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noturno. View project
All content following this page was uploaded by Henrique Luiz Caproni Neto on 15 April 2019.
Gestão e Estratégia
no Mundo do Trabalho
Maringá – Paraná
2019
2019 Uniedusul Editora
Copyright da Uniedusul Editora
Editor Chefe: Profº Me. Welington Junior Jorge
Diagramação e Edição de Arte: André Oliveira Vaz
Revisão: Os autores
Conselho Editorial
Alexandra Fante Nishiyama – Faculdade Maringá
Aline Rodrigues Alves Rocha – Pesquisadora
Ana Lúcia da Silva – UEM
André Dias Martins – Faculdade Cidade Verde
Brenda Zarelli Gatti – Pesquisadora
Carlos Antonio dos Santos – Pesquisador
Cleverson Gonçalves dos Santos – UTFPR
Constanza Pujals – Uningá
Delton Aparecido Felipe – UEM
Fabio Branches Xavier – Uningá
Fábio Oliveira Vaz – Unifatecie
Gilmara Belmiro da Silva – UNESPAR
João Paulo Baliscei – UEM
Kelly Jackelini Jorge – UNIOESTE
Larissa Ciupa – Uningá
Lourival Domingos Zamuner – UNINGÁ
Marcio Antonio Jorge da Silva – UEL
Márcio de Oliveira – UFAM
Pâmela Vicentini Faeti – UNIR/RM
Ricardo Bortolo Vieira – UFPR
Rodrigo Gaspar de Almeida – Pesquisador
Sâmilo Takara – UNIR/RM
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos autores.
Permitido fazer download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos
autores, mas sem de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
www.uniedusul.com.br
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1.........................................................................................................................5
TRANSGÊNEROS E O MUNDO DO TRABALHO
Henrique Luiz Caproni Neto
CAPÍTULO 2 ......................................................................................................................15
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DA COMUNICAÇÃO ENTRE LÍDER E LIDERADO
NAS PEQUENAS EMPRESAS DE MÓVEIS E ELETRO DE RONDON DO PARÁ
Wesley Batista Da Silva
Gustavo Passos Fortes
CAPÍTULO 3 ......................................................................................................................28
A TEORIA INSTITUCIONAL E UMA REFLEXÃO DAS TEORIAS ORGANIZACIONAIS NA ADAPTAÇÃO
AO MERCADO COMPETITIVO
Fábio Oliveira Vaz
CAPÍTULO 4 ......................................................................................................................38
O FACEBOOK COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE VENDAS NA EMPRESA PÉDEMAIS
CALÇADOS
Fábio Oliveira Vaz
CAPÍTULO 1
Henrique Luiz Caproni Neto the research carried out in the administration
area with focus on the subjects. The scarce
Universidade Federal de Minas Gerais studies carried out with these subjects
demonstrate a daily life of exclusion, discrim-
ination and transphobia in their trajectories in
RESUMO: Buscamos no presente texto the world of work and in organizations. We
analisar e trazer breves considerações so- consider that the managers and workers of
bre transgêneros, o mundo do trabalho e as the organizations should be encouraged and
organizações. Para tanto, discutimos sobre sensitized to reflect on the processes of prej-
os conceitos de heteronormatividade e ho- udice, stereotypes and stigmas that involve
mofobia relacionados diretamente com o gê- these subjects, so as to be able to implement
nero, bem como trouxemos pesquisas rea- actions that provide transgender subjects
lizadas na área de administração com foco with a better, equitable and life quality work
nos referidos sujeitos. Os escassos estudos environment.
realizados com esses sujeitos demonstram
um cotidiano de exclusão, de discriminação KEYWORDS: gender, transgender, discrimi-
e de transfobia em suas trajetórias no mun- nation, work relations, homophobia.
do do trabalho e nas organizações. conside-
ramos que os gestores e trabalhadores das
organizações devam ser incentivados e sen- INTRODUÇÃO
sibilizados para refletir sobre os processos
de preconceitos, estereótipos e estigmas
que envolvem esses sujeitos, para assim Buscamos no presente artigo anali-
poderem implementar ações que proporcio- sar e discutir acerca de sujeitos transgêne-
nem aos sujeitos transgêneros um melhor ros e sua inserção no mundo do trabalho.
ambiente de trabalho, equitativo e com qua- Recentemente, nos estudos em administra-
lidade de vida. ção brasileiros têm se discutido as vivências
PALAVRA-CHAVE: gênero, transgênero, de trabalhadores LGBT’s nas organizações
discriminação, relações de trabalho, homo- e no mundo do trabalho. Todavia ainda se
fobia. nota uma predominância de pesquisas com
homossexuais masculinos e a escassez de
trabalhos que tratam especificamente de su-
jeitos transgêneros bem como de bissexuais
ABSTRACT: We seek in the present text to (CAPRONI NETO, SARAIVA, BICALHO,
analyze and bring brief considerations about 2014).
transgenders, the world of work and orga-
nizations. In order to do so, we discuss the Thanem (2011, p. 192) enfatiza que
concepts of heteronormativity and homopho- sujeitos trans “têm atraído cada vez mais in-
bia directly related to the gender, as well as teresse entre os estudiosos de gênero nas
Buscando uma sociedade que valoriza as diferenças, tais aspectos devem ser des-
mistificados, problematizados e combatidos inclusive no mundo do trabalho para que essas
pessoas tenham acesso a uma vida digna e o acesso a um trabalho decente. Trata-se de
um tema relevante ao envolver aspectos como ética, justiça organizacional, equidade, po-
líticas de diversidade, gestão de pessoas, respeito às diferenças, responsabilidade social,
satisfação e bem-estar no trabalho.
HETERONORMATIVIDADE E DISCRIMINAÇÃO
Dessa forma, até o próprio sexo, a carne, o corpo é construído em meio às relações
de poder, já que
Gênero não é exatamente o que alguém “é” nem é precisamente o que “se
tem”. Gênero é o aparato pelo qual a produção e normalização do masculino
e do feminino ocorrem junto com as formas interseccionais de hormônios,
cromossomos, do psíquico e do performativo que o gênero assume. Assumir
que gênero sempre e exclusivamente significa a matriz do “masculino” e do
“feminino” é precisamente perder o ponto crítico de que a produção desse
binário coerente é contingente, que tem um custo, e que essas permutações
de gênero que não se encaixam no binário são tão parte do gênero como sua
instância mais normativa (BUTLER, 2004, p. 42)
Souza e Carrieri (2009), em uma perspectiva histórica e queer, salientam que ape-
nas a partir do século XIX é que se pode falar sobre gênero, mesmo não havendo uma
unanimidade quanto ao conceito, o qual passou a existir com a divisão do “homem” em dois
sexos: masculino e feminino. Essa divisão, do isomorfismo para o dimorfismo, foi incorpo-
rada pela visão “científica” tradicional como verdade inquestionável: aspecto das relações
sociais a partir das diferenças biológicas. Porém, essa visão restrita é questionada, tendo
em vista que seu intuito é naturalizar as diferenças de sexos como categorias essenciais e
a-históricas, reificando o binarismo e desconsiderando toda a diversidade e heterogeneida-
de humana.
Louro (2009) diz que a ênfase no alinhamento entre sexo, gênero e desejo fortale-
ce a heteronormatividade, demonstrando os corpos que são considerados, por exemplo,
para os sistemas de saúde, jurídico e midiático, e os quais têm que ser reeducados para
tais sistemas ou que serão excluídos e/ou punidos. Destarte, a heteronormatividade como
exercício de poder cultural e político é tratada como um processo social que vai sendo fabri-
cado, produzido, tendo, dessa forma, essa norma reiterada de um modo muitas vezes sutil.
Isso evidencia que não existe qualquer tipo de garantia de que a heterossexualidade seja
simplesmente algo natural. Havendo relações entre a sexualidade e o gênero, por exemplo,
é comum qualificar um sujeito masculino homossexual como “mulherzinha” ou como efe-
minado e supor que uma mulher lésbica seja uma mulher macho. Ao transgredir a norma
heterossexual, a identidade sexual do sujeito é afetada, e é considerada como uma “perda”
do seu gênero “original” (BUTLER, 1993).
Irigaray (2010) salienta que da análise dos discursos das entrevistadas, três cate-
gorias foram observadas: rejeição, violência e transitoriedade. A categoria de rejeição se
remete às interações familiares e sociais (principalmente a escola). A categoria de violência
também está relacionada com a categoria de rejeição, tendo em vista que todas disseram
terem sido agredidas por parentes, professores, colegas de escola e desconhecidos. E a
categoria de transitoriedade se remete à dificuldade de estabelecer relações afetivas sóli-
das. Destarte, em face das violências às quais as travestis estão expostas, o autor defende
que elas sejam também incorporadas nas discussões sobre diversidade nas organizações
Então, no tempo que eu parei, fui trabalhar com o Carnaval, eu tentei pro-
curar outra área, uma área que eu gostasse para não ter que voltar. Mas, o
preconceito ainda é muito presente na cabeça das pessoas e não me deram
oportunidade…
Teve uma situação num certo lugar que eu fui. Aí, estava sendo assim, você
entregava o currículo e já fazia a prova, que era uma prova de informática e
uma prova de português e matemática. Todo mundo que levava o currículo
fazia. E quando eu fui levar, eu fui com uma amiga minha, fui levar e a moça
pegou meu currículo e falou “aí, então tá bom, qualquer coisa, a gente entra
em contato”. Aí eu perguntei: “mas, eu não vou fazer a prova que todo mundo
está fazendo?!” A moça: “ah não, você não precisa não”.
1 Vale informar que os autores adotam o conceito de violência simbólica de Bourdieu (2003, p. 47): “[...] que se
institui por intermédio da adesão que o dominado não pode deixar de conceder ao dominante (e, portanto, à dominação)
quando ele não dispõe, para pensá-la e para se pensar, ou melhor, para pensar sua relação com ele, mais que de ins-
trumentos de conhecimentos que ambos têm em comum e que, não sendo mais que a forma incorporada da relação de
dominação, fazem esta relação ser vista como natural”.
A pesquisa de Carrieri, Souza e Aguiar (2014), com sessenta e cinco sujeitos trans-
gêneros e lésbicas de várias regiões do Brasil, também demonstram que principalmente
para as travestis é particularmente difícil conseguir um trabalho formal nas organizações
por não se encaixarem enfaticamente na matriz heteronormativa, o que faz com que es-
tejam mais propícios a atos de violência, haja vista que passam a serem vistas como não
humanas ou como objetos. Desse modo, a alternativa mais recorrente para viverem é a
prostituição “como não são considerados humanos por grande parte de seus clientes, estes
clientes tratam os travestis como objetos e não veem problema algum em agredi-los fisi-
camente. São apenas brinquedos e objetos sexuais nas mãos dos mesmos” (CARRIERI,
SOUZA, AGUIAR, 2014, p. 90). Para os autores, as pessoas trans, como buscam normali-
zar seus corpos aos modelos de gênero, ainda conseguem um maior espaço no mercado
de trabalho formal, porém quando são “descobertas” como trans costumam ser alvo de
piadas e comentários jocosos no ambiente de trabalho. Logo, concluem:
As violências interpessoais vivenciadas no trabalho têm relações estreitas
com as formas de violências simbólicas relacionadas a cada grupo, e ocor-
rem com maior intensidade contra os travestis, pois estão mais propensos e
sujeitos a sofrerem violência interpessoal por meio de agressões físicas, fato
que coloca em risco a integridade física e a vida dos travestis (CARRIERI,
SOUZA, AGUIAR, 2014, p. 79).
Baggio (2017), em pesquisa com quatro homens trans, uma mulher trans, e uma
pessoa que se considera gênero fluído, buscando explorar as percepções desses sujeitos
sobre suas relações com o trabalho e com as organizações, demonstrando as oportunida-
des restritas, as dificuldades em serem contratadas e em ficarem empregadas. Também
evidenciou a transfobia recorrente e necessidade de se passar por cisgênero em busca de
respeito no ambiente de trabalho. Nas organizações em que os entrevistados trabalham,
não há uma preocupação com a transfobia por parte dos gestores, raramente havendo po-
líticas e práticas com foco em pessoas transgêneras. Logo,
A maioria das organizações vê as identidades transgêneras como um obs-
táculo à contratação e à retenção. Outras procuram assimilá-las na norma
cisgênera, negando-lhes direitos como usar seu nome social ou seu banheiro
preferido. Algumas empresas, no entanto, tratam-nas com meritocracia e jus-
tiça. Este último paradigma está associado à presença de um sistema de voz
que permite às empresas aprender com os transgêneros. As organizações
que ouvem os funcionários comumente desenvolvem políticas e práticas a
partir desse relacionamento e tornam-se ambientes melhores para os trans-
gêneros em geral (BAGGIO, 2017, p. 369).
De modo geral, essa revisão demonstra que os sujeitos trans estão expostos à di-
versas dificuldades nas organizações e no mercado de trabalho, especialmente em decor-
rência dos processos de preconceitos embasados na heterossexualidade e na cisgenerie-
dade como normas. Como essas pessoas usualmente têm dificuldades em conseguir uma
educação formal, pela evasão escolar devido às violências transfóbicas, torna-se também
mais difícil a colocação e retenção delas no mercado de trabalho. As organizações, em sua
maioria, também parecem não se preocupar efetivamente com a inclusão dessas pessoas
em suas rotinas e no cotidiano de trabalho, apesar de muito se falar sobre responsabilidade
social a prática parece ser a da falsa inclusão ou de extrema exclusão.
BAGGIO, M. C. About the relation between transgender people and the organizations: new
subjects for studies on organizational diversity. REGE Revista de Gestão, v. 24, n. 4, p.
360-370, 19 dez. 2017.
BICALHO, R. A.; CAPRONI NETO. H. L. Análise das violências simbólicas vivenciadas por
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BULGARELLI, R. Diversos somos todos - valorização, promoção e gestão da diversi-
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BUTLER, J. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. Routledge: New York,
1993.
CARRARA, S.; RAMOS, S.; SIMÕES, J.; FACCHINI, R. Política, direitos, violência e ho-
mossexualidade: pesquisa 9ª para do orgulho GLBT – São Paulo 2005. Rio de Janeiro:
Cepesc, 2006. Disponível em http://www.clam.org.br/uploads/conteudo/paradasp_2005.pdf
acesso em 13.01.2019
DINIS, Nilson Fernandes. Homofobia e educação: quando a omissão também é signo de vio-
lência. Educar em Revista, Curitiba , n. 39, p. 39-50, Apr. 2011. disponível em http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602011000100004&lng=en&nrm=iso
Acesso em 11 de Janeiro de 2019.
FOLHA. 73% dos jovens LGBT dizem ter sido agredidos na escola, mostra pesquisa. Dis-
ponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/11/1834166-73-dos-jovens-lgbt-
-dizem-ter-sido-agredidos-na-escola-mostra-pesquisa.shtml acesso em 13 de Janeiro de
2019
SOUZA, E. M.; CARRIERI, A. P. A analítica queer e seu rompimento com a concepção bi-
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2010.
THANEM, T. Embodying transgender in studies of gender, work and organization. In: Jean-
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Oxford: Wiley, 2011. p 191 - 204.
INTRODUÇÃO
De acordo com Bharadwaj e Menon (2000) não basta ter colaboradores criativos na
organização, é preciso ter liderados que além de produzir, sejam estimulados e valorizados.
Os autores ressaltam ainda que a comunicação deve ser aberta, evitar críticas prematuras
e ter tolerância com as expectativas das pessoas; a cooperação entre o líder e os liderados
deve proporcionar um clima criativo favorecendo os relacionamentos, oportunizando um
clima de confiança entre líder e liderados. Gallon e Ensslin (2008) consideram a liderança
um fator importante para impulsionar o desempenho das equipes de trabalho e é funda-
mental para promover a gestão. Para Ellis et al. (1999), os lideres promovem disseminação
de conhecimento afetando, desta maneira, o comportamento dos subordinados e a cultura
da organização.
REFERENCIAL TEÓRICO
O liderado é apresentado como um ser total, que não poderá ter seu comportamento
interpretado de forma mecanicista e reducionista e que tem a necessidade de segurança,
afeto, aprovação social, prestigio e autorrealização (KUNSCH, 1997, p. 10). As pessoas
veem a comunicação sob a forma de publicações e mídia eletrônica, a visão da comuni-
cação parece estar centrada na postura mecanicista, olha-se para a comunicação como
processo de transmissão, diferentemente de olhar para a comunicação como um processo
de criação de conhecimento, como estimuladora do diálogo, como uma comunicação que
ajuda a criar uma realidade organizacional, que favorece o líder e o liderado (KUNSCH,
2003).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com base no estudo e interpretação dos dados empíricos obtidos, foi realizada a
discussão dos resultados da pesquisa, as categorias de análise auxiliam na classificação
dos dados após a coleta, facilitando o diagnóstico (TOZONI-REIS, 2009). Neste estudo as
categorias de análise foram baseadas nas questões de pesquisa, que por sua vez foram
determinadas pelos objetivos específicos. Por sua vez os elementos de análise surgem das
categorias de análise.
Dos cinco líderes entrevistados, quatro são do sexo masculino e uma do sexo femi-
nino, foi identificado que os líderes do sexo masculino possuem apenas o Ensino Médio
Completo e a líder feminina o Ensino Superior completo na área de educação, porém
nenhum dos líderes possuem formação em administração de empresas. A idade média
entre eles é de 40 anos e na sua maioria possuem mais de 10 anos de carteira assinada
na mesma empresa.
Nessas cinco lojas foram entrevistados um total de vinte e quatro liderados com faixa
etária entre vinte e dois e trinta e cinco anos em sua maioria. Desse total, 58% são do sexo
masculino e 42% do sexo feminino com média de 3 anos de carteira assinada na mesma
empresa, isso nos permite afirmar que há possibilidade de relacionamentos de trocas de
informações e caracteriza um relacionamento propício à confiança entre líder e liderado.
Já com relação a escolaridade dos liderados, apenas 29% possuem ou estão cursando o
ensino superior e 63% tem o ensino médio completo, como representado no gráfico 1.
Para fins de comparação com relação às respostas cedidas pelos líderes e liderados,
pediu-se que avaliassem seu grau de conhecimento acerca da missão, visão e valores da
empresa em que atuam. O quadro 2 ilustra esse universo.
Uma liderança eficaz tem sua capacidade medida pela habilidade do líder de mobili-
zar os seus liderados, dirigindo os como um grupo, a fim de fazê-los esforçar-se mais para
alcançar um objetivo comum (SHRIBERG; LLOYD, 2004). Assim, de acordo com relatos, os
líderes e liderados se aproximam conforme surge alguma necessidade, questionados sobre
os eventos de mudança ocorridos dentro da empresa, todos foram bem sucintos ao respon-
der que não houve e não está acontecendo nada que os atrapalhe a desempenharem bem
as suas funções. O quadro 3 demonstra a relação das ações que o líder utiliza para motivar
o desempenho dos liderados:
Os dados coletados corroboram com os autores Simões; Kai; Pinto (2010), ressal-
tando que os líderes da organização são vistos como agentes propulsores de motivação,
já que se preocupam em envolver seus funcionários nos processos de crescimento da
empresa e, além de estarem atentos aos caminhos que a organização está se direcionan-
Para Radloff (2015), comunicar é uma habilidade básica da experiência humana que
diferencia o homem do resto da criação. Os líderes por sua vez afirmam que envolvem os
liderados nas ações estratégicas das empresas e proporcionam treinamentos como forma
de qualificação, através das parcerias com o sindicato do comercio e o SESI - PA, e que
conhecem cada um dos seus liderados, mantendo um relacionamento fora do trabalho se
encontrando uma vez ou outra para se confraternizarem ou até mesmo se socializarem fora
do ambiente de trabalho e dentro da empresa identificam quando seus liderados necessitam
de sua ajuda.
Casos Visão geral da Satisfação dos liderados quanto a comunicação com os líderes
Caso1 Nossa comunicação é muito boa
Caso 2 Nossa relação é muito boa, sempre com profissionalismo”
Caso 3 Consigo me comunicar com ele super bem
Caso 4 A gente se dá muito bem
Caso 5 Sempre que preciso tenho acesso livre a ele
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018), com base na transcrição das entrevistas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sugere-se que esses líderes se reúnam com seus liderados ao longo do mês e
discutam as deficiências notadas pelos seus liderados, seja de motivação, seja de engaja-
mento ou qualquer outro desvio de comportamento para que juntos em equipe consigam
identificar pontos de atuação para sanar os problemas, reforçaremos ainda a condição de
confiança entre líder e liderado, para a construção de um ambiente favorável às trocas de
informações e o engajamento das equipes será trabalhado de forma mais eficiente.
ELLIS, S.; CARIDI, O.; LIPSHITZ, R.; POPPER, M. Perceived error criticality and organiza-
tional learning: an empirical investigation. Knowledge and Process Management, v. 6, n.
3, p. 166-175, 1999.
FACCO, M.; ALMEIDA, D.; AUGUSTO. G.; Bodart, C. N. MOTIVAÇÃO E CLIMA ORGANI-
ZACIONAL. Revista Foco, v. 5, n. 1, p. 12-25, 2012.
SAUNDERS, M.; LEWIS, P.; THORNHILL, A. Research methods for business students.
5 ed., London: Pearson Education Limited, 2009.
RESUMO Introdução
O presente artigo aborda uma reflexão sobre Grande parte da teoria organizacional mo-
a teoria institucional e as principais teorias derna pressupõe um mundo das organiza-
organizacionais relacionadas à instituciona- ções diferenciado e diverso, e procura ex-
lização. O texto apresenta primeiramente plicar a variação entre as organizações em
uma revisão bibliográfica sobre as principais termos de estrutura e comportamento. Sur-
teorias organizacionais, principalmente com gindo uma questão: Por que existem tantos
relação a competitividade e adaptação ao tipos de organizações?
mercado. Posteriormente um estudo biblio-
métrico quantifica o número de artigos estu- Nos estágios iniciais de seus ciclos de vida,
dados no período de 2008 a 2012 no banco os campos organizacionais apresentam
de dados da EnANPAD. Por fim o estudo uma diversidade considerável em termos de
visa demonstrar apenas uma reflexão sobre abordagem e forma. No entanto, uma vez
o tema proposto para instigar a preocupação que um campo se torne bem estabelecido,
há um impulso inexorável em direção à ho-
futura aos estudos organizacionais.
mogeneização.
Palavras-chaves: Teoria Institucional, insti-
A emergência e a estruturação de um cam-
tucionalização, competitividade.
po organizacional – organizações que, em
conjunto, constituem uma área reconheci-
da da vida institucional - como resultado de
ABSTRACT atividades de um grupo diverso de organi-
zações; e segundo, a homogeneização des-
This article is a reflection on institutional the- sas organizações e, da mesma forma, dos
ory and the main theories related to organi- ingressantes, uma vez que o campo seja
zational institutionalization. The first paper estabelecido.
presents a literature review on the main orga-
nizational theories, particularly with respect O presente artigo apresenta um levantamen-
to competitiveness and market adjustment. to bibliométrico sobre Teoria Institucional e
Later a bibliometric study quantifies the num- uma reflexão sobre as teorias organizacio-
ber of items studied in the period from 2008 nais. As teorias são compreendidas através
to 2012 in the database of EnANPAD. Fi- de uma revisão da literatura, pesquisando
nally, the study aims to demonstrate just a os principais autores sobre o tema, e desta
reflection on the theme proposed for future forma, compreendendo as teorias organiza-
concern to instigate organizational studies. cionais.
Revisão da Literatura
Teorias Organizacionais
Nas afirmações de Hampton (1983), foi Taylor através de empirismo que recebeu o título de
pai da administração científica. Para Taylor, onde quer que haja uma organização sempre
haverá uma estruturação de forma semelhante a outras organizações e com mecanismos
para melhorar a produção.
Porém, esta visão de Taylor perde espaço à escola das relações humanas, que tem por
foco o individuo cheio de necessidades e desejos dentro da organização.
Esta escola das relações humanas não conseguiu em seu tempo apresentar respostas
as mudanças ocorridas devido ao avanço tecnológico e cientifico, o que fez que a partir
da metade do século XX, surgissem novas teorias que buscaram explicar a dinâmica das
organizações.
O presente trabalho aborda como foco a Teoria Institucional e sua ligação com as teorias
organizacionais, para tanto se foca em algumas das teorias que mais se encaixam com o
perfil da institucionalização das organizações.
Uma teoria que apresenta como fundamento a ausência de uma estrutura organizacional
única que possa ser aplicada a todas as organizações. O ponto chave apresentado pela
teoria é que existe uma infinidade de fatores, internos e externos, que dificultam a aplicação
de uma estrutura pré-estabelecida.
Para Covaleski et all (1996) a Teoria da Contingência Estrutural, com sua origem nas teo-
rias clássicas e das relações humanas é a teoria mais utilizada para explicar os fenômenos
organizacionais. Também relacionada com temas ligados a estrutura das organizações,
porém não busca apresentar a melhor maneira de estruturar uma empresa, mas deixando
claro que existem várias maneiras de estruturar uma organização.
Teoria Crítica
Uma teoria que surgiu para questionar as verdades que imperavam no século XX, na ten-
tativa de abranger todas a pessoas envolvidas no processo organizacional, independente
de sua função.
Covaleski et all (1996) afirma que na teoria crítica os conflitos entre as classes sociais, o
poder das elites, são algumas das questões discutidas para a compreensão dos processos
organizacionais.
O poder de criticar tem uma grande importância para que se possa observar de diferentes
ângulos o desenvolvimento das organizações. Porém se faz necessário um cuidado para
não haver apenas negativismos, e sim uma análise dos pontos fracos e fortes da orga-
nização, buscando uma melhoria contínua dos processos e mantendo a competitividade
mercadológica.
Para que qualquer Teoria Crítica se desenvolva, é necessário de-
frontar-se com uma análise que implica julgamento de valores. Seja
porque se desenvolve uma percepção de que a vida humana “pode
ser ou deve ser tornada digna de se viver”, esse deveria ser o julga-
mento que alicerça qualquer trabalho intelectual e deveria ser tam-
bém, “apriorístico” para a teoria social. Seja porque se reconhece
que em dada sociedade existem possibilidades de melhorar a vida
humana; e estas devem ser buscadas por uma Teoria Crítica que
deve demonstrar a validez objetiva desses julgamentos, devendo
demonstrá-los em base empíricas. A análise de valores seria então
indissociável da crítica. A sociedade dispõe de recursos materiais
e intelectuais que poderiam ser utilizados para minimizar a miséria
(MARCUSE, 1979, p. 14-15).
O autor indica que é necessário negar a realidade para poder enxergar outros ângulos.
Faz-se necessário enxergar outras possibilidades dentro de uma estrutura organizacional.
Mais uma vez outra teoria organizacional demonstra a preocupação com a estrutura da
organização e as pessoas envolvidas nos processos.
Teoria da Estruturação
As relações entre as organizações e o ambiente em que elas atuam têm recebido crescente
estudo na área da administração.
A teoria da estruturação formulada por Giddens (1989) baseia-se na premissa de que sub-
jetivismo-objetivismo precisa ser reconceituado como dualidade de estrutura.
A teoria da estruturação analisa a forma dos sistemas sociais, compreendendo como são
mantidas ou modificadas as estruturas sociais.
Aprendizagem organizacional
Para FRITZ (1997, p. 10), só existem duas possibilidades para o futuro das organizações:
“Tanto podem ser modificadas e melhoradas ou são da forma que são e qualquer tentativa
de mudança não irá funcionar”.
Tudo isso tem a ver com o conhecimento e o aprendizado do ser humano. De acordo com
MARIOTTI (1999), existem estudos que mostram que o conhecimento humano vem evo-
luindo através dos tempos, em proporção inversamente proporcional ao tempo da evolu-
ção. Ou seja, se o conhecimento aumenta cada vez mais em cada vez menos tempo, um
maior número de pessoas precisa aprender cada vez mais em cada vez menos tempo.
Teoria Institucional
As origens da teoria institucional moderna são encontradas nos trabalhos de Berger e Lu-
ckman (1967), onde discutem como a realidade social é uma construção humana, que sur-
ge através da interação entre os diversos agentes nos processos sociais.
Os processos e ações que são repetidas e assimiladas por uma determinada organização
levam o nome de institucionalização, como afirma Scott e Meyer (1991).
Meyer e Rowan (1977) enfatizava que as sociedades tem muitas regras institucionalizadas
que fornecem a estrutura para a formação das organizações formais.
A Teoria Institucional, de acordo com Scott (1987), é composta por duas divisões: o velho
institucionalismo e o novo institucionalismo. O velho institucionalismo iniciou com os es-
tudos de Philip Selznic, já o novo institucionalismo está nos trabalhos de Meyer e Rowan
(1992), DiMaggio e Powell (1991, 1983), Scott e Meyer (1991).
A medida que uma inovação se espalha, alcança-se um limiar além do qual sua adoção pro-
porciona legitimidade em vez de melhorar o desempenho (Meyer e Rowan, 1977). Estraté-
gias que são racionais para as organizações individualmente podem não o ser se adotadas
por grande número delas.
O isomorfismo pode acontecer porque as formas não-ótimas são excluídas de uma popu-
lação de organizações, ou porque os tomadores de decisões nas organizações aprendem
respostas adequadas e ajustam seus comportamentos de acordo com elas. Foco no pro-
cesso de seleção.
Três mecanismos por meio dos quais ocorrem mudanças isomórficas institucionais, cada
um com seus próprios antecedentes (Meyer 1979):
Há muito a ser ganho atendendo tanto à similaridade quanto à variação entre as organi-
zações e, em particular, à mudança no grau de homogeneidade ou variação ao longo do
tempo.
As estruturas formais têm tanto propriedades simbólicas como capacidade de gerar ação.
As estruturas podem ser revestidas de significados socialmente compartilhados e então,
além das funções “objetivas”, podem servir para informar um público tanto interno quanto
externo sobre a organização.
A noção de que organizações têm aspectos simbólicos não era totalmente nova: vários
autores, ao especificarem missões da organização, arranjos estruturais ou estudarem os
membros do alto escalão organizacional, acentuaram as funções simbólicas que represen-
tavam.
Scott (2008) observa que grande parte da ausência de consenso sobre os principais con-
ceitos, métodos e formas de mensuração, na literatura especializada, deve-se à variedade
de níveis de análise considerados e ao propósito das construções teóricas reunidas sob tal
título. Identifica três grandes pilares que predominam entre os institucionalistas: o regulati-
vo, o normativo e o cognitivo.
Os institucionalistas, Meyer e Rowan (1977) que realizaram a grande ruptura com a forma
convencional de se pensar sobre a estrutura organizacional, ao destacarem seu sentido
simbólico. Propuseram, em primeira mão, a ampliação conceitual da visão de ambiente em
termos técnicos e institucionais, como facetas de uma mesma dimensão.
Deste modo, a interação entre a organização e o ambiente vão além do comportamento dos
seus membros, chegando até as suas estruturas econômicas. É desafio das organizações
encontrar recursos e transformá-los. Esta transformação certamente não faria sentido se
não levasse em conta o ambiente, afinal de nada interessa produzir algo pelo o que outros
não se interessem.
Metodologia
O presente estudo foi elaborado através de uma análise bibliométrica dos anais do
EnANPAD no período de 2008 à 2012, onde o objetivo é reforçar as bases teóricas e de-
monstrar o que tem sido escrito sobre o tema em análise.
A bibliometria de acordo com Cardoso et. al. (2005), objetiva pesquisar as publicações, de
forma a mensurar a repercussão de certos autores ou periódicos visualizando em quantida-
de e período, quanto e quando elas ocorrem.
Também se aplica uma pesquisa descritiva, que Gil (2002) afirma que o objetivo principal
deste tipo de pesquisa é descrever as características de determinado fenômeno, avaliando
possíveis relações entre variáveis.
Para a seleção dos trabalhos do banco de dados do EnANPAD dos últimos cinco anos foi
pesquisado o título ou as palavras-chave que continham o termo teoria institucional e insti-
tucionalização. Em seqüência houve uma leitura dos artigos pesquisados para verificar sua
relação com os estudos da administração de empresas e teorias organizacionais.
É percebido que em média foram publicados 2 artigos com os termos pesquisados, com
uma grande exceção no ano de 2011, onde o termo institucionalização chegou a 8 artigos
publicados e no ano de 2012 que não houve publicação.
Considerações Finais
A compreensão sobre as formas de adaptação das organizações no mercado competitivo
se torna cada dia mais essencial e estudada pelas diversas teorias organizacionais. Porém
é observado o uso isolado de uma ou outra teoria no processo decisório das organizações,
ou por falta de compreensão das teorias ou por falta de pesquisa organizacional.
O presente estudo revisou as principais teorias organizacionais com foco na teoria institu-
cional, surpreendendo-se com o banco de dados da EnANPAD que teve poucos estudos
na referente área.
Em um mercado competitivo, compreender as possíveis formas de adaptação ao mercado
é essencial para a sobrevivência das organizações.
O objetivo aqui é levantar através da bibliometria o número de estudos relacionados às teo-
rias organizacionais, mais especificamente teoria institucional. Também uma reflexão sobre
as principais teorias organizacionais.
Porém é preciso refletir sobre a importância dos estudos organizacionais para a sobrevi-
vência das organizações. Compreendendo as teorias e as praticando pode-se melhorar
processos e atingir resultados mais satisfatórios para as organizações.
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Relações duradouras, ou pelo menos, constantes, podem se dar entre compradores e ven-
dedores. Fato esse nítido na empresa estudada, PéDemais.
Esses recursos têm atraído as pequenas e médias empresas pelo seu baixo custo e rápida
mensuração de resultados, como relatam OLIVEIRA; LUCENA (2012, p. 115):
Uma das maiores funcionalidades da internet nos dias atuais, convém da
busca de informações gratuitas, podendo ser acessadas de qualquer lu-
gar onde haja uma URL na rede, e é nessas condições que as empresas
lançam tais informações, como forma de divulgar e promover seus pro-
dutos e serviços, de forma menos custosa e com uma abordagem maior.
(OLIVEIRA; LUCENA, 2012)
O Internet World Stats (site que mede o número de usuários da internet em mais de 223
países) afirma que 1,73 bilhões (25,6% da população mundial) de pessoas com acesso à
Internet no final de 2009. E esse número vem crescendo constantemente. O uso de internet
sem fio torna-se uma prática cada vez mais comum, principalmente entre os brasileiros, fa-
zendo com que o acesso à Web seja cada vez mais fácil, instantâneo e em qualquer lugar.
As facilidades criadas pela Internet impactam nos indivíduos e nas empresas. Seja pela di-
vulgação “boca a boca” de clientes satisfeitos ou insatisfeitos, seja pela atividade e presen-
ça em alguma rede social ou até mesmo a manutenção de um site ou blog, as organizações
estão claramente presentes na Internet.
Os participantes das redes sociais colocam suas opiniões, preferências e dados importan-
tes para as organizações. O que pode ajudar a melhorar sua forma de entrega de valor ao
consumidor. Nas pequenas empresas, principalmente do setor varejista, as redes sociais
são uma forma econômica e eficaz de expor seus produtos e serviços aos consumidores
presentes na Internet. Apuram-se rapidamente as opiniões dos consumidores, explicitando
ao gestor prováveis medidas de melhoramentos, num curto espaço de tempo, a serem im-
plantados nas suas ofertas.
Alguns aplicativos de venda online, podem ser adquiridos e instalados no Facebook para
vender os produtos sem que o usuário tenha que sair de sua rede social.
Marketing e a Internet
Falar de marketing é ressaltar o impacto e mudança causada nas práticas estratégicas das
empresas. Para Kotler e Keller (2009) o marketing é uma função da empresa que envolve
a criação, a comunicação e a entrega de valor diferenciado ao consumidor, com grande en-
foque no relacionamento com o cliente, ou seja, uma troca entre organização e consumidor
visando benefício de ambos.
Kendzerski (2009) complementa que “o que importa, hoje, é quem está mais bem prepara-
do para conhecer, entender, respeitar e comunicar-se com as gerações de novos consumi-
dores [...]”.
Para (OLIVEIRA; LUCENA, 2012), “o Marketing Digital ou e-marketing tem como foco a
fidelização de clientes e a personalização que interesse os mesmos, podendo quantificar
e avaliar como a estratégia de comunicação estará sendo impactada pelo mercado[...]”.
Os autores ainda afirmam que através do Marketing Digital é possível fortalecer a marca
da empresa e mensurar o quanto ela está inserida no mercado, facilitando o planejamento
baseado nas segmentações de mercado.
Nesta “Era Virtual”, enfatiza (OLIVEIRA; LUCENA, 2012), os consumidores podem estar
conectados em qualquer lugar e momento, em qualquer página ou até mesmo rede social
de sua preferência.
Tendo uma ferramenta como o Facebook em mãos, as micro e pequenas empresas podem
utilizar de estratégias de marketing, com investimentos financeiros ínfimos, criar formas de
estar presente no cotidiano de seus consumidores, atraindo e retendo o público-alvo com
conteúdos personalizados e exclusivos.
é uma rede social criada por estudantes de Harvad com o intuito de criar
uma rede de relacionamentos na faculdade, com o passar de dois meses,
várias faculdades dos Estados Unidos eram cadastradas para que seus
alunos pudessem utilizar essa rede social. O Facebook atinge nos dias
de hoje vários usuários espalhados por todos os continentes, podendo
também encontrar várias empresas, escolas entre outros que utilizam
essa ferramenta para divulgar os acontecimentos, além de estarem
sintonizados com os desejos e expectativas de seus clientes, sendo
uma ferramenta com um nível de recursos incríveis, como fotos, textos,
Fica explicitado a proporção que tomou uma rede social, criada apenas para amigos de
faculdade, que hoje é utilizada para a comunicação e venda de produtos e serviços a um
público segmentado.
A Fanpage é uma ferramenta que permite um alcance maior de pessoas, devido ao seu
número ilimitado de usuários, os chamados “curtidores”.
O próprio LUSTOSA (2012) define que “A fanpage possibilita a utilização de diversos aplica-
tivos já oferecidos pelo próprio Facebook, como enquetes, discussões sobre determinados
temas, galeria de fotos e vídeos, além de permitir a criação de aplicativos próprios para a in-
teração com os seus fãs, utilize-os da melhor forma possível sempre com o foco no cliente”.
Falar de Fanpage se torna complexo no sentido de não haver materiais científicos dispo-
níveis para uma pesquisa aprofundada sobre os aspetos teóricos de seu uso. Porém sua
utilização pelas organizações grandes e pequenas é uma realidade incontestável.
PéDemais Calçados
A primeira loja da empresa de calçados PéDemais, foi aberta na cidade de Paranavaí (No-
roeste do Paraná), no ano de 2007. A partir de 2010, passou a contar com mais 3 lojas,
todas no Paraná: mais uma em Paranavaí, uma em Umuarama e outra em Cianorte. Todas
com o mesmo foco estratégico, utilizando a Fanpage do Facebook para alcançar seus con-
sumidores.
O proprietário e idealizador da loja, Khalil Soumaile, analisou seu banco de dados de ca-
dastros dos clientes e percebeu que: a faixa etária de seus clientes não passava dos 35
anos de idade, sua maioria, sendo 70% de mulheres. Ao observar esse fato priorizou, na
abertura da segunda de loja de Paranavaí, o público feminino. E percebeu que o Facebook
poderia ser um ótimo divulgador de seus produtos e consequentemente um vendedor po-
tencial.
Para dar validade ao estudo, foi elaborada uma pesquisa em todos os concorrentes da
PéDemais, para identificar alguns aspectos: Produtos vendidos, preços praticados, idade
média de consumidores, ferramentas de comunicação com o consumidor.
Para a realização da pesquisa a empresa estuda forneceu uma lista de seus itens vendi-
dos e preços praticados. Uma entrevista estruturada foi aplicada, nos mesmos moldes da
PéDemais, para dar credibilidade nos resultados do estudo. Constatou-se que em 2 das
empresas concorrentes, os produtos vendidos eram similares e os preços com poucas di-
ferenças. Em outras 3 lojas concorrentes visitadas havia uma diferença muito grande dos
tipos de produtos oferecidos e os preços praticados eram menores que da PéDemais.
As empresas concorrentes utilizam site institucional e sites de vendas on-line, porém não
atingem os mesmos resultados e alcances em vendas que a PéDemais. Soumaile, vendo
o sucesso destas ações, ampliou o uso da FanPage com a inserção de um aplicativo de
venda online dentro do próprio Facebook e enfatizou o fato da empresa não ter site institu-
cional ou de venda-online.
O empresário afirma que não enxerga mais a empresa sem o uso desta tecnologia, dando-
-lhe a responsabilidade do sucesso nas vendas da organização. Enfatiza que além disso a
equipe sempre está preparada para entregar um atendimento diferenciado na loja. A somas
destes fatores, segundo Soumaile, leva a empresa a atingir os resultados de sucesso até
aqui.
Vale ressaltar que o empresário utiliza de outras formas de divulgação como TV, panfletos
de ofertas e outdoor, mas ao indagar seus clientes, os mesmo confirmam que vieram até a
loja por encontrar no facebook os produtos e ofertas que a loja oferece.
As empresas concorrentes também utilizam dos meios de comunicação como TV, panfletos
e outdoor.
Avaliando a empresa do referente estudo, a PéDemais Calçados, percebe-se que ela con-
seguiu atingir resultados positivos em relação a seus concorrentes do Noroeste do Paraná,
segundo pesquisa realizada com o empresário proprietário da empresa e análise das em-
presas concorrentes.
Até o final do primeiro semestre de 2013 a empresa contava com mais de 47.000 pessoas
“curtindo” a página, ou seja, recebendo informações sobre produtos e serviços da empresa
Isso mostra o alcance da rede social utilizada pela empresa e justifica o sucesso em vendas
através desta ferramenta.
Com o uso e o aumento das horas médias de acesso, a experiência da comunicação on-li-
ne deixa de ser algo limitado e estranho ao uso das pessoas.
Isso leva a que mais e mais práticas sociais relacionem-se e apresen-
tem-se no ambiente on-line. E, com isso, opiniões, experiências e expec-
tativas de todo o tipo, seja em relação às outras pessoas, a produtos ou
à política, também são expressadas na Internet de forma pública. Se as
organizações entendem o potencial disso, ganha a organização e ganha
o cidadão (TORRES, 2009, p. 42).
Com a ampliação e uso da cultura digital haverá cada vez mais conteúdo sendo comparti-
lhado pelos usuários, assim aproximando muito mais produtos e serviços dos consumido-
res, independente da posição geográfica.
Metodologia
A pesquisa utilizada nesse estudo caracteriza-se como descritiva, observando que foi ne-
cessário várias leituras sobre o assunto para a definição dos objetivos, do problema e dos
tópicos do material teórico, e de natureza qualitativa configurada em um estudo de caso.
Conforme Michel (2009, p.53) “O método do estudo de caso, utilizado nessa pesquisa, con-
siste na investigação de casos isolados ou de pequenos grupos, com propósitos básicos de
entender fatos, fenômeno sociais”.
Para GIL (2002) O estudo bibliográfico compreende etapas, como a formulação do proble-
ma, a escolha do tema a ser investigado, a elaboração do plano de trabalho, a formulação
dos objetivos, identificação, localização e obtenção de fontes que sejam capazes de forne-
cer os dados adequados à pesquisa desejada, leitura do material obtido, análise e interpre-
tação lógica dos dados e redação final do texto.
Resultados
Diante das informações coletadas e estudadas, percebe-se que a organização obteve re-
sultados positivos com a utilização de estratégias de venda através do Facebook.
Porém um fator relevante é que este sucesso se deve pelo perfil dos consumidores da em-
presa avaliada, cerca de 35 anos, o que reflete no comportamento deste consumidor, pois
está inserido e familiarizado com as tecnologias e a internet.
Não obstante citar que a organização também utiliza de comerciais na TV e jornais de ofer-
tas para reforçar sua comunicação integrada, além de uma equipe prepara para o atendi-
mento ao consumidor.
Discussão/Conclusão
Após a realização deste estudo, foi possível descobrir as características que levaram a
PéDemais Calçados a ser um caso de sucesso com a utilização de uma rede social, a já
mencionada Fanpage do Facebook.
Percebe-se o cenário que as micro e pequenas empresas passam, por não terem grandes
recursos financeiros para investimento em comunicação.
Avaliar as estratégias de uma empresa que obteve sucesso, serve de base para outras or-
ganizações repensarem seu formato na estratégia de comunicação em massa.
O Facebook é utilizado como plataforma de relacionamento e divulgação, visto que propor-
ciona um ambiente personalizado, havendo contato mais duradouro entre consumidor e
empresa. Esta ferramenta proporciona também possibilidades de utilização de aplicativos
É fato que a idade dos consumidores da empresa estudada é baixa, o que facilita o uso das
redes sociais, por se tratar de pessoas inseridas neste meio tecnológico. Fator este que
influência nos resultados obtidos pela PéDemais Calçados.
É preciso compreender que não se deve usar apenas um meio para propagação de produtos
e serviços, a comunicação através de outras mídias continua sendo uma grande arma da
comunicação integrada.
O presente artigo mostra que com as mudanças proporcionadas pela Internet, apenas as
empresas preparadas para esse formato, poderão obter os maiores níveis de sucesso.
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