Você está na página 1de 8

IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Realização IFNMG – Campus Teófilo Otoni – Maio 2021

Seminário de iniciação Científica do IFNMG. (9. : 2021 : Teófilo


S471a Otoni, MG).
[Anais do] Seminário de iniciação Científica do IFNMG, IX.
Teófilo Otoni: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2021.

Disponível em: <https://ifnmg.edu.br/seminarios-sic>.

ISSN: 2238-085X
Evento virtual ocorrido em 10 a 14 de maio de 2021.

1. Pesquisa Científica. 2. Anais de eventos. I. Instituto Federal


do Norte de Minas Gerais. II. Título.

CDD: 001.42

Elaborada pela Bibliotecária Elciax Cristina de Sousa


- CRB/6 2065
OMNILATERALIDADE E POLITECNIA: ATÉ ONDE CONSIDERAR A INTEGRAÇÃO
DO ENSINO MÉDIO?

SANTOS, A. K. B 1.; QUARESMA JÚNIOR, E. A.2


1
Discente do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (PROFEPT) ofertado
pelo IFNMG ± Campus Montes Claros; 2Docente do Mestrado Profissional em Educação
Profissional e Tecnológica (PROFEPT) ofertado pelo IFNMG ± Campus Montes Claros.

Palavras chaves: Educação; Formação; Formação integral.

Introdução
Embora existam instituições onde o Ensino Médio Integrado (EMI) é praticado apenas como um
curso técnico vinculado ao ensino médio, sua proposta vai além de uma simples articulação. O
objetivo é a formação integral do sujeito. Todavia, mesmo a noção de formação integral pode ser
vista de forma dúbia, pois, apesar de a proposta implicar em uma concepção de formação que
contempla a integralidade humana, social e histórica, entre suas possibilidades estão os conceitos
omnilateralidade e politecnia. Este resumo expandido tem como objetivo, através de um breve
percurso teórico, deslindar a diferença entre esses conceitos, demonstrando os projetos de educação
TXHDEDUFDPHFRPRDYDQoDPHPUHODomRjFRQFHSomROLPLWDGDSHOD³PDWUtFXOD~QLFD´

Material e métodos /Metodologia


Para a construção deste estudo realizamos uma pesquisa bibliográfica, na qual recorremos a
artigos e livros que abordam os temas aqui tratados, de forma crítica e reflexiva.

Resultados e discussão
Quando abordamos o EMI HVWDPRV QRV UHIHULQGR ³D XP WLSR GH IRUPDomR TXH VHMD LQWHJUDGD
plena, vindo a possibilitar ao educando a compreensão das partes no seu todo ou da unidade no
GLYHUVR´ &,$9$77$  S   Conforme Ciavatta (2010), a finalidade dessa formação é
tornar o ser humano íntegro, inteiro, pois, a divisão social do trabalho dividiu o homem entre a ação
de executar e a ação de pensar. Propõe-se, assim, uma formação completa, que propicie a
compreensão das relações sociais implícitas em todos os fenômenos.
Todavia, existe a possibilidade de que a integração seja vista apenas como união de dois cursos,
o técnico com propedêutico, realizados através de matrícula única e conhecimentos fracionados.
Mas não se trata de uma simples articulação. A integração de saberes é fundamental, e está prevista
na Resolução CNE/CP nº 1/2021, norma que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
para a Educação Profissional e Tecnológica.
A concepção do EMI tem como pressupostos os conceitos de educação politécnica, de educação
omnilateral e de escola unitária. A gênese do projeto está na obra de Marx e Engels e na proposta de
educação elaborada por Gramsci (MOURA, 2013). Trata-se de um projeto de educação que se opõe
DR PRGHOR KHJHP{QLFR H FXMDV FRQFHSo}HV IXQGDQWHV WrP RULJHQV QR ³LGHiULR GD HGXFDomR
VRFLDOLVWD´ &,$9$77$S Não é objetivo deste estudo discutir sobre a escola unitária,
mas sim, sobre omnilateralidade e politecnia, com o intuito elucidar a diferença entre esses dois
termos fundamentais para a compreensão da formação integral e do EMI.
Marx e Engels, ao discutirem sobre a necessidade da formação humana integral como condição
IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IFNMG ± TEÓFILO OTONI-MG ± 2020

para a superação da lógica capitalista, apresentam a politecnia e omnilateralidade como um caminho


necessário a ser percorrido no campo da educação. Sousa Junior (1999, p. 102) expõe que,
conforme as obras marxianas, foram delineadas elaborações sobre dois tipos de formação, a
SROLWpFQLFD H D RPQLODWHUDO  ³$ SULPHLUD GL] UHVSHLWR D XP WLSR GH IRUPDomR GR LQGLYtGXR
trabalhador no âmbito da produção capitalista, e a segunda, à formação do homem que se libertou
das deterPLQDo}HVGDVRFLHGDGHEXUJXHVD´
As elaborações sobre esses conceitos estão mais presentes nas obras de Marx e, apesar de o autor
não ter definido precisamente o conceito de omnilateralidade, em sua obra existem elementos
VXILFLHQWHV³SDUDTXHVeja compreendido como uma ruptura ampla e radical com o homem limitado
GD VRFLHGDGH FDSLWDOLVWD´ 6286$ -81,25 2008 S   2 WHUPR ³VH UHIHUH D XPD IRUPDomR
humana oposta à formação unilateral provocada pelo trabalho alienado, pela divisão social do
trDEDOKRSHODUHLILFDomRHSHODVUHODo}HVEXUJXHVDVHVWUDQKDGDV´ 6286$-81,25 2008, p. 284).
)ULJRWWR S HVFODUHFHTXHDSDODYUDRPQLODWHUDOGHULYD³GRODWLPHDWUDGXomROLWHUDO
VLJQLILFDWRGRVRVODGRVRXGLPHQV}HV´(VVHpRVHQWLGRGDHGXFDomRRPQLODWHUDOXPD³FRQFHSomR
de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a
especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para o seu pleno
GHVHQYROYLPHQWRKLVWyULFR´ )5,*2772, 2012, p. 267).
A ideia de desenvolvimento em todas as dimensões refere-se, como explica Ciavatta (2014, p.
  D ³WRGRV RV DVSHFWRV GD YLGD KXPDQD´ 2 SURFHVVR IRUPDWLYR FRQWHPSOD RV VHQWLGRV ItVLFR
intelectual, estético e moral. O conhecimento e o ser humano são considerados na sua totalidade.
De acordo com Sousa Junior (1999, p. 110), a omnilateralidade corresponde a uma totalidade de
PDQLIHVWDo}HV TXH QmR HVWmR UHVWULWDV ³DR QtYHO GD FRPSHWrQFLD FLHQWtILFD WpFQLFD RX SUiWLFD PDV
estão relacionadas a uma infinidade de questões ligadas ao comportamento do homem, ao seu
SUySULRVHU´3RUpPHVVDSRVVLELOLGDGHVyVHHIHWLYD³QDWRWDOLGDGHGDVQRYDVUHODo}HVGHWHUPLQDGDV
pela posse coletiva dos meios de produção, pelas relações de intercâmbio baseadas na igualdade
PDWHULDOVHPWHUFRPRYtQFXORHVVHQFLDORGLQKHLUR´ 6286$-81,25S RXVHMDHP
um outro modelo de sociedade. Nessa perspectiva, Frigotto (2012, p. 269) aponta que:

As possibilidades do desenvolvimento humano omnilateral e da educação omnilateral


inscrevem-se [...] na disputa de um novo projeto societário ± um projeto socialista ± que
liberte o trabalho, o conhecimento, a ciência, a tecnologia, a cultura e as relações
humanas em seu conjunto dos grilhões da sociedade capitalista; um sistema que submete
o conjunto das relações de produção e relações sociais, educação, saúde, cultura, lazer,
amor, afeto e, até mesmo, grande parte das crenças religiosas à lógica mercantil .

Quanto a educação politécnica, Saviani (2003, p. 144) expOLFD TXH ³QD DERUGDJHP PDU[LVWD R
conceito de politecnia supõe a união entre escola e trabalho ou, mais especificamente, entre
LQVWUXomR LQWHOHFWXDO H WUDEDOKR SURGXWLYR´ 2 DXWRU GLVFRUUH VREUH R WHPD DILUPDQGR TXH ³D
politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que
FDUDFWHUL]DP R SURFHVVR GH WUDEDOKR SURGXWLYR PRGHUQR´ 6$9,$1,  S   'HVVH PRGR
³HQYROYHDDUWLFXODomRHQWUHWUDEDOKRLQWHOHFWXDOHWUDEDOKRPDQXDOLPSOLFDQGRXPDIRUPDomRTXH
a partir do próprio trabalho social, desenvolva a compreensão das bases da organização do trabalho
QD QRVVD VRFLHGDGH H TXH SRUWDQWR QRV SHUPLWH FRPSUHHQGHU R VHX IXQFLRQDPHQWR´ 6$9,$1,
2003, p. 142).
5DPRV  S   GHVFUHYH D HGXFDomR SROLWpFQLFD ³FRPR DTXHla capaz de proporcionar aos
estudantes a compreensão dos fundamentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos da
SURGXomR´$DXWRUDUHLWHUDTXHpXPDSURSRVWD TXHURPSH FRP ³DIRUPDomR HVWULWDPHQWHWpFQLFD
para os trabalhadores e a acadêmica para as HOLWHV´ 5$026 S  eXPDIRUPDomRTXH
não se restringe ao ramo profissional e que tem caráter omnilateral, ou seja, está voltada para o
GHVHQYROYLPHQWRGRVVXMHLWRVHPWRGDVDVGLUHo}HV(PVtQWHVH³SROLWHFQLDVLJQLILFDXPDHGXFDomR
que possibilita a compreensão dos princípios científico-tecnológicos e históricos da produção
IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IFNMG ± TEÓFILO OTONI-MG ± 2020

PRGHUQDGHPRGRDRULHQWDURVHVWXGDQWHVjUHDOL]DomRGHP~OWLSODVHVFROKDV´ 5$026S
3).
Considerando as afirmações de Sousa Junior (2008), é possível compreender a relação que existe
entre as concepções de politecnia e omnilateralidade. O autor elucida que:

[...] politecnia e omnilateralidade se complementam no processo desde a formação do


sujeito social revolucionário até a consolidação do Ser social emancipado. Se a
omnilateralidade como formação plena é impossível - senão de forma germinal - no seio
das relações estranhadas da realidade do trabalho abstrato, é precisamente neste momento
que a politecnia aparece como proposta de educação de grande importância, até que se
consolidem as condições históricas de possibilidade de realização plena da
omnilateralidade. A politecnia é a formação dos trabalhadores no âmbito da sociedade
capitalista que, unida aos outros elementos da proposta marxiana de educação, deve
encontrar o caminho entre a existência alienada e a emancipação humana em que se
constrói o homem omnilateral (SOUSA JUNIOR, 2008, p. 289).

(PVtQWHVHDRPQLODWHUDOLGDGHDSHQDVVHID]SRVVtYHOQRFRQMXQWRGHQRYDVUHODo}HVHQTXDQWR³D
politecnia representa uma proposta de formação aplicável no âmbito das relações burguesas,
DUWLFXODGDDRSUySULRPRPHQWRGRWUDEDOKRDEVWUDWR´ 6286$-81,252008, p. 287-288).

Conclusão(ões)/Considerações finais
Da discussão empreendida podemos concluir que omnilateralidade e politecnia avançam em
relação às Diretrizes Curriculares Nacionais, mas são terminologias com significações diferentes.
Tratam-se de dois projetos de educação que vão além do modelo de formação que transmite e
legitima os interesses do capital, e que buscam a formação integral dos sujeitos. Todavia, a
politecnia pode ser classificada como uma via possível de ser trilhada mesmo no sistema capitalista,
enquanto omnilateralidade seria um horizonte utópico almejado, que só seria possível no contexto
de um projeto socialista.

Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021. Define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica. Brasília, 1 jan. 2021. Disponível em:<
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-5-de-janeiro-de-2021-297767578>. Acesso em: 22 mar.
2021.
CIAVATTA, Maria. Formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e identidade. In: FRIGOTTO,
G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (Org.). Ensino médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2010.
p. 83-105.
CIAVATTA, Maria. Ensino integrado, a politecnia e a educação omnilateral: por que lutamos? Revista Trabalho &
Educação, v. 23, n. 1, p. 187-205, 2014. Disponível em: <http://forumeja.org.br/go/sites/forumeja.org.br.go/files/
Ciavatta_ensino_integrado_politecnia_educacao_omnilateral.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2019.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação Omnilateral. In: CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação
do Campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, p. 267-274, 2012.
MOURA, Dante Henrique. Ensino médio integrado: subsunção aos interesses do capital ou travessia para a formação
humana integral? Educação Pesquisa, v. 39, n. 3, p. 705±720, 2013. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?
pid=S151797022013000300010&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 05 fev. 2019.
RAMOS, Marise. Concepção do ensino médio integrado. 2008. Disponível em:< https://tecnicadmiw j.files.word
press.com/2008/09/texto-concepcao-do-ensino-mediointegrado-mariseramos1.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2020.
RAMOS, Marise. Ensino Médio Integrado: Lutas Históricas e Resistências em Tempos de Regressão. In: ARAUJO,
Adilson Cesar; Silva, Claudio Nei Nascimento da (org.). Ensino Médio Integrado no Brasil: Fundamentos, Práticas
e Desafios. Brasilia: Ed. IFB, 2017.
SAVIANI, Dermeval. O choque teórico da politecnia. Trabalho, educação e saúde. Revista da EPSJV/FIOCRUZ, Rio
de Janeiro, ed. Fiocruz, n. 1, p. 131-152, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1981-
77462003000100010&script=sci_abstract& tlng=pt>. Acesso em: 07 dez. 2019.
SOUSA JUNIOR, Justino de. Politecnia e omnilateralidade em Marx. Revista Trabalho & Educação, v. 5, p. 98-114,
1999.
SOUSA JUNIOR, Justino de. Omnilateralidade. In: PEREIRA, Isabel Brasil; LIMA, Júlio César França.(Org.).
Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV, p. 284-292, 2008.
INTEGRAÇÃO CURRICULAR NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO
MÉDIO DE UM INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS

SANTOS, A. K. B.1; QUARESMA JÚNIOR, E. A.2


1
Discente do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (PROFEPT) ofertado
pelo IFNMG ± Campus Montes Claros; 2Docente do Mestrado Profissional em Educação
Profissional e Tecnológica (PROFEPT) ofertado pelo IFNMG ± Campus Montes Claros.

Palavras chaves: Ensino Médio Integrado; Politecnia; Omnilateralidade

Introdução
Apesar de algumas instituições ainda ofertarem o Ensino Médio Integrado (EMI), apenas como
um curso técnico articulado com o ensino médio, sua proposta vai além de uma simples
justaposição de dois cursos. O objetivo é a formação integral do sujeito, através de uma concepção
de formação que contempla a integralidade humana, social e histórica. E para que isso seja
alcançado a integração curricular é essencial. Este resumo expandido apresenta dados de uma
pesquisa em andamento, cujo objetivo é apresentar alguns aspectos da integração curricular prevista
nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) Técnicos Integrados ao Ensino Médio de um Instituto
Federal (IF) de Minas Gerais.

Material e métodos /Metodologia


Este resumo foi elaborado a partir de uma análise documental, etapa em que foram analisados os
PPCs dos Técnicos Integrados ao Ensino Médio de um IF de Minas Gerais. Também foi realizada
uma pesquisa bibliográfica, na qual recorremos a artigos e livros que abordam os temas aqui
tratados.

Resultados e discussão
A proposta de formação do projeto do EMI vai além da possibilidade de articulação do ensino
médio com um curso profissionalizante, refere-se à organização de um processo formativo que
integra trabalho, ciência e cultura, dimensões estruturantes da vida (CIAVATTA; RAMOS, 2012). O
objetivo é tornar o ser humano íntegro, capaz de compreender as relações sociais implícitas em
todos os fenômenos (CIAVATTA, 2010). Entre os pressupostos do EMI estão os conceitos de
educação politécnica e educação omnilateral. Marx e Engels, ao discutirem sobre a necessidade da
formação humana integral como condição para a superação da lógica capitalista, apresentam a
politecnia e omnilateralidade como um caminho necessário a ser percorrido no campo da educação.
A educação omnilateral trata-VHGH³FRQFHSomRGHHGXFDomRRXGHIRUPDomRKXPDQDTXHEXVFD
levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições
objetivas e subjetivas reais para o seu pleno desenvolvimento histórLFR´ )5,*2772  S
267). 4XDQWR D HGXFDomR SROLWpFQLFD p ³DTXHOD FDSD] GH SURSRUFLRQDU DRV HVWXGDQWHV D
compreensão dos fundamentos científicos, tecnológicos e sócio-KLVWyULFRVGDSURGXomR´ RAMOS,
2017, p. 29) (P VtQWHVH ³VLJQLILFD XPD HGXFDomR TXH SRVVLELOLWD D FRPSUHHQVmR dos princípios
científico-tecnológicos e históricos da produção moderna, de modo a orientar os estudantes à
UHDOL]DomRGHP~OWLSODVHVFROKDV´ 5$026S 
Para que os objetivos político-pedagógicos do EMI sejam concretizados nos processos
educativos, é essencial a construção de um currículo integrado (CIAVATTA; RAMOS, 2012) ³2
IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IFNMG ± TEÓFILO OTONI-MG ± 2020

currículo integrado [...] organiza o conhecimento e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem


de forma que os conceitos sejam apreendidos como sistema de relações de uma totalidade concreta
TXHVHSUHWHQGHH[SOLFDUFRPSUHHQGHUHWUDQVIRUPDU´ 5$026S 
Os cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio devem observar as regras estabelecidas na
Resolução CNE/CP nº 1, de 05 de janeiro de 2021. No documento estão descritas as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica. Trata-se de um
³FRQMXQWRDUWLFXODGRGHSULQFtSLRVHFULWpULRVDVHUHPREVHUYDGRVSHORVVLVWHPDVGHHQVLQRHSHODV
instituições e redes de ensino públicas e privadas, na organização, no planejamento, no
GHVHQYROYLPHQWRHQDDYDOLDomRGD(GXFDomR3URILVVLRQDOH7HFQROyJLFD´ %5$6,/DUWž 
Antes da Resolução CNE/CP nº 1/2021 as normas para EMI eram estabelecidas pela Resolução
CNE/CEB nº 6, de 20 de setembro de 2012, e entre os parâmetros que foram estipulados esta norma
está a integração curricular. Desse modo, desde 2013 a integração curricular na Educação
Profissional Técnica de Nível Médio é uma obrigatoriedade.
Na Tabela 1 são apresentados dados sobre os cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF
estudado. A instituição é formada por onze campi, que estão identificados como C1, C2, C3, C4,
C5, C6, C5, C6, C7, C8, C9, C10 e C11. A coleta desses dados foi realizada em setembro de 2020, e
as informações foram retiradas das versões mais recentes dos PPCs que estavam disponíveis no site
da instituição. E através desses dados é possível perceber que nos PPCs dos 35 cursos Técnicos
Integrados ao Ensino Médio ofertados, o conceito de integração curricular está presente. Nos campi
C3, C7 e C10, o debate ainda é superficial, bem como no C2, que apesar de ter no curso Técnico em
Meio Ambiente uma proposta de integração curricular, apresenta aprofundamento teórico e
metodológico limitado para sua realização. O Campus C6, traz nos PPCs tópicos que abordam a
integração curricular, mas que apresentam poucos elementos conceituais, e não há nenhuma
proposta metodológica de desenvolvimento da integração. Os cursos do Campus C8, exceto o
Técnico em Edificações, apresentam uma proposta de integração curricular, discutida
conceitualmente, mas que não é aprofundada e há pouca orientação metodológica. No PPC do
Campus C9 são descritas diversas estratégias para realização da integração, no documento há um
aprofundamento teórico e metodológico sobre o tema. No Campus C1 o PPC do Técnico em
Administração apresenta duas propostas de realização da integração curricular, nos outros cursos
apenas uma, em todos os PPCs os aspectos teóricos e metodológicos são discorridos com
profundidade. No Campus C11 todos os cursos trazem propostas de integração curricular, nos
cursos Técnico em Meio Ambiente e Técnico em Informática para Internet a discussão teórica e
metodológica é rasa, porém nos PPCs do Técnico em Agropecuária e Técnico em Gestão
Empreendedora, esses aspectos são mais aprofundados. No Campus C4 os três PPCs estão bem
alinhados, a proposta de integração apresenta elementos teóricos e metodológicos detalhados, os
projetos trazem um rol de unidades curriculares que os discentes podem escolher independente do
curso estão matriculados, a temática das unidades bem diversificada e o rol é comum entre os três
cursos. No Campus C5 os projetos são totalmente diferentes, ambos fundamentados conceitual e
metodologicamente, porém o do Técnico em Vigilância em Saúde rompe com a fronteira das
disciplinas, sequer presentes na proposta. Aderiu-se à concepção de temas geradores, para que o
conhecimento seja elaborado a partir da realidade concreta, permeando diversas áreas do saber.

Conclusão(ões)/Considerações finais
Diante dos dados levantados foi possível notar que em alguns campi a discussão é mais
aprofundada, trazendo propostas metodológicas claras para realização da integração curricular,
porém em outros sequer existe a proposta. Dentre as concepções analisadas percebeu-se que as que
mais avançam em direção à politecnia e omnilateralidade são as do Campus C4, e a do Técnico em
Vigilância em Saúde do Campus C5. Enfatizamos que essas são informações preliminares e os
resultados podem sofre alterações, vez que o estudo ainda está em andamento.

Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes
Curriculares para a Educação Profissional. Brasília, 20 set. 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?o
IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IFNMG ± TEÓFILO OTONI-MG ± 2020

ption=com_docman&view=downloa d&alias=11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=301
92>. Acesso em: 01 fev. 2021.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021. Define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica. Brasília, 1 jan. 2021. Disponível em: <
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-5-de-janeiro-de-2021-297767578>. Acesso em: 22 mar.
2021.
CIAVATTA, Maria. Formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e identidade. In: FRIGOTTO,
G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (Org.). Ensino médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2010.
p. 83-105.
CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino médio integrado. In: CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário
da Educação do Campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2012.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação Omnilateral. In: CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação
do Campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, p. 267-274, 2012.
RAMOS, Marise. Concepção do ensino médio integrado. 2008.Disponível em: <https://tecnicadmiwj.files.wordpress.
com/2008/09/texto-concepcao-do-ensino-mediointegrado-marise-ramos1.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2020.
RAMOS, Marise. Implicações políticas e pedagógicas da EJA integrada à educação profissional. Educação e
Realidade, n. 35, v. 1, p. 65-85, jan./abr. 2010. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/
11029/7197>. Acesso em: 06 jul. 2020.
RAMOS, Marise. Ensino Médio Integrado: lutas históricas e resistências em tempos de regressão. In: ARAUJO,
Adilson Cesar; SILVA, Claudio Nei Nascimento da (Org.). Ensino Médio Integrado no Brasil: fundamentos, práticas
e desafios. Brasília: Ed. IFB, 2017.

Tabela 1. Presença da integração curricular nos PPCs dos cursos Técnicos Integrados de um IF de Minas Gerais.
Campus Cursos técnicos integrados ofertados Integração no PPC Como o tema é abordado?
Técnico em Administração Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Agropecuária Sim Tópico dedicado a integração
C1
Técnico em Informática Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Zootecnia Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Agrimensura Menciona em alguns pontos Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Agroecologia Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
C2
Técnico em Informática Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Meio Ambiente Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Agropecuária Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
C3 Técnico em Informática Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Meio Ambiente Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Informática Sim Tópico dedicado a integração
C4 Técnico em Meio Ambiente Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Teatro Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Informática para Internet Sim Tópico dedicado a integração
C5
Técnico em Vigilância em Saúde Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Agropecuária Sim Tópico dedicado a integração
C6 Técnico em Informática para Internet Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Meio Ambiente Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Edificações Sim Tópico dedicado a integração
C7 Técnico em Informática Menciona em poucos pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Química Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Edificações Menciona em poucos pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Informática Sim Tópico dedicado a integração
C8
Técnico em Sistemas de Energia Renovável Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Vendas Sim Tópico dedicado a integração
C9 Técnico em Eletrotécnica Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Agroindústria PPC não localizado -
C10 Técnico em Agropecuária Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Informática Menciona em alguns pontos do PPC Integração prevista sem tópico específico
Técnico em Agropecuária Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Gestão Empreendedora Sim Tópico dedicado a integração
C11 Técnico em Informática para Internet Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Meio Ambiente Sim Tópico dedicado a integração
Técnico em Informática Sim Tópico dedicado a integração

Você também pode gostar