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- Proêmio da Odisseia:
Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou,
depois que de Troia destruiu a cidadela sagrada.
Muitos foram os povos cujas cidades observou,
cujos espíritos conheceu; e foram muitos no mar
os sofrimentos por que passou para salvar a vida,
para conseguir o retorno dos companheiros a suas casas.
Mas a eles, embora o quisesse, não logrou salvar.
Não, pereceram devido à sua loucura,
insensatos, que devoraram o gado sagrado de Hipérion,
o Sol - e assim lhes negou o deus o dia do retorno.
Destas coisas fala-nos agora, ó deusa, filha de Zeus.
- Poder de síntese; pode-se ver também nesta primeira estrofe, assim como na
Ilíada, uma “síntese” de toda a história da Odisseia. Homero caracteriza
Ulisses como polítropo (astuto, de várias faces) e responsável (para conseguir
o retorno dos companheiros a suas casas), característica digna de um líder do
homens na época; fala ainda de onde vem Ulisses, ou seja, do fim da guerra de
Troia, fala sobre seus perrengues no mar e diz que, embora tenha tentado, não
pode salvar os companheiros uma vez que eles desobedeceram a regra de não
comer o gado do Sol e portanto pereceram. Todos esses temas são detalhados
ao longo do poema, o que nos leva a concluir que novamente estamos diante
de uma estrofe que faz a síntese do poema;
- O começo também se dá in media res, entretanto, na Odisseia nota-se o fato de
que o poeta não pede à Musa que ela cante a partir de um ponto específico,
mas sim, que “destas coisas fala-nos agora”;
- Knox afirma que na tradição épica, o poeta sempre pede que a Musa cante a
partir de um ponto específico, como se dá na Ilíada; entretanto, afirma que na
Odisseia, Homero precisa renunciar a essa tradição e começar pelo vigésimo
ano de Ulisses longe de casa, quando Atena vai até Telêmaco para lhe insuflar
coragem; isso se dá porque, caso ele tivesse começado “do começo”, ou seja,
observando a ordem cronológica dos acontecimentos, “teria sido forçado a
interromper a sequência narrativa assim que seu herói houvesse voltado à
Ítaca, a fim de explicar a situação extremamente complicada com a qual ele
teria de lidar na própria casa.”
- Proêmio da Eneida:
As armas canto e o varão que, fugindo das plagas de Troia
por injunções do Destino, instalou-se na Itália primeiro
e de Lavínio nas praias. A impulso dos deuses por muito
tempo nos mares e em terras vagou sob as iras de Juno,
guerras sem fim sustentou para as bases lançar da cidade
e ao Lácio os deuses trazer - o começo da gente latina,
dos pais albanos primevos e os muros de Roma altanados.
Musa!, recorda-me as causas da guerra, a deidade agravada;
por qual ofensas a rainha dos deuses levou um guerreiro
tão religioso a enfrentar sem descanso esses duros trabalhos?
Cabe tão fero rancor no imo peito dos deuses eternos?
- in media res??
- é uma síntese do poema? parece que sim