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Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Primeiramente, deixo uma frase de Novakowski
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Cada um de nós tem uma grande Diagramação:
responsabilidade sobre as escolhas que Alan Michel Bariani
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Thiago Bruno Peraro
acadêmica e profissional, refletindo diretamente
em nossa vida pessoal e em nossas relações Revisão Textual:
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação
Fernando Sachetti Bomfim
e conhecimento advindos de profissionais que Marta Yumi Ando
possuam novas habilidades para liderança e
sobrevivência no mercado de trabalho. Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
De fato, a tecnologia e a comunicação Márcio Alexandre Júnior Lara
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Osmar da Conceição Calisto
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Gestão de Produção:
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, Aliana de Araújo Camolez
capaz de formar cidadãos integrantes de uma
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................5
1. O QUE É SAÚDE COLETIVA E CONCEITOS INICIAIS..............................................................................................6
1.1. SAÚDE E SUAS INTERFACES..................................................................................................................................6
1.1.1. SAÚDE COLETIVA..................................................................................................................................................6
1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO SAÚDE–DOENÇA.................................................................................9
1.2.1. A DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA........................................................................ 14
1.3 HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: QUADRO SANITÁRIO E TRANSIÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS
NO BRASIL.................................................................................................................................................................... 16
1.3.1 DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL ATÉ À CHEGADA DA FAMÍLIA REAL (1500 A 1889)......................................17
1.3.2. DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ATÉ 1930................................................................................................20
1.3.3. A ERA VARGAS OU PERÍODO DA SEGUNDA REPÚBLICA (1930 – 1945)......................................................24
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1.3.4. PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇÃO OU DESENVOLVIMENTISTA (1945 – 1963)........................................26
1.3.5. PERÍODO DO REGIME MILITAR (1964 – 1984)...............................................................................................28
1.3.5.1. REFORMA SANITÁRIA.....................................................................................................................................33
1.3.6. PERÍODO DA NOVA REPÚBLICA (1985 – 1988)...............................................................................................33
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................36
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Bem-vindo(a), caro(a) aluno(a).
A saúde coletiva é um campo de conhecimentos e práticas que tem estado presente em
muitos trabalhos, seja ao longo dos anos que medeiam a sua institucionalização no final dos anos
1970 seja ainda nos dias atuais. Em seu trabalho, Foucault (1979) registra as origens da medicina
social, vinculada à polícia médica na Alemanha, à medicina urbana na França e à medicina da
força do trabalho na Inglaterra. Essas três formas defendem a tese de que, com o capitalismo,
ocorreu a passagem da medicina privada à medicina coletiva, desenvolvendo-se em fins do século
XVIII e início do XIX e socializando o primeiro objeto, que foi o corpo como força de produção
e força de trabalho. Isso só foi levado a sério na segunda metade do século XIX, quando se criam
condições para a emergência da medicina social, devendo a medicina intervir na vida política e
social, apontando os obstáculos que impedem o funcionamento normal do processo vital com
vistas a afastá-los.
Logo, a saúde coletiva assume um papel político e técnico, visando à reformulação do
setor saúde e à concepção da saúde como um direito do cidadão e dever do Estado, devendo a
participação ser efetivada na busca pela implementação de uma política de recursos humanos em
saúde coletiva, associada às condições de saúde da população e de incentivo à pesquisa.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Essa área busca entender a saúde/doença como um processo que se relaciona com a
estrutura da sociedade, o homem como ser social e histórico, e o exercício das ações de saúde
como uma prática social permeada por prática técnica que é, simultaneamente, social, sofrendo
influências econômicas, políticas e ideológicas.
O objeto não é apenas o indivíduo, mas, sobretudo, os grupos sociais; portanto, a
coletividade.
Embora a saúde coletiva, historicamente, tenha sido constituída, principalmente, por
médicos, outros profissionais, como cientistas sociais, enfermeiros, odontólogos, farmacêuticos
e também agentes oriundos de outras áreas do conhecimento (como engenheiros, físicos e
arquitetos), contribuíram para sua construção. Trata-se, portanto, de uma área multiprofissional
e interdisciplinar.
A Saúde Pública está ligada ao setor governamental e é voltada para os problemas de saúde que
atingem a coletividade.
a) A saúde, enquanto estado vital, setor de produção e campo de saber, está articulada à
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Na Pérsia, atual Irã, existiam hospitais onde as doenças eram separadas em virtude
dos sintomas apresentados. A higiene e a alimentação eram fatores importantes no tratamento
dos doentes, e as pessoas que lá trabalhavam eram treinadas para as suas funções. Medidas de
proteção coletiva, escoamento de esgoto e separação da água potável também eram comuns nas
grandes cidades.
Na Idade Média, conhecida como Idade das Trevas (séculos V a XV), marcada pela
presença onipotente da Igreja, a qual dominou e enclausurou o conhecimento científico até então,
toda e qualquer teoria que explicasse a vida sem se referir a Deus era considerada blasfêmia.
Nesse período, a organização das populações em feudos-comunidade girava em torno do
senhor feudal, dono das terras e da população que nela habitava – fato que levou ao crescimento
desordenado das cidades, gerando elevado aglomerado populacional. As cidades já não possuíam
mecanismos para garantir o mínimo de higiene, o que gerava um ambiente ideal à proliferação
de doenças transmissíveis e desembocava na expansão de doenças epidêmicas de grandes
proporções, como a peste bubônica, o tifo e a varíola.
Devido à forte influência da Igreja na vida social, a doença passou a ser o foco das atenções,
sendo considerada castigo divino, resultado da desobediência às normas da Igreja ou da impureza
da alma, podendo ser curada somente se houvesse vontade divina para tal. Como exemplo
disso, cite-se o tratamento conferido aos doentes mentais, os quais, considerados possuídos pelo
demônio, eram queimados em praça pública, como parte do processo de “purificação” de suas
almas.
Por cerca de dez séculos, as cidades ficaram à deriva no que diz respeito às regras sanitárias.
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No Renascimento (a partir do século XV), houve uma ruptura entre a Igreja e o poder
político, gerando mudanças importantes à sociedade ocidental. Com as Grandes Navegações, os
europeus chegaram ao continente americano, onde encontraram novas civilizações (maia e asteca)
e diversas populações indígenas. Nesse encontro, foram trocadas diversas doenças originárias das
Américas e outras tantas originárias da Europa.
Reiniciaram-se as pesquisas na área da ciência no intuito de se compreender o
funcionamento do mundo e do homem. Os estudos biológicos cresceram rapidamente, desde o
desenvolvimento de teorias e equipamentos que auxiliassem na pesquisa de fenômenos naturais,
como o funcionamento do corpo humano.
Pela primeira vez, a dissecação do corpo humano não foi considerada pecado, e vários
estudos gregos e islâmicos foram resgatados, o que possibilitou aos cientistas europeus o
conhecimento do interior do homem e a compreensão das relações entre os órgãos, ainda que de
forma incipiente. A analogia entre o funcionamento do corpo humano e algumas máquinas era
prática frequente entre os pesquisadores; daí a gênese da ideia de que a doença é um “defeito” da
máquina humana, sem relação com o meio externo.
A teoria dos Miasmas ainda era forte à época, inclusive, os códigos sanitários foram
estabelecidos visando a sanear as cidades. Porém, controvérsias em relação à origem das doenças
começaram a surgir, tendo-se, de um lado, os cientistas que acreditavam que as doenças resultavam
do contato exclusivo entre as pessoas, e, do outro, os cientistas que acreditavam ser o ambiente
social um de seus principais causadores.
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Na era bacteriológica, os germes já eram conhecidos antes do século XIX. Porém, somente
nessa época é que foram apresentadas as primeiras provas de que eles estavam relacionados a
algumas doenças. Entre as ações mais significativas, citam-se:
• O médico alemão Robert Koch comprovou a transmissão do antraz;
• O químico francês Louis Pasteur e sua equipe centraram esforços na descoberta de
mecanismos de infecção e formas de prevenção;
• O médico inglês Edward Jenner desenvolveu a vacina contra a varíola;
• O cirurgião inglês Joseph Lister propôs o uso de fenol como antisséptico antes das
cirurgias;
• O médico húngaro Ignaz Semmelweis associou o fato de estudantes de Medicina saírem
das salas de anatomia diretamente para as de parto, sem lavarem as mãos ou trocarem de
roupa, a casos de febre puerperal, recomendando a lavagem de mãos como estratégia para
se evitar infecção;
• A enfermeira inglesa Florence Nightingale recomendou, com base nas descobertas
cientificas da época, que o ambiente hospitalar fosse limpo, ventilado e salubre, de modo
a propiciar o tratamento e a recuperação dos doentes.
Com isso, uma nova teoria sobre o processo saúde-doença nasceu: a teoria bacteriológica,
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Com isso, várias melhorias ocorreram no País. Coisas até então proibidas por Portugal,
como indústrias (que eram poucas), passaram a ser permitidas, e diversos órgãos públicos foram
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Nessa época, foi criado o Instituto de Manguinhos, no Rio de Janeiro, depois denominado
Instituto Oswaldo Cruz, com a finalidade de pesquisa e desenvolvimento de vacinas.
Em 1904, houve imposição legal da vacinação contra a varíola, o que desencadeou uma
revolta popular (Revolta da Vacina) liderada por opositores políticos do governo e médicos
contrários à vacinação. A Revolta foi reprimida após poucos dias, depois da morte de alguns
líderes populares.
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Com todo o ocorrido, pode-se dizer que Oswaldo Cruz alcançou seu objetivo no Rio de
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Enquanto isso, a saúde individual permanecia parecida com a do Brasil colônia: médico
para quem podia pagar, e curandeiros e Santas Casas para os pobres. Com a chegada dos
imigrantes, houve discreta mudança. Muitos eram trabalhadores que atuavam politicamente em
seus países, com ideias sobre a importância de sua união para garantir direitos básicos, como o
direito de acesso à moradia e à saúde.
A organização dos trabalhadores resultou em diversas greves, que eclodiram no País
entre os anos 1915 e 1920. Entre as reivindicações, estavam o trabalho com carga horária pré-
determinada, salário justo, assistência à saúde e condições mais saudáveis de trabalho.
Em 1920, Carlos Chagas assumiu o Comando do Departamento Nacional de Saúde,
inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz, criando alguns programas que introduziram
a propaganda e a educação sanitária da população como forma de prevenção contra as doenças.
Nessa ocasião, criaram-se alguns órgãos para o controle da tuberculose, da lepra e das doenças
sexualmente transmissíveis.
Muitas categorias se juntaram e formaram fundos financeiros mútuos, financiados pela
contribuição de uma porcentagem sobre o salário de cada um e que atendiam a todos os que
contribuíam. Esses fundos garantiam assistência médica individual ao trabalhador e a suas
famílias, bem como pensões em caso de morte e invalidez. Ademais, funcionavam com regras
determinadas pelos próprios trabalhadores em assembleias.
Com isso, em 1923, foi promulgada a Lei Elói Chaves, que determinava a criação das
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP), uma derivação dos fundos mútuos. A lei inovou ao
determinar que o empregador também contribuísse com uma porcentagem para a formação do
Figura 8 - Mapa Mental de Direito Previdenciário: Lei Eloy Chaves. Fonte: Mapas & Questões (2010).
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Na área da saúde, o estado brasileiro caracterizou-se, ao longo desse período, por dois
aspectos básicos: o primeiro se refere à estreita relação entre a política de saúde estabelecida e o
modelo econômico vigente; o segundo se refere à clara dicotomia entre as ações de saúde pública
e as ações de assistência médica.
Emergem, nessa conjuntura, dois modelos de intervenção nas questões de saúde: o
sanitarismo campanhista e o curativo-privatista.
No decorrer dos anos 1920, o controle do governo federal passa a ser disputado por
outros grupos sociais que se fortalecem econômica e politicamente no processo de urbanização e
industrialização crescentes, surgindo rupturas no cenário político. Por sua vez, a crise econômica
A partir de 1930, o Brasil esteve sob o comando político do Presidente Getúlio Vargas,
quando, então, foi promovida uma ampla reforma administrativa e política que culminou com
a Constituição de 1934, iniciando-se o governo constitucional até 1937, e a ditadura do Estado
Novo de 1937 a 1945. Trata-se de uma fase de forte centralização política e participação estatal
nas políticas públicas, o que, aliado às políticas populistas, atribuiu ao presidente a alcunha de “o
pai dos pobres”.
No período em questão, ocorre um deslocamento do polo dinâmico da economia para os
centros urbanos, com grande investimento no setor industrial na região centro-sul, especialmente
nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Esse encaminhamento reforça, ainda
mais, a importância econômica e financeira dessa região, agravando os desequilíbrios regionais
ainda vigentes nos dias atuais. Essa política promove o êxodo rural, especialmente da região
Nordeste para os centros econômicos do País, contribuindo para o processo de urbanização
precária e desordenada e proliferação de favelas nas grandes cidades.
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A crescente massa urbana constitui a mão-de-obra para o setor industrial crescente. Esse,
por sua vez, passa a exigir cada vez mais investimentos de grande porte em infraestrutura. O Estado,
como regulador das relações entre capital e trabalho, estabelece o salário mínimo, o que, junto
a outras medidas, possibilita o acúmulo de capital necessário ao investimento na infraestrutura
demandada pela industrialização, a exemplo da construção da Companhia Hidrelétrica do Vale
de São Francisco e da Siderúrgica de Volta Redonda.
Mudanças na estrutura do Estado e uma legislação paralela foram criadas para a promoção
da expansão do sistema econômico em projeto, colimando na criação do Ministério do Trabalho,
da Indústria e Comércio e do Ministério da Educação em Saúde.
Foram promulgadas as leis trabalhistas nesse governo, as quais estabelecem uma relação
contratual entre capital e trabalho e, ao mesmo tempo, garantem certos direitos sociais aos
trabalhadores. Ao mesmo tempo, promoveu-se a vinculação dos sindicatos à estrutura do Estado,
com exigência de pagamento de contribuição sindical por parte dos empregados sindicalizados.
O crescimento acelerado da indústria se dá à custa das condições precárias de trabalho,
aumentando os riscos e problemas de saúde aos trabalhadores urbanos, piorando as condições
de vida e saúde dessa população, que não contava com moradia e saneamento adequados.
Dessa forma, aos problemas antigos de saúde da população (doenças crônicas e epidêmicas),
acrescentaram-se outros decorrentes da inserção no processo produtivo industrial e das condições
precárias no modo de viver, tais como: acidentes de trabalho, doenças profissionais, estresse,
desnutrição e verminose.
Porém, as medidas adotadas iam em direção a manter a força de trabalho com condições
A assistência médica, que era prerrogativa fundamental da CAPS (por meio de uma
rede própria desenvolvida para esse fim), passou a ser secundária no período dos
IAPs, instituto que priorizava a contenção de gastos, tendo em vista a política de
acumulação do capital necessário ao investimento em outras áreas de interesse
do governo.
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A política de saúde adotada reforça a antiga dicotomia: as ações de caráter coletivo sob
a gestão do Ministério da Educação e Saúde (modelo sanitarismo campanhista), separadas das
ações curativas e individuais, vinculadas aos IAPS, reforçando a dualidade do modelo assistencial.
Destaque-se que a população de maior poder aquisitivo utilizava os serviços privados de saúde
integrantes da medicina liberal crescente, enquanto a maioria da população não vinculada à
previdência contava apenas com os escassos serviços públicos e com as instituições de caridade,
além das práticas populares de tratamento.
Durante a Segunda Guerra Mundial, um convênio com os EUA foi feito, levando
ao surgimento do SESP (Serviço Especial de Saúde Pública), o qual foi moldado
tendo como base o modelo norte-americano, com foco em prevenção e atuando
nas áreas em que não havia cobertura dos serviços tradicionais, como a
Amazônia. A atuação nessa região era estratégica para os EUA, já que a Amazônia
era a segunda maior produtora de látex do mundo, material importante para a
guerra. E a Indonésia, fornecedora principal dos EUA, encontrava-se em região
constantemente atacada pelos países que formavam o Eixo, os quais lutavam
contra os EUA na Segunda Guerra.
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Esse período perdurou por 20 anos, podendo ser dividido em três fases.
Na primeira fase (1964 – 1968), estabelecem-se eleições indiretas para presidente. Vários
mandatos de parlamentares federais e estaduais são cassados. Há intervenção nos sindicatos,
dentre outras medidas autoritárias e antidemocráticas.
Promoveu-se, nesse período, o processo de restauração da ordem na sociedade, entendido
como repressão a qualquer discordância, modernização da estrutura econômica subordinada
ao interesse do grande capital nacional e internacional, reestruturação do aparelho estatal, com
a expansão de sua tecnoburocracia, levando, assim, ao desenvolvimento da industrialização,
modernização e diminuição dos gastos sociais, favorecendo a acumulação capitalista.
Em 1974 a 1984, há abalo na política econômica, devido à crise do petróleo, recessão
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Pode-se dizer que essa ampliação ocorre como resposta das autoridades às reivindicações
dos movimentos sociais e de saúde, que foram se fortalecendo por via da organização nos diversos
espaços (da Academia, do sindicalismo, das comunidades e de várias associações). Na cidade de
São Paulo, a participação do movimento de saúde foi decisiva para as conquistas que sucederam
na história da saúde pública brasileira nos anos 1970 e 1980. Nos últimos anos do regime militar,
o Brasil estava envolto em uma grande crise econômica, caracterizada por alta inflação e forte
recessão econômica. Ao mesmo tempo, a participação social aumentava, fortaleciam-se os
sindicatos e a oposição política, o que culminou no Movimento das Diretas Já, resultando na
Emenda Dante de Oliveira, com garantia de eleições diretas para presidente naquele ano. No
entanto, não foi aprovada e, em 1985, o Colégio Eleitoral escolheu Tancredo Neves, que concorreu
com Paulo Maluf para a Presidência da República.
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O movimento de Saúde na cidade de São Paulo nasceu na região leste no final dos
anos 1970 e se espalhou para outras regiões de maneira articulada. Era composto
por moradores das periferias, em sua maioria, mulheres que lutavam pela
ampliação e qualidade dos serviços de saúde nos seus bairros, por saneamento
básico, creches, educação e por outras políticas públicas consideradas como
direito de cidadania e dever do Estado. Tal movimento se articulou aos demais,
reforçando a luta pela Reforma Sanitária Brasileira.
Com a morte de Tancredo Neves, Sarney assume o poder, iniciando-se o Período da Nova
República, em que novas conquistas foram obtidas pelo movimento da Reforma Sanitária e com
o apoio de parlamentares, movimentos de saúde, trabalhadores da saúde, acadêmicos e entidades
como CEBES e ABRASCO. Essas entidades foram fundamentais na politização, divulgação de
conhecimentos, críticas e experiências inovadoras na área da saúde, propostas pela articulação
da sociedade com vistas a mudanças na esfera sanitária, fortalecendo a proposta da Reforma
Sanitária em construção ao longo dos anos 1970 e 1980.
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A Reforma Sanitária refere-se ao projeto articulado ao longo dos anos 1970 e 1980 no
Brasil, na perspectiva de reformulação do sistema de saúde, que acentuou, no período do regime
militar, a sua característica de assistência médica curativa fortemente vinculada ao setor privado
e lucrativo, eminentemente excludente, curativo, pouco resolutivo e dispendioso.
O projeto preconizava a criação de um sistema único de saúde, acabando com o duplo
comando do Ministério da Saúde e do INAMPS, os quais executavam ações de saúde em
perspectivas antagônicas.
A defesa desse projeto era encaminhada pelo movimento sanitário, que acumulava
sanitaristas comprometidos com as mudanças do sistema de saúde e diversos atores sociais,
dentre os quais lideranças populares, trabalhadores, sindicatos, parlamentares de esquerda,
intelectuais, estudantes da saúde e entidades como CEBES e ABRASCO. Todos em luta contra as
condições precárias de vida da população, contra as iniquidades do sistema de saúde, com vistas
ao reconhecimento da saúde como direito social a ser garantido pelo Estado.
Esse projeto, cujo desenho e conteúdo consolidaram-se gradativamente ao longo do
tempo, preconizava a transformação da relação entre Estado e sociedade, com clara defesa da
participação social de forma institucionalizada nos rumos da política de saúde e pela construção
da cidadania. Como ambição, tinha a universalização do direito à saúde, compreendida como
qualidade de vida, e um modelo de atenção com ênfase na integralidade.
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O SUDS representou certo avanço na medida em que possibilitou a formação dos conselhos
estaduais e municipais de saúde, a desconcentração de recursos e poder da esfera federal para a
estadual, o esvaziamento do INAMPS e o aumento (mesmo que insuficiente) da cobertura de
serviços de saúde para a população. Vale ressaltar que a implantação do SUDS promoveu uma
estadualização do INAMPS, por meio da fusão de suas estruturas às Secretarias estaduais de
saúde. Como resultado, ocorreu uma concentração de poder nas Secretarias estaduais de saúde,
as quais estabeleciam uma relação clientelista com os munícipios, repassando os recursos com
mais facilidade quando o gestor municipal era da mesma agremiação partidária ou por outros
interesses políticos.
Finalmente, em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, foi aprovado
o Sistema Único de Saúde (SUS), que incorporou a maioria das propostas do movimento da
Reforma Sanitária, apresentadas por emenda popular acompanhada da participação dos
segmentos interessados. Não se deu de modo consensual, ocorrendo embate e conflitos entre
os que defendiam os interesses privatistas e os que lutavam pela saúde pública e estatal. A
aprovação do SUS com os princípios e diretrizes da Reforma Sanitária significou uma grande
vitória da sociedade. Não obstante, foi criado em um período em que o Brasil se encontrava em
grande instabilidade econômica, altas taxas de inflação e influências da conjuntura internacional
neoliberal que, juntamente com o recuo dos movimentos sociais, trouxe sérias dificuldades para
a sua regulamentação e implementação de seus princípios e diretrizes e da concretização das
propostas da Constituição Cidadã.
Destaque-se que, no início dos anos 1990, o Governo de Fernando Collor de Melo reduziu
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, aprendemos que a humanidade percebe o processo saúde-doença de
forma diferente em cada época histórica e que é a visão desse processo que determina como serão
os cuidados de saúde. Na evolução dessa visão, tem-se o conceito ampliado de saúde, com uma
perspectiva positiva da saúde, a qual vai além da doença e que considera toda a complexidade
da vida humana nesse processo, demonstrando, assim, que somente o setor da saúde não pode
prover todas as necessidades humanas.
Por conseguinte, o Brasil teve políticas de saúde diretamente influenciadas pelos eventos
históricos e econômicos de cada época. Do descobrimento ao início da monarquia, não existiam
políticas de saúde. Com a chegada da corte portuguesa, ocorreram certas mudanças na estrutura
do País. No entanto, a saúde coletiva e a individual foram deixadas de lado. Somente a partir de
1900, devido à preocupação econômica, medidas de saneamento começaram a ser tomadas nos
portos, sendo que as ações estavam voltadas ao controle das epidemias.
Durante muitos anos, a saúde foi de responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde
(atual Ministério da Saúde), e a assistência individual e curativa era ligada à Previdência Social.
Ou seja, somente os trabalhadores que tinham carteira assinada ou pessoas que podiam pagar
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 39
1. O QUE É UM SISTEMA?.......................................................................................................................................... 40
1.1. O SUS DENTRO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................... 42
1.2. LEIS ORGÂNICAS DE SAÚDE (LOS).................................................................................................................... 44
1.3. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS.................................................................................................................. 45
1.3.1. PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS............................................................................................................................ 45
1.3.1.1UNIVERSALIDADE.............................................................................................................................................. 45
1.3.1.2. EQUIDADE........................................................................................................................................................ 46
1.3.1.3. INTEGRALIDADE.............................................................................................................................................. 48
1.3.2. PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS......................................................................................................................... 49
1.3.2.1. A PARTICIPAÇÃO POPULAR E O CONTROLE SOCIAL EM SAÚDE.............................................................. 49
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1.3.2.2. DESCENTRALIZAÇÃO..................................................................................................................................... 52
1.3.2.3. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO...................................................................................................... 53
1.4.FINANCIAMENTO E NORMAS OPERACIONAIS................................................................................................. 55
1.4.1. FINANCIAMENTO............................................................................................................................................... 55
1.4.2. NORMAS OPERACIONAIS................................................................................................................................ 58
1.5. PACTO PELA SAÚDE............................................................................................................................................. 65
1.5.1. PACTO PELA VIDA.............................................................................................................................................. 66
1.5.1.1 SAÚDE DO IDOSO.............................................................................................................................................. 67
1.5.1.2. CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO E DA MAMA....................................................................... 68
1.5.1.3. REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA................................................................................. 68
1.5.1.4 FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE RESPOSTA ÀS DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM
ÊNFASE NA DENGUE, HANSENÍASE, TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA.................................................. 69
1.5.1.5 PROMOÇÃO DA SAÚDE................................................................................................................................... 69
1.5.1.6 FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA..................................................................................................... 69
1.5.2 PACTO EM DEFESA DO SUS.............................................................................................................................. 70
1.5.3 PACTO DE GESTÃO DO SUS............................................................................................................................... 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 71
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A unidade em questão visa a apresentar a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS), os
princípios que o guia, as leis que o regulam e as normas que orientam o funcionamento de seus
serviços. Ao mesmo tempo, aborda as dificuldades para o funcionamento adequado e os desafios
a serem superados para um funcionamento próximo ao ideal.
Pode-se dizer que o SUS é o sistema oficial brasileiro de saúde, estabelecido formalmente
a partir da Constituição Federal de 1988, sendo parte do desenvolvimento social do País. É
considerado como a política pública de maior impacto social, mesmo com todas as dificuldades.
Poucos países possuem sistemas de saúde universais como o nosso. Canadá, Inglaterra e França
possuem um sistema parecido com o SUS, exceto pelas diferenças culturais e pela organização.
É composto pelo conjunto organizado e articulado de serviços e ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde integrantes das organizações públicas de saúde das esferas
municipal, estadual e federal, além dos serviços privados complementares, sendo organizado de
forma regionalizada e hierarquizada.
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1. O QUE É UM SISTEMA?
Para entender o SUS, primeiramente, é necessário entender o que é um sistema. Um
sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados, que interagem para desempenhar uma
determinada função.
No caso do SUS, esse sistema visa a oferecer cuidados de saúde à população: preventivos,
curativos, de reabilitação e de promoção, sendo possível entender melhor as partes desse sistema
na figura a seguir.
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Quadro 1 - Serviços que compõem o Sistema Único de Saúde. Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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• O artigo 196 explicita que a saúde é direito de todos e dever do Estado, o qual deve
garantir acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção
e recuperação.
• O artigo 197 define as ações e serviços de saúde como sendo de relevância pública.
• O artigo 198 constitui o sistema único de saúde, descrito como uma rede regionalizada
e hierarquizada de ações e serviços públicos de saúde, cuja organização deve pautar-se
nas diretrizes: descentralização, com direção em cada esfera do governo; atendimento
integral, com prioridade para as atividades preventivas e sem prejuízo das atividades
curativas; e participação da comunidade. Define, ainda, que o financiamento do sistema
de saúde brasileiro será feito com recursos do orçamento da seguridade social, da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
• O artigo 199 mantém a assistência à saúde livre à iniciativa privada, explicitando, porém,
que as instituições privadas poderão participar do SUS de forma complementar, segundo
diretrizes do SUS e mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
• O artigo 200 apresenta as competências do Sistema Único de Saúde, detalhando as suas
atribuições, as quais foram mantidas na Lei Orgânica da Saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Conforme descrito na Lei 8.080, o SUS pode recorrer à iniciativa privada (preferencialmente,
às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos) complementarmente, quando a disponibilidade de
seus serviços for insuficiente para garantir o acesso e a integralidade de assistência aos cidadãos,
desde que mantenha os seus princípios e mediante contrato de direito público ou convênio.
A Lei 8.142 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Consolida-se, assim,
um importante espaço público de controle social, mediante a participação da população por meio
das conferências e dos conselhos de saúde em todas as esferas de governo.
Em relação aos recursos financeiros do SUS, o artigo 33 descreve que tais recursos serão
depositados em conta especial (os fundos de saúde), em cada esfera de atuação, e deverão ser
movimentados sob o controle e fiscalização dos conselhos de saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao mesmo tempo, vale ressaltar que a normatização do SUS vem sendo implementada
por uma série de legislações que incluem as Leis Orgânicas da Saúde (8.080 e 8.142 de 1990)
e outras leis, emendas, decretos, normas e portarias, editadas posteriormente, além de leis
orgânicas estaduais e municipais necessárias em cada instância, previstas na legislação federal,
que orientam o funcionamento do sistema.
1.3.1.1 Universalidade
É a garantia constitucional de acesso de toda a população aos serviços de saúde, em todos
os níveis de assistência, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. De acordo com a Lei
8.080/90, a saúde é um direito fundamental do ser humano, que deve ser garantido pelo Estado
de forma igualitária, sem discriminações de quaisquer origens. O direito à saúde vai além do
acesso à assistência médica e aos serviços de saúde, englobando o conjunto de políticas públicas
que visam à melhoria das condições de vida da população.
Isso porque o perfil de saúde de uma coletividade depende de condições vinculadas à
própria estrutura da sociedade, e a manutenção do estado da saúde requer a ação articulada de um
conjunto de políticas sociais mais amplas, relativas ao emprego, salário, previdência, educação,
alimentação, ambiente, lazer.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.3.1.2. Equidade
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Nesse sentido, significa um princípio de justiça social, buscando-se corrigir iniquidades sociais
e em saúde.
Observe que há distinção entre equidade em saúde e equidade no consumo de serviços
de saúde. As desigualdades nos modos de adoecer e morrer são diferentes das desigualdades no
acesso aos serviços de saúde, visto que as iniquidades em saúde refletem desigualdades tais, que
têm determinantes mais complexos, não sendo o acesso aos serviços de saúde suficiente para
diminuir as desigualdades no modo de viver e adoecer. No entanto, considera-se que a política
assistencial proposta pelo SUS, de modo a garantir acesso universal e equitativo, representa uma
das estratégias redistributivas de uma política de proteção social.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.3.1.3. Integralidade
É um princípio do SUS, compreendido a partir da Lei 8.080,
Quadro 2 - Diferenças entre promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação da saúde e reabilitação.
Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A composição dos conselhos deve seguir algumas regras fundamentais conforme previsto
em lei:
• A composição do conselho deve ser paritária, isto é, deve garantir que todos os conselheiros
tenham o mesmo peso na hora da votação. Por isso, ele deve ser composto de 50% de
usuários do SUS, 25% de trabalhadores e 25% de gestores.
No que concerne a esse percentual, podem ficar dúvidas se isso é paridade; porém,
ao somarmos trabalhadores e gestores, tem-se 50% de pessoas ligadas ao poder
público que, muitas vezes, votam e lutam por questões parecidas, o que pode
prejudicar os usuários.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Os membros dos conselhos devem ser eleitos por voto ou indicados pelas associações que
representam.
• O conselho deve elaborar um regulamento que oriente seu funcionamento, estabelecendo
regras para a periodicidade de reuniões, presença de conselheiros, forma de votações,
entre outras.
• Os conselhos devem eleger um presidente, que conduzirá as reuniões e votações,
auxiliando nas deliberações. Em muitos conselhos, o presidente não tem direito a voto,
podendo votar apenas em caso de desempate. Em alguns municípios, o presidente é
gerente, determinado por lei ou regulamento.
As conferências de saúde são fóruns periódicos, importantes ao processo de
democratização da política de saúde brasileira, garantido pela Lei 8.142/90 para regulamentar a
participação social no SUS.
A conferência nacional de saúde deve acontecer a cada quatro anos, com representação
de vários segmentos sociais (trabalhadores, usuários, gestores e prestadores de serviços) para
avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis
correspondentes. Deve haver representação paritária entre os usuários e demais segmentos
(trabalhadores, gestores e prestadores de serviços), podendo ser convocada pelo poder executivo
ou pelo próprio conselho de saúde, devendo, ainda, ser precedida pelas conferências nos estados
e municípios. As conferências estaduais devem ter periodicidade semelhante às nacionais e às
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.3.2.2. Descentralização
Esse princípio organizativo do SUS é entendido como uma redistribuição das
responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os três níveis de governo: federal,
estadual e municipal. A Lei 8.080 estabelece a descentralização político-administrativa, com
direção única em cada esfera de governo, com ênfase na municipalização e na regionalização
e hierarquização da rede de serviços de saúde. Fato que implica, além da gestão dos serviços
públicos de saúde para os municípios, a transferência de poder decisório e de responsabilidade
sobre conjunto de serviços (inclusive de prestadores privados) e de recursos financeiros, antes
concentrados na esfera federal.
Essa descentralização busca superar a desarticulação entre os serviços e construir a
coordenação das ações sob direção de um único gestor em cada espaço político-institucional
(o secretário municipal no âmbito do município, o secretário estadual no âmbito do estado e o
ministro da saúde).
Com isso, a distribuição das ações e responsabilidades ficou da seguinte maneira:
• Nível federal: Ministério da Saúde: liderança do conjunto de ações e desenvolvimento
de políticas de saúde, fazendo a execução das ações diretamente apenas em casos de
execução.
• Nível estadual: Secretaria de Estado da Saúde: coordenação, desenvolvimento e avaliação
das políticas de saúde, executando ações também em caráter de exceção e em algumas
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao mesmo tempo, a Lei 8.080 especifica, em seu artigo 35, critérios para o repasse dos
recursos da esfera federal para as esferas estaduais e municipais. Segundo o primeiro critério,
50% dos valores devem ser distribuídos aos municípios com base no número de habitantes; o
segundo critério estabelece que os outros 50% serão repassados de acordo com alguns requisitos
que incluem perfil demográfico e epidemiológico, características quantitativas e qualitativas da
rede de saúde na área, desempenho técnico no período anterior, níveis de participação do setor
de saúde nos orçamentos estaduais e municipais, previsão do plano quinquenal de investimentos
da rede, ressarcimento de atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo.
Fundo de Saúde é uma conta especial que engloba todos os recursos destinados
à saúde, provenientes das diferentes esferas do governo. A conta deve ser
fiscalizada e controlada pelos conselhos de saúde, pelas assembleias legislativas
e câmaras municipais.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Atualmente, o valor atribuído a cada esfera de governo para custeio dos serviços e ações
de saúde é definido pela Emenda Constitucional n° 29 de 2000. De acordo com essa emenda, cada
esfera governamental deve destinar um aporte de recursos mínimos de sua receita para aplicação
na área da saúde. Os estados devem disponibilizar 12%, e os municípios, 15% de suas receitas.
A União deve investir 5% a mais do que havia investido no ano anterior, sendo que, nos anos
seguintes, esse valor deve ser corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).
Para entender quais são as despesas com ações e serviços públicos de saúde e, assim,
direcionar os gestores públicos para o uso correto das verbas, a Resolução n° 322, de 8 de maio
de 2003, explicita:
• vigilância epidemiológica e controle de doenças.
• vigilância sanitária.
• vigilância nutricional, controle de deficiências nutricionais, orientação alimentar e a
segurança alimentar promovida no âmbito do SUS.
• educação para a saúde.
• saúde do trabalhador.
• assistência à saúde em todos os níveis de complexidade.
• assistência farmacêutica.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Norma Operacional Básica SUS 01/91 (NOB 01/91): aprovada pela resolução n°258
e editada pelo Instituto de Assistência Médica e Previdenciária (INAMPS) em julho de 1991,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Norma Operacional Básica – NOB-SUS 01/96 (NOB 01/96), intitulada “Gestão Plena
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
com responsabilidade pela saúde do cidadão”, foi instituída pela portaria n° 2203, a qual passa a
classificar a destinação dos recursos, isto é, onde eles devem ser aplicados pelos municípios.
Sendo assim, essa NOB propõe-se a reformular e aperfeiçoar a gestão do SUS, buscando:
(I) redefinir os papéis de cada esfera do governo para garantia do comando único; (II) criar
os instrumentos gerenciais para que os estados e municípios assumam seu papel de gestores
do SUS, superando o papel de prestadores de serviços; (III) estabelecer mecanismos e fluxos
de financiamentos com transferências automáticas, com base em programações ascendentes
pactuadas e integradas; (IV) introduzir a prática de acompanhamento, avaliação e controle,
baseados em resultados decorrentes de programações com critérios epidemiológicos, entre
outros aspectos.
A partir disso, muitos convênios entre municípios e União passam a ser assinados a
fim de garantir a adesão dos primeiros aos programas estratégicos do MS, como o Programa
Saúde da Família, além da criação do Piso de Atenção Básica (PAB), valor predeterminado per
capita, multiplicado pelo número de habitantes, voltado para ações da AB, o teto financeiro da
assistência, com incentivo à parte para ações de vigilância em saúde e assistência farmacêutica.
Os conceitos de gerência e gestão foram delimitados nessa NOB, implicando papéis
distintos para os que assumem a gerência e os que assumem a gestão. As modalidades de gestão,
criadas na NOB 01/93 na esfera municipal, foram revogadas e substituídas apenas por duas
formas: a Gestão Plena da Atenção Básica e a Gestão Plena do Sistema Municipal, as quais
apresentam responsabilidades diferenciadas para o gestor municipal, além de valores distintos
para o financiamento das ações de saúde, conforme a complexidade das atribuições assumidas.
Gestão Plena da Credencia o gestor municipal para responder pelas ações básicas de
Atenção Básica saúde, ficando as ações de maior complexidade a cargo do Estado.
Gestão Plena do Credencia o gestor municipal para responder por todas as ações e
Sistema Municipal serviços de saúde do município, incluindo as ações básicas e as ações
hospitalares e de maior complexidade.
Para a esfera estadual, a NOB-SUS 01/96 também criou duas modalidades de gestão:
Gestão Avançada do Sistema Estadual e Gestão Plena do Sistema Estadual. Ao estado, além
do papel de apoio logístico e de atuação estratégica para consolidação dos sistemas de saúde
municipais, foram atribuídas as funções de: (I) exercer a gestão do SUS, no âmbito estadual;
(II) promover as condições e incentivar o poder municipal para que assuma a gestão da atenção
integral à saúde de seus municípios; (III) assumir, transitoriamente, a gestão da atenção à saúde
nos municípios que ainda não se habilitaram a uma das formas de gestão; (IV) promover a
integração e a modernização dos sistemas municipais, compondo assim o SUS estadual.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao nível federal, também atribuiu o papel de apoio logístico e atuação estratégica para
consolidação dos sistemas estaduais de saúde e as funções de: (I) assumir a gestão do SUS no
âmbito federal; (II) promover as condições e incentivar o gestor estadual no desenvolvimento
dos sistemas municipais; (III) promover a integração e a modernização dos sistemas estaduais,
compondo, assim, o SUS nacional.
Ao mesmo tempo, a NOB-SUS 01/96 introduziu alterações significativas no mecanismo
de repasse de recursos financeiros com transferência regular e automática fundo a fundo, da esfera
federal para os estados, municípios e Distrito Federal, como forma de favorecer a autonomia
desses na gestão descentralizada do SUS. Com isso, houve a implantação do Piso de Atenção
Básica (PAB) e da Programação Pactuada e Integrada (PPI).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 9 - As reestruturações da Norma Operacional Básica para regulamentação do SUS. Fonte: Kühr (2013).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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Quadro 6 - Resumo das funções das Normas Operacionais. Fonte: Carvalho (2001).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Como uma oportunidade aos gestores federados no âmbito do SUS, de avanço estratégico
nessa área, o Pacto pela Saúde visa à qualificação e implementação do processo de descentralização,
organização e gestão do sistema de saúde do Brasil, à luz da evolução e aprimoramento do processo
de pactuação intergestores.
Entre seus objetivos, destacam-se os de elencar, aperfeiçoar e definir responsabilidades
sanitárias e de gestão por meio de três componentes: o Pacto pela Vida (PV), o Pacto em Defesa
do SUS (Pdsus) e o Pacto de Gestão (PG).
Figura 10 - Administração pública: o pacto pela saúde como uma nova estratégia de racionalização das ações e SAÚDE COLETIVA | UNIDADE 2
serviços em saúde no Brasil. Fonte: Fadel (2009).
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1. Saúde do Idoso
2. Controle do câncer do colo do útero e da mama
3. Redução da mortalidade infantil e materna
Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e endemias,
4.
com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza
5. Promoção da saúde
6. Fortalecimento da atenção básica
Quadro 7 - Vertentes das prioridades no Pacto pela Vida. Fonte: Brasil (2006).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Entre os objetivos propostos para o fortalecimento da atenção básica (AB), está a adoção
da estratégia Saúde da Família. Preconiza-se a sua ampliação nos grandes centros urbanos e
sua consolidação nos pequenos e médios municípios. Outro objetivo nessa direção é a garantia
da infraestrutura necessária ao funcionamento das Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de
recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas por
esses serviços. O financiamento da atenção básica é definido como responsabilidade das três
esferas de gestão.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A portaria que estabelece o Pacto pela Saúde (399) também determina a revisão
dessas metas e objetivos do Pacto pela Vida e de Gestão do SUS no biênio 2010-
2011. A portaria n°2669, de 03/11/2009, traz os itens anteriormente citados, além
do acréscimo de novas metas e objetivos como: (I) fortalecimento da capacidade
de respostas às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue,
hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite e AIDS, além da saúde mental
do trabalhador; (II) fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde
às pessoas com deficiência; (III) atenção integral às pessoas em situação ou risco
de violência; (IV) e saúde do homem.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 13 - Critérios dos eixos estruturantes para recortes territoriais que permeiam o pacto da Gestão. Fonte: Brasil
(2006).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para conhecer melhor o Pacto pela Saúde, você pode ler os livros
disponíveis no site do Departamento de Atenção Básica, cujo link é
o http://conselho.saude.gov.br/webpacto/index.htm.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, foi possível entender que o SUS foi criado como resultado da VIII
Conferência Nacional de Saúde e que seu marco legislatório é a Lei Orgânica de Saúde, que
engloba as Leis n° 8.080/90 e 8.142/90.
Ao mesmo tempo, notou-se que, para o funcionamento adequado do SUS, são necessários
três princípios que regem o sistema: a universalização, a equidade e a integralidade, e que, para que
esses princípios sejam colocados em prática, são necessárias as diretrizes: participação popular,
descentralização/regionalização e hierarquização. Ademais, aprendeu-se como são utilizados os
recursos financeiros do SUS, por meio das regras que orientam a gestão.
Além disso, viu-se que os Pactos pela Saúde, que são a política orientadora do repasse
de recursos financeiros em vigor, e os papéis dos gestores nesse processo visam à melhoria da
gestão do sistema e possuem metas que são consideradas prioritárias para o cuidado de saúde
das populações.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................ 78
1. HISTÓRICO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE..................................................................................................79
1.1. NÍVEL DE ATENÇÃO EM SAÚDE............................................................................................................................ 85
1.2. DO PROGRAMA AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE À ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA............................91
1.2.1 PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE....................................................................................91
1.2.2. PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA À ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA................................................... 93
1.2.3. PROCESSO DE TRABALHO................................................................................................................................101
1.3. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB).........................................................................................103
1.4. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS)..................................................................................................................106
1.5. REGULAÇÃO DA SAÚDE: AGÊNCIAS REGULADORAS SETORIAIS....................................................................122
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................125
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A reorganização dos serviços e a reorientação das práticas e do processo de trabalho em
saúde têm sido um dos temas centrais do debate conceitual e político no âmbito do SUS. A trajetória
desse debate tem sido marcada pela crítica e redefinição de ideias oriundas de movimentos
internacionais de reforma dos sistemas de saúde, às quais se articulam, dinamicamente, propostas
surgidas da experimentação prática e elaboração de alternativas que refletem a especificidade das
condições nas quais se desenvolve o processo de reforma sanitária no Brasil.
Sendo assim, a presente unidade discute os aspectos organizativos que compõem a
assistência à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, apresenta conceitos
e definições básicas sobre os níveis de atenção em saúde, regionalização e hierarquização, bem
como descreve a constituição das redes de atenção à saúde e sua influência na organização da
assistência.
Ademais, apresenta a relação entre atenção primária, secundária e terciária e a articulação
entre os níveis de atenção por meio da referência e contrarreferência como estratégias de
garantia de acesso a todas as modalidades de assistência e à tecnologia disponível e necessária ao
restabelecimento e manutenção da saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Baseado nessa situação, um marco histórico mundial de atenção primária à saúde foi a I
Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, organizada pela OMS (Organização
Mundial da Saúde) e Unicef (Fundo das Nações Unidades para a Infância), realizada em 1978,
em Alma-Ata, cidade do Cazaquistão, antiga União Soviética. Propôs-se um acordo (chamado
Saúde para Todos no Ano de 2000) entre os países membros no intuito de atingir o maior nível
de atenção à saúde até o ano de 2000, chamado Declaração Alma- Ata.
Essa Declaração foi pactuada e assinada entre 134 países (o Brasil esteve ausente),
definindo a APS, denominada de cuidados primários de saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente
a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental.
A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente entre os países
desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é política, social e economicamente
inaceitável e constitui, por isso, objeto da preocupação comum de todos os países.
• Envolve, além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do desenvolvimento nacional e
comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, a educação,
a habitação, as obras públicas, as comunicações e outros setores.
• Seu acesso deve ser garantido a todas as pessoas e famílias da comunidade mediante sua plena
participação, a um custo que a comunidade e o país possam suportar;
• É o primeiro elemento de um processo permanente de atenção sanitária que inclui, pelo menos:
educação, no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para sua prevenção e
controle; promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada; provisão adequada
de água de boa qualidade e saneamento básico; cuidados de saúde materno-infantis, inclusive
planejamento familiar; imunização contra as principais doenças infecciosas; prevenção e controle
de doenças endêmicas; tratamento apropriado de doenças e lesões comuns; e fornecimento de
medicamentos essenciais;
• Deve ser apoiada por sistemas de referência integrados, levando à progressiva melhoria da atenção
integral à saúde para todos, dando prioridade aos que têm mais necessidade.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quadro 4 - Comparação das características de implementação da APS seletiva e da APS integral renovada. Fonte:
WHO (2012).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Observe, na figura anterior, que a base mais larga representa a atenção básica e o volume
de pessoas que podem ter suas demandas atendidas e solucionadas nesse tipo de atenção.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
É o primeiro nível de atenção à saúde (contato preferencial dos usuários), que se orienta
por todos os princípios do sistema, inclusive a integralidade. Emprega tecnologia de baixa
densidade e procedimentos menos complexos. Deve ser a porta de entrada no sistema e estar
preparado para resolver até 85% dos problemas de saúde da população.
Por conseguinte, note que a pirâmide vai se estreitando, até chegar à alta complexidade,
sendo nítido que apenas parcela da população precisa de atendimentos de alta complexidade.
Logo, o serviço de média complexidade corresponde ao nível secundário de atenção à
saúde e compreende-se de serviços e ações que agregam profissionais e recursos tecnológicos
especializados/complexos para o apoio diagnóstico e tratamento e visam a atender às demandas
de saúde que não podem ser devidamente sanadas por tecnologias de baixa densidade.
São as policlínicas/ambulatórios e os hospitais locais e regionais, unidades mistas.
Contempla o Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT), capaz de realizar diagnósticos
tais como laboratórios e ambulatórios de cirurgia.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PROCEDIMENTOS EXEMPLOS
Procedimentos especializados realizados por
Consultas com cardiologistas, fonoaudiólogos,
profissionais médicos, outros profissionais de nível
enfermeiros especialistas, entre outros.
superior e nível médio
Cirurgias de retirada de lipoma e outras cirurgias
Cirurgias ambulatoriais especializadas
que demandem hospitalização.
Quadro 5 - Procedimentos de média complexidade do Sistema de Informações Ambulatoriais. Fonte: Brasil (2007)
.
Figura 2 - Organização das práticas de saúde na rede de atenção no nível secundário. Fonte: Erdmann et al. (2013).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Procedimentos Exemplos
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Observe as duas flechas aos lados da pirâmide (figura 2): referência e contrarreferência,
que representam o modo de “caminhar” dentro dos serviços de saúde, vez que o usuário do
serviço de saúde pode caminhar dentro do mesmo nível de complexidade ou para outros níveis,
de acordo com sua necessidade.
Veja um exemplo de referenciamento: o usuário é atendido na Atenção Básica e precisa
de um exame, da opinião de um especialista ou de um tratamento não disponível na AB. Ele é
encaminhado para um serviço mais complexo pelo médico, por meio de um relatório (guia)
de referência. Cada município tem a sua forma de regular esse processo. Em alguns, o usuário
marca o atendimento diretamente no local; em outros, a guia é retida pela unidade de emissão,
que fica responsável pelo agendamento. Quando é atendido no outro local, o usuário deve
entregar esse relatório ao profissional, que fará a sua avaliação e tomará uma conduta, a qual
deve ser comunicada na mesma guia para o profissional que solicitou a avaliação. Isso é uma
contrarreferência.
Essa organização não serve para impedir as pessoas de serem atendidas onde elas
querem; serve para que elas recebam o cuidado adequado para sua condição de saúde. Não se
pode esquecer de que, quanto mais complexo o cuidado, mais caro ele é, e quem paga por isso é
a população. Outro fator importante é que existem indicações clínicas para se encaminhar um
usuário de um serviço a outro; não basta sua vontade de ser atendido em outro local. Daí a
importância da elaboração de protocolos ou linhas de cuidado voltados para condições de saúde
específicas, explicitando quais as melhores decisões clínicas a serem tomadas diante do quadro
apresentado pelo usuário.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Não existe uma linha de “mando entre os níveis de atenção; nenhum serviço é melhor que
o outro, e ninguém é chefe de ninguém. Existem, sim, parceiros para oferecer o melhor cuidado
de saúde. Essa organização também é uma forma de oferecer os cuidados integrais definidos pela
Lei Orgânica de Saúde (LOS).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Esse agente comunitário de saúde tem um papel importante no acolhimento, por ser um
profissional que faz parte da comunidade e por permitir o contato com a equipe, criando-se,
assim, vínculos, o que proporciona o contato direto com a equipe de saúde e melhor atendimento.
Os ACS devem ser compostos por pessoas da própria comunidade para atuarem junto à
população e deverão ser contempladas por um número mínimo de pessoas, que pode variar de
400 a 750 pessoas. As ações determinantes para cada localidade deverão ser levantadas e descritas
de acordo com a necessidade local por meio de um levantamento dos dados da comunidade e
suas particularidades.
Como atribuições, o ACS deverá: (I) realizar visitas domiciliares, pelo menos, uma vez
por mês em cada família; (II) identificar as situações de risco; (III) programas relacionados à
amamentação e puericultura; (IV) realização de atividades educacionais; (V) realização de
cadastramento e diagnóstico; bem como (VI) mapeamento local. Ao todo, a rotina de um ACS
envolve:
• Cadastramento/Diagnóstico: é a primeira etapa de trabalho e consiste em registrar a ficha
de cadastro do sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB).
• Mapeamento: mapa de registro da localidade das residências das áreas de risco para a
comunidade, suas particularidades e acessórios sociais.
• Identificação de microáreas de risco: identificar os locais de riscos, vulnerabilidade.
• Realização de visitas domiciliares: visitas no domicílio para verificar condições de saúde,
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Características da proposta:
• Cada equipe básica do PSF seria responsável pela cobertura de uma área geográfica
onde habitassem de 800 a 1000 famílias.
• Composição das equipes: um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e
quatro a seis agentes comunitários de saúde.
• Regime de trabalho de dedicação exclusiva e residência obrigatória na comunidade
para os agentes comunitários de saúde.
• Atendimento integral a cada pessoa das famílias.
• Participação da comunidade no controle de qualidade dos serviços prestados pelo
PSF.
• O PSF como a porta de entrada do sistema de saúde.
Objetivos, entre outros:
• Melhorar o estado de saúde da população, por meio de um modelo de assistência
voltado à família e à comunidade, que inclua desde a proteção e a promoção da saúde
até a identificação precoce e tratamento de doenças.
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A alta complexidade não é isolada pelo PSF, interagindo com todos. Cada município
organizará suas ações e padronizará o atendimento. Por exemplo: realizar um planejamento
das ações, pautado no levantamento realizado pela vigilância da saúde, que deverá elaborar um
planejamento de saúde por meio de todas as ferramentas de ação.
A partir do marco inicial, outros documentos foram sendo produzidos e, em 2006, o PSF
passa a ser considerado não mais como um programa, na tradição corrente do Ministério da
Saúde, mas como uma Estratégia Saúde da Família (ESF), o que se deve ao fato de que o termo
“programa” pressupõe tempo determinado, ou seja, algo que acabará, já “estratégia” indica algo
permanente e contínuo, sem prazo para findar.
Com a mudança, a Estratégia Saúde da Família pretende melhorar e ampliar o
atendimento à população, por meio da organização das atividades em um território definido
e expansão das equipes que compõem a ESF, consolidando, assim, normas e leis potenciais no
processo de reorientação do trabalho, propiciando o enfrentamento e a resolução dos problemas
identificados, caracterizando a atenção primária à saúde qualificada e resolutiva.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Nos documentos normativos, a unidade de saúde da família tem papel de porta de entrada
preferencial do sistema local, assegurando a referência e contrarreferência para os demais níveis
do sistema.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O NASF faz parte da atenção básica, está vinculado ao território de atuação da UBS
da família, devendo buscar dentro do SUS a integralidade do cuidado. Os profissionais
que o compõem precisam atuar de maneira integrada à Equipe Saúde da Família e apoiar os
profissionais da equipe de saúde da família, atenção básica e academia da saúde por meio da
educação permanente, das ações de prevenção e do tratamento. Deverão proporcionar a todos
uma inserção em saúde, melhorando a qualidade de todos, as discussões de casos, as consultas,
as referências e as contrarreferências, que são determinantes para a qualidade do atendimento.
Garante-se, assim, o acompanhamento longitudinal de responsabilidade das equipes, ajudando
no fortalecimento dos princípios, na coordenação do cuidado nas redes de atenção à saúde e
servindo de Apoio Matricial em Saúde.
O NASF pode ser dividido em duas modalidades, NASF 1 e NASF 2, podendo ser
compostos pelos seguintes profissionais: médico acupunturista; assistente social; profissional/
professor de Educação Física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico ginecologista/
obstetra; médico homeopata; nutricionista; médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra;
terapeuta ocupacional; médico geriatra; médico internista (clínica médica), médico do trabalho,
médico veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte educador) e profissional
de saúde sanitarista.
Com Portaria 3.124, de 28 de dezembro de 2012, houve a criação do NASF 3, permitindo-
se que qualquer município brasileiro faça a implantação da equipe NASF, desde que possua, pelo
menos, uma Equipe saúde da família.
Cabe lembrar que os gestores municipais são responsáveis pela definição da composição
de cada um dos NASF, utilizando-se, para tanto, de dados epidemiológicos e necessidades locais
de acordo com informações fornecidas pelas equipes de saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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.
Figura 6 - Vigilância da Saúde. Fonte: A autora.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Fica clara a integração entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica para atingir os
resultados com base nas necessidades de saúde da população, considerando-se os determinantes,
riscos e danos à saúde, assim como a integralidade da atenção à saúde nas perspectivas intra e
intersetorial.
Outras estratégias Atenção Básica podem ser reconhecidas desde que sigam os princípios
e diretrizes previstos na portaria e tenham caráter transitório, necessitando-se estimular a
conversão em Estratégia Saúde da Família.
Fato comprovado ao se observar como a portaria descreve a Atenção Básica:
Caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que
abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvidas por meio
de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e
dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade
sanitária (BRASIL, 2017).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Além do descrito na figura, a portaria traz os princípios e diretrizes do SUS e da RAS, que
devem ser seguidos e trabalhados na Atenção Básica.
• Os princípios: universalidade, equidade e integralidade.
• As diretrizes: regionalização e hierarquização, territorialização, população adscrita,
cuidado centrado na pessoa, resolutividade, longitudinalidade do cuidado, coordenação
do cuidado (responsabilidade entre as equipes), ordenação da rede e participação da
comunidade.
Simultaneamente, a portaria aborda outros aspectos importantes como:
• A infraestrutura e o funcionamento da Atenção Básica.
• As responsabilidades são comuns a todas as esferas do governo.
• Participação do agente de combate às endemias (ACE) na Equipe Saúde da Família.
• Criação do Gerente de Atenção Básica, preferencialmente, com nível superior, visando a
ajudar no gerenciamento da UBS e outros profissionais da saúde para que disponibilizem
maior tempo para atendimento na UBS e para visitas domiciliares.
• Como proceder à educação permanente dos profissionais que integram a Atenção Básica.
• Atribuições de cada profissional que compõe a equipe de saúde da família.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A origem das RAS ocorre na década de 1920, no Reino Unido, com o relatório de
As RAS são arranjos que articulam diversos serviços, de todos os níveis de atenção, para
atender a determinadas necessidades de saúde. Ou seja, é composta por um conjunto de unidades,
de diferentes funções, diferentes densidades tecnológicas e perfis de atendimento, que operam de
forma ordenada e articulada no território, de modo a atender às necessidades de saúde de uma
população. Sua construção se baseia na constatação dos problemas de saúde, e sua distribuição é
uniforme à população, no espaço e no tempo, envolvendo tecnologias de diferentes complexidades
e custos. Sendo assim, a organização dos serviços é fundamental para que eles ofereçam as ações
necessárias e de forma adequada. Para tanto, é importante definir as unidades que compõem a
rede por níveis de atenção (hierarquização) e distribui-las geograficamente (regionalização).
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Figura 10 - Aspectos comuns presentes nos diversos conceitos da RAS. Fonte: Mendes (2011).
Figura 11 - Mudança dos sistemas piramidais e hierárquicos para Redes de Atenção à Saúde. Fonte: Mendes (2011).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Várias são as redes de atenção à saúde. Elas podem ser encontradas em decorrência das
ações desenvolvidas, do perfil clínico e epidemiológico de usuários atendidos e das formas como
elas articulam e prestam atendimentos.
Por conseguinte, elas voltam-se às ações individuais e coletivas; ações de promoção,
prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos principais problemas de saúde que
acometem uma população de referência, admitindo, para isso, diferentes composições das suas
unidades.
Na Portaria nº4.279/2010, a RAS institui para o SUS que, no âmbito da saúde, todos
os aspectos devem focar a população de forma integral, por meio de serviços contínuos e de
cuidados que promovam, exclusivamente, o bem-estar e a promoção à saúde.
As redes de atenção devem prestar assistência de forma cooperativa e interdependente,
com intercâmbio constante de seus recursos, estabelecidas sem hierarquia entre os pontos de
atenção à saúde, funcionando como um contínuo de atenção nos níveis primário, secundário e
terciário, com atenção integral e intervenções promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras,
reabilitadoras e paliativas. Além disso, devem funcionar sob coordenação da Atenção Primária à
Saúde (APS), de forma eficiente e ofertando serviços seguros e efetivos e com responsabilidades
sanitárias econômicas inequívocas por sua população.
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Dentre os valores das redes de atenção à saúde, considera-se o fato de elas estarem
voltadas às necessidades de saúde da população, a flexibilidade em seus arranjos e a construção
da confiança entre seus participantes. Elas proveem cuidados clínicos integrados, preocupam-
se com a gestão das mudanças, promovem o ajuste estrutural da oferta de serviços, alinham
governança, gerência e cuidados diretos dentro de uma nova visão, valorizam a prestação dos
serviços por equipes multidisciplinares, fortalecem a governança sistêmica e promovem um
contínuo aumento da qualidade dos serviços.
Figura 15 - Conceito e conteúdos básicos da RAS. Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Vale ressaltar que, associados aos fatores descritos anteriormente, são necessários o
uso de critérios gerenciais e a eficiência econômica, a que se chama microgestão, com vistas à
resolução integrada de atenção à saúde. Descrevem-se, a seguir, 6 ferramentas de microgestão
para a implantação e adequado funcionamento da RAS.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Note que cada serviço pode oferecer um cuidado específico, de acordo com a
necessidade do usuário, mas o usuário será sempre responsabilidade da AB.
Depois de ser atendido por todos esses serviços, o caso deve ser reportado à sua
UBS de referência, com a emissão de todos os relatórios médicos necessários
para a continuidade do cuidado pela equipe de Atenção Básica.
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Como exemplo do funcionamento da Rede Cegonha, tem-se: uma mulher procura a UBS
(AB), pois sua menstruação está atrasada. Ela é acolhida pela equipe de enfermagem, que lhe
faz um teste de gravidez cujo resultado é positivo. A enfermeira da unidade realiza a primeira
consulta, solicita exames, fornece orientações e marca a segunda consulta com um médico dali
a um mês. A gestante é atendida pelos dois profissionais, que detectam que ela está com pressão
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência: instituída pela Portaria nº 793, de 24 de abril
de 2012, tem como objetivo:
• ampliar o acesso e qualificar o atendimento às pessoas com deficiência temporária ou
permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua no SUS.
• promover a vinculação das pessoas com deficiência auditiva, física, intelectual, ostomia e
com múltiplas deficiências e suas famílias aos pontos de atenção.
• garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território,
qualificando o cuidado por meio do acolhimento e classificação de risco.
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Mas o que seria pessoa com deficiência? A Lei n° 13.146, de 6 de julho de 2015, considera
a pessoa com deficiência
[...] aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas (BRASIL, 2015).
Rede de Atenção às Doenças Crônicas: instituída pela Portaria n° 483, de 1° de abril de 2014,
com base na mudança da situação de saúde no Brasil, marcada por uma transição demográfica
acelerada, levando ao aumento da população idosa, associado ao aumento do sobrepeso e
obesidade em crianças e adolescentes, que podem ocasionar o aumento de doenças crônicas na
fase adulta. Expressa-se, assim, por uma situação de tripla carga de doenças, distribuídas em:
doenças Infecciosas, violência urbana e doenças crônicas, sendo esta última responsável por uma
elevada taxa de mortalidade.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao mesmo tempo, a Portaria n°483 estabelece que essas doenças têm início gradual, com
duração longa ou incerta, apresentando, geralmente, múltiplas causas e cujo tratamento demanda
mudanças no estilo de vida em um processo de cuidado contínuo, que usualmente não leva à
cura.
Para tanto, segundo a Portaria 483/2014, a rede tem como objetivos:
• realizar a atenção integral à saúde das pessoas com doenças crônicas, em todos os pontos
de atenção, por meio de ações e serviços de promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde.
• fomentar a mudança no modelo de atenção à saúde, por meio da qualificação da atenção
integral às pessoas com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para promoção
da saúde e para prevenção do desenvolvimento das doenças crônicas e suas complicações.
As prioridades de atenção dessa rede são: drenos cardiovasculares, obesidade, câncer e
doenças cardiovasculares.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A ANVISA também é uma autarquia, criada pela Lei n° 9.782/99, responsável pela
promoção da saúde da população, por meio do controle sanitário e fiscalização de diversos
produtos, como medicamentos, alimentos, cosméticos, serviços, além de portos, fronteiras e
aeroportos.
ANS ANVISA
Missão Promover a defesa do interesse público na Promover e proteger a saúde da população e
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Vale ressaltar que a Agência Nacional de Saúde Suplementar elaborou o Plano de Gestão
Anual para 2020, contendo os seguintes eixos: equilíbrio da saúde suplementar, aperfeiçoamento
do ambiente regulatório, articulação institucional e fortalecimento da governança institucional,
visando a melhorar a qualidade regulatória da agência.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta unidade, foi-se possível compreender que a Atenção Básica é a porta de
entrada e principal referência do usuário do SUS. Viu-se que, no Brasil, existe a PNAB, a qual
define como os serviços devem funcionar e determina as atribuições das equipes e profissionais
que atuam na AB.
Estudou-se, também, o processo de hierarquização, que é a divisão dos serviços de
acordo com a complexidade tecnológica usada para prestar o cuidado de saúde. Percebeu-se que
esses serviços devem ser organizados em RAS, melhorando, assim, a resolutividade e o acesso do
usuário à rede.
O território é a base de todas as ações de AB, e seu reconhecimento é o primeiro passo
para as equipes levantarem dados sobre o perfil da população e planejarem as ações de atenção
à saúde. A ESF, na atualidade, é a ferramenta mais importante para reorganizar a AB e o SUS,
levando as ações de saúde para mais perto da população por meio de atividades realizadas
diariamente.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................128
1. RISCO, VULNERABILIDADE E FATORES DE RISCO EM SAÚDE...........................................................................129
1.1. CONCEITO DE RISCO E VULNERABILIDADE EM SAÚDE...................................................................................129
1.1.1. FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO......................................................................................................................131
1.2. PROMOÇÃO DA SAÚDE E POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE..................................................133
1.2.1. PROMOÇÃO DA SAÚDE.......................................................................................................................................133
1.2.2 CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE...................................................................135
1.2.3. POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE...........................................................................................142
1.3. HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH).........................................144
1.3.3.HUMANIZAÇÃO....................................................................................................................................................144
1.3.4.POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO.........................................................................................................147
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1.4. VIGILÂNCIA EM SAÚDE........................................................................................................................................152
1.4.1. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (VE).................................................................................................................156
1.4.2. VIGILÂNCIA SANITÁRIA (VS)............................................................................................................................157
1.4.3. VIGILÂNCIA AMBIENTAL (VA)...........................................................................................................................159
1.4.4. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (VISAT).....................................................................................159
1.4.5. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO............................................................................................................................160
1.5. COMUNICAÇÃO EM SAÚDE..................................................................................................................................161
1.5.1. COMUNICAÇÃO...................................................................................................................................................161
1.5.2. COMUNICAÇÃO EM SAÚDE: O QUE É E COMO OCORRE?.............................................................................163
1.6. EDUCAÇÃO EM SAÚDE.........................................................................................................................................169
1.6.1. CONCEITUANDO EDUCAÇÃO.............................................................................................................................169
1.6.2. COMO PLANEJAR AS ATIVIDADES EDUCATIVAS?.......................................................................................... 171
1.6.2.1. AS PALESTRAS/AULAS EDUCATIVAS............................................................................................................172
1.6.2.2. OS GRUPOS EDUCATIVOS..............................................................................................................................174
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................177
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Com a promulgação da nova Constituição Federal, em 1988, criou-se o Sistema Único
de Saúde (SUS), estabelecendo a saúde como um direito universal dos cidadãos e um dever do
Estado. Com isso, a cobertura do sistema público de saúde, que, antes, era restrita aos segurados
da previdência social, passou de 30 para 190 milhões de pessoas.
Ao mesmo tempo, a sociedade brasileira tornou-se, predominantemente, urbana, e
cresceu o acesso à água potável, saneamento básico e serviços públicos, como educação e saúde.
O perfil ocupacional, o padrão dietético-nutricional e a frequência da prática de atividade física
também se modificaram.
A expectativa de vida aumentou (segundo o último censo, de 2019, a expectativa de vida
atinge 76,3 anos) e a taxa de fecundidade diminuiu, resultando na diminuição do percentual de
crianças e adolescentes e no aumento do percentual de idosos.
Associada à urbanização e à criação do sistema universal e integral de atenção à saúde,
aos avanços sociais e ao envelhecimento da população, novos agravos, doenças e fatores de riscos
ganharam relevância, como questões de saúde pública. No entanto, a manutenção de uma grande
parcela populacional em situação de pobreza fez com que certos problemas de saúde, que já
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Em virtude desse pensamento, muitos não usam preservativo em 100% de suas relações
sexuais, expondo-se à contaminação, pois têm receio de discutir o assunto com o(a)
parceiro(a) para não o(a) magoar. Logo, a vivência individual pode tornar as pessoas mais
ou menos vulneráveis ao adoecimento.
• dimensão social: afirma que a dimensão individual é fortemente influenciada pelas
questões sociais (o acesso aos meios de comunicação; o nível de educação; a religião;
a cultura local; a disponibilidade de recursos materiais e financeiros; ter liberdade para
tomar decisões dentro do grupo social no qual se está inserido; e muitos outros aspectos).
Para as mulheres, ainda hoje, é difícil discutir questões íntimas com o parceiro, como o
uso de preservativo. Em muitos casos, essa discussão pode gerar violência, pois muitos
homens pensam que as mulheres não têm o direito de questioná-los sobre sua vida sexual,
em razão do machismo de nossa sociedade. Muitas vezes, ouve-se: mas o que foi que ela
fez?, quando uma mulher apanha de seu companheiro. É como se a violência contra a
mulher pudesse ser justificada por suas atitudes e questionamentos.
• dimensão institucional (ou programática): na vida cotidiana, há relações e convívio
com diversas instituições: igrejas, escola, serviços de saúde, locais de lazer e de cultura,
entre outros. Todas essas instituições podem influenciar positiva ou negativamente nossas
vidas, pois podem reforçar comportamentos e atitudes, possibilitar ou não a reflexão e a
transformação de valores pessoais e coletivos, estimular ou desestimular o desenvolvimento
pessoal. Por exemplo: na igreja, aprendem-se valores como a importância de cuidar de si
A expressão grupo de risco, usada com muita frequência para definir pessoas
com maior chance de contrair certas doenças (a AIDS, por exemplo), não é mais
utilizada entre pesquisadores e profissionais de saúde, pois pode desencadear
uma visão preconceituosa sobre os indivíduos que possuem risco maior para o
adoecimento.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Fatores de risco são definidos como “[...] condições ou características que aumentam
as chances de uma pessoa desenvolver uma doença e podem ser de origem hereditária,
socioeconômica/ambiental e comportamental” (ANS, 2019).
Alguns fatores de risco podem ser modificados, reduzindo a ameaça do desenvolvimento
de agravos relacionados a ele, como tabagismo e o sedentarismo. Outros não podem ser
modificados, como os fatores de risco ligados à genética: pessoas com síndrome de Down são
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Uma dose corresponde a 14 g de álcool, o que corresponde, por exemplo, a uma lata
de cerveja de 350 ml, a uma dose de destilado (aguardente, uísque) de 40 mL ou a uma
taça de 150 mL de vinho tinto. Cada dose de álcool demora cerca de uma hora para ser
metabolizada pelo organismo.
• Estresse: pode ser definido como uma reação a situações que produzem sensação de
inquietude e ansiedade. As causas podem ser internas (padrões de reações emocionais
da pessoa) ou externas (situações que o indivíduo não pode controlar, como brigas ou
violência). A pessoa com estresse crônico pode apresentar insônia, irritabilidade, dores
musculares, fadiga e até chegar a um quadro de exaustão mental e física. O estresse é
componente ativo em várias doenças e agravos, desde os transtornos mentais, como
ansiedade e depressão, até o infarto agudo de miocárdio, pois altera bioquimicamente o
organismo ao aumentar a liberação de substâncias como a adrenalina, a qual mantém o
corpo em estado de alerta contínuo. A fim de enfrentar o estresse, indica-se alimentação
saudável, prática de exercícios físicos, lazer e exercícios de relaxamento.
Os fatores de risco apresentados anteriormente estão intimamente ligados aos
determinantes sociais de saúde; sendo assim, não é possível enfrentá-los de forma individual. É
importante que as pessoas saibam que são responsáveis pela própria saúde e que, por estarem em
constante interação com o meio social, mudanças nesse meio impactam na qualidade de vida do
indivíduo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O conceito amplo de saúde, entendida como produção social resultante das interações
entre os processos ecológicos, biológicos, socioeconômicos e culturais, tem sido contexto de
discussão das conferências internacionais de promoção da saúde, cujas proposições visam a
subsidiar os governos para a elaboração de políticas públicas que contribuam para promover a
qualidade de vida e, consequentemente, o bom nível de saúde para suas populações.
Para tanto, vale lembrar da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de
Saúde, ocorrida em Alma-Ata em 1978, que propôs a meta chamada Saúde para Todos no Ano de
2000, enfatizando-se a necessidade de se integrar, aos cuidados com atenção médica, o combate
dos fatores determinantes da doença, compreendendo tais fatores para além das causas biológicas
e, portanto, a insuficiência do modelo biomédico para promover saúde.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Nessa conferência de Ottawa, foram contemplados cinco campos que abrangem ações
necessárias à complexidade de políticas de promoção da saúde:
• Implementação de políticas públicas saudáveis: que diminuam as desigualdades sociais
por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde. Um bom exemplo
de como uma política pública pode ajudar uma cidade a ficar saudável é o transporte:
pensar na redução de veículos particulares nas ruas e a priorização do transporte coletivo
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quadro 2 - Resumo das Conferências Internacionais de Saúde. Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diante dos fatores de risco, o papel dos profissionais de saúde é atuar no cotidiano
como educadores dos usuários dos serviços, divulgando informações de saúde comprovadas e
recomendadas cientificamente, estimulando as pessoas a terem hábitos saudáveis e a participarem
ativamente de suas comunidades, associações e outros fóruns de discussão que falem sobre os
problemas comuns a todos, de modo que possam ser formuladas propostas de melhoria. Somente
ações sociais amplas, vindas das comunidades e sociedade, causarão impacto positivo, no que
tange aos riscos em saúde, e reduzirão a vulnerabilidade das comunidades ao adoecimento.
1.3.3.Humanização
O tema humanização em saúde emergiu junto ao crescente desenvolvimento técnico-
científico da medicina em meados do século XX, junto às transformações ocorridas na formação
médica, desde o Relatório Flexner, de 1920. Veio a influenciar as demais profissões da saúde,
pautadas no paradigma científico das ciências biológicas ou biomedicina. As práticas de saúde
como práticas sociais foram, ao longo do século passado, crescentemente se baseando na
racionalidade científica, incorporando tecnologias duras e colocando em segundo plano, ou
subsumindo, as denominadas tecnologias leves ou relacionais.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A palavra “humanização” vem do Latim humanizar + ação, que, por sua vez, deriva
de humanus – “relativo ao homem, próprio do homem; que convém ao homem”. A palavra
“humanização” significa, então, o ato ou efeito de humanizar(-se), de tornar(-se) benévolo ou
mais sociável, ameno, tolerável.
No campo da saúde, o termo humanização envolve transformações profundas nas práticas
sanitárias, tanto no âmbito da gestão quanto no da atenção, apontando para a necessidade de
democratização das relações entre os sujeitos envolvidos na produção do cuidado. Segundo
Benevides e Passos (2005), humanização pode ser definida “[...] como a valorização dos processos
de mudança dos sujeitos na produção de saúde”, o que possibilitará um reposicionamento dos
sujeitos (trabalhadores da saúde, usuários e gestores) implicados nas práticas de saúde para
transformar a realidade, com vistas à construção de novos modos de organizar serviços de saúde
e produzir cuidado com maior qualidade para quem trabalha e para quem é atendido nos serviços
de saúde.
Sendo assim, duas questões tornam-se importantes em torno da humanização: em que
consiste humanizar o cuidado em saúde? E a outra: o que seria desumanizá-lo?
Dentre as práticas identificadas como desumanizadoras, tem-se:
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A PNH, ou HumanizaSUS, é uma política criada pelo MS, cuja elaboração e implantação
se deu após ampla discussão com os setores da sociedade envolvidos com a humanização do SUS.
Foi pactuada entre a Comissão lntergestores Tripartite e o Conselho Nacional de Saúde, no ano
de 2003.
A PNH, portanto, é uma política do e para o SUS, formulada a partir de experiências
exitosas do “SUS que dá certo”, operada com base em um compromisso ético-político de assegurar
o direito à saúde, à resolubilidade e à qualidade da atenção à saúde, valorizando os usuários, os
trabalhadores e os gestores.
Assim, tem como objetivo principal qualificar a gestão e a atenção à saúde, isto é, induzir
inovações nas práticas gerenciais e nas práticas da saúde, colocando, para os diferentes coletivos/
equipes envolvidas nessas práticas, o desafio de superar limites e experimentar novas formas de
organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de poder, em uma perspectiva
de desenvolver democracia institucional nas organizações de saúde. Baseia-se em três macro-
objetivos, conforme descritos na figura a seguir.
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Sendo assim, a PNH proposta contém princípios, diretrizes e dispositivos que visam a
efetivar os princípios do SUS, enfatizando a reorganização dos processos de trabalho, por meio
do desenvolvimento de coletivos e grupalidades que permitam a ampliação da capacidade de
análise e de intervenção nas organizações de saúde.
A humanização envolve a valorização dos sujeitos implicados no processo de produção
de saúde, a partir de valores como autonomia, protagonismo, construção de vínculos solidários,
desenvolvimento de redes de cooperação e participação coletiva nos processos de gestão, com
vistas à mudança dos modelos de atenção e gestão em saúde. Com tudo isso, tem-se a valorização
da dimensão subjetiva e coletiva na produção de saúde e nos modos de gerir o processo de
trabalho no SUS, a construção de novas grupalidades e o fortalecimento do compromisso com a
defesa dos direitos de cidadania, particularmente, o direito à saúde.
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A PNH possui três princípios que se articulam entre si, sendo indissociáveis um do outro.
São eles:
• O princípio da inseparabilidade (indissociabilidade) entre gestão e atenção, clínica e política,
o qual designa que os modos de gerir (centralizado, verticalizado ou descentralizado,
democrático, por exemplo) têm influência sobre os modos de cuidar (centrados na doença
ou centrados no sujeito que adoece e em seu contexto social e familiar, por exemplo), e
vice-versa.
• O princípio da transversalidade, que pressupõe abertura ao outro e ampliação dos graus
de comunicação e interações entre os sujeitos do cuidado (gestores, trabalhadores/
profissionais e usuários), compartilhamento de saberes, poder, afetos, aumento de
grupalidades, com vistas a promover mudanças nas práticas de saúde.
Este último princípio caracteriza a PNH como política transversal, a qual atravessa as
diferentes ações e instâncias do SUS, englobando os diferentes níveis e dimensões da atenção e
da gestão, visando a:
◦◦ Materializar os princípios do SUS em modos de operar os diferentes equipamentos e
sujeitos na rede de produção de saúde.
◦◦ Criar condições de possibilidades para a realização de trocas solidárias e
comprometidas com a produção de saúde e de sujeitos.
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• Clínica ampliada, entendida como um compromisso radical com o sujeito doente, uma
vez que busca ampliar o objeto de saber e de intervenção da clínica. Sendo assim, engloba
certos eixos fundamentais, como:
◦◦ compreensão ampliada do processo saúde-doença.
◦◦ construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas.
◦◦ transformação dos meios ou instrumentos de trabalho.
◦◦ suporte para os profissionais de saúde.
Em síntese, esses eixos apontam para o reconhecimento do sujeito em seu processo de
adoecimento, considerando sua singularidade, a corresponsabilização na construção de projetos
terapêuticos, o reconhecimento dos limites de cada profissional e das tecnologias disponíveis, além
do compromisso ético e político do trabalhador com a produção da saúde, em uma perspectiva
da integralidade.
• Gestão participativa e co-gestão, criação de espaços de participação nos processos
de tomada de decisão e execução das ações. Configura, portanto, uma proposta de
democratização da gestão, que implica a ampliação do nível de transversalização entre
os sujeitos envolvidos na produção do cuidado em saúde. Esse modelo é centrado no
trabalho em equipe, na construção coletiva e em espaços coletivos que garantam o
compartilhamento do poder por meio de análises, decisões e avaliações construídas
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Diante do exposto, nota-se que o desafio da PNH não é humanizar o humano, mas enfrentar,
lidar e alterar as relações de poder, trabalho e afeto, produtoras de práticas desumanizadas. Logo,
a PNH deve ser vista como uma oferta de mudança que apresenta potencial de transformar o
SUS e de aproximá-lo de suas exigências discursivas com base na reconstrução das relações mais
afirmativas dos valores que orientam a política pública de saúde, fortalecendo, assim, o direito à
saúde e os princípios da universalidade, integralidade, equidade, descentralização e participação
social.
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A vigilância é um serviço tão importante dentro do SUS, que teve suas funções definidas
na Constituição de 1988 (Seção II), in verbis:
Art. 200. Ao sistema único de saúde, compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei:
I. controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
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Anvisa e SVS fazem parte do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS), que,
além desses órgãos, tem em sua estrutura a rede de laboratórios de saúde pública
(Lacen), voltada para o diagnóstico, a investigação e a pesquisa das doenças de
interesse da coletividade, como tuberculose, hanseníase e influenza. Ademais,
compõe-se do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS),
da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, que é referência para questões
normativas relativas aos processos de qualidade dos serviços e insumos, ligados
à vigilância sanitária.
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Como aspectos comuns das vigilâncias que integram a vigilância em saúde, tem-se:
• Poder de polícia administrativa - os serviços de vigilância podem restringir ou condicionar
as liberdades ou a propriedade individual em defesa dos interesses da coletividade. Essa
condição é mais utilizada nas atividades da Vigilância Sanitária (VS). Por exemplo: um
restaurante que não obedece às regras de higiene em relação ao preparo, ao armazenamento
e à distribuição de alimentos e, assim, coloca as pessoas em risco, pode ser fechado se,
após orientações sobre o correto manejo dos alimentos, não houver melhoria da situação
de higiene. Os únicos profissionais que podem determinar esse tipo de ação são aqueles
reconhecidos como autoridades sanitárias pelo poder público.
• Por ser um bem público, a vigilância não pode ser exercida por entidades privadas.
• Toda vigilância é responsável por ações ou atividades que lidam com determinantes e
condicionantes de saúde e com a noção de risco e vulnerabilidade.
• Devem trabalhar com território delimitado e de forma intersetorial.
• Trabalham com processos investigativos, no intuito de descobrir a origem do problema e
caracterizá-lo, os quais podem ser desencadeados por:
◦◦ Notificação.
◦◦ Identificação durante ações de fiscalização.
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A Vigilância Sanitária (VS) também foi definida pela Lei n ° 8.080/90, no art. 6°, parágrafo
2°, como “[...] um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e
de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde” (BRASIL, 1990), abrangendo:
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• SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos): suas informações provêm das
declarações de nascidos vivos, documentos emitidos pelos serviços nos quais acontece o
parto e, em caso de parto domiciliar, no serviço de primeiro atendimento, ou cartório.
Desse documento, constam as informações de filiação materna, dados sobre o pré-natal
e nascimento.
• SIM (Sistema de Informação de Mortalidade): os dados são gerados a partir das certidões
de óbitos, que podem ser preenchidas somente pelo médico que certificou a morte ou
pelos Serviços de Verificação de óbitos (SVO) e/ou Instituto Médico-Legal (IML).
• CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde): cadastro que contém
informações de todos os trabalhadores de serviços de saúde, tanto da rede pública quanto
da rede suplementar (serviços privados) e a descrição dos serviços: equipamentos,
estrutura física e serviços oferecidos.
• SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações): apresenta
dados provenientes de todos os serviços que executam ações de vacinação, sobre doses
administrativas, tipos de vacina, faixa etária, entre outras informações.
• SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas): recebe dados
sobre intoxicações e envenenamentos dos centros regionais de informação, presentes em
todas as regiões do Brasil.
1.5.1. Comunicação
A palavra “comunicar” vem do Latim comunicare, que significa “por em comum”.
É definida como o conjunto de estratégias para a transmissão de mensagens. Para tanto,
deve ser estabelecida uma relação de troca, no intuito de que se entenda a mensagem, visto que,
quando ela não é compreendida, não houve comunicação, mas tão somente transmissão de
informação.
Logo, para que exista comunicação, é necessário se expressar de maneira correta e dominar
o conteúdo a ser repassado aos indivíduos. Dessa forma, é possível influenciar na cooperação,
participação, liderança e solidariedade.
Há dois tipos de comunicação:
- Verbal: mais frequente e habitual, conceituada como a troca de informações que se
utiliza de linguagem escrita (e-mail, chat) ou oral (o falar, em que o ritmo, a entonação e o tom
da voz influenciam).
Nesse caso, dois fatores são extremamente importantes: a clareza da informação ao se
falar e/ou escrever o texto, o qual precisa ser claro para a compreensão por parte da pessoa que
recebe a informação. E a objetividade, quando se é direto para expressar o que se deseja informar.
Logo, ao se comunicar com objetividade, deve-se falar ou escrever com exatidão, sem incorporar
informações desnecessárias à situação comunicativa.
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- Não verbal: são os instrumentos utilizados para comunicação, que não envolvem a
linguagem oral ou representações por sinais gráficos, escritos. São exemplos a linguagem corporal,
expressões faciais, gestos, cores, sinais, sons.
A postura de uma pessoa é extremamente importante na transmissão de mensagens visto
que, ao se analisar a posição do corpo (ombros caídos, mãos abertas, braços esticados), é possível
analisar o comportamento da pessoa e, assim, a expressão de seu caráter e atitude.
Para que a comunicação ocorra de forma correta, é necessária uma sequência de elementos
interligados para que a mensagem chegue ao destinatário de forma segura e clara.
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Portanto, a comunicação em saúde deve ser vista como prática de cidadania por consentir
que as diferentes classes sociais tenham acesso à informação de modo a fazer parte de seu
cotidiano. É necessário o conhecimento da realidade brasileira e ter o Sistema Único de Saúde
(SUS) como responsável pelos modelos de comunicação, contando com profissionais capacitados
para o esclarecimento do que lhes é de direito, visando a garantir e a fortalecer a autonomia
dos indivíduos e das comunidades, e não apenas normatizar condutas. Amplia-se, assim, a
participação.
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Com isso, a participação comunitária, no âmbito dos serviços ofertados aos usuários e no
âmbito da comunidade, torna-se importante no intuito de apoiar o sistema público e privado nos
serviços de atenção à saúde.
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SPIKE S
Significado em Significado em
Sigla Ações
inglês Português
● Treinar antes é uma boa estratégia.
● Manter a calma.
P r e p a r a n d o - ● Procurar um lugar calmo.
S Setting up se para o ● Manter um acompanhante junto com o paciente para
encontro deixá-lo seguro.
● Escutar o que o paciente diz e mostrar atenção e
carinho.
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Figura 15 - Educação em Saúde e suas faces. Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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Figura 16 - Eixos da Educação Popular em Saúde e suas faces. Fonte: Brasil (2013).
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• O que posso usar/ o que tenho disponível para auxiliar as discussões? Cartazes, música,
televisão, imagens, lousa para anotações. Para cada conteúdo, pode-se usar mais de um
tipo de recurso audiovisual. No entanto, lembre-se de que nem sempre recursos com mais
tecnologia, como datashow, existirão ou serão os mais adequados para a situação.
Dentre as atividades educativas, a Palestra e os Grupos Educativos são bastante utilizados
e importantes no campo da saúde; sendo assim, veja como planejar cada um deles a seguir.
Antes de iniciar, pense se já assistiu a alguma palestra ou aula que eram um tédio
absoluto. Em caso afirmativo, é provável que pouca coisa tenha sido aprendida nessa situação,
pois, provavelmente, você estava em um papel passivo, apenas recebendo informações.
Palestras ou aulas expositivas são uma faca de dois gumes: se não usadas corretamente,
reforçam aspectos negativos sobre o que está sendo dito ou fazem as pessoas adormecerem.
O profissional não pode perder de vista o fato de que as pessoas só aprendem quando veem
significado e utilidade naquilo que estão aprendendo.
Outro problema que pode resultar de uma aula ou palestra mal planejadas e executadas é
o fato de o profissional ficar “ditando regras” de comportamento, “mandando” as pessoas fazerem
isso ou aquilo, defendendo que sua forma de fazer é a melhor e desqualificando o conhecimento
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Por que você vai falar sobre Qual a relevância do tema para essa A cada verão, aumenta o número de casos
esse assunto? população? de dengue na cidade.
Seu público será definido por faixa Moradores adultos da área de abrangência
Qual o público-alvo?
etária, sexo, condição de saúde? da unidade.
Defina o local, considerando
a quantidade de pessoas que
Qual o local e o horário em
participarão da atividade. Evite A praça do bairro, das 14 h às 15h.
que acontecerá a atividade?
palestras com muita informação e
pouca atividade.
Escreva sua palestra. Ela deve ter: Use a linguagem do dia a dia, evite usar
Como a apresentação deve
introdução, desenvolvimento e termos técnicos em excesso e, se utilizá-
ser elaborada?
conclusão. los, esclareça-os.
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Na conclusão da atividade, deve-se fazer um resumo breve sobre o que foi falado, de
preferência, com a participação das pessoas, estimulando a reflexão sobre o assunto. O palestrante
também deve ficar atento à duração da discussão, pois a atividade deve ter começo, meio e fim. Se
o tempo for extrapolado, a tendência do palestrante, principalmente o iniciante, é acelerar a fala
para acabar rápido. Nessa situação, muitas informações importantes são esquecidas e não sobre
espaço para uma reflexão conjunta sobre o que foi apresentado.
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• No encontro final, o condutor do grupo pode apresentar uma síntese de tudo o que foi
discutido no decorrer dos grupos, estimulando os participantes a expressarem o que
aprenderam e o que fazem de diferente para manter sua saúde após a participação no
grupo.
Trabalhar com grupos pode ser gratificante, mas exige habilidade dos profissionais de
comunicação e organização para que o grupo não se perca no caminho. É muito comum os
grupos fechados começarem com um número razoável de participantes e verem esse número
diminuir ao longo dos encontros. Também é comum que os grupos abertos comecem com um
número pequeno de integrantes, fiquem grandes com o passar dos encontros e, depois, esvaziem
novamente.
O profissional não pode desanimar diante desses percalços, pois, mesmo com um número
pequeno de participantes, um ótimo trabalho de educação pode ser realizado. A avaliação de
como o grupo é recebido pelos integrantes deve acontecer o tempo todo, pois, com base nela, o
profissional pode ajustar a prática, de forma a responder realmente às necessidades de educação
para a saúde da comunidade em que atua.
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Figura 18 - Complexidade da saúde e a inserção da educação permanente. Fonte: Paim e Almeida Filho (2014).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Saúde Coletiva, desde antigamente, tem se envolvido com lutas teóricas, paradigmáticas,
políticas e ideológicas, implicando repercussões não somente no conhecimento científico, mas
permeável a outros tantos saberes.
Ao mesmo tempo, o indivíduo e a coletividade estão expostos a fatores de risco no meio
ambiente em que vivem, elevando, assim, a chance de adoecerem. No entanto, a presença de
fatores de proteção pode reduzir essa chance.
Para tal situação, tem-se a vigilância em saúde, a qual é um sistema nacional, responsável
por vigiar a situação de saúde das populações por meio de atividades que visam a acompanhar
os determinantes de saúde e os fatores que podem causar adoecimento, além de identificar
precocemente alterações para atuar sobre elas.
Consequentemente, a promoção da saúde, que está presente ao longo da história da
humanidade, desde a preocupação do homem com sua saúde e bem-estar, vem ganhando cada
vez mais espaço por meio de políticas públicas relevantes, contendo objetivos, estratégias para os
profissionais da saúde e o papel dos serviços de saúde em sua execução.
Deve-se ter na comunicação e na educação em saúde duas ferramentas fundamentais ao
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ENSINO A DISTÂNCIA
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