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EDITORAÇÃO:Teima Custódio
L727
ISBN 978-85-7934-074-1
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Temos que voltar os nossos pensamentos para o mundo que estamos vendo} vivendo
(Rajagopalan, 2011).
Introdução
Alinho-me a Soltis (1990: 247): "A ética é ubíqua. Ela permeia todos os aspectos de nos-
sas vidas". Defendo a honestidade, a confiança, o respeito, o direito à privacidade, dentre outros
aspectos, que atravessam ou coexistem em nossas vidas em sala de aula, como professores e como
alunos, como formadores de professores, consultores, orientadores e dinamizadores (Miller,201O).
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LINOUAS
responsabilidade que cai sobre ele]s]" (Souza) 2011: 295). Estamos enfren-
tando o sofrimento imbricado na formação do professor como intelectual
transformador (Giroux, 1997)) para que ele também trabalhe criticamente
na era do pós-método.
Na conternporaneidade, alinhando-me a Moita Lopes (2006: 86\ acre-
dito que precisamos enfatizar a relevância social das pesquisas em LA) ou-
vindo "as vozes dos que estão à margem" e compartilhando vivências do
"sofrimento humano" (Mushakoji, 1999: 207 apud Moita Lopes, 2006: 94).
Mas) quais seriam as vozes dos que estão à margem na área de formação de
professores? À semelhança do que percebo na maioria das pesquisas sobre
ensino-aprendizagem) nas quais considero que alunos são pouco ouvidos)
acredito que as vozes dos licenciandos ou dos professores em formação con-
tinuada estavam silenciadas antes de começarmos a pesquisar os processos
de formação dentro da perspectiva da LA. Os próprios formadores de pro-
fessores entraram nas pesquisas tardiamente.
Outra questão refere-se ao sofrimento humano na formação de pro-
fessores. Um desses sofrimentos é o dos estagiários) que habitam um "en-
trelugar" (Miller et alii, 2008)) já que na universidade eles são considerados
alunos e futuros colegas e) nas escolas) ora são tratados como "professores")
ora como alunos-estagiários. Sofrem) também) ao longo de processos de
formação continuada) os professores que se sentem) em alguns casos) pres-
sionados a estudar e/ou refletir para se tornarem mais eficientes) serem pro-
movidos ou (não) serem demitidos. Há os que sofrem em sala de aula e fora
dela, por perceberem que a qualidade de vida em sala de aula não é satisfa-
tória (Cardozo, em andamento). Sofrem aqueles professores que percebem
que seu trabalho pedagógico não está satisfazendo as necessidades de seus
alunos e sofrem aqueles alunos que intuem que são merecedores de uma
educação ética) com respeito e responsabilidade social. Alinho-me a Liston
2012)) quando afirma que se faz imprescindível investir mais na pesquisa
sobre emoção na área da educação) fazendo articulações teóricas com es-
tudos sobre identidades profissionais e pessoais e com estudos que investi-
guem as emoções dos professores em projetos educacionais de justiça social)
na tradição da teoria crítica e da pedagogia crítica como fazem) por exemplo)
LINGUiSTICA APLICADA NA MODERNlDADE RECENTE
turo professor que consiga, no exercício de sua profissão, "fazer com que o
trabalho para o entendimento e a integração das pessoas sejam contínuos".
Ainda no terreno da inovação pedagógica dentro de sala de aula, pre-
cisamos entender como fazer para que nossos licenciandos entrem em con-
tato com práticas pedagógicas inovadoras nos colégios conveniados. Como
podemos buscar que os licenciandos ganhem segurança para tomar, o mais
cedo possível no exercício da vida profissional, decisões pedagógicas agen-
tivas e crítico-reflexivas que caracterizam a era pós-método? Em quais pro-
fessores regentes poderão os licenciandos se inspirar para se construírem
identitariamente como futuros professores que atuarão politicamente, pen-
sando o ensino de línguas e a metodologia adotada em função da política
linguística adotada no país (Rajagopalan, 20l1)? Será que eles consegui-
rão "reinventar a vida social" em sala de aula e assim criar oportunidades
para promover a "reinvenção de formas de produzir conhecimento", como
clamam a LA "promissora" e aLA "indisciplinar" (Allwright, 2006j Moita
Lopes, 2006)? Ressalto, aqui, com Celani (2010), a relevância da pesquisa
sobre formação de professores como atividade geradora de reflexão sobre
práticas de desenvolvimento profissional que incluem tanto professores
quanto seus formadores.
Em se tratando da formação de (futuros) pesquisadores, sejam alu-
nos, licenciandos ou professores, parece relevante que a área de formação
de professores se empenhe em mapear entendimentos aprofundados a res-
peito das questões que professores pesquisadores iniciantes trazem para re-
flexão (Ewald, em andamento). O que entendem por pesquisa? Quais são
as características dos seus projetos? Com que paradigmas os pesquisadores
iniciantes se alinham? O que eles esperam do processo de "fazer" pesquisa,
do orientador, das leituras teóricas, da possibilidade de envolver alunos, ou
não? Seria interessante delinear a multiplicidade de visões ou a inclinação
para o pensamento crítico-reflexivo, buscando interpretar o que (futuros)
professores pesquisadores entendem por criticidade e reflexividade, bem
como seus posicionamentos com relação a questões de (trans)formação
pessoal profissional, social e ética. Nesse sentido, me questiono, com Souza
(2011: 280), como sair da lógica linear, ou será que precisamos conviver com
LINGUiSTICA APLICADA NA MODERNlDADE RECENTE
ela para subvertê-Ia aos poucos? Aceitar os paradoxos (Palmer, 1998), a com-
plexidade (Morin, 1999), a ética (Celani, 2005), a metarreflexão teórica e
metodológica (Cavalcantí, 2006) e o conceito de língua como caleidoscópio
(César e Cavalcanti, 2007) são opções urgentes na formação de professores
e na pesquisa desenvolvida na contemporaneidade para essa área.
Professores pesquisadores em formação inicial e continuada e seus
formadores, preferencialmente trabalhando em conjunto, podem passar a
entender melhor seus contextos, suas crenças e suas práticas investigativas
a partir da reflexão contínua sobre suas próprias práticas. Paralelamente a
esse macromovimento reflexivo, faz-se necessário reconhecer e valorizar a
complexidade do trabalho de pesquisa sobre formação de professores, espe-
cialmente a necessidade de articular teorizações a respeito dos contextos pe-
dagógicos de formação (licenciaturas em universidades públicas e privadas,
programas de pós-graduação, outros espaços de formação continuada, es-
cola pública e privada, cursos livres, aulas particulares), das teorias de cons-
trução de conhecimento e de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras,
de línguas adicionais e de língua materna, das concepções de lingua(gem)j
discurso, das visões sobre desenvolvimento profissional, dentre outras ques-
tões de ordem sócio-histórico, político e cultural.
Quaisquer entendimentos gerados em investigações sobre processos
de formação de professores serão sempre situados e locais. Assim, parece
fundamental estudar de que forma as histórias de vida dos (futuros) pro-
fessores pesquisadores e de seus formadores estão presentes na construção
de seus processos de formação. Na mesma linha, estudos sobre as (rejcons-
truções identitárias dos professores-pesquisadores em formação e dos seus
formadores nos informam sobre seus processos de formação.
Considerações finais