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Breve guia da Oração de Jesus

escrito para todos os cristãos:

“Para as crianças, os jovens e os pais” (1 Jo. 2,12-13)

1
ÍNDICE

Introdução.........................................................................................................................................................1

“Ore sem cessar” - todos....................................................................................................................... 1

O poder da oração de Jesus..............................................................................................................................2

Oração mental e incessante - mandamento de Deus........................................................................................ 2

Como começar?................................................................................................................................................. 3

Simplicidade.........................................................................................................................................................4

Oração de Jesus - atividade principal ou secundária?................................................................................................... 4

Repita sempre e em toda parte....................................................................................................................5

FORMAS DE USAR A ORAÇÃO..........................................................................................................................5

Uso gratuito......................................................................................................................................................... 5

Uso formal............................................................................................................................................... 6

Preparação curta........................................................................................................................................6

Silêncio interior...............................................................................................................................................7

FÓRMULA...........................................................................................................................................................7

Devemos adicionar “pecador” no final (. misericórdia de mim, pecador)?...................................................................8

“Tem misericórdia de mim” - oração por todas as pessoas................................................................................................8

NOME - “JESUS” (grego: Ιησούς (Iēsous), hebraico: ‫ ( ושי‬Yeshua)).............................................................8

PRESENÇA..........................................................................................................................................................9

Etapa.........................................................................................................................................................10

Corpo - Templo...............................................................................................................................................10

ATENÇÃO......................................................................................................................................................11

Mente - errante...........................................................................................................................................12

Pensamento do Único.......................................................................................................................................13

PRÁTICA..........................................................................................................................................................13

Quantidade.........................................................................................................................................................14

Passo a passo.................................................................................................................................................15

Não coloque muita pressão sobre si mesmo................................................................................................. 15

Nunca abandone a oração................................................................................................................................ 16

ESTÁGIOS DE ORAÇÃO...................................................................................................................................... 16

2
Oral.................................................................................................................................................................16

Mental ( noético)..............................................................................................................................................17

Oração do coração.......................................................................................................................................17

Garganta.........................................................................................................................................................18

Coração.........................................................................................................................................................18

TÉCNICAS PSICOSSOMÁTICAS.....................................................................................................................19

Arrependimento................................................................................................................................................. 20

Respirando...................................................................................................................................................... 20

Postura..........................................................................................................................................................21

REGRA DE ORAÇÃO.............................................................................................................................................. . 21

Não ter uma regra definida (fixa)....................................................................................................................22

Tendo uma regra moderada................................................................................................................................ 22

Boas regras de oração.................................................................................................................................... 23

Hora de orar........................................................................................................................................... 23

Tempo, ritmo..............................................................................................................................................23

Prostrações..................................................................................................................................................24

Corda de oração................................................................................................................................................. 24

MAIS SAGRADA MÃE DE DEUS......................................................................................................................25

Ore à Mãe de Deus pelo dom da oração de Jesus.................................................................................25

A oração é o presente..................................................................................................................................... 26

E o que você tem que não recebeu?...................................................................................26

ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL................................................................................................................................... 26

Não existem guias espirituais...................................................................................................................26

Leitura.........................................................................................................................................................27

Pai espiritual..............................................................................................................................................27

Deus - mestre da oração....................................................................................................................... 28

DELUSION..........................................................................................................................................................28

PENSAMENTOS..................................................................................................................................................... 29

Lute com os pensamentos............................................................................................................................... 30

Dois pensamentos astutos e duplo destro .......................................... ................................................ 31

3
Pensamentos positivos....................................................................................................................................... 32

Poder dos pensamentos...................................................................................................................................32

REMEBRÂNCIA DA MORTE................................................................................................................................33

TENTAÇÕES............................................................................................................................................. 33

Não se desespere na batalha............................................................................................................................... 34

Renda-se à vontade de Deus.........................................................................................................................36

Recomende tudo a Deus por meio da oração...............................................................................36

OBJETIVO E FRUTOS DA ORAÇÃO..............................................................................................................37

Meta................................................................................................................................................................37

Frutas..............................................................................................................................................................38

Paz...................................................................................................................................................... 38

Alegria........................................................................................................................................................... 39

Humildade.....................................................................................................................................................39

Saúde........................................................................................................................................................40

DISPOSIÇÃO (para acompanhar a oração)............................................................................................................. 41

Fé........................................................................................................................................................... 41

Perdoe e não ofenda ninguém.................................................................................................................41

Amor................................................................................................................................................................42

Livre de preocupações........................................................................................................................................... 43

Ação de graças................................................................................................................................................43

Humildade...................................................................................................................................................44

Anjos e oração.......................................................................................................................................... 44

Demônios.............................................................................................................................................................45

Cristo é tudo.........................................................................................................................................................46

CONCLUSÃO...................................................................................................................................................47

Orações finais.................................................................................................................................................48

Referências:.......................................................................................................................................................49

Literatura:.........................................................................................................................................................50

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Introdução
Proponho dedicar este discurso a expor o mais brevemente possível os aspectos mais importantes da Oração de
Jesus e as visões de bom senso sobre esta grande cultura do coração que encontrei nos escritos

dos santos padres. [ 41]

O objetivo desta apresentação é explicar como praticar a oração de Jesus e apontar sua necessidade
fundamental em nosso serviço espiritual a Deus. Em suma, para lembrar a todos os que se esforçam por sua
própria salvação do antigo ensino dos santos padres sobre essa atividade mental, principalmente porque as
pessoas têm alguma apreensão obscura e obscura sobre a oração de Jesus. [ 12]

Outra razão pela qual falo sobre este assunto é o conselho de São Gregório Palamas: “não só devemos cumprir
o mandamento de Deus de orar em nome de Jesus Cristo sem cessar, mas devemos também mostrar este
método de oração a todos: aos religiosos, aos os leigos, os sábios e os simples, os homens, as mulheres e as
crianças. Em tudo, sem exceção, devemos tentar despertar o zelo pela oração incessante ”. [ 5]

A todos aqueles que têm sede de verdadeiramente glorificar a Deus, ouso oferecer estas palavras não como um
ensinamento, mas como um conselho fraterno, compartilhando com vocês o que li e vivenciei na prática. Não
confiando em minhas próprias forças, mas apenas esperando pela força todo-poderosa de meu Senhor,
rejeitando minha própria sabedoria e tudo que não é apoiado pelas Sagradas Escrituras ou pelos escritos
inspirados por Deus dos Santos Padres, eu presto contas de tudo de que eu mesmo precisei muito em um ponto,
quando tive sede de virtualmente cada palavra que vou falar com você. Claro que não vou discutir tudo, mas
apenas o mais importante, essência do assunto que todos precisam. [ 3]

“Ore sem cessar” - tudo


A quem se dirigem as palavras de São Paulo “Orai sem cessar” (1.Tess 5,17)? Só aos escolhidos ou a todos sem
exceção? Sim, eles são dirigidos a todos. Portanto, este mandamento deve ser cumprido. [ 53]

Que ninguém pense, meus irmãos cristãos, que é dever apenas dos padres e monges orar sem cessar, e não dos
leigos. Não não; é dever de todos nós, cristãos, permanecer sempre em oração. [ 36] Os mandamentos são os
mesmos para leigos e monges e há apenas um Paraíso. [ 37]

O apóstolo Paulo ordena que todos os cristãos, sem exceção, ofereçam oração mental e espiritual. Ele ordena a
todos que orem sem cessar e isso não pode ser alcançado exceto com a oração mental no coração. Portanto,
sem medo, dê liberdade à sua alma: “reze sem cessar”. Você está apenas cumprindo o mandamento do apóstolo
dos gentios. [ 55]

Vejam, meus irmãos, que é dever de todos os cristãos, pequenos e grandes, sempre praticar a oração mental:
Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim! Mas o que dizem os leigos? "Estamos sobrecarregados por questões
e preocupações mundanas; como é possível orarmos incessantemente?" Eu respondo a eles que Deus não
ordenou nada impossível para nós, mas apenas o que podemos fazer. Portanto, isso também pode ser realizado
por todos que buscam a salvação de sua alma. Pois se fosse impossível, seria impossível para todos os leigos
em geral, então não deveríamos encontrar um número tão grande de pessoas que realizaram no mundo esta obra
de oração incessante devidamente. [ 36]

O Padre Tadej disse que encontrou leigos que tinham o mais alto nível de oração. [ 42] Ele disse: “Eu pensava
que todos os monges, padres e bispos possuíam a graça gratuita * de Deus”. Para minha surpresa, todos
aqueles anos que passei com monges e padres e encontrei apenas um monge em quem a graça dada
gratuitamente por Deus podia ser notada. Apenas um monge! Pelo contrário, tenho visto muitos leigos que
possuíam a graça gratuita de Deus. [ 49]

O Padre Macário de Optina foi visitado por um homem em busca de conselhos, que também tinha um nível tão
elevado de oração que o Padre Macário ficou sem saber o que responder. Tudo o que ele pôde dizer foi:
“Mantenha a humildade, mantenha a humildade”. [ 1]

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Os santos padres não apenas nos pedem, não apenas nos imploram, eles até nos imploram que não
desprezemos seu apelo e tomemos seriamente a atividade mental, ou seja, a invocação incessante do nome de
Deus. [ 60] Diz São João Crisóstomo: “Imploro-vos, irmãos, que nunca abandonem a regra desta oração” .

Poder da oração de Jesus


A oração incessante como mandamento de Deus e dom de Deus é inexplicável para a razão humana. [ 60] Esta
oração é um grande presente do Céu para cada pessoa e para a humanidade em geral. [ 41] Esta oração simples
de uma frase é tão poderosa que o intelecto humano não é capaz de compreendê-la. [ 22]

É curto na forma, mas contém o Grande e o Incontestável. É composto de poucas palavras, mas tem um grande
poder efetivo. Suas palavras estão cheias do poder inconcebível de Deus, como o próprio Deus, cujo Nome a
oração contém, é inconcebível. Suas palavras são sagradas, porque contêm o nome de Deus santo. Seu nome é
santo. A Santíssima Virgem conhecia este segredo: “Porque grandes coisas fez por mim aquele que é poderoso,
e santo é o seu nome” (Lc. 1:49) [ 60]

Oração "Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim" é uma arma contra o diabo e não é apenas uma arma
simples, mas uma bomba nuclear. [ 68]

A Oração de Jesus assume uma dimensão metacósmica. [41] Você deve saber que este nome guarda uma
profundidade imperceptível. [ 57] Brilhando no coração, a luz do Nome de Jesus ilumina todo o universo. [ 59]

Oração mental e incessante - mandamento de Deus

Que seja conhecido que o próprio Deus, já no paraíso, deu a oração mental divina ao primeiro homem criado
(como testemunhou santo Nilo do Sinai). [ 60]

A oração mental, a oração do coração é comandada por Deus tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com toda a tua mente, e com todos
sua força. Este é o primeiro mandamento. "(Marcos 12:30). Obviamente, o mandamento principal e exaltado não
pode ser cumprido exceto pelo noético (grego: noētikos, a partir de noein pensar, de nous a mente) oração,
oração do coração. Portanto, a oração é principalmente o cumprimento do primeiro e principal mandamento
desses dois, mandamentos nos quais estão concentrados a Lei, os Profetas e o Evangelho. [ 13]

O estado daqueles que recebem a graça de Deus gratuitamente é igual ao estado dos anjos e santos. Essas
pessoas são guiadas pelo Espírito Santo e não têm pensamentos originários deste mundo. Quando o padre
Tadej diz 'a graça concedida gratuitamente', ele provavelmente também se refere ao dom da oração incessante.

Se você entende o que é dito em um sentido místico por São Paulo, que “nós não lutamos contra carne e
sangue, mas. . . contra a maldade espiritual nos lugares elevados ”(Efésios 6:12), você também entenderá a
parábola do Senhor, que Ele falou“ para que os homens sempre devem orar e não desanimar ”(Lucas 18: 1). [ 30]

A oração incessante é a expressão máxima de nosso amor a Deus. É o caminho mais místico e excelente, o
caminho do amor, que é indiretamente indicado pelo santo apóstolo quando diz: “E ainda assim vos mostro um
caminho mais excelente” (1 Co 12,31). Devemos estar engajados nesta atividade como em um serviço divino,
como em uma manifestação de nosso amor pelo Senhor Jesus Cristo. Porque a lembrança de Deus gera amor
por ele. [ 60]

O que quer que um homem ame, ele deseja a todo custo estar perto de forma contínua e ininterrupta, e se afasta
de tudo que o impede de estar em contato e morar com o objeto de seu amor. É claro, portanto, que quem ama a
Deus também deseja estar sempre com ele e conversar com ele. Isso acontece em nós através da oração pura .
[ 51]

Sabemos que o Senhor Salvador se fez homem. E nós o conhecemos como um homem. Você vê como Ele
chegou perto de nós, para estar perto de nós não apenas em espírito, mas também em corpo. Pois nós somos
sua descendência. Nós somos dele. Portanto, visto que somos Seus, devemos nos aproximar Dele com nosso
coração. Quando pensamos frequentemente em alguém, começamos a amar essa pessoa. Voce entende? É
impossível amar alguém se não lhe dermos atenção por muito tempo e se não lhe dedicarmos pensamentos. Da
mesma forma, pensamos em Deus: incessantemente, sabendo que está exclusivamente em Sua autoridade todo

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poder, toda força. Ele é todo-poderoso, tudo pertence a ele. Então, por que devemos nos dirigir a outra pessoa, a
quem mais devemos ir? Quem é mais poderoso para nos ajudar do que Ele? Você sabe, vamos aprender a nos
aproximar Dele com nosso coração. E Ele está lá, no coração; Ele não está longe, Ele está no centro da vida e
anima a vida. [ 49]

Como começar?

Você sabe o que fazer, vá e faça. Sim mas como? Como você e eu podemos adquirir essa oração interior viva e
profunda? [59]

Nenhum conhecimento especializado ou treinamento é necessário antes de iniciar a Oração de Jesus. Para o
iniciante, é suficiente dizer: simplesmente comece. Para caminhar, é preciso dar um primeiro passo; para nadar,
preciso jogar-se na água. É o mesmo com a Invocação do Nome. Há uma grande diferença entre pensar ou falar
sobre oração silenciosa e orar de verdade. Como os nadadores iniciantes, só aprendemos nos molhando. [ 59]

Para começar, você não precisa de nenhum livro especial ou outros adereços, não há necessidade de algumas
explicações acadêmicas, para alguma teologia de alto nível e filosofar. Você só precisa do amor e do desejo de
se unir a Deus.

O Senhor, tendo dado a você a sabedoria para ansiar pelo trabalho em oração, reconhece que você foi chamado
para essa obra. É bom diante de Deus. Ele mesmo ajudará a estabelecer o fundamento. É Ele quem sempre que
uma oração é dita, e até mesmo cada palavra separada de oração é pronunciada com a Sua ajuda. Ele deseja
estar com você durante todo o tempo de oração e o contempla. Ele observará como você O ama, testemunhando
seu amor por meio da lembrança Dele em oração. [ 3]

Simplicidade

A ação da oração é simples - essas são palavras casuais de uma criança falando com o pai. [ 12] Deus quer que
nossa alma seja simples, sem muitos pensamentos e muito conhecimento; como uma criança que espera tudo
de seus pais. É por isso que o Senhor disse: “Se vocês não se tornarem como crianças, não poderão entrar no
Reino de Deus”. (Mt 18: 3). [ 37] Não finja ser um homem sábio na oração; leia com simplicidade e atenção, e
tenha a crença de uma criança de que o Senhor está perto e ouve as palavras de sua oração. [ 3]

Sua oração deve ser assim: simples, simples e humilde com uma fé infantil, sem esperar a resposta de Deus.
Não espere ver Sua mão ou Seu rosto. Nada como isso! Acreditar. Se você fala com Deus, então você realmente
fala com Deus. [ 39]

Quantas falsidades foram contadas sobre esta oração sagrada ?! Mas as coisas são simples: você acredita que o
Senhor Jesus Cristo é o seu único Salvador? Se você crê, clame “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem
misericórdia de mim”. [ 53]

Oração de Jesus - atividade principal ou secundária?

Quando você acorda de manhã, você deve saber, não apenas com sua mente, mas com seu coração que sua
principal atividade diária é a oração de Jesus, e outros assuntos mundanos são o pano de fundo sobre o qual a
oração funciona. Esse conhecimento deve ser traduzido em determinação da vontade. A oração deve ser
considerada como o trabalho central de sua vida, e tudo o mais como uma função secundária. Portanto, faça de
sua oração a primeira prioridade em sua vida. [ 25]

É tolice não acreditar em Deus, mas é ainda mais tolice acreditar Nele e ao mesmo tempo tratá-lo como um fator
menor em nossa vida, deixar apenas um cantinho em nossa mente e coração para Ele, dar-lhe migalhas de nossa
vida, partir para a comunhão com Deus apenas pausas entre os assuntos mundanos. Dizemos nossas orações
rapidamente, apenas para cumprir nosso dever e, então, passar para algo aparentemente mais importante. [ 25]

Devemos sentir com nosso coração o Deus infinitamente próximo e vivo. Devemos despertar um sentimento
sincero e vivo por Deus, nosso Salvador. Então, a oração mental incessante não é “uma atividade mecânica
pesada”, mas uma respiração de vida. Não devemos respirar o ar da oração incessante apenas quando surge a
necessidade, mas porque não podemos deixar de respirar: na verdade, é uma necessidade fundamental e um
alimento espiritual. Tal atividade resulta de um sentimento vivo em relação ao Deus vivo. [ 60]

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Somos surdos por tudo o que vem do reino divino e, portanto, não ouvimos a sinfonia divina celestial do mundo
angelical, que ressoa no nome de Deus santo. Portanto, invocar o nome de Deus não encanta e alegra nossa
alma. Para nós, essa invocação é difícil ... enfadonha ... cansativa. Não nos agrada. Nós não ouvir a alegria do
céu nele. É infinitamente mais fácil e confortável para nós deixar nossa mente vagar sem sentido do que repetir
este nome alegre. [ 60]

Somos egocêntricos, ou seja, apaixonados por nossa própria vontade e pensamentos. [ 40] É muito mais
interessante para nós entreter-nos em nossos pensamentos do que permanecer em oração sem pensamentos e
imagens, unidos ao Senhor.
Não permita que nada a não ser o nome do Senhor te encante, não concorde com mais nada, e conheça apenas a
oração atenta em todos os momentos e em qualquer lugar [ 3], porque a contemplação de Deus ou a oração do
coração é mais elevada do que qualquer outra obra e é o ápice das virtudes, sendo o amor de Deus. [ 17]

Repita sempre e em qualquer lugar

O Élder Ambrósio de Optina instrui todos os cristãos a praticar a oração de Jesus constantemente. Seja
andando, sentando, deitado, bebendo, comendo, falando ou fazendo algo, devemos recitar esta oração com
humildade. Devemos continuar a orar sempre, sem limitações de tempo ou espaço. [ 1]

Ocupe-se com a oração sempre dia e noite, tarde, manhã, em casa e fora, no trânsito e no trabalho, em pé,
caminhando, deitado e sentado, durante a regra e fora de todas as regras. Em todos os momentos, faça a oração:
onde você está, aí você ora. [ 3] O mistério da oração não é realizado em um momento específico e em um lugar
específico. Se você associar o ato da oração com horas, tempo ou lugar, você passará o resto do tempo em
ocupações ociosas. [ 35]

O Senhor ama quando o invocamos incessantemente e abrimos nossos corações a ele. A oração não é algo que
começamos, terminamos e pronto. Você fica na frente de um ícone, diz o que deseja e segue seu próprio
caminho. Essa não é a oração. [ 49] O cristão deve sempre se lembrar de Deus, não só quando entra em uma
casa de oração, porque Ele diz: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí estará também a sua mente” (Mt.6: 21). O
deus de uma pessoa é algo a que seu coração está apegado e algo pelo qual anseiam. O Senhor é o Deus de
cada um, se o coração deles sempre O desejar. [ 64]

Então treine para ir dormir, repita a oração; adormecer com ele. E ao acordar, seu primeiro pensamento, sua
primeira palavra e ação é a oração de Jesus. [ 13] Gregório, o Teólogo, também ensina todos os cristãos a dizer o
nome de Deus em oração com mais freqüência do que respirar [ 36], porque a lembrança de Deus é mais
importante para nós do que o ar que respiramos. [ 60]

FORMAS DE USAR A ORAÇÃO


Uso livre

Por uso “gratuito” entende-se a recitação da oração enquanto estamos engajados em nossas atividades
habituais ao longo do dia. Esse uso “gratuito” da Oração de Jesus nos permite preencher a lacuna entre nossos
“momentos de oração” explícitos - seja nos cultos da igreja ou sozinhos em nosso próprio quarto - e as
atividades normais da vida diária. Une tempo de oração e tempo de trabalho, transforma nosso trabalho em
oração, traz Cristo em tudo o que fazemos, permite encontrar Cristo em todos os lugares. Não existem regras
rígidas, mas variedade e flexibilidade. [ 59]

Cada trabalho também é uma oração. Quando fazemos nosso trabalho com o coração, nossos pensamentos
estão conectados a esse trabalho, o que significa que trabalhamos para Deus. Nós erroneamente pensamos que
trabalhamos para as pessoas. Os Santos Padres costumavam rezar: “Ó Senhor, livra-me do esquecimento”! Eles
oravam assim em todos os momentos - para se libertar do esquecimento. Porque nos perdemos nas coisas
terrenas, nos objetos, no trabalho ... Esquecemos que Deus está presente em todos os lugares e que o trabalho
que fazemos é Seu trabalho também. [ 49]

Quando você orar (durante o dia na frente das pessoas), faça-o em segredo. Não mostre externamente sua
oração incessante. Se possível, esconda até mesmo das pessoas mais próximas a você. Da mesma forma, você
“entra no quarto” (Mt 6: 6) da sua alma, fecha a porta, para que ninguém que esteja te observando possa dizer:
“ele está orando”. Deixe sua oração ser um segredo mais íntimo. [ 55] Tendo escondido a sua virtude, não se
encha de orgulho, imaginando que alcançou a retidão. Pois a justiça não é apenas esconder suas boas ações,
mas também nunca ter pensamentos proibidos. [ 30]

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Uso formal
“Uso formal” é quando oramos em silêncio e (por exemplo, em nosso quarto ou em uma cela monástica).

Uma experiência de quietude é essencial para cada pessoa que deseja aprender a arte da oração. Para conseguir
essa experiência, não se deve necessariamente retirar-se para o deserto. Mas é preciso reservar alguns minutos
todos os dias, entrar no quarto, “fechar a porta e orar a Deus que está em secreto” (Mt 6, 6). Nossa tentação ou
engano usual é que estamos sempre muito ocupados e sempre corremos para fazer algo extremamente
importante: acreditamos que, se gastarmos muito tempo em oração, não teremos a oportunidade de fazer essas
coisas importantes. [ 14]

A falta de gosto pela solidão e pelo silêncio é uma das doenças mais comuns da pessoa moderna. Muitos até
têm medo de ficar quietos, sozinhos ou de ter tempo livre: sentem-se mais confortáveis estando constantemente
ocupados; eles precisam de palavras, impressões; sempre se apressam para ter a ilusão de uma vida abundante
e saturada. Mas a vida em Deus começa quando as palavras e os pensamentos silenciam, quando os cuidados
do mundo são esquecidos e quando um lugar na alma humana é liberado para ser preenchido por Ele. [ 14]

Preparação curta

Antes de começarmos a orar (em particular), seria útil e útil se por alguns minutos olharmos para trás em nossos
pecados e paixões e pensar sobre o estado miserável de nossa alma e que sem Deus não podemos fazer nada.
Ou então, se alguém pensar apenas brevemente sobre a morte e o julgamento de Deus ou o fogo do inferno sem
imagens e imagens, eles serão movidos à humildade, seu coração se amolecerá como uma cera e a mente parará
de vagar, estará focada e atento. Essa contemplação fecha e confina a mente. Com essa disposição contrita,
você pode começar sua oração mental incessante de uma frase. [ 22]

"Você já se sentou no banquinho?" meu mais velho costumava perguntar. "Espere um minuto! Não comece a
orar antes de focar seus pensamentos na morte e nas coisas que virão após a morte! Considere esta noite como
a sua última. Considerando todos os outros dias e noites em sua vida, você tem certeza que eles têm passou e
trouxe você a este ponto em sua vida. Considerando esta noite, você não tem certeza se isso o levará a um novo
dia ou se o levará à morte que se aproxima. Muitas pessoas vão morrer esta noite! Como você sabe que ganhou
ser um deles? " [ 22] Se hoje fosse seu último dia, como você oraria? Ore agora como você oraria então. Você
pecou? Arrepender-se. “Eis que agora é o tempo aceito” (2 Cor. 6: 2)

Silêncio interior

Há silêncio exterior e interior. Interior mais difícil de encontrar, mas é duradouro. E quanto a minha mente? Se eu
não tiver silêncio interior, posso estar tão ocupado em minha mente quanto estou em Nova York, mesmo se eu
morar no deserto [ 28]

Mas hesicasmo (grego: hesychia - quietude, descanso, quietude, silêncio) não é apenas sobre a Oração de
Jesus. É sobre quietude e silêncio internos. A quietude interior não é apenas vazio. É um foco na consciência da
presença de Deus no fundo do nosso coração. Uma das coisas essenciais que devemos lembrar constantemente
é que Deus não está lá fora em algum lugar. Ele não está apenas na caixa do altar. Pode ser a morada de Sua
glória. Mas Deus está em todo lugar. E Deus habita no fundo de nossos corações. Quando podemos chegar a
essa consciência de Deus habitando nas profundezas de nossos corações, e manter nossa atenção focada
nesse âmago, os pensamentos desaparecem. [ 19]

FÓRMULA

Basicamente, existem duas formas principais; Longo: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de
mim (pecador)”, e curto: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”. Forma curta ou longa não importa.
[ 28] Cada um é livre para descobrir, por experiência pessoal, a forma particular de palavras que mais se adapta
às suas necessidades. [ 59]

São Gregório do Sinai diz que a forma abreviada é mais adequada para iniciantes. Para eles, ele recomenda
apenas cinco palavras. [ 32] [11] ( “Ainda sou como o principiante”, disse o ancião Nicodemos de Karoulia,
depois de mais de cinquenta anos orando no Monte Athos). Da mesma forma, o apóstolo disse: “Prefiro falar
cinco palavras com o meu entendimento, do que dez mil palavras em outra língua” (1.Cor 14:19). [ 12]

A oração pode ser dividida em duas partes: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”, e então “Jesus,
Filho de Deus, tem misericórdia de mim”. A fórmula precisa empregada pode, é claro, ser variada de tempos em

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tempos, por muito tempo pois isso não é feito com muita frequência: pois, como adverte São Gregório do Sinai,
“As árvores que são transplantadas repetidamente não geram raízes”. [ 59] [11]

Havia alguns monges cujo serviço para Deus consistia em três palavras divinas: “Senhor” - “Jesus” - “Cristo”.
[ 26] O Élder Porfírio certa vez saiu para passear com um homem e, de vez em quando, pronunciava
espontaneamente as palavras: “Senhor Jesus Cristo”. O homem estava pensando: “Por que ele não diz a oração
completa, como somos ensinados, mas apenas a metade?” Quando o coração está inundado com o amor divino,
não há necessidade de fazer a oração inteira. [ 39] Outro ancião disse: “Em todo o mundo espiritual e material,
vejo apenas duas palavras: JESUS CRISTO” [ 26]

O centro, coração e um elemento essencial e invariável é a inclusão do nome divino 'Jesus' (hebraico: Salvador).
[59]

Devemos adicionar “pecador” no final (... misericórdia de mim, pecador)?

O acadêmico Vladeta Jerotic diz: “Aquela coisa de 'pecar' é uma história sem fim. Enfatizar demais o pecado é
masoquismo ”. [ 63] Humildade (humildade) não é apenas uma palavra simples que pronunciamos: “Eu sou um
pecador” ou algo semelhante. Humildade é verdade. Quando o homem compreende que não é nada; que ele não
era nada antes de Deus criar tudo: nada. “E o que você tem que não recebeu?” (1 Cor. 4: 7). [ 18]

Podemos ouvir muitas pessoas dizerem: “Sou um pecador, sou mau…. “. É uma espécie de doença psicológica.
Eles

apenas falam como se fossem humildes. A verdadeira humildade, que é um dom de Deus, não fala, não pretende
ser humilde, nem usa alguns gestos para mostrar quase humildade. A pessoa humilde acredita que todas as
coisas dependem de Cristo. O humilde não fala, mas o sente por dentro. Ore para que Deus lhe dê humildade
divina. Não um expresso apenas com palavras: "Eu sou indigno, o menos de tudo ..." Esse tipo de humildade é
simplesmente um ato satânico. A humildade divina é um presente de Deus. Voce entende? Presente. Graça. [ 39]

“Tem misericórdia de mim” - oração por todas as pessoas

Somos todos um e devemos orar tanto pelos vivos quanto oramos pelos que partiram. Não devemos dizer:
"Senhor Jesus Cristo, tenha misericórdia de fulano" ou "tenha misericórdia de nós", mas devemos dizer "Senhor
Jesus Cristo,

tenha misericórdia de mim. "Como ele explicou, uma vez que a Igreja de Cristo é um só corpo, dentro do" tem
misericórdia de mim "estão incluídos todos os vivos e os mortos. E se a oração não se estende a todas as
pessoas, então não é eclesial Ore pela Igreja, pelo mundo, por todas as pessoas. Todo o Cristianismo está
contido na oração de Jesus. [ 39]

NOME - “JESUS” (grego: Ιησούς (Iēsous), hebraico: ‫( ושי‬Yeshua))

A oração de Jesus tem um poder especial porque o santo nome de Jesus está contido nela. Existem muitas
referências ao nome de Jesus na literatura cristã primitiva. Nós lemos em O pastor de Hermas ( segundo século):
“O nome do Filho de Deus é grande e sem limites e sustenta todo o universo”. Dizemos “Jesus” e repousamos
na plenitude e na totalidade que já não nos podem ser tiradas. O nome de Jesus então se torna um portador de
todo o Cristo. Isso nos traz à Sua presença total. [ 14] O próprio Senhor Jesus Cristo está presente no Nome -
Jesus. [ 26]

De acordo com a secular tradição ortodoxa, o poder e a energia de Deus estão presentes no santo nome de
Jesus. No

início do século XX, o monge Hilarion, um eremita do Cáucaso, escreveu em seu livro notável Nas Montanhas do
Cáucaso: “O Filho de Deus… na plenitude da sua natureza divina está presente tanto na Sagrada Eucaristia
como nas igrejas cristãs. Ele também está plena e inteiramente presente em seu nome, com toda a sua perfeição
e com a totalidade da sua divindade

”. O monge Hilarion citou as seguintes palavras de São João de Kronstadt: “Que o nome do Senhor ... seja por
você, em vez do próprio Senhor ... O nome do Senhor é o próprio Senhor ...” Discussões acaloradas surgiram no
Monte Athos na década de 1910 por volta estas palavras e em torno do ensino dos 'adoradores do Nome' (
imyaslavtsi). Estes últimos foram acusados de inexatidão dogmática, nomeadamente em confundir o nome de
Deus com a sua essência. No entanto, no que diz respeito ao livro de Hilarion, ele está muito em sintonia com a

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tradição hesicastta da veneração do nome de Jesus. Lamentavelmente, com a eclosão de discussões em torno
do nome de Jesus, este livro foi considerado um manifesto dos 'adoradores do Nome'. Banido da distribuição
pelos censores eclesiásticos russos, permaneceu virtualmente desconhecido. [ 14]
Palavras: “Senhor Jesus Cristo” - são palavras vivas. O Senhor está perto de você: Ele está na sua boca e no seu
coração.

Quando dizemos: “Senhor Jesus Cristo”, nesse Nome, como diz o Apóstolo Paulo é o próprio Senhor. (Rom 10:
8). [ 32]

São Gregório do Sinai não teve medo de dizer que a oração é Deus. [ 26] Em uma passagem elaborada, onde ele
carrega um epíteto sobre o outro em seu esforço para descrever a verdadeira realidade da oração interior, ele
termina repentinamente com uma simplicidade inesperada: “Por que falar longamente? A oração é Deus, que
opera todas as coisas em todos os homens. ” A oração é Deus, não é algo que inicio, mas algo em que
compartilho; não é principalmente algo que eu faço, mas algo que Deus está fazendo em mim: na frase de São
Paulo, “não eu, mas Cristo em mim” (Gl 2,20). [ 59]

Énecessário que a mente se concentre no nome de Jesus Cristo e veja nele o próprio Cristo. Sim, mas como
ver? Todos os escritos dos santos padres proíbem estritamente imaginar qualquer imagem, conceito visual,
forma, forma ou figura. [ 26] Não desvie a atenção das palavras de oração, para qualquer imagem externa ou para
um ícone de Cristo. Associe a imagem interior do Senhor com o nome do Senhor Jesus Cristo como seu ícone
mental, acreditando que o próprio Senhor Jesus Cristo está presente no Nome como em Sua imagem invisível.
Deixe Seu nome mais doce ser para você em vez de Ele mesmo. [ 50]

PRESENÇA

O Senhor é onipresente. [ 49] Procure estar sempre atento à presença de Deus. Ao direcionar todas as nossas
obras para a glória de Deus, obtemos uma constante lembrança de Deus, ou em outras palavras, andar diante de
Deus. Andar diante de Deus consiste em não fazer nada sem lembrar que você está na presença de Deus. [ 53]

Sempre pratique estar diante de Deus. Isso significa: tenha sempre em mente que o Senhor está olhando para
você. Devemos acordar com Ele, deitar com Ele, trabalhar, comer e andar com Ele. O Senhor está em todo lugar
e em todas as coisas. Dizem os Santos Padres: “Assim que acordares, volta imediatamente a tua atenção para o
Senhor, une os teus pensamentos ao Senhor e continue assim durante o dia para lembrar sempre, sempre de
Deus”. [ 49]

Quando oramos, devemos acreditar que o Senhor nos ouve e nos vê. [ 49] Lembre-se de que Deus vê todos os
seus pensamentos. [ 16] Ele se levanta e examina sua mente, pensamento, atividade mental e raciocínio. Ele
observa se você O busca de todo o coração ou preguiçosamente e negligentemente. [ 60]

Viva com a convicção sempre antes de sua consciência de que Deus está em você e que Ele vê tudo o que está
dentro de você. Essa consciência do olho de Deus olhando para o seu ser interior não deve ser acompanhada
por nenhum conceito visual, mas deve ser confinada a uma simples convicção ou sentimento. Um homem em
uma sala quente sente como o calor o envolve e penetra. [ 53]

Deus está em toda parte e sempre conosco e em nós. Mas nem sempre estamos com Ele, porque nos
esquecemos Dele e nos permitimos fazer coisas que não deveríamos fazer na Sua presença. Há um ditado bonito
na Filocália: “Deus vê todos os homens, mas só aqueles que vêem Deus, que nada percebem durante a oração”.
[ 32]

A oração incessante levará à obtenção da fé, porque aquele que ora continuamente começa a sentir a presença
de Deus. Esse sentimento, aos poucos, pode crescer e se fortalecer tanto que eventualmente o olho da alma verá
Deus em Sua providência mais claramente do que o olho físico vê as coisas materiais; coração sentirá a
presença de Deus. [ 12]

Pai, a energia divina está mais perto de nós quando vamos à igreja ou mais perto quando visitamos o Monte
Athos? Não, está sempre conosco, continuamente. [ 49] Pai, tenho um desejo em meu coração: vir morar com o
senhor no Monte Athos. Preste atenção no que vou te dizer: sim, você pode vir. Mas, como você mora no mundo,
vá para a sua casa, feche a porta, baixe as cortinas, jejue, leia, reze com uma corda de oração e voilà: você estará
na Montanha Sagrada.

Etapa

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Todo cristão está presente no palco. Diz São Paulo: Todo o planeta é palco, teatro „Pois somos feitos espetáculo
para o mundo“ (1 Cor 4, 9). Cada um de nós veio aqui para desempenhar um papel crucial e histórico. A
audiência é de um lado são anjos brancos e anjos negros do outro lado, que podem ver através da pessoa. Nada
pode ser escondido deles. Eles podem até ler nossos pensamentos por movimentos corporais (caso contrário,
eles não podem ler pensamentos que só Deus pode). Se fizermos algo bom, algo belo, os anjos brancos
aplaudem dizendo bravo, enquanto os anjos negros choram rangendo os dentes de raiva. No entanto, se
fizermos algo mal, os anjos negros ficarão felizes e os anjos brancos chorarão. Assim, de alguma forma,
entramos neste palco para desempenhar um papel e será visto se prestamos mais boas ações para Deus, ou
mais ações más para o diabo. [ 6]

Podemos fazer uma analogia com os reality shows modernos em que as câmeras cobrem todos os cantos e não
há lugar para os competidores se esconderem. As câmeras gravam sem parar 24 horas por dia, 7 dias por
semana. Os concorrentes estão cientes disso e, subconscientemente, sabem que o público os está observando
(acompanhando cada palavra e movimento). Mas, às vezes, eles se esquecem das câmeras e dizem ou fazem
algo que não deveriam fazer. Algo semelhante está acontecendo no mundo espiritual, só que ali as “câmeras”
estão fora e dentro da alma, no coração, em todos os lugares. “E não há criatura escondida da sua vista, mas
todas as coisas estão nuas e abertas aos olhos do Senhor” (Hb 4:13).

Corpo - Templo

“Não sabes que és templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em ti?” (1 Coríntios 3:16). “Ou não sabes que
o teu corpo é templo do Espírito Santo que está em ti, que tens de Deus e que não és teu?” (1 Co 6:19). “Vocês
não se conhecem, que Jesus Cristo está em vocês?” (2 Cor. 13: 5) “Pois vós sois o templo do Deus vivo. Como
Deus disse: habitarei neles e andarei entre eles. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo ”(2 Coríntios 6:16).

São Basílio, o Grande, disse: A oração é boa quando imprime na alma uma concepção clara de Deus. Esta é de
fato a habitação de Deus - ter Deus estabelecido em si mesmo por meio da memória. Assim, nos tornamos o
templo de Deus. [ 17] Jesus Cristo mostrou claramente que o serviço a Deus dura enquanto estivermos vivos.
Não estamos apenas falando que os cristãos devem ir à igreja no Dia do Senhor para adorar, mas principalmente
que carregamos a igreja conosco. Este corpo é o templo do Deus vivo.

No caso da oração noética, que se realiza no coração, pode-se sentir muito claramente que dentro dele, no
coração, alguém veio morar, Que reza dentro “com gemidos que não podem ser proferida ”(Rm 8:26). Uma
pessoa que se torna o templo do Espírito Santo, em quem o Espírito Santo entrou e habita no coração, sente
vividamente no coração o Seu poder e energia. Portanto, tal pessoa não se convence de ter se tornado templo do
Espírito Santo por alguns sofismas filosóficos ou teológicos, mas, pelo contrário, reconhece e tem consciência
de ser templo do Espírito Santo por sua experiência direta e pessoal. Porque o Espírito Santo pode ser sentido e
ouvido internamente, cantando no coração. Portanto, o espírito humano é uma testemunha do Espírito de Deus,
uma testemunha dos fatos básicos concretos de que o corpo se tornou templo de Deus, desde que o Espírito
Santo veio habitar no coração. Este estado é descrito pelo apóstolo Paulo quando diz: o Espírito de Deus clama
interiormente: “Aba, Pai”. Então, o Espírito Santo em nós clama ao Pai: “Meu Pai” (cf. Gl 4, 6) ”. [ 21] “O Espírito
testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16).

Diz São Basílio o Grande: “O verdadeiro sábio considera o seu corpo como residência e porto seguro da alma,
quer se esteja na praça pública, na festa, na montanha, no campo ou no meio da multidão. Tal pessoa sempre se
vê dentro do próprio mosteiro interior, traz a mente de volta a si mesma, pensando apenas em Deus ”.

Podemos viver no mundo como no deserto. Como diz São João Crisóstomo: “Devemos levar nossa alma para
um deserto desolado. Nesse deserto, a oração de Jesus construirá um mosteiro espiritual secreto para quem ora
”. “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim”. Esta é a rocha que servirá para a construção das
paredes do mosteiro secreto. Dizendo a oração, a pessoa deita uma pedra após a outra, dia após dia, ano após
ano, constrói-se paredes invisíveis ao redor da alma, que a separam dos assuntos mundanos. Ele é um monge
secreto sem tonsura que vive no mosteiro secreto. Para todos ao seu redor, ele parece viver no mundo, mas na
verdade ele se juntou ao mosteiro da oração noética. ” [ 55]

ATENÇÃO

Um pai à beira da morte disse: “ O monge deve ser como o Querubim e o Serafim: todos os olhos ”. [ 45]

A atenção deve ser a coisa principal na oração. O que significa orar com atenção? Significa manter a mente nas
palavras da oração e ouvi-las com atenção contínua. Este é o caminho para a oração atenta. [ 60] Mas, nós

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desviamos nossa atenção da oração para outra coisa. Portanto, quando você orar, preste atenção às palavras
que você está dizendo. Mantenha sua atenção aí. Não pense em mais nada. [ 49]

Você não ouve sua própria oração, então como você espera que Deus ouça você e ouça sua oração? Você
gostaria que Deus se lembrasse de você quando você ora e você nem mesmo tem consciência de si mesmo?
[ 12] É muito bom orar constantemente e ocupar nossa mente conversando com Deus. No entanto, é esse o
nosso caso? Muitas vezes nos distraímos da oração seguindo os pensamentos que seduzem nossa mente, ao
invés de nos afastarmos deles e ao invés de ficarmos angustiados com eles, o que seria um sinal de desacordo
de nossa vontade com aqueles que nos sugerem todo tipo de coisas inadequadas . [ 34]
São João da Escada assim o expressa: “Procure restaurar, ou mais exatamente, encerrar o seu pensamento nas
palavras da oração. Se por causa de sua infância, ele se cansa e vagueia, conduza-o novamente ”[ 62] Ele
aconselha que a mente deve ser bloqueada nas palavras da oração e deve ser forçada a voltar cada vez que ela
se afasta dela. [ 13] Nunca se canse de trazer sua mente de volta sempre que ela se dispersar. Deus verá seu
trabalho e enviará Sua graça para recuperar a mente. [ 22]

Se você cair, isto é, se você esquecer a oração e se entreter com um pensamento, então levante-se. E toda vez
que você se lembrar da oração após a queda, comece de novo e ouça, para que a oração ressoe em sua mente e
coração. [ 3]

Devemos sempre nos encorajar a não esquecer e negligenciar a oração. Assim que percebemos que nossa
oração está “diluída”, enfraquecida e começou a vacilar e vagar, é necessário que nos esforcemos para corrigir
isso imediatamente e que trabalhemos zelosamente para restabelecer o poder de nossa oração. Como fazer
isso? Nossa alma deve se lembrar, deve se concentrar e então começar a orar com atenção. Deve descartar
todos os pensamentos, todas as preocupações, não deixar a mente divagar e deve dizer: “A partir de agora vou
rezar”. [ 22]

As hostes angelicais não são escravizadas por seus pensamentos ou pelas coisas deste mundo. Eles
contemplam as coisas criadas, mas seus pensamentos não são escravizados por elas, pois o centro de seus
pensamentos está na servidão apenas ao poder de Deus, pelo qual amam toda a criação. Quanto a nós, quando
vemos um objeto que nos atrai, imediatamente nos apegamos a ele. Se isso durar por um período de tempo,
então esse objeto se torna nosso ídolo. Um objeto toma o lugar em nossos corações que pertence a Deus, não
importa se é um objeto inanimado ou um pároco. [ 49]

A salvação e a ascensão gradual à perfeição cristã são possíveis em qualquer lugar e sob quaisquer
circunstâncias, desde que a oração mental seja praticada. O Padre John de Kronstadt disse: “Esteja atento e
guarde a sua mente”. Ele expressou de maneira engenhosa, simples, breve e clara a essência dos ensinamentos
dos Santos Padres sobre “Guarda do Coração”, “Vigilância” e “Atividade mental”. [ 60] A alma deve estar
constantemente pronta e alerta e sempre em contato com a sede espiritual, ou seja, Deus. Só então se sentirá
seguro, cheio de esperança e alegria. [ 37]

Mente - errante
Abba Isaías diz: Eu me considero um cavalo sem dono, quem o encontrar dá uma carona, vem outro e dá uma
carona, e assim por diante. [ 59]

Alguns santos padres disseram: nossa mente é uma errante; está acostumado a viajar pelo universo. Ele vagueia
o tempo todo. E não pode se acalmar até que o Poderoso venha para acalmá-lo. [ 49] Após a queda, nossa mente
é semelhante a um galgo que tende a correr, como em uma corrida irresistível e imparável. [ 57] Tente evitar que
sua mente escape da concentração total nas palavras. Ele tentará exatamente como um animal selvagem
encurralado ou enjaulado busca continuamente encontrar uma saída.

Não estamos totalmente presentes reunidos aqui e agora. Contemplar significa, antes de tudo, estar presente
onde se está - estar aqui e agora (na presença de Deus). Mas geralmente nos vemos incapazes de impedir nossa
mente de vagar aleatoriamente no tempo e no espaço. Lembramos o passado, antecipamos o futuro, planejamos
o que fazer a seguir; pessoas e lugares vêm antes de nós em uma sucessão interminável. [ 59] Onde quer que
esteja nosso corpo, deve estar também nossa mente; não que nosso corpo esteja em um lugar e nossa mente
em outro lugar. [ 68]

Às vezes, a mente se envolve em pensamentos carnais e terrenos e tem prazer nisso. Às vezes está envolvido
em outras paixões, às vezes paira indiferentemente aqui e ali. Onde quer que vá, onde quer que pare, encontra
algum tipo de prazer. Portanto, aqueles que pretendem alcançar o objetivo da oração incessante devem reunir
sua mente dispersa (grego: nous), o andarilho que espreita a cada esquina, para ordenar e organizar. [ 22]

13
A mente que mantém Deus dentro de si mesma e constantemente se lembra Dele é deificada. Sabendo que Ele
habita em nós e nós Nele, estamos nos movendo no Senhor como peixes na água. Ele está em toda parte, e nós
nadamos Nele, mas assim que saímos Dele mentalmente, morremos espiritualmente. [ 49] Aquilo que acontece
com um peixe fora d'água, acontece com a mente que saiu da lembrança de Deus e vagueia na lembrança do
mundo. [ 17]

É por isso que devemos começar a treinar nosso “errante mental sem corpo”, ou seja, nossa mente. Porque,
essencialmente, ele é um filho pródigo que deixou algo natural para ele - a comunhão com Deus. [ 60]

Pensamento de um

É trabalho da mente aceitar apenas um pensamento - o da oração. O resto dos pensamentos são os estranhos
que passam, que são desnecessários para a mente, e quem começa a conversar com eles não evitará o mal.
Nada pode conquistar a mente quando o nome de Deus está com ela. [ 3]

Para interromper a agitação contínua de seus pensamentos, você deve vincular a mente a um pensamento, ou
apenas o pensamento de Um. Por meio da lembrança de Jesus Cristo, diz São Filoteu do Sinai, reúna o seu
intelecto disperso. [ 59]

PRÁTICA

Temos que praticar. A oração também precisa de prática. Ao repetir a oração sem cessar, adquire um hábito e a
oração torna-se algo natural. Depois de praticar a oração algum tempo, a graça de Deus nos é dada por si
mesma, quando a oração se torna autopropulsora (como uma locomotiva): segue sem nossa vontade, sem nossa
vontade. [ 49]

Você já ouviu falar da oração de Jesus? Sim, eu ouvi. E você já tentou aprender? Sim, eu tentei. E como foi? Mal.
Não se desespere. Apenas repita persistentemente e no devido tempo - a oração virá. [ 8]

A arte da oração, como qualquer outra arte, não pode ser dominada teoricamente, mas por meio do aprendizado
ao longo da vida. Alguém quer aprender uma arte apenas com as palavras? Em primeiro lugar, passa-se algum
tempo trabalhando, depois estraga o trabalho, depois o conserta e novamente o estraga. Assim, aos poucos,
com a ajuda de Deus, que observa a intenção e o empenho de cada um, vai-se aprendendo a arte com esforço e
paciência. E vamos aprender a arte das artes através das palavras, sem fazer isso? Como isso é possível?
Portanto, vamos cuidar de nosso eu interior e praticar diligentemente, enquanto ainda temos tempo. [ 7]

Chega de leitura, devemos praticar. Chega de olhar como os outros vão, devemos ir por conta própria. Você está
procurando a vida interior? Entre no seu eu interior. [ 53]

Da mesma forma, aqueles que estão atentos ao estudo espiritual, mas apenas para se divertir, sem empregá-lo
para seu progresso espiritual, parecem agricultores que estão entediados demais para agarrar o arado e, em vez
disso, agarrar um ponto na sombra densa. Lá eles lêem livros agrícolas continuamente e aprendem muitas
teorias, mas na prática eles permanecem inativos e miseráveis. [ 37]

Em uma cidade, dois irmãos se casaram quase ao mesmo tempo. A primeira noiva era uma médica, uma mulher
muito inteligente e de caráter forte. O segundo era mais bonito, inteligente, alegre, mas não muito intelectual. À
medida que se aproximava o dia do parto para os dois, eles decidiram experimentar um novo método
denominado “parto sem dor”. O primeiro, o médico, compreendeu muito rapidamente todo o mecanismo deste
procedimento e após duas ou três aulas de exercícios adequados, abandonou o treino, confiante de que entendia
tudo e de que na data devida perceberia o seu conhecimento. A segunda noiva tinha uma ideia muito primitiva
sobre a anatomia, mas ela estava disposta a lidar não com o lado teórico do problema, mas simplesmente e de
todo o coração comprometida com os exercícios prescritos. Depois de praticar o suficiente, ela foi dar à luz. E o
que você acha? A primeira, no momento do parto, logo que começaram as dores do parto, esqueceu todas as
teorias e deu à luz com grande sofrimento, “com dores” (Gn 3,16). O outro, porém, deu à luz sem dores e quase
sem esforço. Algo semelhante acontece conosco. Pessoas educadas contemporâneas compreenderão
facilmente o “mecanismo” da oração mental. Basta que orem com zelo por duas ou três semanas, para ler alguns
livros, e aí está, podem até escrever seu próprio livro sobre oração. Mas no leito de morte, quando todo o nosso
organismo é violentamente dilacerado, quando o cérebro perde a clareza mental e o coração sente fortes dores
de fraqueza, todo o nosso conhecimento teórico desaparece, e com eles pode ser a oração também. É por isso
que é necessário orar por muitos anos. Devido à repetição persistente de longo prazo, a oração se torna o estado

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natural de nosso ser. Somente com tal oração, nosso nascimento no mundo de cima poderia ser “sem dor” (Is
66: 7). [ 41]

Quantidade

É óbvio que a oração incessante não pode ser propriedade de um novato; mas para se tornar eventualmente
capaz de orar incessantemente, ele deve praticar orações frequentes. A oração frequente no devido tempo
transforma-se automaticamente em oração incessante. Aquele que não se treina para a oração frequente, nunca
receberá o dom da oração incessante de Deus. [ 13]

Ore tanto quanto você puder. Deus concede uma oração pura àquele que ora zelosamente, resolutamente,
regularmente, mesmo que ore de forma impura e desatenta. [ 62] Se não houver oração verbal, fraca e imperfeita,
então também não haverá a oração perfeita, interior, mental e do coração. Deus dará uma oração pura e
abençoada apenas para aquele que oferece sua oração impura e pecaminosa. [ 60]

Um escritor espiritual experiente disse que, para aprender a fazer qualquer coisa bem, é necessário fazê-lo com a
maior freqüência possível [ 5] A constância na oração é a única maneira de alcançar as alturas da oração
verdadeira e pura. [ 22]

Deus deixou para a liberdade e capacidade do homem apenas o fluxo constante de oração. Deus nos manda orar
incessantemente, em todos os momentos e em todos os lugares. É aqui que está o segredo da verdadeira
oração, da fé, de guardar o mandamentos, e da salvação é encontrada. O homem tem a habilidade de orar regular
e freqüentemente. Os Padres da Igreja confirmam isso claramente. Diz São Macário Magno: «Rezar com
frequência está na nossa vontade, mas rezar verdadeiramente é um dom da graça». [ 5]

O inimigo está nos afastando da oração por todos os meios: “Que absurdo é repetir a mesma coisa, quando nem
a mente nem o coração estão participando da oração, é melhor substituí-la por outra coisa”. Não dê ouvidos a
ele. Ele está mentindo. Continue com a oração frequente e não será infrutífero. [ 54] Você deve saber que se
orarmos de coração, nenhuma palavra é fútil, o Senhor ouve cada palavra que dizemos.

Ele vê todos os nossos esforços. Nem uma única oração é inútil.

“Estou preocupado porque minha mente está distraída durante a oração de Jesus.” Não se confunda, apenas ore
incessantemente. A mente está distraída, mas mesmo assim a boca e o coração são santificados com esta
oração, que é uma ferramenta poderosa. Não temos nada maior ou mais importante do que esta oração. [ 33]

São João Carphatos escreve na Phiokalia que, quando recitamos a Oração de Jesus, dizemos: 'Tem misericórdia
de mim, pecador', Deus secretamente responde a cada petição com: 'Filho, seus pecados estão perdoados.' E ele
diz ainda que, no momento em que oramos, não diferimos dos santos, dos bem-aventurados e dos mártires. E
São João Crisóstomo diz que o homem pecador se torna puro no momento em que faz a oração. [ 5]

Devemos sempre nos obrigar a repetir esta oração e invocar constantemente o Senhor, mesmo com
pensamentos distraídos e mente escravizada. Embora sejamos distraídos, não devemos nos permitir
negligenciá-lo, mas em qualquer caso devemos nos esforçar para voltar a ele e nos alegrar por ter voltado a ele. [
46]

Passo a passo

Nunca devemos nos apressar em nosso esforço ascético. É fundamental descartar qualquer ideia de atingir o
máximo no menor tempo possível. Uma ascensão gradual à oração é o mais confiável. [ 41] Moderação em todas
as coisas, da mesma forma na oração. Tudo virá com o tempo, apenas devemos ser diligentes.

Não desanime nas falhas. Não alimente pensamentos de que você alcançará certas coisas em um determinado
momento. [ 3] Expulse inteiramente de sua mente todos os pensamentos de tarefa e quantidade. [ 59]

Na oração, grande zelo e diligência, esforços e esforços indizíveis são necessários, mas o mais importante e o
mais necessário é a ajuda de Deus. No entanto, apesar de tudo isso, dezenas de anos podem se passar antes
que alguém entre no reino da oração de Jesus. [ 26]

Não coloque muita pressão sobre si mesmo

Não deixe a oração se tornar um trabalho tedioso. A pressão pode provocar uma reação interna, pode causar
danos. Muitas pessoas ficaram doentes com a oração porque se pressionaram. Certamente, você pode fazer

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isso, quando se tornar um trabalho tedioso, mas não é saudável. Você não precisa se esforçar nisso quando tem
amor divino. Onde você estiver, em um banquinho, em uma cadeira, em um carro, em qualquer lugar, na rua, na
escola, no escritório, no trabalho você pode dizer a oração: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”,
suavemente, sem pressão, sem esforço. Você acabou de rezar calmamente, sem ansiedade ou força. [ 39]
Dentro da pessoa de oração, o coração ora sem compulsão e a própria graça realiza a oração no coração. Mas
você se humilha tanto quanto pode. Se você se humilhar, receberá um presente maior de Deus. [ 44]

Não tenha preguiça de dizer a oração. Cristo aceita conversar incessantemente conosco, e nós somos
indiferentes. Evitamos a união com Deus por meio da oração em amor, que muitas vezes percebemos como uma
tarefa. Quando entendemos a necessidade da misericórdia de Deus, só então oramos sem colocar pressão sobre
nós mesmos. Assim sentiremos a necessidade desta oração e não nos cansaremos. Rezar não cansa, mas dá
descanso. Só é cansativo se não compreendermos o verdadeiro significado disso, não compreendermos o
verdadeiro significado dos Santos Padres. [ 37]

Nunca abandone a oração

Em todas as suas tentações, você não deve abandonar a oração. Se você não consegue orar com o coração, ore
com a mente ou com os lábios: ore de qualquer maneira, apenas não saia da oração. [ 1]

O homem nunca deve abandonar a oração em nenhuma circunstância. O fundamental é não chegar ao ponto do
desespero e da inatividade, para não sair da oração! [ 3]

Deus olhou para você agora. Ele ilumina e orienta você. Você trabalha em sua localização atual. Ore sem cessar
com os lábios e mentalmente. Quando sua língua ficar cansada, deixe sua mente assumir a oração, e quando a
mente ficar cansada, deixe a língua assumir, apenas nunca pare. [ 18]

Minha filha, eu te imploro, pelo amor de Deus, não pare nem por um momento, rezando a oração de Cristo. [ 22]

ESTÁGIOS DE ORAÇÃO

Existem três estágios básicos de oração: oral, mental e a oração do coração (alguns autores mencionam ainda
mais: cinco, seis ...)
Mesmo que conheçamos os estágios da oração, não é aconselhável pensar em qual estágio estamos, mas
devemos prosseguir com humildade. Além disso, ter orgulho da oração é tolice. Não é razoável. É semelhante a
um mendigo que se orgulha do seu pedaço de pão pelo qual implorou ao seu mestre. [ 57]

Oral

Os santos padres aconselham aqueles que estão aprendendo a Oração de Jesus a recitá-la em voz alta primeiro.
Se você quer avançar na oração mental e no coração, aprenda a estar atento com a oração vocal e audível: A
oração vocal por si mesma (sem quaisquer métodos físicos) se transformará na oração mental e do coração. A
continuidade exterior levará à oração incessante interior. Através do desejo externo, o interno é adquirido:
adquirimos o espírito de oração. [ 60]

Mais tarde, quando chegamos à oração mental, é bom que às vezes você diga em voz alta “Senhor Jesus Cristo,
tem misericórdia de mim”, para que seus sentidos ouçam, seus ouvidos ouçam. Por nossa natureza, somos a
alma e o corpo, e eles influenciam um ao outro. [ 39] O som que sai - som de suas palavras - vai atrair a mente
para prestar atenção às palavras da oração. Dessa forma, a mente gradualmente se acostumará a ser
concentrada em vez de distraída. [ 22]

A oração vocal de Jesus deve ser recitada alto o suficiente para que você possa ouvir a si mesmo. [ 13]

Esta é a história de um dos filhos espirituais do Élder Porfírio, contada sobre como ele os ensinou a orar. Ele nos
colocou em direção ao leste, dois de nós à sua esquerda e dois à direita, com ele no meio. “Agora vamos orar
noeticamente. Primeiro, direi as palavras e você as repetirá. Mas tenha cuidado, sem ansiedade ou força, você
dirá as palavras com calma, humildade, com amor e doçura. ” O Ancião começou com sua voz fina, delicada e
eloqüente: “Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim”. Ele disse muito devagar, palavra por palavra, sem
forçar em nada. Era como se ele tivesse Cristo diante de si e implorasse, com uma pausa após a palavra
“Cristo”, colorindo suas palavras “tem misericórdia de mim” com um tom suplicante. E repetíamos isso a cada
vez, tentando imitar sua postura, o timbre de sua voz e, se possível, sua disposição espiritual. Em algum
momento, o Ancião parou de dizer a oração em voz alta e apenas continuou sussurrando em seus lábios.
Fizemos a mesma coisa. Quanto tempo demorou nossa oração noturna? Não me lembro. Tudo de que me lembro

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é que o Ancião nos transmitiu uma emoção que não consigo expressar com palavras humanas. Depois de um
tempo, ele quebrou aquele silêncio divino e disse: “Vamos interromper agora esta oração comum. Continue por
conta própria. ”

Mental ( noético)

A oração mental de Jesus é chamada de “mental” porque é dita na mente. De agora em diante, a oração, que
nasce nas profundezas secretas do nous e não nos lábios, não é mais pronunciada, mas é pensada na mente.
Existem pessoas cujas mentes são naturalmente desenvolvidas muito antes dos exercícios de oração, que
podem abordar diretamente a oração mental, ignorando completamente o estágio verbal. [ 3]

Oração do coração
É chamado de coração mental porque o coração ora com a mente nele. Ou seja, todo o homem interior ora. O
coração sente as palavras da oração e responde a elas com simpatia. Essa resposta sensual aparece
naturalmente no fundo do peito, na região do coração. A atenção está sendo atraída para este lugar em si, e é
mais fácil mantê-la lá. [ 3]

Ore a Deus de coração. A oração fervorosa significa a oração do coração. O Senhor não quer algumas palavras
filosóficas. Pensamos com a cabeça, mas quando tudo vem do coração, essa é a concentração de todo o poder
mental no coração. Quando oramos, devemos fazê-lo com o coração, porque Deus é o Deus do coração. Ele é o
centro da vida de todas as criaturas vivas. Ele é o originador da vida e não devemos procurá-lo em outro lugar.
Ele espera que O aceitemos e acreditemos nele lá (no coração). [ 49]

Ao pronunciar as palavras, esteja ciente delas e sinta-as. Isso deve ser praticado. Se você apenas sabe que ora
ao Senhor, isso não é o suficiente. Mas quando você o compreende com o seu coração, você sente que está
falando com o próprio Senhor. Quando você fala com o coração, então você tem a oração do coração. [ 32]

A disposição orante é uma característica natural de todo ser humano. Quando o Senhor visita alguém por meio
de difíceis provações pessoais ou pela perda de um ente querido mais próximo, essa pessoa imediatamente
começa a orar com todo o coração e com toda a alma. Isso significa que todos possuem a fonte da verdadeira
oração. Que a fonte é aberta ou por meio de nossa retirada orante para a quietude interior ou repentinamente
pelas “mãos do Deus vivo”. [ 29]

Garganta

É conveniente para os novatos fazerem a oração onde ela ocorre naturalmente, ou seja, onde o homem tem o
órgão da fala, ou seja, na garganta onde o alimento está sendo engolido. Aqui, na base do pescoço, e não em
qualquer outro lugar, tente ficar com a atenção, envolvendo diligentemente a mente com as palavras da oração.
[ 3] Se a atenção da mente não está na garganta, estará na cabeça. Se você orar com a cabeça, que está cheia de
pensamentos e lembranças, verá todos os tipos de imagens. A atenção deve ser reduzida. Não podemos ir ao
fundo do coração, o coração é profundo, mas podemos ir à garganta. Lá, por onde passa o ar, aí você pára.
Quando você desce para aquele lugar, os pensamentos param. Pare aí! [ 32]

Coração

A graça em si leva a mente que ora às profundezas do seu coração. O Senhor une o coração com a mente e Ele
mesmo habita com a oração no coração, porque o nome do Senhor é inseparável do próprio Senhor. [ 3] O
homem deve sempre viver com o nome do Senhor Jesus, para que o coração absorva o Senhor e o Senhor o
coração, e os dois se tornem um. [ 61]

Onde está o coração? É aí que você sente alegria e preocupação, raiva e compaixão. O poder da alma é a mente
e, embora seja espiritual, ainda assim tem sua sede no cérebro. Da mesma forma, o poder da espiritualidade, ou
o espírito do homem, embora espiritual, tem sua sede na parte superior do coração, perto do mamilo e
ligeiramente acima dele. Ao orar, a atenção da mente deve estar acima do coração (na parte superior do
coração), na parte superior esquerda do peito. [ 50]

Desça de sua cabeça em seu coração. Certifique-se de manter seu pensamento com Jesus não apenas na
cabeça, mas direcione-o para o peito. [ 2] Quando a oração desce ao coração, não haverá dificuldade em orar,
pois a cabeça ficará vazia de pensamentos. Todos os pensamentos estão na cabeça, eles seguem uns aos
outros e é impossível controlá-los. Enquanto a mente permanecer na cabeça, ela estará exposta ao choque
constante com as fantasias. Como nuvens de mosquitos no verão, os pensamentos se acotovelam e a mente não
tem tempo para se concentrar em uma coisa. [ 53]

17
Épor isso que a mente deve rejeitar e expulsar todas as idéias do demônio no coração, não permitindo que
nenhum pensamento mundano permaneça ali, tornando-se assim pobre de espírito, que é privado de
pensamentos mundanos. [ 22] A mente deve repousar lá (no coração), sem quaisquer pensamentos, sem
qualquer imagem visual. Visto que a mente está em constante movimento e não pode ficar ociosa, dê-lhe algum
tipo de ocupação, dê-lhe a oração com o nome do Salvador, com o nome de Jesus. [ 49]

A vida está no coração, então você deve viver lá. Não pense que isso se aplica apenas ao perfeito. Não, isso se
aplica a todos que começam a buscar o Senhor. [ 53]

Cristianismo Interior

O Evangelho é um segredo divino interior, que é aceito por meio de um sentimento vívido do coração. O
sentimento interior vívido do coração é a fé abençoada e empírica. Sem essa bendita aceitação empírica, o
Evangelho é (no melhor dos casos) uma “história” divina, uma nova moral cristã, embora apenas até o
Getsêmani. Essa aceitação externa do Evangelho não é permanente. Ou seja, até que venha a primeira tentação,
eles clamam a Ele: “Hosana” e após o abalo da fé externa, do culto externo, gritam “Crucifica-o, crucifica-O”, ou
vão embora para a noite escura. [ 60]

Tendo recebido o cristianismo externa e superficialmente, a humanidade o aceitou como uma religião de
moralidade renovada e não como uma religião de milagres, não como a religião da ressurreição e do
aparecimento eficaz de uma existência nova, incomum e diferente. Eles seguem o caminho amplo e bem
conhecido de habilidades e técnicas, ou seja, pelo caminho das leis canônicas, ordenanças, da piedade exterior.
Este é o caminho para “os muitos que são chamados”. No entanto, existem alguns que encontram a salvação
nesse caminho. [ 60]

Os escolhidos vão das ordenanças externas para o serviço interno, para a atenção. Devem elevar suas mentes
para o Topo, devem intensificar “a oração mental” e se apegar ao interior (atenção aos pensamentos), apegar-se
à atividade imaterial dos santos padres; só isso pode nos afastar da vida material, corporal e corruptível. O
caminho nos é indicado: do externo ao interno, em direção à atenção aos pensamentos e à oração incessante.
Quem está dentro está no caminho certo. Conforme testemunhado pelos santos padres, apenas a vida interior é
a verdadeira vida cristã. [ 60]

TÉCNICAS PSICOSSOMÁTICAS

Existem vários psicossomáticos (grego: psicopata - alma, somatos - corpo) ajudas, orientações técnicas
utilizadas na realização desta oração, considerando sentar, postura do corpo, respiração, ...

Observe cuidadosamente, no entanto, que a essência dessa conquista consiste em um chamado sincero e sem
distrações por nosso Senhor Jesus Cristo e não apenas na descida ao coração por meio da respiração e do
sentar-se em um lugar isolado e mal iluminado. Os santos Padres apresentam essas e outras sugestões
semelhantes como auxílio à lembrança. Do hábito de estar recolhido e atento nasce o hábito da oração pura da
mente e do coração. [ 5]

A Oração de Jesus pode ser praticada em sua plenitude, sem nenhum método físico (psicossomático). [ 59] O
mecanismo acima é totalmente substituído pela enunciação sem pressa da prece, por um breve descanso ou
pausa após cada prece, por uma respiração suave e sem pressa e pelo fechamento do intelecto nas palavras da
prece. Todos os métodos descritos pelos Padres são vistos apenas como ajudas e meios para obter atenção. O
que importa e o que é obrigatório é a atenção interior do coração. [ 53]

Não preste atenção aos batimentos cardíacos ao fazer a oração (como mencionado no livro O Caminho de um
Peregrino), apenas evite que sua mente se desvie da oração - este é o centro e o objetivo da oração. [ 22]

A graça de Deus é sempre concedida como um dom gratuito e não pode ser obtida automaticamente por nenhum
método ou técnica. Só a técnica essencial é a humildade e o amor. [ 59]

Arrependimento

Em primeiro lugar, é muito importante para o uso adequado e seguro dos métodos psicossomáticos na oração
mental estar atento ao sentimento de arrependimento na alma. [ 50] O primeiro mandamento do Novo

18
Testamento é o arrependimento: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1:15) [ 60], então se esforce para
trazer arrependimento com sua oração. [ 13]

Nesta oração, não busque estados espirituais elevados. [ 60] Peça arrependimento em sua oração e nada mais,
nem por luzes divinas, nem milagres, nem profecias, nem dons espirituais - nada além de arrependimento. [ 37
Não busque nada, exceto a visão de suas próprias transgressões e a purificação das paixões. [ 60] Aquele que
discerne e conhece os próprios pecados é maior do que aquele que ressuscita os mortos com a oração. Aquele a
quem é dado ver a si mesmo é maior do que aquele a quem é dado ver os anjos. [ 17] Porque o último se
comunica e vê com os olhos corporais e o primeiro passa a se conhecer com os olhos espirituais. [ 49]

A oração de Jesus é uma oração de arrependimento. É uma forma de encontrar a alma, ou seja, o caminho para
Deus. A alma pecaminosa pode retornar a Deus somente por meio do arrependimento. Não há outro caminho.
Este é o caminho correto e seguro dos santos padres. É também a única forma acessível e aberta. Todos os
outros caminhos estão fechados para nós. O verdadeiro arrependimento, de acordo com São Marcos o Asceta,
consiste em três virtudes mentais, três ações: limpeza da mente, perseverança paciente das aflições e oração
incessante. [ 60]

Respirando

Agora, depois de conhecermos o contexto de arrependimento e humildade da oração, podemos voltar com
segurança às técnicas psicossomáticas e dizer algo sobre a respiração. O método é simples: Freqüentemente, a
primeira parte, “Senhor Jesus Cristo”, é dita ao inspirar, e a segunda parte, “tem misericórdia de mim”, ao
expirar. [ 59] Ao inalar, a pessoa é limpa, revivida e santificada. Quando exala, a pessoa limpa, revive e santifica a
criação, embora isso não seja feito por ele, mas pela graça de Deus. [ 22]

Os antigos ascetas associavam a oração de Jesus à respiração. Este método é usado por alguns ascetas
contemporâneos. A vida humana flui em ritmos específicos e, quando a oração é unida a esses ritmos, ela obtém
ajuda. Não se trata apenas de um processo mecânico que mata o espírito, mas é outra coisa que é como o apoio
da mão do amigo que ajuda quem sobe por uma estrada de montanha íngreme. [ 25]

Este método ajuda a obter a oração incessante. Aquele que está praticando esta forma de oração dirá a oração
enquanto inspira e expira, mesmo que esteja fazendo outra coisa. A oração se apegará à respiração da pessoa.
Assim que alguém inspira, ele começa a pronunciar a prece mesmo que não queira, porque esse método leva a
excelentes resultados. [ 22]

Irmãos, respirem sempre Cristo, diz Santo Antônio Magno. Inspire Jesus, expire Jesus, então você saberá quem
é Jesus. [ 22] Deixe a lembrança de Jesus ser unida a cada respiração sua, e então você saberá o valor da
quietude. [ 62]

Alguns pais dizem que devemos diminuir a respiração. Não devemos controlar a respiração de maneira que não
respiremos ou para prender a respiração. Não. Devemos respirar devagar, silenciosamente e pacificamente (não
apressadamente) - isso significa conter sua respiração. [ 32]

Postura

Nenhuma postura particular é essencial. [ 59] A postura também ajuda (geralmente recitada na posição sentada,
mas também pode ser dita em pé, a cabeça inclinada sobre o peito ...). A postura é importante para ajudar a
manter sua atenção focada. [ 19]

Sempre diga a oração: sentado ou em sua cama ou caminhando ou em pé. Você não deve orar apenas durante o
descanso. A luta é necessária: em pé, sentado. Quando você ficar cansado, sente-se e depois levante-se
novamente para superar a sonolência. [ 18]

É melhor orar com os olhos fechados. [ 59] Ao se esforçar para concentrar a mente no seu eu interior, em vez de
deixar o olhar vagar de um lado para o outro, deve-se fixá-lo no peito, o que ajuda muito. Quando o olhar é
voltado para fora, a mente se dispersa externamente. Ao contrário, quando o olhar está fixo no lugar do coração,
ele naturalmente atrairá a mente, redirecionando-a de fora para dentro. [ 36]

Os pais nos aconselham que devemos inclinar a cabeça em direção à parte superior do peito, e então tentar
separar a mente de tudo e colocá-la no peito, no coração. Enquanto inclinamos a cabeça, devemos obrigar nossa
mente a entrar lá. Devemos tentar unir a mente ao coração, o que, é claro, não devemos imaginar. [ 22]

São João de Kronstadt diz: “Pegue o seu coração, como com a sua mão, e segure-o”. [ 32]

19
REGRA DE ORAÇÃO

Qualquer regra do livro de orações deve ser substituída pela oração mental de Jesus. [ 3] O Élder Ambrósio de
Optina também coloca a oração de Jesus acima de todas as outras regras. “Que Deus abençoe a descontinuação
da regra padrão e a adesão incessante à oração de Jesus, que pode acalmar a alma mais do que manter uma
regra de oração longa.” [ 1]

Aquele que mantém uma regra extensa tende à vanglória e à auto-estima ao segui-la. Se por algum motivo
alguém não consegue segui-lo, eles ficam preocupados. Mas quem se apega incessantemente à oração de
Jesus, vive sempre com espírito de humildade, como quem nada faz e não tem de que se orgulhar. [ 1]

Cada grito nosso do coração é oração: não apenas palavras, formas. Significa liberdade no sentido técnico, mas
oração espiritual ininterrupta. Saudade, choro é o que importa; enquanto escova os dentes, lava o rosto ... outro,
o lado técnico da oração vem por si só. [ 42] Não conte apenas com regras externas ou método de oração. Quem
se contenta em “cumprir com precisão”, cai facilmente na autossatisfação e é arrogante como o fariseu diante de
si e dos outros. Com tal atitude, sua oração não tem valor diante de Deus.

Santo Isaac, o Sírio, aconselha a não nos sobrecarregarmos com a quantidade de versos lidos e a não sermos
escravos da regra, porque não há paz na atividade escravista. Existe uma “regra de escravidão” e uma “regra de
liberdade”. O primeiro consiste em recitar um número fixo de salmos e orações em cada Ofício: aquele que está
sujeito a esta regra, está inalteravelmente vinculado à obrigação ... de seguir os detalhes do número,
comprimento e caráter da quantidade (de orações) ... Pelo contrário, a “regra da liberdade” não fixa a sequência
e a quantidade de orações a serem lidas e não estabelece um limite de tempo para cada uma dessas orações.
[ 14]

Não ter uma regra definida (fixa)

Não faça promessas se ninguém o forçar, porque cumpri-las traz confusão e, se cumpri-las, não evitará a
autocomplacência ou mesmo o orgulho. Este é um bom caminho: não prometa, mas tudo o que é necessário
cumpre com a ajuda de Deus. Não acumule regras de oração com a atitude de "Certamente vou mantê-las". [ 3]

Veja os grandes esportistas: eles não violam nenhuma regra, mas ao mesmo tempo vão além de todas as regras.
Não existem regras para um grande jogador.

Não se imponha nada (como regra imutável), ou você entrará em ansiedade e guerra. Não fique preso a uma
regra, mas siga-a tanto quanto Deus o fortalecer. Nossos Padres perfeitos não tinham uma regra fixa, mas
mantiveram sua regra durante o dia: um pouco de salmodia, rezando um pouco em voz alta, examinando um
pouco os pensamentos, cuidando um pouco da comida, fazendo tudo isso com o medo de Deus. Porque se diz:
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Coríntios
10:31). [ 58]

Não dê regras a si mesmo, não defina suas próprias regras para você mesmo [ 45] falando: “A partir de agora
vou guardar todos os dias, essa é a minha regra”. E você impôs uma regra a si mesmo. “O Espírito sopra onde
quer” (Jo 3: 8). A liberdade é necessária; não deve se tornar uma forma sobre a qual você pode dizer: “Eu
quebrei a regra”. E quem te deu essa regra? Você deu a si mesmo. Pelo contrário, se você tem sucesso e
consegue algo, você diz: “Veja como eu fiz bem!”. Assim que você pensa isso - você caiu. [ 42]

Ter uma regra moderada

Porém, é bom ter uma regra com um certo número de orações de Jesus para que a oração não seja deixada ao
acaso e não cedamos à preguiça. A imoderação ou deficiência, a negligência ou o zelo excessivo são
prejudiciais à oração e podem causar frieza ou sobrecarga física e mental. Uma regra regular e moderada, como
a rega diária da planta, nutre a oração e a torna mais forte. [ 53]

Uma regra moderada ilumina a mente e evita perturbações da mente. [ 17]

Devemos razoavelmente seguir 'o caminho real (do meio)' dos Santos Padres e não assumir trabalhos
excessivamente difíceis, que podem levar um asceta à arrogância: é melhor ter uma regra curta e mantê-la
constantemente, do que uma regra excessiva regra com interrupções ou algo que às vezes é abandonado
completamente. O Senhor aceitará até mesmo uma regra curta que é seguida com humildade. Não importa quais
regras mantemos, mas como as mantemos. É mais útil continuar com uma atividade moderada do que às vezes
presa excessivamente e às vezes abandonar até o necessário devido ao grande cansaço. [ 1]

20
Não tenha uma regra grande, mas tenha como regra a "Regra sem fim", que é a oração constante. [ 3]

Boas regras de oração

Uma das regras mais bonitas é “A Regra de Theotokos” baseada na oração da saudação angelical 150 vezes:
“Virgem de Theotokos, alegra-te, Maria cheia de graça, o Senhor está contigo; bendita és tu entre as mulheres, e
bendito é o Fruto do teu ventre, pois geraste o Salvador de nossas almas ”. Esta regra foi dada pela própria Mãe
de Deus por volta do século oitavo, e em certa época todos os cristãos a guardaram. Nós ortodoxos nos
esquecemos disso, e São Serafim de Sarov nos lembrou dessa regra e abençoou seus filhos espirituais para
mantê-la todos os dias. Qualquer um que manteve essa regra milagrosa permaneceu grato ao pai de Serafim por
toda a vida. Cumprindo esta ordem da Rainha dos Céus, comecemos a ler a Regra da Mãe de Deus, todos os dias
150 vezes a oração “Mãe de Deus e Virgem, alegrai-vos, Maria cheia de graça etc… ”Esta regra nos dá um grande
poder e ajuda na batalha contra o mal. A Rainha do Céu sempre nos ajudará de acordo com sua promessa
verdadeira. Aquele que mantém esta regra está sob seu patrocínio especial. [ 43]

No Mosteiro de Optina, os irmãos são obrigados a cumprir a chamada “Regra da Cela dos Quinhentos”, onde se
pronuncia 300 orações de Jesus, depois 100 orações à Mãe de Deus, 50 ao anjo da guarda e 50 a todos os
santos. Embora esta regra de oração seja obrigatória apenas para monges, seria ótimo se as pessoas que vivem
na Palavra também cumprissem esta regra, se possível. [ 54] Esta regra, em caso de fraqueza ou por falta de
tempo, pode ser distribuída ao longo do dia. [ 1]

Na Sagrada Lavra de São Sabbas o Santificado (em Jerusalém) não existem livros de orações, toda a regra é
rezada com o cordão de oração (a maioria delas são as orações de Jesus, depois orações à Santíssima Mãe de
Deus, aos santos ...). Os noviços têm que orar com 1.500 nós e 150 prostrações (grego: metanoia), enquanto os
monges fazem 3.000 nós e 300 prostrações. Mas a regra mais importante ali é o seu vizinho: ajudar seu irmão,
fazer um favor a alguém. O irmão está acima da oração, acima de qualquer regra, [ 42] porque o amor é maior do
que a oração. [ 62]

Hora de oração

Quanto ao tempo de oração: como você vive no mundo e tem muitos cuidados, ore sempre que tiver um tempo
livre. Mas sempre se obrigue para não se tornar negligente. [ 18]

Faça um esforço! Não duas horas, três horas, uma frase pode ser um milagre. As pessoas tendem a pensar
tecnicamente:

“Quanto tempo? Quantos nós? ” etc. [ 42]

Você deve estabelecer uma série de orações (no início, defina-se para dizer 100 orações de Jesus sem pressa e
com atenção), ou um limite de tempo para a oração (10-15 minutos pela manhã e à noite), mas não muito de uma
vez , e aumentar gradualmente. Com o tempo, você ainda pode multiplicar o número de orações ditas (ou o
tempo para oração). [ 13]

Tempo, ritmo
Devemos fazer a oração para agradar nossas almas, como a alma quer em determinado momento. Portanto,
diremos: „Senhor ... Jesus ... Cristo ... tem piedade de mim ... Senhor ... Jesus ...”, e a mente observará a alma
como um maquinista observa um motor de trabalho. [ 22]

O intervalo entre as palavras deve se ajustar ao seu próprio ritmo. Alguns querem ir bem devagar e outros um
pouco mais rápido. A melhor maneira é não pronunciá-lo muito rápido (pois a mente se desvia das palavras) e
não muito lento (pois a mente fica sonolenta). [ 37] Quando você chegar ao final da oração, comece
imediatamente a dizê-la novamente. Faça como uma corrente contínua. Diga palavras uma após a outra, sem
inserir quaisquer outras palavras ou pensamentos que tentem interferir. [ 57] Assim, o pensamento não pode
penetrar, não pode entrar furtivamente, porque uma palavra vai atrás de outra palavra. Não ceda a nenhum
pensamento. [ 32]

São Nicodemos da Montanha Sagrada compara o ritmo da oração com o ritmo e o ritmo de uma conversa
comum. [ 50] Ancião (russo: starets) Parfenii de Kiev comparou o movimento fluente da oração a um riacho que
murmura suavemente. [ 59]

21
Os padres nos dão mais um conselho útil: as palavras da oração devem ser ditas sem a menor pressa, [ 60] de
modo que a mente pode incluir em cada palavra. [ 13]

Prostrações

É muito útil para quem começa a aprender a oração de Jesus adicionar algumas prostrações e reverências à
regra de oração, dependendo da força de cada um. [ 13]

Quando você orar, faça prostrações, envolva corpo e alma na oração. [ 39] Quando você se cansar de
prostrações, mude para laços da cintura. As prostrações e reverências aquecem o corpo e de alguma forma o
exaurem, e essa condição facilita a atenção e o escrúpulo. [ 13]

Não se preocupe com o número de arcos. Preste toda a atenção na qualidade de sua oração realizada com
prostrações. Os arcos executados em número, e não animados pelo correto funcionamento da mente e do
coração, são mais prejudiciais do que proveitosos. Depois de executá-los, o asceta começa a se alegrar.
“Pronto”, diz a si mesmo como o fariseu mencionado no Evangelho, “Deus me concedeu novamente hoje para
fazer (digamos) 300 prostrações! Glória a Deus! Isso é fácil? Nestes tempos, 300 prostrações! Quem mantém
essa regra hoje em dia? ” [ 13]

O número mínimo de prostrações deve ser trinta, diz Santo Isaac, o Sírio. [ 17]

Corda de oração

Corda de oração não serve apenas para medir número de vezes, mera quantidade. Se você tem algo em suas
mãos, isso o ajudará a manter o ritmo regular da oração. O cordão de oração é dado, para que o homem não se
esqueça de orar. [ 1]

Imite um bom soldado que sai do quartel sempre com sua arma automática “à mão”. Portanto, você também
carregue o cordão de oração sempre em suas mãos e tenha cuidado. É a corda que puxamos um, dois, cinco,
dez tempos para descongelar o óleo espiritual, de modo que nossa máquina espiritual de oração incessante
comece a funcionar por conta própria. [ 37] Como o círculo da corda de oração é infinito, o nome de Cristo é
sempre invocado. [ 2]

Quando for possível, devemos fazer a oração de Jesus com um cordão de oração, e quando for impossível, a
oração deve estar sempre na mente, mesmo sem um cordão de oração. [ 33] Alguns dos anciãos disseram: “Siga
sua respiração em vez do cordão de oração”. [ 12] Outro presbítero aconselhou seus filhos espirituais a orar uma
parte da regra de oração privada sem um cordão de oração para que aprendessem a orar sem ele .

MAIS SAGRADA MÃE DE DEUS


Implore à Mãe da Luz, a Puríssima Mãe de Deus para ajudá-lo, porque ela é o nosso maior consolo depois de
Deus. Quando alguém chama seu nome Santo, eles instantaneamente sentem sua ajuda. Ela é a mãe. Enquanto
ela viveu na terra, como ser humano, ela sofreu as mesmas coisas, assim como nós sofremos agora. Por causa
disso, ela é muito compassiva com as almas tristes e corre para ajudá-las. [ 22]

Não falamos nem uma palavra, e ela já quer nos ajudar de tão perto que está. Quando nos voltamos para o
Theotokos (grego: Θεοτόκος - “ aquele que deu à luz a Deus ”), Nossa doce Mãe mostra um grande amor. Oh, se
ao menos seu santo nome estivesse sempre em nossos lábios. Tenha paciência, porque a Rainha Theotokos,
Nossa Senhora Santíssima, não nos abandonará. Ela ora por nós. [ 18] Mãe de Deus é rápida em nos ouvir e nos
ajudar. [ 53]

Peça à Sempre-Virgem a bênção de cada momento de sua vida e da vida de seus vizinhos. A Mãe Pura de Deus
dá Cristo a uma alma. Ore fervorosamente ao Todo-Puro e você estará com Seu Filho - lembre-se disso, diz o
ancião Zosima. “Santíssima Mãe de Deus, coloco nas tuas mãos cada momento da minha vida e da vida dos
meus próximos. Um homem"

São Serafim ensinava que à tarde se repetisse a oração de Jesus com o acréscimo: “Senhor Jesus Cristo, tem
piedade de mim, pela Mãe de Deus”, como ele mesmo costumava fazer. [ 50] Também poderíamos orar assim:
“Senhor Jesus Cristo, por amor da Mãe de Deus, tem misericórdia de mim.”, Ou podemos dirigir-nos
especificamente ao Santíssimo Theotokos orando: “Santíssima Mãe de Deus, salva-nos” ou dizendo a saudação
angelical: “Mãe de Deus e Virgem, alegra-te…, etc.” [ 47]

Ore à Mãe de Deus pelo dom da oração de Jesus

22
Quem pode louvar bastante a oração mental divina, que a própria Mãe de Deus costumava praticar, edificada
pela orientação do Espírito Santo. [ 38] [60]

É necessário rezar à Santíssima Mãe de Deus e Intercessora de todos os Cristãos - Rainha dos Céus e da terra
pelo dom inestimável da oração de Jesus, porque lhe é concedida a bênção para que possa dar a oração de
Jesus às pessoas que a pedirem dela por aquele presente celestial. Portanto, aquele que com destino e de
coração se dirige à Mãe de Deus e pede um dom da oração, inevitavelmente a obterá, que é um penhor
inquestionável da grande misericórdia de Deus. [ 26]

São Máximo Kavsokalyvites, que vivia no Monte Athos, por dois anos implorou persistentemente à Mãe de Deus
que lhe concedesse o dom da oração mental incessante e a Virgem Theotokos atendeu ao seu pedido . [ 25]

A Oração de Jesus foi revelada pela primeira vez à Santíssima Mãe de Deus, enquanto ela habitava no Santo dos
Santos. Posteriormente, a Bem-Aventurada Virgem Maria ensinou aos apóstolos essa oração sagrada e divina e
eles a transmitiram a todo o mundo cristão. [ 38]

Gregory Palamas diz: “Sem ela, nenhum dos dons de Deus seria dado aos anjos ou ao homem”. Por meio do
Theotokos, recebemos uma infinidade de presentes. Já que ela nos deu o maior presente - o próprio Cristo, por
que ela não nos deu o resto? Portanto, enquanto rezamos à Santíssima Mãe, devemos dizer com ternura:
“Santíssima Mãe de Deus, salva-nos” e não simplesmente “Intercede por nós”. [ 57]

A oração é o presente
É muito importante perceber que a oração é sempre dada por Deus: do contrário, podemos confundir o dom da
graça com alguma conquista nossa. [ 53] Deus concede a oração de Jesus no tempo devido, não àqueles que se
orgulham de seu zelo de corpo e alma, mas ao sentimento espiritual da mais profunda humildade e contrição,
arrependimento sincero, com uma oração constante, moderada e diligente. [ 4]

Aqueles que se adiantam na oração têm a firme certeza de que, apesar de todos os esforços da pessoa, a oração
é obra da graça de Deus. São Simeão, o Novo Teólogo, afirma claramente que ninguém pode louvar a Deus por si
mesmo, mas é a graça de Deus que habita na pessoa, que louva e glorifica a Deus e reza dentro da pessoa. [ 22]

A graça de Deus é necessária, mas nossa própria luta pessoal também é necessária. Precisamos dar um passo e
Deus dará dez passos. Precisamos trabalhar, mas não acreditar em nossas próprias boas obras. A sinergia é
necessária; A cooperação do homem com Deus. [ 39]

E o que você tem que não recebeu?

“E se você recebeu, por que se vangloria como se não tivesse recebido?” (1 Cor. 4: 7)

Não se vanglorie, homem, da riqueza que obteve sem trabalho. Para o Doador, prevendo sua grande dor,
enfermidade e ruína, pelo menos o salva até certo ponto por esses dons imerecidos. [ 62]

Como quem usa o ar para viver, sabendo que sem ele não pode viver, não merece elogios, mas pelo contrário
tem o dever de louvar Aquele que o criou e lhe deu a capacidade de respirar e o abençoou com saúde, para que
ele respire e viva. Da mesma forma, devemos ser gratos a Deus, pois Ele, por Sua graça, criou a oração, o
conhecimento, a força, as virtudes, a nós e tudo ao nosso redor. [ 40] Orar é respirar. Se respiramos, vivemos e
cuidamos disso durante toda a vida. [ 22]

ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL

Não existem guias espirituais


A raridade da oração de Jesus decorre principalmente da falta de professores e guias espirituais nesta atividade
de salvar almas (se talvez haja alguns professores em algum lugar, é difícil encontrá-los e alcançá-los). [ 26]
Mesmo no 14 º século, São Gregório do Sinai reclamou que ele percorreu todo o Monte Athos, e entre milhares
de monges ele finalmente descobriu três monges cheios de graça que possuíam algum conhecimento da oração
interior. Santo Inácio Brianchaninov escreveu há cem anos: “Eles são raros em nossos tempos. Podemos até
dizer com segurança que não existe nenhum. Por causa do desaparecimento final dos mestres espirituais, os
escritos dos Santos Padres permanecem a única fonte onde uma alma faminta e sedenta pode vir a adquirir o
conhecimento essencial e necessário na luta espiritual ”. [ 60]

23
Leitura

Os Santos Padres podem nos guiar em nosso caminho interior com seus escritos divinamente inspirados. Ou
seja, não existem guias espirituais contemporâneos. Os pais espirituais e os anciãos abençoados, que podiam
nos mostrar de maneira inequívoca o caminho da salvação, desapareceram. Portanto, devemos pegar os escritos
dos Santos Padres como salvar “destroços” do navio apostólico. [ 60]

Aquele que pratica cuidadosamente a oração e já está avançado nela, deve consultar freqüentemente os escritos
dos Santos Padres sobre a oração, a fim de se controlar e se orientar apropriadamente. [ 13] Portanto
os anciãos aconselham aqueles que praticam a oração, a ler principalmente livros sobre oração. [ 25]

Se você disser que não tem professor para tal atividade, então o próprio Senhor lhe ordena que aprenda com as
Escrituras, pois Ele diz: “Pesquisa as Escrituras, porque nelas encontrará a vida eterna” (Jo. 5:39). [ 56] As
orientações do Evangelho e dos escritos dos Padres contêm instruções completas para a oração do coração.
Mergulhe neles com humildade.

Ler ilumina a alma para a oração do dia-a-dia, diligente e sem distrações. [ 17] A leitura ilumina a mente e ajuda a
orar, é a fonte da oração pura. [ 18]

Podemos aprender a orar com o livro A Filocália: inclui um ensino completo sobre a oração incessante interior,
escrito pelos Santos Padres entre os 4 º e 15 º séculos. Este livro é tão bom e tão útil que é considerado o
principal professor de contemplação espiritual. Como diz o bendito Nikifor: “Leva à salvação fácil e sem
esforço”. Este livro é maior do que a Bíblia Sagrada? Não, não é maior ou mais sagrado que a Bíblia, mas contém
explicações claras sobre tudo o que é misterioso para nós na Bíblia Sagrada, porque nossa mente débil não
pode se elevar a tais alturas. Vamos fazer uma comparação: o Sol é uma estrela magnífica, luminosa e
maravilhosa, mas não podemos olhá-lo a olho nu. Para olhar para ele e suportar seus raios flamejantes, temos
que usar o vidro, um objeto artificial, infinitamente menor e mais escuro que o Sol. Bem, a Bíblia Sagrada é o sol
luminoso, e a Filokalia é o nosso vidro. [ 5]

Pai espiritual
Se você quer encontrar alguém que lhe ensine a orar, escolha um ancião quieto e humilde, que não julgue
ninguém, que não se irrite, não grite, não comande. Porque existem alguns anciãos que ainda não se superaram
e ainda assim se consideram adequados para guiar os outros. Eles estudaram o lado técnico externo da oração,
o botão não adquiriu seu espírito. Pense nisso, como pode alguém que constantemente clama “tem misericórdia
de mim, pecador” julgar os outros? [ 8]

Um exemplo de guia espiritual autêntico é o arquimandrita Ambrósio de Miljkovo, um discípulo dos famosos
Anciões Optina. Ele irradiava um amor incrível e extraordinário que podia ser notado. Isso significa que ele
entendeu bem a vida com a ajuda dos anciãos Optina. Ele entendeu e pegou o que é melhor e mais precioso - o
amor. Ele concretizou em sua vida esse amor abrangente. Ele era simplesmente incrível. Ele fascinava com seu
amor a todos com quem falava ou quem estava apenas em sua companhia. Ele nunca se zangou com nenhum
monge ou novato e nunca pronunciou uma palavra áspera. Ele sofreu muito, mas perdoou tudo. Todas as suas
preocupações e problemas ele lançou sobre o Senhor e lamentou apenas para ele . [ 49]

Se alguém não consegue encontrar um pai espiritual como o ancião Ambrose, então é melhor usar o meio-termo
com conselhos fraternos . [ 42]

Que Deus nos ilumine como caminhar, porque os guias autênticos desapareceram e cada um de nós percorre o
seu caminho. Deixe Deus ser o verdadeiro Guia para todos nós. [ 22] O próprio Cristo será seu professor na
oração incessante do coração.

Deus - mestre da oração


Tendo começado a fazer a oração de Jesus, o homem se submete à orientação do Senhor, e o próprio Deus
conduz essas pessoas. [ 3] Nessa conquista mais importante em nossa vida interior, a oração de Jesus e o
próprio Cristo nos oferecem uma ajuda insubstituível. Por meio dessa oração, ele se torna um residente
permanente do nosso coração.

Aquele que ora freqüentemente não precisa de orientação, porque a própria oração o ensinará. [ 53] [22]

“A oração mística não é ensinada“ - disse o Élder Porphyrios. [ 39]

24
ILUSÃO
Dizer que a invocação do nome de Jesus leva à ilusão é em si uma ilusão. Iludido é aquele que não invoca o
nome do Filho de Deus e não aquele que o invoca.

Somente aqueles que agem presunçosamente e de acordo com seus próprios ditames caem na ilusão. Da
mesma forma, São Gregório do Sinai, quando nos ordena que não tenhamos medo ou duvidemos quando
estamos aprendendo a oração, também indica as duas causas da ilusão: a obstinação e a presunção. É porque
os santos padres querem que permaneçamos imaculados por tais coisas que eles nos ordenam que
pesquisemos as Sagradas Escrituras e sejamos instruídos por elas, tendo um irmão como bom conselheiro,
como diz Pedro de Damasco. Pois se um homem busca a Deus com obediência, questionamento e humildade,
ele sempre será protegido de danos pela graça de Cristo. [ 56]

Ninguém jamais se machucou ou caiu em engano espiritual por causa desta oração. Alguns caíram na ilusão e
foram espiritualmente feridos não por causa da oração mental, mas por causa do esforço irracional, estúpido e
orgulhoso da mente em direção aos estados espirituais mais elevados, que são inadequados para uma pessoa
imersa em paixões. A pessoa presunçosa e autoconfiante luta por algo além de sua dignidade e estado, e com
orgulho espiritual, corre para uma oração com visões. [ 60]

Não há perigo de ilusão na oração se a dissermos sem distração, sem forma, com a mente simples e sem
qualquer imagem ou figura. A mente deve estar livre de qualquer idéia divina ou humana. Não devemos imaginar
nosso Senhor Cristo ou a Senhora Theotokos, ou qualquer outra pessoa ou representação. A mente deve estar
apenas no coração, no peito e em nenhum outro lugar. O coração deve fazer a oração como uma máquina,
enquanto a mente deve observar as palavras da oração como um espectador comum. [ 22]

Orar não pode machucar ninguém, se eles não forem orgulhosos e se não desprezarem os outros. [26]

PENSAMENTOS
Enquanto oramos, não pensamos (não pensamos) - porque ele não era nada. O Senhor quer que estejamos em
paz e quietos, sem quaisquer pensamentos, ou seja, que nosso coração esteja calmo. Os Santos Padres dizem
que ao orar, deve-se supor como ninguém mais no mundo: apenas Deus e o homem falando com Deus. Ninguém
mais. Em todo o universo não há mais ninguém, apenas os dois. Voce entende? [ 49]

Não se deve pensar em nada enquanto ora. [ 22] Quando você orar, não forme nenhuma imagem em sua mente,
afaste todas as imagens de sua mente. Não tente visualizar Cristo! Os Santos Padres enfatizaram que a oração
deve ser sem imagens mentais. [ 39]

É necessário que a mente se concentre nas palavras da oração e descarte todo pensamento: pensamentos
pecaminosos e justos, maus e até bons. [ 54] Quando decidimos começar a falar com Deus, todos os
pensamentos são deixados de lado e então o diálogo com Deus se torna possível.

Tente tornar seu intelecto surdo e mudo durante a oração; você então será capaz de orar. [ 14] Deixe que os
pensamentos batam à porta da sua mente e fale alto: não responda, seja surdo e mudo. [ 60] “Mas, como surdo,
não ouço; e sou como o mudo que não abre a boca, e sou como o homem que não ouve ”(Salmo 38:13)

Na hora da oração, quando nossas mentes se desviam para coisas sujas, ou se essas coisas caem sobre nós de
má vontade, não devemos começar uma guerra argumentativa com o inimigo. Pois, mesmo se todos os
advogados do mundo se reunissem, eles não seriam capazes de prevalecer sobre um único pequeno demônio
por meio da argumentação, uma vez que somente com desprezo alguém pode afastá-lo. [ 37] Como diz Santo
Isaac, o Sírio: “Não abra a porta!” Se você vir quem é, se você sabe que alguém tem má fama, feche a porta e
afaste-o com a oração de Jesus: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim”. Rejeite-o assim.
[ 22]

Quando o diabo vier e puxar a manga da sua camisa para tirá-lo do curso, não se vire para iniciar uma conversa
ou disputa com ele. Você continua em seu caminho. Ele vai puxar a manga da sua camisa, mas você continua
seu caminho e em algum lugar ele vai se cansar e vai te deixar em paz. [ 39] “E não saúdes a ninguém no
caminho” - (Lc 10: 4).

Quando um homem persistentemente se apega à oração e não abandona o nome de Cristo de si mesmo, então
esse homem se convence de que não pode viver sem oração. Caso contrário, os pensamentos do inimigo
imediatamente dominam sua mente e as paixões o escravizam. [ 3] O maligno foi liberado para tentar o poder

25
mental humano e perturbá-lo dia e noite. Se a mente cai, tudo cai. [ 48] Com todas as nossas forças, apeguemo-
nos a Cristo, pois sempre há aqueles que lutam para privar nossa alma de Sua presença; e deixe-nos.

Toma cuidado para que Jesus não se retire por causa dos maus pensamentos que povoam nossa alma “multidão
estando naquele lugar” (Jo 5, 13). [ 10]

Está escrito: “Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor' entrará no reino dos céus; mas aquele que faz a
vontade de

meu Pai ”(Mt. 7:21). A vontade do Pai é indicada nas palavras: “Vós que amais o Senhor, odeias o mal” (Salmo
97:10). Portanto, devemos orar a oração de Jesus Cristo e odiar nossos pensamentos malignos. Desta forma,
fazemos a vontade de Deus. [ 15]
Lute com os pensamentos

A provocação vem primeiro, depois nossa união com ela, ou a mistura de nossos pensamentos com os dos
demônios perversos. Terceiro, vem nosso assentimento à provocação, com os dois conjuntos de pensamentos
misturados planejando como cometer o pecado na prática. Em quarto lugar, vem a ação concreta - isto é, o
próprio pecado. Se, entretanto, o intelecto está atento e vigilante, e imediatamente repele a provocação contra-
atacando e contradizendo e invocando o Senhor Jesus, suas consequências permanecem inoperantes; pois o
diabo, sendo um intelecto sem corpo, pode enganar nossas almas apenas por meio de fantasias e pensamentos.
Davi estava falando sobre essas provocações do diabo quando disse: 'De madrugada destruí todos os ímpios da
terra, para exterminar todos os malfeitores da cidade do Senhor' (Salmo 101: 8); (32). [ 15]

Nas decisões feitas pelos Padres, uma distinção é feita entre coisas diferentes, como atração, ou coito, ou
consentimento, ou cativeiro, ou luta, ou a assim chamada paixão na alma. E esses homens abençoados definem
atração como uma concepção simples, ou uma imagem de algo encontrado pela primeira vez e que se alojou no
coração. A relação sexual é a conversa com o que se apresentou, acompanhada de paixão ou desapego. E o
consentimento é a inclinação da alma para o que foi apresentado a ela, acompanhada de deleite. Mas o cativeiro
é um estupro forçado e involuntário do coração ou uma associação permanente com o que foi encontrado, o que
destrói a boa ordem de nossa condição. Luta, de acordo com sua definição, é o poder igual à força de ataque,
que é vitorioso ou então sofre derrota de acordo com o desejo da alma. E eles definem paixão em um sentido
especial como aquilo que se esconde inquietantemente na alma por um longo tempo, e por meio de sua
intimidade com a alma a leva finalmente ao que equivale a um hábito, uma deserção total auto-incorrida. [ 62]

A Escritura diz que temos autoridade para “ derrubar imaginações ”( 2 Cor. 10: 4). Abandonar os maus
pensamentos internos é um sinal de amor a Deus e não é um pecado, visto que o surgimento de um pensamento
não é um pecado, mas uma conversa amigável da mente com ele é um pecado. Se não o amamos, por que nos
demoramos nisso? Não é possível que algo que odiamos do fundo do nosso coração converse por muito tempo
com o nosso coração. Se, no entanto, isso acontecer, significa que nosso envolvimento maligno está presente.
[ 30]

Os Santos Padres dizem: “Se rejeitarmos a sugestão dos espíritos malignos, a vitória é obtida sem luta”. Eles
falaram por experiência própria: se a provocação for rejeitada, a vitória está ganha sem luta! ” [ 49]

“Desventurada filha da Babilônia! ... Bem-aventurado aquele que agarrar e lançar as tuas crianças contra a rocha
”(Sl 137:8-9). Conforme explicado pelos Santos Padres, "os pequenos" são pensamentos apaixonados e os
apaixonados movimentos (o início de pensamentos). Assim que esses pensamentos e movimentos surgem,
assim que eles começam, logo no início, em sua “infância”, por assim dizer, devemos cortá-los e não permitir
que cresçam. Portanto, enquanto eles ainda são jovens e não se fortaleceram ainda, eles devem ser destruídos,
lançados contra a rocha. E a rocha é Cristo. Golpeie-os com o nome de Jesus, destrua com a oração de Jesus
aquelas crianças da Babilônia. [33]

Palavras do Salmo: “Todas as nações me cercaram, mas em nome do Senhor eu as destruirei. Eles me cercaram,
Sim, eles me cercaram; Mas em nome do Senhor eu os destruirei ”(Salmos 118: 11-12) são totalmente
compreendidos pelos praticantes da oração de Jesus, embora ninguém nunca tenha explicado isso a eles. Esta
é, entre outras, uma das partes mais claras da oração de Jesus nos Salmos. [ 33]

Dois pensamentos astutos e duplo destro

Compreenda dois pensamentos e tema-os. Um diz: “Você é um santo”, o outro, “Você não será salvo”. Ambos os

pensamentos vêm do inimigo e não há verdade neles. Mas pense assim: eu sou um grande pecador, mas o
Senhor é misericordioso. Ele ama muito as pessoas e perdoará meus pecados. [ 44]

26
Assim, Deus em Sua bondade inexprimível organizou todas as coisas de uma maneira maravilhosa para nós; e
se queres compreender isto e ser como deves, deves lutar para adquirir as virtudes de modo a poder aceitar com
gratidão tudo o que vier, seja bom ou pareça mau, e para não te perturbares em todas as coisas. E mesmo
quando os demônios sugerem algum pensamento que provoque orgulho para enchê-lo de auto-exaltação, você
deve se lembrar das coisas vergonhosas que eles lhe disseram no passado e deve rejeitar esse pensamento e se
tornar humilde. E quando eles novamente sugerirem algo vergonhoso, você deve se lembrar desse pensamento
que provoca orgulho e, portanto, rejeitar essa nova sugestão. Assim, por meio da cooperação da graça e por
meio de recolhimento, você faz os demônios expulsarem os demônios, e não são levados ao desespero por
causa de suas sugestões vergonhosas, ou expulsos de sua mente por causa de sua própria vaidade. [ 40]

O beato apóstolo Paulo confirma em um versículo: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28)”. Dizendo que »todas as coisas contribuem para o bem«, abrange
todos juntos, não só o que se considera afortunado, mas também o que se considera infortúnio. Em outro
versículo, o mesmo apóstolo diz que passou por ambos: “pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, pela
glória e desonra, por má e boa fama; como enganadores e ainda verdadeiros; como desconhecido e ainda bem
conhecido; como morrendo e, eis que vivemos; como castigado e não morto; como tristes, mas sempre alegres;
como pobres, mas enriquecendo a muitos ”(2 Cor 6: 7-10). Ele nem se exalta por causa da fortuna, nem está
desanimado por causa do infortúnio, mas anda no caminho da retidão e segue o caminho real com paz de
espírito. Esses homens perfeitos são chamados nas Sagradas Escrituras de “dupla mão
direita”. Tal homem foi Eúde, que usou ambas as mãos como destra, conforme está escrito no livro de Juízes
(Juízes 3:16) . Estaremos também absortos pela perfeição, se não nos tornarmos altivos e vaidosos por causa da
boa sorte (que é considerado o

lado direito), nem se, lutando corajosamente, cairmos no desespero por causa da má sorte (o que é chamado de
lado esquerdo). Então nos tornaremos verdadeiramente “duplamente destros”, como o mestre dos gentios que
testifica de si mesmo: “Não que fale segundo a necessidade, pois aprendi a estar contente em qualquer estado
em que estou. Eu sei como ser humilhado e sei como ser abundante. Em tudo e em tudo coisas eu fui instruído
tanto a estar farto quanto a ter fome, tanto a ter abundância quanto a sofrer necessidades. Posso todas as coisas
em Cristo que me fortalece (Fp 4: 11-13). [ 67]

Pensamentos positivos
Devemos ter em mente que Deus “não pode” nos ajudar, mesmo que realmente queira, a menos que adquiramos
uma forma positiva de pensar. A espiritualidade de uma pessoa é definida pela qualidade de seus pensamentos. [
37] Nosso agradar a Deus e nosso serviço a ele depende de nossos pensamentos. [ 60]

Não vale a pena ir à igreja para receber a Sagrada Comunhão, se tivermos maus pensamentos dentro de nós.
Nossos pensamentos determinam nossas vidas. Por isso, devemos estar em paz, quietos, cheios de amor e
bondade. Porque a vida na terra se manifesta por meio de nossos pensamentos. Se tivermos pensamentos
pacíficos, tranquilos e gentis e formos mansos, essa será a nossa vida. Se prestarmos atenção às circunstâncias
em que vivemos, entramos nessa “mentalidade mundana” e perdemos a paz e a calma. [ 49]

Os Santos Padres dizem sobre os pensamentos: “Qualquer pensamento destrói a paz e nos perturba, este é do
inferno e deve ser rejeitado, não aceito”. [ 49] Se algum pensamento nos perturba, podemos rejeitá-lo. Somos
livres para pensar em outra coisa. É fácil dizer, mas na realidade é uma batalha corpo a corpo com Satanás. [ 44]
“Levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10: 5).

Como podemos parar os pensamentos ruins e negativos? É melhor cantarolar do que lamentar. Cantar. Há quem
diga:

“Quem canta não tem maus pensamentos”. [ 49]

Poder dos pensamentos


Somos um dispositivo de pensamento incrivelmente preciso. Nossos pensamentos são uma enorme energia
(enorme poder) dentro de nós. Portanto, nossos pensamentos influenciam não apenas o sistema nervoso dos
seres racionais, mas também o mundo animal e vegetal. Tudo espera de nós amor e carinho. É por isso que
devemos orar incessantemente. [ 49]

Nosso “computador” interno (a mente) é muito mais preciso que o computador real. Mas nosso “computador”
não está limpo e nosso monitor está quebrado. Não vemos as coisas como são, parece-nos que tudo virou de
cabeça para baixo. Se estivéssemos quietos, quietos, sinceros, simplórios e atentos, nossa tela estaria
absolutamente limpa e não precisaríamos de sinais de rádio, telefone, nada. Podíamos ver ao longe, além das

27
galáxias, não apenas coisas na Terra. Quando alguém nos envia um pensamento, estamos instantaneamente
“conectados” e podemos conversar. A energia da mente é muito mais precisa do que as linhas telefônicas. Você
apenas pensa em alguém e você está imediatamente conectado, você está em contato imediatamente. [ 49]

A oração é um telefone sem fio que pode nos ajudar a nos comunicarmos diretamente com Deus. Digite um
número no telefone de oração, ligue para Deus e Ele atenderá. Você pode ouvi-lo claramente e senti-lo perto de
você. A oração vem primeiro pela boca, depois vai para a mente e depois para o coração. Então começamos a
ver uma “peça teatral” diante de nossos olhos. A partir desse momento, nada pode ser dito. [ 9]

Uma pessoa que está em constante relacionamento com Deus através da oração irradia a paz: na família, na
companhia, no campo, em todos os lugares. Uma alma mansa e humilde, que tudo perdoa e ama a todos, irradia
a paz, e na companhia dessas pessoas somos (com a ajuda de Deus) libertos de pensamentos depressivos e
pesados. Significa muito para alguma família quando um de seus membros está orando. A oração atrai a graça
de Deus. Cada membro da família sente isso, mesmo aqueles cujos corações esfriaram. [49]

REMEBRÂNCIA DA MORTE

A oração viva de Jesus é inseparável de uma lembrança viva da morte. Uma lembrança viva da morte está ligada
à oração viva ao Senhor Jesus que aboliu a morte e deu aos homens a vida eterna com Sua sujeição temporária
à morte. [ 13] Para um maior progresso na oração mental, os pais do deserto egípcio uniram a oração com a
lembrança da morte. [ 50] Castigue sua alma com o pensamento da morte e, por meio da lembrança de Jesus
Cristo, concentre seu intelecto disperso. [ 10]

Nesta vida, somos estrangeiros e recém-chegados, e não sabemos quando seremos tirados daqui. [ 24] Não
sabemos quando chegará um telegrama da capital de Deus, a Jerusalém celestial. [ 22]

Certa vez foi perguntado a um homem: "O que a graça trouxe para você?" Ele respondeu: "Quando acordo de
manhã, sinto-me como um homem que não tem certeza se viverá até a noite." Disse o questionador: "Mas nem
todos sabem disso?" Ele respondeu: 'Certamente que sim. Mas nem todos sentem isso. "

Para aquele que percebeu que o fim do mundo material está próximo e que, com sentimentos sinceros, percebeu
o seu próprio fim inevitável e inevitável, nenhuma outra oração poderia ser mais apropriada e mais adequada: ela
não diz muito, mas diz muito. Aquele que pensa na morte e na iminência de ser julgado diante de Deus pode ter
apenas uma preocupação contínua: como obter para si a misericórdia do Senhor nosso Deus antes do seu fim.
Esta atividade de oração é transformada em um grito nunca silencioso da alma: "tenha misericórdia de mim."
[ 60]

Diga a si mesmo: ó minha alma, precisamos nos apressar, o tempo voa e não dá para trazê-lo de volta ou pará-lo.
Devemos recolher o tesouro para a nossa jornada final: o tesouro é o nome de Jesus Cristo que, nos tempos que
virão, se tornará tudo para você. [ 25]

Se a alma tem Cristo consigo, ela não será desgraçada por seus inimigos, mesmo na morte, quando subir para a
entrada do céu; mas então, como agora, irá enfrentá-los com ousadia. Mas que não se canse de invocar o Senhor
Jesus Cristo, o Filho de Deus, dia e noite até o momento de sua partida desta vida mortal, e Ele o vingará
rapidamente de acordo com a promessa que Ele mesmo fez ao falar de o juiz injusto (Lucas 8: 1-8). Na verdade,
Ele o vingará tanto nesta vida quanto depois que ele sair de seu corpo. [ 15]

TENTAÇÕES

Saiba que se você seguir o Senhor e aderir aos Seus ensinamentos divinos, você cairá em tentações neste
caminho. A carne, o mundo e Satanás são seus inimigos, mas você é seu próprio inimigo tanto quanto eles. De
agora em diante, recusando-se a seguir os desejos de sua vontade, você sai da vida pacífica e a guerra
constante torna-se seu destino. Aproximando-se de fazer a Oração de Jesus, prepare-se não para uma existência
pacífica, mas para suportar todas as tristezas imagináveis, trazidas a você pela carne, o mundo, Satanás e seu
próprio amor.[3]

Mais profundamente Cristo está entrelaçado em nosso coração, cada vez mais o diabo se retira, gritando e
uivando por causa da derrota do mal desprezado. O eco desses gritos inaudíveis, mas reais, são ataques de
tentações que nos assaltarão. [ 57]

Os Santos Padres dizem: Saberemos que somos amados pelo Senhor se Ele nos conduzir por grandes aflições,
sofrimentos e tribulações. Sempre que em seu caminho você encontra paz imutável, cuidado, você está no
caminho errado. [ 49] Nesse caso, você está muito longe dos caminhos divinos trilhados pelos pés cansados dos

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santos. Enquanto você caminha a caminho da cidade do Reino e se aproxima da cidade de Deus, este será um
sinal para você: a força das tentações que você encontra. E quanto mais você se aproxima e avança, mais
tentações se multiplicam contra você. Sempre que, portanto, você perceber em sua alma diversas e mais fortes
tentações em seu caminho, saiba que naquele momento sua alma de fato entrou secretamente em um nível novo
e mais alto, e que a graça foi adicionada a ela no estado em que foi encontrada ; pois Deus conduz a alma às
aflições das provações na exata proporção da magnitude da graça que Ele concede. [ 17]

Um bom sinal de que estamos no caminho que conduz à vida divina é a circunstância de nossa oração vir
acompanhada de aflições internas e externas, que nos fazem sentir pressionados de direita e esquerda. Os
Padres, no entanto, dizem que esta é uma ordem usual das coisas, como uma consequência inevitável da
oração, [60] porque a atividade piedosa da oração leva ao encontro com muitas energias adversas escondidas na
atmosfera. [ 41]

A vontade da graciosa providência é que nós, ao nos submetermos a ela, carreguemos a tribulação de nossa
vontade sem perturbação. Hoje em dia, a salvação consiste em humilde submissão a esta providência. Temos
que acreditar firmemente que não fomos criados para a vida eterna por anciãos e pais espirituais, mas por várias
tribulações. As adversidades são nossos guias espirituais e professores em nossa vida de oração. Deus não
governa nosso caminho por meio de anciãos, mas com uma infinidade de adversidades. Portanto, a obediência
precisa ser mostrada a cada tribulação que se aproxima: devemos nos curvar a ela até o chão (como um pai
espiritual) e beijar sua mão sagrada (como a mão dos anciãos), que nos abençoa. [ 60]

Não se desespere na batalha

A batalha é o destino de um guerreiro e você deve lutar e não fugir da disputa. É melhor não ficar desanimado,
mas antes prestar atenção à oração, lutar e lutar. E você apenas ore e ore, atendendo à oração, mas não
resmungue sobre as tentações que lhe são enviadas para o seu próprio bem. Não se desespere, faça a oração.
Não se desespere com os fracassos, abandone-se à vontade de Deus e, ao fazer isso, colherá o fruto do sucesso
dentro dos seus fracassos. [ 3]

Lembre-se, irmão, que por maiores que sejam as tentações, por mais horríveis que pareçam, nunca se desespere
de ficar deprimido, mas, em vez disso, dedique toda a sua atenção à oração que recita. A oração é chamada de
“bastão” porque o homem se apóia nela e fica firme. Se ele é atraído por pensamentos e desejos, fica fascinado
com o que viu em um sonho ou com algo da rotina diária, então, tendo-se lembrado da oração, ele voltará a ela e
obterá paz de espírito, e novamente fará as pazes com a graça e continuará sua marcha adiante. [ 3]

O Élder Silouan diz: “Por toda a vida, a alma luta com os pensamentos, mas não desanime por causa dessa luta,
porque o

Senhor ama um lutador valente. O Senhor me disse: 'Mantenha sua mente no inferno e não se desespere'. [ 44]

Mesmo que caia cem vezes por dia, o justo se levantará e isso será contado para eles como uma vitória. Oração
significa exatamente isso: arrependimento incessante e invocação incansável da graça divina. [ 22] Você sempre
quebra a lei de Deus. Da mesma forma, chame o Salvador o tempo todo e você será salvo. Há uma história de
pais do deserto: Um dia um jovem monge veio a um velho pai do deserto e disse: O que devo fazer, Pai, porque
continuo caindo no mesmo pecado. E ele respondeu: Se você cair, levante-se e se arrependa. E se eu cair de
novo? Então levante-se e se arrependa novamente. E quanto tempo devo fazer assim? Continue fazendo isso até
o dia da sua morte.

A vida neste mundo temporário é semelhante a escrever cartas em um tablet. Todos, quando quiserem, podem
adicionar ou deletar palavras ou reorganizar as letras. Mas a vida futura é semelhante a um manuscrito, escrito
em uma folha em branco, na qual é proibido adicionar ou apagar e carimbado com o selo do rei. É por isso que
enquanto estamos neste mundo inconstante, estejamos atentos a nós mesmos. E embora tenhamos autoridade
sobre o manuscrito terrestre, no qual escrevemos com nossas próprias mãos, vamos nos esforçar para fazer
bons acréscimos de uma vida justa e apagar nele todas as falhas de nossas ações passadas. Isso porque,
enquanto estamos neste mundo, Deus não afixa Sua marca - nem aos virtuosos nem aos maus - até a hora de
deixarmos esta vida. [ 17]

Ouça as palavras do professor do ensino fundamental que fala aos seus alunos:

Ele veio até minha mesa com o lábio

trêmulo, a lição acabou.

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“Você tem uma nova folha para mim, querida professora?

Eu estraguei este aqui. ”

Peguei o lençol dele, todo sujo e manchado, e

dei-lhe um novo sem manchas. E em seu coração

cansado eu chorei,

"Faça melhor agora, meu filho."

Eu fui e cheguei ao trono com o coração trêmulo;


o dia acabou.

“Você tem um novo dia para mim, querido Mestre?

Eu estraguei este aqui. ”

Ele pegou meu dia, todo sujo e manchado,

e me deu um novo sem manchas. E em

meu coração cansado ele chorou,

"Faça melhor agora, meu filho." (Autor anônimo)

Quando o Padre Tadej era um jovem monge, uma pergunta o perturbava: “Por que aquele que busca
sinceramente ao Senhor sofre tanto? Senhor, eu não aguento mais ”. Eu deito na cama. Em meu sonho, me vi no
topo da colina. Eu vejo um exército indo de leste a oeste. Não terrestre, mas um exército celestial. Todos são
iguais.

Apenas um está dando um passo à frente de todos os outros. Eles estão cantando: "Para o Rei da Glória, para o
Rei

Celestial, estamos lutando para derrotar o mal." Comecei a cantar com eles: “Para o Rei da Glória, para o Rei
Celestial, estamos lutando para derrotar o mal”. Como vamos derrotar o mal? Com amor. “Para o Rei da Glória,
para o Rei Celestial, estamos lutando para derrotar o mal.” [ 49]

Renda-se à vontade de Deus


Você não deve se concentrar em tudo o que acontece com você durante o tempo da oração, sejam tentações
boas ou ruins ou algo que pareça pleno de graça. Coloque toda a sua esperança no próprio Senhor - Ele mesmo
trabalha com a Sua graça em sua oração. [ 3] Entregue seu coração a Cristo e Ele cuidará de tudo o mais. [ 39]

Você deve estar totalmente relaxado. Não tome as preocupações desta vida muito sobre você, mas preserve sua
paz e viva com Deus. Não dê tanta importância a eventos externos. Esteja mais dentro, no coração, com o
Senhor, e deixe os eventos externos irem. Apenas seja gentil, quieto e gentil com todos, e não preste atenção em
mais nada. [ 49]

Oração dos Anciãos Optina: “Concede-me, ó Senhor, que com paz de espírito eu possa enfrentar tudo o que este
novo dia trará. Conceda-me que me dedique totalmente à Tua Santa Vontade ... Quaisquer que sejam as notícias
que receba durante o dia, ensina-me a aceitar com tranquilidade, na firme convicção de que todas as
eventualidades cumprem a Tua Santa Vontade ... etc. ”

Não deseje que aconteça apenas o que você acha que é bom, mas o que agrada a Deus, e você ficará calmo e
satisfeito em sua oração. [ 45] A experiência me ensinou: será a vontade de Deus; tudo vem de Deus. É assim
que você se humilha. Se por outro lado você diz: por que isso e não aquilo, falta-lhe humildade. Não era a
vontade de Deus que eu fosse no domingo, Ele queria que eu fosse na segunda-feira. Deus não queria na terça,
Ele queria na quarta. Deus organizou assim. [ 23]

Recomende tudo a Deus através da oração

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Quando oramos a Deus de coração, e quando lançamos sobre Ele todos os nossos cuidados e cuidados com o
nosso próximo, então ficamos aliviados e, por assim dizer, nossas rédeas são soltas. Antes éramos amarrados
mentalmente, e agora estamos relaxados, porque deixamos tudo aos pés do Senhor, para que Ele resolva. Se
não aprendermos isso, estaremos, dia após dia, mais e mais sobrecarregados. É por isso que temos que
aprender a nos desafogar mentalmente. Assim que sentirmos que estamos sobrecarregados, devemos nos voltar
para o Senhor e recomendar a Ele todos os nossos problemas e os problemas do próximo. Todos os meus
problemas e problemas de meus vizinhos, que reclamaram comigo de alguma coisa ou de suas fraquezas, eu me
comprometo ao Senhor e à Santíssima Mãe para resolvê-los. Bem, o Senhor e a Santa Mãe realmente os
resolvem. Deixe todas as suas preocupações para Deus, dê a Ele você mesmo, sua família, entregue tudo a
Deus. [ 49]

Não sabemos o que vai acontecer nem com nós dois, daqui a três minutos. Não temos autoridade sobre o futuro.
Portanto, devemos nos libertar disso (preocupações). Devemos entregar tudo nas mãos de Deus. Ele é o único
planejador que sabe o que acontecerá com este mundo. E devemos nos libertar da pressão dos pensamentos: o
que vai acontecer, como vai ser. Devemos estar livres disso e ser libertos do Senhor. [ 49]

O Senhor é o único portador de todos os nossos cuidados, dificuldades, aborrecimentos, fraquezas e


enfermidades, tanto físicas como mentais. Ele é o Portador, que pode carregar qualquer coisa, porque Ele é
poderoso, poderoso e onipotente. Devemos desabafar e entregar ao Senhor todas as nossas fraquezas e
enfermidades que vieram para nos sobrecarregar mentalmente. Entregue-o por meio da oração. Este é o
propósito da oração: nos unirmos ao Senhor, e não nos preocuparmos com o amanhã, como diz o Evangelho:
“Hoje basta o seu mal”. (Mt 6:34). Portanto, não fique ansioso com o amanhã. Mas nos preocupamos muito. Não
apenas sobre o amanhã, mas ainda além, e é assim que nos sobrecarregamos. E somos seres racionais criados
para uma carga de um dia. É por isso que precisamos de oração incessante. [ 49]

OBJETIVO E FRUTOS DA ORAÇÃO

Meta

Por melhores que sejam a oração, o jejum, a vigília e todas as outras práticas cristãs, não constituem o objetivo
da nossa vida cristã. Embora seja verdade que eles servem como meio indispensável para alcançar esse fim, o
verdadeiro objetivo de nossa vida cristã consiste na aquisição do Espírito Santo de Deus, [ 47] para que nós,
pessoas que vivem na terra, sejamos como anjos no céu que são guiados pelo Espírito Santo. [ 49]

O jejum é um meio, não uma meta. O objetivo mais elevado é o que Deus ordenou a todas as pessoas: “Portanto,
sejam perfeitos, como também o vosso Pai que está nos céus é perfeito” (Mt 5:48). [ 6] ' Seja perfeito ', o que é
impossível, mas vamos nos esforçar por essa perfeição. [ 63]

Todos são chamados para serem santos. Cada alma nasce sagrada. Grandes e pequenos, todos devem ser
santos. [ 49] “É difícil se tornar um santo?” Alguém perguntou ao ancião Porphirios. Ele apenas sorriu e disse:
“É muito fácil. Basta pensar em Deus o tempo todo ”. [ 39]

São Simeão diz: “No último e grande dia, a alma não será julgada se jejuou ou fez certas boas ações na vida.
Mas, cada alma será cuidadosamente examinada se tem algo em comum com Cristo Salvador ”. Uma alma tem
Seu traço de caráter? Somos chamados a ser pessoas de oração, trabalhadores que fazem o bem, mas se não
trabalharmos para edificar nosso caráter, então todo o nosso trabalho será em vão. É por isso que devemos
tentar, com a ajuda de Deus, desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo. Sabemos que Ele era manso,
quieto e meigo, por isso devemos nos esforçar para ser assim: ser filhos da luz, filhos do amor, filhos de Deus,
filhos do Senhor. Sim, para se tornar Seus filhos, para ter Seu caráter, o caráter de Deus, caráter de paz, amor e
bondade. Mas não temos força própria para isso, por isso temos que pedir isso ao Senhor. Como é impossível
que lâmpadas acendam sem eletricidade, da mesma forma não podemos viver sem o Senhor, como Ele diz: “Pois
sem Mim nada podeis fazer” (Jo. 15: 5). [ 49]

O que resta agora é que nos esforcemos e aprendamos a ser bons, pois transitaremos para a vida eterna com
nossos traços de caráter. Traços de caráter são a base para o trânsito para a vida eterna. Se estivermos em paz e
quietos, iremos para a categoria dos anjos e dos santos. [ 49]

Frutas

Não diga, depois de passar muito tempo orando, que nada foi ganho; pois você já ganhou algo. E que bem maior
existe do que apegar-se ao Senhor e perseverar na união incessante com Ele? [ 62] Mas que outras e maiores
recompensas você pode desejar disso quando, como eu disse, você está mentalmente sempre diante da face de
Deus e constantemente conversando com Ele - conversando com Deus, sem o qual nenhum homem pode ser
abençoado aqui ou em outro vida. [ 36]

31
Imagine como é grande o dom de podermos nos voltar para Deus em todos os momentos, em qualquer lugar e
em todas as circunstâncias, e Ele nos ouvirá. Esta é a maior honra que temos. É por isso que devemos amar a
Deus. [ 39] O que é mais belo do que suplicar a Cristo a cada momento e dizer Seu santo nome com esses lábios
de barro? Existe uma honra maior? [ 22] Não há nada mais elevado para um homem do que conversar por meio
da oração mental com o Deus existente, estando diante dEle com sua mente, implorando pelo perdão de seus
pecados. [ 3]

Certa vez, havia um jovem que foi até o mais velho e perguntou: “Para que serve a oração? Porque eu rezo e não
vejo resultado ”. O mais velho disse ao jovem monge: “Por favor, leve o meu cesto de palha trançada ao rio e
traga-me um pouco de água”. Então ele pegou a cesta, foi até o rio, pegou um pouco de água, mas a água vazou.
O menino tentou várias vezes, mas sempre voltava com uma cesta vazia. Por fim, ele ficou doente e cansado e
perguntou ao mais velho: “Por que você me força a fazer uma tarefa sem sentido, quando a água não pode ser
carregada em palha trançada?” O ancião respondeu: “Olhe para a cesta. É o mesmo que costumava ser ”? O
menino disse: “Não, a princípio a cesta estava suja, mas agora está limpa, brilhante, como nova. E o ancião
disse: “Este é o poder da oração. Limpa você, embora você não sinta,

O Nome de Deus, quando invocado, mata todas as paixões, embora não saibamos como. [ 60]

O que o homem ganha com a oração nesta vida? Paz e alegria. [ 25] [49] Os frutos da verdadeira oração devem
ser o amor a Deus e ao próximo. [ 1]

Paz

Todas as pessoas que se voltam para Deus de todo o coração (com a oração mental de Jesus) recebem graça de
graça. Então, no devido tempo, queira você ou não, a oração correrá por si mesma dentro de você. Depois disso,
você sentirá tanta alegria e paz, que não são desta palavra. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não como o
mundo dá, eu dou a você. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize ”(João 14:27) diz o Senhor que é“ o
caminho, a verdade e a vida ”(João 14: 6). [ 49]

Santo Isaac, o Sírio, diz: “Preserve sua paz interior a qualquer custo. Não troque sua paz interior por nada no
mundo. ” [ 49]

O papel dos cristãos neste mundo é purificar a atmosfera na terra e espalhar a atmosfera do reino de Deus. O
mundo deve ser conquistado preservando a atmosfera do céu dentro de nós, porque se perdermos o reino de
Deus dentro de nós (Lc. 17:21), não salvaremos a nós mesmos ou aos outros. Aquele que carrega o reino de
Deus dentro de si o transmitirá imperceptivelmente aos outros. As pessoas serão atraídas por nossa paz e
cordialidade, desejarão estar em nossa companhia e, gradualmente, a atmosfera do céu as dominará. Isto nem é
preciso falar com as pessoas sobre isso: o céu irradiará de nós mesmo quando estivermos em silêncio ou
quando falarmos as coisas mais comuns; irradia de nós, mesmo quando não temos consciência disso. [ 49]

Alegria

A oração de Jesus enche a alma de serenidade e alegria no meio das mais difíceis tentações e de todas as
ansiedades e vaidades da vida. [ 54]

Cristo está em nós por meio da lembrança Dele, pois esta lembrança O move para dentro de nós e nos enche de
alegria, como diz santo Davi: “Lembrei-me de Deus, e me alegrei” (Sl 77: 3) [ 46] Lembre-se de Deus em todos os
momentos, em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Louve Aquele que em Sua providência lhe deu
vida. Em suma, se tudo o que você faz se torna uma ocasião para glorificar a Deus, você orará incessantemente.
Deste modo, a sua alma sempre se alegrará, como recomenda São Paulo (1Ts 5,16). Pois, como explica São
Dorotheos, a lembrança de Deus alegra a alma; e ele aduz Davi como testemunha. (Salmos 77: 3) [ 40]

Preserve sua paz interior a qualquer custo e seja sempre espiritualmente alegre. Sempre. Devemos estar sempre
alegres, sempre de bom humor, a qualquer custo. Porque as hostes espirituais da maldade em lugares altos se
esforçam para que sempre estejamos tristes. [ 49]

Cristo quer que as pessoas sejam felizes. Ele fica feliz quando vê que estamos felizes. Quanto mais você ama a
Jesus Cristo, mais feliz você será e menos preocupado ficará. [ 39] “Alegrem-se sempre”, diz o apóstolo. (1 Tes.
5,16) e novamente em outro lugar: „Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrai-vos! ”(Fp 4: 4).

Todos recebem as ricas bênçãos de Deus, mas apenas algumas pessoas agradecem a Ele e são gratas e alegres
em Cristo. [ 37]

32
Humildade

Gradualmente, a atenção da mente é fortalecida e isso constitui um fruto da oração. Com a intensificação da
atenção, o homem começa a ver em si mesmo cada vez mais o mal vindo do coração. Parece que quem ora está
parado, ou parece que piorou ainda mais. Ele ora novamente e vê novamente seus aparentes fracassos. Os
ataques são repelidos repetidamente com a oração; como resultado, a mente os revela cada vez mais, e o
homem começa a se humilhar nessa guerra. Ele deve aprender a se submeter à vontade de Deus; isso é
exatamente o que é necessário. [ 3]

Grace aceita a boa predisposição de um homem e o ensina a confiar não em si mesmo, mas no Deus salvador, o
instrui a guerrear com o nome de Deus, abre ao homem seu próprio desamparo e nada, e o humilha. Todas as
vitórias são alcançadas por Jesus Cristo e o que é exigido dele é apenas a compulsão para a oração e atenção a
ela. [ 3]

A prática da oração incessante obviamente vai contra o orgulho. Pois é claro que o homem se inclina para a
humildade se, sabendo que não pode alcançar nenhuma virtude sem a ajuda de Deus, ele nunca cessa de orar,
pedindo a Deus que lhe mostre sinceridade. Assim, um homem que ora sem cessar, se consegue algo, sabe por
que o alcançou e não pode se orgulhar disso; pois ele não pode atribuí-lo aos seus próprios poderes, mas atribui
todas as suas realizações a Deus, sempre rende graças a Ele e constantemente o invoca, tremendo de medo de
que ele seja privado de ajuda. Assim, ele ora com humildade e se torna humilde pela oração. Quanto mais ele
progride na virtude, maior se torna sua humildade, e conforme sua humildade cresce, ele recebe ajuda e
novamente progride em humildade. [ 7]

Quão doce é o conhecimento que é obtido da experiência real e do treinamento diligente, e que poder dá ao
homem que através de muita experiência o encontrou dentro de si, o mesmo é conhecido por aqueles que
tiveram certeza e viram a ajuda dele oferece-os. Eles aprendem a fraqueza de sua natureza e a ajuda do poder
divino quando Deus primeiro retém Seu poder deles [enquanto eles estão em meio a tentações]. Assim, Ele os
torna cônscios da impotência de sua natureza, da severidade das tentações e da astúcia do inimigo. Assim, Ele
os dá a entender contra quem eles devem lutar, que tipo de natureza eles estão vestidos, como eles são
protegidos pelo poder divino, o quão longe eles avançaram no caminho. A que altura o poder de Deus os elevou,
e quão impotentes eles são diante de todas as paixões quando o poder divino é retirado deles. Por meio de todas
essas coisas, eles adquirem humildade, apegam-se a Deus, buscam Sua ajuda com expectativa e perseveram na
oração. De onde eles poderiam ter recebido todas essas bênçãos, se eles não tivessem experimentado os muitos
males que Deus permitiu que eles passassem? Como diz o apóstolo: 'E para que não fosse exaltado acima da
medida pela abundância das revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás.' (2. Cor.
12: 7). Mas, pela experiência de muitas intervenções da ajuda divina nas tentações, o homem também adquire
uma fé firme. Doravante ele não tem medo e ganha coragem nas tentações com o treinamento que adquiriu.
apegar-se a Deus, buscar Sua ajuda com expectativa e perseverar na oração. De onde eles poderiam ter recebido
todas essas bênçãos, se eles não tivessem experimentado os muitos males que Deus permitiu que eles
passassem? Como diz o apóstolo: 'E para que não fosse exaltado acima da medida pela abundância das
revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás.' (2. Cor. 12: 7). Mas, pela experiência
de muitas intervenções da ajuda divina nas tentações, o homem também adquire uma fé firme. Doravante ele não
tem medo e ganha coragem nas tentações com o treinamento que adquiriu. apegar-se a Deus, buscar Sua ajuda
com expectativa e perseverar na oração. De onde eles poderiam ter recebido todas essas bênçãos, se não
tivessem experimentado os muitos males que Deus p [17]

Saúde
A oração é um medicamento preventivo e o remédio mais poderoso para a cura de todas as doenças do corpo e
da alma. [ 22], [5] Sem a vontade de Deus, não podemos adoecer nem morrer. Pequena fé, afaste-se de nós. [ 18]

"Você está doente de novo?" perguntou o ancião Anatoly de Optina a uma mulher. “Significa que você não se
lembra do meu remédio. Eu já te disse: diga a oração de Jesus constantemente e você terá saúde. Não lhe dei
esse conselho sem motivo, mas tendo-o examinado na prática. ” [ 2]

O nome do Senhor Jesus Cristo é santo e santifica quem o invoca: santifica a boca, a língua, o coração e todo o
corpo. Ele santifica até mesmo o ar que os cerca. É o Espírito. Traz vida, muda, transfigura e diviniza. Com o
poder do Nome, o corpo é curado das doenças e a alma das paixões.[60]

O Élder Tadej relata: “Meu pai era um homem quieto, calmo e manso, uma pessoa incrivelmente boa. Ele nunca,
em toda a sua vida, adoeceu, porque tinha paz interior e, portanto, seus órgãos internos funcionavam sem
pressão. Ele viu sua vida como uma peça de teatro; quando alguém o insultava, ele não ficava ofendido, ficava
quieto e tranquilo. ”[ 49]

33
Quando alguém se humilha, então vem a saúde e a salvação: tanto física quanto psíquica. [ 49]

DISPOSIÇÃO (para acompanhar a oração)

Acreditamos em um Deus. Nosso único Deus é a Santíssima Trindade. Uma essência (grego: ousia) em três
pessoas, unidas ao amor. Esse é o nosso Deus. [ 68]

A oração de Jesus não é um talismã. Seu poder vem da fé no Senhor e de uma profunda união da mente e do
coração com ele. [ 53] Não há nada automático ou 'mágico' na Oração de Jesus. Nossa oração deve ser sempre
pessoal, face a face. Quando pronunciamos o Nome de Cristo, invocando-O para a comunhão conosco, então
Ele, que cumpre tudo, nos ouve e entramos em contato vivo com ele. [ 41]

O ponto essencial na oração de Jesus não é o ato de repetição em si, não como nos sentamos ou respiramos,
mas para com quem falamos. A oração de Jesus não é apenas um artifício para nos ajudar a nos concentrar ou
relaxar. Não é simplesmente um pedaço de 'Yoga Cristão', um tipo de 'Meditação Transcendental', ou um 'Mantra
Cristão' ... É, pelo contrário, uma invocação dirigida especificamente a outra pessoa - a Deus feito homem, Jesus
Cristo, nosso Salvador e Redentor pessoal ... O contexto da oração de Jesus é antes de tudo um de fé. A
invocação do Nome pressupõe que quem faz a oração crê em Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador ... Por
trás da repetição de uma forma de palavras deve existir uma fé viva no Senhor Jesus - em quem ele é e em que
ele fez por mim pessoalmente. Em segundo lugar, o contexto da oração de Jesus é de comunidade. Não
invocamos o Nome como indivíduos separados, contando apenas com nossos próprios recursos internos, mas
como membros da comunidade da Igreja [ 14] [59]

Como membros (1 Coríntios 12:27) da Igreja (corpo de Cristo - Colossenses 1:24), é melhor confessar e
comungar com frequência, mas não se aflija se isso acontecer raramente. Não abandone a oração atenta, e o seu
compromisso será percebido pelo Senhor como a própria Eucaristia. A Theotokos não comungou nem uma
única vez antes de alcançar a plenitude da pureza e se tornar a Mãe do Filho de Deus, por meio da oração mental.
O mistério da Sagrada Eucaristia ainda não havia sido estabelecido. A preciosidade da Eucaristia não depende
da freqüência ou raridade, mas do tremor diante da santidade dela e da compreensão de sua própria indignidade.
Aqueles que partiram para o deserto não viram um único rosto humano e, com raras exceções, não participaram
da Sagrada Eucaristia, mas foram precisamente eles "de quem o mundo não era digno" (Hb. 11:38), que eram
grandes aos olhos de Deus, e não aqueles que comungavam com frequência. Lembre-se do amor de Deus por
você e observe a Eucaristia com dignidade. Não imites o traidor Judas. Satanás entrou nele ao mesmo tempo
que a comunhão (na última ceia) e ele comungou para a condenação pessoal sem fim. [ 3]

Perdoe e não ofenda ninguém


Tendo decidido comprometer-se com a oração para que se torne a parte mais importante da sua vida, você deve
cumprir este mandamento de Deus: perdoar a todos por tudo e reconciliar-se com todos. [ 55]

A primeira preparação consiste em rejeitar o ressentimento e a condenação de nossos vizinhos. Esta preparação
é ordenada pelo próprio nosso Senhor: “Quando estiveres orando, perdoa, se tens alguma coisa contra alguém”
(Mc 11,25). [ 13]

É impossível que uma pessoa de oração seja maliciosa com alguém ou que se recuse a perdoar qualquer tipo de
transgressão. Tudo se transforma em cinzas quando se aproxima da chama da oração de Jesus. [ 22] Você deve
ignorar as fraquezas de seus irmãos (vizinhos). Você aceitará o que eles quiserem e da maneira que quiserem.
Eles querem assim? Que assim seja. Eles querem de outra maneira? Que seja o contrário. Desse modo, as
paredes que nos separam de nossos irmãos são destruídas. É assim que estamos unidos a Cristo. [ 39]

Ao abordar a oração de Jesus, é necessário que se esteja rodeado de precaução e atenção como se fosse um
muro de pedra, para não ofender o próximo: nem com palavras, nem com atos, nem com o olhar, nem com o
pensamento. [ 26] A menor reclamação contra o seu vizinho afeta sua alma e, como resultado, ela não pode orar.
Quando o Espírito Santo encontra sua alma em tal estado, não se atreve a se aproximar. [ 39]

Se nós, por nossas fraquezas e hábitos pecaminosos ou por desatenção e distração, insultamos e ofendemos
alguém, é necessário usar todos os meios possíveis disponíveis e apaziguar nosso irmão, pedir perdão e torná-
lo tranquilo e sossegado. Observe, isso é muito importante na oração. Se você não respeitar isso, não terá
sucesso na oração, mesmo que pratique a oração por anos, dia e noite. Examinamos isso durante toda a nossa
vida e, por experiência própria, introduzimos uma lei e uma regra que é absolutamente essencial nos

34
comprometermos a não ofender ninguém, de forma alguma. Em segundo lugar, manter incessantemente o amor
sincero ao próximo. [ 26]

Amor
“Quem me ama”, diz o Senhor, “guardará os meus mandamentos” (Jo. 14:15); e “este é o meu mandamento, que
vos ameis uns aos outros” (João 15:12). Assim, quem não ama o próximo deixa de guardar o mandamento e,
portanto, não pode amar ao Senhor. [ 31] Porque quem não tem bondade e amor para com o irmão não conhece
a Deus. “Porque Deus é amor” (1.Jo 4, 8), exclama João, Filho do Trovão e discípulo amado de Cristo. [ 51]

Todos os mandamentos de Cristo estão contidos em um: “Amarás”. [ 66] Aqueles que estão próximos de Deus
oram pelos outros e desejam que todos possam habitar na presença de Deus. Ninguém pode alcançar Deus se
não passar primeiro pelas outras pessoas. O que as Sagradas Escrituras dizem sobre isso? 'Pois quem não ama
a seu irmão, a quem viu, não pode amar a Deus, a quem não viu.' "(1 Jo. 4:20). Não diz isso? Portanto, as
pessoas cheias de graça oram para todos e compreensão para todos. [ 39]

A pessoa que possui a Deus em toda a riqueza do amor, totalmente arrebatada no anseio divino, se eleva até
mesmo acima de sua própria fé, como o santo Apóstolo expressa claramente quando diz: E agora permanece a
fé, a esperança, o amor, esses três; mas o maior deles é o amor '(1 Co 13: 13). [ 65] O amor não precisa de uma
lei. O amor é a lei acima de todas as leis. É a Nova Lei ou Novo Testamento de Cristo. [ 66]

Se você ama o Senhor Jesus Cristo, você cumpriu os dois grandes mandamentos de amor. Porque, Ele é Deus e
é o nosso vizinho mais próximo. Os dois mandamentos de amor dependem Dele e se relacionam principalmente
com Ele pessoalmente. Nos tempos antigos, as pessoas não podiam amar o Deus invisível. Jesus Cristo é Deus
manifesto e um verdadeiro Homem. Deus-Homem, que se manifestou como Deus de amor e sofreu como Homem
de amor pelo nosso amor. Em verdade vos digo, é fácil amar tal Deus e tal próximo. E por meio dele todos os
seus (filhos). [ 66]

Devemos pedir a Deus, como nossos pais, de todo o coração: “Ajude cada alma e não se esqueça de mim
também, Senhor! Ajude a todos a terem paz e a amá-lo, como os anjos te amam. Dá-nos forças para te amar
como a Mãe Santíssima e os teus santos anjos te amam. Dê-me também aquela força para amá-lo imensamente.
” Porque ninguém é forte o suficiente para lutar contra o amor. O amor é um poder inconcebível. Porque Deus é
amor. [ 49]

Livre de preocupações
Aquele que é conscientemente despreocupado, aplica toda a Escritura. [ 45]

Os Santos Padres dizem: a oração exige uma vida absolutamente despreocupada, porque mesmo a menor
preocupação atrapalha a oração. Estamos distraídos na oração. Não nos submetemos à vontade de Deus.

Acreditamos que devemos pensar em tudo porque o Senhor se preocupa muito com todo o mundo e todo o
universo. Nós nos perguntamos: “Ele está pensando em nós ou não?” - É claro que temos pouca fé e não
confiamos nele. O Senhor pensa em tudo. Isso significa que cada evento, cada ninharia que acontece conosco e
ao nosso redor, aponta para a providência de Deus e Sua permissão. Nada no cosmos acontece sem a
providência e permissão divinas. Tudo o que é nobre e sublime é a providência de Deus. Tudo o que vemos
como caótico, Ele sabe porque permite e até onde o permite. Portanto, não preste muita atenção às
preocupações desta vida, mas preserve sua paz e viva com Deus. Deixe estar. [ 49]

Deus dá tudo o que é necessário para a vida a quem se entrega a Deus (através da oração), como um general se
preocupa com um soldado que saiu de casa. [ 25]

Deus carrega em Suas mãos aquele que vive em Cristo. Não é preciso se preocupar com nada. Pessoas boas
vêm de todos os lados e protegem a pessoa como a pupila do olho. Quem se esforça em oração verdadeiramente
descansa à sombra do Senhor. E ele não se preocupa com nada. Tudo vem por si mesmo. [ 8]

Eu me comprometi totalmente com a vontade de Deus e, portanto, não preciso dizer nada, presumir ou me
preocupar com nada, porque o Senhor está perto. "Não vos inquieteis de nada", promete o Espírito Santo a mim
e a todos os que verdadeiramente crêem em Cristo, "mas em tudo, pela oração e súplica, e com ação de graças,
os vossos pedidos sejam apresentados a Deus" (Fl 4: 6). [ 13]

Ação de graças

35
O Apóstolo ordena a ação de graças quando oramos: “Continue na oração e vigie com ação de graças”. (Col. 4:
2) Ele diz que a ação de graças é ordenada pelo próprio Deus: “Orem sem cessar; dai graças por tudo, porque
esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus ”(1 Tes. 5:17). [ 13] Prepare-se para agradecer por tudo,
ouvindo as palavras do santo apóstolo. Embora você possa estar em apuros, angústia ou doença, sob tensão
física, agradeça a Deus por tudo. [ 58]

Devemos também glorificar ao Senhor por causa da atração, ou seja, por causa do desejo de orar sem cessar.

[60]

Precisamos da oração, para que assim que acordemos pela manhã, sejamos imediatamente gratos por Sua
misericórdia por termos vivido a noite toda. Quando chega a noite, agradecemos por tudo, porque o Senhor é o
Doador da vida, Aquele que dá a vida. É assim que mostramos nosso amor por Ele e Ele nos abraça.
Quando a alma gosta da oração do coração, ela não pode se separar de seu Pai. Está sempre com Ele, seja
falando com alguém, seja fazendo algum trabalho. A alma está continuamente com Ele e se move em Sua
presença como os anjos e os santos se movem. Esta é uma promessa do Reino Celestial já aqui na terra. [ 49]

Humildade
O que significa ser humilde? O ancião me respondeu: “É muito simples. É verão agora, e você está esperando
pelo outono, quando haverá menos trabalho no campo. ” "Sim pai, é verdade." “Então, quando o outono chegar,
você estará esperando pelo inverno, e então novamente pelas festas, e quando eles passarem, você esperará a
primavera, depois a Páscoa - resplandecente ressurreição de Cristo?” "É o verdadeiro pai." "No momento, você é
um novato, mas você vê, você espera para se tornar um rassóforo?" "Sim, Pai." “E então, você vê, você vai
esperar pela tonsura, e então se tornar um hieromonge. Tudo isso significa que você não se humilha. Mas,
quando você não se importa se é primavera ou outono, verão ou inverno, festas ou Páscoa, se você é um novato
ou um monge-esquema, e quando você viverá no presente, porque 'o dia é suficiente o mal disso '(Mt 6:34), 8]

Como alguém pode ser humilde? Deve-se submeter-se à vontade de Deus. É preciso estar satisfeito e grato a
Deus por tudo: pelo lugar onde o Senhor os colocou e pelo fluir da vida. Do contrário, se alguém exige muito
(tem muitos pedidos), tortura-se. [ 49]

O verdadeiro caminho para a humildade é o nosso próximo. Humildade diante do próximo e diante das
circunstâncias é humildade diante de Deus. Ele serve como um fundamento secreto para o arrependimento real,
como um fundamento para a “oração mental”. A “oração mental” não é aceita sem humildade interior perante o
nosso próximo e perante as circunstâncias: não condiz com a arrogância da alma. [ 60]

Dizem os Santos Padres: o ideal da vida cristã não é fazer milagres, nem curar os enfermos, nem ressuscitar os
mortos, mas a humildade absoluta. [ 49]

Minha avó Anica tinha apenas uma pequena oração que ela freqüentemente recitava: "Deus, por que você
precisa de mim (uma inútil)?" Esta foi a mulher mais humilde e com o maior amor que já conheci na minha vida.
“Com os santos dá descanso, ó Cristo, às almas de Teus servos que adormeceram, pais, avós e nossos irmãos e
irmãs que jazem aqui, e Cristãos Ortodoxos que jazem em todos os lugares e concede a eles Teu Reino e
participação em Teu inefável e bênção eterna e perdoa-lhes todas as suas transgressões, tanto voluntárias como
involuntárias. ”

A Puríssima Mãe de Deus ama uma alma humilde. Santíssima Mãe de Deus, por tuas orações, obtém um espírito
humilde para nós. [ 44]

Anjos e oração
Clame a oração e seu anjo da guarda enviará a você uma fragrância espiritual! Os anjos se alegram muito
quando uma pessoa ora com a oração do nosso mais doce Jesus. [ 22]

Você deve saber que os anjos nos estimulam a orar e estão conosco enquanto oramos, regozijando-se e ao
mesmo tempo orando por nós. Portanto, nós os enfurecemos se nos tornarmos negligentes e aceitarmos
pensamentos adversos. Porque, embora eles se esforcem tanto por nós, não queremos orar a Deus nem por nós
mesmos, mas negligenciamos nosso serviço a Deus, deixando seu Deus e Mestre e entrando em conversa (por
meio de pensamentos) com demônios impuros. [ 34]

Deus quer que nos tornemos como os anjos. Os anjos apenas glorificam a Deus. Esta é sua oração, glorificação
de Deus e nada mais. Deus também nos deu a possibilidade de nossa oração ser uma doxologia sem fim, uma
oração angelical. É aqui que reside o grande segredo. Quando entramos nesta oração, glorificaremos a Deus

36
continuamente, deixando tudo para Ele, assim como nossa Igreja ora: “Recomendamos toda a nossa vida a
Cristo nosso Deus”. Esta é a “matemática superior” da nossa religião! [ 39]

A paz perfeita dos santos anjos está em seu amor a Deus e no amor mútuo. Este também é o caso com todos os
santos desde o início dos tempos. [ 31]

Se você deseja servir a Deus em seu corpo como um ser sem corpo, ganhe a oração incessante escondida no
coração, e sua alma será como um anjo antes mesmo da morte. É por isso que os Padres nos sugerem que nos
habituemos à “atividade mental”, atividade angelical, aqui, enquanto ainda estamos na terra. Porque, ali, a alma
continuará fazendo exatamente o que está acostumada a fazer aqui. Começamos a viver a vida divina eterna
aqui, lutando mentalmente pela oração incessante. [ 60]

Se não virmos o Senhor agora nesta vida, nunca O veremos; se não nos unirmos com Ele agora, nunca seremos
unidos. Mas é impossível ver o Senhor e estar unido a Ele por qualquer meio que não seja a oração abençoada. A
oração de Jesus é o caminho mais curto e rápido para chegar a Deus. [ 26]

Demônios
Desprezem as paixões, não se preocupem com o diabo. Volte-se para Cristo. [ 39]

Abba Abraham, que era discípulo de Abba Agathon, certa vez perguntou a Abba Poemen: "Por que os demônios
me atacam?" E Aba Poemen disse a ele: "Os demônios atacam você? Os demônios não nos atacam quando
seguimos nossas vontades, porque então nossas vontades se tornam demônios e elas mesmas nos perturbam
para obedecê-los. pessoas com quem os demônios lutam, é Moisés e homens como ele. " [ 45]

O primeiro e maior inimigo de alguém não é o diabo. A pessoa é o seu pior inimigo porque não escuta os outros,
mas escuta o que os pensamentos lhe dizem. Embora tenhamos tantos Santos Padres para imitar lendo seus
escritos, nosso ego nos derrota muitas vezes. Quem se derrota é um grande mártir e vencedor diante de Deus.
[ 23]

Um santo diz: “Se alguém não se machuca, ninguém pode machucá-lo, nem mesmo o diabo” [ 49 ]

Cristo é tudo
Quando a graça aumenta, você se torna o filho do rei. Se você perguntar a essa pessoa: de quem são as roupas
que você veste?

Édo Senhor, alguém responderá. E o pão e a comida que você come? Meus senhores. E o dinheiro que você
tem? Meus senhores. Então, o que é seu? " "Nada. Eu sou terra, lama e poeira. ” [ 18]

Porque, segundo as palavras de santo Dionísio Areopagita, o amor divino não vê e não conhece nada além do
seu objeto: o bendito Teófilo cheio de amor ardente por Deus, não pensou em nada além de Jesus Cristo: Jesus
era seu respirando, Jesus era a sua vida, Jesus estava sempre no seu coração e, como São Paulo, já não vivia,
mas Cristo vivia nele (Gl 2,20). [ 32]

Deus é aquele que está mais perto de nós, com quem podemos falar continuamente. Pois Deus está à sua vista;
Deus está em sua mente, em sua fala, em sua respiração, em sua comida - para onde quer que você olhe, Deus
está lá. [ 18]

Senhor Jesus Cristo é tudo para nós. Sem Ele, não podemos estar vivos nem por um momento - seja na vida
espiritual, seja na vida física. "Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas" (Rim 11:36). Deus é, por assim
dizer, o ar espiritual que respiram todos os anjos, almas dos santos e todos os viventes, especialmente as
pessoas piedosas. Você não pode estar vivo nem por um momento sem Deus e, na verdade - a cada segundo
você vive por Ele: “Porque nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 11:28). [ 26]

A vida é uma energia divina, que se origina de Deus - a fonte da vida, da qual os anjos e os humanos recebem a
vida. Essa energia está sempre conosco. E Deus é o único doador de vida. Estamos vivos graças à energia de
Deus; não temos vida própria, a vida nos é dada, a vida é uma dádiva. A vida é uma só, e há uma fonte de vida
que penetra e sustenta tudo. Portanto, temos que amar nosso próximo por causa de Deus. Deus está em todos,
nos incrédulos também, caso contrário: se Ele não estivesse neles, eles estariam vivos? [ 49]

Cristo é tudo. No entanto, ele ainda é um amigo, e grita: "Vós sois meus amigos" (Jo 15,14), não quero que me
vejas de outra forma, não quero que me vês dessa forma, que eu sou Deus, eu sou a Palavra de Deus, eu sou
uma Hipóstase (Pessoa) da Santíssima Trindade. Eu quero que você me veja como um dos seus, como seu

37
amigo. Eu quero que você me abrace .Eu quero que me sintam em suas almas. Eu, seu amigo, que, na verdade, é
a fonte da vida. Nosso amigo! Nosso irmão! Mas como ele grita! Que profundidade se esconde nela! Grande
profundidade. Em outras palavras, é coragem. Cristo não quer medo. [ 39]

Parece-nos que o amor de Deus está longe, que Deus está muito longe de nós. Mas, na verdade, nos afastamos
de Deus. E Ele não pode ser separado de nós, porque Ele é vida. Ele é amor. Oh, se ao menos tivéssemos um
amor assim por Ele e nos aproximássemos Dele como nosso amigo sincero. No entanto, não nos aproximamos
Dele desta forma, mas de alguma forma reservada, de alguma forma oficialmente. Além disso, quando oramos ou
fazemos algo bom, somos excessivamente formais. Mas o que Ele pede de nós é que sejamos naturais. Ele nos
mostrou como viveu entre nós: simples, humilde e mansamente. Foi assim que o Senhor nos criou e é assim que
devemos nos aproximar Dele. Como uma criança inocente, é assim que devemos nos aproximar Dele. [ 49]

38
CONCLUSÃO
E assim, depois de todas essas razões convincentes pelas quais a constância da oração, apesar da fraqueza
humana, é tão poderosa e certamente está ao alcance da capacidade e da vontade do homem, decida
experimentá-la pelo menos por um dia no início. Observe a constância de sua oração para que invocar o nome
de Jesus Cristo receba mais tempo do que qualquer outra ocupação; e essa preferência pela oração sobre as
preocupações mundanas mostrará a você que esse dia não foi perdido, mas o aproximou da salvação; que na
balança da justiça divina a oração frequente supera suas fraquezas e ações e expia os pecados daquele dia no
livro da vida, coloca você no caminho da justiça e lhe dá esperança de alcançar a santidade e a vida eterna. [ 5]

Bem-aventurados aqueles que têm Cristo como eixo do coração e giram alegremente em torno do Seu Santo
Nome, repetindo noética e incessantemente: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim. [ 37]

Bem-aventurado aquele que viu a Luz do mundo formada em si mesmo, pois concebeu Cristo em si mesmo; ele
será contado como sua mãe, como Cristo, em quem não há mentira, disse. [ 48] Assim como a Virgem Santa o
carregou dentro do seu corpo, também aqueles que receberam a graça do Espírito Santo o carregam em seus
corações, como disse o apóstolo: „Mas temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder
seja de Deus e não de nós “(2.Cor 4: 7). [ 16]

Viva sua vida e alegre-se. Dentro da alma de quem pratica a oração de Jesus, como o peregrino (“ O Caminho de
um Peregrino ”), é sempre primavera. Não se apegue a nada. Não viva nem no passado nem no futuro. Apenas
viva no momento real e presente e em todas as circunstâncias agradeça a Deus. Tudo está passando. Santo
Tikhon de Zadonsk, meu patrono, escreveu: “Tudo corre como um rio. Quando criança eu era pobre, vivia
miseravelmente e isso passou; Fui para a escola, desamparado, todo mundo ria de mim - e passou; Me formei
em teologia como o melhor aluno da turma, virei professor, todos passaram a me respeitar

- e isso passou; Tornei-me bispo, fui conduzido de carruagem, estive presente no Tribunal, vi coisas boas e más,
todos tentaram me agradar - e passou; Eu me aposentei, fui oprimido, começaram as doenças - e isso passou;
depois vem a velhice e o repouso eterno ”. Então, essa é a nossa vida ... Devemos aprender essa habilidade da
oração incessante, e em todas as coisas ser alegres. [ 52]

Quando, ao orar, você está acima de todas as outras alegrias, saiba que realmente alcançou a oração. [ 34]

Para uma vida boa e santa que agrade a Deus, nada é tão importante quanto o amor. Ame e faça o que quiser, diz
Santo Agostinho. Ore e pense o que quiser, pois seus pensamentos serão purificados pela oração. Ore e faça o
que quiser, e suas ações se tornarão devotas, frutíferas e benéficas para sua salvação. Ore sempre, não importa
o quão mal seja, e não se deixe perturbar por nada; seja feliz no espírito e em paz, pois a oração direcionará sua
vida e lhe dará compreensão. [ 5]

Se você se esforça para encontrar Deus apenas com a oração, então nem mesmo respire sem orar. Olhe, mas
não aceite visões, porque Deus é informe, inconcebível e incolor. Ele é perfeito. “Ele não se encaixa (em) nosso
raciocínio e em nosso intelecto age como uma brisa leve. [ 18]

O Divino está além de explicação e compreensão. Deus está além do espírito, além de tudo o que os humanos
podem pensar. Deus é perfeito, incompreensível e abençoado para sempre. [ 22] A única coisa que pode ser
compreendida sobre Ele é Sua infinidade e impossibilidade de conhecê-lo. [ 31]

O que deve ser feito por nós que queremos ser salvos? Para todos os que querem ser salvos, só resta uma
maneira: a maneira interior de guardar a mente e a oração incessante. Devemos nos empenhar na atividade
mental com todas as nossas forças até o dia da nossa morte, para que Cristo Senhor habite em nossa mente,
como disse Simeão, o Novo Teólogo. [ 60] “Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Cor. 2:16)

Nestes últimos dias, quando o espírito do anticristo poluiu a terra, o mar e tudo o que respira, Deus está
espalhando, no seio da Igreja, a ação da oração mental como um orvalho consagrado da graça, como o vento
que o profeta Elias sentiu. (1 Reis 19:12), como um antídoto que dá saúde e salvação à alma e ao corpo, tanto
nos dias atuais como nos que virão. [ 22]

A partir de agora, ore, ore e ore sem cessar! Milagres criados por oração fervorosa não podem ser descritos ou
explicados! [ 22] Tenhamos como nosso trabalho e ocupação contínuos a invocação de Seu santo e mais doce
nome, sempre carregando-o na mente, no coração e na boca, continuamente nos forçando a que Nele e com Ele
respiremos, vivamos e durmamos, e acordar, caminhar, comer e beber - e geralmente, fazer qualquer coisa. [ 27]

Esta é a voz dos Santos Padres e do Espírito Santo de Deus. [ 60] Um homem .

39
Orações finais
E que o Senhor tenha o prazer de dizer de nós o que disse de Saul: Ele é um vaso Meu escolhido, para levar o
meu nome (Atos 9:15). [ 14]

Pois tu és o nosso Deus e não conhecemos outro senão tu, e invocamos o teu nome. [ 68] Ó SENHOR, nosso
Senhor, quão excelente é o teu nome em toda a terra (Sl 8: 1). Pois tu engrandeceste a tua palavra acima de todo
o teu nome (Salmos 138: 2).

Deixe o Senhor guiá-lo pelo Espírito em sua futura atividade mental e sagrada, pelas orações dos santos. Um
homem. [ 27]

Com anjos louvemos, com arcanjos cantemos a nosso Senhor Jesus Cristo, a quem seja glória e poder
juntamente com o Pai e o Espírito Santo, agora e sempre e para sempre. Um homem. [ 31]

O Deus de paz, que trouxe nosso Senhor Jesus Cristo de volta dos mortos para se tornar o grande Pastor das
ovelhas pelo sangue que selou uma aliança eterna, pode torná-lo pronto para fazer sua vontade em qualquer tipo
de boa ação; e transformar-nos a todos no que for aceitável a si mesmo, por meio de Jesus Cristo, a quem seja
glória para todo o sempre. Amém "(Hb 13: 20-21). [ 5]

Agora ao Rei eterno, imortal, invisível, o único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém (1Tm
1:17).
Δι 'ευχών των Αγίων Πατωνων ημών, Κύριε Ιησού Χριστέ ο Θεός ημών, ελέησον ημάς. Αμήν

Referências:

1. Ambrósio de Optina 37. Paisios do Monte Athos


2. Anatole de Optina 38. Paisius Velichkovsky
3. Anthony Golynsky-Mihailovsky 39. Porfírios de Kafsokalivia
4. Agapius de Valaam 40. Pedro de Damasco
5. O caminho de um peregrino 41. Sophrony Sakharov
6. Danilo Krstic 42. Sava Djordjevic
7. Abba Dorotheus 43. Sava de Pskov e Krypetsk
8. Dorotheus de Konevic 44. Silouan, o Atonita
45. Provérbios dos pais do
9. Demetrius Gagastatis deserto
10. Philotheos do Sinai 46. Simeão de Tessalônica
11. Gregório do Sinai 47. Serafim de Sarov
12. Hariton de Valaam 48. Symeon, o Novo Teólogo
13. Inácio Brianchaninov 49. Tadej de Vitovnica
14. Hilarion Alfeyev 50. Teodósio de Karoulia
15. Hesychius de Jerusalém 51. Teodoro de Edessa
16. Abba Isaías 52. Tikhon Vilmuasson
17. Isaac, o Sírio 53. Teófano, o Recluso
18. José, o Hesicastista 54. Barsanuphius de Optina
19. Jonah Paffhausen 55. Valentine Sventitsky
20. João de Kronstadt 56. Elder Basil
21. John Romanides 57. Hierotheos Vlahos
22. Efraim de Philotheou (Arizona) 58. Barsanuphius e John
23. Efraim Katounakia 59. Kalistos Ware
24. Efraim, o Sírio 60. John Zhuravsky da Letônia
25. Raphael Karelin 61. João Crisóstomo
26. Hilarion Caucasiano 62. John Climacus
27. Kallistos e Inácio Xanthopoulos 63. Vladeta Jerotic

40
28. Lazarus El Anthony 64. Macarius o grande
29. Leônida de Optina 65. Diadochos de Photiki
30. Marque o Asceta 66. Nikolai Velimirovich
31. Máximo, o Confessor 67. John Cassian
32. Nikodim de Karoulia 68. Nikon of New Skete
33. Nikon of Optina
34. Nilo do Sinai
35. Niketas Stethatos
36. Gregory Palamas

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42
PRÁTICA CATÓLICA DA ORAÇÃO DE JESUS

INDICAÇÕES GERAIS
- Estudar os textos de São Bernardino de Sena sobre o Nome.

- A prática católica é simples e deve ser feita por aqueles que rezam o Terço diariamente.

A INVOCAÇÃO DO NOME
- Após acordar reze o Credo, três "Pai Nosso", três "Ave Maria" e o "Gloria", então sente-se em um lugar
reservado e invoque "Senhor Jesus Cristo Tem Misericórdia De Mim", ou somente "Senhor Jesus Cristo", por
uns 15 minutos imaginado vivamente o símbolo IHS transmitido por S. Bernardino, como um sol brilhante.

- Depois de terminado, fique um pouco sentado ali em silêncio.

- Faça a invocação em voz baixa mas audível, e de começo você pode imprimir o "IHS" e olhar fixamente para a
imagem, até que ela fique gravada na imaginação.

- Faça a invocação informalmente durante suas atividades diárias (em voz totalmente baixa ou só mentalmente).

Essa é a tradição católica da invocação do Nome. Faça da maneira indicada e, com a ajuda de Deus, você verá
um ótimo fruto a médio prazo, garanto.

UM IMPORTANTE DETALHE
- Lembre-se que o Nome "É" o Nomeado, o mesmo vale para o Nome imaginado "IHS", Ele REALMENTE está
presente no seu Nome.

- E é melhor fazer o Terço e a invocação em latim: "Domine Jesu Christe, Miserere mei"

SOBRE REZAR O TERÇO


- Reze o Terço todos os dias meditando nos Mistérios da maneira que eu expliquei nas postagens aqui. O melhor
horário é no final do dia, depois das Vésperas, até antes da meia noite.

- Isso é INDISPENSÁVEL para o católico que quer praticar a invocação do Nome.

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COMPILADO DE POSTS DO SITE SOBRE A ORAÇÃO DE JESUS

TRECHOS DO LIVRO RELATOS INEDITOS DE UM PEREGRINO RUSSO


Ele vê que na realidade orar significa dirigir sem trégua seu pensamento e sua atenção à lembrança de Deus,
caminhar em sua presença, despertar em si seu amor pensando nele, associando o nome de Deus à sua
respiração e às batidas de seu coração.  

Ele é guiado em tudo isso pela invocação com os lábios do santíssimo nome de Jesus Cristo, ou pela recitação
da Oração de Jesus todo o tempo e em todo o lugar, durante todas as suas ocupações e sem nunca parar. Estas
verdades luminosas, aclarando o espírito do nosso pesquisador e abrindo-lhe o caminho do estudo e do
cumprimento da oração, ajudam-no a começar a  praticar em seguida estes sábios ensinamentos. Entretanto, em
suas primeiras tentativas, ele ainda fica às voltas com muitas dificuldades até que um mestre experiente lhe
mostre (neste mesmo livro, a Filocalia) toda a verdade - ou seja, que somente a oração ininterrupta é eficaz, tanto
para perfazer a oração interior como para a salvação da alma. É a frequência da oração que fundamenta todo o
método da atividade salvadora. Como diz Simeão o Novo Teólogo: “Aquele que ora sem cessar faz a síntese de
todo o bem numa única coisa.”

Como conciliar a necessidade de fé do homem com a impossibilidade de provocá-la humanamente? O modo de


fazê-lo é revelado ainda nas mesmas Escrituras: “Pedi, e se vos dará.” Os Apóstolos não podiam por si sós
suscitar neles a perfeição da fé, mas eles oraram a Jesus Cristo, dizendo: “Senhor, aumente a nossa fé”. Eis
como se obtém a fé; este exemplo mostra como se alcança a fé pela oração.

Como cumprir as obras prescritas pela Lei de Deus, quando não se tem forças nem nenhum poder de observar
os mandamentos? É impossível fazê-lo, até que se peça, até que se ore para obtê-los. “Vocês não têm porque
não pedem”; esta é a razão que nos apresenta o Apóstolo. E o próprio Cristo diz: “Sem mim vocês não podem
nada.” E, quanto a agir com Ele, eis o que Ele nos diz a respeito: “Permaneçam comigo como eu permaneço com
vocês; aquele que permanecer em mim e eu nele, este obterá os frutos da abundância.” Mas permanecer com ele
implica sentir continuamente sua presença, invocar continuamente seu nome. “Tudo aquilo que pedirem em meu
nome eu lhes darei.” Assim a própria possibilidade de fazer o bem é dada pela oração. Encontramos um exemplo
disto no Apóstolo Paulo: três vezes ele orou para vencer a tentação, dobrando o joelho diante de Deus Pai para
que fortalecesse nele o homem interior, e foi-lhe ordenado acima de tudo orar, e orar de modo contínuo, a
propósito de tudo.
Do que dissemos, segue-se que toda a salvação do homem depende da oração, e é por isso que ela é primordial
e necessária, pois é através dela que a fé é vivificada e que as boas obras aparecem. Numa palavra, com a
oração tudo caminha com sucesso; sem a oração, não se pode fazer nenhum ato de caridade cristã. Assim a
exigência de que nossa vida seja sem cessar, sempre e em toda parte, oferecida, provém exclusivamente da
oração. Para as demais virtudes, cada qual tem seu próprio tempo; mas no caso da oração, nos é pedida uma
ação ininterrupta: “Orai sem cessar”. É justo e oportuno orar sempre, e em qualquer lugar.

A verdadeira oração tem suas condições. Ela deve ser oferecida com um espírito e um coração puros, com um
zelo ardente, uma atenção estrita, com temor e respeito, e com a mais profunda humildade. Mas quem, em
consciência, não admitirá que está longe de preencher estas condições, e que oferece suas orações mais por
necessidade, mais por obrigação para consigo mesmo, do que por inclinação, deleite e amor à oração? A este
respeito, a sagrada Escritura diz que não está no poder do homem manter seu espírito inquebrantável e
purificar-se dos maus pensamentos, pois “os pensamentos do homem são maus desde a juventude”, e porque
só Deus pode nos dar outro coração e um espírito novo, pois “o poder de fazê-lo está apenas em Deus.” O
apóstolo Paulo diz: “Meu espírito (ou seja, minha voz) está em oração, mas minha inteligência permanece
estéril.” “Nós não sabemos o que pedir em nossas orações.”, afirma ainda. Resulta daí que somos incapazes,
por nós mesmos, de oferecer a verdadeira prece: em nossas orações, não conseguimos manifestar as
propriedades essenciais da verdadeira prece.

Se tamanha é a impotência do ser humano, que possibilidades restam ainda à vontade e à força do homem para
a salvação da alma? O homem não pode adquirir a fé sem a oração; isto também se aplica às boas obras. Mas a
verdadeira oração em si não está ao seu alcance. Que lhe resta fazer? Quanto lhe sobra ainda ao exercício da
liberdade e da força, para que ele possa não perecer, mas ser salvo?

Cada ação possui sua qualidade, e esta qualidade só quem é livre para atribuir é Deus. Para que a dependência
do homem diante de Deus, da vontade de Deus, se manifeste mais claramente, e para poder mergulhá-lo mais
profundamente na humildade, Deus só atribuiu à vontade e à força do homem a quantidade da oração. Ele
ordenou orar sem cessar, sempre, em todos os momentos e em todos os lugares. É aí que se acha revelado o
método secreto da verdadeira oração, ao mesmo tempo da fé e do cumprimento dos mandamentos de Deus. É
portanto a quantidade das orações que está assinalada ao homem; a frequência da prece lhe pertence e se acha
sob o domínio da sua vontade. Este é o ensinamento dos Padres da Igreja. São Macário o Grande diz que em

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verdade orar é o dom da graça. Santo Eznik diz que a prece frequente torna-se um hábito, depois uma segunda
natureza, e que, sem invocar frequentemente o nome de Jesus Cristo é impossível purificar o coração. Calixto e
Inácio aconselham a invocação frequente, contínua, do nome de Jesus, acima de todas as asceses e obras, pois
a frequência conduz a oração imperfeita à perfeição. O bem-aventurado Diádoco afirma que se um homem
invoca o nome de Deus tantas vezes quanto possível, ele não cairá no pecado.

Quanta experiência e sabedoria existem aí, e como essas instruções dos Padres estão próximas do coração!
Com sua experiência e simplicidade, eles lançam uma luz sobre os meios de conduzir a alma à perfeição. E que
contraste com as instruções morais da razão teórica! Assim fala a razão: faça tais e tais boas ações, arme-se de
coragem, empregue sua força de vontade, convença a si próprio pensando nos felizes frutos da virtude – por
exemplo, purifique seu espírito e seu coração das ilusões do mundo, substitua-as por meditações instrutivas,
faça o bem, assim vocês serão respeitados e encontrarão a paz; vivam segundo a razão e a consciência. Mas,
vejam! Apesar de toda a sua força, este raciocínio não alcançará seu objetivo sem a oração frequente, sem
invocar a ajuda de Deus.

Vamos agora a outros ensinamentos dos Padres, e veremos o que eles dizem, por exemplo, sobre a purificação
da alma. São João Clímaco escreve: “Quando o espírito está ensombrecido por pensamentos impuros, afugente
o inimigo repetindo inúmeras e ininterruptas vezes o nome de Jesus. Você não encontrará nos céus nem na terra
arma mais poderosa e eficaz do que esta.” São Gregório o Sinaíta nos ensina: “Saibam que ninguém pode por si
só dominar seu espírito, e assim, quando surgirem os maus pensamentos, invoquem o nome de Jesus muitas e
ininterruptas vezes, e os pensamentos se apaziguarão.” Que método simples e fácil! E no entanto ele é
verificável pela experiência. Que contraste com os conselhos da razão teórica que se esforça com presunção em
atingir a pureza por seus próprios esforços!

Uma vez anotadas essas instruções fundamentadas sobre a experiência dos Padres, chegamos a uma conclusão
sólida: que o principal, o único e o mais simples método para atingir a salvação e a perfeição espiritual é a
frequência e o caráter ininterrupto da oração, por fraca que seja. Alma cristã, se você não encontra em si mesma
o poder de adorar a Deus em espírito e em verdade, se seu coração não sente o calor e a doce satisfação da
oração interior, então aplique-se ao sacrifício da oração o quanto você puder, porque isto só depende da sua
vontade, e está dentro dos limites do seu poder. Familiarize, antes de mais nada, o humilde instrumento dos
seus lábios com a invocação frequente e persistente da oração. Que eles invoquem o nome de Jesus sempre e
sem interrupção; não é um grande trabalho e está dentro dos limites do poder de cada um. E é também o que vai
ao encontro do preceito do santo Apóstolo: “Por ele, ofereçamos sem cessar um sacrifício de louvor a Deus, ou
seja o fruto dos meus lábios que celebram seu nome.”

É certo que a frequência da prece forma um hábito e se torna uma segunda natureza. Ela traz, de tempos em
tempos, o espírito e o coração a um estado apaziguado. Suponhamos que um homem cumpra sem parar e
continuamente o único mandamento de Deus sobre a prece perpétua. Por isso mesmo, ele terá cumprido com
todos os outros mandamentos; de fato, se, sem interrupção, em todo o tempo e em todas as circunstâncias, ele
oferecer a oração, invocando em segredo o santíssimo nome de Jesus (mesmo que de início ele o faça sem
ardor espiritual, nem zelo, e mesmo forçadamente), ele não terá tempo para pensamentos vãos, para julgar a seu
próximo, para desperdiçar seu tempo nos prazeres do sentidos. Todo mau pensamento encontrará nele um
obstáculo ao seu desenvolvimento. Todo o ato culpável que o possa tentar não se realizará, como se ele
houvesse abandonado o espírito. O excesso de palavras e as palavras inúteis serão rejeitadas e todas as faltas
imediatamente varridas da alma pelo poder misericordioso de uma invocação tão continuada do nome divino. A
prática frequente da oração o impedirá de praticar qualquer ação culpável e o lembrará de sua vocação original:
a união com Deus.

Veem agora a importância e a necessidade da quantidade da oração? A frequência da oração é o único método
para se chegar à oração pura e verdadeira.  É a melhor e mais eficaz preparação para a oração, e o meio mais
seguro de atingir o objetivo da oração e a própria salvação.

Para convencê-los definitivamente da necessidade e da fecundidade da oração frequente, notem que todo o
desejo e todo o pensamento de oração é obra do Espírito Santo, e a voz do anjo guardião; e que o nome de
Jesus invocado na oração contém em si mesmo um poder salvador que existe e age por si mesmo.

Assim, não fiquem perturbados com a imperfeição ou a secura nas suas orações, e esperem com paciência o
fruto da invocação frequente do nome divino. 

Será que precisamos de tanta erudição, ciência e reflexão para dizermos com um coração fervente: Senhor
Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim? Não foi nosso divino Mestre em pessoa quem mais louvou
esta oração frequente? Não foram recebidas respostas magníficas e cumpridas magníficas obras apenas por
meio desta curta mas frequente oração?

Alma cristã, afirme sua coragem, e não abandone a incessante invocação de sua prece, mesmo que seu grito

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venha de um coração ainda em guerra consigo mesmo e ainda meio preenchido pelo mundo. Pouco importa!
Persevere, não se deixe reduzir ao silêncio e não se perturbe. Sua prece irá purificar-se sozinha pela simples
repetição. 

Que sua memória não esqueça o seguinte: “Aquele que está em vós é maior do que aquele que está no mundo.”
“Deus é maior que o nosso coração, e conhece todas as coisas”, diz o Apóstolo.

Depois dessas afirmações convincentes de que a oração, tão poderosa para a fraqueza humana, é certamente
acessível ao homem e depende de sua própria vontade, decida-se, experimente, nem que seja por um único dia,
de início. Vigie-se e torne a frequência da prece tal que mais tempo você passe, das vinte e quatro horas do dia,
ocupado com a invocação do nome de Jesus do que com todas as demais ocupações. E este triunfo da prece
sobre as ocupações mundanas mostrará, a seu tempo, que a jornada não foi perdida, mas ganha para a
salvação; que a oração frequente, na balança do julgamento divino, fará contrapeso à sua fraqueza e às suas
más ações, e apagará os pecados desta jornada do memorial de sua consciência. Que ela coloque seu pé sobre
o degrau da virtude e lhe dê a esperança da santificação.

CONVERSA COM UM EREMITA SOBRE A ORAÇÃO DE JESUS


Foi espantoso e ao mesmo tempo muito emocionante ver um homem nos arredores deste país desabitado.
Quando olhamos mais de perto, pudemos ver que era um homem pertencente à nossa classe monástica e
ficamos muito felizes com a esperança de podermos aprender com ele muitas coisas úteis a respeito de sua vida
no deserto.

Quando ele já não se encontrava tão distante de nós, o cumprimentamos da maneira monástica habitual:

- "Dê-nos a sua bênção, pai".

- “Que Deus te abençoe!.”

Ele era um ancião de anos avançados, um homem alto com um corpo magro. Sua barba alcançava sua cintura,
os cabelos em sua cabeça eram completamente brancos como a neve nas montanhas e caiam sobre seus
ombros.

Ele exibia a marca visível da santificação espiritual: os olhos do ancião irradiavam uma benevolência
inexplicável e brilhavam com bondade, sinceridade e uma disposição amável do coração. Começamos a beber
chá e pão seco.

Uma conversa notável foi então iniciada entre nós:

"Pelo amor de Deus, por favor, conte-nos o que o senhor adquiriu de melhor no deserto?"

O rosto do ancião se iluminou e uma luz espiritual brilhou em seus olhos...

Ele respondeu:

“Adquiri em meu coração o Senhor Jesus Cristo e Nele, sem dúvida, a vida eterna, ressoando tangivelmente e
com urgência em meu coração."

Ao ouvir essas palavras inesperadas e surpreendentes, ficamos muito surpresos, pois descobrimos o que
procurávamos...

"De que maneira?" Eu perguntei apressadamente.

O ancião respondeu:

“Por meio da oração incessante ao Senhor Jesus Cristo... Por quase quinze anos eu vinha fazendo apenas uma
oração verbal... Então, ao longo de vários anos, essa oração entrou no meu intelecto por si só, que foi quando
minha mente se tornou cativa das palavras da oração... E então, pela graça de Deus, a oração do coração foi
aberta, cuja essência é a união mais próxima do nosso coração com o Senhor Jesus Cristo, sentida de maneira
tangível em Seu Nome. Esse estado exaltado e sobrenatural é o estágio derradeiro e limite final das aspirações
de todo ser razoável feito à imagem de Deus e que naturalmente luta pelo mais alto protótipo. Aqui ocorre uma
união do coração com Deus, por meio da qual o Senhor penetra nosso espírito com Sua presença, como um raio
da luz do sol penetra no vidro e, com isso, somos dados a provar a felicidade inexprimível da sagrada comunhão
com Deus... entramos no reino da luz infinita e, ao adquirir liberdade, permanecemos em Deus e Deus em nós.”

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A MEDITAÇÃO SECRETA
Um irmão de nome João, vindo da região à beira-mar, dirigiu-se ao santo pai Filémon; abraçou seus pés e disse-
lhe:

“O que devo fazer, pai, para ser salvo? As profundidades de meu coração se agitam e vagam ora aqui, ora acolá,
para o que é proibido”.

Ele hesitou um pouco, depois lhe falou:

“Essa paixão é própria daqueles do mundo (cf. 1Cor 5,12; Col 4,5; 1Tes 4,12) e permanece porque ainda não tens
um perfeito desejo de Deus. Ainda não te chegou o calor do desejo e do conhecimento de Deus”.

O irmão perguntou: “O que devo fazer, pai?”.

Pai Filémon respondeu: “Vai, e por um pouco de tempo faz em teu coração uma meditação secreta, que possa
purificar profundamente tudo isso”.

O irmão, que não era iniciado no que lhe era dito, falou ao ancião: “O que é a meditação secreta, pai?”.

Ele lhe disse: “Vai, sê sóbrio no teu coração, e sobriamente diz na tua mente, com temor e tremor: 'Senhor Jesus
Cristo, tende piedade de mim’; assim recomenda o beato Diádoco aos principiantes”.

O irmão foi embora e com o auxílio de Deus e as orações do pai; tendo-se colocado em paz, encheu-se de
doçura por um pouco de tempo com tal meditação. Mas, como ela improvisadamente retirou-se dele e não podia
cultivá-la com sobriedade e orar, retornou ao ancião e narrou-lhe o acontecido.

Ele lhe disse: “Eis: conheceste a indicação da paz interior e do esforço, e experimentaste a doçura que disso
vem, portanto, guarda-a sempre em teu coração. Quer comas, quer bebas (1Cor 10,31), quer vás visitar outros,
seja fora da cela, seja pela estrada, não deixe de dizer essa oração, de dizer os salmos, de meditar orações e
salmos com uma mente sóbria e coração estável. Mas, também em estado de absoluta necessidade, não fique
inerte teu coração no meditar secretamente e no orar. Assim, poderás conhecer as profundidades da divina
Escritura e a força escondida nela, e poderás fazer o coração trabalhar incessantemente para cumprir o mandato
apostólico que ordena: Orai sem cessar (1Tes 5,17).

Fica muito atento, portanto, e guarda teu coração para que não acolha pensamentos malvados ou, de qualquer
modo, vãos e inúteis, mas sempre, quer durmas quer te levantes, quando comes, bebes ou encontres outros, o
teu coração ora medita os salmos, ora reza em segredo, no pensamento: ‘Senhor Jesus Cristo, filho de Deus,
tende piedade de mim’. E ainda, quando rezas os salmos, presta atenção para não dizer certas coisas com a
boca e viajar com o pensamento em outras”.

O PODER DA ORAÇÃO DE JESUS: O Testemunho da Monja Tatiana (1912)


Após o culto da manhã, às 5:00, eu mal tinha me esticado para descansar, quando uma visão incomum
começou. Eu me vi em São Petersburgo, na Ilha Vasiliev. Eu estava indo à Divina Liturgia na Catedral de São
Nicolau. Eu estava usando meu Schema monástico e sentada em uma pequena carruagem.

De repente, me vi em uma praça escura. Assustada e dominada pelo tremor, corri em diferentes direções,
procurando uma saída para essa terrível situação. De repente, vi centenas de pessoas chegando. Eles eram
todos leigos. Seus rostos estavam escuros, atingidos por uma tristeza eterna, com rostos iguais ao meu.

"Quem é Você?" Eu perguntei pra eles.

Eles responderam: “Nós passamos repentinamente para a Eternidade, assim como você.”

O que eu senti naquele momento é indescritível! O medo e o tremor permearam todo o meu ser. Nesse momento,
um homem radiante, cujo semblante estava velado pela luz que emitia, veio até mim e disse: "Siga-me." E ele me
levou ao lugar onde as almas dos mortos são julgadas.

Ele me levou por florestas, estepes e edifícios. As estepes eram intermináveis e compreendi que havia deixado
para trás minha vida terrena e que havia entrado na vida além-túmulo, mas despreparada e inesperadamente.

Ele então me levou a uma câmara, onde uma multidão de leigos, homens e mulheres, adultos e crianças,

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estavam reunidos. Todos estavam possuídos por uma dor perpétua. Havia uma senhora sentada em uma mesa
enorme no meio da câmara, e ela me disse: “Este lugar está preparado para você até a Segunda Vinda do
Senhor.”

Olhei para todas as pessoas ali e perguntei: “O que vocês fazem aqui? Vocês oram a Deus neste lugar?”

Eles responderam com tristeza: “Na Eternidade o Senhor não nos ouvirá, porque temos nos comportado de
maneira descuidada durante nossa vida na terra. Nunca teremos a ousadia de invocar o Nome do Senhor.
Quando vivíamos na terra, nos foi dada a tarefa de sofrer e orar por nossas almas. A ordem de Cristo, ‘orai sem
cessar’ (Tessalonicenses 5:17), era nosso dever. Embora devêssemos ter orado a Oração de Jesus ao longo de
nossas vidas, com cada respiração nossa, não prestamos atenção ao estado de nossos corações. Mas, assim
como não se pode viver sem ar, também a alma morre sem oração incessante. Éramos indivíduos que nos
conduziamos de maneira adequada; cumpriamos todos os nossos deveres, mas não o mais importante, o da
oração.”

Ao ouvir isso, comecei a orar e a fazer o sinal da Cruz. E o que aconteceu? Para meu horror, percebi que o som
da minha voz voltava para mim! Olhei ao meu redor e vi um teto de metal, paredes e um piso de madeira pintado.
Comecei então a tremer de medo ao perceber que não poderia fugir daquela situação desagradável.

As pessoas ao meu redor disseram: “Na Eternidade, o Senhor não nos ouvirá. Somente aqueles que estão vivos
na terra podem se lembrar de nós diante Dele.”

E então a senhora começou a falar comigo: “Essas pessoas eram bons cristãos. Eles amavam o Senhor e
praticavam boas obras para o próximo, mas não adquiriram o Senhor em suas almas. Eles acabaram aqui, como
você, por causa da vida negligente, pois achavam que todos viviam da mesma maneira.”

"Oh!" Eu disse. “Oh, como estou atormentada e sofro! É como se o fogo estivesse me queimando!” Eu caí, com
a sensação de que meu corpo estava se separando de meus ossos.

"Que tipo de vida você desejava?" a senhora me perguntou. Eu respondi tremendo: “Eu teria gostado de uma
vida tal que, quando morresse, veria as coisas terrenas e celestiais, o Senhor e a Mãe de Deus.”

Nesse momento, a senhora sorriu e disse: “Apenas os santos entram na eternidade desta maneira, aqueles que,
por meio da Oração de Jesus, adquiriram o Senhor em seus corações em vida. Mas você é uma monja e, no
entanto, não aprendeu isso! Por meio desta oração, a Graça de Deus vem habitar em você, e quando a alma se
afasta do corpo, está com Cristo e não sente esse tremor que você está experimentando agora.

Você deve falar sobre sua visão a todos os monges e a todos os cristãos que vivem na terra e estão indo para a
perdição por causa de sua negligência. Apenas não fale sobre isso aos incrédulos e àqueles cuja fé é fraca. O
Todo-Poderoso é capaz de ressuscitar um homem que está morto há cem anos, a fim de provar que existe vida
após a morte; mas uma pessoa assim criada não seria acreditada, e eles iriam matá-la.”

Enquanto a senhora pronunciava essas palavras, de repente senti alguma esperança de que voltaria à Terra!
Todos aqueles que estavam na câmara de metal me perfuraram com seus olhares, dizendo: "Bem, então, você
pretende que ela saia desta câmara de tortura terrível?"

A senhora continuou: “Se alguém morre enquanto recita a Oração de Jesus, sua alma fica na presença do
Senhor e ele será inseparável Dele por toda a eternidade. Da mesma forma, se um homem morre enquanto
profere a oração, 'Santíssima Theotokos, salve-me, um pecador', então ele será inseparável da Mãe de Deus. Se
alguém não é capaz de pronunciar uma única palavra, então, se ele lutou para alcançar esta oração durante sua
vida na terra, sua alma a dirá por ele em seu leito de morte. O estado em que a alma deixa o corpo é o estado em
que ela permanece.”

Então ela disse: “Ó monges, monges! Vocês se chamam monges e freiras, dizendo que abandonaram as coisas
mundanas. Mas como vocês vivem? Não confiam todos os seus problemas a Deus e à Mãe de Deus, mas
pensam: ‘Eu preciso ter isso e aquilo; Não posso viver sem uma coisa ou outra.' A Mãe de Deus não cuida
desses monges, nem nesta vida nem na próxima. Ela só cuida daqueles que lhe confiam todos os seus
problemas, que suportam as aflições, a pobreza e as doenças em nome da Mãe de Deus e dizem: ‘Estas coisas
devem agradar à Rainha dos Céus; todos eles vieram sobre mim de acordo com a vontade do Altíssimo.'”

"Você quer que eu lhe mostre os monásticos negligentes?" a senhora continuou. "Olhe."

E eu vi freiras vindo em minha direção, aquelas que serviam no Altar e roubavam dinheiro, sempre segurando
nas mãos os pedaços de papel em que estavam registradas as pessoas a quem o dinheiro pertencia.

Também vieram outros que não preservaram sua castidade. Entre eles havia cantores, cujos rostos estavam
abatidos pela dor, como o meu, feridos por uma dor eterna.

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“Cante um hino à Mãe de Deus; Eu quero ouvir um! ” Eu disse.

E eles responderam: “Não temos mais tanta ousadia, pois quando morávamos no mosteiro não a servíamos com
um coração puro.”

Chorei amargamente, pois por causa de nossa desatenção, fomos privados desta bênção de cantar hinos ao
Senhor e Sua Mãe Santíssima.

Depois de todas essas coisas que vi e ouvi, o homem que me levou às câmaras de julgamento veio e me
disse: “Agora iremos para o lugar onde sua alma está separada de seu corpo.”

De repente, acordei na minha cama. Eu estava com medo de me mover. Olhei em volta da minha cela, arrumei-a,
fiz o sinal da Cruz e proferi uma oração: “Glória a Deus, foi só um sonho!” Eu mal tinha conseguido dizer essas
palavras, quando de repente me vi de volta na próxima vida, e o homem que estava me guiando me disse: “Não
pense que você estava sonhando. Você realmente estava na vida além do túmulo!”

Caí de joelhos diante dele: “Ai de mim! Como sou miserável! Estou de volta aqui novamente. Por que eu só
estava preocupada com as coisas na minha cela e não em correr para fugir?”

“Siga-me”, ele me disse. “Visitaremos muitos lugares por vinte dias, e depois retornaremos ao lugar que foi
preparado para vocês permanecerem até a Segunda Vinda do Senhor.”

Chorei e não conseguia andar. Ele virou o rosto e olhou para mim com compaixão. Eu perguntei a ele: "Você é
meu anjo da guarda?"

"Sim", respondeu ele.

Comecei a implorar-lhe: “Ora ao Altíssimo e devolve a minha alma, para que me arrependa.”

Então meu anjo da guarda disse: "Vou levá-la de volta, mas com uma condição: que conte tudo o que viu e ouviu
aqui."

Caí de joelhos e prometi que faria tudo isso. E de repente, naquele exato momento, senti alegria em minha alma.
O anjo disse-me: “O Senhor não está no teu coração, mas tu prometeste adquiri-lo. Se você for dominada por um
constrangimento tolo e não cumprir sua promessa, você retornará aqui ao seu lugar anterior. Eu estarei com
você e observarei como você faz todas essas coisas.”

Imediatamente eu estava de volta na minha cama. Eu pulei, vendo o homem parado ao lado da minha cama. Corri
até minha atendente de cela, dizendo: “Eu estava na vida depois da morte!” Depois disso, corri dali até a porta,
para contar a todas as Irmãs. O homem ainda estava parado no mesmo lugar. Eu estava com medo de que algo
acontecesse comigo. Abri a porta para contar tudo às Irmãs, sem constrangimento e sem esconder nada. Então
eu vi que o homem havia desaparecido pela parede. Entrei novamente no corredor em estado de êxtase; Eu
convoquei as Irmãs.

Elas se apressaram em me cercar e ficaram surpresas com a mudança extraordinária que viram em mim, que me
ocorreu em tão pouco tempo. Elas me viram totalmente calma vinte minutos antes em nosso culto regular. Caí
de joelhos diante delas e disse-lhes que a partir desse momento mudaria completamente.

Nenhum terror na terra pode ser comparado ao horror que experimentei na vida após a morte. E até hoje, falo
constantemente com todos sobre o que vi, sem qualquer hesitação. Amém!

ORIENTAÇÕES PARA A PRÁTICA DA ORAÇÃO DE JESUS


Numerosos Padres da Igreja nos dizem que a Oração de Jesus é "essencial" para o nosso crescimento
espiritual. Ela proclama a nossa fé e mais do que qualquer outra, nos ajuda a ser capaz de "estar na presença de
Deus." Isso significa que ela nos ajuda a concentrar a nossa mente exclusivamente em Deus com "nenhum outro
pensamento" ocupando a nossa mente exceto o pensamento de Deus.

Neste momento, quando nossa mente está totalmente concentrada em Deus, descobrimos uma relação muito
pessoal e direta com Ele. A Oração de Jesus é ao mesmo tempo uma disciplina e uma oração. Como oração, ela
proclama nossa fé em Deus e busca sua misericórdia para nossa reconhecida pecaminosidade. Como disciplina,
a sua prática nos ajuda a controlar nossa mente e seus muitos pensamentos dispersos, para que possamos
concentrar nossa atenção em Deus mais e mais freqüentemente durante a nossa vida diária. O objetivo é tornar-
nos um com Deus e tornar nossa vida uma oração contínua e dedicada a agir de acordo com a vontade divina.

Fundamentação Teológica

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A oração começa com o nome do nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo. No livro de Atos nos é dito, "Não há
nenhum outro nome sob o céu dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (Atos 4:12) O poder da
oração vem da nossa proclamação do nome do Senhor. Na sua forma mais simples, nós confessamos a nossa fé
em Jesus Cristo como nosso Deus e Senhor.

A Prática da Oração de Jesus


A forma como nossos santos Padres nos dizem para usar a Oração de Jesus é repetí-la mais e mais, centenas de
vezes, como parte de nossa regra de oração diária. É melhor praticá-la pela manhã, já que este é o período em
que nossa mente se encontra mais quieta. Reserve também um período no final do dia, de preferência ao pôr do
sol caso lhe seja possível. Comece repetindo a oração verbalmente, sussurrando, com foco e atenção em cada
palavra da oração. Repíta-a continuamente durante 10 minutos inicialmente, e depois expanda este tempo
progressivamente até 30 minutos, conforme for percebendo o desafio de lidar com seus pensamentos. A
Atenção é de suma importância. Seja sincero em sua oração e faça-a com contrição. É simples assim!

Dois Propósitos
O primeiro propósito é a adoração com arrependimento como toda oração. A este respeito, deve ser repetida
com sinceridade total. Deve ser acoplada com uma atitude de arrependimento juntamente com humildade. 

O segundo propósito desta oração é nos ajudar a nos concentrar em nossa vida interior, acalmando-a, para que
possamos concentrar nossa atenção totalmente em Deus. Podemos nos referir a isso como uma forma de
purificação espiritual. Se estudarmos o comportamento humano, saberemos que o nosso cérebro é muito ativo e
facilmente distrai nossa mente já que ela reage continuamente a vários estímulos através dos nossos cinco
sentidos. A repetição desta oração é uma disciplina ascética para nos ajudar a concentrar a atenção da nossa
mente em Deus, em vez da estimulação infinita de nossos sentidos e nossa orientação tendenciosa para buscar
o prazer e distrações.

Três Estágios da Prática da Oração de Jesus


Há três estágios de progresso no uso da Oração de Jesus. Você começa com a Oração Verbal, então torna-se
silenciosa ou mental e, finalmente, a oração contínua no coração. Começamos com a oração vocal. A humildade
é essencial ao usar a Oração de Jesus, a humildade é um pré-requisito para toda a oração.

Atenção da Mente
Você pode esperar ser bombardeado com pensamentos como um enxame de mosquitos. Quando sua mente for
distraída da oração por pensamentos, gentilmente, conduza-a de volta para a concentração na Oração em busca
de Deus. Quando você perceber sua mente vagando, não deixe-a continuar neste caminho. Não aceite nem
mesmo os bons pensamentos. Deixe sua alma assumir o comando e mova seu foco, sua atenção, de volta para
as palavras da oração. A mente é naturalmente instável, mas Aquele que ordena todas as coisas pode controlá-
la.

Paciência
Lembre-se, este é um processo e você vai passar por fases. Nossos esforços iniciais "atentos" nos levarão
naturalmente ao Templo Coração. Uma coisa é orar com atenção, com a participação do coração; outra coisa é
descer com a mente ao Templo Coração e de lá oferecer a Oração Mística, cheia de graça e poder divino. O
segundo é resultado do primeiro. Tudo isso é realizado sob a orientação da graça de Deus. É inútil esforçarmo-
nos para o segundo antes de adquirir o primeiro.

Quanto Tempo Orar


Como regra geral, você deve praticar um mínimo de 10 minutos qualquer sessão de oração. Qualquer coisa
menos que isso não vai ajudá-lo a desenvolver a atenção necessária para a Oração do Coração. Você deve,
então, esforçar-se para atingir um período de trinta minutos de prática, em dois períodos do dia, ao amanhcer e
ao anoitecer (30 minutos em cada período). Você precisará medir o seu tempo para se certificar de que você está
cumprindo o seu tempo desejado. Uma maneira é com um relógio. Outra maneira é usar um Cordão de Oração.
Um cordão de oração tem 50 ou 100 nós normalmente. Segurando-o entre o polegar e o dedo indicador você
pode passar um nó cada vez que você completa uma recitação completa da Oração de Jesus.

A Prática da Oração de Jesus é um Caminho Longo e Difícil

Uma luta é necessária na prática da Oração de Jesus, para transformar o nosso Ser e livrar nossa mente da
dominação das paixões, e trazê-la para o coração para ser alinhada com Deus como seu foco. Não é uma tarefa
simples. Reflita sobre a dificuldade que você encontrou no desenvolvimento de outras disciplinas que você

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aprendeu em sua vida, quer se trate de sua vida profissional, vida doméstica, ou um esporte. Você vai descobrir
que o mesmo é ainda mais verdadeiro para a sua vida espiritual. A prática da Oração de Jesus requer um
compromisso firme, muito esforço e tempo. A prática da Oração de Jesus deve tornar-se uma prática diária e
enraizada em seu cotidiano. Não é algo que você pode permitir-se dizer: "Eu estou muito ocupado hoje", ou "Eu
me sinto cansado demais para a oração." Ela deve tornar-se assim como outras coisas que você faz sem falhas,
como o simples ato de escovar o dentes, tomar um banho, e outras atividades que não são tratadas como
opções em sua vida. Assim é como a oração diária precisa encontrar seu lugar em sua vida. Ela precisa se tornar
parte integrante dela.

Orientações Gerais para Sua Prática

Comprometa-se com a Prática Diária

Escolha um Local Tranquilo para a Sua Prática

Prepare-se para Entrar em uma Conversa com seu Deus

Sente-se, abaixe a cabeça, fique em Silêncio e deixe Ir Todos os Pensamentos de Sua Vida Diária. Feche os
olhos, e imagine-se olhando para o seu próprio coração. Leve sua mente, ou seja, os seus pensamentos, de sua
cabeça para o seu coração.

Respire Naturalmente, sem Forçar e sem Tentar Controlar sua Respiração. Apenas Observe-a. Observe quando
Inspira e Quando Expira o Ar de seus pulmões e Junte à Sua Respiração as Palavras da Oração, assim: Inspire
"Jesus Cristo", Expire "tende piedade de mim". Diga movendo os lábios suavemente, sussurrando, ou pode
simplesmente dizê-lo em sua mente.

Repita a Oração Lentamente pelo tempo de 15 até 30 minutos.

Concentre-se na Oração com Vigor. Quando perceber sua mente divagando, imediatamente traga-a de volta para
a Atenção nas Palavras da Oração.

O uso de um Cordão de Oração pode ajudá-lo a se concentrar.

Quando terminar, permaneça sentado calmamente por alguns minutos antes de entregar-se às atividades
diárias.

Durante o restante do dia, durante seus afazeres diários, sempre que lembrar, repita em voz baixa, sussurrando
ou mentalmente a Oração de Jesus.

A Oração do Coração é uma Liturgia dentro de nós. A igreja é o nosso corpo, o altar é o nosso coração, e a
"palavra" de Deus, o filho de Deus, cujo nome é pronunciado em nosso coração, é o nosso sacrifício. 
-- São Máximo, o Confessor

Os Frutos da Oração
Se começamos a praticar a Oração do Coração, muitas bênçãos virão.  Vamos apontar algumas.

Será mais difícil pecarmos. O "nome" de Jesus, vai nos proteger.

Seremos mais eficazes e produtivos no nosso trabalho; nossa mente estará mais nítida e mais focada.

Nos libertaremos de  sentimentos depressivos, medos, angústias e maus hábitos.

A Paz nascerá em nosso coração, e essa Paz irá aumentar gradualmente. Mesmo quando algumas coisas tristes
acontecerem, no Coração Interior haverá Paz.

Nosso amor e 'sede' por Deus aumentará, e naturalmente anelaremos dedicar mais de nosso tempo às coisas
divinas.

Nosso comportamento para com os outros será naturalmente mais gentil, mais educado e mais compassivo.

Por vezes, lágrimas de amor por Deus correrão em nossa face.

Começaremos a entender o Evangelho mais profundamente.

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Algumas pessoas podem até mesmo ter algum conhecimento ou visões incomuns, entretanto, nunca devemos
pedir a Deus para nos dar tais graças. Mesmo que as recebamos, nunca devemos considerar que este é o nosso
propósito. Milagres são apenas um presente. Na verdade, então, devemos orar mais profundamente, porque se
nós começamos a conhecer a Deus mais de perto, não devemos parar e prestar atenção ao presente, mas ao
Doador.

Algumas vezes vemos a Luz dentro de nós. Esta é a visão de Deus. No monte Tabor, durante a Transfiguração,
os três apóstolos viram Jesus, como Ele É, na realidade, cheio de Luz. Esta Luz não é deste mundo, nem do sol,
mas a Energia Divina de Deus, uma "parte de Deus"; é a mesma Luz que veio abençoar o Templo de Salomão, a
mesma Luz que resplandeceu no rosto de Moisés. Esta Luz é a presença do Reino de Deus. A Luz do Paraíso.

Pergunta: Queria tanto conseguir praticar a Oração de Jesus, mas não consigo me concentrar. O que fazer?

Resposta: Nossa mente, por natureza, é dispersiva e desatenta. Somos como um pequeno tronco num oceano
bravio, cujas ondas (nossos pensamentos) nos lançam para lá e para cá, sem que tenhamos nenhum controle,
por isso, no início, é muito normal que tenhamos dificuldade em nos concentrar. Tenha paciência e seja
persistente em sua prática diária. Sempre que a tormenta (pensamentos, distrações, etc) vier, calmamente
observe, deixe ir embora e retorne à Oração de Jesus, pacientemente. Ela (a Oração), é sua Âncora Divina, que
vai mantê-lo firme até que a tormenta passe, e você possa contemplar a beleza do Oceano Divino .

INTRODUÇÃO À ORAÇÃO DO CORAÇÃO

Nenhuma relação autêntica entre as pessoas, pode existir sem liberdade mútua e espontaneidade, e este é o
caso da oração. Não existem regras fixas para aqueles que buscam orar; e não há nenhuma técnica mecânica,
física ou mental, que possa obrigar Deus a manifestar a sua presença. Sua graça é concedida sempre como um
dom gratuito, e não pode ser adquirida automaticamente por qualquer método ou técnica.

No entanto, a "Oração de Jesus", também chamada "Oração do Coração", tornou-se para muitos cristãos
orientais ao longo dos séculos, o caminho normal, e não para os cristãos orientais somente: no reencontro entre
a Ortodoxia e o Ocidente, que floresceu novamente desde o início do século 20, provavelmente nenhum
elemento na herança Ortodoxa tem despertado um interesse tão intenso como a "Oração de Jesus", e nenhum
livro exerceu um apelo mais amplo do que "Relatos de um Peregrino Russo", em que um peregrino se pergunta
qual é o significado da exortação do Apóstolo Paulo: "Orai sem Cessar" (I Ts 5:17), e é levado ao conhecimento
interior desta oração.

A provável origem da oração é o Deserto Egípcio; dizeres de Evágrio apontam para este lugar. Mas onde está o
recurso distintivo e eficácia da "Oração de Jesus"?

Talvez em quatro coisas acima de tudo:

Em sua Simplicidade e Flexibilidade;

Na sua Integralidade;

No Poder do Nome; e

Na Disciplina de Repetição.

1. Simplicidade e Flexibilidade

A invocação do nome é uma oração de extrema simplicidade, acessível a todos os cristãos, mas conduz ao
mesmo tempo aos mais profundos mistérios da contemplação. Nenhum conhecimento ou formação
especializada é necessária para iniciar a Oração de Jesus. Basta começar. Comece a pronunciá-la com adoração
e amor. Apegue-se a ela. Repita-a devagar, suave e silenciosamente.

A forma exterior da oração é facilmente aprendida. Basicamente, consiste nas palavras "Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, tende piedade de mim". Não há, no entanto, uma uniformidade rigorosa. 

Podemos dizer "...tende misericórdia de mim", por exemplo. A fórmula verbal pode ser encurtada: "Jesus, tem
piedade de mim", ou "Senhor Jesus", ou "Jesus, tem misericórdia" ou até mesmo "Jesus" apenas.

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Alternativamente, a forma das palavras pode ser expandida adicionando um "pecador", no final, o que evidencia
o aspecto penitencial. Teologicamente, a Oração de Jesus pode ser considerada como uma extensão da lição
ensinada pela parábola do publicano e o fariseu, em que o fariseu demonstra a maneira imprópria para orar ao
exclamar: "Obrigado, Senhor, porque que eu não sou como o publicano ", enquanto que o publicano ora
corretamente em humildade, dizendo "Senhor, tem piedade de mim, pecador" (Lc. 18: 10-14).

Podemos também acrescentar à fórmula, recordando a confissão de Pedro na estrada para Cesaréia de Filipe,
"Filho do Deus vivo". O único elemento essencial e invariável é a inclusão do nome divino "Jesus". Cada um é
livre para descobrir através da experiência pessoal a forma particular de palavras que corresponde melhor às
suas necessidades e toca mais fundo seu coração. Entretanto, alguns Pais do Deserto aconselham aos
iniciantes que, após escolher a forma particular da oração que mais lhes toca, permaneçam com ela e não
troquem.

Há uma flexibilidade semelhante no que diz respeito às circunstâncias externas em que a oração é recitada.
Duas formas de utilizar a oração podem ser distinguidas, a "livre" e da maneira "formal".

Pelo uso "livre" se entende a recitação da Oração quando estamos envolvidos em nossas atividades habituais
durante todo o dia. Parte do valor distintivo da Oração de Jesus reside precisamente no fato de que, devido à
sua simplicidade radical, pode ser repetida em condições de distração, onde outras formas mais complexas de
oração são impossíveis. Este uso "livre" da Oração de Jesus nos permite fazer a ponte entre os nossos
"momentos de oração" regulares e as atividades normais da vida diária.

"Orai sem cessar", São Paulo insiste (I Ts. 5:17): mas como isso é possível, uma vez que temos muitas outras
coisas para fazer também? 

São Teófano indica o método em sua máxima:

"As mãos no trabalho, a mente e o coração com Deus".

A Oração de Jesus, quando pela repetição, torna-se freqüente e habitual, nos ajuda a permanecer na presença
de Deus onde quer que estejamos, não só na capela ou na solidão, mas na cozinha, na fábrica, no escritório, ou
no carro. E, novamente, a simplicidade da oração e suas poucas palavras a torna muito acessível em tempo de
trabalho, especialmente o trabalho manual.

A recitação "livre" da Oração de Jesus é complementada e reforçada pela prática "formal". Neste segundo caso,
concentramos toda a nossa atenção exclusivamente nas palavra da oração, com a exclusão de toda a atividade
externa. Faz parte do "tempo de oração" específico que separamos por e para Deus a cada dia.

Na prática "formal", como na "livre", não há regras rígidas, mas variedade e flexibilidade. As palavras podem ser
ditas em voz alta, em silêncio, ou sussurrando. Nenhuma postura particular é essencial. No hesicasmo, a oração
é mais normalmente praticada quando sentados, mas também pode ser dita em pé ou de joelhos e até mesmo,
em casos de fraqueza física e da doença, quando deitados. É normalmente recitada em mais ou menos completa
escuridão ou com os olhos fechados.

O cordão de oração ou rosário (komboskini em grego, chotki em russo), normalmente com uma centena de nós,
muitas vezes é empregado em conjunto com a oração, não somente com o propósito de contar o número de
vezes que a oração é repetida, mas sim como uma ajuda na concentração e o estabelecimento de um ritmo
regular. É um fato de experiência que, se fizermos algum uso de nossas mãos quando orarmos, isso vai nos
ajudar a acalmar e relaxar o nosso corpo e a nos aprofundarmos no ato da oração.

O elemento mais importante da técnica física é certamente o controle da respiração. A respiração é para ser feita
mais lenta e, ao mesmo tempo coordenada com o ritmo da oração. Normalmente, a primeira parte: "Senhor
Jesus Cristo", é dita enquanto inspiramos o ar, e a segunda parte, "tem piedade de mim, pecador", enquanto
expiramos.

2. Integralidade

Teologicamente, como o peregrino russo afirma, com razão, a Oração de Jesus "encerra em si toda a verdade do
Evangelho"; é um "resumo do Evangelho". Em uma breve frase ela incorpora os dois principais mistérios da fé
cristã, da Encarnação e da Trindade. Ela fala, em primeiro lugar, das duas naturezas de Cristo, o Deus-homem: a
sua humanidade, pois ele é chamado pelo nome humano, "Jesus"; de sua eterna divindade, pois ele também é
chamado de "Senhor" e "Filho de Deus".

Em segundo lugar, a Oração fala por implicação, ainda que não explicitamente, das três Pessoas da Santíssima
Trindade. Ainda que enderessada à segunda Pessoa, Jesus, ela também aponta para o Pai, porque Jesus é

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chamado de "Filho de Deus"; e o Espírito Santo está igualmente presente na oração, pois ninguém pode dizer
"Senhor Jesus", a não ser no Espírito Santo (I Cor.12:3). Assim, a Oração de Jesus é tanto Cristocêntrica como
Trinitária.

Devocionalmente, não é menos abrangente. Ela abrange os dois "momentos" do culto cristão: o "momento" da
adoração, de olhar para a glória de Deus estendendo a mão para Ele, em amor; e o "momento" da penitência, o
sentimento de indignidade e pecado. Há um movimento circular dentro da Oração, uma sequência de subida e de
retorno.

Na primeira metade da oração nos elevamos à Deus: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus"; e, em seguida, na
segunda metade, voltamos para nós mesmos em compunção: "de mim, pecador". Estes dois "momentos", a
visão da glória divina e a consciência humana do pecado, estão unidos e reconciliados em um terceiro
"momento" quando pronunciamos a palavra "piedade" ou "misericórdia". 

"Misericórdia" indica a superação do abismo entre a justiça de Deus e a criação caída. Aquele que diz a Deus:
"tem piedade" ou "tem misericórdia", lamenta sua própria impotência, mas clama ao mesmo tempo com um grito
de esperança. Ele fala não só do pecado, mas de sua superação. Ele afirma que Deus em sua glória nos aceita
embora sejamos pecadores.

Assim, a Oração de Jesus não só contém uma chamada ao arrependimento, mas a garantia de perdão e
restauração. O coração, o centro da oração  - o nome de "Jesus" -  carrega precisamente o sentido de salvação.

Para entender por que a Oração de Jesus possui tal eficácia, devemos nos voltar ainda para outros dois
aspectos: "O Poder do Nome" e "A Disciplina da Repetição".

3. O Poder do Nome

No Antigo Testamento, há uma estreita ligação entre a Alma e o Nome de uma pessoa. Personalidade,
peculiaridades e energia, estão de certa forma presentes em um nome. Conhecer o nome de uma pessoa
significa obter um insight sobre sua natureza, e, assim, estabelecer um relacionamento com ela, até mesmo,
talvez, um certo controle sobre essa pessoa.

Na tradição hebraica, fazer algo em nome do outro, ou invocar o seu nome, são atos de peso e potência. Invocar
o nome de uma pessoa é fazer com que essa pessoa esteja efetivamente presente. Tornamos um nome "vivo"
por mencioná-lo.

Tudo o que é verdadeiro sobre nomes humanos, é verdadeiro, em um grau incomparavelmente mais elevado,
sobre o Nome Divino. O poder e a glória de Deus estão presentes e ativos em seu Nome. Invocar atentamente e
deliberadamente o Nome de Deus é colocar-se em Sua Presença, abrir-se à Sua Energia, para oferecer-se como
um instrumento e um sacrifício vivo em suas mãos.

Esta compreensão hebraica do nome passa do Antigo Testamento para o Novo. Demônios são expulsos e
pessoas são curadas através do Nome de Jesus, pois nome é poder.

"Não há nenhum outro nome debaixo do céu dado aos homens pelo qual devamos ser salvos", escreve Pedro
(At 4:12).

É essa reverência bíblica para com o nome que constitui a base e o fundamento da Oração de Jesus. O Nome de
Deus está intimamente ligado à sua Pessoa, e por isso a invocação do Nome Divino possui um caráter
sacramental, servindo como um sinal eficaz da sua presença invisível e ação. Para aquele que crê, hoje, como
nos tempos apostólicos, o Nome de Jesus é poder. Nas palavras dos dois Sábios de Gaza, São Barsanúfio e São
João (século VI),

"A Lembrança do Nome de Deus destrói completamente tudo o que é mal."

"Açoite seus inimigos com o Nome de Jesus", exorta São João Clímaco, "pois não há arma mais poderosa no
céu ou na terra. Deixe que a Lembrança de Jesus esteja unida a cada respiração, e então você conhecerá o valor
do silêncio.''

4. A Disciplina da Repetição

O Nome é poder, mas "uma repetição puramente mecânica" não vai, por si só, alcançar nada. A Oração de Jesus
não é uma fórmula mágica. Como em todas as operações sacramentais, a pessoa humana é obrigada a cooperar
com Deus através da fé ativa e esforço ascético. Somos chamados a invocar o Nome com recolhimento e
Vigilância Interna, limitando nossas mentes às palavras da Oração, conscientes D'Aquele que estamos

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invocando, e que responde a nós em nosso coração.

Isto não é fácil nos estágios iniciais, e é descrito pelos Pais do Deserto como um martírio escondido. São
Gregório do Sinai fala várias vezes do trabalho realizado por aqueles que seguem o Caminho do Nome, e que é
necessário um "esforço contínuo"

Somente através do "esforço paciente e contínuo" descobriremos o verdadeiro poder do Nome. Esta
perseverança fiel assume a forma, acima de tudo, de repetição Atenta e Frequente.

NO JARDIM DO CORAÇÃO

A vida de oração muitas vezes é comparada à de um jardineiro. O solo que ele lavra ele recebeu de Deus, assim
como a semente e o calor do sol e a chuva e a força para crescer. Mas a obra está confiada a ele.

Se o lavrador deseja ter uma colheita abundante, deve trabalhar cedo e tarde, capinar e arejar, regar e borrifar,
pois o cultivo é cercado por muitos perigos que ameaçam a colheita. Ele deve trabalhar sem cessar, estar
constantemente vigilante, constantemente alerta, constantemente preparado; mas, mesmo assim, a colheita em
última análise depende totalmente dos elementos, isto é, de Deus.

O jardim que nos comprometemos a cuidar é o campo do nosso próprio coração; a colheita é a vida eterna.

Eterna, porque é independente do tempo e do espaço e de outras circunstâncias externas: é a verdadeira vida da
liberdade, a vida do amor e da misericórdia e da luz, que não tem limites, e por isso mesmo é eterna. É uma vida
espiritual em um domínio espiritual: um estado de ser. Começa aqui e não tem fim, e nenhum poder terreno pode
coagi-lo; e deve ser encontrado no coração humano.

Persiga a si mesmo, diz Santo Isaac, o Sírio, e seu inimigo será derrotado assim que você se aproximar. Faça as
pazes com você mesmo, e o céu e a terra farão as pazes com você. Esforce-se para entrar em sua câmara mais
interna e você verá a câmara do céu, pois elas são uma e a mesma, e ao entrar em uma você verá ambas. A
escada para o reino está dentro de você, secreta em sua alma. Livre-se do fardo do pecado e você encontrará
dentro de você o caminho ascendente que tornará possível a sua ascensão.

A câmara celestial de que o santo fala aqui é outro nome para a vida eterna. É também chamado de reino dos
céus, reino de Deus ou, simplesmente, Cristo. Viver em Cristo é viver na vida eterna.

Caminho dos Ascetas, de Tito Colliander, Capítulo Três

CARTA DO BEM-AVENTURADO ABBA JOSEPH


Carta do bem-aventurado Abba Joseph (o Hesicasta) a um jovem que pergunta sobre "A Oração"

Meu amado irmão em Cristo,

Eu oro para que você esteja bem. Hoje recebi sua carta e responderei todas as suas perguntas. As informações
que você procura não exigem tempo e esforço para eu pensar e responder, pois a oração noética é, para mim,
como o trabalho de qualquer outro homem é para ele, porque trabalho nisso há mais de trinta e seis anos.

Quando cheguei à Montanha Sagrada (Monte Athos), procurei imediatamente os eremitas que praticavam a
oração. Naquela época, quarenta anos atrás, havia muitos que tinham vida neles - homens de virtude, anciãos do
passado. Escolhemos um deles como ancião e recebemos orientação de vários deles.

Agora, então, para começar a dominar a oração noética, você deve constantemente se forçar a repetir a oração
sem cessar. No início rapidamente, pois nous (intelecto, mente) não deve ter tempo para formar nenhum
pensamento perturbador. Preste atenção apenas às palavras: "Senhor Jesus Cristo, tem piedade de
mim." Quando a oração é dita oralmente por um longo período de tempo, nous se acostuma a ela e,
eventualmente, começa a dizê-la. Então fica doce para você como se tivesse mel na boca e você quer continuar
dizendo isso o tempo todo. Se você parar, você se sentirá muito angustiado.

Quando nous se acostuma com ela (a oração) e se satisfaz - quando a aprendeu bem, então ele (nous) a envia
para o coração. Como nous fornece alimento para a alma, a tarefa de nous é enviar qualquer alimento ou mal que
ele veja ou ouça ao coração, que é o centro dos poderes físicos e espirituais do homem, o trono do nous. Assim,
quando alguém que repete a oração evita que seu nous imagine alguma coisa e presta atenção apenas às
palavras da oração, respirando suavemente com certa compulsão e vontade própria, ele leva seu nous ao seu

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coração; ele o segura como se estivesse em confinamento, dizendo ritmicamente a oração:

"Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim!"

No início, se faz a oração algumas vezes e respira fundo. Mais tarde, quando nous se acostumou a permanecer
no coração, se faz uma oração a cada respiração: "Senhor Jesus Cristo" inspirando, "tem piedade de mim"
expirando. Isso acontece até que a graça cubra a alma e comece a agir dentro dela. Além disso, está a theoria
(palavra grega para "contemplação").

Então, a oração é dita em toda parte: sentado, na cama, andando e em pé. "Orem sem cessar. Em tudo,
agradeçam", diz o apóstolo. No entanto, não basta orar apenas quando você vai dormir. É preciso uma luta: em
pé e sentado. Quando você se cansar, sente-se. Em seguida, levante-se novamente para que você não seja
vencido pelo sono.

Isso é chamado de "práxis". Você mostra sua boa intenção a DEUS, mas tudo depende dEle, se ELE dá ou não a
você. DEUS é o começo e o fim. SUA graça é a força motriz que ativa todas as coisas.

Quanto à forma como o amor é ativado, você perceberá como quando guarda os mandamentos. Quando você
acorda de noite e ora; quando você vê alguém doente e simpatiza com ele; quando você vê uma viúva, órfão ou
idoso e é caridoso com eles. Então DEUS te ama. E você também o ama. Ele ama primeiro e derrama Sua graça,
e voltamos a ELE o que é SEU.

Bem, se você procura encontrá-lo somente através da oração, não deixe uma única respiração passar sem ela.
Apenas tome cuidado para não aceitar nenhuma fantasia. Pois o DIVINO é sem forma, inimaginável e incolor.
ELE é supremamente perfeito, não sujeito a silogismos. Ele age como uma brisa sutil em nossas mentes.

A compaixão vem quando você considera o quanto afligiu DEUS, QUEM é tão bom, tão doce, tão misericordioso,
tão gentil e completamente cheio de amor. QUEM foi crucificado e sofreu tudo por nós. Quando você medita
sobre essas e outras coisas que o Senhor sofreu, elas trazem compunção.

Portanto, se você conseguir fazer a oração em voz alta sem cessar, em dois ou três meses poderá se habituar.
Então a graça o cobrirá e o revigorará. Apenas diga em voz alta, sem interrupção. Quando nous se habituar, você
para de falar oralmente; e quando nous perder o controle da oração, deixe a língua continuar dizendo em voz
alta. Todo esforço é necessário com a língua até você se acostumar com ela no começo. Depois disso, todos os
anos da sua vida, nous a dirá sem esforço.

Quando você vier à Montanha Sagrada, como você mencionou, venha nos ver. Mas então falaremos sobre outras
coisas. Você não terá tempo para a oração. Você encontrará a oração onde quer que sua mente esteja em
repouso. Aqui você visitará os mosteiros e sua mente se distrairá com as coisas que ouvir e ver.

Estou certo de que você encontrará "a oração". Não tenha dúvidas. Apenas bata imediatamente na porta da
misericórdia divina. E certamente CRISTO se abrirá para você. É impossível para ele não fazê-lo. Quanto mais
você o ama, mais receberá. O tamanho do presente de Deus, seja ele grande ou pequeno, depende do seu amor,
seja ele grande ou pequeno.

ABBA EFRAIM DE KATOUNAKIA NOS ENSINA A ORAR COM A ORAÇÃO DE JESUS.


Abba Efraim de Katounakia, um conhecido pai ascético e espiritual do Monte Athos, discípulo de Abba Joseph, o
Hesicasta, nos ensina a orar com a oração de Jesus.

Ei você, pequena alma, repita a oração!


Defina uma hora durante o dia ou a noite e ore!
Palavra por palavra e perceba com sua mente!

Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim...


Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim...
Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim...

É assim que você deve fazer a oração!

E com o tempo, de acordo com a medida de sua pureza, e de acordo com a medida de seu zelo, a primeira coisa
que você encontrará é "alegria"!

A alegria determinará que você faça a oração com mais frequência. E a oração lhe dará ainda mais e maior

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alegria.

Outra felicidade estará dentro de você, que você não conhecia antes.
Outra luz, outra beleza, outra doçura, outro estado de bem-estar.
Você verá a natureza inteira banhada em uma beleza, em uma doçura ...
Você verá toda a natureza, toda a criação do Deus invisível.
E estas coisas ainda não são nada, são pequenas coisas, uma pedrinha na praia...

Há muitas outras grandes coisas que você sentirá ao fazer a oração!


Então você terá outro horizonte espiritual, outro alimento espiritual, outra roupagem espiritual, que agora você
nem pode imaginar.

Quando Deus vir seu desejo, seu zelo, que voce O procura na oração, então voce verá o que são as coisas
espirituais, os bens indizíveis, qual é o Paraíso que sente, antecipa, vislumbra, mesmo aqui neste vida...

Teremos uma antevisão das eternas coisas boas, mesmo quando ainda vivendo na terra...

E elas nos darão muito zelo em servir ainda mais a Cristo.

OS TRÊS ESTÁGIOS NA PRÁTICA DA ORAÇÃO DE JESUS

Há três estágios de oração. O primeiro nível é a oração oral ou como é frequentemente referido, a oração dos
lábios. Este é o estágio inicial em que a oração é repetida de forma audível. Isso envolve mais do nosso cérebro
e nos ajuda a concentrar a atenção nas palavras da oração. Aqui nós descobrimos a natureza de nossa mente
distraída e a programação do nosso cérebro. Somos assaltados por todo tipo de pensamentos, que insistem em
caminhar em cima das palavras de nossa oração. Temos também a sensação de que somos mais do que os
nossos pensamentos, quando gradualmente começamos a conhecer a nossa alma. Percebemos que podemos
observar nossos pensamentos interferindo em nossa oração. Nós nos perguntamos: "De onde é que esses
pensamentos vêm?" Nesta fase a oração é ainda algo externo a nós, por isso temos de considerar isso como um
primeiro passo. Este primeiro passo é maravilhosamente ensinado por Abba Joseph neste outro artigo.

O segundo nível é a oração mental. À medida que continuamos com a oração durante um período de tempo,
descobriremos que somos capazes de orar sem usar os lábios e dizer a oração silenciosamente em nossa
mente. Isso acontece naturalmente. Nós não devemos forçá-la prematuramente. Não tente, com excesso de zelo,
ser como a lebre, em vez da tartaruga. Se nós experimentamos distração, neste nível, então, simplesmente
voltamos a usar a oração oral. Manter a nossa atenção centrada nas palavras da oração é essencial. Theófano
diz que, nesta fase, "a mente deve estar focada em cima das palavras da Oração". Começamos a ver como
podemos interromper e neutralizar nossos pensamentos. Descobrimos um novo centro de controle, que
estamos começando a ver que existe em nosso coração.

"Quando você tenta unir sua mente com seu coração, a mente encontra uma dureza de coração e não pode
penetrá-lo facilmente. A mente vai ser frustrada e distraída por muitos outros pensamentos. Quando você
começa a entrar em oração mental, as palavras serão ditas em sua mente e não em seu coração. Este é o lugar
onde você começa, nesta fase. Só mais tarde, depois de muita paciência e esforço você vai ser capaz de
penetrar o coração. Tente manter o seu foco sobre as palavras quando voce orar, e isto irá, naturalmente, abrir a
porta do seu coração." --Conselhos de Elder Paisios sobre a dureza do coração

O terceiro nível é chamado Oração do Coração. Neste nível, a oração não é algo que você faz, mas algo que você
é. Esta fase envolve uma ação transformadora, quando você descobre a sua verdadeira natureza. Você descobre
que você é muito mais do que um corpo e um cérebro, que você está conectado noeticamente com as energias
divinas de Deus e sabe que Ele habita nas profundezas do seu coração. Isso não é algo que você vai ser capaz
de explicar aos outros, mas você vai reconhecê-lo. A oração agora é dita de forma contínua, sem qualquer
esforço no coração. Este tipo de oração vem como um dom do Espírito Santo. Como Paulo nos diz: "Deus
enviou o Espírito de seu Filho em nossos corações, o Espírito que clama: Abba, Pai! '." (Gal. 4: 6). Nesta fase,
agora sabemos o que significa estar em união com Deus. Sentimos a Presença Divina dentro e por vezes
estamos conectados com a visão da Luz Incriada, que é a energia pura de Deus. Podemos experimentar o Reino
dos Céus dentro de cada um de nós. Nesta fase, a porta do nosso coração está bem aberta e encontramos
nossas vidas transformadas quando começamos a viver uma vida de amor. Agora podemos orar "sem cessar"
como a Escritura nos ensina.

O QUE É HESICASMO

O Hesicasmo é uma corrente própria da espiritualidade cristã Ortodoxa, cuja história começa com os monges do

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deserto do Egito e de Gaza. O nome hesicasmo provém do grego hesychìa que significa: calma, paz,
tranquilidade, ausência de preocupação.

O Hesicasmo pode ser definido como um sistema espiritual de orientação essencialmente contemplativa que
busca a perfeição (deificação) do homem na união com Deus através da oração incessante do coração. Num
documento do mosteiro de Iviron do Monte Athos, lê-se esta definição: "O hesicasta é aquele que só fala com
Deus somente e ora sem cessar."

Os monges hesicastas, por meio da invocação do Nome de Jesus e da atenção do coração buscavam o domínio
das paixões e de todo o pensamento mal para permanecerem no suave repouso de Deus à escuta da Sua palavra
silenciosa. Disse um deles:

"A nós, pequenos e fracos, não nos resta outra coisa senão refugiar-nos no Nome de Jesus".

Os santos monges estabeleceram a fórmula da oração do Nome de Jesus. Eles unirão a profissão de fé
Apostólica: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo" (Mt 16,16; Filp 2,9-11), com a suplica do publicano e dos
humildes do Evangelho: "Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!" (Lc 18,13. 39; Mt 15,22).  Formulando assim,
a Invocação Clássica do Nome:

“Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, tem piedade de mim, pecador”

Além dessa formula clássica da invocação do Nome, existem várias formas para se orar o nome de Jesus.
Muitos monges rezavam e sugerem a forma mais simples: "JE-SUS", apenas isso. Pois, não há a necessidade
de acréscimos: "O Santo Nome é a oração."  E essa única palavra sagrada facilita a união da oração com a
respiração.

Os Santos monges do deserto desejosos da incessante comunhão e intimidade com Deus uniram a invocação
do Nome de Jesus com o mandamento de "orar sem cessar" (Lc 21,36; 1Ts 5,17 Ef 6,18; Lc 18,1; Ap 4,8), e para
isso, no século II, São Pacômio, discípulo de Santo Antão, inspirado por Deus criou o cordão de oração um
rosário de 100 contas, chamado de Kombuskini (grego), chotki pela liturgia bizantina.

O Hesicasmo viria a se firmar com o mosteiro do Sinai, com São João Clímaco. Um expoente máximo é,
seguramente, Simeão, o novo Teólogo. Renasceria no Monte Athos no século XIV.

Os grandes mestres da oração hesicasta, que criaram o método e sobretudo a teologia da oração hesicasta,
podem ser encontrados entre os séculos XIII e XIV no Monte Athos. Vamos aqui recordar alguns nomes:

Gregório, o Sinaísta (+1346), do Mosteiro do Monte Sinai, ele transportou a “oração do coração” para o Monte
Athos.

Nicéforo, o Hesicasta, de origem calabresa, converteu-se à Ortodoxia e se tornou monge no Monte Athos.
Escreveu um pequeno tratado intitulado: “Sobre a Custódia do Coração”, que se tornou um clássico da oração
hesicasta. Do século XIV temos um tratado anônimo chamado: "Método da Santa Oração", que é às vezes
atribuído a São Simeão, o Novo Teólogo, mas não é verdade que seja dele esta obra.

Teolepto, Metropolita de Filadélfia (1250-1345), que formou gerações inteiras de hesicastas.

Gregório Palamas (1296-1359), que é considerado o maior teólogo do hesicasmo.

As Bases da Oração do Nome de Jesus:

A recordação constante de Deus por meio da repetição continua do Nome de Jesus unida à respiração e atenção
no coração, buscando viver em sua presença e renunciando ao mal são as bases da oração hesicasta ou a
oração do coração.

A ESPIRITUALIDADE HESICASTA

Quando se fala de hesicasmo, pensa-se geralmente em um método de oração baseado na repetição infinita do
Nome de Jesus, método codificado no ambiente do Monte Athos, nos séculos XIII e XIV. Trata-se da
sistematização filosófico-teológica dada a esta corrente de espiritualidade por Gregório Palamas no século XIV.
Trata-se de uma corrente de espiritualidade que se identifica muito bem com a espiritualidade monástica.

Essa corrente de espiritualidade perpassa os Apotegmas dos Padres e as Vidas dos Padres do Deserto. Todavia,
aqueles que a descreveram com maior perfeição são os autores da chamada Escola Sinaítica dos séculos VI e
VII, de um modo todo especial João Clímaco e Hesíquio o Sinaíta.

Em grego, a palavra hesychia designa um estado de calma, paz, repouso, quietude, tranqüilidade, resultado da

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ausência disciplinada de agitação interna e externa. É o exercício feito para se libertar do barulho, conflito,
inquietude, preocupação e medo.

Assim compreendida, a hesychia, nos autores espirituais, indica também recolhimento da alma, silêncio, solidão
interior e exterior, uma plena união com Deus. Este termo é também usado na espiritualidade monástica para
indicar o estado de quietude e de silêncio de todo o ser humano, para que ele possa permanecer ligado no
divino.

Pode-se, então, definir o hesicasmo como um sistema espiritual de orientação essencialmente contemplativa,
que consiste no aperfeiçoamento do humano na busca da união com Deus através da oração contínua.

Os grandes mestres da oração hesicasta, que criaram o método e sobretudo a teologia da oração hesicasta,
podem ser encontrados entre os séculos XIII e XIV no Monte Athos.

Vamos aqui recordar alguns nomes: Gregório, o Sinaísta (+1346). Do Mosteiro do Monte Sinai, ele transportou a
“oração do coração” para o Monte Athos. Nicéforo, o Hesicasta, de origem calabresa, converteu-se à Ortodoxia e
se tornou monge no Monte Athos. Escreveu um pequeno tratado intitulado: “Sobre a Custódia do Coração”, que
se tornou um clássico da oração hesicasta.

Do século XIV temos um tratado anônimo chamado: “Método da Santa Oração”, que é às vezes atribuído a São
Simeão, o Novo Teólogo, mas não é verdade que seja dele esta obra.

Um outro grande hesicasta é Teolepto, Metropolita de Filadélfia (1250-1345), que formou gerações inteiras de
hesicastas.

Finalmente, temos o já citado Gregório Palamas (1296-1359), que é considerado o maior teólogo do hesicasmo.

"Amo o silêncio acima de todas as coisas."

Isaac, o Sírio

A ARTE DA NEPSIS, OU A ARTE DA SOBRIEDADE E VIGILÂNCIA

Estar só, em uma cela ou quarto com as portas fechadas não constitui quietude. Tampouco evitar o falar não
constitui silêncio. Ambos, quietude e silêncio, são estados internos que pressupõem paz de espírito e
tranquilidade de pensamentos.

Muitas vezes, as pessoas que estão sozinhas e prestes a orar encontram tumulto e caos em suas mentes. Embora
digam orações com a boca, sua mente se afasta ao longe em distrações.

A razão dessa distração, dizem os antigos Padres, é que a pessoa humana é incapaz de controlar seus pensamentos, ou
as diferentes imagens e fantasias que aparecem na mente. Para controlar seus pensamentos, a pessoa deve aprender a
arte da nepsis (estar em alerta, atenção plena, vigilância, auto-observação). Isso se baseia no entendimento de que
todo pensamento captura a mente humana gradualmente.

O pensamento na mente passa por vários estágios de desenvolvimento:

O primeiro estágio é chamado de "assalto", que é uma concepção simples, ou uma aparição repentina de algo na
mente, uma imagem ou idéia que vem de fora.

O segundo estágio é "conversar", ou "conversa": a mente entra em diálogo com o pensamento. Esse diálogo pode se
tornar uma "luta", quando a mente se opõe ao pensamento ofensivo e o rejeita ou aceita.

O terceiro estágio é chamado de "cativeiro": é a aceitação do pensamento pela mente, é "um estupro forçado e
involuntário do coração, ou uma identificação, uma associação permanente com o que foi encontrado".

O último estágio do desenvolvimento do pensamento é a "paixão": é "aquela que por muito tempo se aninha com
persistência na alma, formando um hábito, por assim dizer, pela associação de longa data da alma com ela, já que por
sua própria livre escolha se apega a ela."

Toda paixão começa com um pensamento pecaminoso: "Nenhuma nuvem se forma sem um sopro de vento; e nenhuma
paixão nasce sem um pensamento." A queda de Eva é interpretada por São Filareto de Moscou, em termos da
aceitação de um pensamento e de sua gradual transformação em paixão, vejamos:

"...Quando a mulher viu que a árvore era boa para comer e que era um deleite para os olhos, e que se desejasse a
árvore se tornaria sábia, ela pegou seu fruto e comeu."

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"Viu" é um assalto de um pensamento (primeiro estágio); "Era boa" e "Era um deleite" são conversas e lutas com o
pensamento (segundo estágio); "Se desejasse" é uma aceitação do pensamento, Eva sendo cativada por ele (terceiro
estágio); "Pegou e comeu" é paixão, quando o pensamento é realizado e colocado em prática (último estágio).

"Uma disposição pecaminosa da alma", diz São Filareto, "começa com os poderes do intelecto sendo orientados em uma
direção errada... A multiplicidade dos próprios desejos, que não estão centrados na vontade de Deus, está ligada ao
desvio da pessoa da unicidade da verdade divina para a multiplicidade de seus próprios pensamentos."

Em outras palavras, distração é desvio da simplicidade primordial e do estado de unificação em multiplicidade e


complexidade. Distração é uma consequência da queda. A aceitação da mente dos pensamentos pecaminosos é uma
doença e um pecado da mente, um "adultério mental" do intelecto.

A arte da nepsis é a capacidade da pessoa humana de "não se identificar com", "de recusar o" pensamento
pecaminoso no exato momento de sua primeira aparição na mente, antes de se tornar uma paixão.

"O início da oração", diz São João Climacus, "consiste em banir por um único pensamento os pensamentos que nos
assaltam no exato momento em que aparecem".

Segundo São Hesíquios, o sacerdote:

A ciência das ciências e a arte das artes é o domínio dos maus pensamentos. A melhor maneira de dominá-los é ver com
visão espiritual (vigilância, auto-observação) a fantasia na qual a provocação demoníaca está oculta e proteger a mente
dela. É exatamente igual à maneira como protegemos nossos olhos corporais, olhando atentamente para nós e fazendo
tudo o que podemos para impedir que qualquer coisa, por menor que seja, os atinja.

Os maus pensamentos devem ser "observados" e "enfrentados". Portanto, a oração não é apenas um diálogo pacífico
com Deus, mas também um trabalho pesado, uma luta pela pureza da mente. Quem ora deve estar sempre atento ao
seu intelecto, memória e fantasia.

Tente deixar seu intelecto surdo e mudo durante a oração; então você poderá orar...

Quando orar, observe atentamente a sua mente, para que ela não o distraia... Pois, por natureza, o intelecto é capaz de
ser levado pelas lembranças durante a oração.

Enquanto você está orando, a memória traz à sua mente fantasias de coisas passadas, ou de preocupações recentes, ou
do rosto de alguém que o irritou. Nossos demônios interiores sentem muita inveja de nós quando oramos e usam todo
tipo de truque para frustrar nosso propósito. Portanto, eles estão sempre usando nossa memória para despertar
pensamentos de várias coisas e nossa carne para despertar as paixões, a fim de obstruir nosso caminho de ascensão a
Deus...

Permaneça em guarda constante e proteja seu intelecto dos pensamentos, quando ora e em todos os outros momentos
de sua vida.

A nepsis, sobriedade e vigilância, constitui um método espiritual que, com a ajuda de Deus, liberta inteiramente o homem
dos pensamentos e das palavras apaixonadas e também das más ações, se for praticada por um bom tempo e
arduamente. Ela fornece também, na medida do possível, um conhecimento seguro de Deus o Incompreensível, e abre
os mistérios divinos e ocultos. Ela conduz ao cumprimento de todos os mandamentos de Deus, do Antigo e do Novo
Testamento, e propicia todos os bens do século futuro. Ela consiste propriamente na pureza do coração, a qual, por
causa de sua grandeza e de sua beleza (ou mais exatamente devido à nossa negligência), é tão rara entre os monges
hoje em dia. É ela que Cristo beatificou quando disse: "Bem-aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus".
Tal é a sua eminência. Ela se adquire a um alto preço. Praticada longamente, ela se torna um guia que nos conduz à via
direita e que agrada a Deus. - Filocalia

A ORAÇÃO DE JESUS

A Oração de Jesus, tambem conhecida como Oração do Coração é uma oração curta,  repetida continuamente
como parte de uma prática ascética pessoal. Ela é, para os ortodoxos orientais e os católicos orientais, uma das
orações mais profundas e místicas, sendo seu uso parte integrante da tradição eremítica de oração conhecida
como Hesicasmo (do grego: ἡσυχάζω, hesychazo, "manter silêncio").

A oração é particularmente apreciada pelos Pais Espirituais desta tradição como método para abrir o coração
(kardias). A Oração do Coração é considerada a Oração Incessante que o apóstolo Paulo defende no Novo
Testamento.  São Teófano o Recluso considera a Oração de Jesus mais forte do que todas as outras orações em
virtude do poder do Santo Nome.

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Para nós que damos tanta importância à mente, aprender a orar com o coração e a partir dele tem importância
especial. Os monges do deserto nos mostram o caminho. Embora não exponham nenhuma teoria sobre a
oração, suas narrativas e seus conselhos concretos apresentam as pedras com as quais os autores espirituais
ortodoxos mais tardios construíram uma espiritualidade magnífica.

Os autores espirituais do Monte Sinai, do Monte Athos e os Startsi da Rússia oitocentista apóiam-se todos na
tradição do deserto. Encontramos a melhor formulação da oração do coração nas palavras do místico russo
Teófano, o Recluso:

"Orar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor, onipresente, onividente dentro de
nós".

O Caminho da Oração de Jesus

Nossa mente, influenciada pelo ambiente em que vivemos, dominado pela violência, pela competitividade, pela
cobiça e pela cultura da aparência, que parece se impor à do ser, converteu-se em inimiga e fonte da inquietude
derivada da ânsia interminável.

A Oração do Coração é o refúgio, porque brinda paz à alma, mas não gera inércia, pelo contrário, ativa a ação
transformadora. O praticante assíduo e perseverante se fortalece, e, ainda que esteja em meio ao mundo,
encontra em si mesmo a distância suficiente entre os estímulos e a reação. Este espaço interior, anterior à
resposta que se dá aos acontecimentos, lhe permite atuar com deliberação, buscando coerência entre sua
conduta e a mensagem do evangelho.

A oração do nome de jesus, conhecida também como oração do coração, é uma vocação particular, um desejo
de unificação profunda da alma, e, em geral, chegam a sentí-la as "almas antigas", que viveram muito e com
intensidade, tendo encontrado infelicidade naquilo que aos demais deslumbra.

"Aquietai-Vos e Sabei Que Eu Sou Deus"

Qualquer um pode praticar a Oração de Jesus. Pode-se repetí-la em qualquer momento. Para começar a fazer a
Oração como parte de nossa regra de oração diária, devemos seguir a direção de Jesus. Ele diz: "Vinde comigo
para um lugar deserto, e descansai um pouco" (Marcos 6:31); "Procurai viver em silêncio" (I Tessalonicenses
4:11.); então orar em segredo, sozinho e em silêncio.

Escolha um lugar tranquilo onde você não será perturbado. É melhor se você puder proteger os sentidos de
tanto estímulo quanto possível. É melhor fazer a Oração de Jesus no início da manhã, antes do nascer do sol,
quando a mente está em repouso e sem distrações, o corpo está relaxado e há pouca atividade para perturbar
sua concentração. Alguns podem achar o entardecer ou o início da noite melhor, e, outros reservam um tempo
nos dois períodos, manhã e noite, para sua prática com a Oração. O importante é fazê-la diariamente, sem deixar
passar um dia sequer. Uma prática diária de 30 minutos no início e no final do dia é uma boa regra de oração,
mas, podemos começar com 10 minutos, e, irmos aumentando o tempo aos poucos.

Sente-se em silêncio. Abaixe a cabeça, feche os olhos, respire suavemente, e imagine-se olhando para o seu
próprio coração. Leve sua mente, ou seja, os seus pensamentos, de sua cabeça para o seu coração. Ao inspirar,
diga: "Senhor Jesus Cristo", ao expirar diga: "tende piedade de mim." Diga movendo os lábios suavemente ou
pode simplesmente dizê-lo em sua mente. Tente colocar todos os outros pensamentos de lado. Tenha calma,
seja paciente, e repita este exercício espiritual diariamente.

"Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus" (Salmos 46:10) é um convite à Oração Contemplativa, à Oração do
Coração, mediante a qual chegamos a vivenciar a presença divina em nosso interior. Então, poderemos
exclamar, como Santo Agostinho "Eis que habitavas dentro de mim, e eu te procurava do lado de fora."

Neste site reunimos textos, citações, obras e ensinamentos sobre a Oração de Jesus, Cristianismo Primitivo e os
Padres do Deserto

PROFESSOR LUIZ GONZAGA DE CARVALHO NETO

OS ESTÁGIOS DA ORAÇÃO

INTRODUÇÃO: AS PETIÇÕES DO PAI NOSSO E OS ATRIBUTOS PRINCIPIAIS

Aluno: Depois da última aula, comprei o comentário de São Tomás de Aquino à oração do Pai Nosso e tentei
comparar as sete petições do Pai Nosso com os seis atributos principiais que você explicou em uma das aulas
anteriores.

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Pelo primeiro atributo, Deus não possui princípio, não nasceu, enquanto nós estamos nascendo a cada
momento. Se você se assume como pobre de espírito, é uma maneira de admitir que não sabe nada sobre aquilo
que é relevante espiritualmente. Isso corresponde ao primeiro pedido: “santificado seja o vosso nome”.

Pela segunda petição, “venha a nós o vosso Reino”, peço que o meu futuro venha. Também há alguma
correspondência.

Pelo terceiro atributo, Deus não carece de nada e nós somos absolutamente carentes.

O quarto atributo, pelo qual Deus é incomparável e nós somos comparáveis, parece corresponder ao quinto
pedido do Pai Nosso, quando se perde o perdão na semelhança da medida com a qual se perdoou o próximo.

O quinto atributo, pelo qual Deus é uno, relaciona-se com a pureza de coração que leva a não julgar o mundo
com uma fé que se abre ao dom do Entendimento, deixando de cair em tentação de achar que o mundo não tem
um sentido divino.

E o último atributo, pelo qual somente Deus é, corresponde ao último pedido do Pai Nosso: “livrai-nos do Mal”.

E no meio da oração, está o quarto pedido, o qual não possui correspondência com os atributos principiais e
senhoriais: “o pão nosso de cada dia nos daí hoje”.

A QUARTA PETIÇÃO DO PAI NOSSO: O CRISTO NOSSO DE CADA DIA

Professor: A correspondência está muito exata. A cada petição corresponde um atributo, excetuando o quarto
pedido. Este não corresponde a um atributo divino, mas a uma Pessoa Divina. O Pão que se pede aqui é o
próprio Cristo.  É o Pão Vivo que desce do Céu[1].

Aluno: Por isso que este pedido aparece no meio dos sete. Ele está no centro da cruz.

Professor: É um simbolismo muito perfeito. A Sagrada Escritura é o tratado mais perfeito sobre a natureza das
coisas. É necessário que a Escritura use uma linguagem simbólica porque o grau de conhecimento abstrato das
doutrinas é variável de um povo para outro e de um indivíduo para outro dentro de um mesmo povo. Mas por
meio da expressão simbólica, qualquer indivíduo de boa vontade pode assimilar aquela doutrina. Porque é mais
importante assimilar aquela doutrina existencialmente do que simplesmente entendê-la[1]. Em toda sociedade
humana é preciso que alguns indivíduos compreendam a doutrina, mas este é um dever que é cumprido por
alguns indivíduos para toda a comunidade. É como o sacerdócio. É um dever de toda e qualquer sociedade
cristã que alguém seja sacerdote, mas não é um dever que todos os membros da comunidade sejam sacerdotes.
O indivíduo que se tornou sacerdote cumpriu o dever para toda a sociedade. 

Assim também, a compreensão das Escrituras em um nível abstrato é um dever de toda e qualquer comunidade
cristã. Esta somente está viva quando dentro dela há alguém que compreende a doutrina, mas não é necessário
que todos compreendam. Aqueles que compreendem já cumprem esse dever para toda aquela coletividade.
Essa é uma noção muito comum entre os judeus: alguns deveres são cumpridos individualmente e outros pela
coletividade, sem que todos o façam, mas apenas alguns representantes da comunidade.

Mas essa compreensão não é exata porque existe um abismo entre os atributos divinos e a privação desses
atributos na criatura. É impossível um salto de uma coisa para outra, exceto por intermédio do Verbo Divino. O
Pão Divino oferece ao indivíduo uma participação nesses atributos divinos. Isso significa que é impossível que o
indivíduo se perceba carente desses atributos se ele não receber nada. Se ele estiver totalmente privado de
qualquer bem, nem saberá que é carente.

É preciso receber algum bem limitado para que deseje outro maior e perceba a sua carência em relação aos
atributos divinos. Isso quer dizer que a realização dos atributos criaturais somente é possível por meio de uma
participação nos atributos divinos.  Do mesmo modo, somente é possível que o indivíduo se dê conta da sua
completa ignorância, o que corresponde ao primeiro atributo, se ele obtiver algum conhecimento, por meio do
qual ele possa comparar os estados de conhecimento e ignorância.

É por isso que, se considerarmos do ponto de vista dos atributos, o esforço espiritual é uma iniciativa do ser
humano, essa iniciativa somente é possível se, antes disso, já houve uma certa iniciativa divina que já tenha
permitido ao indivíduo participar dos atributos divinos em uma certa medida. É isto que São João Evangelista
quis dizer na frase:

“Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Deus que nos amou primeiro”.

É por isso que o sujeito não salta do estado de ignorância completa em que está logo que nasce para a
realização espiritual de quem se percebe completamente ignorante e aceito isso diante de Deus. Ele é tão
completamente ignorante que nem percebe a própria ignorância. Para que ele perceba a sua ignorância, precisa

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adquirir algum conhecimento. Sendo um atributo natural dele, a ignorância, não há como receber, por si mesmo,
algum conhecimento. Exceto que o Verbo lhe conceda.  

Aluno: Nem a vontade de buscar  a Verdade é nossa.

Professor: É uma iniciativa divina. Deus coloca uma medida de conhecimento no sujeito para que este se
interesse em buscar mais conhecimento. É por isso que os atributos criaturais não são completos, mas a
plenitude deles leva a moldar a alma como um receptáculo perfeito. Aqui encaixa muito bem o simbolismo
espacial. Os seis atributos espaciais podem ser comparados com as seis direções do espaço em torno de um
ponto ou de um indivíduo. Mas, ao traçar essas seis direções, falta algo no meio, o ponto que seria o ser do
sujeito e que não pode emanar de nenhum dos seis atributos. Deve vir de uma outra fonte. Esta é justamente o
Pão que o sujeito pede. Por isso que esse pedido é central na ordem e na importância. Ele é essencial. A
expressão desse pedido, no Evangelho em grego,  é um termo que pode significar “mais do que essencial” ou
“supra-essencial”.  Isso já indica que esse pedido é especial. Esse Pão que se pede é supra-essencial. É Ele que
permite a realização dos outros pedidos.

Aluno: Eu tentei fazer uma comparação desses sete pedidos da oração do Pai Nosso com as quatro virtudes
cardeais, mas não consegui porque é muito sutil.

Professor: A relação é sutil porque não há uma relação direta e exata entre as quatro virtudes cardeais e os sete
pedidos. Pode-se fazer algumas relações, mas não são muito precisas. As virtudes cardeais precedem o
cristianismo, sendo um tema grego. Então, elas referem-se mais a padrões de comportamento do que a padrões
de relação com Deus. As sete petições do Pai Nosso, em primeiro lugar, referem-se à relação com Deus. E, em
segundo lugar, a modos de ação em relação com o próximo.

Mais alguma dúvida sobre os temas da última aula, mesmo que não tenha nada a ver?

A PERCEPÇÃO DO TEMPO DURANTE A ORAÇÃO MENTAL: A ANALOGIA DA CÂMARA LENTA

Aluno: Depois da última aula, comecei a treinar e, agora, chego a demorar dez minutos para completar o Pai
Nosso. Parece que diminui o fluxo do tempo.

Professor: A escala de tempo muda efetivamente. Na medida em que você reflete assim sobre a oração, ela
passa a ser menos vocal e mais mental. Isso quer dizer que o centro de atenção está na nas palavras, mas na
mente. E esta não está na mesa escala de duração que o corpo, no sentido de que nem tudo na mente existe de
modo sucessivo. Quando você faz a oração concentrando-se no significado e no conteúdo das palavras, tudo
aquilo que é compreendido nesse processo permanece na mente mesmo depois que você deixa de pensar no
assunto. E com o corpo é diferente: no momento em que você deixou de pronunciar uma palavra, esta deixou de
existir no corpo.   

Aluno: Esse modo de duração é, em uma escala menor, o que é o eterno para Deus.

Professor: Esse modo de duração é uma espécie de modo intermediário entre a duração normal do tempo e a
eternidade.

Aluno: É o permanente no passageiro?

Professor: Exatamente. Isso era chamado de eviternidade pelos escolásticos. Isso quer dizer que essas
compreensões permanecerão com a alma para sempre. São elas que servirão como uma ponte de ligação entre
o indivíduo e Deus no período imediatamente posterior à morte. Essas compreensões surgirão para o sujeito
como objeto de atenção no momento em que ele morrer, o corpo se dissolver e a parte superior do psiquismo
começar a se dissolver. Como essa compreensão se refere a um objeto divino, ela tem, em princípio, a
capacidade de permanecer para sempre na mente do sujeito.  Então ela serve justamente de ponte de ligação
entre o indivíduo e Deus. Qualquer que seja o estado para o qual o indivíduo vá depois da morte, ele tem essa
ponte de ligação.

Para ele, está excluído o inferno como prisão definitiva.

Aluno: O inferno como dissolução no nada.

Professor: Como um estado no qual o sujeito se dissolve indefinidamente.

Aluno: Esse estado de oração é como uma espécie de “câmara lenta” que vai diminuindo a velocidade até que o
tempo pare completamente. 

Professor: Quando o sujeito se concentra bastante naquilo, há um momento em que apenas as potências
puramente intelectuais estão concentradas naquilo. Esse é um ponto de ligação direta entre a mente humana e a

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eternidade. Se o sujeito se concentra suficientemente, a mente dele entra nesse estado. Esse é um estado
contemplativo mesmo. Nesse estado, ele, em algum grau, realiza [espiritualmente] aquelas percepções que teve
na oração vocal. Esse passa um meio de ligação ainda mais forte do indivíduo com Deus.

E, nesse grau, as suas orações não serão efetivas apenas depois da morte, mas já serão efetivas ainda nesta
vida. Começa a surgir no sujeito um componente interno que está permanentemente separado das coisas e
unido a Deus. No começo é algo muito fraco e sutil. No decorrer do tempo, ele começa a perceber esse elemento
com clareza. Na medida em que isso acontece, ele passa a estar em um estado semelhante a Adão, que
caminhava com Deus. Ele passava a ter aquele alerta que Sócrates sentia. Vocês lembram que Sócrates sentia
um alerta que sempre lhe dizia o que não devia fazer e o levava a não fazer certas coisas. Ele, que permaneceu
nesse estado contemplativo, passa a ter esse alerta com muita clareza. Ele percebe com evidência que não pode
fazer coisas que rompem a ligação dele com Deus. Por um lado, no sentido espiritual, esta é uma grande
segurança, mas não quer dizer que será sempre agradável para o sujeito: às vezes agradará e, ás vezes,
desagradará.  

O que importa é que o sujeito vai mudando a sua atenção das palavras para o conteúdo delas na mente. Isso é
importantíssimo porque, a medida em que o indivíduo pode viver a vida divina, é proporcional à medida das suas
concepções acerca de Deus. Para o ser humano, Deus não ultrapassa a medida do intelecto humano. Quanto
mais limitada for a sua concepção de Deus, menos você poderá perceber sobre Deus. É assim que os santos
operam milagres pois chegam a uma concepção tão ampla de Deus que apaga até a concepção de leis naturais.
Para aquele sujeito, naquele momento, Deus poderia agir como se não houvesse leis naturais.

Aluno: Mudando as regras do jogo!

Professor: Exatamente. Isso é atingido pura e simplesmente pela vida de oração, que é o instrumento próprio da
contemplação.

A RELAÇÃO ENTRE A ORAÇÃO VERBAL E A ORAÇÃO MENTAL

Aluno: Mas o Catecismo recomenda muito a oração verbal. E insiste menos na oração mental.

Professor: Sim, recomenda muita oração verbal. Por quê? Porque as suas concepções acerca de Deus podem
ser erradas, mas as palavras [da oração do Pai Nosso] foram divinamente reveladas pelo próprio Cristo.

Aluno: A oração mental dependerá da sua capacidade intelectual.

Professor: Sim, enquanto na oração verbal você estará sempre livre do engano. A oração mental nunca substitui
a oração verbal.

Aluno: Apenas está em outro nível.

Professor: Sim, apenas complementa e aprofunda.

Aluno: Para eu chegar naqueles dez minutos de oração mental tive que rezar [verbalmente] o Pai Nosso umas 30
ou 40 vezes. Mas eu somente consegui isso por causa do esquema de interpretação do Pai Nosso que você me
ensinou.

E somente consegui rezando no ambiente da Igreja.

Professor: O ambiente faz toda a diferença.

Aluno: E quando saí da Igreja, após a oração, estava tonto.

Professor: É justamente porque a mente estava concentrada em um estado não-corpóreo. Esse é o efeito de
entrar na caverna de novo. Vocês lembram do mito contado por Platão[1]? Quando o sujeito libertou-se e saiu da
caverna, sentiu compaixão pelos seus companheiros que lá ficaram. E, quando ele volta, passa a enxergar as
coisas escuras da caverna com mais dificuldade do que os outros [devido à passagem da luz à escuridão]. Ele
fica temporariamente mais cego do que os outros.

Aluno: De fato, até voltar a adquirir vivacidade, demora um certo tempo.

Aluno: Porque passou a um outro plano.

Professor: E terá que se perguntar, relembrando-se:

“quais eram mesmo as regras desse plano [da caverna]?”

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A adaptação da mente ao corpo é um processo delicado porque são coisas muito díspares. Uma pode viver para
sempre, a outra não. A diferença entre esses dois componentes do ser humano é muito grande. Uma não possui
uma identidade própria pré-definida: a identidade pessoal da mente humana pode se perder completamente,
enquanto a identidade do corpo é permanente. Alguns elementos do corpo serão sempre os mesmos, por mais
que o corpo mude, mas a mente pode perder completamente sua identidade pessoal. Pode-se ver isso em alguns
casos de loucura irreparável. São elementos muito díspares. Se o sujeito se concentra muito em um deles, perde
um pouco do outro.

A partir desse esquema antropológico, que descreve o ser humano como corpo, alma e espírito, João Tauler
explica em um de seus sermões que tanto a alma como o corpo são sustentados pelo espírito. Este fornece o
“combustível” para ambos. O mesmo combustível [espiritual] é usado para a vida orgânica e para a vida
psíquica. Quando o sujeito começa a se concentra muito no conteúdo da sua própria alma, é como se o
combustível que estava com o corpo fosse tomado de volta e passado para a alma. Quando o sujeito decide
voltar a se ocupar do corpo, sente uma queda da sua energia e fica distraído, cansado ou com sono. Por isso é
comum que o sujeito fique tão concentrada na oração mental que ele dorme sem perceber como chegou a
dormir. Isso ocorre pela subtração de energia que sai do corpo e passa para a alma.   

[Alunos comentam sobre uma reportagem de revista acerca dos santos


da Igreja Católica.]

OS DOIS PRIMEIROS ESTÁGIOS DA ORAÇÃO

Professor: Fundamentalmente, a oração possui quatro estágios de concentração.

a) O primeiro começa com a intenção correta e a realização da oração verbal. Para esse estágio é suficiente que
se tenha a intenção de repetir a ação do Cristo, fazendo a oração como ele fez.

b) Se o sujeito, nesse processo, concentra-se no conteúdo, poderá, praticando durante algum tempo, chegar a
um estado de recolhimento. Esse é um estado em que os objetos sensoriais ficam muito tênues. Nesse
momento, se alguém chama o sujeito ou se acontece algo do lado dele, ele nem percebe ou percebe de uma
maneira tão distante que não é suficiente para lhe chamar a atenção.

A RECOMPENSA DA ORAÇÃO VERBAL

É difícil que a concentração dele continue, porque para cada iniciativa humana corresponde uma resposta
divina. Quando o sujeito termina a oração verbal com a intenção correta, ele fica com uma sensação de limpeza.
Toda e qualquer oração verbal bem feita oferece essa sensação de limpeza, como vocês se limpassem de algum
modo. Isso é apenas uma questão de vocês prestarem atenção no efeito. É que nós terminamos a oração, o
efeito acontece e nós nem prestamos atenção nele. 

Aluno: Geralmente há uma sensação de bem estar.

Professor: Se vocês retrocederem psicologicamente perguntando de onde veio esse bem estar, perceberão que
veio desse efeito de limpeza da oração verbal.

Aluno: É como se eu ficasse mais puro.

Professor: Por que isso é verdade? Porque a oração está muito relacionada ao sexto pedido do Pai Nosso que
corresponde à sexta bem-aventurança, a qual trata dos puros de coração. Assim, o primeiro efeito da oração é
uma certa pureza do coração. Então, a oração verbal é o primeiro passo pára que o sujeito se prepare para a
contemplação, pois limpa certos elementos que estão no sujeito. Precisamos nos purificar porque vivemos
constantemente como se estivéssemos deixando Deus em suspenso, pois estamos vivendo, trabalhando,
comendo sem pensar em Deus. Não é que estejamos negando a existência dEle, mas estamos deixando-lhe de
lado na medida em que o foco da nossa atenção não está nEle. Quando focamos nossa atenção nas outras
coisas, essas deixam marcas na nossa psique. Essas marcas nos impedem de perceber a realidade como ela é,
pois essa existe em Deus. É como se a realidade fosse uma pequena ilha no oceano de Deus e, ao estarmos na
ilha, esquecemos que esta é apenas um componente do próprio oceano. E quando o sujeito vai fazer a oração
mental, ele vai lembrar que, na realidade, está diante do oceano e não apenas na ilha. Ele perceberá que a ilha
está diante do oceano e, pela oração, livra-se das marcas da ilha. Na hora em que ele reza, esquece os
problemas da sua vida, deixa tudo em suspenso e se coloca diante do oceano. Isso aí é colocar as coisas em
uma “nuvem de esquecimento”. É como se você se esquecesse da importância das coisas da sua vida cotidiana
para pensar em algo completamente diferente, que é Deus. Quando você se esquece, essas coisas do mundo
imediatamente se desgrudam da sua alma porque elas possuem uma ligação muito acidental com a sua alma. É
tão acidental que o seu foco de atenção muda de um momento para o outro com a maior facilidade: se estava
pensando no meu trabalho e alguém me irrita, mudo o foco completamente para pensar naquilo que me irritou. E
assim por diante! A facilidade com que saltamos de um objeto de atenção a outro é a prova da distância que há
entre a sua alma e qualquer desses objetos. Assim, no momento mesmo em que o sujeito se volta para Deus

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pela oração, essas coisas se desgrudam da alma e a pessoa sente uma sensação de limpeza. Essa é tão
agradável que gera um bem estar e a pessoa, contente, volta para a sua vida normal.

Mas se o sujeito, em vez de voltar sua atenção novamente para a vida normal, continuar a orar concentrando-se
no conteúdo da oração, dará um passo para chegar à oração de recolhimento. Toda a arte da oração é a arte de
retroceder. Quando você ora e recebe uma recompensa divina, não deve se agarrar a isto que recebeu, mas deve
voltar. Essas recompensas são bens, mas não são os prêmios principais. Não são a melhor parte.

Aluno: É um extrato da notícia.

Professor: É como um primeiro sinal de que você está na direção certa.

Aluno: Se ficar ali, irá parar.

Aluno: Se o sujeito sair da oração para as suas ações cotidianas, o bem estar da oração irá desaparecer.

Professor: Provavelmente desaparecerá no primeiro foco de atenção, mas se ele continua se concentrando na
oração, a tendência será que ele se desligue de maneira mais intensa do mundo corpóreo.

A RECOMPENSA DA ORAÇÃO MENTAL

E se o sujeito continua se concentrando no conteúdo da oração? Ele começará a compreender melhor aquele
objeto. Surgirão intuições mais ou menos espontâneas sobre o objeto no qual ele estava se concentrando e, às
vezes, sobre assuntos que parecem não ter nenhuma relação com aquela oração. Por exemplo: pode vir uma
compreensão sobre um problema que você estava tendo e sobre como você deveria agir. Essa é uma
recompensa mais profunda, mais próxima da natureza da alma. Também é mais duradoura. Quando o sujeito sair
da oração, isso poderá ser usado como chave explicativa ou solução para vários dos seus problemas. Mas,
ainda assim, essa não é a melhor das recompensas.

O TERCEIRO ESTÁGIO: A ORAÇÃO DE QUIETUDE

Se o sujeito, em vez de voltar a sua atenção para o fato de que recebeu essa compreensão, focar-se
suficientemente, na origem dessa compreensão, ele chegará à oração de quietude. Nesse estágio, os sentidos
corpóreos desaparecem completamente, fazendo-o perder contato com o mundo corpóreo. Imediatamente
depois, ele sentirá uma satisfação imensa[1], a qual normalmente o tira desse mesmo estado. Santa Teresa
d’Ávila descreve a oração de quietude na obra “Camino de Perfección” (conferir capítulos 30 e 31).

O QUARTO ESTÁGIO: A ORAÇÃO DE CONTEMPLAÇÃO

Se, em vez de focar essa satisfação intensa, ele voltar sua atenção para a origem dessa recompensa, ele
compreenderá que veio da presença divina na alma. Então, ele tem a chance de contemplar a presença divina na
alma. E isso é oração de contemplação mesmo! Aqui o sujeito não se dirige mais para Deus, mas está com Deus.
Cada estágio de oração é um salto na direção de Deus. O último estágio não é mais [propriamente] um modo de
oração porque não é mais um voltar-se para Deus, mas é um estar com Ele. É este estar com Deus que santifica
o sujeito. É a repetição desse estado que santifica o sujeito. Porque as recompensas dos graus anteriores não
desaparecem nos estágios posteriores, mas intensificam-se aprofundam-se. Isso quer dizer que, em cada grau
que ele foi subindo, algo foi saindo dele. Algum modo de contaminação foi saindo dele. Em cada estágio sai um
modo mais profundo de contaminação. Quando o sujeito chega nesse último grau, que é de contemplação, o que
sai dele procede de um nível existencial tão profunda que ele nem percebe, mas sai de um nível ontológico dele
que é muito difícil de mudar. A primeira coisa que sai do sujeito na operação é algo fácil de sair, mas também é
fácil de voltar a entrar nele. E esse último é algo difícil de entrar no sujeito e difícil de sair. Se sair, dificilmente
voltará a ele. Isso significa que há alguns padrões de comportamento que desviam o sujeito de Deus que não
irão mais acontecer com o sujeito. Haverá algumas ações que ele não voltará a fazer. Ele nem irá querer fazê-las
novamente, nem que o ameacem de morte. É por isso que os santos dizem que não estão fazendo nada para
serem santos, pois foi a própria presença constante de Deus em suas almas que realizou aquela mudança
santificante, removendo aquele obstáculo. Por isso eles dizem:

“Eu não estou fazendo nada, não fui eu que removeu o obstáculo!”  

Aluno: E a maioria das pessoas ficam no primeiro estágio?

Professor: Sim, o comum é ficar no primeiro estágio.

Aluno: As repetições rítmicas dos judeus existem para passar ao segundo estágio?

Professor: Essas repetições rítmicas existem para que o sujeito suba de estágio em estágio. 

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Aluno: Como o rosário.

Professor: Sim, como o rosário.

Aluno: O problema do histérico é parar no prazer dos seus êxtases sem ir para o último estágio. Ele tem tanto
prazer com o êxtase que fica parado naquele estágio.

Professor: É raríssimo largar os prazeres do êxtase e ir além até o estágio da contemplação.

[Alunos fazem perguntas revisando os estágios.]

REVISÃO DOS QUATRO ESTÁGIOS DE ORAÇÃO

Professor: Revisando:

a) A oração verbal com a intenção correta causa uma limpeza na alma,um alívio.

b) No segundo grau há a oração de recolhimento em que a alma se volta para o conteúdo da oração.O efeito
disso é a compreensão.

Aluno: Assim como o Ricardo fez?

Aluno: Há divergência sobre esse assunto, pois alguns autores dizem que eu já cheguei no estágio da
contemplação.

Aluno: Pensei que primeiro deveria ocorrer a quietude da alma para depois acontecer o recolhimento.

Professor: O estágio do recolhimento é anterior à quietude e à contemplação. Esse estágio chama-se


recolhimento justamente porque a alma está distante dos sentidos, mas não está desligada. Ela recolheu-se em
si mesma. O objeto da sua atenção está dentro da sua própria alma, não está fora dela.

Atinge-se esse recolhimento da alma prestando atenção no conteúdo da oração.

Aluno: E o próximo estágio, depois do recolhimento?

Professor: Quando você atinge o estado de recolhimento e começa a ter compreensões, em vez de voltar sua
atenção para essas, deve-se voltar para a origem delas. Voltar-se para onde as compreensões vieram, conduz à
oração de quietude. E como o sujeito sabe que está nesse estágio? Ele sentirá uma satisfação imensa.

[Aluno pergunta sobre a passagem para a contemplação.]

Professor: E se, em vez de focar-se, nessa satisfação do estágio de quietude, o sujeito voltar-se para a origem
dela, chegará ao estágio de contemplação.

Aluno: É um caminho de renúncia.

Professor: Renuncia-se de algo menor para obter algo maior. São Serafim compara esses estágios com uma
sucessão de empréstimos a juros. Você empresta, recebe e já empresta de novo, sem ficar com o dinheiro na
mão.

Aluno: Quem empresta?

Professor: É você quem está emprestando. Quando você recebe uma graça na oração verbal, é como se
recebesse um dinheiro. E quando você continua na oração é como se emprestasse o dinheiro de novo.

Aluno: E se correr para casa com o dinheiro, somente ficará com aquilo.

Aluno: E emprestando você arrisca tudo de novo. Mas a sensação de limpeza da oração verbal sempre estará
presente?

Professor: Ela permanecerá nos outros estágios. 

Aluno: Não se perde?

Professor: Por que não se perde a sensação de limpeza da oração verbal? Porque, por mais avançada que seja a

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sua contemplação, você voltará à sensação de simplesmente estar vivendo neste mundo. E o contato com as
coisas irá encher a sua alma de novo.
ORAÇÃO E TENTAÇÃO: “TUDO CONCORRE PARA O BEM DAQUELES QUE AMAM A DEUS”

Professor: Qual é a diferença de atitude quando se chega no estágio de contemplação? É que o contato com
essas impressões mundanas fica cada vez mais tênue.

Aluno: E não gruda mais. 

Professor: É como se perdesse a sua força de atração magnética. Até chegar a um ponto em que a própria marca
das coisas conduz o sujeito a estados de oração. Porque as marcas do mundo sobre o sujeito passam a levá-lo à
oração. Em um certo momento, ele contemplou tantos modos da presença divina que, em certo sentido, a
presença divina imprime nele a marca de como é Deus. Então, quando vem uma marca do mundo para a mente
dele, ele imediatamente é lembrado da diferença entre aquela marca e Deus. E a própria contaminação o conduz
para cima. O diabo conduz o ser humano até um certo ponto, porque depois passará a ter um efeito contrário,
pois a própria tentação será utilizada como um meio de elevação até Deus.

Aluno: Como também acontece naquele livro do C. S. Lewis: “Cartas do diabo a seu aprendiz”. As tentações
precisavam ser mais cada vez mais sutis. Em outro livro, o C. S. Lewis contou que demorou alguns anos até
reorganizar sua mente depois da inversão que ele fez para se imaginar na posição do diabo. Para escrever
aquelas “cartas” foi como se ele precisasse colocar um espelho na própria mente e inverter tudo para imaginar
como o diabo pensaria naquela situação.

Professor: Ele precisou se identificar esteticamente com o diabo. Não foi fácil, mas o fato é que ele conseguiu
nos deixar essa obra.

[Aluno conta alguns episódios desse livro de C.S.Lewis.]

Professor: Depois do estado contemplativo, as próprias marcas desse mundo passam a ter um efeito contrário
na mente do sujeito, servindo-o para aproximar-se de Deus. Até chegar a um ponto em que o próprio diabo não
tem acesso nenhum à mente do sujeito. A simples presença do diabo já o lembra de como é Deus,
imediatamente.

Aliás, pode até ser que, mesmo sem o sujeito ter nenhum preparo, seja levado a estados contemplativos
elevados.

Aluno: Como acontecia com São Geraldo Magela, que entrava em contemplação quando simplesmente se
pronunciava o nome de Jesus ao lado dele?

Professor: Não, porque esse já é o caso de uma pessoa piedosa. Estou falando de casos de contemplação que
aconteceram com pessoas incrédulas, como é o caso do sujeito que testemunha um exorcismo. Algumas vezes,
aquela manifestação é tão contrária à ordem da realidade que ele se refugia com toda força na própria alma,
imediatamente. Isso pode levá-lo a imprimir estados de oração muito profundos. Por isso que é difícil
testemunhar algo assim e continuar levando a mesma vida depois.   

Aluno: E se o sujeito for tocado pelo Belo ou pelo Bem intensamente, isso também poderá levá-lo a esta
mudança.

Professor: Também pode levá-lo. Depende da índole das pessoas. Algumas pessoas são mais facilmente
conduzidas ao Bem pelo próprio bem, mas outras são conduzidas ao Bem pelo mal. Em geral, nós somos melhor
conduzidos ao Bem por uma combinação equilibrada de bens e males. Por isso que, em geral, temos satisfações
e problemas na vida. Porque as duas servem igualmente de instrumento para aproximação do Bem. 

“LIVRAI-NOS DO MAL”: O FRUTO DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL

Aluno: Por isso que no “Pai Nosso” se reza: “livrai-nos do mal” e não “livrai-nos das tribulações”. Porque Deus
transforma as tribulações em bens [tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus].

Professor: O pedido anterior já tratava das tribulações: “não nos deixeis cair em tentação”. E quando Ele diz
“mal” no “Pai Nosso”, ele está se referindo ao sentido supremo da palavra, que não corresponde sequer ao
diabo.

Aluno: Corresponde à ausência de Deus.

Professor: Exatamente. O mal, na verdade, é exatamente o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. No
Pai Nosso, Ele está se referindo ao fruto dessa árvore do conhecimento do bem e do mal. Que fruto é esse?
Quando se experimenta algo agradável, a alma imediatamente adere àquilo como um valor positivo: “isto é

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bom”. Quando você experimenta algo desagradável, a sua alma imediatamente repele, como se dissesse: “isto é
mau”. 

Esse é um processo inteiramente natural. Mas, uma coisa é você classificar as coisas em agradáveis e
desagradáveis, outra coisa é você dar-lhes o nome de bem e mal. Algo pode estar lhe beneficiando por uma série
de acidentes que não derivam da natureza16 dela. Suponha que um sujeito venha e me roube. Para que ele
possa me roubar, é preciso que nós estejamos no mesmo lugar ao mesmo tempo. Essa coincidência de lugar
não deriva da essência ou da natureza do ladrão, mas deriva de uma série de acidentes anteriores a ele e a mim.
Isso quer dizer que o mal que me aconteceu não deriva exclusivamente do ladrão. Deriva de um conjunto de
acidentes dos quais não posso dizer, de nenhum em particular,  que seja um mal. É um conjunto acidental que
me prejudicou. Esse conjunto inclui a vontade do ladrão de me roubar, mas isso não é suficiente para me roubar.
Mas a alma, imediatamente, aceita que algumas coisas são boas e outras são más.

Aluno: É a sindérese?

Professor: Não é a sindérese, pois esta se refere exclusivamente ao bem e ao mal moral de uma forma que é
necessariamente boa para o ser humano. Por exemplo: quando o ladrão lhe rouba, a sindérese necessariamente
lhe diz que roubar é um mal. Até aí, é perfeitamente bom. Mas, depois disso, a alma faz outra classificação:

“isso que aconteceu foi um mal para mim”.

Aluno: In abstrato e in concreto?

Professor: Em ambos. In abstrato está perfeitamente correto. Em concreto, não está necessariamente correto. O
fato, considerado in concreto, é ambíguo. E uma coisa que, in abstrato é má, pode ser concretamente boa para
mim.

[Aluno oferecem exemplos de males que se mostram bens e vice-versa.]

Professor: Ou, depois daquele roubo, você começa a refletir sobre a natureza do roubo e toma uma iniciativa
concreta que ajuda a diminuir a criminalidade.

Aluno: Você sofre um atraso e deixa de morrer em um acidente que aconteceria, depois, na próxima esquina.

Professor: Existem inúmeras possibilidades nessas combinações de acontecimento. Qual é o valor dos
acontecimentos? É simples: os acontecimentos geram movimentos da vontade. Eles movimentam seus apetites.
Os acontecimentos funcionam como lenha que queimam na fogueira dos seus desejos. Essa lenha pode ser
usada como instrumento da oração e da contemplação. É essa lenha que é usada na oração, pois ninguém reza
se não tiver um motivo. Você pode rezar para agradecer uma graça recebida ou louvar a Deus porque você sabe
algo de como Ele é ou você pode rezar pedindo para evitar que um mal lhe aconteça. Qualquer coisa que lhe
acontece pode ser usado como instrumento de contemplação.

O fruto do conhecimento do bem e do mal consiste em usar as coisas simplesmente pela classificação de bem e
de mal sem nunca transcender esse contato direto com as coisas e seus significados imediatos de bem e de
mal.

Nesse último caso, fica-se sempre circulando no mesmo plano:

“isso é bom e eu quero, aquilo é mau e eu não quero”. 

As coisas são boas e más, mas essa classificação de coisas boas e más não é absoluta. Não se pode dizer que
uma coisa [mundana] seja absolutamente boa ou absolutamente má.

O fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal consiste simplesmente em aceitar a relação que se tem com
uma coisa como uma definição da natureza da coisa em relação ao bem e ao mal. Se o sujeito faz isso, ele
tentará se aproximar das coisas boas e se afastar das coisas más. Nesse esforço, ele encontrará muitas
dificuldades, pois nunca se livrará de todos os problemas. Isso nunca irá acontecer. E nunca conseguirá obter
tudo o que é bom.

Isso quer dizer que no começo ele tinha uma cosmovisão equilibrada com coisas boas e más, mas, no decorrer
do tempo, as más passarão a predominar. Em alguma hora, até as boas serão consideradas más. Isso é
inevitável pela própria presença divina na alma. Nenhuma combinação de coisas boas irá substituir a
contemplação da presença divina. Em relação a ela, todas as coisas serão consideradas más. É assim que o
sujeito chega no gnosticismo. Esse é uma conseqüência doutrinal inevitável do sujeito pensar que

“algumas coisas são boas e outras são más; eu irei perseguir as boas e fugir das más.”

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Se o sujeito viver somente nisso, ele terminará como um gnóstico.

Aluno: Ele cansa!

Professor: Sim, porque ele nunca obterá isso. Nesse processo, ele nunca chegará em um estado de
contemplação.  Por quê? Porque são bens e males que estão no mesmo plano existencial. Então, por exemplo:
um alimento[3] e um veneno estão no mesmo plano de existência. Isso quer dizer que, ontologicamente, o grau
de bondade ou maldade deles é o mesmo. Em relação a você, pode ser diferente. Mas considerados em si
mesmo, eles são bons e maus na mesma medida. A experiência do alimento não priva o sujeito da maldade
intrínseca do veneno, assim como a experiência do veneno não faz com que o sujeito escape da bondade
intrínseca do alimento.

É a isso que o Cristo se refere quando diz que seus seguidores poderão ingerir venenos ou ser mordidos por
quaisquer cobras ou escorpiões sem que nada lhes aconteça.  Ele está dizendo que se você salta de plano a
plano, os efeitos acidentais das coisas não podem superar a sua natureza essencial. E para você, será o mesmo
um alimento ou um veneno.

Aluno: Não importa que morra, mas o que importa é que a alma se salve?

Professor: Não, pode-se chegar a um ponto em que não se chega a morrer mesmo, como Cristo falou. E isso foi
testemunhado inúmeras vezes na história.

Aluno: É isto que se pede quando se diz “livrai-nos do mal”.

Professor: Livrai-nos do mal consiste em nos livrar dessa tendência a encarar o bem e o mal das coisas como
qualificações absolutas.

Aluno: Como mal real?

Professor: Mal consiste em não ter consciência da presença divina. E bem é ter consciência da presença divina.
É a própria presença divina. 

Aluno: Mal é não aceitar o mistério. O bem é ser gnóstico e soberbo, imaginando que domina tudo.

Professor: O sujeito precisa sair dessa escala. Quando acontece algo muito agradável, nós simplesmente
aceitamos aquilo. Mas quando fazemos isso, nós não nos preocupamos em avaliar porque aquilo é bom:

“o que garantiu naquilo a potência de ser bom para mim?”

Se você observar isso, verá que aquilo que garantiu, para aquilo, a potência de ser boa, descobrirá que foi a
mesma coisa que lhe garantiu a possibilidade de que algo lhe fosse um mau.

Deus é a raíz de tudo o que acontece, seja aquilo que é bom ou mau. Então, as duas coisas são pontos de
ligação com a raíz divina, igualmente. Santa Teresa d’ Ávila afirma isso muito claramente quando, no “Livro da
Vida”, conta sua relação com as coisas boas e más: “No começo, como todo mundo, eu simplesmente
abominava as coisas ruins, como todo mundo. No decorrer do tempo, progredindo na vida espiritual, eu passei a
amar as coisas ruins como sofrimento em nome de Cristo, como um meio de imitar o Cristo na minha vida.
Nesse período, eu buscava o sofrimento e abominava as coisas boas. Desequilibrou para o lado contrário a tal
ponto que eu somente pensava em um meio de obter o martírio e obter uma morte em nome do Cristo. E eu me
envergonhava quando as pessoas percebiam os estados contemplativos que eu tinha, pois quando as pessoas
ficam muito admiradas quando percebem isso. Até que um dia, de repente, misteriosamente, passei a considerar
todas essas coisas como iguais.” 

Aluno: Ela saltou!

Professor: Isso quer dizer que a contemplação que ela teve da presença divina foi tão profunda que ela passou a
considerar as coisas como realmente são: nem boas nem más. As coisas simplesmente são utilizadas como
instrumentos. Não é que a coisa boa perdeu o seu sabor ou que a coisa má tenha perdido o seu dissabor, não é
isso. Você continua avaliando os sabores e os dissabores com perfeita clareza, mas esses sabores e dissabores
não alteram mais o rumo da vontade da pessoa.  

Aluno: Não dobram o cara!

Professor: Não será o medo que irá  impedi-lo de fazer algo, nem será o desejo que irá conduzí-lo à ação.

Aluno: Não irá arriscar a vida para obter algo que vale menos do que a vida.

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Professor: Esse estágio corresponde ao “livrai-nos do mal”. Nesse estágio, a pessoa se livrou do pecado
original, isto é, do fruto do conhecimento do bem e do mal. Assim, as coisas não são avaliadas por si mesma,
mas em referência à raíz transcendente delas. O sujeito percebe o seguinte:

“De alguns males eu devo fugir, pois Deus colocou alguns males na minha vida para eu fugir dEle. Mas outros
males eu aceito, porque assim compreenderei melhor a Deus. E igualmente com os bens: evitarei alguns e
aceitarei outros.”

Isso quer dizer que o indivíduo passa a ter uma orientação que não é dual, mas é quaternária. Existem bens
objetivos que, para eles, são bens e existem bens objetivos que, para eles, são males. Então ele busca os bens
que, para ele, são bens e se afasta dos bens que, para ele, são males. E assim por diante.

O mundo, para o sujeito fora desse estado, é como se tivesse apenas uma dimensão:

“Atrás de mim estão os males dos quais devo fugir e à minha frente estão os bens para os quais devo correr”.

Quando o sujeito chega naquele outro estágio, o mundo passa a ter latitude, como um plano, em vez de uma
linha. A experiência de que viver em um mundo como uma linha não funciona é uma experiência comum a todos
os seres humanos:

“Você faz uma coisa para fugir de um mal e lhe acontece um mal pior. Você faz uma coisa para acontecer um
bem e lhe acontece um mal. E, depois desse mal, ainda vem um bem. E depois vem um mal pior!”

Enquanto você estiver somente nessa linha, você realmente não sabe onde está, porque não tem perspectiva. É
como se andasse olhando com um olho só. Você pode ver um bem na sua frente, mas você não sabe o que vem
depois. O santo é como se vivesse em duas dimensões. Se vem um bem, ele se afasta para o lado, para saber
melhor se aquilo é um bem mesmo.

Outra característica de olhar com um olho só é não ter noção de distância. E não se percebe se o mal está longe
ou está perto. O santo já percebe a distância:

“Esse mal está tão longe que eu nem preciso tentar fugir porque não irá me alcançar. Ou outro mal está tão perto
que não há como fugir e terei que enfrentar.”

Esse desviar para o lado somente é possível quando a alma é suficientemente serena em relação aos males.
Quando não há, em relação aos males, um primeiro instinto de fugir ou de aderir, mas há um instinto de olhar e
observar.

Você também pode tomar como exemplo qualquer imagem de um campo no qual você já tenha um certo domínio
e sabe como as coisas funcionam, como geralmente acontece no seu trabalho. Com o passar do tempo, no
trabalho, você percebe que  há certos males inevitáveis e outros males que devem ser enfrentados. Quer dizer
que a experiência lhe diz essas coisas. Naquele campo a gente imita a experiência dos santos. Naquele campo,
do trabalho, a gente age em duas dimensões. Mas a gente não consegue fazer isso na vida como um todo, como
um “profissional da vida como um todo”. Ele possui a arte da vida.

[Aluno faz uma pergunta sobre o desenvolvimento desse discernimento na vida como um todo.]

O ÚLTIMO ESTÁGIO NO DESENVOLVIMENTO DA VIDA CONTEMPLATIVA

Professor: Às vezes pode parecer que está tudo bem na vida de um santo, mas ele está em um estado
contemplativo de distanciamento porque a percepção mais profunda da presença de Deus na alma é a de que
Deus está na alma, mesmo que você não perceba.

O último estágio de transcendência do relativo é a transcendência do seu próprio gosto em perceber Deus. É o
sujeito manter-se o mesmo percebendo Deus ou não porque Deus está presente no momento em que se percebe
a presença dEle e também está presente nos momentos em que não é percebido. Então, os contemplativos que
percebem com muita clareza a presença divina irão saltar disso para os momentos em que ele não percebe de
modo nenhum a presença divina. Neste caso, pode estar indo tudo bem na vida do sujeito, mas esse estado é de
sofrimento intenso. Quando a gente observa as biografias dos santos, percebe-se que quando isso começa a
acontecer nas vidas deles, geralmente ficam com a impressão de que cometeram algum pecado terrível que
provocasse tal ausência. Assim, ele começam a se perguntar:

“O que fiz para que isso acontece? Que pecado cometi?”

E não encontram nada, como aconteceu Jó. Os amigos lhe diziam que Deus se afastou dele por causa de algum

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pecado, mas ele se defendia dizendo:

“Eu procuro meus pecados e não encontro nada de errado.”

O sujeito n]ao sabe o que aconteceu. Antes disso ele pensava que Deus se aproximava com as coisas boas que
Ele fazia e se afastava com os pecados. Agora ele se vê em uma situação enigmática. Mas isso é para conduzir o
sujeito para esse último estágio.

Aluno: Então, os santos estavam passando por um inferno em vida.

Professor: A diferença deles é que a alma deles está tão limpa que eles vêem o inferno, mas não estão realmente
lá.

Aluno: A carga é proporcional à missão.

Professor: Esse estado conduz o sujeito à plenitude da virtude da esperança. Essa consiste em acreditar algo
que não merece, sem atribuir a si mesmo algum merecimento [sem achar que vai receber algo porque é uma
pessoa muito legal].

CONCLUSÃO

O fundamental nesse processo todo é que o sujeito não faça um esforço intenso para passar de um estágio de
oração a outro. O sujeito simplesmente precisa fazer um esforço para fazer o seu atual estágio de maneira muito
bem feita. E quando passar de grau, passar a se preocupar com o novo estágio.

“Vou fazer a oração vocal da melhor maneira possível, não me preocuparei com os outros estágios.“

Por quê? Porque a maior parte das pessoas não é de tipo contemplativo. Para a maior parte das pessoas, sendo
de índole ativa, a oração de quietude não irá aparecer nelas depois da oração vocal. Isso apenas acontece em
tipos contemplativos. Acontecerá apenas em outras situações da vida, quando estiver trabalhando, vivendo,
assistindo um filme, etc. Nessas situações, ele entrará em oração de quietude. Isso é muito mais comum do que
saltar direitinho à oração de quietude por meio da oração vocal.

Thalles Fonte Boa Coelho – 16/05/2021

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