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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

Curso: Direito
Período: Laboral
Ano: 4º
Cadeira: Direito Bancário e Seguros

Tema: Análise em torno da solicitação de BI pelas Instituições de Credito


Aos clientes no momento do depósito

Discente:
Ana Paula Augusto do Rosário

Docente:
LLM. Aldo Covane

Quelimane
Setembro de 2018
Análise em torno da solicitação de BI nos balcões das Instituições de Crédito para fazer
depósitos

Associando este este fenómeno ao Direito Bancário, é de referir que o mesmo tem o seu
enquadramento na matéria/questão de Branqueamento de Capitais e Financiamento ao
Terrorismo.

Tem sido solicitado este documento, e outros, para melhor identificar os clientes que
efectuam transações em número de vezes, e valores de modo a controlar o branqueamento de
capitais.

Nestes termos as Instituições financeiras (particularmente), visto que a lei faz também
menção as Instituições não financeiras, devem pautar pelo uso de mecanismos com vista a
prevenir e sancionar a utilização do sistema financeiro para branqueamento de capitais,
financiamento do terrorismo e crimes conexos.

Desta feita, foi criada a lei 14/2013de 12 de Agosto (lei de prevenção e combate ao
branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo), e o seu respectivo regulamento
(Decreto 66/2014 de 29 de Outubro). E com isto foi também emitido pelo Banco de
Moçambique (BM) o Aviso nº 4/GBM/2015 de 17 de Junho.

A Lei n.º 14/2013, de 12 de Agosto, doravante designada Lei de Prevenção e Combate ao


Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo, foi aprovada com vista a
adequar o conteúdo do regime jurídico do combate e prevenção do branqueamento de capitais
aos padrões normativos internacionais de prevenção e combate dessas práticas ilícitas, numa
altura em que as mesmas vêm ganhando proporções cada vez mais consideráveis.

Com base no artigo 4º da lei 14/2013 de 12 de Agosto, comete o crime de Branqueamento


de capitais aquele que, intencionalmente ou devendo ter conhecimento:
 Converter, transferir, auxiliar ou facilitar qualquer operação de conversão,
transferência de produtos do crime, no todo ou em parte, de forma directa ou
indirecta, com o objectivo de ocultar o dissimular a sua origem ilícita ou de auxiliar a
pessoa implicada na prática das actividades criminosas a eximir-se das consequências
jurídicas dos seus actos;
 Ocultar ou dissimular a verdadeira natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou titularidade de produtos do crime ou direitos relativos a eles;
 Adquirir, possuir a qualquer título ou utilizar bens sabendo da sua proveniência ilícita
no momento da recepção.

Por outro lado, comete o crime de financiamento de terrorismo (art. 5º da lei 14/2013 de
12 de Agosto) aquele que por quaisquer meios, directa ou indirectamente e intencionalmente
fornece ou recolhe fundos, com a intenção de que sejam utilizados ou sabendo que serão
utilizados, no todo ou em parte, para levar a cabo um acto terrorista ou por um terrorista
individual ou por uma organização terrorista. É indiferente a verificação da ocorrência do
acto terrorista para a verificação do crime de financiamento do terrorismo ou que os fundos
fornecidos tenham efectivamente sido utilizados para cometer tal acto.

Para um melhor controlo da prática de actos de branqueamento de capitais, o novo regime


jurídico de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo
estabelece um conjunto de deveres especiais a serem observados pelas instituições
financeiras, destacando-se a introdução do dever de comunicar transações suspeitas a que
passam a estar adstritas.
As instituições de crédito estão obrigadas nos termos do artigo 9 e 10 da lei 14/2013
conjugado com os artigos 10 alínea b) do decreto 66/2014 e artigo 6, a:

 identificar os seus clientes e verificar a sua identidade mediante documento


comprovativo e válido, o dever de exame de qualquer actividade susceptível de poder
estar relacionada com o branqueamento de capitais e com o financiamento do
terrorismo, o dever de colaborar com as autoridades judiciais competentes bem como
com o GIFM, fornecendo informações sobre operações realizadas pelos seus clientes
e representantes ou apresentando documentos relacionados com as respectivas
operações, bens, depósitos ou quaisquer outros valores à sua guarda;

Portanto, deve sempre ser apresentado documento que seja emitido por entidade competente,
que contenha fotografia actual do titular se aplicável que esteja dentro do prazo de validade,
como seja, bilhete de identidade para o caso de pessoas individuais.

Sempre que hajam suspeitas da pratica de crime, as instituições de credito devem recusar a
operação e enviar informações sobre a transação ao GIFIM (Gabinete de Informação
Financeira).

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