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LÍNGUA PORTUGUESA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD


Língua Portuguesa – Profª. Ms. Silvana Zamproneo e Prof. Felipe Aleixo

Meu nome é Silvana Zamproneo. Sou graduada em


Letras pela Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de
Araraquara e mestre em Linguística e Língua Portuguesa
pela mesma instituição. Antes de ingressar no mestrado,
fui bolsista do CNPq em nível de aperfeiçoamento por dois
anos. Atualmente, dedico-me à pesquisa em estudos da
linguagem e leciono Linguística e Língua Portuguesa em
cursos de Letras nas modalidades presencial e a distância, além de Língua Portuguesa em
outros cursos de graduação. Será uma satisfação trabalhar com você e espero contribuir
para a sua formação profissional.
E-mail: silvanazlopes@uol.com.br

A autora agradece a colaboração do Prof. Felipe Aleixo,


pelas suas contribuições aos temas desenvolvidos, bem
como pela revisão técnica dos conteúdos abordados.

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Silvana Zamproneo
Felipe Aleixo

LÍNGUA PORTUGUESA
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
  © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

  469 Z29l

Zamproneo, Silvana
Língua portuguesa / Silvana Zamproneo, Felipe Aleixo – Batatais, SP :
  Claretiano, 2013.
208 p.

ISBN: 978-85-67425-82-5

1. Comunicação. 2. Linguagem. 3. Gramática. 4. Texto. 5. Leitura crítica.


6. Produção de Texto. I. Aleixo, Felipe. II. Língua portuguesa.

CDD 469

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 11

Unidade  1 – COMUNICAÇÃO HUMANA: ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO,


FUNÇÕES DA LINGUAGEM, FALA E ESCRITA
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 39
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 39
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 40
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 41
5 ESQUEMA DE COMUNICAÇÃO............................................................................ 44
6 FUNÇÕES DA LINGUAGEM.................................................................................. 47
7 FALA E ESCRITA.................................................................................................... 57
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 60
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 63
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 63

Unidade  2 – TEXTO, COERÊNCIA E COESÃO


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 65
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 65
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 66
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 67
5 CONCEITO DE TEXTO E FATORES DE TEXTUALIDADE........................................... 70
6 COERÊNCIA......................................................................................................... 78
7 COESÃO............................................................................................................... 80
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 102
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 109
10 SUGESTÕES DE LEITURA...................................................................................... 109
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 109

Unidade  3 – SUBSÍDIOS GRAMATICAIS


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 111
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 111
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 112
4 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 113
5 CRASE.................................................................................................................. 113
6 COLOCAÇÃO DOS PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS ÁTONOS............................ 119
7 PONTUAÇÃO: USO DA VÍRGULA.......................................................................... 125
8 CONCORDÂNCIA VERBAL.................................................................................... 130
9 CONCORDÂNCIA NOMINAL................................................................................ 134
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 135
11 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 143
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 143

Unidade  4 – INTERPRETAÇÃO, ANÁLISE E PRODUÇÃO TEXTUAL:


TÓPICOS DO TEXTO E DO PARÁGRAFO
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 145
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 145
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 146
4 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 146
5 LEITURA DE TEXTO.............................................................................................. 147
6 OS TÓPICOS DO TEXTO........................................................................................ 149
7 O TÓPICO E A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO........................................................ 157
8 QUESTÃO AUTOAVALIATIVA................................................................................ 163
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 164
10 SUGESTÕES DE LEITURA...................................................................................... 164
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 164

Unidade  5 – ESTRUTURAS DISCURSIVAS: DESCRITIVA, NARRATIVA E


PROCEDURAL
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 167
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 167
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 168
4 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 168
5 ESTRUTURA DESCRITIVA..................................................................................... 169
6 ESTRUTURA NARRATIVA...................................................................................... 175
7 ESTRUTURA PROCEDURAL.................................................................................. 178
8 QUESTÃO AUTOAVALIATIVA................................................................................ 179
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 180
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 180
Unidade  6 – GÊNEROS DISCURSIVOS: RESUMO E DISSERTAÇÃO
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 183
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 184
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 184
4 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 184
5 RESUMO.............................................................................................................. 185
6 DISSERTAÇÃO...................................................................................................... 192
7 QUESTÃO AUTOAVALIATIVA................................................................................ 206
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 206
9 SUGESTÕES DE LEITURA...................................................................................... 207
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 207
Claretiano - Centro Universitário
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Comunicação e linguagem. Texto: conceito, tipologia e estruturação. Fatores de
textualidade: coerência e coesão. Aspectos gramaticais relevantes à produção
textual. Dissertação, resumo e resenha. Leitura crítica, interpretativa e analítica.
Produção de textos.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Língua Portuguesa. Neste Ca-
derno de Referência de Conteúdo, você encontrará o conteúdo bá-
sico das seis unidades.
Esperamos que você amplie seus conhecimentos de língua
portuguesa e aperfeiçoe sua habilidade de comunicação oral e es-
crita, de forma a dominar as condições de recepção e produção
textual. Além disso, tomará contato com teorias sobre os gêneros
e as estruturas de discurso que lhe auxiliarão a produzir diferen-
10 © Comunicação e Linguagem

tes tipos de texto, de acordo com as exigências das diferentes si-


tuações comunicativas. Nosso objeto central de estudo, portanto,
será o texto.
Em seu cotidiano de estudante de Graduação e em sua futura
prática profissional, é importante que você tenha desenvolvido as
capacidades de: produzir textos claros, lógicos, coerentes e coesos,
respeitando as diferentes estruturas discursivas; ler e analisar tex-
tos, relacionando-os ao contexto sociocultural; comparar diferentes
gêneros discursivos, observando sua organização e sua estrutura,
bem como os recursos linguísticos utilizados; reconhecer estraté-
gias argumentativas utilizadas por um autor e saber utilizá-las na
sua produção textual; relacionar as informações explícitas no texto
às implícitas; analisar criticamente diferentes temas presentes em
textos e seus enfoques.
Para cumprir tais objetivos, selecionamos alguns assuntos
que serão abordados neste material. Iniciaremos a primeira uni-
dade com uma discussão acerca das características da linguagem
humana e da comunicação animal. Em seguida, apresentaremos
os seis elementos envolvidos no esquema de comunicação, quais
sejam: remetente, destinatário, contexto, mensagem, contato e
código, e as funções da linguagem a eles relacionadas (emotiva,
conativa, referencial, poética, fática e metalinguística, respectiva-
mente). Encerraremos a unidade com a abordagem dos fatores
que diferenciam a fala da escrita.
Após a apresentação das noções básicas da Teoria da Comu-
nicação, na segunda unidade, iniciaremos o estudo do texto, to-
mando como ponto de partida o conceito de discurso e de texto,
os fatores de textualidade, sobretudo a coerência e a coesão.
Na terceira unidade, abordaremos alguns assuntos de gra-
mática normativa que são relevantes para a produção de um texto
coeso e de acordo com a norma padrão da língua.
Na quarta unidade, daremos atenção à interpretação textual.
Para isso, analisaremos os chamados tópicos discursivos, ou seja,
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

os assuntos abordados em um texto. Verificaremos que ao assunto


central há outros relacionados, compondo-se, assim, uma estrutu-
ra hierárquica de tópicos. Na sequência, estudaremos o tópico e a
estrutura do parágrafo, com ênfase no parágrafo dissertativo.
As duas unidades finais têm como assunto, respectivamente,
as estruturas e os gêneros de discurso. Destacaremos, na quinta
unidade, as estruturas descritiva, narrativa e procedural, esta úl-
tima típica de textos instrucionais, como bulas de medicamento,
manuais de eletrodoméstico etc. Encerrando o Caderno de Refe-
rência de Conteúdo, apresentaremos, na sexta unidade, algumas
estratégias de elaboração de resumo e de dissertação argumen-
tativa.
Após esta introdução apresentaremos, a seguir, na seção
Orientações para estudo, algumas orientações de caráter motiva-
cional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar
o seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO


Abordagem Geral
Prof. Felipe Aleixo

Neste tópico, apresentar-se-á uma visão geral do que será


estudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos princi-
pais deste livro-texto de forma breve e geral e terá a oportunida-
de de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No
entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um referen-
cial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, com ética e com responsabilidade social.
Inicialmente, é preciso que você entenda o porquê de es-
tar estudando Língua Portuguesa no seu curso de Graduação. Será
que você, ao longo de, aproximadamente, 12 anos de estudo na

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12 © Comunicação e Linguagem

Educação Básica, ainda não aprendeu português? Será que você


não sabe a língua portuguesa? Ora, se isso está passando pela sua
cabeça, pare de pensar nisso já!
Toda pessoa que tem uma língua materna (no seu caso, mui-
to provavelmente, o português) e que a utiliza para comunicar-se
com outra pessoa, fazendo-se entender, sabe essa língua. Quando
nascemos, adquirimos a língua das pessoas que estão ao nosso re-
dor, criando, no nosso cérebro, uma gramática particular, que nos
permite selecionar palavras e combiná-las a fim de transmitir uma
mensagem ao nosso semelhante. Portanto, você, ao falar a língua
portuguesa, sabe, inconscientemente, utilizá-la e, assim, domina,
ao menos, uma variante dela.
Entretanto, não há apenas uma forma de se utilizar a língua
a que pertencemos. É aí que entram em questão os níveis de lin-
guagem.
Imagine a seguinte situação: você está em um barzinho,
quando, de repente, chega alguém e diz: "Por obséquio, o senhor
poderia trazer-me uma garrafa de água?". Certamente, a sua rea-
ção seria de estranhamento.
Agora, imagine outra situação: você está assistindo a um jul-
gamento, e o juiz diz ao réu: "Como nóis decidiu, 'ocê' 'tá' conde-
nado 'pelos crime' que cometeu". Você também estranharia um
juiz falando dessa forma em um tribunal, não estranharia?
Pois bem, como você pode perceber, há várias maneiras de se
dizer algo, seja de modo mais formal, seja de modo mais informal.
Assim, em um ambiente em que não se exija tamanha formalidade,
não é preciso tomar tanto cuidado com a sua língua falada (tal como
em um barzinho); da mesma forma, em um lugar em que se exija tal
formalidade, assim devemos proceder também (tal como em uma
sessão de julgamento). Devemos optar, então, pelo uso da variante
padrão da língua ou da variante não padrão. Nesse sentido, cumpre
destacar que se entende por língua padrão as normas eleitas como
modelo, consagradas dentro das possibilidades de realização em um
sistema linguístico (CUNHA; CINTRA, 2007).
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Da mesma maneira em que há diferença entre a forma de se


falar, há, também, diferença entre usar as duas modalidades em
que a língua se apresenta: fala e escrita.
Na fala, tem-se mais liberdade para se produzir aquilo que o
falante quer exteriorizar, uma vez que é ela dinâmica. Já na escrita,
é preciso maior cuidado com o modo de se expressar, a fim de que
haja sucesso na compreensão das ideias transcritas no papel (ou
em qualquer lugar em que se consiga escrever, como, por exem-
plo, nos meios digitais). Dessa forma, para escrever, precisamos
ter conhecimento de um sistema padronizado estabelecido por
convenção, o qual é chamado de ortografia. Por meio desta, con-
seguimos representar, graficamente, a linguagem verbal humana.
É assim que explicamos o porquê de você aprender língua
portuguesa no seu curso de Graduação: aprender a colocar "no
papel" as suas ideias, obedecendo à norma padrão da língua, de
maneira que outras pessoas consigam entender aquilo que você
escreveu. Logo, objetivamos aperfeiçoar a sua habilidade em es-
crever textos.
Você deve ter percebido que ora nos referenciamos à pala-
vra "língua", ora fazemos uso do vocábulo "linguagem". Há dife-
rença entre ambos?
Alguns estudiosos da linguagem não fazem essa diferenciação.
Contudo, há aqueles que dizem que cada um desses conceitos se
refere a uma "coisa" diferente (Saussure e Chomsky, por exemplo).
Para Cunha e Cintra (2007, p. 1), linguagem:
[...] é um conjunto complexo de processos – resultado de uma certa
atividade psíquica profundamente determinada pela vida social –
que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma LÍN-
GUA qualquer.

De acordo com os autores, usa-se esse termo, também, para


designar-se o sistema de sinais utilizado para estabelecer comuni-
cação entre as pessoas. Assim, segundo esses estudiosos, "desde

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14 © Comunicação e Linguagem

que se atribua valor convencional a determinado sinal, existe uma


linguagem" (2007, p. 1).
Já a língua, para os gramáticos:
É um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Ex-
pressão da consciência de uma coletividade, a LÍNGUA é o meio por
que ela concebe o mundo que a cerca e sobre ele age. Utilização so-
cial da faculdade da linguagem, criação da sociedade, não pode ser
imutável; ao contrário, tem de viver em perpétua evolução, parale-
la à do organismo social que a criou (CUNHA; CINTRA, 2007, p. 1).

Em síntese, ambos os conceitos estão relacionados à comu-


nicação humana. Na linguagem, pensada num sentido macro, es-
tão inseridas todas as formas de que o homem se utiliza para se
comunicar, seja por meio da pintura, da dança, da mímica, entre
outras. Já a língua está relacionada à forma verbal de interação
entre as pessoas. Esta se apresenta, como mencionamos, nas mo-
dalidades escrita e falada.
Passemos, então, a partir de agora, a estudar a linguagem
verbal humana, utilizada, sobretudo, para estabelecer comunica-
ção.
Para que tenhamos em mente como se dá o processo de co-
municação, observe o diálogo a seguir:
— Luís, você pode me emprestar o seu carro hoje à noite?
— Infelizmente, não, porque ele está quebrado.
Como você pode perceber, nesse exemplo estão em tela dois
interlocutores, ou seja, dois indivíduos que estão participando de
uma conversa. Nesse diálogo, há alguém que precisa de um favor
do seu amigo e, por essa razão, pede a ele algo por meio de uma
manifestação verbal. Nesse caso, o primeiro interlocutor é o emis-
sor de uma mensagem; e Luís, o segundo interlocutor, é o recep-
tor (ou destinatário) dessa mensagem, a qual contém em si o con-
teúdo da informação. Para transmiti-la de forma bem-sucedida, foi
preciso que ambos falassem uma mesma língua, ou seja, dominas-
sem o mesmo código de comunicação. Além disso, foi necessário
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

que os dois falantes estivessem inseridos num mesmo contexto


para saber que essa mensagem se referia a determinada entida-
de, a um determinado referente. A mensagem, que estabelece a
interação entre eles, foi transmitida graças ao fato de se ter usado
um canal, isto é, de o emissor ter transformado a sua ideia em
material sonoro (por meio de seu aparelho fonador) e transmiti-lo
ao seu receptor por intermédio do ar. Cada um desses elementos
(emissor, mensagem, receptor, código, referente e canal) é utiliza-
do, pois, para se estabelecer comunicação.
Já dissemos que, na comunicação, emitimos mensagens, as
quais são codificadas pelos sistemas de signos. Essas mensagens,
por sua vez, são estruturadas, concretizadas, em textos (falados
ou escritos), que são, em última instância, o produto concreto de
uma codificação linguística.
Assim, o texto é a manifestação concreta, estática, de uma
atividade discursiva realizada por um emissor e por um receptor,
que têm determinados propósitos comunicativos e que estão in-
seridos no mesmo contexto. Emissor e receptor são os sujeitos do
discurso. Pertencem a uma sociedade, têm determinada cultura
e estão inseridos em algum momento da história. No discurso, ao
contrário do texto (que, como dissemos, é estático), há uma di-
namicidade no processo de enunciação, iniciando-se quando da
sua codificação pelo emissor e encerrando-se na decodificação do
receptor.
Segundo Halliday e Hassan (1976), o texto é uma passagem,
falada ou escrita e de tamanho qualquer, que forma um todo uni-
ficado. Em outras palavras, ele não é apenas uma sequência de
vocábulos; é, sobretudo, uma "unidade semântica", ou seja, uma
unidade não só de forma, mas também de significado, que con-
tém um sentido no contexto, uma textura (ou textualidade).
Então, se o texto é considerado como uma unidade, pode-se
inferir que ele não é formado por palavras isoladas ou frases desar-

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16 © Comunicação e Linguagem

ticuladas. O texto é um conjunto cujas partes estão ligadas umas


às outras, de tal forma que se percebe claramente o seu sentido,
havendo um arranjamento ordenado de ideias.
Para compreender melhor, observe o trecho a seguir:
Hoje trabalhei demais. Maria usa saias. Os meninos me disseram
que brincaram na praia. Saudade! Empresta-me o seu lápis? Brigou
comigo, entretanto vai fazer frio. Queremos água, por isso ele quer
saber se há ferramentas para consertar o carro.

Você consegue apreender uma unidade de sentido nesse


exemplo? Há uma lógica no ordenamento das frases? Consegue
perceber esse trecho como uma situação possível de comunica-
ção? Você o consideraria como um texto?
Muito provavelmente, você respondeu "não" a todas essas
questões – e com razão. Temos, no exemplo anterior, uma sequên-
cia desordenada de frases, um amontoado de ideias "jogado" no
papel, sem lógica alguma – enfim, um caos linguístico.
Agora, compare esse trecho com o excerto a seguir:
Quaresma era considerado no arsenal: a sua idade, a sua ilustração,
a modéstia e honestidade de seu viver impunham-no ao respeito
de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dig-
nidade, não prorrompeu em doestos e insultos. Endireitou-se, con-
certou o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:
—Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo
aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a emanci-
pação da Pátria (BARRETO, L. O triste fim de Policarpo Quaresma.
Disponível em: <http://www.culturatura.com.br/obras/Triste%20
Fim%20de%20Policarpo%20Quaresma.pdf >. Acesso em: 29 jun.
2010).

Conseguiu perceber a diferença entre ambos? No excerto da


obra O triste fim de Policarpo Quaresma, conseguimos, por meio
da ordenação dos vocábulos, das orações e das frases, compreen-
der o que o narrador deseja transmitir ao seu leitor; em outras
palavras, conseguimos entender o sentido do que está escrito.
Obviamente, podemos, então, considerar o segundo trecho
como um texto, uma vez que nele estão claras as intenções comu-
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

nicativas de seu produtor. É em virtude de esse trecho ter textuali-


dade que conseguimos notar a diferença entre um texto e um não
texto. A textualidade é conferida ao texto por meio de sete fatores
facilmente identificados, a saber:
a) intencionalidade;
b) aceitabilidade;
c) situacionalidade;
d) intertextualidade;
e) informatividade;
f) coesão;
g) coerência.
Na Unidade 2, você estudará cada um desses fatores de tex-
tualidade. No entanto, dois desses fatores serão estudados com
mais detalhes: a coesão e a coerência textuais. Esses são os fato-
res que estão mais centrados no próprio texto.
A coesão, segundo Fiorin e Savioli (2004), é o nome que se
dá à conexão interna entre os vários enunciados presentes no tex-
to. É por meio dela que as ideias apresentadas em uma produção
escrita são interligadas.
Para Koch (1999), a coesão constitui um fator de textualida-
de altamente desejável, tendo em vista o fato de ela configurar um
mecanismo de manifestação superficial da coerência. Assim, para
a linguista, o conceito de coesão textual (dividida por ela em dois
grandes grupos, quais sejam, a coesão referencial e a coesão se-
quencial) relaciona-se a "todos os processos de sequencialização
que asseguram [...] uma ligação linguística significativa entre os ele-
mentos que ocorrem na superfície textual" (KOCH, 1999, p. 19).
Portanto, é muito importante que, na construção de seus
textos, você se atente aos mecanismos que utilizará para conectar
as suas sentenças, ou seja, aos mecanismos de coesão textual.
Muito importante é, também, atentar-se à coerência do tex-
to, a qual, para muitos estudiosos, se trata de um fator extrema-
mente vinculado à coesão.

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18 © Comunicação e Linguagem

De acordo com Antunes (2005, p. 176) "[...] coerência é uma


propriedade que tem a ver com as possibilidades de o texto funcionar
como uma peça comunicativa, como um meio de interação verbal".
Grosso modo, a coerência está ligada à lógica do texto, ou
seja, à não contradição dos fatos apresentados; ela é a proprieda-
de de dizer-se que um texto faz sentido.
Mas como assegurar a coesão e a coerência nos textos cons-
truídos por você? Para isso, é importante que você tenha, inicial-
mente, alguns conhecimentos de gramática.
Há diversos tipos de gramática, mas, aqui, estudaremos al-
guns subsídios relacionados à Gramática Normativa, que é aquela
que estabelece regras para a língua, defendendo que existe um
padrão linguístico que deve (ou deveria) ser seguido por todos.
Pois bem, nos textos escritos, devemos nos atentar quan-
to à forma que escrevemos, pois não podemos transgredir as re-
gras prescritas pela gramática. É por essa razão que, na Unidade 3,
apresentamos alguns subsídios gramaticais.
Inicialmente, apresentamos um conceito que é incompreen-
dido por muitos, mas que não carrega tanta dificuldade assim. Es-
tamos falando da crase.
Em síntese, crase nada mais é do que a fusão de duas vogais.
Para ser mais preciso, ela ocorre quando "juntamos" um "a" arti-
go definido feminino e um "a" preposição. Por exemplo, quando
temos um verbo que exige a preposição "a" e, em seguida, um
substantivo feminino que pode ser determinado pelo artigo "a",
teremos crase. Observe a frase seguinte:
Eu vou à escola hoje.
Para verificarmos se nessa situação realmente ocorre crase,
devemos tomar, inicialmente, o verbo da oração, que, no caso, é
"ir", conjugado na 1ª pessoa do singular (eu) no Presente do Indi-
cativo. Agora, veja: quem "vai", vai a algum lugar. Obrigatoriamen-
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

te, devemos utilizar, em virtude do uso do verbo "ir", a preposição


"a" para continuar o que estamos dizendo ou escrevendo. Uma
vez confirmado o uso dessa preposição, necessitamos observar
o substantivo que vem na sequência. No exemplo, temos o subs-
tantivo "escola", que é feminino. Sabe-se que um substantivo é
feminino se se conseguir colocar um artigo feminino ("a", "as") an-
tes dele. Inferimos, pois, que "escola" admite o uso do artigo "a",
pois poderíamos dizer perfeitamente, por exemplo, que "a escola
é moderna" (perceba que esse "a" artigo é diferente do "a" prepo-
sição!). Logo, se o verbo exige preposição e o substantivo admite o
artigo feminino, ficaria estranho escrevermos:
Eu vou a a escola hoje.
A fim de não causar esse estranhamento, unem-se os dois
"as” e acrescenta-se um acento grave (`). Como resultado final,
temos: à – eu vou à escola hoje.
Viu só? Não é tão difícil como você imaginava! Há, ainda,
algumas outras regras para determinar o uso ou não da crase, as
quais você estudará na Unidade 3.
Assim como a crase, que é marcada na escrita, devemos
tomar cuidado, também, com relação à colocação dos pronomes
oblíquos quando estão ligados a verbos, os quais são átonos (não
são tônicos). Os pronomes oblíquos átonos são os seguintes: "me",
"te", "se", "nos", "vos", "o", "a", "os", "as", "lhe" e "lhes"; eles são
excelentes mecanismos de coesão textual, pois fazem referência a
substantivos do texto, impedindo, assim, que haja uma repetição
vocabular exagerada. Assim, o pronome é aquele que serve para
representar um nome (substantivo e adjetivo).
Com relação à posição dos pronomes oblíquos átonos diante
de um verbo, podemos ter:
• Próclise: ocorre quando o pronome está anteposto ao
verbo. Exemplo: "Ele te contou a novidade?”.
• Ênclise: ocorre quando o pronome está posposto ao ver-
bo, ligado a ele por hífen (-). Exemplo: "Empresta-me o
seu livro?”.

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20 © Comunicação e Linguagem

• Mesóclise: ocorre quando o pronome está inserido no


verbo. Exemplo: "Arrepender-me-ei de ter dito isso?”.
No Brasil, a próclise é preferida na língua falada, ao contrário
de Portugal, que prefere a ênclise. A mesóclise, na fala, está prati-
camente extinta.
Porém, como você já sabe, a língua escrita é uma modali-
dade diferente da língua falada. Nela, não importam as preferên-
cias deste ou daquele país; é preciso seguir as regras estabelecidas
pela gramática.
Para saber, então, quando devemos utilizar próclise, êncli-
se ou mesóclise, precisamos identificar alguns elementos que são
atrativos de pronome oblíquo, bem como reconhecer situações
em que se deve usá-lo ora antes, ora depois, ora no meio dos ver-
bos.
Cada uma dessas situações também será apresentada a você
na Unidade 3.
Outro mecanismo obrigatório utilizado na língua escrita é a
pontuação. O ponto-final (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os
dois-pontos (:), o ponto de interrogação (?), o ponto de exclama-
ção (!), as reticências (...), as aspas (" "), os parênteses ( ), os col-
chetes ([ ]) e o travessão (–) são os sinais de pontuação que usa-
mos em nossos textos. Cada um deles tem uma função específica
e deve ser usado nos locais adequados.
Em meio a todos esses sinais de pontuação, um dos mais
complexos é a vírgula. Nas séries iniciais da Educação Básica,
aprendíamos que a vírgula era utilizada para marcar os locais em
que a pessoa deveria "respirar" quando fosse ler um texto. Infe-
lizmente (ou muito felizmente), a vírgula não tem nada a ver com
respiração. Ela é um marcador textual ligado, sobretudo, à sinta-
xe da língua escrita. Para dominá-la, é preciso, por exemplo, ter
conhecimentos acerca de sujeito e predicado, conjunção, objetos
direto e indireto, entre tantos outros.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

É por ser tão complexa que, para este estudo, a vírgula foi
eleita, dentre os sinais de pontuação, para ser estudada e bem
compreendida.
Encerrando os estudos de subsídios gramaticais, apresenta-
dos na Unidade 3, apresentaremos a você a relação de concordân-
cia estabelecida entre sujeito e verbo e entre dois nomes. Estamos
falando, respectivamente, de concordância verbal e de concor-
dância nominal. Utilizar-se desses conhecimentos na hora de pro-
duzir um texto escrito é de fundamental importância.
Segundo Abreu (2003, p. 157), a concordância:
[...] é um processo pelo qual as marcas de número e pessoa de
substantivos ou pronomes são assumidas por verbos e as marcas
de gênero e número de substantivos são assumidas por adjetivos,
artigos, pronomes e alguns numerais (grifo do autor).

De forma mais específica, o estudioso afirma que a "[...]


concordância que envolve adjetivos, artigos, pronomes e alguns
numerais é chamada de concordância nominal [...]" e que "[...] a
concordância que envolve o verbo é chamada de concordância
verbal” (ABREU, 2003, p. 157, grifos do autor).
É importante deixar claro que a concordância facilita ao lei-
tor a compreensão do texto, pois, por intermédio dela, consegui-
mos seguir, inconscientemente, as ideias apresentadas, bem como
estabelecer conexão entre as várias sentenças elencadas. Por isso,
a concordância também é considerada um mecanismo responsá-
vel por realizar coesão textual.
Como você pode perceber, todo o conteúdo tratado tem
como objeto de estudo central o texto. Para dar continuidade a
esse estudo, é preciso, ainda, saber que um texto escrito envolve
dois aspectos: a produção, que é o processo de elaboração, e a
leitura e interpretação, que estão relacionadas à forma como se
apreende o texto.
No seu dia a dia de estudante, você precisa ler, interpretar,
analisar e discutir muitos textos, sobretudo nesta modalidade de

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22 © Comunicação e Linguagem

ensino, a Educação a Distância. Será que, para realizar os seus es-


tudos, você está lendo e interpretando adequadamente os con-
teúdos disponibilizados nos materiais instrucionais? É disso que
trata a Unidade 4. Nela, você aprenderá como realizar de forma
bem-sucedida a leitura de um texto.
Muitas pessoas têm o hábito de, nos seus estudos, "correr
os olhos" no material, lendo-o apenas uma vez. Essa não é uma
maneira satisfatória de adquirir conhecimento por meio da leitura.
Para entendermos bem um texto, é necessário lê-lo várias vezes.
Inicialmente, devemos realizar uma leitura rápida, a fim de que
entremos em contato com o assunto e tenhamos uma noção geral
do todo que ele compreende. Feito isso, é hora de buscar no dicio-
nário o significado das palavras desconhecidas e de anotar as per-
guntas suscitadas pelo texto. Além disso, devem-se identificar as
partes principais que o compõem, o tema de que ele trata, a tese
defendida, as estratégias argumentadas, bem como os significados
e os sentidos veiculados.
Procedendo dessa forma, faz-se uma análise da produção
escrita, permitindo que se decodifiquem adequadamente todas as
informações nela contidas.
O primeiro passo para a leitura de um texto é perceber de
que assunto ele está tratando, ou seja, o tópico textual. A partir
disso, começa-se a análise. Por meio da Unidade 4, então, você vai
descobrir, também, como interpretar e analisar um texto, partindo
do seu tópico central. Além disso, você aprenderá qual é a estru-
tura ideal de um parágrafo e perceberá que ele possui, também,
um tópico.
Na sequência, abordaremos, na Unidade 5, algumas das di-
ferentes estruturas discursivas em que o texto pode se edificar: a
descritiva, a narrativa e a procedural.
A estrutura descritiva é aquela em que apresentamos as ca-
racterísticas de lugares, objetos, pessoas (física e psicologicamen-
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

te), animais, situações, entre outros. Como o próprio nome indica,


é o tipo de texto em que descrevemos algo. Segundo Fiorin e Sa-
violi (2000, p. 298), na descrição, não se relatam:
[...] as transformações de estado que vão ocorrendo progressiva-
mente com pessoas ou coisas, mas as propriedades e aspectos des-
ses elementos num certo estado, considerado como se estivesse
parado no tempo.

Assim, o fundamental em uma descrição é que não haja re-


lação de anterioridade e/ou posterioridade, ou seja, não se deve
ter uma progressão temporal, tendo em vista que é essencial ha-
ver uma relação de simultaneidade entre os enunciados elencados
nesse tipo de produção.
Observe, a seguir, um exemplo de texto descritivo apresen-
tado por Fiorin e Savioli (2000, p. 297):
Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares,
bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das me-
sas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito cami-
nha lento e nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.

Nesse trecho, são descritos alguns aspectos de determinado


momento de determinado lugar. Nele, realizam-se descrições simul-
tâneas, ou seja, não se pode dizer que uma coisa ocorre cronologi-
camente anterior à outra; poder-se-ia até inverter a sequência dos
enunciados sem que se alterasse a relação cronológica entre eles.
Na narração, porém, há essa relação de anterioridade e pos-
terioridade, uma vez que uma das condições para ter-se uma nar-
ração é haver um tempo definido para o discurso.
De acordo com Fiorin e Savioli (2000, p. 289), "texto narrati-
vo é aquele que relata as mudanças progressivas de estado e que
vão ocorrendo com as pessoas e as coisas através do tempo". Ao
contrário do texto descritivo, na narração, não se consegue alterar
a sequência dos enunciados sem se interferir radicalmente no sen-
tido da produção escrita.
Fiorin e Savioli (2000, p. 300) apresentam o mesmo exemplo
apresentado anteriormente, mas adequando-o a uma estrutura
narrativa:

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24 © Comunicação e Linguagem

Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade toda se agitava


naquele clima de quase tumulto típico dessa hora. De repente, uma
escuridão total caiu sobre todos como uma espessa lona opaca de
um grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, insuficien-
tes para substituir a iluminação anterior.

Você conseguiu perceber a diferença entre os dois textos?


No narrativo, apresentam-se fatos concretos, tal como no descri-
tivo; porém, esses fatos estão compreendidos em um tempo de-
finido, havendo, assim, uma relação explícita de anterioridade e
posterioridade.
As estruturas procedurais são as que ocorrem nos gêneros
discursivos instrucionais, ou seja, nos textos em que se apresenta
o "passo a passo" para se realizar alguma ação. Em outras pala-
vras, esse texto, como o próprio nome indica, revela procedimen-
tos que devem ser obedecidos para que determinada ação seja
executada. Observe o exemplo a seguir:
Bolo nega maluca
Ingredientes
• 3 xícaras de farinha de trigo;
• 1 xícara e 1/2 de açúcar;
• 2 xícaras de chocolate (ou achocolatado) em pó;
• 1 xícara de óleo;
• 1 xícara de água fervente;
• 3 ovos;
• 1 colher de fermento em pó.

Cobertura:
• 1/2 lata de leite condensado;
• 1/2 xícara de leite;
• 1 colher de manteiga;
• 5 colheres de achocolatado em pó.

Modo de Preparo
Massa:
1. Em um recipiente misture todos os ingredientes, menos a água
fervente e o fermento.
2. Quando essa mistura estiver homogênea, adicione os outros
ingredientes.
3. Despeje em uma forma untada, e leve ao forno médio por 30
minutos aproximadamente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

Cobertura:
1. Derreta a manteiga na panela e adicione o leite condensado, a
manteiga e o achocolatado.
2. Mexa até desgrudar do fundo da panela (ponto de brigadeiro).
3. Cubra e recheie o bolo depois de assado (TUDO GOSTOSO.
Nega Maluca. Disponível em: <http://tudogostoso.uol.com.br/
receita/19132-bolo-nega-maluca.html>. Acesso em: 28 jun. 2010).
Como você pode perceber, nesse texto, que é a receita de
um bolo, indicam-se os procedimentos para realizar uma tarefa.
Outros exemplos de textos que se utilizam de estruturas proce-
durais são: manuais em geral (de carro, de eletrodoméstico etc.),
bulas de medicamento, receitas culinárias, regras de jogo etc.
Por fim, na última unidade, você aperfeiçoará o seu racio-
cínio lógico e a sua capacidade de abstração e de articulação do
pensamento. Mas como vai fazer isso? Ora, com a leitura, inter-
pretação, análise e discussão de textos. É nessa unidade que você
treinará, ainda, a sua capacidade de síntese, aprendendo a elabo-
rar resumos. Finalmente, estudará a dissertação, que é o tipo de
texto mais utilizado nos meios acadêmicos.
É importante que você se atente bem a essa seção sobre os
textos dissertativos, uma vez que é por meio desse gênero discursi-
vo que você deverá elaborar o seu Trabalho de Conclusão de Curso.
Esperamos que, com o estudo de Língua Portuguesa, você
consiga aperfeiçoar as suas habilidades relacionadas à língua escri-
ta e, assim, obtenha sucesso em sua vida acadêmica e profissional.
Lembre-se de que manter contato contínuo com o texto é uma das
melhores alternativas para compreendê-lo; para isso, basta que
você leia constantemente!

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhe-
cimento dos temas tratados em Língua Portuguesa. Veja, a seguir, a
definição de seus principais conceitos:

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26 © Comunicação e Linguagem

1) Adjetivo: segundo Cunha e Cintra (2007, p. 259), o adje-


tivo é "essencialmente um modificador do substantivo".
Para Neves (2000, p. 173), os adjetivos "são usados para
atribuir uma propriedade singular a uma categoria (que
já é um conjunto de propriedades) denominada por um
substantivo". Para a autora, o adjetivo pode servir tanto
para qualificar um substantivo, quanto para subcategori-
zá-lo.
2) Advérbio: o advérbio é um modificador do verbo; en-
tretanto, pode reforçar o sentido de adjetivos, de outro
advérbio, ou, ainda, pode modificar toda a oração. Pode
ser classificado em: modo, lugar, tempo, intensidade,
negação, afirmação, dúvida, interrogação, ordem, exclu-
são e designação (CUNHA; CINTRA, 2007).
3) Aliteração: de acordo com Fiorin e Savioli (2004, p. 332),
aliteração é a “repetição da mesma consoante ou de
consoantes similares ao longo da frase”. Veja um exem-
plo de aliteração na estrofe inicial do poema Um sonho,
de Eugênio de Castro:
Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
Nessa estrofe, há uma repetição exagerada do fonema
/s/; temos aí, portanto, uma aliteração.
4) Antítese:
figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou
dois pensamentos de sentido contrário (p. ex.: com luz no olhar e
trevas no peito) [...] (HOUAISS, 2009, grifo nosso).
5) Aparelho fonador:
conjunto de órgãos localizados na cabeça, pescoço e cavidade torá-
cica, cuja função primária está ligada aos aparelhos digestivo e res-
piratório, e que são secundariamente usados para a produção dos
sons da fala; compõe-se dos articuladores (lábios, dentes, alvéolos,
palato duro, palato mole, úvula e língua), dos ressoadores (cavida-
de bucal, faringe, laringe, cavidades nasais), do órgão produtor da
voz (pregas vocais), dos fornecedores da corrente aérea (traqueia,
brônquios, bronquíolos, pulmões, diafragma e músculos intercos-
tais) (HOUAISS, 2009).
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

6) Aposto: segundo Cunha e Cintra (2007, p. 169), o aposto


é o "termo de caráter nominal que se junta a um subs-
tantivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a
título de explicação ou de apreciação". Veja o exemplo
a seguir:
Ele, um pobre coitado, está sozinho no mundo.
7) Assonância: na assonância, ao contrário da aliteração, há
uma repetição da mesma vogal na sentença (ou verso).
8) Codificação: é o processo de formular um enunciado
linguístico de acordo com a estrutura de uma língua.
Por exemplo, quando um falante deseja transmitir uma
mensagem que, a princípio, está na sua cabeça, ele a
transforma em material sonoro por meio de uma codi-
ficação. Está ligada, pois, ao emissor/produtor de uma
mensagem.
9) Comunicação: processo de interação estabelecido entre
um emissor (codificador de uma mensagem) e um re-
ceptor (decodificador dessa mensagem), no qual infor-
mações são transmitidas por intermédio de recursos físi-
cos (fala, audição, visão etc.) ou aparelhos e dispositivos
técnicos (HOUAISS, 2009).
10) Conhecimento de mundo: é o conhecimento prévio que
uma pessoa tem sobre determinado assunto, adquirido
por meio de sua vivência.
11) Conjunção: segundo Cunha e Cintra (2007, p. 593), as
conjunções são os "vocábulos gramaticais que servem
para relacionar duas orações ou dois termos semelhan-
tes da mesma oração". São conjunções: "e", "ou", "mas",
"nem", "quando", "como", "porque", "que" (diferente
do "que" pronome relativo), entre outras.
12) Conotativo: quando um termo tem valor conotativo,
significa que ele está evocando um sentido diferente do
conceito literal.
13) Consoante: som da fala que, do ponto de vista articula-
tório, encontra na cavidade bucal algum obstáculo (seja
total, seja parcial) quando da sua produção.
14) Conto:
narrativa breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação
(com espaço geralmente limitado a um ambiente), unidade de tem-
po, e número restrito de personagens (HOUAISS, 2009).

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15) Coordenação: é o processo ou construção em que


palavras, frases, sintagmas e períodos com funções
equivalentes são ligados numa sequência. Os termos
coordenados podem ser justapostos e, na escrita, se-
parados por vírgula ou ligados por conjunção coorde-
nativa (HOUAISS, 2009).
16) Crônica: a crônica é um texto literário em prosa relati-
vamente breve que narra algum fato do cotidiano e de
trama quase sempre pouco definida. Para que você en-
tre em contato com esse tipo de texto, indicamos a obra:
SANTOS, Joaquim Ferreira dos. (Org.). As cem melhores
crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. Nes-
sa obra, você faz uma viagem histórica do Brasil por meio
das crônicas de autores consagrados, indo de 1850, com
Machado de Assis, aos anos 2000, com Carlos Heitor
Cony, Marcelo Rubens Paiva e Antonio Prata.
17) Decodificação: ao contrário da codificação, a decodifica-
ção é o processo de interpretar um enunciado linguístico
produzido por um emissor. Logo, quando alguém trans-
mite uma mensagem, aquele que a recebe, ou seja, o
receptor (ou destinatário) tem de decodificá-la, a fim de
que consiga apreender o seu significado.
18) Denotativo: um termo (expressão, frase, texto etc.) com
valor denotativo é aquele que designa o sentido literal
das palavras. Costuma-se dizer que, ao contrário da co-
notação, traz o sentido que o dicionário determina para
os vocábulos.
19) Diálogo: é uma conversa ou discussão entre duas pes-
soas; em outras palavras, é a fala em que há a interação
entre dois ou mais interlocutores (indivíduos).
20) Estrangeirismo: é o processo em que palavras de outros
idiomas (tais como o inglês, o francês, o árabe etc.) são
incorporadas ao uso da língua portuguesa (no caso do
Brasil, especificamente). Se você quiser aprender um
pouco mais sobre os estrangeirismos, indicamos a lei-
tura da seguinte obra: FARACO, Carlos Alberto (Org.).
Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo:
Parábola, 2001.
© Caderno de Referência de Conteúdo 29

21) Estrofe: a estrofe é um conjunto de versos; por sua vez,


um conjunto de estrofes forma um poema. No caso de
poemas longos, um conjunto de estrofes forma um can-
to; o conjunto deste é que forma, então, essa produção
literária.
22) Frase: de acordo com Cunha e Cintra (2007, p. 133), a
frase é "[...] um enunciado de sentido completo, a uni-
dade mínima de comunicação". Segundo os autores, a
frase pode ser constituída de uma só palavra (como, por
exemplo, em "Socorro!"), de várias palavras, em que
pode ou não haver um verbo (como em "Eu nasci na Ba-
hia." ou em "Quanta inocência!").
23) Interlocutor: cada uma das pessoas que faz parte de um
diálogo, de uma conversa.
24) Linguista: é o especialista em Linguística; aquele que es-
tuda tudo que está ligado à linguagem e à língua.
25) Locução verbal: é a combinação de um verbo auxiliar
conjugado (ou não) mais um verbo no infinitivo, no ge-
rúndio ou no particípio. Exemplo: “tinha falado”.
26) Metáfora: de acordo com Fiorin e Savioli (2004, p. 122),
metáfora é "[...] a alteração do sentido de uma palavra ou
expressão quando entre o sentido que o termo tem e o
que ele adquire existe uma intersecção". Percebe-se que
se está usando uma palavra no sentido metafórico quan-
do o seu sentido literal fica inadequado ao contexto.
27) Morfologia: é a parte da gramática que se dedica ao es-
tudo das classes de palavras, bem como os seus para-
digmas de flexões e suas exceções. É, ainda, o estudo
da constituição das palavras e dos processos pelos quais
elas são construídas, cujo foco está voltado aos morfe-
mas, que são a unidade mínima linguística que possui
significado.
28) Período: existem períodos simples ou compostos. Os
períodos simples são os formados por apenas uma ora-
ção. Já os períodos compostos são aqueles formados por
duas ou mais orações.

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30 © Comunicação e Linguagem

29) Poema: é uma composição literária em que o texto se


dispõe em versos, estrofes e, até, cantos.
30) Pragmática: de forma geral, pragmática é a área da Lin-
guística que estuda a língua no contexto de seu uso, as-
sim como a relação entre a linguagem e seus usuários.
31) Predicado: segundo Abreu (2003, p. 87), predicado é
"[...] aquilo que resta de uma oração, uma vez separa-
do o seu sujeito". Em outras palavras, tendo sido iden-
tificado o sujeito de uma oração, tudo aquilo que restar
(verbo, complementos, elementos circunstanciais) será
o predicado.
32) Pronome: os pronomes desempenham, na oração, a
função de representar um substantivo ou de acompa-
nhá-lo determinando a extensão do seu significado. Na
classe dos pronomes, estão os retos, os oblíquos, os pos-
sessivos, os demonstrativos, os reflexivos, entre outros.
33) Proposição: uma proposição, segundo Houaiss (2009),
é uma:
realidade psíquica, emocional e cognitiva do ser humano, passível
de manifestar-se simultaneamente nos âmbitos individual e cole-
tivo, e comprometida com a apropriação intelectual dos objetos
externos.
34) Radical: para Cunha e Cintra (2007, p. 92), o radical é
aquele que "[...] irmana as palavras da mesma família e
lhes transmite uma base comum de significação". Assim,
nas palavras "livro", "livros", ""livreiro" e "livraria", o ra-
dical é a partícula "livr-".
35) Regência:
[...] relação de dependência entre duas palavras numa construção,
na qual uma (a regida) complementa a outra (a regente); por exem-
plo, o verbo rege os sintagmas nominais completivos (objeto direto
ou indireto e complementos adverbiais) (HOUAISS, 2009).
36) Rima: um vocábulo rima com outro quando ambos têm
uma terminação similar ou idêntica, havendo uma uni-
formidade dos sons. Logo, "tanto" rima com "pranto", e
"mágica" rima com "trágica".
© Caderno de Referência de Conteúdo 31

37) Ritmo: segundo Fiorin e Savioli (2004, p. 330), "o ritmo


de um poema é dado principalmente pela alternância
regular de sílabas fortes (tônicas) e fracas (átonas)".
38) Romance: de acordo com o dicionário eletrônico Houaiss
da língua portuguesa (2009), o romance é uma:
prosa, mais ou menos longa, na qual se narram fatos imaginários,
às vezes inspirados em histórias reais, cujo centro de interesse
pode estar no relato de aventuras, no estudo de costumes ou tipos
psicológicos, na crítica social etc.
39) Semântica: refere-se ao estudo do sentido das palavras
de uma língua.
40) Signo: segundo Saussure (2000), o signo é a combina-
ção da imagem acústica com o conceito. Por exemplo,
quando pronunciamos a palavra "casa”, você, ouvinte,
apreenderá esse conjunto de sons, formará em sua ca-
beça a imagem acústica /'kaza/ e a associará ao concei-
to que tem de uma casa. À imagem acústica, Saussurre
(2000) dá o nome de significante; ao conceito, ele o cha-
ma de significado. Assim, o signo é a junção de signifi-
cante e significado.
41) Sinestesia:
[...] mecanismo de construção textual que consiste em reunir,
numa só unidade, elementos designativos de sensações relativas a
diferentes órgãos dos sentidos. [...] A funcionalidade da sinestesia
está no efeito curioso e vivo que brota da associação de sons, cores,
cheiros, gostos, texturas e múltiplos estados de espírito (FIORIN;
SAVIOLI, 2004, p. 132).
Exemplo de sinestesia: “ouviu o cheiro da saudade de
longe”.
42) Sintaxe: é a parte da gramática que estuda as palavras
na condição de elementos de uma frase, bem como as
suas relações de concordância, de ordem e de subordi-
nação (HOUAISS, 2009).
43) Subjetividade: de acordo com o dicionário eletrônico
Houaiss da Língua Portuguesa (2009), subjetividade é:
expressão linguística de uma operação mental (o juízo), composta
de sujeito, verbo (sempre redutível ao verbo ser) e atributo, e pas-
sível de ser verdadeira ou falsa.

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A palavra "subjetividade" está relacionada ao termo


"subjetivo", que é o oposto de "objetivo".
44) Subordinação: é processo de dependência sintática en-
tre unidades linguísticas com funções diferentes. Usual-
mente, estuda-se o processo de subordinação existente
entre duas orações, em que uma delas é a oração princi-
pal, e a outra, a subordinada.
45) Substantivo: segundo Neves (2000, p. 67), os substanti-
vos "são usados para referir-se às diferentes entidades
(coisas, pessoas, fatos etc.) denominando-as". De forma
mais simples, o substantivo faz parte da classe de pala-
vras que dá nome às coisas dos mundos real e fictício
(sejam elas seres concretos ou abstratos, animados ou
inanimados, estados, qualidades etc.).
46) Sujeito: para Abreu (2003, p. 83), "sujeito é o termo com
o qual o verbo concorda". Ainda de acordo com o estu-
dioso, o sujeito prototípico em português, ou seja, aque-
le que é mais utilizado, é agente (ou seja, pratica uma
ação), humano e determinado.
47) Tema: é o assunto principal que se quer provar ou de-
senvolver. Em outras palavras, é aquilo sobre o que se
conversa ou discorre.
48) Tese: de acordo com o sentido utilizado na Unidade 4, a
palavra "tese" refere-se a uma proposição apresentada
para ser defendida. Grosso modo, é o ponto de vista do
enunciador, que, por meio de argumentos, tenta provar
aquilo que defende acerca de um tema. Segundo Abreu
(2002), "tese" é a hipótese eleita como a melhor para se
defender um ponto de vista sobre algo.
49) Verbo: para Cunha e Cintra (2007, p. 393), "verbo é uma
palavra de forma variável que exprime o que se passa,
isto é, um acontecimento representado no tempo [...]".
Houaiss (2009) assim designa o verbo:
classe de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as no-
ções de ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático,
exercem a função de núcleo do predicado das sentenças.
© Caderno de Referência de Conteúdo 33

50) Verso: os versos são cada uma das linhas de um poema,


que podem conter uma linha melódica (efeitos sonoros),
bem como representar determinado sentido.
51) Vocativo: segundo Abreu (2003, p. 115), o vocativo "[...]
é um termo que se situa fora da oração. Não pertence,
portanto, à rede argumental do verbo ou do predicativo
[...]". É mais utilizado na língua falada; na escrita, vem
separado da oração por meio de vírgulas. Exemplos:
"Deus, tenha piedade de mim!", "Por isso, digo a você,
Aninha, que não grite mais comigo.". Segundo Houaiss
(2009), o vocativo é usado "[...] para chamamento ou
interpelação ao interlocutor no discurso direto, expres-
sando-se por meio do apelativo, ou, em certas línguas,
da flexão casual”.
52) Vogal: som da fala em que não há nenhuma obstrução
da corrente expiratória do ar.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas
próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos

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34 © Comunicação e Linguagem

significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.


Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é
você o principal agente da construção do próprio conhecimento,
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações inter-
nas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo
tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu co-
nhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, esta-
belecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer
com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adap-
tado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/
mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11
mar. 2010).
© Caderno de Referência de Conteúdo 35

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Língua Portuguesa.

Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu
processo de ensino-aprendizagem.

Claretiano - Centro Universitário


36 © Comunicação e Linguagem

O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de


aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o estudo de Língua Portuguesa pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).

As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação


pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o
seu tutor ou com seus colegas de turma.
© Caderno de Referência de Conteúdo 37

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo
que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não conhe-
ce, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido
antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à
maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade
EAD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.

Claretiano - Centro Universitário


38 © Comunicação e Linguagem

Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie


seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
EAD
Comunicação Humana:
Elementos da Comunicação,
Funções da Linguagem,
Fala e Escrita
1
1. OBJETIVOS
• Conhecer os princípios básicos que regem a comunicação
verbal humana.
• Compreender a relação entre linguagem, sociedade e
cultura.
• Conhecer os elementos da comunicação humana.
• Conhecer as funções da linguagem e identificá-las em di-
ferentes tipos de texto.
• Saber utilizar a linguagem de acordo com as intenções co-
municativas.
• Estabelecer distinções entre fala e escrita e reconhecer as
características de cada uma.

2. CONTEÚDOS
• Diferenças entre linguagem humana e comunicação animal.
• Esquema da comunicação.
• Funções da linguagem.
• Características da fala e da escrita.
40 © Comunicação e Linguagem

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de
Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades
deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu
desempenho.
2) Nesta unidade, você aprenderá o que são as funções de
linguagem propostas segundo a concepção do linguista
russo Roman Jakobson, o qual fez parte do Círculo Lin-
guístico de Praga, ou Escola Linguística de Praga. Essa
escola desenvolveu-se a partir de 1920 e era formada
por um grupo de linguistas russos e tchecos que escre-
veram importantes trabalhos sobre o funcionamento da
linguagem e na área da Teoria da Literatura.
3) Você encontrará, no decorrer desta unidade, alguns tre-
chos de texto que, a princípio, causarão estranhamento.
Isso ocorrerá em virtude de esses trechos representa-
rem situações de língua falada, ou seja, eles são transcri-
ções dessa modalidade de língua.
4) Nesses trechos de língua falada, são utilizados alguns "si-
nais" de pontuação para denotar as marcas de oralidade
expressadas pelos falantes. Esses "sinais" são utilizados
de acordo com as normas para transcrição usadas pelo
Projeto Norma Urbana Culta (NURC). Para saber mais so-
bre o Projeto NURC, acesse o site disponível em: <http://
www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/historico.htm>. Acesso em:
10 jun. 2010.
5) Apesar de o objetivo deste material estar relacionado
ao seu aperfeiçoamento da produção de texto escrito,
é importante que você perceba a diferença entre língua
falada e língua escrita. Ao entrar em contato com textos
de língua falada e identificá-la como uma modalidade
distinta da escrita, você notará a importância de se evi-
tar o uso de marcas de oralidade em seus textos escritos.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 41

6) É importante que você se atente a todos os exemplos


dados no decorrer desta unidade. Compreender cada
um deles é de fundamental importância para perceber
como se distinguem as funções de linguagem.
7) Caso você tenha dúvida quanto ao sentido de alguma
palavra desconhecida usada nesta unidade e não tenha
acesso a um dicionário impresso, você pode acessar o
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o qual está
disponível on-line no endereço: <http://www.priberam.
pt/dlpo/>. Acesso em: 10 jun. 2010.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Iniciaremos nossos estudos em Língua Portuguesa com os
seguintes tópicos:
• Processo de comunicação.
• Funções da linguagem.
• Diferenças entre fala e escrita.
Todo ser que vive em sociedade, seja um animal, seja o ser
humano, tem necessidade de comunicar-se com os outros mem-
bros da comunidade de que faz parte. A comunicação é, pois, um
dos fatores essenciais à vida desses seres.
O ser humano, para comunicar-se, faz uso da linguagem. Em
sentido lato, o termo "linguagem" é utilizado em referência tanto
à comunicação animal como às diferentes formas de comunicação
humana: língua falada, língua escrita, artes em geral (dança, músi-
ca, cinema, teatro, pintura, escultura etc.), mímica, gestos, língua
dos surdos-mudos etc. [...]
Os linguistas, entretanto, têm discutido a seguinte questão:
a comunicação animal pode ser considerada linguagem?
O zoólogo alemão Karl von Frisch (apud Benveniste, 1995)
estudou, durante muitos anos, a comunicação das abelhas. Ele
descobriu que uma abelha operária, após descobrir um local onde

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42 © Comunicação e Linguagem

há alimento, volta à colmeia. Suas companheiras dela se aproxi-


mam e sorvem o néctar que ela vomita. Em seguida, a operária
realiza dois tipos de dança:
• Uma dança circular, com a qual informa às demais abe-
lhas que o alimento se encontra a, aproximadamente,
cem metros da colmeia.
• Uma dança em oito acompanhada de vibrações do abdô-
men, com a qual informa que o alimento se encontra a
uma distância superior a cem metros, mas até seis quilô-
metros.
Quanto mais distante estiver o alimento, mais lenta será a
dança e menos "oitos" a abelha realizará em quinze segundos. A
direção é indicada pela inclinação do eixo do oito em relação à
posição do sol.
Após a dança da operária, as outras abelhas conseguem che-
gar ao local exato onde se encontra o alimento.
Segundo o linguista francês Benveniste (1995), as abelhas
são capazes de produzir mensagens simbólicas – os dois tipos de
dança representam a localização do alimento – e são capazes de
compreender tais mensagens, das quais conseguem memorizar as
informações distância e direção em que se encontra o alimento.
Entretanto, isso é suficiente para caracterizar a comunicação das
abelhas, bem como a de outros animais, como linguagem?
Benveniste (1995) e Lopes (1985) estabelecem comparações
entre as características da comunicação das abelhas e as carac-
terísticas da comunicação humana e chegam à conclusão de que
aquela, assim como o sistema de comunicação de outros animais,
embora bastante complexa, não é linguagem, mas apenas um có-
digo de sinais. Apenas o ser humano é capaz de fazer uso da lin-
guagem.
Veja, no quadro a seguir, as características de ambas.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 43

Quadro 1 Características da comunicação das abelhas e da lingua-


gem humana segundo Benveniste (1995) e Lopes (1985).
Comunicação das abelhas Linguagem humana
1. A dança das abelhas transmite 1. Por meio da linguagem, o ser humano pode
uma única mensagem que produzir um número ilimitado de mensagens
contém apenas estas informações que veiculam diferentes informações.
invariáveis: existência e localização
do alimento.
2. A mensagem das abelhas não é 2. As inúmeras mensagens humanas são
produzida por um aparelho fonador. produzidas pelo aparelho fonador, responsável
pela emissão de vogais e consoantes, que são
os fonemas da língua.
3. As abelhas reagem à mensagem 3. Os seres humanos reagem às mensagens com
com um comportamento (ida ao respostas verbais, em um circuito comunicativo,
local do alimento) e não com uma como é o caso, por exemplo, dos diálogos.
resposta verbal.
4. A mensagem das abelhas 4. A linguagem humana é articulada. Os
não é suscetível de análise, não fonemas (vogais e consoantes) ligam-se,
é decomponível em unidades formando os morfemas (em “infelizmente”,
menores. são morfemas {in-}, {feliz} e {-mente}), que se
unem, formando as palavras, as quais, por sua
vez, se conectam, formando os enunciados que
constituem uma mensagem.
5. A comunicação das abelhas 5. Embora alguns linguistas, como Noam
não é um produto cultural, mas Chomsky, acreditem que a capacidade humana
um componente do seu código de linguagem seja inata, a língua, um produto
genético. da cultura, é aprendida. Quando entramos
em contato com uma língua, ativamos essa
capacidade inata e, então, aprendemos a falar
a língua.
6. A comunicação das abelhas é 6. A linguagem humana varia no tempo e no
invariável no tempo e no espaço. espaço. Por exemplo, a língua falada há 2.000
Por exemplo, uma abelha, há 2.500 anos em Roma era muito diferente da língua
anos na Grécia, realizava a mesma portuguesa falada no Brasil atualmente.
dança, com a mesma mensagem
e o mesmo conteúdo, efetuada
por uma abelha nos dias atuais no
Brasil.

Em sentido estrito, os linguistas consideram linguagem


aquela em que associamos nossos pensamentos aos fonemas (vo-
gais e consoantes) produzidos pelo nosso aparelho fonador. Essa
linguagem resultante da associação de pensamentos e sons é cha-
mada linguagem verbal humana, que se concretiza por meio das
chamadas línguas naturais (português, inglês etc.). Tente pensar
sem fazer uso de palavras. Você consegue? Não consegue porque

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44 © Comunicação e Linguagem

o pensamento reclama a linguagem e vice-versa. Ambos estão


muito ligados. Abordaremos alguns dos aspectos da língua portu-
guesa, por meio da qual a linguagem se manifesta.
Quando nos comunicamos, interagimos com o outro, o nos-
so interlocutor (ouvinte ou leitor), que reage, de alguma forma, à
mensagem recebida.
Você deve perguntar-se: o que é necessário para haver efeti-
va comunicação entre duas ou mais pessoas? O que está envolvido
em um ato de comunicação? É disso que trataremos na próxima
seção desta unidade.

5. ESQUEMA DE COMUNICAÇÃO
O processo de comunicação, estudado pela Teoria da Comu-
nicação e pela Teoria da Informação, compreende seis elementos:
uma pessoa, ou um grupo de pessoas, envia uma mensagem que
remete a um determinado referente a uma outra pessoa, ou um
outro grupo de pessoas, por meio de um canal e de um código
com o qual elabora a mensagem.
Um pequeno diálogo é um ato de comunicação e envolve
os seis elementos mencionados. Vejamos, a seguir, um trecho de
conversa real entre um documentador (Doc.), ou seja, uma pessoa
que instiga e documenta o diálogo, um primeiro locutor (L1) e um
segundo locutor (L2):

Doc. gostaríamos que vocês falassem a respeito da cidade e do comércio...


L1 tem saído ultimamente... de carro?
((risos)) tenho mas você diz sair... fora... sair normalmente para a escola
L2
essas coisas?
L1 pegar a cidade ( )
tenho se bem que eu acho que eu conheço pouco a cidade né?... por
L2 exemplo se eu for comparar com...
(CASTILHO; PRETI, 1987, p. 17, linhas 1-7).

A comunicação acompanha o homem desde tenra idade até


sua morte. Por isso, comunicarmo-nos parece um ato banal e mui-
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 45

to simples. No entanto, como já vimos, a comunicação humana,


que se estabelece por meio da linguagem, sobretudo a verbal, é
muito complexa.
Esse pequeno trecho de conversa real entre o documenta-
dor e os dois locutores, embora, à primeira vista, pareça confuso,
já que se trata de língua falada, envolve diferentes e complexas
operações mentais, conhecimento de mundo e informações parti-
lhadas pelos interlocutores. Nesse diálogo, os falantes conseguem
estabelecer comunicação. Trata-se, pois, de um ato comunicativo
em que as pessoas se compreendem e em que os seis elementos
estão presentes. Veja, na sequência, quais são tais elementos e
como são caracterizados:
A. O documentador, quando solicita aos interlocutores que
falem a respeito da cidade e do comércio, é o emissor
(remetente ou destinador). Emissor é aquele que pro-
duz e envia a mensagem.
B. Quando o documentador tem a posse da palavra, ou
seja, quando ele é o emissor, os dois locutores são os
destinatários (ou receptores). Destinatário é aquele a
quem a mensagem é enviada.
Você deve observar que, quando o documentador transfere
a posse da palavra aos dois locutores, ambos começam a estabe-
lecer um diálogo em que o primeiro locutor e o segundo locutor
alternam seus papéis de emissor e destinatário. Essa troca de fun-
ções é bastante comum em conversações face a face, como é o
caso do diálogo analisado.
Nesse tipo de interação verbal em que há alternância de pa-
péis, o falante envia uma mensagem, o ouvinte capta-a e, em se-
guida, envia sua resposta, estabelecendo-se, assim, o circuito da
comunicação, em um contínuo processo interativo.
C. A mensagem, por sua vez, é o resultado da codificação das
informações que o emissor quer veicular. Segundo Vanoye
(2003), ela compreende o conteúdo das informações.
D. O emissor, para elaborar sua mensagem, utiliza um có-
digo, que é o sistema de signos linguísticos ou verbais

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46 © Comunicação e Linguagem

(as línguas portuguesa, inglesa, francesa etc.) ou não


linguísticos (código Morse, conjunto de sinais, símbolos
etc.) utilizado para produzir a mensagem. No diálogo em
tela, o documentador e os dois locutores codificam suas
mensagens por meio da língua portuguesa na modalida-
de falada.
Se emissor e destinatário não dominarem o mesmo código,
não haverá comunicação (por exemplo, um falante de japonês ten-
tando conversar com um falante de grego); se ambos dominarem
o código parcialmente, não haverá eficácia na comunicação (por
exemplo, um médico utilizando o jargão técnico de sua área com
um leigo).
Como lembra Barros (2003), os ruídos – problemas relacio-
nados ao domínio do código, problemas com o canal, problemas
na produção da mensagem, desatenção e desinteresse do destina-
tário, barulhos etc. – podem comprometer a qualidade da comu-
nicação.
E. A mensagem diz respeito a um referente. O referente é
o objeto, o ser, a entidade, enfim, os elementos de que o
emissor está falando. Compreende o contexto, ou seja,
toda a situação de comunicação e todos os objetos e se-
res aos quais a mensagem remete.
No diálogo que estamos analisando, o referente compreen-
de os elementos a que a mensagem remete – a cidade, o comércio
e as saídas de carro pela cidade – e todo o contexto que envolve a
comunicação: uma situação de conversa gravada, não espontânea,
em que o documentador solicita aos dois locutores que discorram
sobre o tema proposto. Nas conversas face a face, a comunicação
não se efetua somente pelo que está explícito na mensagem, mas
também pelas informações implícitas partilhadas pelos interlocu-
tores. Além disso, os elementos do contexto contribuem para a co-
dificação (pelo emissor) e para a decodificação (pelo destinatário)
da mensagem.
F. F. Para enviar a mensagem, o emissor utiliza um canal de
comunicação. Os emissores do diálogo analisado, utili-
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 47

zando como código a língua portuguesa falada, veicula-


ram suas mensagens graças ao ar, às ondas sonoras, às
suas vozes produzidas pelo aparelho vocal e ao aparelho
auditivo dos destinatários. O canal é, pois, o meio físico,
o veículo, utilizado para transmitir a mensagem.
Pelo que acabamos de expor, você pôde verificar que o pro-
cesso de comunicação envolve um emissor (aquele que elabora
e transmite a mensagem), um destinatário (aquele que recebe a
mensagem), uma mensagem (conteúdo da informação), um códi-
go (sistema de signos que codificam a mensagem), um referente
(elemento(s) de que o emissor está falando e ao(s) qual(is) a men-
sagem remete) e um canal (meio físico que propaga a mensagem).
Na próxima seção, abordaremos o segundo tópico desta uni-
dade: as funções da linguagem.

6. FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Você sabia que o seu sucesso profissional, independente-
mente da área de atuação, depende, entre outros fatores, da boa
leitura e da correta interpretação de diferentes tipos de texto?
Além disso, é importante que você saiba usar a língua portuguesa
com habilidade em diversas situações comunicativas.
Se você tiver de apresentar-se em público, como, por exem-
plo, em um seminário, é importante que saiba expor suas ideias
em um texto falado bem estruturado. Da mesma forma, caso ne-
cessite apresentar suas ideias por escrito, como em uma prova ou
em um concurso, terá de produzir um bom texto.
Relacionadas aos diferentes gêneros de discurso (resumo,
resenha, romance, conto, poema, dissertação científica, piada
etc.) estão as funções da linguagem, por meio das quais, entre ou-
tras atividades, informamos, convencemos, persuadimos, encan-
tamos, divertimos alguém. Vejamos quais são elas.

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48 © Comunicação e Linguagem

A linguagem cumpre duas funções básicas: estabelecer a


interação entre os membros de uma sociedade e expressar pen-
samentos, ideias, emoções, sentimentos, sensações e impressões
dos seres humanos. É pela linguagem que o homem representa
sua concepção da realidade.
O linguista Jakobson (2003), que foi um dos expoentes do
Círculo Linguístico de Praga, relacionou seis funções da linguagem
aos seis elementos que constituem o esquema de comunicação
(apresentados anteriormente). Observe o quadro seguinte:

Quadro 2 Funções da linguagem de Jakobson (2003) e elementos


da comunicação.
Elementos de comunicação Funções da linguagem
Emissor ou destinador Emotiva (ou expressiva)
Receptor ou destinatário Conativa (ou apelativa)
Mensagem Poética
Código Metalinguística
Canal Fática
Referente Referencial (denotativa, informativa ou
representativa)

Vejamos, a seguir, as características de cada uma dessas fun-


ções e exemplos que as ilustram.

Função emotiva
A função emotiva ou expressiva está centrada no emissor.
Nas mensagens em que predomina tal função, ele expressa suas
emoções, seus sentimentos, seus julgamentos e suas atitudes em
relação ao que diz e ao contexto. O texto em que é predominante
a função emotiva geralmente é impregnado de subjetividade. Esta
função é típica de poemas, romances, contos, crônicas, cartas pes-
soais, autobiografias, discursos em geral etc.
Observe, a seguir, um poema e trechos de textos em que
está presente a função emotiva.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 49

Tudo quanto penso


Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.
Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi
(PESSOA. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/jp000001.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2008).
Observe, nesse poema, a presença da primeira pessoa do
discurso (eu) em “penso”, “sou”, “estou”, “vou” e “vivi”. O eu-lírico
fala, de forma subjetiva, de seu estado de alma. Lembre-se de que
o eu-lírico não é o autor do poema, mas a voz que fala no poema.
Trata-se de um eu fictício que expressa a subjetividade.
Leia o primeiro parágrafo de uma carta pessoal:
Segunda Carta a Clara
Meu amor.
Ainda há poucos instantes (dez instantes, dez minutos, que tanto
gastei num desolador desde a nossa Torre de Marfim), eu senti o
rumor do teu coração junto ao meu, sem que nada os separasse
senão uma pouca de argila mortal, em ti tão bela, em ti tão rude – e
já estou tentando reconfigurar ansiosamente, por meio deste papel
inerte, esse inefável estar contigo que é hoje todo o fim da minha
vida, a minha suprema e única vida. É que, longe da tua presen-
ça, cesso de viver, as coisas para mim cessam de ser – e fico como
um morto jazendo no meio de um mundo morto. Apenas, pois, me
finda esse perfeito e curto momento de vida que me dás, só com
pousar junto de mim e murmurar o meu nome – recomeço a aspi-
rar desesperadamente para ti, como uma ressurreição! (QUEIRÓS.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/bv000080.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2008).

Nele, há, também, a presença da primeira pessoa. O ponto


de exclamação é utilizado para marcar a emoção e a subjetividade.
O remetente da carta expressa à amada – o destinatário – seus
sentimentos por ela.
Leia, agora, um trecho de texto de língua falada:

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50 © Comunicação e Linguagem

... olha profissão... eu acho que dePENde do indivíduo entende?... e::... eu


acho que é aquilo que ele quer fazer a gente pode orienTAR... a profissão...
Inf. mostrando o mercado de trabalho a forma que ele pode chegar àquela
profissão... mas acho que... (o) aconselhar a profissão eu acho que não se
deve entende? [...] (PRETI; URBANO, p. 59, linhas 10-15, grifos nossos).

Observe que o falante expressa sua atitude e sua avaliação


pessoal acerca do que diz. Ele não se compromete totalmente com
suas afirmações, o que se verifica pelo uso da expressão modal
"eu acho", que indica não certeza e menor envolvimento com a
informação dada.

Função conativa
A função conativa ou apelativa está centrada no destinatá-
rio. O emissor tenta exercer alguma influência sobre o destinatá-
rio, tenta conduzi-lo a um comportamento específico.
Por meio de apelo, ordem, pedido ou conselho, o emissor
objetiva convencer ou persuadir o receptor. A função conativa nor-
malmente está presente em textos publicitários, discursos políti-
cos, sermões etc.
Preste atenção em propagandas na televisão, na internet e
em revistas. Você verificará que é bastante usual verbo no impe-
rativo ("experimente", "aproveite", "compre", "beba" etc.) e na
segunda pessoa do discurso (“tu” ou “você”). Os textos publicitá-
rios objetivam estabelecer interação com os potenciais consumi-
dores na tentativa de convencê-los de que o produto anunciado
é o melhor.
Observe os enunciados seguintes:
• Feche a porta quando sair. (ordem)
• Você deve agir com ética sempre. (obrigação)
• Você deveria estudar para a prova. (conselho)
Neles, verificamos a tentativa do emissor de influenciar a ati-
tude e o comportamento do destinatário (você).
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 51

Função poética
A função poética centra-se na mensagem. Há a preocupação
com a organização e a elaboração do texto. O emissor elabora a
mensagem de forma peculiar, pois realiza um cuidadoso trabalho
de seleção e combinação de palavras e utiliza a linguagem trópica
(conotativa), com figuras de linguagem (metáforas, sinestesias, an-
títeses etc.), criando, assim, efeitos de sentido e provocando, pela
linguagem inusitada, o estranhamento.
Na poesia, há o predomínio desta função, já que se utilizam
rima, ritmo, sonoridade, aliterações, assonâncias, metáforas etc.
Ela também está presente em letras de música e pode, ainda,
ocorrer na oratória, na publicidade, em textos religiosos, em tex-
tos jornalísticos etc.
Leia atentamente as três primeiras estrofes do Canto I, Infer-
no, de A divina Comédia, de Dante Alighieri:
Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada.

Dizer qual era é cousa tão penosa,


Desta brava espessura a asperidade,
Que a memória a relembra inda curiosa.
Na morte há pouco mais de acerbidade,

Mas para o bem narrar lá deparado


De outras cousas que vi, direi verdade
(ALIGHIERI. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/eb00002a.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2008).
Podemos verificar que o escritor constrói o texto em estrofes
de três versos decassílabos (dez sílabas poéticas). Há, também, a
rima, como nas palavras: jornada/estrada, tenebrosa/penosa, as-
peridade/acerbidade.

Função metalinguística
A função metalinguística está centrada no código. Com ela,
o emissor define, conceitua, caracteriza, detalha, explica ou pre-

Claretiano - Centro Universitário


52 © Comunicação e Linguagem

cisa termos do código utilizado. Em outras palavras, ele utiliza a


linguagem para falar da própria linguagem (LOPES, 1985). Vanoye
(2003) lembra que, em palavras cruzadas, se faz uso desta função.
Veja um exemplo de texto em que predomina a função me-
talinguística:

o senhor está lidando com gente ignorante de cidade... o senhor falou que
Doc.
enxada é diferente do enxadão por quê
e... porque a enxada ela é:: é mais ( ) na parte que entra na terra... é uma
parte mais larga... e é como vamos dizer um triângulo... enquanto que o
Inf.
enxadão... ele é mais estreito... e é como se fosse um retângulo... (PRETI;
URBANO, 1988, p. 19, linhas 90-96).

Nesse trecho de diálogo real entre documentador e informan-


te, aquele solicita a este que dê a diferença entre enxada e enxadão.
O informante, então, explica como são esses instrumentos.
Veja outro trecho do mesmo diálogo em que o documen-
tador faz uma pergunta sobre o que caracteriza o cavalo Manga-
-larga e o informante responde:

Doc. o que que caracteriza o Manga-larga?


o Manga-larga é um tipo de cavalo... não muito grande... que tem um
tipo de andar chamado marcha... e tem outras características mas eu
não sei... eu saberia distinguir se eu visse um Manga-larga e outros
Inf. cavalos mas a assim::... dar as características como::... estudioso de
animal eu não saberia... eu acho que o peito um pouco largo... esse
tipo de andar que é a marcha... o formato da cabeça... (PRETI; URBANO,
1988, p. 32, linhas 656-664).

Observe nos dois trechos do diálogo entre documentador e


informante a presença, em várias passagens, do verbo "ser", utili-
zado em conceituações, definições, caracterizações etc.
Nesses dois trechos de diálogo, temos a função metalinguís-
tica em seu uso cotidiano, no caso, em uma conversa. Observe que
o informante diz que ele não é um estudioso de cavalos, portanto
suas informações não são científicas, mas fruto de um conheci-
mento que adquiriu com a prática, com a simples observação. Leia
atentamente estas palavras de Barros (2003, p. 38):
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 53

Não se deve confundir a função metalingüística de Jakobson com a


metalinguagem científica. Metalinguagem científica e função me-
talingüística ordinária caracterizam-se ambas como uma linguagem
definidora de outra linguagem, ou seja, como uma linguagem que
fala de outra linguagem. Diferenciam-se, porém, pelo fato de a me-
talinguagem científica ser, por sua vez, definida por outra, uma ter-
ceira linguagem, a metalinguagem metodológica, o que não acon-
tece com a função metalingüística ordinária.

As gramáticas e os dicionários fazem uso da metalinguagem,


pois, nos termos de Lopes (1985, p. 65), utilizam uma metalíngua
– que é aquela com que se conceitua, define etc. – para falar de
uma língua-objeto – que é aquela cujos termos são explicados,
conceituados, definidos etc. Em dicionários de língua portuguesa,
por exemplo, utiliza-se a própria língua portuguesa (metalíngua)
para definir ou conceituar termos dela mesma (língua-objeto).
Veja as definições seguintes do dicionário Aurélio:
acerbidade. [Do lat. acerbitate.] S. f. Qualidade de acerbo.
acerbo. [Do lat. acerbu.] Adj. 1. V. azedo (1 e 2): fruto acerbo. 2.
V. amargo (1 e 2). 3. Duro, difícil, árduo: trabalho acerbo. 4. Duro,
áspero: Suas críticas foram por demais acerbas. 5. Cruel, doloro-
so: Dor acerba pungia-o com a morte do pai. 6. Mordaz, maldoso,
amargo: comentário acerbo. 7. Rude, insolente, desabrido (FERREI-
RA, 1999, p. 29).

Poemas que falam sobre o que é poesia, sobre o fazer poé-


tico, ou seja, o ato de criação poética, ou sobre a condição de ser
poeta são exemplos de textos metalinguísticos.
Em textos científicos de diversas áreas, utiliza-se a metalin-
guagem científica quando se apresentam conceitos.
Em textos filosóficos, também se faz uso da metalinguagem.
O filósofo alemão Martin Heidegger publicou um texto oriundo de
uma de suas conferências intitulado Qu’est-ce que la Philosophie!
(Que é isto – a Filosofia?). Nesse texto, está presente a metalin-
guagem: o pensador, por meio de um texto filosófico, conceitua e
caracteriza a Filosofia.

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54 © Comunicação e Linguagem

Função fática
A função fática está centrada no canal de comunicação.
Com ela, o emissor estabelece, mantém e encerra a interação com
o destinatário. Os cumprimentos iniciais ("oi", "olá", "tudo bem?",
"bom dia") e os cumprimentos finais ("tchau", "adeus", "até logo",
"beijos", "um abraço") são recursos utilizados, respectivamente,
para iniciar e finalizar o contato. Esta função é também utilizada
para testar o canal ("você está me ouvindo?") ou para verificar se
o destinatário está atento ("compreendeu?", "você está entenden-
do?", "não é?"). Tal função aparece com muita frequência em con-
versas face a face, conversas telefônicas, início e fim de encontros
etc.
Leia, a seguir, o pequeno diálogo ao telefone já apresentado
e observe as expressões destacadas, as quais são utilizadas para
iniciar e encerrar a conversa e para testar o canal:
• Alô!
• Alô! Quem fala?
• É o Luís.
• Oi, Luís! Tudo em ordem? É o Pedro da oficina quem está
falando.
• Oi, Pedro! Vamos indo. E você?
• Joia! Luís, seu carro ficou pronto. Está uma beleza!
• Oi? Não entendi. Minha esposa está usando o aspirador
de pó aqui na sala. Está muito barulho.
• Você não está ouvindo? Eu disse que seu carro ficou pron-
to.
• Ah! Agora ouvi. Ela desconfiou e desligou o aparelho. Irei
buscá-lo à tarde.
• Ok. Um abraço.
• Outro.
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 55

Observe, agora, uma conversa real:

L1 ... violenta né?


L2 oi?
L1 por exemplo... você estava falando da tribo...
L2 uhn
L1 Então na tribo o cara... que era cacique era porque caçava mais
L2 uhn
agora o filho do cacique era a mesma coisa que o filho de... qualquer um que
L1
não fazia nada...
uhn uhn... um valor cultural daquela tribo (CASTILHO; PRETI, 1987, p. 44,
L2
linhas 1105-1114, grifos nossos).

Nesse diálogo, as expressões destacadas são utilizadas para:


• L1 testar a atenção de L2 e verificar se ele aprova o que
está sendo dito ("né");
• para L2 indicar que estava desatento, mas agora retomou
a atenção, ou, então, não estava compreendendo ("oi?");
• para L2 manter o diálogo ("uhn").

Função Referencial
A função referencial (denotativa, informativa ou represen-
tativa) está centrada no referente da mensagem. Segundo Barros
(2003, p. 33), "os textos com função referencial ou informativa são,
portanto, aqueles que têm por fim, na comunicação, a transmissão
objetiva de informação sobre o contexto ou referente [...]".
Trata-se de discursos em que há um distanciamento do su-
jeito enunciador, que é aquele responsável pelo discurso, ou seja,
com o uso da terceira pessoa, o sujeito enunciador apaga suas
marcas, o que produz o efeito de objetividade e de imparcialidade.
Em textos em que predomina esta função, faz-se uso de argumen-
tos e do raciocínio lógico.
Em textos em que é predominante a função referencial, o
emissor apresenta fatos ou transmite informações de maneira
clara e precisa, sem comentários subjetivos. Tal função ocorre em

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56 © Comunicação e Linguagem

textos científicos, didáticos e técnicos, em sínteses, em resumos,


em documentos oficiais, em avisos, em comunicados, em textos
jornalísticos etc.
O texto seguinte, em que predomina a função referencial,
tem por finalidade informar, de maneira objetiva, a mudança do
dia da reunião:
Prezados condôminos
Devido à impossibilidade de muitos participarem da reunião mensal
marcada para o dia 15, próxima sexta-feira, às 19h, transferimo-la
para o dia 18, segunda-feira, no mesmo horário.
Atenciosamente
José Augusto de Albuquerque Silva
Síndico do Edifício Marrocos

De acordo com Vanoye (2003, p. 56), "a função expressiva


[ou emotiva] está centrada sobre o eu, a função conativa sobre o
tu, a função referencial sobre o ele (sendo o ele, gramaticalmente
neutro, equivalente a um isso)”.
Pelo que foi exposto, você pôde verificar que, toda vez que o
emissor produz uma mensagem, tem em mente alguns objetivos,
quais sejam:
• Expressar emoções, sentimentos, sensações ou atitudes
subjetivas em relação ao referente, ao contexto ou até ao
destinatário (função emotiva).
• Convencer o destinatário de algo ou persuadi-lo a crer em
algo, a fazer ou a desistir de fazer algo (função conativa).
• Organizar o texto da mensagem de forma especial (fun-
ção poética).
• Definir, conceituar, caracterizar, explicar algo ou usar a lin-
guagem para falar da linguagem (função metalinguística).
• Estabelecer, manter e interromper a comunicação ou tes-
tar o canal ou a atenção do destinatário (função fática).
• Informar o destinatário sobre algo (função referencial).
Você também pôde verificar que, no circuito da comunica-
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 57

ção, é comum emissor e destinatário trocarem não só mensagens,


mas também suas funções. As mensagens são organizadas em tex-
tos falados ou escritos.
Na próxima seção, você estudará as diferenças entre fala e
escrita.

7. FALA E ESCRITA
Você observou que, nas seções anteriores, utilizamos como
exemplos ilustrativos tanto textos da língua falada como textos da
língua escrita? Por eles, você conseguiu perceber que fala e escrita
têm características próprias? Esperamos que tenha conseguido. É
exatamente a diferença entre essas duas modalidades da língua
que abordaremos agora.
Você deve estar perguntando por que estudar também a fala,
nesta unidade, e não apenas a escrita, já que o objetivo deste Ca-
derno de Referência de Conteúdo deve ser aperfeiçoar a produção
do texto escrito do aluno, vale dizer, a sua competência textual.
Nosso foco, é óbvio, é o estudo da língua escrita. Entretanto,
conhecer as características da língua falada e as diferenças entre
ela e a escrita pode ajudar-nos a evitar transpor para o texto escri-
to as chamadas marcas da oralidade.
Prossigamos, então.
Iniciemos com a leitura de um texto de língua falada e um de
língua escrita.
L1 não é bem comunicação é transporte
L2 pra mim é:: ainda...
L2 você comunica diferentes pontos da cidade quando você::... sabe? Faz com
que pessoas que:: antes teriam acesso ou mais difícil ou não teriam... de
um ponto
L1 para outro

não (mas vem daí) conotação de comunicação hein?


L2 ahn ahn

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58 © Comunicação e Linguagem

L1 isso aí seria um
L2 é mercúrio ((ri))
L1 é::... diferente... certo?...
L2 mas em suma acho que... sabe está ligado a todo um contexto

de::... que...

L1 tira tira tira o contexto de humano essa comunicação...


comunicação de transporte é comunicação não humana né?... (por
exemplo) você está em guerra o importante é você acabar com as
comunicações... né? Então você... destrói uma ponte e:: fica isolado
assim da::
L2 uhn uhn

L1 é diferente da comunicação... tipo humana né? tipo linguagem... sai


do contexto de linguagem...
mas você vê que::... (quer dizer) uma visão que o::... que o papai tem
né? Que ele diz que vai chegar uma hora que para/ que a cidade vai ficar
paralisada… então acho que é assim né?… fantasiando você pode dizer…
L2 sabe chega imigrante chega imigrante chega imigran::te e… cresce e cresce
e cresce e… e:: ao mesmo tempo (houve) o crescimento das… digamos das
vias… ou::… né? De::… circulação… dentro da cidade não acompanha esse
crescimento… de população né?
uhn uhn… eu não sei… o que se o que… gostaria de ver:: o:: que já
aconteceu de análogo… mas me parece que não não deve paralisar porque
L1 não tem… caso análogo (na história)… você tem por exemplo (Tóquio) para
fazer você conforme… o azar teu você fica quatro horas paralisado num
trânsito… (lá:: qualquer)
Mas nem por isso deixa de ir ( )
L2
(CASTILHO, PRETI, 1998, p. 27-28, linhas 427-464).

E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a


primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu
orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um cor-
po ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acrésci-
mo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa
existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu
encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se
cobria de um luxo radioso de sensações! (QUEIRÓS. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000143.
pdf>. Acesso em: 10 jul. 2008).
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 59

Comparando os dois textos, podemos chegar a algumas


constatações, apresentadas no quadro seguinte:

Quadro 3 Características do texto falado e do texto escrito.


Texto falado Texto escrito
1. O texto falado, como o exemplo dado 1. O texto escrito, como o exemplo dado,
de conversa face a face, é organizado é organizado em parágrafos. Em um
em turnos conversacionais (produção texto bem estruturado, os parágrafos são
linguística do falante no momento em construídos em torno de um tópico central
que ele tem a palavra). Os interlocutores (uma ideia central) ao qual podem ligar-se
alternam seus papéis de emissor e tópicos secundários.
receptor.
2. O texto falado é produzido por duas 2. O texto escrito, embora possa ser
ou mais pessoas que participam do elaborado por mais de uma pessoa, não
processo de interação verbal. apresenta as marcas de seus produtores.
3. A sintaxe dos enunciados do texto 3. A sintaxe dos enunciados do texto
falado é truncada, as frases são escrito não pode ser truncada, já que a
fragmentadas, já que o tempo de falta de completude sintática compromete
produção é curto e o falante deixa a compreensão do texto.
implícitas muitas informações.
4. O texto falado é marcado por 4. Como o escritor tem tempo para
hesitações, pausas, repetição de elaborar e reelaborar o texto, não
palavras, sobreposição de vozes etc. São aparecem marcas de hesitação, pausas,
comuns desvios gramaticais, como, por repetição de palavras etc.
exemplo, uso de concordância verbal e
nominal não padrão.

Observe, a seguir, algumas das marcas que caracterizam a


fala e que são transcritas quando se reproduz um texto falado:
pra mim é:: ainda…
O sinal “::”, de acordo com Castilho e Preti (1987, p. 9-10),
indica “alongamento de vogal ou consoante”, e “…” indica pausa.
uhn uhn

é diferente
O colchete indica que os interlocutores falaram ao mesmo
tempo, havendo, pois, sobreposição de vozes.
(mas vem daí)

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O que vem entre parênteses é uma hipótese do que foi ouvi-


do pela pessoa que transcreveu a fala.
((ri))
O que vem entre parênteses duplos é comentário da pessoa
que transcreveu a fala.
Como afirma Rodrigues (2003), a escrita não pode ser vista
como mera transcrição da fala. Trata-se de duas modalidades de
língua distintas. Podemos, pois, perceber algumas diferenças bási-
cas entre ambas. Veja o quadro a seguir:

Quadro 4 Diferenças básicas entre fala e escrita.


Fala Escrita
1. De acordo com Barros (2001), a matéria
1. De acordo com Barros (2001), a
que constitui a expressão da escrita é visual
matéria que constitui a expressão da fala
(sinais gráficos, como as letras, os acentos
é sonora.
gráficos, os sinais de pontuação etc.).
2. Na fala, os interlocutores dispõem 2. Na escrita, o escritor dispõe de tempo
de pouco tempo para organizar o para elaborar e reelaborar seu texto, que
discurso. O planejamento é simultâneo à chega ao leitor sem as marcas do processo
produção textual. de construção textual.
3. Na escrita, o texto é resultado de um
3. Na fala, o texto é resultado de
trabalho solitário, pois o leitor somente
um trabalho conjunto em que os
mais tarde irá receber o texto pronto,
interlocutores planejam e constroem o
decodificá-lo e atribuir-lhe possíveis novos
texto.
sentidos.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Para verificar se você compreendeu o processo de co-
municação, leia atentamente o texto de conversa ao te-
lefone que criamos e, em seguida, identifique e analise
os seis elementos envolvidos neste ato comunicativo:
• Alô!
• Alô! Quem fala?
• É o Luís.
• Oi, Luís! Tudo em ordem? É o Pedro da oficina quem
está falando.
• Oi, Pedro! Vamos indo. E você?
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 61

• Joia! Luís, seu carro ficou pronto. Está uma beleza!


• Oi? Não entendi. Minha esposa está usando o aspira-
dor de pó aqui na sala. Está muito barulho.
• Você não está ouvindo? Eu disse que seu carro ficou
pronto.
• Ah! Agora ouvi. Ela desconfiou e desligou o aparelho.
Irei buscá-lo à tarde.
• Ok. Um abraço.
• Outro.

2) Você estudou as funções da linguagem relacionadas aos


seis elementos da comunicação. É hora de você realizar
mais um exercício para verificar se apreendeu o conteú-
do desta seção. Vamos lá?
No poema seguinte, quais funções da linguagem estão
presentes? Justifique sua resposta.
Cessa o teu canto!
Cessa o teu canto!
Cessa, que, enquanto
O ouvi, ouvia
Uma outra voz
Com que vindo
Nos interstícios
Do brando encanto
Com que o teu canto
Vinha até nós.
Ouvi-te e ouvi-a
No mesmo tempo
E diferentes
Juntas cantar.
E a melodia
Que não havia.
Se agora a lembro,
Faz-me chorar
(PESSOA. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/ph000003.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2008).

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Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho, a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, confira, a
seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas pro-
postas anteriormente.
Questão n. 1
Como se trata de um ato de comunicação, estão presentes
os seis elementos. Quando Pedro fala, ele é o emissor e Luís é
o destinatário. Em contrapartida, quando Luís tem a palavra, ele
torna-se o emissor e Pedro, o destinatário. Por ser um diálogo, os
locutores alternam seus papéis.
A mensagem é o conteúdo das informações contidas na con-
versa. Compreende as saudações inicial e final, a informação de
que o carro está pronto e a informação de que Luís irá buscá-lo à
tarde. O diálogo é estruturado em turnos conversacionais, com-
preendidos como os enunciados produzidos pelos falantes no mo-
mento em que eles têm a palavra.
O referente da mensagem é aquilo de que Luís e Pedro fa-
lam: o carro de Luís. Além disso, o referente concerne a todo o
contexto de comunicação no qual os falantes estão inseridos. Ob-
serve que a esposa de Luís também faz parte desse contexto, e
é ela quem provoca o ruído que, em determinado momento do
diálogo, prejudica a boa comunicação.
O código utilizado para elaborar a mensagem é a língua por-
tuguesa falada. O canal de comunicação utilizado para transmitir a
mensagem compreende os aparelhos telefônicos dos dois interlo-
cutores e o fio que liga os dois fones à central telefônica.
Questão n. 2
No poema apresentado, predomina a função poética, já que
há um cuidado especial com a linguagem. O texto estrutura-se
© U1 - Comunicação Humana: Elementos da Comunicação, Funções da Linguagem, Fala e Escrita 63

em versos e são utilizados recursos do plano da expressão, como


ritmo e entonação exclamativa. Ocorrem, ainda, duas outras fun-
ções: a emotiva, já que há a presença do eu (primeira pessoa do
discurso), por exemplo, em "Se agora a lembro, / Faz-me chorar" e
o eu-lírico expressa seus sentimentos e emoções, o que confere ao
texto o efeito de subjetividade; e a conativa, pois se faz um apelo
ao destinatário, como, por exemplo, em "Cessa o teu canto!".

9. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da primeira unidade. Esperamos que você
tenha compreendido os conteúdos abordados. Caso haja quais-
quer dúvidas, entre em contato conosco. É interessante que você
faça uma leitura dos textos das referências bibliográficas.
Nas unidades seguintes, concentrar-nos-emos no estudo do
texto escrito, o qual deve ser nosso legítimo objeto de análise.
Assim, na Unidade 2, especificamente, estudaremos o con-
ceito de "texto" e os fatores de textualidade, dando especial aten-
ção a dois desses fatores, quais sejam, a coerência e a coesão.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BARROS, D. L. P. Entre a fala e a escrita: algumas reflexões sobre as posições intermediárias.
In: PRETI, D. (Org.). Fala e escrita em questão. 2. ed. São Paulo: Humanitas Publicações
FFLCH/USP, 2001, p. 57-77.
______. A comunicação humana. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à lingüística. I.
Objetos teóricos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003, p. 25-53.
BENVENISTE, É. Problemas de lingüística geral I. 4. ed. Tradução de Maria da Glória
Novak e Maria Luísa Néri. Campinas: Pontes, 1995.
CASTILHO, A. T.; PRETI, D. (Org.). A linguagem falada culta na cidade de São Paulo.
Diálogos entre dois informantes. São Paulo: T. A. Queiroz/FAPESP, 1987, v. 2.
FERREIRA, A. B. H. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. rev. e
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JAKOBSON, R. Lingüística e comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes.
São Paulo: Cultrix, 2003.
LOPES, E. Fundamentos da lingüística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1985.

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PRETI, D.; URBANO, H. (Org.). A linguagem falada culta na cidade de São Paulo. Entrevistas
(Diálogos entre informante e documentador). São Paulo: T. A. Queiroz/FAPESP, 1988, v. 3.
RODRIGUES, Â. C. S. Língua falada e língua escrita. In: PRETI, D. (Org.). Análise de textos
orais. 6. ed. São Paulo: Humanitas Publicações FFLCH/USP, 2003, p. 15-37.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Tradução
de Clarice Madureira Sabóia et al. 12. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Sites
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QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
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