das ideias comunistas, e a partir do
horizonte histórico concreto, a revolução de outubro na Rússia - Bolchevique,
abriu-se o caminho e iniciou uma nova era de onda revolucionária, as revoluções de
caráter socialista.
A Importância da União Soviética para além de questões como: garantias
sociais, direitos civis, direito a voto das mulheres, trabalhadores e camponeses,
garantias fundamentais para os povos de múltiplas etnias na Rússia, avanços
civilizatórios. No âmbito econômico: desenvolvimento de um polo industrial e
científico gigantesco - válido ressaltar que o primeiro satélite em órbita na terra fora
o Sputnik, em 1954 -, construções arquitetônicas extremamente exuberantes,
construções de creches, escolas, universidades, na qual o povo russo fora durante a
história negado de ter acesso, desenvolvimento do campo. A Constituição Soviética
(1918), tinha como preocupações relevantes: “A tarefa fundamental da Constituição
da República Socialista Federativa Soviética, levantada no presente período de
transição, envolve o estabelecimento da Ditadura Urbana e Rural do Proletariado e
do Campesinato Mais Miserável, na forma de uma poderosa autoridade soviética de
toda a Rússia, com o propósito de repressão da burguesia, aniquilação da
exploração do homem pelo homem e de introdução do socialismo, no qual não
existirá nem divisão de classes nem poder do Estado. “ (CONSTITUIÇÃO
SOVIÉTICA, 1918). De modo que, como proposição fundamental da Constituição
Soviética era a construção do socialismo, de um novo mundo, do fim da exploração
do homem pelo homem, do fim da organização social dividida em classes e da
implementação da ditadura urbana e rural do proletariado e do campesinato mais
miserável, ou seja a ditadura da maioria, que pode-se compreender como a
democracia da maioria. Tal como supracitado, a importância da revolução russa
compreende-se, enquanto contraposição a ordem liberal-burguesa, as garantias e
direitos conquistados pelos trabalhadores, avanços econômicos, científicos, sociais,
culturais etc, porém para além dessas questões extremamentes importantes, temos
dois grandes fatores que extrapolam o âmbito social e político, e entra no campo da
humanidade: a União Soviética teve fator extremamente importante para barrar
aquilo que chamou-se de Operação Barbarossa, e mais ainda barrar a decadência
do pensamento e projeto político Nazista. Contribuiu grandemente no combate ao
antifascismo e ao projeto de dominação racial que expressava o hitlerismo e o
nazismo, tal feito do povo soviético - e o que se compreende enquanto projeto de
sociedade que foi a revolução russa -, é inegável e uma conquista não somente de
um povo e de uma nação, mas de conquista da humanidade. Outro grande fator
circunstancial que a revolução russa significou foi o horizonte de construção de uma
nova sociabilidade longe das amarras do colonialismo, do capitalismo e do
imperialismo que as potências ocidentais representavam. A revolução russa
influenciou diversos países no horizonte de construção de seus processos
revolucionários, de uma nova ordem social, novamente como a historiadora Emília
Viotti da Costa nos expressa: “[...] O processo revolucionário, agora sob inspiração
de socialistas e comunistas, transcendia as fronteiras da Europa e da América para
assumir caráter mais universal. Na África, na Ásia, na Europa e na América, o
caminho seguido pela União Soviética alarmou alguns e servia de inspiração para a
outros, provocando debates e confrontos internos e externos que marcaram a
história do século XX, envolvendo a todos.” (COSTA, 2004).
De tal modo que o caminho, as influências não somente políticas, sociais e
econômicas, mas também no campo teórico foram de extrema relevância em todos
os cantos do mundo, em África, Ásia, América, Europa e que consolidou construção
do “socialismo real” em alguns países, tais como: China, Coréia, Vietnã, Cuba,
Alemanha Oriental, Laos, Iugoslávia, Albânia etc. E sobretudo, influenciou
processos revolucionários no mundo, todos com forte influência no processo
revolucionário e na construção do socialismo russo. Ou seja, tal como John Reed
incute no prefácio do grande clássico “Os dez dias que abalaram o mundo”:
“Qualquer que seja nossa opinião a respeito do bolchevismo, é inegável que a
Revolução Russa foi um dos grandes acontecimentos da história da humanidade e
que a subida ao poder dos bolcheviques é um fato de importância mundial.” (REED,
1919).
Sobretudo, entrando na polêmica se o socialismo/marxismo são ideais
ultrapassados e se o socialismo morreu. Para tal discussão é necessário
compreender que enquanto bloco histórico de construção de uma nova
sociabilidade, a sociedade socialista, diante da derrota histórica do fim da União
Soviética, a derrocada do Leste europeu e queda do muro de Berlim foram
derrotadas gigantescas, não somente para o movimento comunista, mas também
para os trabalhadores do mundo todo. E diante dessa derrota do bloco socialista,
ideólogos da classe burguesa alardearam, de pronto a vitória final do capitalismo -
da classe burguesa -, e viram nisso a evidência concreta da derrota e do fracasso
das propostas de Marx, logo fizeram coro ideológico com forte propagação do “Fim
da História”, a vitória triunfante do capitalismo e fracasso total do modelo socialista.
Cabe-nos, portanto, algumas problematizações e questionamentos. O bloco
socialista do leste europeu e a União soviética sofreram derrotas, mas continuaram
de pé outras experiências do “socialismo real” que se reivindicam nas ideias de Karl
Marx, Friedrich Engels, Lênin e tantos outros teóricos do marxismo. Países como
Cuba, Coréia do Norte, China, Laos, Vietnã ainda experiências que reivindicam o
marxismo e se colocam como socialistas - válido ressaltar que são experiências
culturalmente, socialmente, politicamente e ideologicamente distintas e que cabe o
debate se ainda são experiências socialista, porém os Partidos Comunistas e a
formatação de seus Estados-Nação reivindicam-se como marxistas e em construção
do socialismo -, ou seja, ainda são experiências históricas concretas que apesar dos
pesares estão em andamento de construção de suas experiências socialista.
Simplesmente o maior movimento social do mundo, o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra) tem forte influência do marxismo enquanto corpo
teórico e de atuação prática, grandes partidos de esquerda que se reivindicam
comunistas ainda têm forte atuação política e influência no debate político de seus
respectivos países, tais como o Partido Comunista Português (PCP), Partido
Comunista da Grécia (KKE), Partido Comunista da Turquia (TKP). Diante desse
cenário de derrota que realmente ocorreu, poderíamos caracterizá-la como uma
derrota tática, uma derrota circunstancialmente de batalha, mas a derrota
estratégica e na guerra - também de classes -, ainda não foi perdida, isto pois
enquanto houver forma de organização social que privilegia uma pequena minoria e
explora e oprime uma grande maioria, ainda haverá horizonte de construção de uma
nova sociabilidade, longe da exploração do homem pelo homem, de cunho
socialista, e como podemos perceber, existem ainda movimentos sociais que
reivindicam-se “filhos do marxismo” ou socialista, e grandes partidos comunistas
continuam atuante no mundo todo, além de experiências do “socialismo real” ainda
em construção, como podemos constatar ainda assim que o socialismo morreu e
que ele está ultrapassado?.
Uma coisa é certa, o socialismo perdeu, o capitalismo venceu, entretanto,
venceu em um determinado período histórico, mas como assinala Marx, a história é
movimento, é construção e está em desenvolvimento, e ainda assim, vivemos no
mundo capitalismo e burguês que o pensador alemão viveu - Karl Marx no século
XIX e nós no século XX, porém ainda na “Era do Capital” -, com diferenças sócio
metabólicas da forma de acumulação, financeirização do Capital, o imperialismo,
variações do modo de reprodução social, com uma classe trabalhadora diferente do
século XIX, entretanto, ainda vivemos no mundo capitalista e tal como indica José
Paulo Netto: “Marx ainda é necessário mas não é suficiente”, precisa-se
compreender a partir de outros autores - marxista e não marxista -, a realidade
social, histórica e econômica que vivemos que Marx não vivenciou, mas que lançou
bases teóricas e ferramentais para compreendermos o capitalismo, e assim
concretizar a décima primeira tese, das Teses sobre Feuerbach, que os dois
pensadores expõe “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de maneiras
diferentes; o que importa, contudo, é transformá-lo” (MARX; ENGELS, 2019).
Compreender a realidade econômica e social que o capitalismo se encontra
atualmente, avaliar de forma crítica as experiências do “socialismo real” - longe, de
como Luiz Carlos Prestes sinaliza, de idealizações, de socialismo “tirado da
cachola” e de autofágia -, para transformar as bases do modo de produção
capitalista e da sociabilidade burguesa, ainda no século XXI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COGGIOLA, Osvaldo. Movimento e pensamento operário antes de Marx. São


Paulo: Brasiliense, 1991.

COSTA, Emília Viotti da. Apresentação da coleção. Ayerbe, Luis Fernando. A


Revolução Cubana. São Paulo: Editora UNESP, 2004. - (Coleção Revoluções do
século XX).

FUKUYAMA, Francis, O Fim da História e o Último Homem. Rio de Janeiro: Rocco,


1992.

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão


Popular, 2008.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Rio de Janeiro: Vozes, 2019.

LOSURDO, Domenico. O marxismo ocidental: como nasceu, como morreu,


como pode renascer. São Paulo: Boitempo, 2018.
LOSURDO, Domenico. Losurdo: Revolução de Outubro e democracia no
mundo. Disponível em:
<https://operamundi.uol.com.br/opiniao/48118/losurdo-revolucao-de-outubro-e-demo
cracia-no-mundo>. Acesso em: 08 maio de 2021.

UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICA. Constituição da República


Socialista Federativa Soviética Russa. Capítulo V - Disposições Gerais da
Constituição da República, Art. 9. SOCIALISTA FEDERATIVA SOVIÉTICA.
Disponível em:
<http://www4.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/dpcdh/Normas_Direitos_Humanos/CO
NSTITUIÇÃO%20SOVIÉTICA%20-%201919.pdf>. Acesso em: 08 maio de 2021.

NETTO, José Paulo. O que é marxismo. São Paulo: Brasiliense, 1985.

NETTO, José Paulo. O que é stalinismo. São Paulo: Nova Cultural;Brasiliense,


1985.

REED, John. Os dez dias que abalaram o mundo. São Paulo: Círculo do Livro.

TV BOITEMPO. MARX, NOSSO CONTEMPORÂNEO | José Paulo Netto. Youtube,


26 de fevereiro de 2021. Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=mn-3_NTbbvI> . Acesso em: 08 maio de 2021.

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