Você está na página 1de 48

FACULDADE IEDUCARE - FIED CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

GENAILTON REGO DE OLIVEIRA

A DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

TIANGUÁ 2021
2

GENAILTON REGO DE OLIVEIRA

A DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

Monografia apresentada a Faculdade Ieducare


como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Direito. Orientador: Gustavo
Judhar Ferreira Ribeiro.

TIANGUÁ
2021
CIP - Catalogação na Publicação

Ficha Catalográfica Elaborada Automaticamente Pela Biblioteca - Biblioteca


Profª Maria Carmelita Moura Viana Rodrigues

de oliveira , genailton rego .


A Desmilitarização da Polícia Militar / genailton rego de oliveira . —
2021.
45 f.

Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação (Graduação) — Faculdade


IEducare, Bacharelado em Direito, Tianguá, BR-CE, 2021.
Orientação: everton machado pereira .
Coorientação: gustavo judhar ferreira ribeiro .

1. as policias militares no brasil . 2. origem e estrutura da polícia militar


brasileira . 3. as polícias militares na constituição brasileira de 1988. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada automaticamente pela Biblioteca da


Faculdade IEducare, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
GENAILTON REGO DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado apresentada à
Faculdade Ieducare como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Esp. Gustavo
Judhar Ferreira Ribeiro

Aprovada em 16/12/2021 Nota 9,0

BANCA EXAMINADORA

_ _ _
Prof. Esp. Gustavo Judhar Ferreira Ribeiro
Faculdade Ieducare- FIED/UNINTA (orientador)

_ _ _
Prof. Esp. Anderson Conceição Rodrigues (examinador 1)
Faculdade Ieducare - FIED/UNINTA

_ _ _
Prof. Esp. Francisco Maxwânio Parente de Vasconcelos
(examinador 2)
Faculdade Ieducare - FIED/UNINTA

_ _ _
Coordenadora do Curso
Profª. Ma. Jéssica Teles de Almeida
FIED BOLcare

FIED FACULDADE IEDUCARE


COORDENACÃO D0 SISTEMAINTEGRADO DEBIBLIOTECAS
Contorme disposto na Lei Federal 9,.610, de 19 de fevereiro de 1998 e na Lei 10.973, de 2 de dezembro ae 2004.
Termo de autorização para publicação da produção científica e memória institucional da FIED.
FIED orais,
AOZ0 - Faculdade leducare a disponibilizar e compartilhar gratuitamente, sem ressarcimento dos direitos
a
tura
documento supracitado,
elou impressão
de
minha
pela intemet, autoria,
a título nas bibliotecas
de divulgação
e no repositório institucional da FiED Faculdade leducare para fins de
-

da produção cientifica brasileira, a partir desta data.


1 Identificação do tipo de documento

Tese ( Dissertação() Artigo () Trabalho de conclusão de curso %

OOutros. Especificar_

2 Identificação do(a) autor(a) e do documento


Autor-ewaL LTON 2EG DE OuuCAA _CPF: 4c0323 og2 D8
Email
Genaan0lueaaki hofmaul to Telefone: 8 33633 8934
Título:
da uua mltteA
Data de Defesa:
4612i04 Programa de Pós-Graduação:_ Área de Concentração:_
Orientador
a4reuo ludhan_naeiha kheita_EmaiSusdaa udharepiud.sdu
DECLARAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO N EXCLUSIVA
O referido autor:
a) Declara que o documento entregue é seu trabalho original, e que detém o direito de conceder os direitos contidos nesta
licença. Declara também que a entrega do documento não infringe, tanto quanto Ihe é possível saber, os direitos de qualquer
outra pessoa ou entidade;
b) Se o documento entregue contém material do qual não detém os direitos de autor, declara que obteve autorizaço do
detentor dos direitos de autor para conceder a FIED - Faculdade Ieducare os direitos requeridos por esta licença, e que esse
material cujos direitos são de terceiros está claramente identificado e reconhecido no texto ou conteúdo do documento
entregue.
Se o documento entregue é baseado em trabalho financiado ou apoiado por outra instituição que não a FIED Faculdade
Ieducare, declara que cumpriu quaisquer obrigações exigidas pelo respectivo contrato ou acordo.

TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Na qualidade de titular dos direitos de autor da obra, autorizo a FIED a disponibilizar, o texto integral do trabalho citado,
conforme permissão abaixo por mim assinada, para fins de leitura, impressão e/ou download, a partir desta data.

A partir de qual data o documento poderáser disponibilizado no Repositório Institucional da FIED? 2/o8 l2o2 2
A obra continua protegida por Direito Autoral elou por outras leis aplicáveis. E proibido qualquer uso daobraque_
não o autorizado pela legislação autoral.

Este formulário deve ser encaminhado à biblioteca que atende o curso e/ou unidade acadêmica do depositante,
junto coma versão digital do documento.

Tianguá, CE
Local e data
IC8 12022

ezitn kgn_de4
Agsinatura do Autor efóu Detentor dos Direitos do Autor
3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as pessoas mais importantes da minha vida, que são minha base e
que tenho como exemplo: meu pai Raimundo Alexandre de Oliveira e minha mãe Maria
Iran Rego de Oliveira que sempre estiveram comigo me dando corragem e orientando-me,
para nunca dexistir dos meus objetivos.
4

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por me dar força interior e coragem para concluir este trabalho, a todos
os meus familiares e amigos pelo o incentivo de não desistir nunca. A todos professores
que estiveram presentes em minha vida acadêmica.
5

EPÍGRAFE

“ Só engrandeceremos o nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadãos do


mundo”
(GANDHI, Mahatma)
6

RESUMO

Este trabalho monográfico traz como tema A Desmilitarização da Polícia Militar e sua problemática tange do
porquê uma polícia deve ter a mesma estruturação de uma instituição que é treinada para batalhas externas. A
justificativa dedilha acerca de que não se justifica uma polícia militarizada, em que esta é submetida a um
regimento interno voltado ao cárcere do militarismo em um país democrático de direito. Um grande exemplo é
o fato de países mais desenvolvidos onde não existe esse tipo de policiamento militarizado, pois é um exagero
o PM ser submetido a treinamentos baseados em estado de guerra. E tem como objetivo geral mostrar que a
desmilitarização é a melhor opção para uma polícia mais humanizada para uma sociedade de paz, bem como,
assegurar o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana aos policiais que são tratados de forma desigual por uma
constituição que preze pelo Princípio da Igualdade. Este estudo é de cunho qualitativo, baseado em livros,
revistas e outro artigos que tratam sobre o assunto. Finalizando esta monografia notou-se como em país
democrático de direitos ainda possa existir uma polícia na qual ainda esta enraizado e incumbida a personalidade
de uma defesa arcaica em que o treinamento é voltado para o confronto contra o inimigo.

Palavras-chaves: Desmilitarização, Polícia, Segurança, Militar


7

ABSTRACT

This monographic work has as its theme The Demilitarization of the Military Police and its problematic
concerns why a police force should have the same structure as an institution that is trained for external battles.
The justification plays on the fact that a militarized police is not justified, in which it is subjected to an internal
regiment aimed at the prison of militarism in a democratic country under the law. A great example is the fact
that more developed countries do not have this type of militarized policing, as it is an exaggeration for the PM
to be subjected to training based on a state of war. And its general objective is to show that demilitarization is
the best option for a more humanized police for a society of peace, as well as to ensure the principle of human
dignity to police officers who are treated unequally by a constitution that values the principle of equality. This
study is qualitative, based on books, magazines and other articles dealing with the subject. At the end of this
monograph, it was noted how in a democratic country of rights there may still be a police in which the
personality of an archaic defense is still rooted and incumbent on it, in which training is aimed at confronting
the enemy.

Keywords: Demilitarization, Police, Security, Militar


8

LISTA DE SIGLAS

CF - Consttituição Federal
COTER – Comando de Operações Terrestres CORE – Coordenadoria de Recursos
EspeciaisCV – Comando Vermelho
DF - Distrito Federal
DNA – Ácido Desoxirribosenucleico FFAA – Forças Armadas
IGPM – Inspetoria Geral das Polícias Militares IPEA – Instituto de Pesquisas Econômica
Aplicada LOB – Lei Organização Básica
MJ – Misnistério da Justiça MT – Mato Grosso
PCC - Primeiro Comando da Capital
PEC – Posposta de Emenda à ConstituiçãoPM – Polícia Militar
PMCE – Polícia Militar do Ceará
PNRH – Pacto Nacional pela Redução de HomicídiosRO - Rondônia
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 11
2.1 As Polícias Militares no Brasil ............................................................................... 11
2.2 Origem e Estrutura da Polícia Militar Brasileira. ............................................... 12
2.3 As Polícias Militares na Constituição De 1988 na
Atualidade ......................................................................................................................... 14
2.4 Histórico da Polícia Militar do Ceará. .................................................................. 16
3 SEGURANÇA PUBLÍCA NOS ESTADOS ............................................................ 17
3.1 Conceito de Segurança Pública. .............................................................................17
3.2 Segurança Pública na Atualidade ..........................................................................22
3.3 Soluções para Diminuir a Criminalidade...... ......................................................... 27
4 A DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR ............................................32
4.1 A Proposta de Desmilitarização. ............................................................................ 32
4.2 Os Fatos Negativos da Polícia Militarizada. .......................................................... 37
4.3 Fatores Positivos da Polícia Desmilitarizada. ...................................................... 42
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................43
10

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico traz como tema A Desmilitarização da Polícia


Militar, um tema atual muito debatido, pois é visto que a polícia militarizada vem perdendo
sua credibilidade diante de alguns fatos ocorrido e, não se pode generalizar que todos os
policiais precisem de uma mudança em seu comportamento, mas é fato que a
desmilitarização precisa acontecer.
A problemática tange do fato de o porquê uma polícia deve ter a mesma estruturação
de uma instituição a qual é treinada para batalhas externas, pois os policiaispassam boa parte
de seu tempo nas ruas, em contato com as pessoas de bem e, não somentecom infratores,
assim devem estar preparados para lhe dar com diferentes situações, não apenas o
enfrentamento com bandidos.
Sua justificativa dedilha acerca de que não se justifica uma polícia militarizada, ser
submetida a um regimento interno voltado ao cárcere do militarismo, em um país
democrático de direito. Um grande exemplo são os países mais desenvolvidos, onde não
existe esse tipo de policiamento militarizado, pois é um exagero o PM ser submetido a
treinamentos baseados em estado de guerra.
Tem como objetivo geral mostrar que a desmilitarização é a melhor opção para uma
polícia mais humanizada para uma sociedade de paz, bem como, assegurar o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana aos policiais que são tratados de forma desigual por uma
constituição que preze pelo Princípio da Igualdade.
A referida pesquisa se inscreve numa abordagem qualitativa, em que foi realizadoum
estudo do tema em questão. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que é um tipo de
investigação científica que foca no caráter subjetivo do objetivo em estudo, nas suas
experiências individuais e particularidades.
Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com auxílio de livros e
diversos textos, tendo como autores: Adorno (1996), Bengochea (2004), Brasil (1988),
Fabrietti (2013), Passetti (2003), Pietro (2012), entre outros autores que tratam do tema, em
que as informações obtidas serviram de subsídios na perspectiva de orientar os trabalhos
desenvolvidos.
A construção deste trabalho foi subsidiada com livros, revistas e artigos de grandes
autores que tratavam do assunto abordado, com o intuito de enriquecé-lo.
11

Vale ressaltar que este estudo está fundamentado em questões da atualidade e nas
implicações de uma visão mais ética que os governantes deveriam ter para a sociedade como
um todo.
No embasamento teórico foram utilizados livros, artigos acadêmicos, legislações
pertinentes e publicações na internet, procurando trazer para este trabalho as discussões mais
recentes sobre o tema.
Esta monografia está estruturada em três capítulos, em que o primeiro traz o contexto
histórico das polícias militares no Brasil, neste ponto ressalta-se como se deu o início da
organização de uma guarda especial em tempos tão remotos, assim também como a origem
e estrutura da polícia militar brasileira, que teve início ainda quando o país era governado
pela família real portuguesa. E mesmo com o passar dos anos a polícia brasileira ainda tem
muito do modo arcaíco como foi estruturada há tempos atrás, pois a polícia militar na
atualidade, na sua forma de abordagem ainda causa certo medo no cidadão. Já no último
tópico deste capítulo fala-se um pouco do histórico da polícia militar do Ceará, como se deu
sua estruturação e como vem se modificando com o passar dos anos.
O segundo capítulo relata sobre a segurança pública nos estados, seu intuito em
relação a garantir de fato os direitos do cidadão, além de esclarecer como essa segurança está
sendo feita na atualidade, assim como traz algumas sugestões para possíveis soluções
objetivando diminuir a criminalidade no país.
O terceiro capítulo aborda sobre a desmilitarização da polícia militar na pespectiva
de uma melhoria no trato com os indivíduos, expõe os fatos negativos da polícia militarizada,
e traz ainda alguns fatores posititivos, em que esta seria ostensiva e preventiva ao mesmo
tempo.
Ao finalizar este estudo notou-se que a desmilitarização é necessária, mas requerpor
parte do Estado um estudo minucioso a respeito, pois não pode ser feito de qualquerforma,
visto que a população brasileira é bem diferente da população de países mais desenvolvindos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 As Polícias Militares no Brasil

Nesse primeiro capítulo discorre-se sobre a necessidade de criar instituições com o


intuito de organizar a ordem e os direitos dos cidadãos em tempo bem remotos, sem
12

praticamente nunhum conhecimento específico, mas pela segurança da Família Real que
passará a viver no Brasil. Também ressalta mudanças que foram sendo feitas com o passar
dos anos por meio do que foi instítuido na constituição, mostra também como foi o início
da Polícia Militar no Estado do Ceará.

2.2 Origem e Estrutura da Polícia Militar Brasileira

Antes de desenvolver o estudo da origem da Polícia Militar no Brasil, é necessário


compreender o significado do termo Polícia, na busca do entendimento acerca da função
desse órgão. Assim, “Polícia é um vocábulo de origem grega (politeia), e passou para o latim
(politeia), com o mesmo sentido: ‘governo de uma cidade, administração, forma de governo”
(SÃO PAULO, [2014]). No entanto, com o passar dos anos, começa a significar “a atividade
administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna, a harmonia e, mais tarde, o órgão
do Estado que zela pela segurança dos cidadãos” (SILVA, 2001, p. 756).
Segundo o pensamento de MORAIS:

Entre suas atribuições incluíam-se a investigação dos crimes e a captura dos


criminosos, principalmente escravos fujões. O intendente-geral de polícia ocupava
o cargo de desembargador, e seus poderes eram bastante amplos. Além da
autoridade para prender, podia também julgar e punir aquelas pessoasacusadas de
delitos menores. Mais do que as funções de polícia judiciária, o intendente-geral
era um juiz com funções de polícia. (apud SOUSA; MORAIS, 2011, p. 4).

Tudo se principiou no século XVIII, no tempo do Império, com a chegada da Família


Real que fugia da Europa em virtude de tantas guerras. Assim, com a chegada da família real
ao Brasil que veio acompanhada da guarda real de Portugal, foi necessário a criação de uma
força de segurança para proteção da realeza. Se criou então a Divisão Militar de Guarda Real
de Polícia do Rio de Janeiro, como era conhecida. Foi fundada em 13 de maio de 1809, por
D. João VI, Rei de Portugal, que adotou o mesmo modelo de organização da guarda
portuguesa, usava os mesmos trajes e armas, e já tinhaestrutura militarizada com companhias
de infantaria e de cavalaria.
O estabelecimento de uma força militar permanente na capital deu-se em função do
crescimento populacional do Rio de Janeiro e da necessidade de garantir a segurança da
nobreza recém-chegada de Portugal. No entanto, no interior as cidades
13

também registravam aumento considerável da população, onde também se fazia necessário


a manutenção da ordem pública. Com isso, foram sendo criados corpos policiais nas
províncias. Com a formação e estrutura, esses corpos policiais são os que mais se aproximam
das atuais policiais militares estaduais.
O autor afirma que:

A guarda real era um [sic] força de tempo integral, organizada em moldes


militares” e subordinada ao “Ministério da guerra e a intendência de polícia pagava
seus uniformes e salários”, tinham [sic] como função “atribuição de patrulha para
reprimir o contrabando, manter a ordem, capturar e prender escravos, desordeiros,
criminosos e etc... (apud RIBEIRO, 2011, p. 3).

Eram ordenados a manter a ordem, na maioria das vezes e até domesticar animais
vadios e educar a população, que naquela época era constituída praticamente de escravos e
mestiços. Todavia, a dificuldade da construção do estado brasileiro e da expansão da nação,
num contexto de particularidade escravista, naquele momento do século XX tinha uma
complexidade de organização das forças policiais.
Provavelmente, representantes oficiais de um Estado que até então não estava
presente, passaram a agrupar instituições policiais numa tentativa de irem refletindo e se
integrando às práticas do mando local, criando versões distintas da luta pelomonopólio da
força, mas, neste caso, com o uso da força física fora de qualquer controle.
No ano de 1830, transfere-se a submissão da Guarda Real, que deixou de ser ligada
ao Ministério da Guerra e passou a ser vinculada ao Ministério da Justiça, assim houve uma
constante troca entre os oficiais do exército e os membros da Guarda, uma vez que, em
consequência das guerras ou de revoltas, externas ou internas, como foi o caso da guerra
contra o Paraguai, os membros da Guarda Real serviam de infantaria para o Exército, pois
disponibilizava oficiais para a polícia. Sendo assim, ressalta Sócrates Mezzomo:

Observa-se que [os policiais referidos] sempre tiveram grande proximidade


com o próprio Exército, com destaque para a adoção do modelo militar, a
estrutura organizacional, e empregadas como “forças auxiliares do Exército
regular (apud RIBEIRO, 2011, p. 4).

Em consequência de sua ineficácia na resolução das revoltas e crises, foi extinta e


seu lugar foi ocupado pelo Corpo de Guardas Municipais Permanentes (SOUSA;
14

MORAIS, 2011), que até o fim do período monárquico nunca havia atingido um alto nívelde
treinamento, disciplina e eficiência (DALLARI, 1977).
Só após a proclamação da República em 1889, é que foi acrescentado a designação
“MILITAR”, e passaram a ser conhecidos como CORPOS MILITARES DE POLÍCIA. Com
a divulgação da constituição republicana, os estados, então antigas províncias, passaram a
deter uma maior autonomia e puderam organizar melhor seus efetivos, foi quando passou a
surgir várias denominações como; Batalhão de Polícia, Regimento de Segurança e Brigada
Militar. O nome Polícia Militar foi padronizado em 1946, com a Constituição, após a criação
do Estado Novo, e todos os Estados adotaram o termo, exceto o do Rio Grande do Sul que
até os dias de hoje mantem o nome de Brigada Militar em sua força policial.
Durante o regime militar (1964-1985) a polícia sofreu uma restruturação. Polícia
Militar passou a ser guiada por uma classificação hierárquica única, foram extintas as guardas
civis e organizações similares, e em 1967 foi criada a Inspetoria Geral das Policias Militares
(IGPM), subordinada ao Exército. Lembrando que sob o regime militar as Policias Militares
passaram a ser comandadas por oficiais de Exércitoe serviram de instrumento de combate aos
opositores do regime.
A herança da época do regime militar fica notória quando se observa que essa
transição do período do regime para a democracia se deu ainda com os militares no poder,
ou seja, tal mudança se deu sob forte influência daqueles que detinham o poder durante esse
período obscuro da história. Generais de Exército, mesmo não estando mais no poder, ainda
exerciam uma forte influência, assim se criou um modelo de policiamento militarizado, como
é até os dias de hoje.

2.3 As Polícias Militares na Constituição de 1988 na Atualidade

Passado esse período político, a suspensão do AI-5 e a retomada das eleições


passaram a ser diretas de forma gradual, implantou-se uma transição “consensual” para a
redemocratização do Brasil. Começaram debates a respeito da segurança pública e o
policiamento não poderia, de maneira nenhuma, ficar de fora da agenda política da
reintegração da democracia no contexto de elaboração de uma nova ConstituiçãoFederal.
De certa forma, a década de 80 ficou marcada por um extraordinário aumentonos
índices de criminalidade e homicídios no Brasil, fato esse que ocorria por conta da
urbanização que crescia desordenada nas cidades e o princípio de uma política continental de guerra
as drogas, alimentada principalmente pelo Governo Norte- Americano.
15

Com isso, a título demonstrativo do aumento da criminalidade, a taxa de homicídios


em 1990 alcançou mais de 22 por 100 mil no Brasil, o que criou um pesarsocial (cujos ideais
até hoje impera) para o proliferamento da repressão, deixando assim, ainda suas marcas na
Carta Magna que veio a ser feita no final da década de 1980.
Segundo o Art.144, § 5º da Constituição Federal de 1988:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas emlei,
incumbe a execução de atividades de defesa civil.(BRASIL,1988)

Deste modo, observa-se que a segurança é considerada como um direito social em


seu art. 6º, com base na isonomia, legalidade, respeito aos direitos humanos e dignidade da
pessoa humana. O artigo 144, por sua vez, trata a segurança pública como dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos. Progressos em relação ao ordenamento jurídico que
foram adquiridos anteriormente, como remover do controle do Exército dos corpos policiais
militares, subordinação aos gonvernantes dos Estados e a distinção constitucional entre
defesa nacional, de responsabilidade das Forças Armadas, e segurança pública, perante a
responsabilidadedas polícias.
Em resumo, deveria haver uma vontade política maior, mas é nítido que não há
interesse em discutir tal tema, pois pode-se perceber que esse braço armado do Estado sob o
comando de um governador é muito conveniente, assim as coisas ficam como estão.
Vários autores e doutrinadores reforçam a importância do poder reformador
previsto na Constituição e, pontuando sua importância ressaltam que:

O poder de reforma da Constituição justifica sua existência diante da


necessidade de adequação do texto constitucional às demandas da sociedade
em permanente mutação. Assim, é possível inferir que as transformações da
Constituição têm o objetivo de evitar ou, ao menos, minimizar a perda da
eficácia jurídica social da Lei Maio (MIRANDA; ROBERTO).

Dessa forma, é de suma importância a Constituição possuir elementos para alterar


seu texto e assim acompanhar a evolução de seu povo que nunca será inerte, pois se diferente
fosse, em certo tempo seu texto constitucional se tornaria obsoleto, pois não iria atingir os
anseios de uma sociedade que vive em transição.
16

É possível comparar como uma via de mão dupla, com o intuito de o legislador ao
elaborar uma Constituição, atentar quanto a flexibilização do texto constitucional, a fim de
atender a evolução do seu povo, porém, deve se atentar também a segurança jurídica
objetivando não banalizar o instituto, mas buscar um equilíbrio. Pois essa flexibilização na
Constituição deverá ser utilizada para atender aos anseios da sociedade, e assim buscar ir ao
encontro de uma Polícia mais humanizada e em conformidade com o Estado Democrático
de Direito, utilizando-se do poder reformador que pode ser observado pela própria
constituição federal.

2.4 Histórico da Polícia Militar do Ceará

De acordo com a história, foi o Padre Senador José Martiniano de Alencar, nascido
no dia 16 de outubro de 1794, natural da cidade de Missão Velha-Ce, sendo essefilho de José
Gonçalves dos Santos e Bárbara Pereira de Alencar e irmão de Tristão Gonçalves, fundador
da Gloriosa e Heráldica Policia Militar do Ceará, na sua primeira gestão como Presidente da
Província (1834 a 1837), sob a Resolução nº 13, no ano de 1835, dia 24 de Maio.
Quando se fala em Polícia Militar do Ceará, entende-se como uma instituição que
se confunde com a história do Estado Brasileiro. Falar desta Corporação é fazer um passeio
pelos seus anos de existência e reencontrar personagens e fatos que marcaram a história do
Brasil, com a Guerra do Paraguai, a Sedição de Juazeiro, Revolução de 1930 no Ceará,
Combate ao Cangaço, Caldeirão, Revoluções de 1932 e Constitucionalista de São Paulo de
1964.
Foi em maio de 1835 que o Presidente (Governador), da Província do Ceará, Padre,
Senador vitalício e Orador sacro, José Martiniano de Alencar, preocupado com a segurança e
o bem-estar dos habitantes da Província do Ceará, assinou a Resolução Provincial nº13,
criando a Força Pública do Ceará, embrião da valorosa Polícia Militar do Ceará. A partir de 4
de janeiro de 1947, passou então a denominação que tem até os dias
atuais, a partir da entrada em vigor da Constituição de 1946. A Polícia Militar do
Ceará (PMCE) tem por missão constitucional o policiamento ostensivo e a manutenção da
ordem do Estado. E, ocupou o cargo de primeiro Comandante, o Tenente do Exército
Brasileiro Tomaz Lourenço da Silva Castro, que comandou de 24 de maio de 1835 a 19 de
janeiro de 1839.
17

Com um passado de bases sólidas, a Polícia Militar tem na sintonia com o presente
e com o futuro, um de seus grandes méritos. Ao longo de sua existência, a PM cearense
trocou catorze vezes de nome, mas nunca de ideal, qual seja: a manutenção da ordem e do
bem social, tranquilidade das famílias e segurança dos cidadãos.
Com seu policiamento ostensivo, agindo na proteção da população, a instituiçãoestá
presente em todo o Estado com suas diversas unidades e subunidades operacionais,
distribuídas de forma estratégica. Os mais de quinze mil homens e mulheres do efetivo estão
distribuídos por todos os municípios cearenses para servir e proteger ao cidadão.
No organograma, a Polícia Militar é comandada por um oficial superior do postode
Coronel e é denominado Comandante-Geral.
A Polícia Militar do Ceará, ao longo de sua existência, sofreu mudanças, adaptousua
estrutura com o tempo, sendo que a mais recente reestrutura ocorreu em 05 de setembro de
2012, através da Lei nº 15.217, que dispõe sobre a Nova Organização Básica da Polícia
Militar do Ceará ( LOB/PMCE)

3 SEGURANÇA PUBLÍCA NOS ESTADOS

Nesse capítulo será discorrido a respeito da segurança pública, seu verdadeiro


objetivo que é manter a ordem e proteger o cidadão, tratar-se-á também como essa segurança
pública está trabalhando nos tempos atuais e como isso acontece nos estados.

3.1 Conceito de Segurança Pública

Quando se fala em segurança pública vem muitas coisas em mente, mas na verdade
trata-se de um processo feito de maneira sistêmica e otimizada, que tem comoobjetivo não
apenas a conservação da ordem pública, mas também busca proteger do perigo o patrimônio
e os indivíduos que compõem a sociedade. Desse modo, as pessoasainda podem usufruir dos
seus direitos e cumprir com os seus deveres, tudo isso sem que causem a perturbação para as
outras pessoas.
Para que tudo isso possa acontecer, é preciso que existam ações Federais, assim
como Estaduais e municipais. Entretanto, compete dizer que a segurança pública é algo que
vai muito além, pois ela também contempla ações de prevenção como: saúde, emprego,
educação, etc., fiscalização e repressão, o que envolve a atuação dos órgãos policiais e do
Ministério Público, entre outros aspectos.
18

Essa temática é de suma relevância social e vem sendo falada em várias parcelasda
sociedade moderna. Inúmeras instituições e pessoas vem criticando o cenário atual da
segurança pública do país, sendo um dos países com uma das mais altas taxas de homicídios
no mundo. Diante desta situação, colocam a responsabilidade deste caos na polícia,
principalmente na polícia militar, alegando ser uma polícia agressiva, atirando primeiro e
perguntando depois.
No contexto da sociedade e seus problemas contemporâneos, a segurançapública é
um assunto em permanente discussão, sendo um desafio para a AdministraçãoPública, com
o intuíto de promover a garantia e proteção dos direitos de cada indivíduo,além de assegurar
o exercício da cidadania. Então, a segurança pública engloba diversasinstituições e políticas,
assim como, as contribuições da sociedade de forma minuciosa, para que tenha eficiência e
eficácia em busca do objetivo maior, a concordância social.
A política de segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que engloba
um conjunto de ações públicas e comunitárias, que tem como meta proteger o indivíduo e a
coletividade, ampliando a justiça da punição, tratamento e recuperação dos que violam a lei,
assegurando os direitos e cidadania a todos.
Segundo BENGOCHEA:

Um processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de


conhecimentos e ferramentas de competência dos poderes constituídos e ao alcance
da comunidade organizada, interagindo e compartilhando visão, compromissos e
objetivos comuns; e otimizado porque depende de decisões rápidas e de resultados
imediatos (BENGOCHEA et al., 2004, p. 120).

Dessa forma, a tal perspetiva, a Constituição Federal de 1988, tratou do assunto


da Segurança Pública no caput do artigo 144. No caput do citado artigo fica salientado que
a segurança é prestada pelo Estado, sendo direito e responsabilidade de todos os
indivíduos, com o objetivo da preservação da ordem pública, mirando a proteção das
pessoas e do patrimônio público, nos incisos seguintes cita as instituições responsáveis
pela segurança no Estado Brasileiro. Assim, como a segurança é um assunto vasto, a
divisão de atribuições é essencial para atingir os objetivos citados no caput. da lei.
De acordo com a Constituição, onde determina que:

A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos (BRASIL, 1988)
19

Dessa forma, vê-se que a Constituição leva duas concepções de segurança pública
que terminam por competir, uma direcionada ao combate e a outra direcionada a prestação de
serviço público. Nas declarações e concepções presentes na visão de Souza Neto (2008, p.
04), são duas concepções para que o Estado preserve a ordem pública:

A primeira concebe a missão institucional das polícias em termos bélicos: seu papel
é combater os criminosos, que são convertidos em inimigos internos. As favelas são
territórios hostis, que precisam ser ocupados através da utilização do poder militar.
A política de segurança de formulada como estratégia de guerra. E, na guerra,
medidas se justificam. Instaura-se, então, uma política de segurança de emergência
e um direito penal do inimigo. O inimigo interno anterior – o comunista – é
substituído pelo traficante, como elemento de justificação do recrudescimento das
estratégias bélicas de controle social. O modelo remanescente do regime militar, e,
há décadas, tem sido naturalizado como o único que se encontra à disposição dos
governos, não obstante sua incompatibilidade com a ordem constitucional
brasileira. O modelo tem resistido pela via da impermeabilidade das corporações
policiais, do populismo autoritário de sucessivos governos e do discurso
hegemônico dos meios de comunicação social. A segunda concepção está centrada
na idéia de que a segurança é um serviço público a ser prestado pelo Estado. O
cidadão é o destinatário desse serviço. Não há mais inimigo a combater, mas
cidadão paraservir. A polícia democrática, prestadora que é de um serviço público,
em regra, é uma polícia civil, embora possa atuar uniformizada, sobretudo no
policiamento ostensivo. A polícia democrática não discrimina, não faz distinções
arbitrárias: trata os barracos nas favelas como domicílios invioláveis., respeita os
direitos individuais, independentemente de classe, etnia e orientação sexual: não
só se atém aos limites inerentes ao Estado democrático de direito, como entende
que seu principal papel é promovê-lo. A concepção democrática estimula a
participação popular na gestão da segurança pública; valoriza arranjos
participativos e incrementa a transparência das instituições policiais. Para ela, a
função da atividade policial é geral coesão social, não pronunciar antagonismos; é
propiciar um contexto adequado à cooperação entre cidadãos livres e iguais. O
combate militar é substituído pelaprevenção, pela integração com políticas sociais,
por medidas administrativas de redução dos riscos e pala ênfase na investigação
criminal. A decisão de usar a força passa a considerar não apenas os objetivos
específicos a serem alcançados pelas ações policiais, mas também, e
fundamentalmente, a segurança e o bem-estar da população envolvida.

Na segunda concepção segue a linha de pesquisa, a Constituição ressalta com grande


importância o conceito democrático, com direitos fundamentais e a dignidade da pessoa
humana, em que os princípios fundamentais no texto constitucional propiciam eficácia
ímpar sobre os demais preceitos. Ademais, conceito de segurança pública no Brasil possui
fortes diálogos motivados pelo regime autoritário.
De certa forma no Brasil, a restauração da sociedade e do Estado democrático,
depois de 20 anos do regime autoritário, não foi capaz de conter profundamente o arbítrio
das agências responsáveis por zelar e controlar a ordem pública. Além disso, as mudanças
dos padrões desenvolveram assim o crescimento da criminalidade urbana violenta, as
políticas de segurança e justiça criminal, criadas e executadas pelos governos democráticos,
não divergiam das adotadas pelo regime autoritário.
20

Desse modo, segundo Adorno (1996, p.233) “os avanços e conquistas obtidos nos
últimos anos, conservam traços do passado autoritário e revelam-se resistentes às mudanças
em direção ao Estado democrático de direito de modo mais efetivo”. Tais traços do passado
são verdadeiras barreiras para que as políticas públicas de segurança consigam avançar
seguindo o conceito do Estado democrático assegurador do direito, modificando a cultura de
segurança no país. Nesse atual cenário mundial, a globalização tem acarretado alterações na
estrutura do Estado e no setor econômico, redirecionando-se enquanto organização política.
O Estado neoliberal tem diminuído o controle na esfera econômica e social, apesar
disso o controle tem expandido no setor da segurança pública, com o aumento de
instrumentos para o controle da sociedade, organizando o Estado Penal com medidas que
consolidem a separação econômica e social. Segundo Passetti (2003, p.170), a respeito do
Estado penalizador “os estudos e pesquisas procuram mostrar as dimensões atuais dosefeitos
da globalização nas segregações, confinamentos e extermínios de populações pobres, adulta,
juvenil e infantil”. Este procedimento que criminaliza a pobreza gera insegurança social e
promove o Estado Penal.
Neste sentido salienta o autor WACQUANT:

Desenvolver o Estado penal para responder as desordens suscitadas pela


desregulamentação da economia, pela dessocialização do trabalho assalariado e
pela pauperização relativa e absoluta de amplos contingentes do proletariado
urbano, aumentando os meios, a amplitude e a intensidade da intervenção do
aparelho policial e judiciário, equivale a restabelecer uma verdadeira ditadura sobre
os pobres. Sobre a insegurança social (WACQUANT, 2001, p13).

Gerando referencia da seguinte maneira: a insegurança social reproduzida em toda


parte, pela dessocialização do trabalho assalariado, o afastamento das proteções coletivas, a
comercialização e das relações humanas.
Os sinais do medo e das ameaças se estenderam reconduzindo os cidadãos
receptivos a crença de que a segurança deve ser obtida ao extremo, em troca da proteção de
direitos e liberdades antes considerados intangíveis de acordo com Pietro (2012, p. 105). “As
autoridades ligadas a segurança tentam passar a sociedade que as políticas de segurança são
baseadas no respeito aos direitos e garantias fundamentais”, sendo que na visão de Fabretti
(2014, p. 81), estes princípios não são respeitados na prática:

Apesar de as autoridades públicas, principalmente as vinculadas ao Poder


Executivo Federal, promoverem o discurso do respeito aos direitos e garantias
fundamentais, na maioria das vezes, as autoridades que se encontram na linha de
frente do combate à criminalidade (policiais, secretários de segurança e até
governadores) simplesmente desconsideram a Constituição Federal.
21

Além de tudo, “A segurança pública deve estar inserida no contexto da


Administração pública entre outras através das políticas sociais” Carvalho e Silva (2011,
p. 62). Nas políticas sociais, a complicação da política de segurança pública abrange
diversas instâncias governamentais e os três poderes da república. Neste sentido, o Poder
Executivo compete conceber e conduzir políticas de segurança pública que mirem a
prevenção e a repressão da criminalidade e da violência e a execução penal, no entanto o
Poder Judiciário tem papel significativo ao assegurar a tramitação processual e a prática da
legislação vigente, sendo assim, cabe ao Poder Legislativo instituir ordenamentos jurídicos,
essenciais para o funcionamento ajustado ao sistema da justiça criminal. Essa estrutura
concede considerar que o sistema de segurança pública brasileiro em vigor, criado a partir da
Constituição Federal de 1988, tem como exigência e compromisso legalarticular-se de modo
a promover a segurança individual e coletiva.
Complementa os autores:

Todavia, o contexto brasileiro parece apoiar-se em políticas de segurança pública


que tem servido apenas de paliativo a situações emergenciais, sendo deslocadas da
realidade social, desprovidas de perenidade, consistência e articulação horizontal
e setorial. (CARVALHO, SILVA. 2011, p.62)

O planejamento que toda política pública tem que seguir, tanto no âmbito federal
como estadual, sequer de longe é feito quando o que está em discursão é segurança pública,
e termina por limitar-se a intervenções pontuais, assim ressalta Sapori (2007, p.109). Deste
modo, como esclarece o autor, “Planejamento, monitoramento, avaliação de resultados, gastos
eficiente dos recursos financeiros não têm sido procedimentos usuaisnas ações de combate à
criminalidade, seja no executivo federal, seja nos executivos
estaduais”. Diante desse ponto de vista, a história das políticas de segurança pública na
sociedade brasileira nos últimos 20 anos resume-se a uma série de intervenções governamentais
dolorosas, meramente retornadas, voltadas a solução rápidas de crises que arrasam a ordem pública.

3.1 Segurança Pública na Atualidade

A modificação para o novo período democrático constitucional surgido após 1988 não levou
as alterações no modelo policial assumido pelo Estado brasileiro. Apesar de algumas transições
pontuais, os corpos policiais ainda militarizados repetiam as mesmas práticas dolorosas e autoritárias
à dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos que aumentavam no período ditatorial
22

Maus-tratos, violência, tortura e impunidade foram tornando-se regras no sistema


de segurança pública brasileiro, além da seletividade da censura policial e criminalização das
classes sociais menos favorecidas. Negros jovens do sexo masculino formam um número
desproporcional dessas vítimas, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Segundo o autor:

O Brasil é o país onde mais se mata no mundo, superando muitos países em


situação de guerra. Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas. Destas,
30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioriados
homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser
julgados. Mais absurdo que estes números, só a indiferença.
A morte não pode ser o destino de tantos jovens, especialmente quando falamos de
jovens negros. As consequências do preconceito e dos estereótipos negativos
associados a estes jovens e aos territórios das favelas e das periferias devem ser
amplamente debatidas e repudiadas (Amnesty International – 2014).

A ideia formada por décadas, com grande influência da mídia, ver a questão da
segurança pública como uma dificuldade para ser resolvida pela polícia. Essa maneira
equivocada é que justifica o uso da força e da violência excessiva, mesmo que vá de encontro
ao Estado Democrático de Direito. Os pontos negativos da militarização, de acordo com
entendimento do emprego de uma doutrina, modelos métodos e conceito, que modelam a
maneira de agir dos militares em atividades de natureza policial, dão um caráter militar as
questões de segurança pública. Para projetar uma esfera na qual os direitos humanos e
cidadania sejam mantidos, é necessário analisar os principais aspectos que caracterizam o
contexto atual.
Nos ensinamentos de SOUZA:

A dignidade humana elevada a princípio fundamental da Magna Carta (art. 1º,


inciso III) constitui núcleo básico e informador de todo o ordenamento jurídico
brasileiro e é justamente neste princípio que se fundamentam os direitos
humanos. Ou seja, de um lado, há um amplo espectro normativo, nacional e
internacional, de proteção dos direitos humanos e de outro a sistemática
violação desses mesmos direitos, praticada, muitas vezes, por policiais
militares. Justamente eles que receberam o múnus público de proteger a
sociedade. Entender porque isto ocorre e buscar uma solução para tal problema
é tarefa necessária e urgente. (SOUZA, 2013: p. 37).

Uma chamativa contradição que necessita de reformulação constitucional está no


acontecimento que embora os governantes dos estados tenham as Polícias Civis, Polícias
Militares, Corpo de Bombeiros Militares, como suas subordinadas (CF, art. 144, §6º),
23

mas a competência é da União, por meio do IGPM/Coter – Comando de Operações


Terrestres, dirigido por um General do Exército, “as normas gerais de organização, efetivos,
material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares” (CF,art. 22, XXI),
isso demonstra que o comando dividido das polícias militares, não está a cargo dos estados,
mas é de competência da União a organização de estratégica, novos quartéis, armamentos e
etc. O cientista político e professor da Universidade Estadual de Pernambuco Jorge
Zaverucha, chega a dizer que o controle do Exército sobre as Polícias Militares possivelmente
gera aumento no regime democrático, em razão da operacionalidade.
Pois é justamente no combinado com os cidadãos e na filosofia funcional das
Polícias Militares que há maiores semelhanças com o Exército. O equívoco em sua formação
para o combate em quase nada é direcionada as defesas interna e externa. Da forma como elas
são capacitadas para “combaterem ao crime”, sendo o “criminoso” o “inimigo” a ser
destruído, muito se assemelha ao cenário de uma guerra. A Polícia Militar é, entretanto,
condicionada a organização e conceitos militares em sua ação do dia a dia na segurança
pública.
Como relata o sociólogo Luiz Eduardo Soares em entrevista a “Revista ISTOÉ
Independente”:

ISTOÉ Independente - Deixar de ser militar torna a polícia mais democrática?LUIZ


EDUARDO SOARES - A cultura militar é muito problemática para a democracia
porque ela traz consigo a ideia da guerra e do inimigo. A polícia,
por definição, não faz a guerra e não defende a soberania nacional. O novo modelo
de polícia tem que defender a cidadania e garantir direitos, impedindo que haja
violações às leis. Ao atender à cidadania, a polícia se torna democrática.
ISTOÉ Independente - Mas o comportamento da polícia seria diferente nas
manifestações se a polícia não fosse militar?
LUIZ EDUARDO SOARES - Se a concepção policial não fosse a guerra, teríamos
mais chances. Assim como a PM vê o manifestante como inimigo, a população vê
o braço policial do Estado que lhe é mais próximo, porque está na esquina da sua
casa, como grande fonte de ameaça. Então, esse colapso da representação política
nas ruas não tem a ver apenas com corrupção política nem com incompetência
política ou falta de compromisso dos políticos e autoridades com as grandes causas
sociais. Tem a ver também com o cinismo que impera lá na base da relação do
Estado com a sociedade, que se dá pelo policial uniformizado na esquina. É a face
mais tangível do Estado para a grande massa da população e, em geral, tem um
comportamento abusivo, violador, racista, preconceituoso, brutal.
ISTOÉ Independente - Mas no confronto com traficantes, por exemplo, o policial
se vê no meio de uma guerra, não é?
LUIZ EDUARDO SOARES - Correto. Mas esses combates bélicoscorrespondem
a 1% das ações policiais no Brasil. Não se pode organizar 99% de atividades para
atender a 1% das ações. (SOARES, 2013: p.3)
24

Um dos fatores importantes que dificulta a segurança pública no Brasil é o uso das
Forças Armadas na atividade de cunho policial. Nota-se que o art. 142 da ConstituiçãoFederal
e a Lei Complementar nº 69/1991, permite o uso das Forças Armadas para garantiada lei e
ordem pública, com as diretrizes da Presidência da República, após esgotado o rol do art.144
da CF. Dessa forma, o uso de militares na segurança pública fazendo o serviço destinado aos
policiais é admitido na Constituição.
E isso está virando rotina, devido ao estresse de uma crise na segurança pública,com
o crescimento nos números de homicídios, a falta de confiança das comunidades nasPMs,
Operações de Garantia da Lei e da Ordem, utilizadas ao extremo nos mega eventos,como a
Copa do Mundo 2014, nas invasões das favelas sob argumento de combate ao tráfico, a
advertência aos movimentos sociais, como nos protestos de junho de 2013.
Nota-se uma completa mudança dos corpos policiais e militares, com as Forças
Armadas sendo mobilizada para servirem como uma espécie de polícia nacional de reserva,
ao arbítrio do Executivo. Vê-se ainda que no ano de 2010, a Lei Complementar nº 136 atribui
poder de polícia as Forças Armadas nas missões oficiais, para segurança deautoridades e em
todas as regiões de fronteiras.
O risco da policialização das Forças Armadas é excepcionamente detalhado pelo
penalista e criminologista fluminense Nilo Batista:

(...) O núcleo desse equívoco provém da confusão, comum nas ciências sociais
– veja-se, por exemplo, Elias – entre poder militar e poder punitivo. No Estado
de direito, esses dois poderes não podem se aproximar sem riscos gravíssimos.
Mas essa aproximação foi muito dinamizada por um projeto, gestado no
hemisfério norte, de converter as Forças Armadas latino-americanas em
grandes milícias, a perder sua higidez e sua orientação estratégica no
incontestável fracasso da “guerra contra as drogas”. Onde há guerra não pode
haver direito. O militar é adestrado para o inimigo, o policial para o cidadão.
Na estrutura militar, a obediência integra a legalidade; na policial, a legalidade
é condição prévia da obediência. São formações distintas, dirigidas a
realidades também distintas. O sistema de responsabilização é também
diferente: não há ordens vinculantes para um policial, adstrito a aferir a
legalidade de todas elas (num teatro de guerra, iniciativa similar significaria
derrota certa). (...)
Certas funções policiais são brutalizantes e produzem efeitos deteriorantes
sobre aqueles que as realizam. Trata-se do fenômeno denominado
“policização”, que pode acontecer também com outros operadores do sistema
penal, carcereiros, advogados, promotores de Justiça e magistrados. Quem não
conhece a policização passará o resto da vida reclamando do pouco rigor na
admissão e adestramento dos policiais, quando o problema não está na seleção
e sim na prática. Quem está disposto a correr o risco de policização de algumas
unidades de nossas Forças Armadas?
Guerra é uma coisa muito séria, como o é a soberania e a integridade do
território nacional. Precisamos de Forças Armadas bem adestradas para
aquelas tarefas constitucionais, em que elas são únicas e insubstituíveis. Já
passou da hora de brincar de guerra nas ruas da cidade (BATISTA, 2014: p.
2).
25

Destaca-se ainda, que até mesmo no meio policial há grande resistência na


organização do protótico atual militarizado das polícias, que cria uma divisão entre carreiras
de praças e policiais, entre outros aspectos. Luiz Eduardo Soares, Silvia Ramos e Marcos
Rolim fizeram pesquisas com mais de 64.000 agentes de segurança pública de todo país e
constataram que em média 70% deles são contrários ao atual modelo. Estão insatisfeitos,
sentem-se alvos de discriminação, reclamam dos salários e sentem os direitos humanos
desrespeitados. (SOARES, 2013: p.6).
Diante isso, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em seu 7º Encontro Anual,
realizado em Cuiabá - MT, em carta a Nação, elenca pontos que merecem atenção,pois são
sintomáticos da situação precária da segurança pública. A Carta elencou princípios
norteadores para uma reforma na segurança pública:
1) Reforma do modelo atual de organização policial, no qual pedem a
desmilitarização da natureza e da organização policial. Garantia da autonomia funcional e
operacional para os órgãos periciais.
2) Destinação concreta e jurídica para as Guardas Municipais, fazendo com que
sejam parte do sistema de segurança pública, cooperando na mediação de conflitos
e no suporte ao policiamento de proximidade e comunitário.
3) Implementação de um Sistema Único de Segurança Pública, a partir do
fortalecimento das capacidades da União para coordenação e integração de políticas de
segurança pública, além da difusão de boas práticas. Consolidação das SecretariasEstaduais
de Segurança Pública e Defesa Social como responsáveis pelo planejamento estratégico e
coordenação das políticas e instituições policiais nos estados. Inclusão dos municípios no
aparato de segurança pública com a ampliação de suas responsabilidades,principalmente na
adoção de políticas públicas para prevenção do crime e da violência na mediação de conflitos
e na promoção da participação social no setor de segurança pública, por meio de gestão
própria e das guardas municipais.
4) Criação de instâncias permanentes e efetivas de gestão federativa
compartilhada e de integração interinstitucional no sistema. Uma das propostas seria a
instalação de uma câmara de gestão compartilhada e articulada nacionalmente, com a
integração de estados e municípios.
26
5) Aprimoramento do financiamento da segurança pública. É notória a
disparidade de arrecadação entre a União e as demais unidades federativas, além do desnível
em sentido contrário em relação as responsabilidades constitucionais. É sugeridoum sistema
de transferências de recursos fundo a fundo entre os entes federativos, com a adoção de piso
salarial nacional para as instituições policiais e guardas municipais.
6) Consolidação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança Pública,
Prisionais e sobre Drogas, conforme já previsto pela Lei 12.681/2012, reunindo informações
criminais e institucionais providas por todos os entes federados e órgãos de segurança pública.
7) Criação de regulamentação legal nacional para uso da força pelas instituições
policiais e de justiça criminal. Atribuição, aos órgãos de segurança pública, da
responsabilidade pela regulação de aquisição de armas letais e não letais, além do
estabelecimento de protocolos em todas as relações entre polícias e cidadãos.
8) Aprimoramento da matriz curricular nacional de segurança pública. Objetiva-se
torná-la mais focada nas funções práticas do cotidiano policial, na gestão proativa e orientada
a resultados e na incorporação de práticas efetivas de cooperação interinstitucional no âmbito
geral do sistema, além de outros setores da sociedade e órgãos públicos. Por fim, formação
para compreensão das funções de polícia e seu exercício em uma sociedade democrática,
plural e complexa.
9) Fortalecimento dos mecanismos de controle externo. Deseja-se o
cumprimento das atribuições do Ministério Público, a ampliação da autonomia e ação das
corregedorias e ouvidorias em todo o sistema. Consolidação do controle social por meio da
criação de Conselhos de Segurança Pública, tanto no âmbito da União, como nos Estados e
Municípios, com ampla participação social, mandatos definidos no acompanhamento,
proposição e fiscalização das políticas e ações públicas no setor.
Portanto, discutir segurança pública é visar uma queda da criminalidade, pois a
justaposição de policiamento ostensivo apenas produzirá estatísticas de política criminal
simbólica, mas não enfrentará a evolução do crime de maneira excessiva, visto que as ações
policiais não irão atingir o centro da questão, qual seja: a estrutura criminosa.

3.1 Soluções para Diminuir a Criminalidade

É necessário considerar que soluções encontradas para qualquer problema, devem ter a
constatação, e que várias áreas devem ser analisadas e estudadas profundamente, visando cada aspecto
que contribuie para o nascimento da dificuldade.
27

Dessa forma, com a segurança pública não é diferente, principalmente pelo fato de
que ela tem como base a presença social, na qual eleva-se a diversidade de personalidades e
de ambientes que favorecem ou não o crime.
Dessa maneira, é fundamental examinar em três pontos indispensáveis para uma
melhoria na segurança pública e a decorrente redução da criminalidade, quais sejam:
Monitoramento de Crianças e Adolescentes; Sistema Penitenciário; e Valorização da Polícia
Judiciária e Científica.
Este estudo não busca tratar os erros das políticas sociais realizadas pelos diversos
governantes, pois é sabido que a falta de educação, urbanismo, saneamento básico, dentre
outros elementos, são terrenos propícios para o aparecimento do crime, onde jovens são
aliciados e carregados por influência do dinheiro fácil e prazeroso, mas às vezes pela
circunstância da total ausência estatal. Maior exemplo disso são as favelas, locais
abandonados há tempos pelos governantes e que foram totalmente dominados pelo crime
organizado e milícias, além de tudo, seus moradores à mercê de regras paralelas, sob pena
de morte.
Alguns estudos realizados pelo IPEA, com a intenção de desenhar as condições
educacionais nos territórios preferenciais, no âmbito do Pacto Nacional pela Redução de
Homicídios (PNRH), apurou que para cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas
escolas, há uma redução de 2% na taxa de homicídios, ou seja, o investimento em educação
é responsável pela atenuante da criminalidade, sendo indispensável para a eficácia da
segurança pública, pois assim os jovens ou adolescentes não ficam desocupados no seu
cotidiano.
Ademais, relatório do Banco Mundial apurou que 52% da população jovem no
Brasil, que representa quase 25 milhões de pessoas, não está realizando nenhuma atividade,
juntando nesta conta, são 11 milhões de jovens que nem estudam, nem trabalham, tornando-
se alvos fáceis para a entrada no crime. Este estudo também relatou que não só a moradia,
mas também a renda, influenciam na redução dos homicídios, condições que confirmam a
constatação de que o imenso problema da criminalidade é a ausência do Estado. Mas, cabe
ao Estado, por meio de seus diversos órgãos, acompanhar de perto o comportamento escolar
e social dos jovens e adolescentes, procurando intervir o mais cedo possível nas suas ações,
buscando em tempo integral distanciar o jovem das muitas investidas do crime.
28

O segundo ponto para redução da criminalidade é tornar eficaz o sistema


penitenciário nacional. Não precisando ser um especialista no assunto para ter conhecimento
que o sistema prisional brasileiro está falido e que grande parte dos crimescometidos no país
são planejados e ordenados de dentro dos presídios, local que atualmente serve como base
para a maior organização criminosa do país: O PCC.
O Ministro da Justiça nos anos de 1992 a 1994, e ex-presidente do Supremo Tribunal
Federal, Maurício Correia, pronunciou sabias palavras sobre o assunto, nestes termos:

A questão penitenciária do Brasil é grave. Sua solução extremamente complexa. E


o ponto de partida é a compreensão de que, enquanto persistirem as causas
geradoras da criminalidade violenta, enquanto não se reformular o sistema penal
brasileiro – destinando-se os presídios somente aos efetivamente perigosos -,
nenhum Governo conseguirá equilibrar o sistema penitenciário. A solução está,
assim, integrada à reorganização do Estado, ao estabelecimento de políticas
públicas eficientes e justas, com vistas ao bem-estar de toda a sociedade.

Inicialmente, frisa-se que prende-se mal. Tem-se no país uma cultura da detenção,
na qual tudo deve ser resolvido por intermédio da prisão, convertendo as prisõescautelares,
preventiva e temporária, como regra, ao invés de exceção, da última razão, colocando
elementos de alta periculosidade juntos com indivíduos investigados, réus, condenados,
primários ou que tenham praticado pequeno delitos. Um grande exemplo é a convivência
de presos enquadrados na lei Maria da Penha com autores de latrocínios, homicídios e
estrupadores, situação que oportuniza a corrupção daquele condenado a pena, visto que, na
maioria das vezes, estão em situação delicada dentro do sistema prisional, sendo forçado a
ter conduta ilícita por forte influência emocional, as vezes até sob ameaça de morte.
Portanto, as alterações trazidas pela Lei nº 12.403/11 devem ser aplicadas
veementemente pelos órgãos judiciários, deixando as prisões cautelares não apenas como
última razão, mas sim como meio para coibir apenas crimes considerados violentos e aqueles
que mais causam danos a sociedade, ao invés do que vem acontecendo nos dias atuais, em
que o autor de um furto é comparado a traficantes de drogas e homicidas.
Outra pesquisa feita pelo Ipea, realizada no ano de 2015, apontou que a cada quatro
ex-presidiários, um deles volta a criminalidade no período de cinco anos, com isso pode-se
constatar que cerca de 25% do total dos presos são reincidentes. Portanto, se houvesse um
controle no retorno a sociedade de tais indivíduos, esta taxa tenderia a cair, reduzindo assim,
o número de delitos.
29

Ressalta-se que a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.910/84), eleborada há mais de


30 anos, enumera a colônia industrial, agrícola ou estabelecimento similar, ao regime
semiaberto, e a casa de albergado ao regime aberto, como estabelecimentos indispensáveis
para a continuação do regime, tendo a autodisciplina e o senso de responsabilidade do
condenado postos em evidência para seu retorno a sociedade. Mas, passados mais de 30
anos, tais instituições não são colocados em prática, tornando a ressocialização quase
impossível.
Dessa forma, é papel do Estado vigiar o retorno do apenado ao convívio social,
dando subsídio institucional e social, oferecendo oportunidades para que o mesmo volte ao
mercado de trabalho, por meio de cursos promovidos dentro e fora do estabelecimento
criminal, só assim, o meio que induziu o infrator para a criminalidade será substituído pelo
meio do trabalho, da educação e do esforço individual, proporcionando, consequentemente,
uma mundança na vida do apenado que resultará a médio e longo prazo na diminuição da
criminalidade.
Como já foi dito antes, o policiamento ostensivo não é o meio apto para desvendar
as estruturas criminosas e os crimes desse século, assim como as investigações realizadas no
passado são eficazes na elucidação dos crismes atuais. Desvendar um caso sem alguma prova
técnica, apenas com provas testemunhais, não convém com a qualidade do crime organizado,
principalmente quando este coage as testemunhas no andamento da conjuntura criminal.
Neste ponto, os responsáveis pela segurança pública deveriam modificar suas
formas de atuação, aprimorando a capacidade do efetivo policial e investindo em tecnologias,
assim como poderia desmembrar a Polícia Judiciária das outras polícias, tendo em vista seu
trabalho de apoio a jurisdição.
Nesse caso, é indispensável a autonomia da polícia judiciária e a ampliação das
garantias dos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Delegados de
Polícia, além de serem considerados como representantes nas atividades jurídicas, suas
funções são primordiais a conquista dos objetivos traçados pela justiça. Francisco Sannini
Neto leciona sobre o assunto:

De fato, as funções de apoio ao Poder Judiciário e a apuração de infraçõespenais


repercutem diretamente na consecução da Justiça. Ao cumprir um mandado de
prisão, por exemplo, as polícias Civil e Federal viabilizam aexecução de uma pena
ou asseguram a instrução processual. Por outro lado, através de investigações
criminais, as polícias judiciárias conseguem reunir elementos probatórios que
demonstram a justa causa necessária para o início do processo, instrumento
indispensável para se chegar legitimamente à pena. Conclui-se, pois, que as
atividades exercidas pelas polícias judiciárias estão diretamente ligadas à Justiça
e apenas indiretamente ligadas à segurança pública. Por óbvio, na medida em que
30

se assegura a responsabilização penal do autor de um crime, de maneira reflexa


também se contribui para a redução da criminalidade, uma vez que, quanto maior
a eficiência da investigação criminal, maior a certeza da punição do criminoso,
que, nesse cenário, será desestimulado a delinquir.
Um exemplo da eficiência da investigação criminal na redução das estatísticas
criminais envolve o delito de extorsão mediante sequestro, previsto no artigo 159,
do Código Penal. No final da década de 1980, houve uma explosão de extorsões
mediante sequestro, sendo que vários empresários foram vítimas dessa infração,
fazendo com que o Congresso Nacional editasse a Lei 8.072/90, criando os crimes
hediondos e impondo os maiores rigores para os seus autores.
Destaque-se, todavia, que não foram esses rigores jurídico-penais os responsáveis
pela redução das extorsões mediante sequestro, mas um sistema eficiente de
investigação criminal. Foi a probabilidade de não obter êxito no seu ímpeto
criminoso que resultou na redução desse tipo de crime. Nesse contexto, salta aos
olhos a importância das polícias judiciárias na promoção e concretização da
Justiça.
Não é outro o magistério de Zacariotto, senão vejamos:
(...) Deve a polícia judiciária ser tão-somente identificada como a atividade de
pesquisa, necessariamente desenvolvida dentro dos parâmetros garantidores de
isenção e de justiça, voltada à elucidação da verdade sobre os fatos considerados
transgressores às leis penais, assim mirando, e em caráter restritivo, proporcionar
condições excelentes ao Poder Judiciário para a aplicação do direito em face do
aclarado caso concreto. No Estado Democrático de Direito, o exercício policial
judiciário somente se fará legítimo quando balizado por um único e exclusivo
compromisso, firmado não com a administração e/ou segurança públicas, mas sim,
e cogentemente, com os fins de justiça criminal. (NETO, 2018)

Nota-se que a autonomia administrativa e financeira das polícias judiciárias são de


suma importância para a qualidade das investigações, uma vez que não é incomum
intervenções políticas, sendo utilizadas para deter diligências contra membros dos poderes e
favorecidos, contendo o cumprimento penal com equidade. Essas intervenções foram
observadas no decorrer da Operação Lava Jato, em que todos os envolvidos no pressuposto
penal sofreram represália de todas as formas, com o único intuito de detalhar o trabalho
investigativo.
Essa autonomia administrativa e financeira permite que os membros da polícia
judiciária possam investir em tecnologia e no aperfeiçoamento investigativo, investindo e
ministrando cursos, softwares e aparelhos que promovem o desenvolvimento e o rumo das
investigações.
Contrariando esse pensamento, os governantes dificilmente investem em inovações
e tecnologia, certamente receosos que as investigações recaiam sobre os mesmos. É possível
citar um bom exemplo que foi a inserção da delação premiada no ordenamento jurídico, pela
Lei nº 12.850/13, a qual foi muito criticada por representantes de um certo partido político
pelo uso na Operação Lava Jato, porventura, esquecem esses críticos que a aceitação,
publicação e punição de tal legislação foi pelo Presidente da República, filiado ao próprio
partido.
31

Neste caminho, nota-se que a maior dificuldade nas investigações criminais no país
é resultado da carência de recursos para o bom desenvolvimento das diligências e não de
quem realiza tal função.
Ratificando esse pensamento, nota-se que praticamente não existe a prática de
polícias científicas na atuação policial, sendo hábito enraizado no país, de Norte a Sul, as
alterações no local do crime não apenas por policiais, mas também por passantes, que resulta
em consequências na qualidade dos procedimentos policiais e judiciais, já que a investigação
lança no processo penal precisamente dito.
É dever dos governantes propiciar uma renovação no país tratando-se de segurança
pública, com inovações objetivando monitorar e controlar a criminalidade por meio dos
novos recursos tecnológicos, dentre eles, mapeamento do DNA, uso de câmeras,
reconhecimento facial e de voz, dentre outros mecanismos.

4 A DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

Nesse capítulo falar-se-á sobre a prosposta da desmilitarização, desde quando vem


sendo cogitada, qual seriam os pontos negativos, se acontecesse, e os pontos positivos da
polícia desmilitarizada.

4.1 A Proposta de Desmilitarização

A proposta de desmilitarização nº 51 de 2013, vem orientando uma ementa,


modificando alguns artigos da Constituição Federal, são eles: 21 24 e 144, e incluindo os
artigos 143-A, 144-A e 144-B, determinando mudança no recente modelo de segurança
pública por meio da desmilitarização das polícias militares dos estados, dando destaque a
seguinte redação:

Art. 143-A. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, seja exercida para a preservação da ordem pública democrática e para a
garantia dos direitos dos cidadãos, inclusive a incolumidade das pessoas e do
patrimônio; determina que a fim de prover segurança pública, o Estado deverá
organizar polícias, órgãos de natureza civil, cuja função é garantir os direitos dos
cidadãos, e que poderão recorrer ao uso comedido da força, segundo a
proporcionalidade e a razoabilidade, devendo atuar ostensiva e preventivamente,
investigando e realizando a persecução criminal(BRASIL, 1988).
32

Atualmente, a preocupação primordial dos idealizadores desta proposta vem sendo


com âmago dos orgãos policiais, estabelecendo em todas as polícias o cunho civil, dando
ênfase de que é o militarismo que auxilia para a ampliação da violência do Estado contra o
indivíduo. Diante disse, deve-se investigar-se os fatores de extrema relevância que
repercutem no desempenho policial, uma vez que a polícia militar está presente nas ruas
duradouramente, cumprindo o seu papel constitucional, ou melhor, é evidente que será a
primeira polícia a dar retorno a uma ação criminosa em curso, da qual, na maioria das
ocorrências, há o enfrentamento vindo dos criminosos, que na maioria dos casos estes não se
rendem e perderam o respeito pela polícia. Dessa forma, o militarismo não promove
ampliação da violência policial, é um padrão adotado para questões de organização e sistema
institucional.
Tem-se como exemplo de que o militarismo não auxilia para o crescimento da
violência policial, a atuação da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil do Rio
de Janeiro (CORE), a qual age em situações que requerem alto grau de treinamento, preparo
técnico e físico, pois as operações são de elevado risco e muito complexas, em parte os
policiais civis vão ao combate contra infratores das leis, ocorrendo mais mortes de criminosos
se comparando com o enfrentamento destes com policiais militares do serviço policial
ordinário, os quais possuem somente uma formação básica no período do curso policial.
As razões do crescimento da criminalidade estão atreladas a inúmeros fatores,
porém atribuir este efeito a instituição policial militar é uma hipocrisia. Nas lições de TEZA:

A causa do aumento da criminalidade está associada ao cruel e persistente


quadro de desigualdade social, desigualdade no acesso à justiça, desigualdade
racial e a seletividade na aplicação das leis levando a impunidade (TEZA, 2013).

Os infratores estão cada dia mais ousados, não respeitam as forças policiais, sabem
que podem se escorar em legislações fracas e protecionistas, possuem armas de última
geração, importadas, de grosso calibre, não possuem limites, estão cada vez mais se
organizando contra o Estado, cita-se como exemplo as facções criminosas, Primeiro
Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e outras mais, ou seja, os delinquentes
estão cada vez mais impondo o terror nas famílias e colocando em xeque a credibilidade da
segurança estatal, formando um Estado Paralelo. Nos ensinamentos de ROCHA:

Os valores estão completamente invertidos, o delinquente é tratado como


“reeducando”, as vítimas são esquecidas, os movimentos pela liberação das drogas
33

aplaudidos, o policial é visto como “criminoso”, sem falar que um assassino pode
ou não ser um criminoso de acordo com sua faixa etária (ROCHA, 2014).

Esta proposta de Emenda a Constituição surge diante de vozes que ecoam


fortemente frente a protestos que ocorrem em toda a parte do Brasil, e pelas redes sociais
pessoas tecem comentários depreciativos em relação a atuação da polícia militar, defendem
os criminosos e julgam os policiais, vão para as ruas com faixas com dizeres: “FIM DA PM
JÁ”, cometem atos violentos, depredam patrimônio público e privado através do vandalismo,
cometem agressões e até mesmo homicídios. Nesta hora, a polícia militar é mobilizada para
cumprir seu papel constitucional: manutenção da ordem pública, porém é criticada pela
maioria das pessoas, dizendo que é uma força truculenta, desproporcional, covarde e entres
outros adjetivos de cunho aviltante. Denotam que a polícia militar contempla o cidadão como
oponente, quando na verdade são formados para defender a sociedade com o risco da própria
vida, jurando inclusive que poderá perder a sua vida para defender a do cidadão. A polícia
não enxerga ninguém como oponente, nem mesmo o infrator da lei, este, na maioria dos
casos, não se rende e prefere o enfrentamento, a polícia, por sua vez, repele a injusta agressão
sofrida.
As pessoas declaram que a polícia é desonesta, mas não se pode
generalizar, pois a corrupção, infelizmente, está presente em quase todos os setores, porém,
não é a polícia que é corrupta, mas sim a ação isolada de um policial que pode ser declarada
desleal.
Nesse diapasão, este trabalho restringe-se a debater as propostas de desmilitarização
das forças estaduais e principalmente a Emenda Constitucional nº 51 de 2013 (PEC 51 ), de
autoria dos Senadores da República Ivo Cassol (PP/RO), e Valdir Raupp (MDB/RO), e tantos
outros parlamentares os quais requerem que seja suprimido o caráter militar das polícias e
também dos corpos de bombeiros, em que afirma: “Estas forças foram criadas nos governos
militares (1964 a 1985) e, por serem militares, são violentas e letais e a letalidade decorre do
treinamento para guerra, que é feito para matar.
O propósito da desmilitarização das polícias militares levantou-se no ano de 2009,
na 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, que foi planejada pelo Ministério da
Justiça (MJ), onde apresentaram inúmeras concepções para realizar uma mudança no
Conselho Nacional de Segurança Pública e a desmilitarização. Vieram com propostas de
desvincular a Polícia das Forças Armadas (FFAA), mudança nos regulamentos disciplinares,
tornar a instituição policial de caráter eminentemente civil, extinguir os pilares básicos do
militarismo: hierarquia e disciplina, retirar a competência da justiça militar e atribuí-la a
34

justiça comum, para processar e julgar os militares estaduais em todos os casos, mesmo nos
crimes propriamente militares.
Os partidários da desmilitarização anuciam que nos países europeus, como
Inglaterra e País de Gales, a polícia não adota o militarismo, entretanto são de natureza civil
e realizam suas vigilâncias completamente desarmados, com foco somente na interação
polícia e comunidade. Segundo consta, a polícia destes dois países citados atirou somente
duas vezes em um ano completo, pois a política em razão do desarmamento é forte, logo a
polícia sabe que o infrator da lei também estará desarmado, enquanto no Brasil, mas
especificamente a polícia militar do Estado do Rio de Janeiro, atirou 85 mil vezes em 2015,
que em uma operação fatídica, foram disparados 111 tiros, mantando nessa ação 5 jovens
negros que foram confundidos pela polícia, porque as características do veículo em que os
jovens estavam eram as mesmas de um veículo que havia sido roubado por traficantes.
Os adeptos a extinção das forças militares estudais insinuam ainda que seja adotado
no Brasil, a longo prazo, o modelo de policiamento europeu, ou seja, polícia desarmada.
Porém, o que muitos não enxergam é que o Brasil é um país totalmente diferente, com uma
cultura diversificada, no qual as pessoas lembram de seus direitos e esquecem seus deveres
como cidadão.
No Brasil foi criada a política do desarmamento, com o advento da Lei nº
10.826/2006 (Estatuto do Desarmamento), porém o efeito colateral desta lei foi enorme e
continua ocorrendo reflexos negativos até hoje, pois o cidadão de bem foi desarmado e o
infrator da lei, principalmente os traficantes de facções criminosas, continuam armados e
com um poderio bélico desmedido, enfrentam o Estado e colocam em risco a integridade
física das pessoas.
O interesse deste conteúdo recai sobre o militarismo, visto como desprezível e que
promove o crescimento da violência policial contra o cidadão, porém basta lembrar que a
polícia americana não é militarizada, pois o emprego de militares como forças de ordem
pública é proibido desde 1878, porém, mesmo sendo uma polícia de caráter eminentemente
civil não a impede de ser uma das polícias que mais mata no mundo e uma das mais
preconceituosa e racista, logo é uma ilusão dizer que o militarismo é o causador de tanta
violência no seio da sociedade brasileira e que no Brasil seria diferente.
Para contribuir com este pensamento, o TEZA ressalta:

A causa do aumento da criminalidade está associada ao cruel e persistente quadro


de desigualdade social, desigualdade no acesso à justiça, desigualdade racial e a
seletividade na aplicação das leis levando a impunidade (TEZA 2013).
35

O crescimento da criminalidade também poderia ser atribuído a falta de


oportunidade, assim, propor Emendas Constitucionais com base em informações mentirosas
é uma atitude impensada, sem fundamentos, pois as consequências que podem trazer com a
concretização destas são as mais radicais possíveis, como: risco à autoridade nacional, pois
assim o Exército Brasileiro teria que assumir as funções que cabem as Forças Estaduais em
caso de invasão estrangeira, o incentivo de nações que pretendam invadir a Amazônia
brasileira, vindo acabar a hierarquia e disciplina, a falta de respeito do subordinado ao
superior, tendo em vista não temer mais a rispidez do Código Penal Militar, a perda do
controle da tropa pelos comandantes e a perda dos valores e princípios militares.
É sabido que a segurança pública é função da polícia militar, é visto que as opiniões
são colocadas em discussão por entendedores e os ditos especialistas no assunto, mas não é
o que ocorre na prática, pois o que ocorre são as inúmeras opiniões sobre a desmilitarização
da polícia, partindo de pessoas leigas no assunto, que projetam comentários repetitivos, que
se aproveitam do momento somente para criticar a atuação da polícia militar, “especialistas”
com certeza não sabem o básico do militarismo: a distinção entre postos e graduações; não
conhecem a formação de um policial, tampouco o adestramento de um tropa. Diante dessa
questão, é exaltável o entendimento do Coronel Reformado da Polícia Militar do Distrito
Federal (PMDF) e ex- secretário de Segurança do DF:

O que querem é quebrar a disciplina e a hierarquia que existe em qualquer


organização. Não é porque a polícia é militar que age puramente como militar. A
função dela é civil. As suas bases de disciplina e hierarquia que são militares". O
policial militar de hoje sabe distinguir quem tem direitos e deveres. Na rua, é
obrigado a tomar decisões. (Jair Tedeschi)

Nos dias vivenciados, a formação policial militar vem sendo trabalhada para a
preservação de direitos humanos no convívio com o cidadão, sendo bem diferente da
formação que era oferecida na década de 60, pois a realidade era outra, sendo que a sociedade
sofre várias transformações ao longo do tempo com o avanço de tecnologias, estudos
avançados e outros, logo a polícia deve acompanhar estes avanços que ocorrem naturalmente
e deve estar preparada para desempenhar seu papel constitucional, assegurando e
preservando os direitos e garantias constitucionais das pessoas. Hoje existem em todas as
polícias as corregedorias que apuram transgressões e crimes militares praticados por policiais
36

militares que praticam desencaminhamento em sua conduta, os quais são punidos de acordo
com os regulamentos disciplinares.
Nos casos de desvios de conduta, estes acontecem de forma isolada nas corporações
militares, assim também como ocorrem nas polícias civis e em outros segmentos laborais,
portanto, dizer que a polícia militar deve acabar é dessarazoado, pois a polícia não fica nos
quartéis, ela está na rua buscando a interação com as pessoas, cumpre a lei pois foram os
legisladores que a criaram, procura ser mais democrática possível, busca entender as mazelas
sociais existentes em vários locais pelo Brasil, deixa família em casa sem saber se irá vê-la
novamente, é duramente criticada pela população e por pessoas que se intitulam estudiosos
e entendedores do militarismo, mas que não conhecem a diferença entre os postos de Tenente
e Tenente-Coronel.

4.1 Os Fatos Negativos da Polícia Militarizada

De acordo com alguns estudos, a polícia militarizada age de acordo com seu
treinamento em sua base militar, isso é um fato que desagrada a população, o autor
SILVEIRA fala sobre a desmilitarização da seguinte forma:

Desta forma, desmilitarizar a polícia significa romper com uma estrutura


completamente incompatível com os princípios democráticos, medida que
demandaria uma radical separação entre as polícias militares e as Forças Armadas,
e na criação de um modelo de polícia unificada, de natureza civil, sendo
imprescindível também a extinção dos sistemas de justiça especiais destinados aos
policiais. (SILVEIRA)

Inúmeras seriam as vantagens de uma polícia exclusivamente civil, sendo que, a


unificação das polícias ostensiva e investigativa, além de uma maior eficiência, traria
benefícios aos próprios agentes de segurança, na medida em que a nova estrutura poderia
proporcionar uma carreira mais atrativa, como ocorre em outros países.
Desta forma, no Exército, Marinha e Aeronáutica, seus integrantes são treinados
para atuarem em situação de guerra, e qualquer instituição baseada nesses princípios ao se
deparar em condições divergentes, quando se tratar de segurança pública voltada para uma
sociedade que se encontra em condições de paz, a consequência dessa atuação policial será
trágica. Visto que a polícia militar irá ter contato diuturnamente com o cidadão de seu povo,
onde vivem na mesma sociedade, assim deverá ter um treinamento totalmente diferenciado
37

do que se utiliza nas forças armadas em que se confronta com o inimigo, tentando exercer o
poder de um país e, consequentemente seu povo. Pedro Lenza explana sobre as atribuições
das Polícias Estaduais;

A atividade policial divide-se, então, em duas grandes áreas: administrativa e


judiciária. A polícia administrativa (polícia preventiva, ou ostensiva) atua
preventivamente, evitando que o crime aconteça. Já a polícia judiciária (políciade
investigação) atua repressivamente, depois de ocorrido o ilícito penal. (2010, p.
936)

A Carta Magna pecou em não propor uma melhor organização na segurança pública
e deixar a cargo apenas dos Estados, é notório observar o aumento da criminalidade nas
grandes metrópoles, onde não se encontra solução para reverter esse quadro alarmante, é de
fácil percepção que a polícia no modelo que se encontra precisa ser urgentemente restaurada,
pois ainda está voltada no sistema antidemocrático ao qual o país viveu antes da Constituição
de 1988.
É pertinente a crítica do autor DALMO DALLARI quando fala que:

No Brasil há muita polícia e pouco policiamento. Com efeito, estão previstas na


Constituição oito organizações policiais autônomas, com diferentes áreas de
atuação, o que deveria significar que a ordem legal está assegurada em todas as
atividades que interessam à sociedade brasileira e que a criminalidade está mantida
em nível baixo, não havendo motivo para que as pessoas sintam insegurança e
vivam com medo. Quem não conhecer o Brasil e tomar conhecimento da existência
dessa pluralidade de organizações policiais irá concluir que não há espaço para
ofensas à segurança pública, à vida e à integridade física das pessoas, bem como
ao patrimônio. A realidade, entretanto, é outra. (DALMO DALLARI, 2007)

A estruturação baseada nas Forças Armadas, uma instituição treinada para o


confronto contra o inimigo, mostra-se ineficaz diante de uma sociedade interna que vive em
estado de paz. Com esses entraves é perceptível sua ineficácia quando é possível ver as forças
de segurança cometendo abusos de poder, que é uma das causas que impulsionam o debate
sobre a desmilitarização.
É de notável observância que a polícia militarizada traz situações negativas,
primeiramente ao próprio policial, ou seja, o primeiro a ser afetado de forma negativa é o
agente, que necessita ter o conhecimento e discernimento para não deixar que essa frustração
atinja a sociedade. Pois o PM tem seus direitos muitas das vezes dirimido pela própria
Constituição, a qual diz que será regido por estatuto próprio baseado nas Forças Armadas,
pelo fato da polícia ser força auxiliar, um grande exemplo é o fato do policial ter menos
38

direitos trabalhistas e políticos, e pasmem, um cochilo em serviço poderá acarretar uma


prisão por se tratar de crime militar. Esse ressarcimentos dos direitos do policial militar são
justamente para tentar manter um controle muito rígido sobre a vida dos agentes, isso acarreta
no fato de não poder nem se quer lutar por melhores condições de trabalho e melhorias
salariais. Esses fatores negativos irão refletir no trato com a sociedade, pois a atuação policial
já sofre desde sua formação, em que os agentes são submetidos a tratamento vexatório.
É de muita relevância o afastamento institucional da Polícia Militar como força
auxiliar do exército, conforme cita a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 144, § 6°, o
qual demostra que as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, Forças Auxiliares
e Reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as Polícias Civis, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
É tão nítido que a CF/88 esqueceu propositalmente a figura da Polícia Militar e os
associa aos militares das Forças Armadas, o qualificando como Forças Auxiliares. Isso
ocorre porque o Brasil ainda é um dos poucos países do mundo que ainda detém a
denominação militar em suas forças policiais que são voltadas para lidar com a sociedade. É
inegável que o constituinte ao elaborar o texto constitucional optou por não mexer com a
Polícia Militar e deixar sobre as rédeas do militarismo, trazendo assim os resquícios da época
ditatorial ao qual o país foi assolado antes da Constituição de 1988, para um país que se
encontra em paz interna e é intitulado Democrático de Direito, é inaceitável que ainda exista
uma polícia para lhe dar com sua sociedade livre, que ainda existam vestígios do militarismo.
Isso é reflexo de que ainda exista uma forte imposição das Forças Armadas, trazendo assim
a ideia de abuso de autoridade, características da época do Regime Militar.
O constituinte optou por não mexer com os militares na elaboração da Constituição,
pois é perceptível em seu texto dispondo que a polícia militar é força auxiliar e reserva, sendo
assim, essa subordinação ao exército e a um regime próprio só se justifica nos regimes
antidemocrático de direito.

O militarismo ainda traz uma consequência ruim, pois o policial militar tem que
tratar o cidadão da forma que ele não é tratado em sua casa, pois o PM vive um regimento
interno específico, diferenciado de qualquer outra classe das pessoas civis. Essa legislação
mostra-se obsoleta e beneficia apenas os detentores de grau hierárquico superior, tanto como
método de intimidação, pelo fato de existir a possibilidade de o agente militar ficar preso no
quartel pelo simples cometimento de atrasos ou falta no serviço, bem como, um simples
cochilo no serviço já caracteriza crime militar. A coação moral a quem é submetido ao regime
39

próprio de militar é tão grande que até a forma de falar com o seu superior hierárquico deve
ser em tom mais baixo que o superior, e só após ser dada a permissão para dirigir-lhe a
palavra. Essa pressão interna no policial poderá acarretar consequências em sua vida
psíquica, bem como trazer consequências ruins no trato com a sociedade. Uma diferença de
tratamento grande entre o policial militar e as pessoas comuns é um flagrante da violação ao
princípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, o qual é princípio constitucional
tão exigido ao policial para que respeite e defenda.
Deste modo assevera a autora FLÁVIA PIOVERA :

A dignidade da pessoa humana, (...) está erigida como princípio matriz da


Constituição, imprimindo-lhe unidade de sentido, condicionando a interpretação
das suas normas e revelando-se, ao lado dos Direitos e Garantias Fundamentais,
como cânone (FLÁVIA PIOVERA).

Vê-se por muitos o ofício militar não sendo considerado uma atividade laboral, mas
sim como uma filosofia de vida, mesmo se tratando de uma profissão totalmente diferente
de qualquer outra. O dever militar deve ser seguido rigorosamente, o perfil do homem deve
se encaixar perfeitamente com a vida castrense, deve ser abnegado, possuir espírito de
cooperação, manter seu porte físico em boas condições e manter seu fardamento
imprescidível.

4.2 Fatores Positivos da Polícia Desmilitarizada

O lado positivo da desmilitarização seria o fato da criação de uma única polícia


estadual que traria o ciclo único de polícia, que seria ostensiva e preventiva, faria também o
papel investigativo, o que de fato acontece na maioria dos países desenvolvido, assim
assevera o professor de Direito Penal da UFMG, Túlio Vianna.
No Brasil, e só nele, é que existe atualmente a polícia separada, entre polícia militar
que trata do policiamento ostensivo, e polícia civil que é de investigação. Nos Estados
Unidos e Inglaterra as polícias são 100% civis. Em alguns países da Europa existem polícias
militares, mas não na forma que é concebida no Brasil. Por exemplo, na França, Portugal e
Itália, a polícia militar é reservada para áreas rurais, áreas de fronteira afastadas dos grandes
centros urbanos. E elas têm a função principal de proteger as fronteiras de ameaças externas.
40

Nessa toada, com o fim da desmilitarização, sua consequência não seria o


desrespeito a hierarquia e disciplina tão focada pelas instituições militarizadas, pois toda e
qualquer tipo de organização só funciona se for pautada na hierarquia e disciplina, porém o
que se busca é dar ao PM (policial militar) a mesma dignidade humana que está escrita na
Constituição Federal e que é tão cobrada para que o policial militar defenda, mesmo que com
a perda da própria vida. Assim, esse policial irá refletir melhor no trato com a sociedade que
ele também faz parte, por esses motivos é que o agente de segurança estadual deve ter um
treinamento diferenciado, voltado ao cidadão de bem que é a grande maioria esmagadora, e
não um treinamento intuitivo ao confronto com o inimigo, pois não se vive em tempos de
guerra.
A Dignidade da Pessoa Humana por se tratar de um princípio universal, no qual não
existe um conceito definido, é de valor relevante explanar um pouco mais sua definição, a
qual mostra sua amplitude e como deve ser o alcance do referido princípio:

Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de


cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por
parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e
promover sua participação ativa coresponsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão dos demais seres humanos (INGO
WOLFGANG SARLET)

O policial militar tem sua liberdade de expressão, política e direitos trabalhistas,


bem como, direitos e garantias fundamentais dirimidos de forma arbitrária, sendo deixadode
lado o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana em relação a esse policial, que muitadas
vezes são coagidos por superiores hierárquico, tratados como coisas e não como seres
humanos, mostrando nitidamente a falta de respeito e violação a um princípio tão basilar e
importante como já foi citado em trechos anteriores, e que é assegurado pela Constituição
Federal, a carta maior de uma Nação Democrática de Direito, que em seu artigo 1º, inciso
III: “Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constituise em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana”, uma força policial estadual tão
importante para manter a ordem social em sua sociedade não deve ser tratada de forma
diferenciada.
41
Logo, esse agente ao qual é incumbido a missão da proteção de princípios
importantes como o da Igualdade, são tratado de forma desigual, princípio disposto no caput
do artigo 5° da Constituição Federal de 1988:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: nos assegura que.

Assim, a população almeja que o policial militar trabalhe com rigorosa vigilância as
leis e que em nenhum momento desvie sua conduta, visando o benefício individual. Aspessoas
desejam ver no militar um sustento, um amigo, um exemplo a ser imitado, principalmente as
crianças que veem no policial um herói, um defensor dos oprimidos, brilham os olhos quando
veem a viatura e o militar fardado.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que desde os séculos passados, devido a necessidade de estabelecerem


normas para formar uma instituição com o objetivo de proteger a família real portuguesa,
começou a se formar o primeiro modelo de força policial.
Com o passar dos anos, foram se aperfeiçoado até chegar ao modelo que existe hoje.
A cada período da história os policias receberam treinamento do exército, e por isso até hoje
ainda agem de forma violenta, algumas vezes chegando a amendrontar os cidadãos.
Mesmo com a forma que os policias abordam os infrantores, estão perdendo a
credibilidade com as pessoas e, os bandidos já perderam o respeito por eles, assim torna-se
difícil as ações policiais.
Conclui-se ainda que a segurança pública é dever do Estado, o qual deve oferecer a
população a preservação da ordem pública, mas também buscar proteger do perigo o
patrimônio e as pessoas que formam a sociedade.
Notou-se que apesar de algumas transições pontuais, os corpos policiais ainda
militarizados repetiam as mesmas práticas dolorosas e autoritárias à dignidade da pessoa
humana e aos direitos humanos, que aumentavam no período ditatorial.
Portanto, concluíu-se que a polícia militarizada traz muitos transtornos a sociedade,
sendo necessária a desmilitarização, mas que deve ser feita por meio de estudos específicos
para que não haja uma rejeição da população ao novo modelo de polícia.
42

REFERÊNCIAS

ADORNO, Sergio F. A gestão urbana do medo e da insegurança: violência, crime e justiça


penal na sociedade brasileira contemporânea. 282 p. Tese (apresentada como exigência
parcial para o Concurso de Livre-Docência em Ciências Humanas) - Departamento de
Sociologia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, 1996
BATISTA, Nilo. Ainda há tempo de salvar as Forças Armadas da cilada da militarização da
segurança pública. Disponível em: http://www.anf.org.br/ainda-ha- tempo-de-salvar-as-
forcas-armadas-da-cilada-da-militarizacao-da-seguranca- publica/#.VHi7ejHF-AV Acesso
em: 21 de out. de 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em
18 set. 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em
25 set.. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI nº 4.277, do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal, Brasília, DF, 05 de maio de 2011. Diário da Justiça, DF, 13 outubro. 2011.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia. Acesso em: 22 nov. 2021
BENGOCHEA, Jorge. L. et al. A transição de uma polícia de controle para uma polícia
cidadã. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 18, n. 1, p. 119-131, 2004.
CARVALHO, Vilobaldo. C; SILVA, Maria R. F. Política de segurança pública no Brasil:
Avanços, limites e desafios. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-49802011000100007&script= sci_arttext>.
Acesso em 25 set. 2014
FABRIETTI, Humberto. B. O regime constitucional da segurança cidadã. 195 p. Tese
(apresentada ao programa de pós-graduação em direito político e econômico da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Direito,
2013).
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança
Pública 2014. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-
brasileiro-de-seguranca- publica/8o-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica Acesso em: 19
de out. de 2021.
43

GOVERNO DO CEARÀ: Disponível em:


https://www.pm.ce.gov.br/2013/12/04/historico. Acesso em 26 de out. 2021.
NETO, Francisco Sannini. Polícia judiciária está funcionalmente vinculada ao sistema de
Justiça Criminal. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-fev-23/francisco-
sannini-policia-judiciaria-vinculada-justica-criminal. 2018. Acesso em 23 de nov. de 2021.
PASSETTI, Edson. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003.
PRIETO, Evaristo. Poder, soberania e exceção: uma leitura de Carl Schmitt. Tradução de
Andityas Soares de Moura Costa Matos e Pedro Savaget Nascimento.Revista Brasileira de
Estudos Políticos. Belo Horizonte, nº 105, p. 101150, jul./dez. 2012.
SAPORI, Luis. F. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2007.
SILVEIRA. Felipe Lazzari. Reflexões sobre a desmilitarização e unificação das Polícias
Militares Brasileiras. Disponível em: Acesso em: 09 de nov. De 2021.
SOARES, Luiz Eduardo. Arquitetura Institucional da Segurança Pública no Brasil: Três
propostas de Reforma Constitucional. Revista da Federação Nacional dos Policiais Federais.
São Paulo. jun. 2012. Disponível em: http://www.luizeduardosoares.com/?p=997 Acesso
em: 18 de out. de 2021.
SOARES, Luiz Eduardo. Desmilitarização e reforma do modelo policial. Revista Le
Monde Diplomatique Brasil. São Paulo. Edição 88, nov. 2013.
SOUZA NETO, Claudio. P. A segurança pública na constituição federal de 1988:
conceituação constitucionalmente adequada, competências federativas e órgãos de execução
das políticas. Disponível em
<http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/1205505974174218181901.pdf>.
Acesso em 25 set. 2021.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 4ª ed. São
Paulo: Max Limonad, 2000.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos, O Princípio da dignidade da pessoa humana e a
Constituição de 1988, 2004.
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito constitucional: Constituição. 5ª ed. Coimbra:
RIBEIRO, Lucas Cabral. História das polícias militares no Brasil e da Brigada Militar no
Rio Grande do Sul. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH, 26.,
2011, São Paulo. Anais... São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.snh2011.
anpuh.org/resources/anais/14/1313 022007_ARQUIVO_textoANPUH.pdf>. Acesso em: 23
set. 2021.
44

SÃO PAULO. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria da Segurança Pública.


Institucional. Histórico. A origem da polícia no Brasil. [2014]. Disponível em:
<http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/historico/origem.aspx>. Acesso em: 15 set. 2021.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001.
SOUSA, Reginaldo Canuto de; MORAIS, Maria do Socorro Almeida de. Polícia e
sociedade: uma análise da história da segurança pública brasileira. In: V JORNADA
INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 5., 2011, São Luís, MA. Anais...
Maranhão, 2011.
WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2001.
ZAVERUCHA, Jorge. FHC, forças armas e polícia: ente o autoritarismo e a democracia.
Rio de Janeiro: Record, 2021.
45

Você também pode gostar