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CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE MARACUJÁ TÍPICAS DO CERRADO

BRASILEIRO UTILIZANDO A TÉCNICA MULTIVARIADA DE MODELAGEM DA


ESTRUTURA DE COVARIÂNCIA.

Santana, J. A.1; Rocha, R. S. P.2; Porto, B. C. 2; Coutinho, J. P.2; Júnior, E. A. Q.2; Nascimento, J.
S.²; Cardozo, R. M. D. 2*

¹Discentes. Bacharelado em Engenharia de Alimentos. Instituto Federal do Norte de Minas Gerais


Campus Salinas; 2Docentes. Instituto Federal do Norte de Minas Gerais Campus Salinas.

Introdução
O maracujá é pertencente ao gênero Passiflora e no Brasil se destaca por ser uma das frutas com
maior diversidade de espécie nativa desse gênero. Em 2012, o maracujá-amarelo (Passiflora edulis
Sims) correspondeu a 95% de todas as espécies de maracujá cultivadas e os estados que mais
produzem a fruta são Ceará, Minas Gerais, Sergipe, Espírito Santo e São Paulo (IBGE, 2012). O
maracujá do mato (Passiflora cincinnata) é resistente a seca e imune a uma série de pragas, de casca
esverdeada e polpa branca é conhecido pela doçura marcante do fruto (CERRATINGA, 2013).
O cerrado é um bioma natural do interior do país que apresenta frutas nativas de características
sensoriais que agradam o mercado consumidor, através das agroindústrias, a região norte de minas
gerais pode se desenvolver economicamente por meio da produção de polpas de frutas (EMATER,
2013). A técnica de despolpamento, aplicada às frutas, permite a comercialização de polpas
congeladas em regiões não produtoras e o consumo desses alimentos em períodos entressafra, o
congelamento é o principal método de conservação das polpas (SANTANA et al., 2018).
O setor produtivo de polpas é uma área de grandes oportunidades, por proporcionar potencial
dinamismo, rentabilidade e retorno lucrativo a curto prazo, além de inserir a agricultura familiar no
cenário nacional do comércio de alimentos (SOUZA et al., 2016). A venda de polpas de frutas ganha
o destaque por se tratar da aquisição de alimentos mais práticos, saudáveis e naturais. O mercado de
polpas garante, ainda, o comércio de frutas pouco conhecidas e que já despertam o interesse do
mercado externo (MATTA et al., 2005).
A fim de separar as amostras de polpas de frutas do cerrado pode-se, utilizar a análise de
componentes principais (ACP) que é um método estatístico de análise multivariada que converte
linearmente um conjunto original de variáveis correlacionadas entre si, num conjunto
substancialmente menor de variáveis não correlacionadas, que contém a maior parte das informações
do conjunto original. Com o propósito de reduzir a massa de dados, perdendo o mínimo de informação
possível, a ACP transforma um conjunto de variáveis originais em outro conjunto de variáveis de
mesma dimensão denominadas de componentes principais (HONGYU; SANDANIELO; OLIVEIRA
JUNIOR, 2015).
O presente estudo propôs analisar os resultados de sólidos solúveis totais (SST), Viscosidade
(VSC), pH, condutividade elétrica (CE), acidez total titulável (ATT) e açúcares redutores (AR) das
polpas de frutas do gênero Passiflora, comercializadas na região de Salinas-MG pelo método da ACP,


________________
Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq etc
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFNMG etc: nº 123/2009
afim de determinar as propriedades responsáveis pela sua diferença amostral.

Metodologia
As polpas de maracujá e maracujá do campo acondicionadas em embalagens comerciais de 100 g,
foram adquiridas de um produtor da região de Salinas-MG. As unidades foram agrupadas compondo
três amostras. Todos os testes foram feitos em triplicata.
Os parâmetros analisados foram executados de acordo as normas do Instituto Adolfo Lutz (2008),
o teor de SST foi medido em um refratômetro portátil com escala de 0 a 32 ºBrix, a VSC foi
determinada em viscosímetro de Brookfield, as análises de pH e CE foram realizadas,
respectivamente, em pHmetro previamente padronizado com soluções tampões de pH 4,0 e 7,0 e
condutivímetro previamente padronizado com solução padrão de 146,9 µS/cm. A ATT foi expressa
em g/100 g de ácido cítrico (C6H8O7) e os valores de AR foram obtidos por métodos titulométricos
com soluções de Fehling A e B.
Os dados foram submetidos à ACP utilizando o software SAS (Statistical Analysis System) versão
9.0. Foi considerado o critério de Kaiser, que seleciona os k componentes que apresentam autovalores
maiores que 1.

Resultados e discussão
As amplitudes de variação dos dados registrados podem ser observadas na Tabela 1. Aplicando-
se a análise de componentes principais e utilizando-se o critério de Kaiser, é constatado que a análise
do teor de açúcares redutores tem maior influência quando comparada às demais análises de
caracterização das polpas de frutas, com variabilidade entre as amostras de 90,94%, tal variabilidade
é responsável por diferenciar o maracujá do maracujá do campo. No gráfico (Fig. 1) observa-se a
diferença significativa pelo grupo de amostras entre as diferentes polpas de maracujá. Utilizar a ACP
para tratar a diferença entre as polpas de frutas é um método viável e que já vem sendo utilizado com
frequência para tratar, por exemplo, conjuntos de dados referentes aos aspectos químicos e físico-
químicos de sucos elaborados com polpas de frutas do cerrado (SCHIASSI, 2017).

Conclusão
Conclui-se que a ACP é uma ferramenta que possibilita ao analista reduzir a carga de trabalho
durante a caracterização de alimentos, embora todas as informações sobre um alimento sejam
importantes para estabelecer o seu Padrão de Identidade e Qualidade, a estatística pode ser empregada
em etapas do processo de análise em que a diferença entre as amostras em estudo necessitam de uma
resposta imediata.

Agradecimentos
Ao IFNMG Campus Salinas pela estrutura concedida para a realização das análises, à Pró-
Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFNMG (Proppi) pela concessão das bolsas de
Iniciação científica e à Adocicar polpas de frutas pela doação das amostras de polpas de frutas.
Referências
CERRATINGA. Produção sustentável e consumo consciente: Maracujá da Caatinga. 2013. Disponível em:
<http://www.cerratinga.org.br/maracujadacaatinga/>. Acesso em: 18 mar. 2019.
EMATER. AGROINDÚSTRIA DE POLPA DE FRUTAS É ALTERNATIVA DE RENDA PARA
PRODUTORAS EM SALINAS. 2013. DISPONÍVEL EM: <
HTTP://WWW.EMATER.MG.GOV.BR/PORTAL.CGI?FLAGWEB=SITE_TPL_PAGINAS_INTERNAS&ID=1
2334#.WTAGX >. Acesso em: 18 Mar. 2019.
HONGYU, Kuang; SANDANIELO, Vera Lúcia Martins; OLIVEIRA JUNIOR, Gilmar Jorge de. Análise de
Componentes Principais: resumo teórico, aplicação e interpretação. Engineering And Science, [s. L.], v. 1, p.1-8,
2015.
IAL - INSTITUTO ADOLFO LUTZ. MÉTODOS FÍSICO-QUÍMICOS PARA ANÁLISE DE ALIMENTOS. 4ª ED. P. 1020,
SÃO PAULO, INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008.
IBGE. Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Agrícola Municipal: Culturas Temporárias e
Permanentes. 2012. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/66/pam_2012_v39_br.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2019.
MATTA, Virgínia Martins; JUNIOR, Murillo Freire; CABRAL, Lourdes Maria Corrêa; FURTADO, Angela
Aparecida Lemos. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica/ Polpa de fruta congelada , 2005. 35 p. ; 16 x 22
cm. - (Agroindústria Familiar).
SANTANA, Josieder Antunes et al., 7., 2018, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais Campus
Araçuaí. ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE POLPAS DE FRUTAS:
POTENCIALIDADES NA COMERCIALIZAÇÃO COM ALTO VALOR AGREGADO. Araçuaí: Even3,
2018. 3 p. Disponível em: <https://www.even3.com.br/anais/sicaracuai/81697-analise-das-propriedades-fisico-
quimicas-de-polpas-de-frutas--potencialidades-na-comercializacao-com-alto-valor-ag/>. Acesso em: 25 mar. 2019.
SCHIASSI, Maria Cecília Evangelista Vasconcelos. DESENVOLVIMENTO DE SUCOS ELABORADOS COM
POLPAS DE FRUTAS DO CERRADO. 2017. 128 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências dos Alimentos,
Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2017. Disponível em: <http://repositorio.ufla.br/handle/1/12734>. Acesso
em: 20 mar. 2019.
SOUZA, Maria Érica Pereira de et al. ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE POLPAS DE FRUTAS DA REGIÃO SUL
BAIANA-BRASIL: um olhar pautado em indicadores de Localização e Especialização para o período 2006-2013
sobre o município de Ubatã. Observatorio Economía Latinoamericana, Ilhéus, p.1-20, abr. 2016. Disponível em:
<http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/frutas.html>. Acesso em: 18 mar. 2019.

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