Você está na página 1de 3

3º Exercício

Aluna: Joyce Micaelli


         Conforme sabemos, dentre inúmeros outros aspectos, fazem parte da cultura:
costumes, hábitos, religiosidades, preconceitos, práticas alimentares, artes,
brinquedos, brincadeiras, músicas, indumentárias, literatura, etc., etc. Desse modo, a
cultura se difunde na sociedade através de muitas formas.
            Partindo destas ideias, tente desenvolver o exercício seguinte:
1.    Aqui está a letra de uma canção.
 
Olha, lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu
E Jesus prometeu coisa melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Que vai dar um vestido pra Maria
Que vai dar um roçado pro João
Entra ano e sai ano e nada vem
E o sertão continua ao Deus dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isso tem que se acabar
Eu também estou do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem que arranjar
Um jeitinho pra viver.
Pergunto:
a) Que título você daria a esta letra? (Se você conhece, invente outro).
Deus há de prover.

b)    Do que nos fala esta letra?


 Crença popular, a esperada solução dos problemas pelo divino. 
2.    Da sua livre escolha, transcreva a letra de uma música, especificando:
a) Autoria
Chico Buarque
b) Intérprete
Chico Buarque
Construção
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e desgraça que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

3. Explicite seus comentários sobre o que tal música (escolhida por você) lhe diz, de uma
perspectiva antropológica (portanto, sobre cultura).

Esta canção retrata a vida e a morte de um trabalhador da construção civil, o setor que mais se
expandiu durante o governo militar, enfatizando disparidades, pobreza e injustiça social,
reforçando a irrelevância da classe operária numa sociedade consumista, comandada por
valores materiais e não morais. É uma bandeira de luta política contra a ditadura militar
brasileira.
O operário é sacrificado para manutenção da “construção”, que poderia ser entendido como o
sistema econômico e social o qual sustentava o regime.  No desfecho o trabalhador morre
tragicamente no ambiente de trabalho e sua força de trabalho é anulada de modo a não mais
favorecer o sistema “morreu na contramão atrapalhando o tráfego”.

Você também pode gostar