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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO 1ª VARA DE TÓXICOS

COMARCA DE SALVADOR

Tipo penal: Art. 33, caput, da Lei 11.343/06

Proc. nº. XXXX.XX.XXXX.X.XX.XXXX


Autor: Ministério Público Estadual
Acusado: Igor Curió

IGOR CURIÓ, anteriormente qualificado nos autos em epígrafe, por sua advogada ao final
firmada (procuração anexa), vem respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar DEFESA
PRELIMINAR, com fundamento no artigo 55, da Lei 11.343/06, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostos:

DOS FATOS

O denunciado foi autuado em flagrante delito, porquanto em 14/03/2022, nas imediações do bairro
da Graça, Salvador/BA, após ser abordado numa blitz realizada por policiais militares que, ao
realizarem busca no interior do veículo, encontraram aproximadamente 100 (cem) gramas de erva
aparentando ser Cannabis Sativa (Maconha). Neste caminhar, Igor Curió foi devidamente
apresenta à autoridade competente e todas as formalidades do Auto de Prisão em Flagrante foram
respeitadas.

Relatado o inquérito policial, realizada a perícia nos termos do art. 50, da Lei 11.343/2006, o
delegado decidiu remeter os autos ao Juízo para oferecer denúncia em desfavor do indiciado pela
prática dos crimes descritos nos artigos 33 e 35 da Lei 11.343/06.

Entretanto, no presente caso a denúncia deve ser rejeitada pelos motivos e fundamentos que se
passa a expor:
DO DIREITO

Preliminarmente - Da inépcia da inicial acusatória

Com efeito, não estão presentes os requisitos que possam dar embasamento ao recebimento da
denúncia.

O acusado fora abordado numa blitz e consigo estava um pacote com produto aparente que se
assemelhava a Cannabis Sativa, mas, no entanto, o resultado da perícia atestou negativo para a
substância ilícita, pois, em verdade, a perícia atestou que a substância se tratava de Tabaco
orgânico, droga lícita em território nacional.

Com efeito, nenhum ato de traficância foi presenciado pela autoridade policial que possa
corroborar suas alegações, sendo certo que o acusado não incorreu em crime algum.
O art. 41 do Código de Processo Penal exige que a denúncia ou queixa deve apresentar
pormenorizadamente os fatos e circunstâncias, o que no presente caso não ocorreu, pois trata-
se de atipicidade, portanto manifestamente inepta a inicial, nos termos do 395, I, do CPP.

Posteriormente, antes de encaminhar os Autos de Prisão em Flagrante para o Juízo da audiência


de custódia da Capital, nos termos do art. 50, da Lei 11.343/2006, o Delegado percebeu que a
perícia atestou negativo para Cannabis Sativa – Maconha - em verdade, a perícia atestou que a
substância se tratava de Tabaco orgânico, droga lícita em território nacional.

NO MÉRITO

Da acusação de prática de tráfico - art. 33, da Lei 11.343/006

Nesse ponto, importante salientar que nos autos, o laudo preliminar de constatação para aferir
tratar-se de drogas as substâncias apreendidas no auto de prisão em flagrante, foi NEGATIVO
PARA DROGAS, portanto ausente a materialidade delitiva, o que fere o art. 50, § 1º, da
Lei 11.343/06.

Outrossim, nenhum ato de traficância foi presenciado pelo policial militar condutor da
ocorrência, nem tampouco arrolado outras testemunhas estranhas ao quadro da polícia para
corroborar a tese acusatória, o que demonstra falta de justa causa para persecução penal.

Portanto, não há qualquer motivo para que a denúncia seja recebida e faça o acusado sofrer o
dissabor de responder a um processo criminal, que por si só gera imensurável constrangimento.

Da desclassificação para o delito do art. 28, da Lei 11.343/006


Em caso de improvável recebimento da inicial acusatória, o que se admite somente em respeito
ao princípio da eventualidade, importante insistir que nenhum ato de traficância foi presenciado
e que a suposta droga apreendida na verdade trata-se de Tabaco orgânico.

Ainda, o acusado encontra-se preso perante à autoridade policial, sem qualquer prova nos autos
que possa desabonar suas alegações.

Portanto, com relação ao crime do art. 33 da Lei 11.343/06, deve ser desclassificado para, se
for o caso, o do art. 28 do mesmo diploma legal, acatando o depoimento do acusado em sede
policial.

DO PEDIDO

Por todo exposto, requer seja rejeitada a denúncia oferecida pelo representante do Ministério
Público, com fundamento no artigo 395, I e III, do Código de Processo Penal, como medida de
justiça.

Por fim, que seja arquivada a denúncia por se tratar de fato atípico.

Termos em que, pede deferimento.

Salvador, 16 de março de 2022.

Karina Vaz
OAB XXXX/BA

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