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15 livros de magia negra

para entrar em contato


com o além
Os grimórios ensinam a invocar demônios, adivinhar o futuro e
até contactar os mortos. Famosos na Idade Média, alguns feitiços
são usados até hoje
Por Tiago Cordeiro - Atualizado em 4 jul 2018, 20h15 - Publicado em 19 dez 2017, 15h29

A palavra grimório vem do francês antigo “grammaire”, que significa


“gramática”. Faz sentido: para construir frases, é necessário seguir
uma série de regras gramaticais para juntar palavras; e para fazer
magia negra é preciso juntar vários elementos seguindo os manuais.

Quase todas as civilizações que usaram alfabetos escreveram livros


com orações capazes de invocar demônios, receitas para amaldiçoar
ou envenenar pessoas, criar amuletos ou entrar em contato com os
mortos. A obra mais antiga (datada de 5 a.C.) foi encontrada intacta na
Mesopotâmia, atual Iraque, e reunia tábuas de barro riscadas em
escrita cuneiforme. Antes disso, babilônios, hebreus, egípcios, gregos
e romanos já conheciam truques de magia e faziam anotações em
textos.

Os grimórios, como conhecemos no Ocidente, são uma criação da


Idade Média. Eles misturam conhecimentos de diferentes religiões,
mas sempre com conceitos cristãos – um deus raivoso da Suméria, por
exemplo, pode ser interpretado como um demônio. Nos séculos 18 e
19, a obsessão dos europeus com a magia voltou com força e muitos
desses livros foram traduzidos (a maioria dos originais estava em
latim ou grego) e até reescritos. Todos eles continham ensinamentos
perigosos, capazes de dar muito poder – tanto que poderia até sair de
controle.

Conheça algumas dessas obras.

1) Manual do Papa Leão

Origem – Roma
Data – Século 9
Autor – Leão 3º
O autor, um papa (sim, o líder da Igreja Católica), teria chegado ao
poder recorrendo à magia negra das mais pesadas, incluindo a prática
de necromancia, ritual que invoca os mortos (leia mais na página 32).
Perseguido pelos próprios bispos do Vaticano que desconfiavam de
seu segredo, teria escondido na França um livro poderoso. O guardião
da obra, o rei Carlos Magno, teria usado o grimório para ampliar seu
poder. O texto, uma espécie de diário do pontífice, ensina a manipular
as forças do mal para alcançar o poder.

2) Ghayat Al-Hakim

Origem – Oriente Médio


Data – Século 11
Autor – Maslama ibn Ahmad al-Majriti
Em geral, os grimórios são livros curtos e descritivos. Este é uma
exceção: contém mais de 400 páginas de ensinamentos tomados da
tradição de magia dos árabes. Republicado em espanhol no século 13,
ele ensina a conquistar o amor de uma pessoa específica, a curar a
pessoa de picadas de cobras e escorpiões e a produzir amuletos
mágicos feitos de sangue ou urina. O mago descrito neste livro recorre
muito mais à astrologia do que aos demônios.
3) O Livro de Honório

Origem – França
Data – Século 13
Autor – Desconhecido
Um dos mais influentes grimórios da Idade Média seria resultado de
uma conferência de mágicos. Em 93 capítulos, o texto ensina a ficar
invisível, a encontrar tesouros, a localizar ladrões, a conjurar e
controlar demônios, a conversar com Deus e a salvar a própria alma
do purgatório. O trabalho é creditado a São Honório, um personagem
das origens do cristianismo e de existência não comprovada. Como
inspirou o nome de vários papas, é provável que teria sido um mártir.
4) A Chave de Salomão

Origem – Itália
Data – Século 14
Autor – Desconhecido
Este talvez seja o grimório mais famoso de todos. Elaborado durante a
Renascença italiana, reúne textos curtos de magia, supostamente
escritos por Salomão, que circulavam desde o começo da era cristã. O
livro era tão popular na época em que foi lançado que faz parte da
primeira lista de obras proibidas, o Index da Igreja Católica. A Chave
de Salomão descreve as vestes especiais (parecidas com batinas de
padres), os instrumentos místicos (anéis e espadas) e as orações
(sempre em latim) que deveriam ser usadas para invocar e aprisionar
demônios, que se tornariam trabalhadores escravos atuando a favor de
quem os invocou.
5) O Livro de Abramelin

Origem – França
Data – Século 15
Autor – Abraão de Würzburg
O Autor – descreve a sua busca pelo esoterismo e seu encontro com
Abramelin, um mago que vivia no Egito. Ele teria ensinado Abraão a
voar, a viajar pelos mares, a criar exércitos do nada e a ressuscitar os
mortos. Para atingir esse nível de poder, ele teria de passar por um
longo processo de purificação, que incluía comer o mínimo possível,
ficar sem sexo e reduzir o sono a três horas por dia. No fim da etapa, o
aprendiz poderia aprisionar demônios e obrigá-los a cumprir tarefas.
Republicado no século 19, o livro influenciou a wicca e os magos
contemporâneos.
6) De Pythonicis Mulieribus

Origem – Itália
Data – Século 15
Autor – Ulrich Molitor
No livro, um professor de direito escreveu um longo artigo em defesa
das bruxas, alegando que elas eram apenas mulheres vítimas do diabo.
Para reforçar sua argumentação, ele explicou, com grande riqueza de
detalhes, diferentes maneiras de entrar em contato com demônios.
7) Manual de Mágica Demoníaca de Munique

Origem – Alemanha
Data – Século 15
Autor – Desconhecido
Escrito por um ilusionista, o grimório ensina a conjurar forças do mal
para manipular a mente das pessoas e induzi-las a cometer atos
ilícitos, como praticar crimes. Um dos feitiços, inclusive, ajuda a
enganar exércitos inimigos, fazendo-os enxergar mais soldados
adversários do que realmente existiam.
8) De Praestigiis Daemonum et Incantationibus ac Venificiis

Origem – Suíça
Data – Século 16
Autor – Johann Weyer
Também conhecido como Os Truques dos Demônios, um dos mais
populares livros de demonologia de todos os tempos, é obra de um
pesquisador holandês também conhecido como Wierus. Ele ensina a
reconhecer os demônios, com o objetivo de escapar de seus truques.
Wierus argumenta que os seres infernais se organizam com uma
hierarquia rígida e se dividem entre príncipes, ministros e
embaixadores. O pesquisador lista espantosos 745.926 demônios,
divididos em 1.111 legiões que respondem a 72 príncipes. Um anexo
da obra, que circulou com o nome Pseudomonarchia Daemonum,
descreve centenas desses monstros e explica o poder de cada um
deles. Não ensina a conjurá-los, mas explica como se defender da
influência maléfica sobre as pessoas – especialmente dos sete pecados
capitais.
9) De la Démonomanie des Sorciers

Origem – França
Data – Século 16
Autor – Jean Bodin
O autor, um jurista respeitado, descreve um sabbath negro – as
assembleias de feiticeiros que fazem homenagem aos demônios. O
relato, cheio de detalhes, explica até mesmo como invocar os íncubos
e os súcubos, os seres demoníacos capazes de fazer sexo com seres
humanos. Também ensina a invocar um ser das trevas e convencê-lo a
possuir o corpo de pessoas vivas.
10) O Grande Grimório

Origem – Itália
Data – Século 16
Autor – Antonio Venitiana del Rabina
O Vaticano possui o livro, mas não permite nenhum tipo de acesso a
ele. Só esse mistério já justifica o interesse na obra, também
conhecida pelos nomes O Dragão Vermelho e O Evangelho de Satã.
Não existem muitos detalhes sobre o autor, que teria sido um mago
em Veneza. Ele afirmava ter tido acesso direto a textos escritos pelo
rei Salomão. Um deles, publicado neste trabalho de duas partes,
ensinaria a firmar um pacto com Satanás em pessoa – seria a conexão
mais maléfica e poderosa que um ser humano poderia almejar. O
livro, que seria totalmente resistente ao fogo, listaria uma série de
orações em latim e hebraico, capazes de invocar o chefe dos demônios
e convencê-lo a conversar.
11) Livro de São Cipriano

Origem – Portugal
Data – Século 17
Autor – Desconhecido
São Cipriano de Antioquia, do século 3, teria escrito este livro de
receitas mágicas: orações, feitiços de cura e para atrair um amor. Na
verdade, a coletânea de orientações surgiu na Península Ibérica e
influencia ainda hoje as religiões populares da América do Sul –
especialmente a umbanda.
12) A Chave Menor de Salomão

Origem – Holanda
Data – Século 17
Autor – Desconhecido
Inspirado em uma grande variedade de fontes, especialmente A Chave
de Salomão, foi publicado como se fosse escrito pelo rei Salomão em
pessoa. Ele ensina a prender demônios, faz uma lista dos 72 que ele
conseguiu vencer e alerta para os perigos de lidar com os seres do
inferno – o monarca diz que teria sido induzido a abandonar Deus e a
adorar demônios. O primeiro dos cinco capítulos da obra, e também o
mais famoso, se chama Ars Goetia (leia mais na pág. 18).
13) A Franga Preta

Origem – França
Data – Século 18
Autor – Anônimo
Muitos grimórios foram escritos nessa época, mas se apresentavam
como se fossem manuscritos antigos redescobertos. Este texto é de
autoria de um militar anônimo que diz ter participado das campanhas
de Napoleão e tido contato com antigas artes de criação de anéis e
talismãs mágicos.
14) Sexto e Sétimo Livros de Moisés

Origem – Alemanha
Data – Século 18
Autor – Desconhecido
Uma tradição muito antiga aponta que livros religiosos tradicionais,
especialmente a Bíblia e o Alcorão, guardam poderes mágicos para
quem souber interpretá-los. Moisés, capaz de lançar as dez pragas
sobre o Egito e de abrir o Mar Vermelho, é considerado por muitos
intérpretes um mago de grande poder. Esses dois livros ensinariam os
bastidores das histórias relatadas nos primeiros cinco textos do Antigo
Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A
tradição judaica considera que esses textos foram escritos por Moisés.
O sexto e o sétimo livros ensinariam a provocar pragas: fazer as águas
dos rios ficarem vermelhas, piolhos e gafanhotos atacarem tudo, o Sol
desaparecer do céu – e, a pior de todas, provocar a morte de todos os
primogênitos.
15) Oera Linda

Origem – Holanda
Data – Século 19
Autor – Cornelis Over de Linden
Cornelis diz que recebeu o manuscrito de seu avô, um texto que
retrataria conhecimentos de mais de 3 mil anos – inclusive supostos
documentos do continente mitológico de Atlântida. Tudo indica que
foi ele mesmo o autor. O livro ficou famoso porque ensina rituais que
os nazistas místicos e ocultistas praticaram.

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