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A.

MOREIRA; Espaço
B. KOPP; restrito aos REEC
C. NARDOCCI; editores
– Revista de layout
Eletrônica da REEC.
de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO PROVENIENTE DE


CISTERNAS E DO RISCO DE INFECÇÃO DA EXPOSIÇÃO A PATÓGENOS
EMERGENTES EM UM BAIRRO DA REGIÃO SUDOESTE DO MUNICÍPIO DE
GOIÂNIA
Quality Assessment of Consumption Water from Cisterns and the Risk of Infection
of Exposure to Emerging Pathogens in a Neighborhood of the Southwest Region of
Goiânia City
Marília Honorato Moreira1, Katia Kopp2, Adelaide Cassia Nardocci3

RESUMO: A análise da água permite levantar informações que garantam segurança


Espaço restrito hídrica e a prevenção de doenças relacionadas à água contaminada. O presente
aos editores de estudo visou avaliar a qualidade da água e empregar Avaliação Quantitativa de Risco
layout da REEC. Microbiológico (AQRM) como uma ferramenta para a definição do risco de infecção
associado à exposição a patógenos emergentes na água subterrânea de um bairro
da Região Sudoeste de Goiânia. Foram analisadas 30 amostras de água, onde para a
avaliação da qualidade da água considerou-se parâmetros físico-químicos e
microbiológicos e para a AQRM abordou-se as etapas de identificação do perigo,
avaliação da exposição, avaliação dose-resposta e caracterização do risco de
PALAVRAS CHAVE: infecção. Os resultados obtidos demonstraram que a água subterrânea do bairro
está fora dos padrões de potabilidade, principalmente em relação aos parâmetros
Qualidade da Água; microbiológicos, que em todas as amostras apresentaram valores fora do limite
Água Subterrânea; estabelecido pela legislação. A AQRM mostrou valores de risco anual elevados,
Avaliação Quantitativa de acima do limite definido pela US EPA. O estudo evidenciou a urgência do
Risco Microbiológico; estabelecimento de ações de gerenciamento de risco para a água do local estudado.
Cisternas; ABSTRACT: A water analysis provides information on water security and prevention of
Fossas Negras; diseases related to contaminated water. The present study allows the evaluation of
water quality and the Quantitative Assessment of Microbiological Risk (AQRM) as a tool
to change the risk of infection associated with exposure to emerging groundwater
KEYWORDS: pathogens in a neighborhood of the Southwest of Goiânia. Thirty water samples were
Water Quality; analyzed, where the water quality assessment considered the physicochemical and
microbiological tests and the AQRM addressed the steps of hazard identification,
Underground Water; exposure assessment, dose response assessment and infection risk characterization. The
Quantitative Microbial results show that the groundwater in the neighborhood is out of potability standards,
Risk; especially in relation to microbiological parameters, which in all samples are shown
Cisterns; values outside the limit allowed by the legislation. AQRM had high annual risk values
above the limit set by the US EPA. The study highlighted the urgency of establishing risk
Pit Latrine. management for the water for the local population studied.
* Contato com os autores:
1 e-mail: mariliahhonorato@gmail.com ( M. H. Moreira )
Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária (Universidade Federal de Goiás - UFG), (62) 98136-9928
2 e-mail: kakopp@gmail.com ( K. A. Kopp )
Bióloga (Universidade Federal de Santa Maria - UFMS), Doutora (Universidade Federal de Goiás - UFG), Docente (Universidade
Federal de Goiás - UFG)
3 e-mail: nardocci@usp.br ( A. C. Nardocci )

Física (Universidade Federal de Londrina - UEL), Doutora (Universidade de São Paulo - USP), Docente (Universidade de São Paulo -
USP)
ISSN: 2179-0612 © 2019 REEC - Todos os direitos reservados.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

1. INTRODUÇÃO

A Portaria de Consolidação nº 5/2017 (Brasil, 2017) do Ministério da Saúde define a água para
consumo humano como sendo a água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e
à higiene pessoal, independentemente da sua origem. Nesse contexto, a água para consumo humano pode
ser obtida de forma superficial ou subterrânea, desde que atenda aos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos necessários para que não ocorra a transmissão de doenças à população que a consome.
A escassez e a baixa qualidade dos recursos hídricos vêm aumentando em função de diversos
fatores como a poluição e contaminação das águas, o crescimento da demanda em algumas localizações
em função de aglomerados urbanos, desenvolvimento industrial e agrícola (Ribeiro et al., 2019). O
crescimento acelerado dos núcleos urbanos, diversas vezes sem obedecer aos códigos e legislações dos
municípios, muitas pessoas enfrentam desafios quanto à demanda de água potável (Arantes et al., 2013).
Nesse contexto, o uso da água subterrânea, captada por poços rasos, como fonte de
abastecimento individual, apresenta-se como uma alternativa bastante adotada em todo o País. Segundo
com Machado (2005), historicamente, o uso de poços e cisternas ocorre, pois, grande parte dos seres
humanos se desenvolveu em regiões que não possuíam água em sua superfície. Através de poços podiam
captar água subterrânea para o próprio consumo e ainda para outros fins.
No entanto, Moreira e Pomini (2017) afirmam que mesmo tendo acesso a água tratada, uma
parte da população opta pela perfuração de poços, visando economia financeira e a abundância de água.
Porém, a ingestão destas águas quando contaminadas, se caracteriza como risco à saúde das pessoas, por
isso é fundamental a fiscalização e a análise das águas subterrâneas.
Por outro lado, a captação por poços rasos, de acordo com Fenzl, Mendes e Fernandes (2018),
exploram os aquíferos próximos à superfície e, portanto, possuem maior probabilidade de contaminação
por fontes antropogênicas, como fossas, cemitérios, postos de gasolina, depósitos de lixo, vazamentos de
redes de esgoto, entre outros.
Tal circunstância é mais preocupante do ponto de vista de saúde pública, posto que muitas vezes
as populações consomem a água subterrânea sem tratamento prévio. Nesse âmbito, Capp, Dos Santos e
Guimarães (2012) constataram, em um estudo realizado na área urbana de Anastácio-MS, que 58,3% dos
consumidores, de água subterrânea obtida por poços rasos, apresentaram a opinião de que a água possuía
ótima qualidade, tendo como parâmetros a aparência limpa e sem sabor da água. Com isso, concluíram
que essa circunstância impede que os consumidores tratem essa água, pelo menos por um processo de
desinfecção, o que certamente minimizaria o risco de veiculação de enfermidades.
No município de Colinas – RS, análises físico-químicas e microbiológicas realizadas em doze poços
rasos, constataram contaminação microbiológica em todos os pontos amostrados, e somente cinco de um
total de doze amostras estavam em conformidade com a até então vigente, Portaria nº 2914/2011 do
Ministério da Saúde (Saling et al. 2017). De Souza et al. (2018), identificaram na área urbana da cidade de
Astolfo Dutra-MG, dentre amostras de água coletadas em vinte e três pontos, que treze apresentaram
presença de coliformes totais e uma apresentou contaminação por coliformes termotolerantes. Ainda,
apenas cinco do total das amostras analisadas atenderam aos parâmetros de potabilidade de água. Tais
resultados evidenciam o risco de contaminação das águas subterrâneas em grandes metrópoles com
abundantes fontes de contaminação, como é o caso do município de Goiânia.
A contaminação da água ocorre pela presença de substâncias tóxicas, radioativas ou organismos
patogênicos, em quantidades prejudiciais à saúde humana. A contaminação por organismos patogênicos
na água pode desencadear a transmissão de doenças infecciosas como cólera, legionelose, febre, tifoide e
gastroenterites (Madigan et al., 2016). Como exemplo, no estudo Usman, Gerber e Von Braun (2018),
realizou-se testes microbiológicos em amostras de água armazenadas em casa, provenientes de poços,
nascentes, rios, entre outros, a nível doméstico e comunitário, de uma comunidade rural da Etiópia, e
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constatou-se que a desinfecção da água para consumo doméstico e o descarte seguro de fezes de crianças
diminuíram a incidência de diarreia infantil em 16% e 23%, respectivamente.
Além da avaliação da qualidade da água, visando atender aos padrões estipulados pela legislação,
a mensuração do risco de infecção pela exposição a patógenos presentes na água, é uma opção para o
controle dos efeitos adversos que a água subterrânea contaminada pode causar.
A avaliação de risco é um mecanismo que possibilita a definição de medidas de intervenção,
controle e análise dos impactos aos riscos associados a uma determinada atividade. Em se tratando de
riscos microbiológicos, a Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico (AQRM), ferramenta empregada
no presente estudo, oferece a definição do risco de infecção envolvendo a exposição a patógenos.
Para a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2016), a AQRM é uma estrutura ou mecanismo que
permite que dados científicos quantitativos sejam interpretados no contexto dos resultados estimados de
saúde, a fim de apoiar a gestão da segurança hídrica. Na pesquisa de Machdar et al. (2013), aplicou-se a
AQRM utilizando uma razão entre Escherichia coli e organismos patogênicos, e obteve-se como resultado
que o risco de infecção por bactérias, vírus e helmintos patogênicos excederam o valor de referência da
Organização Mundial da Saúde (WHO, 2001). Por conseguinte, com base nos resultados, foram propostos
sistemas de intervenção econômicos que reduziriam em 46% o risco de infecção.
De tal modo, a realização desse estudo se justifica pela razão de que a análise da água permite
segurança hídrica e a prevenção de doenças relacionadas à água contaminada. Em casos como o da área
de estudo abordada, um bairro da região sudoeste do município de Goiânia em que se utiliza água
subterrânea para consumo, é imprescindível a aplicação de estudos e ferramentas que possibilitem a
análise dos riscos associados a essa prática, por uma questão de saúde pública.

2. OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água e empregar Avaliação Quantitativa
de Risco Microbiológico (AQRM) como uma ferramenta para a definição do risco de infecção associado à
exposição a patógenos emergentes na água subterrânea de um bairro da Região Sudoeste de Goiânia. Para
a avaliação da qualidade da água buscou-se analisar parâmetros físico-químicos e microbiológicos, e
comparar os resultados com os valores limites estabelecidos pela legislação vigente. A AQRM visou estimar
o risco de infecção diário e anual pela exposição a patógenos presentes na água, utilizando-se de uma
razão entre a presença de Escherichia coli para a presença de patógenos.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO

3.1 ÁGUA SUBTERRÂNEA: CARACTERÍSTICAS, FORMAS DE CAPTAÇÃO E CONTAMINAÇÃO E SAÚDE


PÚBLICA
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Brasil, 1988), dispõe no art. 26, I, in
verbis: Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União.
Nesse caso, o estado de Goiás possui duas leis aplicáveis às águas subterrâneas, sendo a Lei Estadual n.
13.123, de 16 de julho de 1997, e a Lei Estadual n. 13.583, de 11 de janeiro de 2000.
A Lei n. 13.123, de 16 de julho de 1997 (Goiás, 1997), disciplina quanto a Política Estadual de
Recursos Hídricos do estado de Goiás, que engloba o gerenciamento participativo integrado, diretrizes e
instrumentos para a utilização racional dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Tratando-se da Lei
n. 13.583, de 11 de janeiro de 2000 (Goiás, 2000), têm-se uma legislação específica
para conservação e proteção ambiental dos depósitos de água subterrânea no Estado de Goiás.
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Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros
ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas, e
desempenha um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos
(Borghetti, Borghetti e Rosa, 2004).
O município de Goiânia está inserido nos sistemas aquíferos profundos Araxá (SAAX), Complexos
Acamadados (SACA) e Cristalino Sudeste (SACSE). No domínio dos aquíferos freáticos o município engloba
os Sistemas Aquífero Freático II e Aquífero Freático III. O bairro abordado nesta pesquisa localiza-se
integralmente no Sistema Aquífero Freático II. Este sistema aquífero raso inclui todas as classes de
Latossolos e encontra-se fortemente vinculado às Superfícies Regionais de Aplainamento - SRA, com
padrão de relevo suave ondulado a plano. Esta classe de solo apresenta uma feição marcante relacionada à
presença de estruturas do tipo granular ou grumosa que faz com que todos os latossolos independente de
sua textura (muito argilosa, argilosa, franca, siltosa, etc.) resultem em materiais de alta condutividade
hidráulica e elevada porosidade efetiva. Compõem aquíferos intergranulares, contínuos, livres de grande
distribuição lateral, com importância hidrogeológica principalmente relacionada às funções filtro e
reguladora (Goiás, 2006).
Segundo Von Sperling (2014), de toda a água existente na Terra, apenas 0,8% é água doce, sendo
que desse percentual, 97% é água subterrânea e 3% é água superficial. Cleary (1989) definiu que a água
subterrânea no Brasil como uma fonte imprescindível de abastecimento de água, mesmo em locais de
clima e geologia favoráveis ao acúmulo de água superficial. Para Foster e Hirata (1993), as águas
subterrâneas são amplamente utilizadas para abastecimento público, o que é justificado pelos baixos
custos e a excelente qualidade natural.
Hirata et al. (2015), afirmam que o uso da água subterrânea no Brasil aumentou de forma
expressiva nas últimas décadas. A exemplo disso, no estado de São Paulo, 75% dos municípios são total ou
parcialmente abastecidos por água subterrânea, e se observa a presença de milhares de poços privados,
que completam o abastecimento público, geralmente deficiente.
Para Vasconcelos (2015), diante dos estudos realizados por diferentes pesquisadores envolvendo
os recursos hídricos subterrâneos, verifica-se que as captações de águas subterrâneas recebem diversas
denominações, sendo citados termos como cacimba, cacimbão, poço amazonas, cisterna, poço profundo,
poço raso, poço artesiano entre outros. Ainda, cisterna ou poços rasos são as tipologias que interessam a
este estudo.
Os poços rasos são, na maioria dos casos, empregados para abastecimentos individuais que
requerem pequena vazão. São poços de grandes diâmetros (1 metro ou mais), escavados manualmente e
revestidos com tijolos ou anéis de concreto. Possuem geralmente profundidades na ordem de até 20
metros (Gianpá e Gonçales, 2005). São construídos em terrenos facilmente desagregáveis, como aluviões
ou mantos de alteração das rochas cristalinas, e em geral com o uso de equipamentos pequenos, tipo
trados manuais ou mecanizados, ou pequenas sondas que usam jatos de água como elemento perfurador
(Héller e Pádua, 2006).
A captação de águas subterrâneas por poços rasos geralmente limita-se aos denominados
aquíferos freáticos ou aquíferos livres, os quais, para Foster e Hirata (1993), são os mais suscetíveis à
contaminação, especialmente nos locais onde o nível freático é pouco profundo.
De acordo com Libânio (2010), os aquíferos apresentam menor vulnerabilidade a contaminação
do que os mananciais superficiais, contudo, apresentam como agravante a baixa capacidade de
autodepuração. Dessa forma, as águas nos aquíferos subterrâneos possuem uma lenta renovação. Ainda
segundo o autor, a contaminação de mananciais subterrâneos pode ser difusa - como, por exemplo, a
percolação de nitratos e agrotóxicos utilizados na agricultura - ou pontual, como a poluição orgânica por
meio de fossas, postos de combustíveis ou aterros sanitários, ambas quase que exclusivamente de origem
antrópica.
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A contaminação das águas subterrâneas possui diversas fontes, as quais manifestam


contaminantes como: hidrocarbonetos orgânicos, fluoreto e ferro solúvel, matéria orgânica biodegradável,
óleos, graxas, detergentes, necrochorume, substâncias radioativas, metais pesados, ácidos, enxofre,
nitratos e microrganismos patogênicos (Feitosa e Filho, 2008).
A alteração das características físicas, químicas ou biológicas dos mananciais subterrâneos
causam prejuízo à qualidade da água, o que pode ter influência direta sobre a saúde da população que a
consome. Para Dos Santos (2011), sob o ponto de vista da saúde pública, a água pode servir como fator de
promoção da qualidade de vida, bem como meio de transmissão de doenças ao homem sendo, portanto,
imprescindível a avaliação dos fatores que possam interferir na sua qualidade, notadamente daqueles que
representem risco considerável à saúde dos consumidores.
O propósito primário para a exigência de qualidade da água é a proteção à saúde pública. A água
de consumo humano é um dos mais importantes veículos de enfermidades diarreicas de natureza
infecciosa, o que torna primordial a avaliação de sua qualidade microbiológica. As relações entre a
incidência de doenças nos seres humanos e animais, com o excesso ou deficiência de elementos,
particularmente nas águas, são bem conhecidas. Como exemplo temos: a relação entre a hipertrofia da
tireoide e a deficiência de iodo, maior incidência de cáries dentárias e a deficiência de flúor e a fluorose
esqueletal e dentária e o excesso de flúor (Amaral, et al., 2003; Albuquerque, 2002; Oliveira, 2016)
Uma quantidade significativa de doenças pode ser evitada através do acesso ao abastecimento
de água potável, serviços de saneamento adequados e melhores práticas de higiene. A doença diarreia
sozinha é responsável pela morte de 1,5 milhão de pessoas todos os anos. Estima-se que 58% desse ônus
ou 842.000 mortes por ano, sejam atribuíveis ao abastecimento de água, saneamento e higiene inseguros
e influem 361.000 mortes de crianças menores de cinco anos, principalmente em países de baixa renda
(WHO, 2014).
Dentre as possibilidades de alteração da qualidade da água, tem-se a ocasionada pela
contaminação por organismos patogênicos. Segundo Bradford (2017), a contaminação de águas
subterrâneas por patógenos entéricos tem sido associada a surtos de doenças. O manejo adequado e o
tratamento de fontes de patógenos são pré-requisitos importantes para evitar a contaminação da água
subterrânea. O surgimento de patógenos e o aumento das detecções de resistência a antibióticos entre
patógenos bacterianos em águas subterrâneas são temas de crescente preocupação.
Desse modo, levantar a presença desses organismos na água e avaliar os desdobramentos desses
dados frente à exposição da população consumidora, é primordial para o desenvolvimento de ações de
tratamento e segurança da água, seja ela superficial ou subterrânea.

3.2 QUALIDADE DA ÁGUA


O conceito de qualidade da água encontra-se relacionado às características apresentadas pela
água, por sua vez determinadas pelas substâncias (parâmetros) nela presentes. A qualidade da água é um
atributo dinâmico no tempo e no espaço e encontra-se, acima de tudo, relacionado com os usos de uma
determinada fonte (Brasil, 2006).
De acordo com Brito (2007), qualidade da água é definida por sua composição e pelo
conhecimento dos efeitos que seus constituintes podem causar ao ambiente, em especial à saúde do
homem. Para consumo humano, a legislação brasileira dispõe que toda água deve obedecer ao padrão de
potabilidade e define como água potável aquela cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e
radioativos atendem ao padrão de potabilidade e não oferece risco à saúde (Brasil, 2004).
A qualidade das águas subterrâneas é dada, a princípio, pela dissolução dos minerais presentes
nas rochas que constituem os aquíferos por ela percolados. Mas, ela pode sofrer a influência de outros
fatores como composição da água de recarga, tempo de contato água/meio físico, clima e até mesmo a
poluição causada pelas atividades humanas. Além disso, as águas subterrâneas são geralmente mais
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mineralizadas do que as águas superficiais possuem menores teores de matérias em suspensão e matéria
orgânica, e tendem a possuir menor teor de oxigênio dissolvido do que as superficiais (Capucci et al.,
2001).
Para Bortoli (2016), a água de qualidade é aquela que atende a padrões de potabilidade
estabelecidos por órgãos responsáveis estando, portanto, relacionado ao uso a que ela se destina. No
Brasil, a Portaria de Consolidação n° 5 de 28 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde (Brasil, 2017) e a
Resolução nº 396, de 3 de abril de 2008, do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA (Brasil, 2008),
são as legislações que tratam sobre a potabilidade da água para consumo humano, e sobre o
enquadramento e qualidade da água subterrânea.

3.3 AVALIAÇÃO DE RISCO


A avaliação de risco é um procedimento de coleta e análise sistemática de informações
disponíveis e de evidências científicas a fim de determinar a probabilidade de efeitos adversos sobre a
exposição a agentes ambientais perigosos, a fim de subsidiar a tomada de decisão sobre prevenção e
gestão dos riscos.
No caso da exposição a agentes patogênicos presentes no ambiente como bactérias, vírus e
protozoários, aplica-se a Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico (AQRM). O risco microbiológico,
portanto, associa-se à presença de patógenos emergentes e reemergentes os quais provocam riscos à
saúde da população exposta.
Segundo Haas, Rose e Gerba (1999), a AQRM é a aplicação dos princípios de avaliação de risco,
visando trazer a melhor informação disponível para compreender a natureza dos efeitos potenciais de uma
exposição microbiana. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2016), aponta a AQRM como uma forma de
utilizar dados científicos quantitativos como ocorrência de patógenos, persistência do patógeno, eficácia
da barreira, exposição, infectividade, suscetibilidade individual e impacto da doença na gestão de
segurança hídrica, por meio da melhor compreensão do sistema, estabelecimento de limites críticos e
priorização e metas regulamentares.
Assim, a AQRM é um processo formal de avaliação de risco em quatro etapas, onde cada
componente da avaliação é explicitamente quantificada. Resumidamente, essas etapas contemplam a
formulação do problema, a avaliação de exposição, a avaliação dos efeitos à saúde e a caracterização de
risco.

4. METODOLOGIA

4.1 ÁREA DE ESTUDO


O local selecionado para este estudo localiza-se na região sudoeste do município de Goiânia,
próximo à divisa intermunicipal com Aparecida de Goiânia, a cerca de 16 quilômetros de distância da
região central do município. O bairro abrange uma área de 509.210,356 m², e localiza-se nas coordenadas
16°45'2.26"S e 49°21'20.34"O, no Datum Sirgas 2000, em uma altitude média de 856 metros. A Figura 1
apresenta a localização da área de estudo.
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FIGURA 1: Localização da área de estudo na região sudoeste de Goiânia.

O bairro estudado é constituído por 32 quadras e 554 lotes, sendo predominantemente


residencial e composto por, além de residências, alguns comércios familiares e áreas públicas como escolas
e praças. Conforme dados da Prefeitura Municipal de Goiânia (Goiânia, 2013), no ano de 2013, residiam no
bairro um total de 1.735 habitantes.
Na localidade existe rede abastecimento de água, contudo, um número expressivo das
residências ainda utiliza, integralmente ou parcialmente, água subterrânea por meio de poços rasos para
consumo. A destinação do esgoto gerado nas residências é feita para fossas, uma vez que não há rede de
coleta de esgoto na área.

4.2 COLETA DE AMOSTRAS


A partir dos dados georreferenciados da localização do bairro e dos boletins de informações
cadastrais dos lotes, disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Goiânia (Goiânia, 2019), foi possível
associar e mapear para cada lote as características quanto ao abastecimento de água e a destinação do
esgoto sanitário. Assim sendo, selecionou-se 30 pontos de coleta que possuíssem cisternas como fonte de
abastecimento de água, que foram divididos conforme a destinação do esgoto em: 15 onde o esgoto
sanitário era destinado para fossa negra e 15 para fossa séptica. Após tais definições, realizou-se um
sorteio dentre os lotes que atendessem às características para definir os pontos de amostragem (Figura 2).
No entanto, apesar de os dados da Prefeitura Municipal de Goiânia apresentarem informações
quanto à presença de fossas sépticas, nas visitas a campo não foram identificadas estruturas
correspondentes. Desse modo, todas as coletas nos 30 pontos foram realizadas em locais onde a captação
de água ocorre por cisterna e a destinação do esgoto sanitário adotada é fossa negra.
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FIGURA 2: Pontos onde foram realizadas as coletas de amostra para análise.

Para a coleta e preservação das amostras seguiram-se as especificações da Companhia Ambiental


do Estado de São Paulo (CETESB, 2011), respeitando-se as formas e temperaturas de acondicionamento e o
tempo máximo de validade das amostras para cada tipo de análise. Para tanto, aplicou-se os
procedimentos de planejamento de amostragem, organização dos trabalhos de campo, controle de
qualidade na amostragem, equipamento de amostragem e ensaios de campo.
As coletas foram realizadas por três semanas, sendo duas consecutivas e uma após um intervalo
de uma semana, entre os meses de outubro e de novembro de 2019. Ocorreram alguns episódios de chuva
durante a segunda e a terceira semana de coleta.
Para a organização das informações levantadas em campo, foi utilizado um checklists contendo
questões sobre o local da coleta, o horário da coleta, a localização das cisternas e das fossas, focos de
contaminação e observações pertinentes.

4.3 QUALIDADE DA ÁGUA


A avaliação da qualidade da água considerou análises de parâmetros físico-químicos e
microbiológicos, sendo: Turbidez, Alcalinidade, Dureza, pH, Cor aparente, Cor verdadeira, Oxigênio
Dissolvido, Temperatura, Nitrogênio Total, Nitrogênio Amoniacal e Coliformes Totais e Escherichia coli.
As análises físico-químicas dos parâmetros Turbidez, Alcalinidade, Dureza, Cor Aparente e Cor
Verdadeira foram realizadas com base no manual de procedimentos do Standard Methods publicado em
1999 (APHA, 1999). Para os parâmetros Nitrogênio Total e Nitrogênio Amoniacal as análises foram
realizadas conforme o Manual de Análises Físico-Químicas de Águas de Abastecimento e Residuárias (Silva
e Oliveira, 2001). Os resultados de pH, Oxigênio Dissolvido e Temperatura foram obtidos em campo, por
meio da utilização das sondas do medidor digital multiparâmetros HQ40D da Hach.
Para os parâmetros microbiológicos empregou-se o ensaio cromogênico com utilização do kit
Colilert (Iddex), conforme o Standard Methods 9223 (APHA, 2017), para terminação de coliformes por
substratos enzimáticos. Para a definição da concentração de E. coli por 100 ml de amostra empregou-se a
tabela IDEXX Quanti-Tray/2000 para o número mais provável (NMP) por 100 ml.
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A avaliação dos resultados obtidos considerou a qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade, conforme definido no Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5/2017 do
Ministério da Saúde (Brasil, 2017). Os parâmetros que não constam na Portaria foram discutidos conforme
revisões da literatura.

4.4 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RISCO MICROBIOLÓGICO


Com base na estrutura metodológica, foram abordadas quatro etapas: identificação do perigo
(definição dos patógenos preocupantes); avaliação da exposição; avaliação dose-resposta; e caracterização
do risco de infecção (Haas, Rose e Gerba, 1999).

4.4.1 Identificação do Perigo


Foram considerados neste estudo três patógenos de referência: Giardia, Cryptosporidium,
Campylobacter. Tais microrganismos podem causar uma variedade de infecções parasitárias diarreicas,
com efeitos agudos à saúde. Tal realidade reflete-se na legislação brasileira, onde a Portaria de
Consolidação nº 5/2017 do Ministério da Saúde (Brasil, 2017) recomenda a avaliação da presença de cistos
de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. em água destinada ao consumo humano, quando for
identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000 Escherichia coli/100mL.
Deve ser destacado ainda, que Giardia e Cryptosporidium são protozoários oportunistas
responsáveis por doenças de veiculação hídrica, e se apresentam como problemas de saúde pública. Ainda
segundo os autores, tais patógenos são agentes que apresentam (oo)cistos resistentes ao tratamento
convencional de água e se caracterizam por causar sérias morbidades em indivíduos imunocomprometidos
(Fregonesi et al., 2012).
O estudo de revisão de Bataiero (2016), sobre surtos de Criptosporidiose e Giardíase cita um
estudo de San Antonio, Texas (EUA), onde em 1984, foi documentado um surto de Criptosporidiose,
afetando cerca de duas mil pessoas que consumiram água de poço contaminada por esgoto. Em 1998,
também no Texas, cerca de 1400 pessoas foram diagnosticadas com Criptosporidiose devido ao vazamento
de esgoto para a água subterrânea utilizada no abastecimento público. Em estudo realizado por
Mastropaulo e Razzolini (2018), foram identificadas em 53% das amostras analisadas, provenientes de
poços de São Paulo com captação de água para consumo humano, a presença de (oo)cistos de
Cryptosporidium ou de Giardia.
Por outro lado, apesar de pouco estudada no contexto de águas subterrâneas, a bactéria
patogênica Campylobacter apresenta relevância para este estudo, pois também está associada a surtos de
doenças veiculação hídrica. Segundo Chukwu et al. (2019), vários estudos avaliaram a prevalência de
Campylobacter spp em diferentes fontes de água. Na África do Sul, foram identificados em 13% de
amostras de águas superficiais e subterrâneas, e na Nova Zelândia, em 75% de amostras em águas
subterrâneas. Ainda segundo o autor, as contribuições da água para a carga de casos esporádicos de
infecções por Campylobacter podem ser desconhecidas, porque nem todos os casos levam a doenças
graves e, na maioria das vezes, um grau mais brando de doença pode não exigir atenção médica.

4.4.2 Avaliação da Exposição


Para a estimativa da concentração dos patógenos na água de consumo foram utilizadas razões
entre a proporção de patógenos e E.coli propostas por Eregno et al (2016). Segundo o autor, as relações
foram definidas com base em estudos anteriores, e consideraram o contexto das principais fontes de
contaminação microbiana das águas para os sistemas de tratamento de esgoto norueguês (Eregno et al,
2016). A Tabela 1 apresenta as relações entre e E. coli e os patógenos de referência.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

TABELA 1: Valores da literatura quanto à concentração média de patógenos e a proporção


patógeno : E. coli usados como entrada para o modelo
Patógenos e indicador Concentração Razão
Referências
patogênico por 100 ml Média patógeno: E. coli
E. coli 5,9 x 106 Grøndahl-Rosado et al. (2014) 1:1
Giardia 759,5 Robertson et al. (2006) 1,3 x 10-4
Cryptosporidium 678,1 Robertson et al. (2006) 1,2 x 10-4
Campylobacter - Estimado no estudo 2,0 x 10-5
FONTE: Eregno et al., 2016.

Para concentração de E. coli e dos patógenos de referência foram calculados a média e o


percentil 95% aproximado pela distribuição Gamma UCL. Os valores médios e o percentil 95% da taxa de
ingestão diária de água foram obtidos de US EPA (2019) em ml/kg.dia. A fim de adaptar melhor estes dados
à realidade do estudo, os valores foram multiplicados pelo peso corpóreo da população brasileira obtidos
de IBGE (2010). Desse modo, obteve-se o valor da taxa de ingestão médio e percentil 95 em ml/dia. Foram
considerados dois grupos da população: crianças menores de 5 anos e adultos maiores de 20 anos.

4.4.3 Avaliação dose-resposta


A análise da dose-resposta visa a caracterização matemática da relação entre a dose
administrada e a probabilidade de infecção ou doença na população exposta ao patógeno de interesse
(Haas, Rose e Gerba, 1999). Neste estudo, os modelos dose-resposta utilizados foram os modelos
Exponencial e Beta-Poisson. Os parâmetros considerados seguiram o disposto por Eregno et al. (2016), por
se tratarem dos valores mais adequados encontrados na literatura frente aos patógenos de referência
escolhidos e o contexto considerado para o estudo. A Tabela 2 apresenta os parâmetros dose-resposta
considerados no estudo.

TABELA 2: Parâmetros dose-resposta para cada patógeno utilizado na avaliação de riscos


Patógenos Modelos Parâmetros Referências
Giardia Exponencial r = 0,0199 Haas et al. (1999)
Cryptosporidium Exponencial r = 0,2 WHO (2011)
Campylobacter Beta-Poisson α = 0,15, β = 7,9 Teunis et al. (1999)
FONTE: Eregno et al., 2016.

4.4.4 Caracterização do risco de infecção


Segundo Haas, Rose e Gerba (1999), os modelos dose-resposta são dados por as Equações 1, 2:

• Modelo Exponencial

Pi = 1 – e- rd Eq. [1]

Em que:
Pi = probabilidade de infecção para um grupo de pessoas que recebeu uma dose média d;
r = parâmetro característico da relação patógeno-hospedeiro;
d = dose que é dada pelo produto da concentração de patógeno na água pela taxa de ingestão diária.

• Modelo Beta-Poisson

Pi = 1 – (1 + d / β) - α Eq. [2]

Em que:
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

Pi = probabilidade diária de infecção;


β, α = parâmetros característicos da relação patógeno-hospedeiro;
d = dose dose que é dada pelo produto da concentração de patógeno na água pela taxa de ingestão
diária.

O risco anual (Equação 3) é calculado por:

PA = 1 – (1 - PI) 365 Eq. [3]

Em que:
Pa = probabilidade de infecção anual;
PI = probabilidade de infecção diária.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 QUALIDADE DA ÁGUA


A Portaria de Consolidação nº 5/2017 do Ministério da Saúde estabelece em seu Artigo 5º que a
água para consumo humano é definida como a água potável destinada à ingestão, preparação e produção
de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem (Brasil, 2017). Desse modo, define em
seu Anexo XX o conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para consumo
humano, definindo um padrão de potabilidade. Os resultados deste estudo foram analisados com base nas
diretrizes da Portaria.
Os resultados das análises microbiológicas das amostras mostram que, nenhum dos pontos
atendeu aos padrões de potabilidade, uma vez que apresentaram contaminação por coliformes totais e por
E. coli acima dos Valores Máximos Permitidos pela Portaria de Consolidação nº 5/2017, conforme pode ser
observado na Figura 3. Nessa realidade, a situação observada torna a água inadequada para o consumo
humano em virtude do risco de doenças de veiculação hídrica.

FIGURA 3: Valores dos parâmetros microbiológicos em contraste com os Valores Máximos Permitidos (VMP).

Os valores de turbidez apresentaram-se em sua maioria inferiores aos limites definidos pela
Portaria, sendo que apenas uma amostra apresentou valor superior. Quanto aos valores de dureza, todos
foram significativamente inferiores ao valor máximo permitido. As Figuras 4 e 5 apresentam os resultados
desses parâmetros.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

500

50

40

30

20

10

FIGURA 4: Valores do parâmetro Turbidez em contraste FIGURA 5: Valores do parâmetro Dureza em contraste
com os Valores Máximos Permitidos (VMP). com os Valores Máximos Permitidos (VMP).

A Portaria de Consolidação nº 5/2017 define que os valores de pH devem compreender o


intervalo de 6,0 a 9,5. Conforme pode ser observado na Figura 6, 33,3% das amostras coletadas
apresentaram valores de pH inferiores ao limite mínimo, o que indica acidez na água. Além disso, 7
amostras apresentaram valores de cor acima do valor máximo estipulado pela Portaria (Figura 7).

FIGURA 6: Valores do parâmetro pH em contraste FIGURA 7: Valores do parâmetro Cor Aparente em


com o intervalo de Valores Máximos Permitidos (VMP). contraste com os Valores Máximos Permitidos (VMP).

Os parâmetros de alcalinidade, oxigênio dissolvido, cor verdadeira e temperatura não possuem


valores máximos permitidos definidos pela Portaria. Contudo, apesar de não serem inseridos como
padrões para potabilidade, tais parâmetros podem ser considerados, principalmente frente à possibilidade
de oferecerem riscos à saúde.
A alcalinidade é um parâmetro importante a ser considerado pelo caráter corrosivo ou
incrustante que apresenta, bem como pelo fato de que pode afetar o sabor da água em altas quantidades.
A maioria das águas naturais apresenta valores de alcalinidade na faixa de 30 a 500 mg/L de CaCO3 (Brasil,
2014). Dessa forma, observa-se na Figura 8 que os valores encontrados são relativamente baixos, o que
pode indicar uma baixa capacidade da água de neutralizar ácidos.
A cor verdadeira é a cor medida em amostras sem turbidez. É um parâmetro estético, que pode
influenciar na aceitação da água e indica substâncias absorvidas na água (Brasil, 2014). Com isso, os valores
obtidos (Figura 9), exprimem a possibilidade da presença de uma quantidade considerável de substâncias
absorvidas.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

FIGURA 8: Valores do parâmetro Alcalinidade. FIGURA 9: Valores do parâmetro Cor Verdadeira.

Os valores de oxigênio dissolvido (Figura 10) foram medidos em campo na água bombeada das
cisternas. Dessa forma, houve aeração das amostras. Valida-se essas medidas pelo fato de considerar a
água dentro das características em que são consumidas. De tal modo, os resultados desse parâmetro
indicam a boa capacidade da água subterrânea do local em solubilizar esse gás. Os valores de temperatura
levantados, dispostos na Figura 11, estavam condizentes com as temperaturas ambientes nos momentos
das coletas.

FIGURA 10: Valores do parâmetro Oxigênio Dissolvido. FIGURA 11: Valores do parâmetro Temperatura.

Sobre as análises de nitrogênio, para Barros (2004), a presença de nitrogênio numa amostra de
água pode ser indicadora de poluição orgânica. Quanto ao nitrogênio amoniacal, segundo Alaburda e
Nishihara (1998), a amônia pode estar presente naturalmente em águas superficiais ou subterrâneas, em
baixas concentrações. Contudo, a ocorrência de concentrações elevadas pode ser resultante de fontes de
poluição próximas, bem como da redução de nitrato por bactérias ou por íons ferrosos presentes no solo.
No estado de São Paulo, um estudo que visou estabelecer valores de referência de qualidade das
águas subterrâneas de sete aquíferos, apresentou 1,25 mg N/L como valor máximo permitido para a
concentração de nitrogênio amoniacal na água. Além disso, trouxe 0,26 mg N/L como uma média de
concentrações características dos aquíferos estudados (CETESB, 2016).
Neste estudo, cinco amostras apresentaram valores superiores ao limite de 1,25 mg N/L. Além
disso, 17 amostras apresentaram valores bastante superiores à média característica de 0,26 mg N/L de
Nitrogênio Total. Desse modo, tais informações, associadas às altas concentrações de contaminação
microbiológica analisadas, podem indicar contaminação por fontes de poluição próximas.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

FIGURA 12: Valores dos parâmetros Nitrogênio Total e Nitrogênio Amoniacal.

No que diz respeito a informações sobre focos de contaminação, foi observada a presença de
animais de estimação e da disposição de materiais de construção no solo na maioria dos pontos. Em seis
locais observou-se a disposição de resíduos sólidos no solo, contudo, os resultados correspondentes a
essas situações não se destacaram, alguns inclusive se apresentaram inferiores ao de locais onde não
ocorre essa prática. O principal foco de contaminação, comum a todas as residências, são as fossas negras.
Os resultados das análises de qualidade da água demonstram que a água subterrânea do bairro
não se encontra em um padrão de potabilidade adequado, em especial considerando os parâmetros
microbiológicos que apresentaram resultados muito elevados. Os valores de turbidez, cor aparente e
nitrogênio tiveram resultados condizentes com a situação microbiológica, o que pode indicar a
contaminação da água por situações externas e uma grande carga de decomposição de matéria orgânica
no aquífero livre de onde é captada a água.

5.2 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RISCO MICROBIOLÓGICO

5.2.1 Probabilidade de Infecção


A presença de E. coli foi detectada em 100% das amostras dos pontos de captação de água
subterrânea, com concentrações variando de 1 a mais de 2419,6 NMP/100 mL. Para a estimativa das
concentrações de patógenos na água de consumo aplicou-se as razões patógenos/E.coli da Tabela 1 para:
Giardia, Cryptosporidium, Campylobacter. Os valores de riscos diário e anual (média e percentil 95) são
apresentados nas Tabelas 3 e 4, respectivamente, para crianças menores de 5 anos e adultos maiores de
20 anos.

TABELA 3: Risco diário de Infecção


Giardia Cryptosporidium Campylobacter
Grupo
Média Percentil 95 Média Percentil 95 Média Percentil 95

Crianças 6,7 x 10-3 4,8 x 10-2 6,1 x 10-2 3,7 x 10-1 9,9 x 10-4 7,0 x 10-3

Adultos 1,3 x 10-2 6,4 x 10-2 1,2 x 10-1 4,6 x 10-1 2,0 x 10-3 9,4 x 10-3
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

TABELA 4: Risco anual de Infecção


Giardia Cryptosporidium Campylobacter
Grupo
Média Percentil 95 Média Percentil 95 Média Percentil 95

Crianças 9,1 x 10-1 1,0 1,0 1,0 3,0 x 10-1 9,2 x 10-1

Adultos 9,9 x 10-1 1,0 1,0 1,0 5,1 x 10-1 9,7 x 10-1

Os resultados obtidos mostram valores de risco anual elevados para crianças e adultos para os
três patógenos estudados. O risco de infecção por Cryptosporidium foi o maior dentre os patógenos
estudados, seguido pelo risco de infecção por Giardia e Campylobacter. Os valores de risco estão acima dos
limites definidos pela US EPA, que usando a Giardia como organismo de referência, estipulou que o risco
microbiano fosse inferior a 1 infecção por 10.000 pessoas por ano (WHO, 2001).
Os valores de risco elevados têm relação direta com a concentração de E. coli na água, que se
apresentou elevada. Além disso, o uso da relação entre o número de patógenos e E. coli pode ter
superestimado as concentrações de patógenos visto que estas relações são provenientes de estudo
realizado na Noruega, a qual pode não ser representativa das condições brasileiras.
A concentração estimada para Giardia e Cryptosporidium neste estudo, apesar de superior, está
em acordo com o obtido por Mastropaulo e Razzolini (2018), em que foi encontrada, em 53% de 13
amostras analisadas de poços utilizados para abastecimento público em São Paulo, a presença de (oo)
cistos de Cryptosporidium ou de Giardia. Ainda segundo os autores, uma amostra apresentou
concentração de 0,6 oocistos/L de Cryptosporidium, enquanto que em seis amostras foram detectados
cistos de Giardia apresentando concentrações entre <0,1 (Limite de detecção – LD) e 2,0 cistos/L. Desse
modo, as concentrações variaram em uma frequência de 46% para Giardia e 7% para Cryptosporidium.
Neste estudo, as concentrações médias estimadas de Giardia e de Cryptosporidium foram de 0,91
oocistos/L e 0,84 cistos/L, respectivamente.
Contudo, em Mastropaulo e Razzolini (2018), apenas 2,9% das amostras indicaram a presença de
coliformes termotolerantes e E. coli, concomitantemente, bem como não foi detectada E. coli nas amostras
onde se realizou pesquisa de oo (cistos) de Cryptosporidium e de Giardia. Este fato evidencia as incertezas
acerca das relações utilizadas.
Apesar das incertezas envolvidas no modelo proposto, em um cenário de limitação de recursos
para a caracterização e quantificação dos patógenos diretamente, bem como um maior e mais detalhado
número de coletas e análises, o modelo permite estimar o impacto na saúde da população usuária destes
serviços e proporcionar informações importantes para a segurança da água.
Os valores obtidos da análise de risco são um reflexo da alta concentração de coliformes fecais
detectados na água, o que evidencia a degradação da fonte de água e o risco à saúde da população que
consome essa água, em especial sem tratamento prévio.

6. CONCLUSÃO

O presente estudo partiu da preocupação com a saúde de uma população que utiliza água
subterrânea para consumo, em um bairro da região sudoeste do município de Goiânia.
Os resultados obtidos mostram que a água analisada apresenta-se fora dos padrões de
potabilidade definidos pela Portaria de Consolidação nº 5/2017 do Ministério da Saúde, em especial em
relação aos parâmetros microbiológicos, que apresentaram valores elevados e acima dos Valores Máximos
Permitidos pela Portaria.
A. MOREIRA; B. KOPP; C. NARDOCCI; REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol XX- nº X ( 2019)

O risco anual de infecção para os patógenos Campylobacter, Giardia e Cryptosporidium


apresentou valores críticos se comparados ao valor considerado tolerável pela US EPA de 1x10-4.
Com base nos resultados obtidos neste estudo, fica evidenciada a necessidade de se estabelecer
um processo urgente de gerenciamento de risco, o que envolve o fornecimento de água em condições
adequadas e seguras para a população residente nesta área.

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