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Ou pretendia.
Conhecer Gabriel Salvatore definitivamente não estava em
meus planos. Mas, aconteceu e adquiri de cara um ódio gratuito.
Ele é um moleque de 23 anos que se acha o fodedor e é o deus
do egocentrismo, só porque é absurdamente inteligente, bonito e
safo. É, tenho que admitir, sou madura o bastante para saber
separar as situações. Gabriel Salvatore é o maldito aluno mais
inteligente da faculdade inteira e eu nem mesmo compreendo
como ele pode tirar as notas mais altas sendo que vive em
baladas a semana toda. Eu acho que dizer que ele é uma
aberração, combina bem. Ele é uma aberração! Usa a
inteligência tanto para o bem, quanto para o mal. Eu o odeio,
mas ele tem um pau com piercing. O quê? Não, eu nunca
transei com ele e isso está na lista de coisas que eu jamais faria
na vida. Mas, logo você vai descobrir como sei sobre seus
dotes. Aliás, ele é bem dotado, além de ter o piercing e
tatuagens no pau.
Eu odeio os detalhes.
Há pequenos detalhes que se infiltram na mente e tornam-
se uma obsessão, tipo o fato dele possuir um piercing em seu
majestoso pau. Por mais que o odeie, eu adoraria sentar... a
mão na cara dele novamente!
Para piorar minha situação, eu descobri que ele é filho do
inimigo número 1 do meu pai. E, após descobrir esse pequeno
detalhe, descobri também que o fruto proibido é mais excitante
que qualquer outro fruto. Nada no mundo é tão excitante quanto
a sensação de embarcar em uma aventura onde você consegue
sentir a adrenalina consumindo cada parte do seu ser. Eu
preciso da adrenalina correndo forte em minhas veias, como
preciso de oxigênio para respirar.
Conhecê-lo arruinou tudo.
Ele é como um garoto selvagem.
Eu quis muito odiar Gabriel Salvatore.
Mas eu sou amante do perigo.
O perigo é sobrenome dele.
Basta descer do avião para compreender que finalmente
cheguei ao meu destino: o inferno. Como sempre, meu humor
está levemente alterado... para pior. Por Deus! Você tem que ser
muito amante do verão para suportar esse clima escaldante do
Rio de Janeiro. Eu amo esse lugar, mas amaria muito mais se o
calor não fosse tão absurdo.
Aí você vai dizer: “nossa, Ava é uma fresca, mimadinha”. Eu
não sou, até fui bastante mimada, mas, felizmente, sou uma
mulher muito despojada e nada mimada ou fresca. Tá, tudo
bem, se você me ver pela primeira vez, certamente vai pensar
que sim, eu sou uma patricinha mimada. Minha aparência grita
isso e não tenho culpa alguma. Sou alta, loira, esbelta, tenho
algumas curvas generosas, gosto de andar bem vestida e sou
realmente bonita; sem modéstia. Antes que diga merda, não, eu
também não tenho o ego inflado, mas sou bonita e não é crime
se achar bonita (desde que não seja um amor próprio
exagerado). Mas, de qualquer forma, se você me der uma
chance e conversar comigo por cinco minutos, a minha
aparência deixa de valer e talvez você até se assuste.
Voltando lá, no calor escaldante e sobre você me achar
fresca por já chegar reclamando, eu apenas sofro muito com o
calor daqui, a ponto de passar mal. Minha estação preferida do
ano é o inverno. E, convenhamos, inverno é realmente melhor,
se você parar para pensar. Não há suor, não há pele grudenta,
não há pressão caindo devido ao excesso de calor, não há
roupas grudando no corpo. Inverno, para mim, é qualidade de
vida. Agora, o verão, principalmente se for do Rio de Janeiro, é a
quase falência da minha qualidade de vida. Porém, é essa
minha nova realidade e estou feliz (tirando o mal humor pelo
calor). Pela primeira vez estou indo morar sozinha, longe dos
meus pais e da maior parte da família. Há meus irmãos, Lucca e
Victor, que moram aqui no Rio. Mas, sabiamente, fiz questão de
comprar um apartamento bem distante do condomínio onde os
dois vivem. Quero aproveitar minha liberdade e sei o quão
possessivos e controladores eles podem ser. Sendo filhos de
Matheus Albuquerque, a possessividade já está no sangue
deles.
Por falar em irmão...
Victor está me aguardando com uma cara de morto, o que é
super compreensível. São cinco horas da manhã, de um
sábado. Provavelmente ele estava em alguma balada ou
fodendo alguém e teve que sair para vir me buscar. Também não
tenho culpa sobre isso. Eu disse que pegaria um táxi, mas Victor
é um pé no saco e vai tentar bancar meu pai agora, coisa que
não vou aceitar.
— Olá irmãozinho, está destruído — digo sorridente e o
abraço. — Estava numa balada ou em algum motel?
— Numa balada e vou para um motel assim que a deixar
em casa — explica com naturalidade e pega minhas duas
malas.
— Bem feito, teve a foda interrompida, eu disse que
chamaria um táxi.
— Não. Você é mais importante que qualquer mulher e não
confio em taxistas da madrugada. — Sorrio. Eu disse que ele
era protetor, não disse? — Ainda acho que você deveria morar
no condomínio.
— Não! — exclamo de uma maneira enérgica. — Nem
comece, por favor, tenho vinte e nove anos, Victor. Passei vinte
e nove anos sob as asas do papai, agora é o momento de eu
seguir minha vida longe de controle. Nem comece, ou juro por
Deus, mudo para qualquer cidade e vocês nem mesmo ficarão
sabendo.
— Eu não sei o tipo de pessoa que você está acostumada a
lidar, mas apenas tente fugir de mim — ameaça e dou uma
gargalhada.
— Tente me controlar e nós teremos uma boa briga,
irmãozinho.
— Não sou os homens frouxos que você comanda,
irmãzinha — afirma sorrindo. Coitada da mulher que se envolver
com ele. Ele é pior da família e olha que a família é bastante
extensa. Na verdade, dizem que eu e ele somos os piores. Acho
absurdo dizerem isso de mim, uma pessoa tão angelical e
inocente.
— Lucca? — pergunto.
— Oh! — exclama de uma maneira enigmática e dá um
sorriso de lado. — Lucca, neste momento está passando muito
bem — responde rindo. — Ele está com uma dupla incrível.
— Ele está fazendo ménage? — pergunto revirando os
olhos.
— Exatamente isso. Ménage é legal, mas já passei dessa
fase. Prefiro ter uma só e ter um sexo de qualidade, intenso e
duradouro — explica.
— Interessante. Já fiz ménage, com dois homens e já dividi
um homem com outra mulher. Mas, não gostei de fazer com
outra garota, sou muito hétero... sem preconceitos, apenas não
curti a experiência. A garota pegou em meus seios e rolamos no
chão de porrada. Dividir um homem não significava que eu
estava dividindo meu corpo com ela, era apenas o homem
mesmo. — Ele joga minhas malas no chão e se vira para mim
como um animal, colocando o dedo na minha cara.
— Não diga uma merda dessas para mim — avisa puto de
raiva e eu quase quebro seu dedo. Está para nascer o homem
que vai chegar o dedo na minha cara. — Porra, solte meu dedo!
— Então pegue ele e enfie no seu orifício anal ao invés de
apontá-lo para mim, macho escroto — informo soltando-o e ele
pega as malas novamente. Irmãos são um saco, eu queria ser
filha única, mas fui contemplada com 4 irmãos, duas mulheres e
dois homens. Santa MERDA! Ele pode dizer que fez ménage e
eu não? Só porque sou mulher... ah foda-se! Já fiz mesmo e
farei novamente se sentir vontade. Odeio tabus. — Você deveria
arrumar uma namorada, sério, já está com quase 31 anos e está
muito estressadinho. Se fizesse sexo diariamente seria menos
controlador e mais feliz.
— Não estou interessado em namorar, e faço sexo quase
todos os dias. — Volta a sorri e chegamos ao seu carro. Ele abre
o porta-malas rindo e eu torno a revirar os olhos. Sabe aquele
tipo de homem que sabe que é bonito, destruidor e joga bem
com isso? Victor! Chega a ser irritante. Ele é absolutamente auto
confiante e dono de si.
Irrita, mas me inspira.
Estou irritando fácil hoje, inclusive falar de sexo também
está me irritando. Minha última experiência foi uma bosta. Eu
estava praticamente namorando com um cara, mas era apenas
pelo fato dele ser incrivelmente inteligente; porque,
sinceramente, no sexo ele era uma negação, tanto que
terminamos ontem, antes de eu embarcar rumo ao Brasil. Não
tive um único orgasmo com ele em mais de 1 mês. Sorte que
nós mulheres não precisamos de um homem para obter prazer,
temos dedos, consolos incríveis e, às vezes, mais vale um
binquedinho em mãos do que um homem problemático. Pense
só, homens tendem a ser complicados, embora eles insistam em
dizer que nós mulheres é quem somos complicadas. Então, para
evitar estresses, em alguns casos é melhor curtimos um
orgasmo sozinha (mesmo que seja infinitamente melhor ter
mãos em nossos corpos e um contato íntimo com outra pessoa).
Quando vou entrar no carro, percebo que há uma mulher
dentro dele, na frente, no banco do passageiro. Não quero
parecer chata, então abro a outra porta e me acomodo no banco
de trás.
— Olá! — digo fingindo simpatia, apoiando as mãos nos
dois bancos da frente e a encarando. Ao longo dos anos já perdi
as contas de quantas mulheres já vi Victor pegando. Altas,
baixas, gordinhas, magrinhas, boazudas, negras, pardas,
brancas, albinas, loiras, ruivas, morenas... Lilás. Sim, havia uma
que tinha os cabelos lilás. Parecia um unicórnio, mas a filha da
mãe era linda.
— Essa é Raquel. — Victor apresenta. — Raquel, essa é
minha irmã, Ava.
— Uau, você é linda! — a tal Raquel diz.
— Obrigada, você também é. Desculpa atrapalhar os planos
de vocês.
— Não atrapalhou. — Ela sorri. Merda, ela é linda, credo,
beira ao absurdo. Por que Victor não namora nunca? Essa tal
Raquel parece uma miss.
Me jogo no banco e vou em silêncio até chegarmos em meu
novo lar. Despeço da tal Raquel e ajudo Victor com minhas
malas.
— Eu levo para você — ele diz.
— Não há necessidade. Vá curtir uma manhã de sexo
intenso e duradouro — brinco imitando suas palavras e ele me
puxa para um abraço.
— Amo você, pequena, seja bem-vinda e tenha juízo.
Ligarei mais tarde para saber como está.
— Ligue bem mais tarde, vou tomar um banho e desmaiar
agora. A noite tenho uma festa da faculdade e não poderei
perder. — Ele sorri.
— Sim, senhora orientadora. Juízo, Ava. Ligue se precisar
de qualquer coisa.
— Ok, fica tranquilo, vá namorar.
— Meu pau! Namorar é o caralho! — Ele sai andando e o
porteiro do prédio, super bonzinho, surge para me ajudar com as
malas.
Quando o elevador para em meu andar, puxo as malas para
fora e vou andando rumo ao apartamento. Aqui são dois
apartamentos por andar e estou na cobertura, felizmente.
Mesmo sendo gigante para mim...
Vou com todo cuidado para não fazer alarde e então escuto
som de gemidos. Isso me faz caminhar mais devagar ainda. É
então que encontro uma cena de sexo explícito próximo à porta
do meu novo lar.
Há um homem tatuado e uma garota loira, que parece ser
incrivelmente linda e parece estar morrendo. Ela está pedindo
arrego, posso notar. Eu não quero interrompê-los; minha avó diz
que não devemos interromper fodas alheias. Por isso, encosto
em uma parede do outro lado, a uma certa distância deles e fico
acompanhando a performance do casal. O homem é bem gato,
embora eu não tenha visto tão bem seu rosto. Ele tem um corpo
incrível, braços fortes, tatuagens incríveis. Eu realmente tenho
fetiche com homens tatuados. Se o homem não tem no mínimo
uma tatuagem, ele não serve para mim e esse garoto na parede
ao lado, tem muitas delas. Há um leão cobrindo todas suas
costas, é uma verdadeira obra de arte. Leão é meu signo do
zodíaco.
Esse garoto parece ter um preparo físico invejável, porque,
enquanto a garota parece estar correndo a meia maratona, ele
está pleno, como se estivesse esparramado no sofá assistindo
TV e comendo pipoca. As mãos dele estão espalmadas na
parede e é a garota quem está fazendo todo o trabalho de
empurrar seu corpo ao dele.
Analisando melhor, ele parece estar sorrindo do sofrimento
dela. No mínimo ele é mais um babaca que sabe que é bom em
foder e se acha por isso.
Meu Deus, perdoe meus pecados...
Um arrepio que começa na minha espinha e então toma
todo meu corpo quando ele desce uma mão e puxa os cabelos
dela com força. O cara parece bom para foder... e eu novamente
estou pensando em sexo no dia de hoje. Que inferno! Que
pegada!
Chegar no Brasil, em meu novo lar, e presenciar uma cena
desse porte é sinônimo de sorte ou de azar? Aliás, quem é o
síndico dessa merda? É um prédio de luxo, em uma área nobre,
e há um casal fodendo como se não existisse mais moradores
aqui.
— Por favor, eu não estou aguentando mais, você precisa
gozar... — a garota pede atraindo minha atenção. O cara é uma
máquina? Parece que sim.
Nota dez para sua pegada.
Nota dez para seu desempenho.
Nota dez para seu corpo.
Nota mil para suas tatuagens.
Uma salva de palmas, Brasil!!! Sou a melhor espectadora
de sexo alheio que pode existir, poderiam me chamar para ser
jurada.
— Você queria me dar e agora está pedindo arrego? — Oh,
a voz dele é engraçadinha, mas não parece com a voz de um
homão destruidor. Acho que ele é novinho. Um novinho sagaz.
— Não estou tendo incentivo suficiente para gozar ainda, acho
que a bebida atrapalhou seu desempenho no dia de hoje,
Renatinha. Você já foi melhor e mais bem disposta ao sexo. —
Faço uma careta ao ouvir o nome. Renatinha... eu não curti esse
nome, definitivamente. Me perdoem as Renatas, mas Renatinha,
no diminutivo, é... prefiro não falar. Aliás, deveriam evitar nomes
no diminutivo, é escroto. Renatinha, Paulinha, Claudinha...
— Faz muito tempo que estamos aqui...— ela protesta e ele
suspira, demonstrando frustração. Dá vontade de rir, imagino
como ele está se sentindo frustrado. É o mesmo tipo de
frustração quando o homem goza rápido e nos deixa a ver
navios. Renatinha é fraquinha, deveria procurar um Crossfit,
uma academia qualquer, praticar umas atividades físicas, ter
uma alimentação balanceada. Eu sou faixa preta em Jiu-jitsu,
faço musculação, Crossfit e Muay Tay. Talvez eu deveria dar
umas dicas para ela, mas estou cansada e não vou interromper
a foda de ninguém. Só queria minha cama.
Eu não sei em qual momento o jogo inverte, mas o homem
me pega em flagrante, o observando e minha cara nem queima.
É ele quem deveria ter vergonha de estar se expondo dessa
maneira, não eu. Aliás, ele é bem bonito e possui piercings na
orelha e no nariz. Um estilo rebelde, interessante. Mas, tem um
defeito, parece ser mais novo que eu. Sempre tem que ter um
defeito. A vida é bem cruel mesmo.
Sustento seu olhar e o vejo me analisar de cima a baixo.
Então ele sai de dentro da garota e eu engulo a seco ao ver seu
membro ao vivo e em cores, literalmente. Há algo prateado
brilhando na ponta de seu pau e ele parece possuir tatuagens
também... ali. Quem em sã consciência tatua o pau? Eu sou
mulher, mas imagino o quanto isso deve doer. Eu quase quero ir
até ele e pedir para verificar de perto, mas contenho meus
impulsos. Então, ele faz algo inusitado, começa a se tocar, me
encarando. Eu não quero olhar, mas não consigo desconectar
meus olhos da cena. Estou cometendo uma infração gravíssima
e perigosa, mas ele se tocando é bem quente. Me sinto no site
do Red Tube acompanhando masturbações masculinas, só que
essa é ao vivo e parece mais quente. Em outra situação eu já
teria meus dedos dentro de minha calcinha, mas, nesta, só me
resta olhar. Acho que tornei seu “incentivo”. Quão errado é
permitir isso? Ele é ousado e corajoso. Eu poderia processá-lo e
ganharia a causa. Mas, ao invés disso, estou atenta aos
movimentos.
Ele se tocando... uau.
Duro, forte e rápido...
Eu sou uma amante da masturbação. Amo me masturbar e
amo ver homens se masturbando. Na minha opinião,
masturbação é conhecer a si mesma, é ter um nível elevado de
intimidade com o próprio corpo. Eu acho lindo um homem se
masturbando. Imagino que, quando ele faz isso, é pela mais
pura necessidade de se fundir em outra pessoa, é o desejo
gritando alto. Necessidade e desejo são excitantes. Não existe
nada melhor do que transar com alguém desesperado de
desejo.
Ele solta um gemido que me faz gemer junto quando goza
na bunda da garota. Eu tapo minha boca quando percebo que
meu som atraí o olhar da garota. Merda! Eu gemi para um
desconhecido. Mais que depressa fico em uma postura
confiante, seguro minhas malas e caminho rumo ao
apartamento, passando pelos dois. Estou tentando fingir que vê-
los transando não causou um impacto.
— Desculpem-me, eu odeio atrapalhar fodas, por isso
esperei vocês concluírem o ato — digo sem encará-los. — A
propósito, vocês deveriam transar dentro do apartamento de
vocês, há vizinhos, tipo eu. Hoje estou tranquila porque estou
com sono, mas se estivesse em um dia difícil, não toleraria esse
tipo de situação.
— Quem é você? — a garota pergunta com uma voz
insuportável e se vira para o garotão do pau com piercing. —
Quem é ela, Gabriel? — Gabriel... interessante. Gabriel e
Renatinha, que bosta!
— Ava Albuquerque, Renatinha. Aliás, já que estamos
“íntimas”, você deveria tomar uns energéticos ou algo assim,
para aguentar foder. Agora me deem licença, porque estou
morta. Só mais um aviso, espero que seja a última vez... eu sou
louca, completamente louca. Além de louca, sou advogada e
adoro foder pessoas, nos mais diversos sentidos.
Abro a porta, jogo minhas malas no chão e dou um sorriso
angelical antes de batê-la na cara dos dois. Por fim, fico rindo.
Esse tipo de situação só acontece comigo. Não é a primeira vez
e, provavelmente, não será a última. Só que agora a situação é
um pouco diferente das outras, o tal Gabriel tem um maldito
piercing no pau e tenho certeza que essa imagem vai me
perseguir por um tempo.
Eu só não esperava que o tal Gabriel fosse bater em minha
porta no início da noite e muito menos esperava fazer outras
descobertas sobre ele.
Há algo que vocês precisam saber: homens quando veem
uma mulher gostosa, eles olham mesmo. É isso, independente
de qual seja a circunstância, nós olhamos. É como se isso já
fizesse parte de nós desde o nascimento.
É isso que acabou de acontecer.
Um conselho: ouçam sempre os conselhos de sua mãe.
Minha mãe ficou meia hora me dando sermão antes de eu
pegar estrada e voltar para o Rio de Janeiro. Em um dos trechos
ela dizia: “mantenha seu pau com piercing dentro da cueca”, eu
ignorei por completo e até ri. Com poucas horas que cheguei ao
Rio, meu pau com piercing começou a trabalhar furiosamente.
Até aí tudo bem, sexo é algo normal e saudável. Sou jovem,
bem disposto, cheio de saúde e testosterona. Acontece que
duas coisas deram errado: Renatinha não conseguiu me
satisfazer. Então, já desistindo de continuar, eu virei para o lado
e encontrei a personificação do erotismo. É escroto, eu sei,
tendo em vista que havia uma garota quase de quatro para mim.
Mas, é sério o que eu vou dizer, aliás, eu nunca disse isso sobre
qualquer mulher, mas preciso dizer sobre essa. Ela tem uma
cara de atriz pornô que nem mesmo as atrizes pornôs possuem.
O que é aquela pintinha acima da boca? Puta que pariu! Quando
fui informado sobre um novo morador, podia apostar que seria
uma família, um casal com dois filhos e um cachorro, já que o
apartamento é tão gigante quanto o meu. Eu não esperava a
porra de uma mulher fodidamente quente, linda e gostosa. É aí
que a desgraça começa. Não satisfeito ao pegá-la em flagrante
me analisando, eu esqueci da existência da Renatinha, foquei
na mulher e toquei uma punheta rápida sob seu olhar faminto.
Sim, a mulher, além de todos os atributos físicos, parecia ter
fome de sexo, tanto que ela soltou um maldito gemido quando
gozei.
Como se desgraça pouca fosse bobagem, eu sou o síndico
do prédio e ela pode resolver levar esse meu delito ao Conselho
de moradores.
Comecei o ano com o pé direito, definitivamente.
— Você gozou por ela? — Renatinha pergunta atraindo
minha atenção.
— Por ela quem? Está louca?
— A vizinha! — exclama visivelmente irada. Fui pego em
flagrante. — Você gozou por ela.
— Claro que não, princesa. Eu estava fodendo você. Eu
nem mesmo conheço a vizinha — digo pegando minha blusa no
chão e limpo minha porra espalhada em sua bunda. Pego o
preservativo que descartei assim que saí de dentro dela e
caminho para entrar em meu apartamento.
Mulheres, entendam: homens solteiros que dizem não
querer relacionamento, não são confiáveis. Somos cafajestes e
mentimos, o tempo todo. Para aumentar ainda o nível de
canalhice, nós sempre debatemos os questionamentos de uma
maneira carinhosa que envolve apelidos como “princesa, minha
linda, etc.” Na maioria das vezes dá certo e as mulheres caem,
mesmo que fiquem relutante por um tempo.
— Você gozou por ela sim! — Renatinha diz possuída atrás
de mim e eu me viro para vê-la arrumando o vestido.
— Você vai começar a atormentar essa hora da manhã? —
questiono e ela suspira frustrada. — Foi você quem me fez
gozar, minha linda. Era por você que eu estava duro o tempo
todo — argumento.
— Estou indo embora! — avisa e eu sou um homem que
não tem paciência para lidar com dramas, por isso, taco o foda-
se.
— Ok, vai gozada mesmo? Nem um banho?
— Eu tomo banho em casa. — Levanto os ombros e ela
bate à porta. Ela quem sabe.
Pior coisa que existe é quando uma garota que você fica
começa a se iludir e se sente no direito de surtar. Mulheres são
os seres mais complicados do universo. Por mais que eu tenha
um dom em lidar com elas, às vezes é bastante complicado
compreendê-las. Tipo agora. Eu não dou meio dia até que ela
esteja me mandando uma mensagem. Só vai demorar um pouco
porque, no fundo, ela sabe que eu realmente gozei pela vizinha.
E eu sei a porra toda que está passando na mente dela. Neste
momento ela está na luta interna se deve acreditar em seus
instintos ou em minhas palavras falsas. Ela vai ficar nessa
batalha por um tempo, então vai acreditar em minhas palavras
porque, simplesmente, está gostando de mim mais do que
deveria e prefere se apegar a qualquer merda que eu dê, na
esperança de conseguir me conquistar. Mas aí vem uma
questão, homens não curtem mulheres óbvias e que
demonstrem excesso de fraqueza. Logo, se você acredita que
deve aceitar toda e qualquer merda que oferecemos, suas
chances são quase nulas.
É o que é.
Carência excessiva, apego, submissão completa, são três
coisas que todas as mulheres deveriam evitar. O apego é como
um balde de água fria em nós homens. Gostamos de desafios,
de auto confiança, de atitude. Eu posso dizer por mim, não
busco uma “filha” que eu tenha obrigação de ficar mimando.
Busco mulheres adultas, bem resolvidas, independentes
emocionalmente. Porra, isso me deixa louco. Pena que esse tipo
de mulher está escasso.
Retiro minha roupa, tomo banho, faço um lanche e vou
direto para a cama. Ontem o dia foi tumultuado. Viajei de MG
para cá e já cheguei indo para uma festa.
DIAS DEPOIS
[←1]
Workaholic é uma gíria em inglês que significa alguém viciado em trabalho
[←2]
Atuou como atriz pornô entre 2014 e 2015.
[←3]
I Wish – Infected Mushroom.
[←4]
Golpe usado no Jiu-jitso.
[←5]
Pessoa que tem a voz esganiçada.
Table of Contents
Introdução
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo Final