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FACULDADE SÃO LUIZ

Metafísica
Professor: Luiz Carlos Berri
Acadêmico: Alexandre Johann
Data: 19/11/2020

O CONCEITO DE MOTOR IMÓVEL COMO CAUSA PRIMEIRA DO


MOVIMENTO EM ARISTÓTELES

O presente documento visa apresentar o conceito de motor imóvel como


causa primeira do movimento em Aristóteles. Sendo assim, procurou-se debruçar-se
no Livro XII da Metafísica de Aristóteles a fim de compreender e então apresentar tal
definição. Essa definição se dá na qualidade de que o motor imóvel é, de fato, causa
primeira do movimento, pois todo o movimento se dá a partir de um início, e este não
pode ser movido ou movimentar-se, pois, se assim fosse, não seria causa primeira,
mas segunda.
Para essa afirmação, Aristóteles diz de três substâncias: duas delas são
físicas e uma imóvel; e esta última se dá necessariamente. Pois o modo de ser das
“[...] substâncias, de fato, têm prioridade relativamente a todos os outros modos de
ser, e se todos fossem corruptíveis, então tudo o que existe seria corruptível”
(ARISTÓTELES, Metafísica, XII, 1071b, 1-3).1
Mas, o movimento e o tempo para Aristóteles são contínuos e não há neles a
geração e a corrupção, pois não existe uma antes do tempo e um após o tempo. E
como o tempo é uma medida do movimento, não se pode conceber tal afirmação sobre
este ou aquele.
Diante disso Aristóteles começa a conceituar o motor imóvel como um
princípio que deve ser necessariamente e eternamente. Ele não poderia ser movido,
porque, se o fosse, o que o moveria seria antes dele e ele não seria o princípio; não
poderia ter potência de se tornar algo, porque poderia mudar e mudando teria
movimento; não poderia ser matéria, porque esta é, em sua primazia, potência pura,
o que ocasionaria também um contingência neste motor.
Contudo, ainda existe um problema, pois tudo o que é ativo, está em potência;
e parece que a potência é antes do ato,2 pois toda substância precisa ter uma potência

1 ARISTÓTELES. Aristóteles Metafísica: texto grego com tradução ao lado. Tradução de


Marcos Marcionilo. São Paulo: Loyola, 2002, p. 557.
2 Cf. ARISTÓTELES, 2002, p. 559.
determinada ao ato determinado para passar a este em algum momento. Dessa foram
se percebe uma fragilidade no argumento de Aristóteles. Pois, assim, ou o motor
imóvel seria passivo, e, portanto, não haveria o movimento; ou o motor imóvel teria
potência, e nesse caso, ou não se teria um movimento necessário, mas apenas
possível, ou não se teria o princípio do movimento.
No entanto, se considerar que toda a substância precisa primeiro estar em ato
para ter uma potência, porque se não fosse assim, ela não existiria na realidade; então
toda a potência tem o ato como primazia. E isso é fundamentado no Livro XII da
Metafísica de Aristóteles, quando se diz que o motor imóvel é ato destituído de matéria
e de potência: portanto, ato puramente.
Sendo assim, é compreendido que há a necessidade de que, para que haja o
movimento, como se percebe na experiência do mundo sensível, deve haver um
princípio imóvel, ou, um motor imóvel que seja capaz de ser agente movente sem
mover-se, ou sem ser movido. Pois o princípio de algo não pode se igualar a
contingência gerada por esse princípio.
Aristóteles mostra as características do motor imóvel, mostrando a
necessidade dele como princípio do movimento: primeiramente, ele deve ser eterno,
pois o próprio movimento é eterno e, portanto, eterna é a sua causa; depois, deve ser
imóvel, porque o imóvel é causa do que é móvel e o é absolutamente; para além, deve
ser sem potência, ou ainda, ato puramente, pois se tivesse potencialidade, o princípio
do movimento seria contingente. Portanto, é indubitável que haja algo, como o motor
imóvel, que traga essas características e seja princípio de todo movimento.3
Mas se ele é imóvel como move? Poderia se perguntar isso, caso Aristóteles
no Livro XII da Metafísica não teria elucidado que o motor imóvel é movente porque
atrai para tudo para si. Ele é pensamento puro, pois o pensamento da inteligência é
arte mais elevada, e ele pensa em si, sendo pensamento, portanto. Ele move como
causa final de todas as coisas e assim torna-se causa eficiente de tudo. “Move como
o que é amado” (ARISTÓTELES, Metafísica, XII, 1072b, 3).4
Portanto, o resultado da presente pesquisa se realmente na conceituação do
motor imóvel como princípio do movimento, ou causa primeira do movimento, sendo
o movente que não se move e não é movido. Contudo, muito se fala em princípio do

3 Cf.
REALE, G. Aristóteles: história da filosofia grega e romana. Tradução de Henrique Cláudio
de Lima Vaz. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2007, 4. vol., p. 57-58.
4 ARISTÓTELES, op. cit., p. 563.
universo nos dias atuais. É preciso, pois, avançar nas pesquisas para que esta
concepção de motor imóvel possa ser empregada nas ciências empiristas e
positivistas, mostrando como é preciso considerar ainda o pensamento de princípio
de movimento de Aristóteles, visto que essas pesquisas ainda estão em
desenvolvimento e que muito precisam avançar para uma unificação do
conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Aristóteles Metafísica: texto grego com tradução ao lado.


Tradução de Marcos Marcionilo. São Paulo: Loyola, 2002.

REALE, G. Aristóteles: história da filosofia grega e romana. Tradução de Henrique


Cláudio de Lima Vaz. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2007, 4. vol.

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