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ECLÉA BOSI
Elisangela Trevisan
Maiara Elis Lunkes
Terezinha Conte Piletti
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―Memórias e sociedade: lembranças de velhos‖, é usada pelo Departa-
mento de Artes Cênicas da ECA/USP na criação do espetáculo ―Doces
Lembranças‖.
Com frequência, Ecléa dirige seu olhar para grupos sociais fragi-
lizados, como: pobres, mulheres trabalhadoras de baixa renda, idosos
que, imersos na transformação contínua da metrópole, vão perdendo, a
contragosto, as referências de seus percursos familiares, cotidianos, e
penetrando num tempo de certo esmaecimento da consciência de sua
identidade. Dos objetos escolhidos mais as personagens encontradas,
ambos aludindo ao precário e ao vulnerável e trabalhados sobre sólido
chão teórico, ela construiu uma vigorosa, singular e reconhecida carreira;
em seus escritos, destacam-se as obras: ―O tempo vivo da memória: ensaios
da psicologia social‖ (2004), ―Velhos amigos‖ (2005), ―Memória e sociedade:
lembranças de velhos‖ (2005), pelo qual recebe o Prêmio Internacional Ars
Latina em 2009, e uma antologia da escritora e filósofa francesa Simone
Weil (1909-1943). Em 2008, Marilena Chauí publicou um artigo em sua
homenagem; no ano seguinte, Ecléa recebeu o Prêmio Internacional Ars
Latina pelo conjunto de sua obra. Já em 2011, recebeu o prêmio Averro-
es, e também recebeu o Troféu Loba Romana, junto de João Grandino
Rodas, em homenagem pela contribuição à comunidade italiana no Bra-
sil.
Seu envolvimento para com o campo da militância institucional e
política é notável e, assim sendo, se torna fácil compreender seu esforço
pela criação e desenvolvimento da Universidade da Terceira Idade da
USP, que, aos 21 anos completos, já levou para o campus da maior insti-
tuição universitária pública brasileira mais de 100 mil idosos, a maior
parte detentora de precária educação formal. Ou, ainda, sua militância
ecológica, que inclui, de forma privilegiada, as operárias grávidas, que,
sem saber, podem estar sendo submetidas a agentes tóxicos nas fábricas
em que trabalham.
A presença de Ecléa Bosi em cartas de Brandão é perceptível por
sua forma de militância, envolvimento com a cultura popular. Além de
Ecléa Bosi ser exemplo de erudição, colocada a serviço das grandes cau-
sas que afetam a humanidade. O profundo respeito que Ecléa tem pela
figura do outro a move no sentido de promovê-lo e nunca de utilizá-lo
em seu próprio proveito. Mais ainda: esse outro, a quem a autora se dedi-
ca, é sempre uma personagem deixada para trás nas representações do-
minantes da sociedade, seja a operária com suas leituras, seja o velho
fragilizado, por quem – como ela diz – nós é que temos que lutar.
Além disso, destaca-se que Ecléa aparece em uma carta escrita
por José Martins para Brandão, na qual ele evidencia que só realizaria um
segundo seminário se tivesse a participação da mesma como expositora.
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Ressaltando, assim, novamente, a sua notória evidência no campo da
educação.
Referências
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