História Noturno - 5º Semestre Profº Alexandre Claro Mendes Disciplina: História Contemporânea
ATIVIDADE 2 - HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Discorra sobre a importância da Revolução Russa de 1917; podemos dizer
que seus ideais já foram ultrapassados? O Socialismo morreu e o capitalismo venceu?
Sobretudo, para pensarmos nas revoluções de caráter nacional-libertadora,
nacionalista - antiimperialistas - e socialistas/marxistas que aconteceram no século XX, cabe-nos uma breve apresentação do cenário geral do antagonistas de classe e ideológico, que ocorria cada vez mais exacerbado no contexto social do mundo. Para incutir-nos tal discussão, incumbe-nos darmos um passo para trás para darmos dois passos à frente, pensando, portanto, as revoluções burguesas que contrapunha-se aos regimes monarquismo absolutista, extremamente desiguais e déspotas, e que a partir da vitória da classe burguesa constitui-se um sistema liberal-democrático: estabelecendo igualdade jurídica, adotando a divisão dos poderes, forjando nacionalidades etc. Porém, a partir do estabelecimento da ordem burguesa, do desenvolvimento industrial, os progressos tecnológicos, o processos de urbanização, a formação de uma nova classe - proletariado, a agudização do antagonismo de classe e as ações imperialista de países europeus nos continentes africano e asíatico demonstrará-se a verdadeira face do ordenamento da sociedade burguesa, tal como a historiadora Emília Viotti da Costa expõe: “[...] a igualdade jurídica não encontrava correspondência na prática; a liberdade sem a igualdade transformava-se em mito; os governos representativos representavam apenas uma minoria, pois a grande maioria do povo não tinha representação de fato.” (COSTA, 2004). Todo o ordenamento, organização social, ideias liberais e a idealização da democracia burguesa, já no século XIX ganhavam enorme contraposição e confronto com ideias anarquistas, sindicalistas, socialista/comunistas ou mesmo reformistas que criticavam a ordem social liberal-burguesa. No século XX, diante da propagação das ideias comunistas, e a partir do horizonte histórico concreto, a revolução de outubro na Rússia - Bolchevique, abriu-se o caminho e iniciou uma nova era de onda revolucionária, as revoluções de caráter socialista. A Importância da União Soviética para além de questões como: garantias sociais, direitos civis, direito a voto das mulheres, trabalhadores e camponeses, garantias fundamentais para os povos de múltiplas etnias na Rússia, avanços civilizatórios. No âmbito econômico: desenvolvimento de um polo industrial e científico gigantesco - válido ressaltar que o primeiro satélite em órbita na terra fora o Sputnik, em 1954 -, construções arquitetônicas extremamente exuberantes, construções de creches, escolas, universidades, na qual o povo russo fora durante a história negado de ter acesso, desenvolvimento do campo. A Constituição Soviética (1918), tinha como preocupações relevantes: “A tarefa fundamental da Constituição da República Socialista Federativa Soviética, levantada no presente período de transição, envolve o estabelecimento da Ditadura Urbana e Rural do Proletariado e do Campesinato Mais Miserável, na forma de uma poderosa autoridade soviética de toda a Rússia, com o propósito de repressão da burguesia, aniquilação da exploração do homem pelo homem e de introdução do socialismo, no qual não existirá nem divisão de classes nem poder do Estado. “ (CONSTITUIÇÃO SOVIÉTICA, 1918). De modo que, como proposição fundamental da Constituição Soviética era a construção do socialismo, de um novo mundo, do fim da exploração do homem pelo homem, do fim da organização social dividida em classes e da implementação da ditadura urbana e rural do proletariado e do campesinato mais miserável, ou seja a ditadura da maioria, que pode-se compreender como a democracia da maioria. Tal como supracitado, a importância da revolução russa compreende-se, enquanto contraposição a ordem liberal-burguesa, as garantias e direitos conquistados pelos trabalhadores, avanços econômicos, científicos, sociais, culturais etc, porém para além dessas questões extremamentes importantes, temos dois grandes fatores que extrapolam o âmbito social e político, e entra no campo da humanidade: a União Soviética teve fator extremamente importante para barrar aquilo que chamou-se de Operação Barbarossa, e mais ainda barrar a decadência do pensamento e projeto político Nazista. Contribuiu grandemente no combate ao antifascismo e ao projeto de dominação racial que expressava o hitlerismo e o nazismo, tal feito do povo soviético - e o que se compreende enquanto projeto de sociedade que foi a revolução russa -, é inegável e uma conquista não somente de um povo e de uma nação, mas de conquista da humanidade. Outro grande fator circunstancial que a revolução russa significou foi o horizonte de construção de uma nova sociabilidade longe das amarras do colonialismo, do capitalismo e do imperialismo que as potências ocidentais representavam. A revolução russa influenciou diversos países no horizonte de construção de seus processos revolucionários, de uma nova ordem social, novamente como a historiadora Emília Viotti da Costa nos expressa: “[...] O processo revolucionário, agora sob inspiração de socialistas e comunistas, transcendia as fronteiras da Europa e da América para assumir caráter mais universal. Na África, na Ásia, na Europa e na América, o caminho seguido pela União Soviética alarmou alguns e servia de inspiração para a outros, provocando debates e confrontos internos e externos que marcaram a história do século XX, envolvendo a todos.” (COSTA, 2004). De tal modo que o caminho, as influências não somente políticas, sociais e econômicas, mas também no campo teórico foram de extrema relevância em todos os cantos do mundo, em África, Ásia, América, Europa e que consolidou construção do “socialismo real” em alguns países, tais como: China, Coréia, Vietnã, Cuba, Alemanha Oriental, Laos, Iugoslávia, Albânia etc. E sobretudo, influenciou processos revolucionários no mundo, todos com forte influência no processo revolucionário e na construção do socialismo russo. Ou seja, tal como John Reed incute no prefácio do grande clássico “Os dez dias que abalaram o mundo”: “Qualquer que seja nossa opinião a respeito do bolchevismo, é inegável que a Revolução Russa foi um dos grandes acontecimentos da história da humanidade e que a subida ao poder dos bolcheviques é um fato de importância mundial.” (REED, 1919). Sobretudo, entrando na polêmica se o socialismo/marxismo são ideais ultrapassados e se o socialismo morreu. Para tal discussão é necessário compreender que enquanto bloco histórico de construção de uma nova sociabilidade, a sociedade socialista, diante da derrota histórica do fim da União Soviética, a derrocada do Leste europeu e queda do muro de Berlim foram derrotadas gigantescas, não somente para o movimento comunista, mas também para os trabalhadores do mundo todo. E diante dessa derrota do bloco socialista, ideólogos da classe burguesa alardearam, de pronto a vitória final do capitalismo - da classe burguesa -, e viram nisso a evidência concreta da derrota e do fracasso das propostas de Marx, logo fizeram coro ideológico com forte propagação do “Fim da História”, a vitória triunfante do capitalismo e fracasso total do modelo socialista. Cabe-nos, portanto, algumas problematizações e questionamentos. O bloco socialista do leste europeu e a União soviética sofreram derrotas, mas continuaram de pé outras experiências do “socialismo real” que se reivindicam nas ideias de Karl Marx, Friedrich Engels, Lênin e tantos outros teóricos do marxismo. Países como Cuba, Coréia do Norte, China, Laos, Vietnã ainda experiências que reivindicam o marxismo e se colocam como socialistas - válido ressaltar que são experiências culturalmente, socialmente, politicamente e ideologicamente distintas e que cabe o debate se ainda são experiências socialista, porém os Partidos Comunistas e a formatação de seus Estados-Nação reivindicam-se como marxistas e em construção do socialismo -, ou seja, ainda são experiências históricas concretas que apesar dos pesares estão em andamento de construção de suas experiências socialista. Simplesmente o maior movimento social do mundo, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) tem forte influência do marxismo enquanto corpo teórico e de atuação prática, grandes partidos de esquerda que se reivindicam comunistas ainda têm forte atuação política e influência no debate político de seus respectivos países, tais como o Partido Comunista Português (PCP), Partido Comunista da Grécia (KKE), Partido Comunista da Turquia (TKP). Diante desse cenário de derrota que realmente ocorreu, poderíamos caracterizá-la como uma derrota tática, uma derrota circunstancialmente de batalha, mas a derrota estratégica e na guerra - também de classes -, ainda não foi perdida, isto pois enquanto houver forma de organização social que privilegia uma pequena minoria e explora e oprime uma grande maioria, ainda haverá horizonte de construção de uma nova sociabilidade, longe da exploração do homem pelo homem, de cunho socialista, e como podemos perceber, existem ainda movimentos sociais que reivindicam-se “filhos do marxismo” ou socialista, e grandes partidos comunistas continuam atuante no mundo todo, além de experiências do “socialismo real” ainda em construção, como podemos constatar ainda assim que o socialismo morreu e que ele está ultrapassado?. Uma coisa é certa, o socialismo perdeu, o capitalismo venceu, entretanto, venceu em um determinado período histórico, mas como assinala Marx, a história é movimento, é construção e está em desenvolvimento, e ainda assim, vivemos no mundo capitalismo e burguês que o pensador alemão viveu - Karl Marx no século XIX e nós no século XX, porém ainda na “Era do Capital” -, com diferenças sócio metabólicas da forma de acumulação, financeirização do Capital, o imperialismo, variações do modo de reprodução social, com uma classe trabalhadora diferente do século XIX, entretanto, ainda vivemos no mundo capitalista e tal como indica José Paulo Netto: “Marx ainda é necessário mas não é suficiente”, precisa-se compreender a partir de outros autores - marxista e não marxista -, a realidade social, histórica e econômica que vivemos que Marx não vivenciou, mas que lançou bases teóricas e ferramentais para compreendermos o capitalismo, e assim concretizar a décima primeira tese, das Teses sobre Feuerbach, que os dois pensadores expõe “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de maneiras diferentes; o que importa, contudo, é transformá-lo” (MARX; ENGELS, 2019). Compreender a realidade econômica e social que o capitalismo se encontra atualmente, avaliar de forma crítica as experiências do “socialismo real” - longe, de como Luiz Carlos Prestes sinaliza, de idealizações, de socialismo “tirado da cachola” e de autofágia -, para transformar as bases do modo de produção capitalista e da sociabilidade burguesa, ainda no século XXI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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1985.
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TV BOITEMPO. MARX, NOSSO CONTEMPORÂNEO | José Paulo Netto. Youtube,
26 de fevereiro de 2021. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=mn-3_NTbbvI> . Acesso em: 08 maio de 2021.