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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Centro de Tecnologia – CT
Departamento de Engenharia Mecânica – DEM

MEC1902 – Refrigeração e Ar Condicionado


Ementa/descrição: Fundamento de refrigeração e ar condicionado. Sistemas frigoríficos por
compressão de vapor. Equipamentos frigoríficos. Fluidos refrigerantes. Câmaras frigoríficas.
Sistemas frigoríficos por absorção. Processos psicrométricos. Cálculo da carga térmica para
climatização ou frio industrial. Sistemas de condicionamento de ar. Unidades
condicionadoras de ar. Laboratorio de refrigeração. Laboratório de ar condicionado.

60horas/30 teóricas/30 práticas

Prof. Dr. Cleiton Rubens Formiga Barbosa

Natal - RN
Set/2020
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Tecnologia – CT
Departamento de Engenharia Mecânica – DEM

MEC1902 – Refrigeração e Ar Condicionado


Prof. Dr. Cleiton Rubens Formiga Barbosa

Módulo 02
Ciclos de Refrigeração...Diagramas de Mollier

Refrigerador doméstico Circuito frigorifico e diagrama de Mollier (Pxh)


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Prof. Cleiton Rubens 2.0 Introdução

Figura 2.0 (a)– Iso-Linhas de propriedades no diagrama P-h

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Prof. Cleiton Rubens 2.1 Diagrama de Molier (Pxh)

Figura 2.0 (a) – Diagrama de Mollier (P-h)

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Prof. Cleiton Rubens 2.2 Diagramas de Mollier

Figura 2.0 (b) – Diagramas de Mollier (P-h)

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Prof. Cleiton Rubens 2.0 Introdução

Figura 2.0 (b) – Refrigerante R134-a: Fases e Diagrama P-h

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Prof. Cleiton Rubens 2.0 Introdução

Figura 2.0 (c) – Famílias de fluidos Refrigerantes

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Prof. Cleiton Rubens 2.0 Introdução

Figura 2.0 (d) – Representação esquemática de uma câmara frigorífica

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Prof. Cleiton Rubens 2.1. Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor

Um ciclo térmico real qualquer deveria ter para comparação o ciclo de Carnot, por ser este o ciclo
de maior rendimento térmico possível.
Entretanto, para o ciclo de refrigeração por compressão de vapor, define-se um outro ciclo, que é
chamado de “ciclo teórico”, no qual os processos são mais próximos aos do ciclo real e, portanto,
torna-se mais fácil comparar o ciclo real com este ciclo teórico.
Dessa forma, sempre o ciclo teórico de refrigeração terá melhor performance operando nas
mesmas condições do ciclo real de refrigeração.

A Figura 2.1 mostra um esquema básico de um


sistema de refrigeração por compressão de
vapor, com seus principais componentes, e o seu
respectivo ciclo teórico construído sobre um
diagrama de Mollier, no plano P-h.
Os equipamentos da Figura 2.1(a) representam,
genericamente, qualquer dispositivo capaz de
realizar os respectivos processos específicos
indicados.
Figura 2.1 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor simples:
(a) Circuito frigorífico (b) Diagrama de Mollier (Pxh)

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Prof. Cleiton Rubens 2.1. Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor
Os processos termodinâmicos que constituem o ciclo teórico nos respectivos equipamentos são:
PROCESSO 1➝2. Ocorre no compressor, sendo um processo adiabático reversível (isentrópico),
como mostra a Figura 2.1. O refrigerante entra no compressor à pressão do evaporador (Po) e com
título igual a 1 (x = 1). O refrigerante é então comprimido até atingir a pressão de condensação
(Pc).Ao sair do compressor, está superaquecido à temperatura T2, que é maior que a temperatura de
condensação TC.
PROCESSO 2➝3. Ocorre no condensador, sendo um processo de rejeição de calor, do refrigerante
para o meio de resfriamento, à pressão constante. Neste processo o fluido frigorífico é resfriado da
temperatura T2 até a temperatura de condensação, TC. A seguir, é condensado até se tornar líquido
saturado na temperatura T3, que é igual à temperatura TC.
PROCESSO 3➝4. Ocorre no dispositivo de expansão, sendo uma expansão irreversível à entalpia
constante (isentálpico), desde a pressão de condensação Pc, e o líquido saturado (x = 0), até a
pressão de vaporização (Po). Observe que o processo é irreversível e, portanto, a entropia do
refrigerante na saída do dispositivo de expansão (s4) será maior que a entropia do refrigerante na
sua entrada (s3).

PROCESSO 4➝1. Ocorre no evaporador, sendo um processo de transferência de calor à pressão


constante (Po) e, conseqüentemente, à temperatura constante (To), desde vapor úmido (estado 4)
até atingir o estado de vapor saturado seco (x = 1).Observe que o calor transferido ao refrigerante no
evaporador não modifica a temperatura do refrigerante, mas somente muda sua qualidade (título).
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Prof. Cleiton Rubens 2.2. Ciclo real de refrigeração por compressão de vapor

As principais diferenças entre o ciclo real e o ciclo teórico de refrigeração da Figura 2.1 são:

I. Queda de pressão (VPd) nas linhas de descarga e no condensador ;


II. Queda de pressão (VPs) na linha de sucção e no evaporador;
III. Processo de compressão no ciclo real é politrópico e no ciclo teórico é isentrópico.
IV. Superaquecimento (VTsup) na saída do evaporador...o compressor não aspira líquido;
V. Sub-resfriamento (VTsub) na saída do condensador...evita o gás flash na válvula de
expansão;

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Prof. Cleiton Rubens 2.3. Balanço de energia do ciclo de refrigeração

O balanço de energia do ciclo de refrigeração é feito considerando-se o sistema operando em


regime permanente nas condições de projeto, ou seja, à temperatura de condensação (TC) e à
temperatura de vaporização (TO).
Os ciclos reais e teóricos de refrigeração apresentam comportamentos muito semelhantes, sendo
que o ciclo real tem um desempenho inferior.
A análise do ciclo teórico possibilitará, de forma simplificada, verificar quais parâmetros apresentam
maior ou menor influência no desempenho do ciclo.

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Prof. Cleiton Rubens 2.3.1 Capacidade frigorífica

A capacidade frigorífica (Qo) é a quantidade de calor, por unidade de tempo, retirada do meio que se
quer resfriar (produto), através do evaporador do sistema frigorífico.

Considerando a Figura 2.2. com o sistema operando em regime permanente e desprezando-se as


variações de energia cinética e potencial, pela Primeira Lei da Termodinâmica, tem-se:

Na operação em regime permanente, a capacidade frigorífica do sistema de


refrigeração deverá ser igual à carga térmica.

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Prof. Cleiton Rubens 2.3.2 Efeito frigorífico

Se forem estabelecidos o ciclo e o fluido frigorífico com o qual o sistema deve trabalhar, pode-se
determinar o fluxo mássico ( ) que circula através dos equipamentos, pois as entalpias h1 e h4 são
conhecidas e, conseqüentemente o compressor fica determinado.

A quantidade de calor por ( ) unidade de massa de refrigerante retirada no evaporador é o“efeito


frigorífico” (EF). Este é um dos parâmetros usados para definir o fluido frigorífico que será utilizado em
uma determinada instalação.

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Prof. Cleiton Rubens 2.3.3 Potência teórica de compressão

A potência teórica de compressão é a quantidade de energia, por unidade de tempo, que deve ser
fornecida ao refrigerante, no compressor, para se obter a elevação de pressão necessária do ciclo
teórico de refrigeração.
No ciclo teórico, a compressão é adiabática reversível (isentrópica). No ciclo real, o compressor perde
calor para o meio ambiente. Entretanto, este calor é pequeno se comparado à energia necessária para
realizar o processo de compressão.
Aplicando-se a Primeira Lei da Termodinâmica, em regime permanente, ao volume de controle da
figura 2.3 e, desprezando-se a variação de energia cinética e potencial, tem-se:

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Prof. Cleiton Rubens 2.3.4 Calor rejeitado no condensador

O condensador tem como missão a rejeição de calor do fluido frigorífico para o agente de
condensação (água ou ar).
O calor rejeitado no condensador, em regime permanente e desprezando-se a variação de energia
cinética e potencial, pode ser estimado por meio de um balanço de energia aplicado ao volume de
controle da Figura 2.4. Assim, da Primeira Lei da Termodinâmica, tem-se:

O condensador de um sistema de refrigeração deve ser capaz de rejeitar a taxa de calor da


equação (4), a qual depende da carga térmica do sistema, e da potência de acionamento
do compressor, expressa pela equação (3).
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Prof. Cleiton Rubens 2.3.5 Dispositivo de expansão

O processo teórico no dispositivo de expansão, é adiabático, como apresentado na Figura 2.5.

Daí, aplicando-se a Primeira Lei da Termodinâmica, em regime permanente, e desprezando-se as


variações de energia cinética e potencial, tem-se:

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Prof. Cleiton Rubens 2.3.6 Coeficiente de performance do ciclo

O coeficiente de performance, COP, é um parâmetro importante na análise das instalações frigoríficas.


Muito embora o COP do ciclo real seja sempre menor que o do ciclo teórico, para as mesmas
condições de operação, o ciclo teórico pode ser utilizado para identificar que parâmetros influenciam
o desempenho do sistema.
O COP do ciclo de refrigeração é definido por:

O COP do ciclo teórico é função somente das


propriedades do fluido refrigerante.
Da eq. (6), pode-se deduzir que o COP é
fortemente dependente das temperaturas (ou
pressões) de condensação e vaporização.
Para o ciclo real, o COP também é fortemente
influenciado pelas propriedades da sucção do
compressor e demais equipamentos do
sistema de refrigeração.
Figura 2.1 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor simples:
(a) Circuito frigorífico (b) Diagrama de Mollier (Pxh)
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Prof. Cleiton Rubens 2.4. Parâmetros que influenciam o COP do ciclo de refrigeração

Vários parâmetros influenciam o COP do ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor.

Os principais parâmetros são:

i. Temperatura ou pressão de evaporação

ii. Temperatura ou pressão de condensação

iii. Sub-resfriamento do líquido

iv. Superaquecimento útil

v. Eficiência isoentrópica do compressor

Figura 2.1 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor simples:


(a) Circuito frigorífico (b) Diagrama de Mollier (Pxh)

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Prof. Cleiton Rubens 2.4.1 Influência da temperatura de evaporação no COP do ciclo teórico
Da Figura 2.6 observa-se para o refrigerante R22, que uma redução na temperatura de evaporação
diminui o COP, isto é, o sistema torna-se menos eficiente.

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Prof. Cleiton Rubens 2.4.2 Influência da temperatura de condensação no COP do ciclo teórico
Da Figura 2.7, observa-se que uma variação de 15ºC na temperatura de condensação resultou em
menor variação do COP, se comparado com a mesma faixa de variação da temperatura de evaporação.

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Prof. Cleiton Rubens 2.4.3 Influência do sub-resfriamento do líquido no COP do ciclo teórico
Da Figura 2.8, observa-se que há o aumento no COP do ciclo com o aumento do sub-resfriamento. Na
prática, se utiliza um sub-resfriamento para garantir que se tenha somente líquido na entrada do
dispositivo de expansão.

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Prof. Cleiton Rubens 2.4.4 Influência do superaquecimento útil no COP do ciclo teórico

Define-se superaquecimento útil do refrigerante aquele decorrente da remoção calor do meio a ser
refrigerado ou climatizado.

I. A variação do COP com o superaquecimento depende do


refrigerante:

 Para o R22, há um aumento inicial e, depois, uma


diminuição.
 Para o R717 o COP sempre diminui;
 Para R134a o COP sempre aumenta;

II. Para outras condições do ciclo, isto é, To e Tc, o


comportamento poderá ser diferente.

III. Para os casos em que o superaquecimento melhora o COP,


ele diminui a capacidade frigorífica do sistema de
refrigeração.

IV. Enfim, somente se justifica o superaquecimento do fluido


refrigerante por motivos de segurança, para evitar a
entrada de líquido no compressor.

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