Você está na página 1de 3

Origem e Formação do Estado

A palavra “estado” deriva do latim status, que significa estar firme. Estado
é a situação permanente de convivência, o modo de ser de uma sociedade
politicamente organizada, porém, “estado” nem sempre foi usado para
determinar uma sociedade politica. O responsável por determinar Estado
como uma sociedade política foi Maquiavel, em sua obra “O príncipe”
publicado em 1531, no trecho: “todos os estados, todos os domínios que
tiveram e tem poder sobre os homens, são estados e são repúblicas ou
principados”.

Em relação a época do aparecimento do Estado temos três


posicionamentos fundamentais:
Para alguns autores o Estado sempre existiu nas sociedades, pois o homem
é integrado a uma organização social com poder e autoridade para
determinar o comportamento de um grupo, é um elemento universal na
organização social humana.
A maioria dos autores, afirma que, a sociedade existiu por um período sem
o Estado, este foi constituído para atender as necessidades de grupos
sociais. Para outros, Estado só é admitido a sociedade política dotada de
certas características muito bem definidas. Para Karl Schmidt conceito de
Estado é conceito histórico concreto que surge com a ideia e a prática da
soberania. Balladore Pallieri, defensor desta mesma ideia, define: “a data
oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estado é de
1648, ano em que foi assinado a paz de Westfália”.

As justificativas que determinam a existência do Estado são duas:


Teoria natural: afirma que o Estado se formou naturalmente da
organização humana.
Teoria contratual: é um pacto entre os homens, onde interesses
individuais são transferidos a esta entidade em prol do interesse coletivo.

Existem três causas determinantes na origem do Estado:


Origem familiar: a família é o núcleo, o elemento inicial do Estado. A
família se expande aparecendo como sociedade política.
Origem em atos de força: é onde um grupo mais forte domina o mais
fraco. O Estado surge para regular as relações entre dominantes e
dominados. Origem em causas econômicas ou patrimoniais: o Estado
surge para regular relações patrimoniais, a exemplo da propriedade e
relações econômicas.

Evolução histórica do Estado O estudo da evolução histórica do Estado não


tem a intenção de nos mostrar as curiosidades, ele é fundamental na
descoberta de movimentos constantes e muito valiosos para formação de
probabilidades de evoluções futuras do Estado. Estado Antigo Não existia
uma diferença entre o Estado, a religião, a família e a organização
econômica, formavam um conjunto confuso. O Estado Antigo aparece
como unidade geral, não havendo divisão interior, territorial e de funções.
A principal influencia no Estado foi religiosa, tudo era justificado em uma
vontade divina. Estado Grego A principal característica é a cidade-Estado
(polis), a cidade era independente visando a autossuficiência econômica.
Era uma sociedade política de maior expressão, existe uma elite que
compõem a chamada classe política, essa participa das decisões em
assuntos de caráter público. Estado Romano A característica da
organização do Estado Romano é a base familiar, toda estrutura de Estado
era pensada na estrutura familiar. O povo participa das decisões do
governo, porém, a noção de povo era restrita, apenas uma pequena parte da
população. Os governantes supremos eram os magistrados, ou seja, as
famílias patrícias. Com uma evolução lenta e um sólido núcleo de poder
politico, a instituição era mais forte que a sociedade. Estado Medieval
Marcado pelo cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo. No
plano do Estado a Idade Média se trata de um dos períodos mais instáveis e
difíceis. Pretendia-se uma grande unidade politica, livre da influencia de
fatores tradicionais. O cristianismo afirma a unidade da Igreja, ideia de
igualdade aos homens, visava a universalidade cristã como ideia de Estado
universal, com os mesmos princípios e as mesmas normas de
comportamento. A igreja estimulava o Império como unidade politica,
porém, haviam vários centros de poder, todos com autoridade e o
Imperador não se submetia a Igreja. Assim, formalmente o Império era o
poder supremo, mas na prática não existia uma autoridade de fato, nem
uma ordem correspondente a este poder supremo. Com a invasão dos
bárbaros, houve uma grave perturbação e fortes transformações na ordem
estabelecida, introduziram novos costumes, as regiões invadidas formaram
unidades politicas independentes, resultando em numerosos Estados. No
feudalismo o poder derivava do elemento patrimonial, valoriza-se a posse
da terra, o senhor feudal detinha o poder sobre os servos. Estado Moderno
O principal motivo para a criação do Estado Moderno é a necessidade de
ordem e autoridade, pois como vimos no Estado Medieval existia uma
enorme instabilidade politica, econômica e social. Este processo de um
estado ocorreu em diferentes momentos e de formas distintas na Europa
Ocidental. A principal característica é a centralização politica, o poder do
Estado centralizado. Existia uma independência da autoridade estatal, o
poder tem como titular o Estado, o Estado se torna um ente publico, não é
propriedade de um senhor. Um testemunho histórico do surgimento de um
novo Estado são os tratados de Paz de Westfália, em 1648, Império
Germânico, França, Províncias Unidas e Espanha, reconhecendo e
respeitando os limites territoriais de cada um e a supremacia de cada
governo dentro de seus limites. O Absolutismo monárquico compõe o
período de transição para o Estado Moderno, surge o fundamento de direito
divino dos reis, é a concentração de poderes do Estado a um soberano,
pondo fim a multiplicidade de poderes. O rei personifica o Estado (o
Estado é ele), tendo poder absoluto, derivando daí a noção de soberania. A
autoridade do Rei era proveniente diretamente de Deus, o soberano era
sagrado. Soberania O conceito de soberania é uma das bases da ideia de
Estado Moderno, onde o poder do rei era soberano. Já no ano de 1762,
Rousseau publica a obra “O contrato Social”, onde o conceito de soberania
é do povo e não da pessoa do governante como era antes, afirma que a
soberania não pode ser representado por uma só pessoa, é a vontade geral e
é indivisível. Alguns autores se referem como um poder de Estado, outros
como qualidade do poder do Estado, existe ainda outras definições. O que
vemos é que a noção de soberania está sempre ligada a uma concepção do
poder. Em termos puramente políticos, a soberania expressava a eficácia do
poder, não se preocupando em ser legitimo ou jurídico, apenas absoluto
para não haver confrontações nem meios para impor determinações. A
soberania era a supremacia do poder, levando a um egoísmo entre os
Estado, porque todos se afirmavam soberanos. Em uma concepção jurídica,
o conceito de soberania era sobre a eficácia do direito, sendo a soberania
como poder jurídico, utilizado para fins jurídicos. Sendo assim, não há
Estado mais forte ou mais fraco, para todos a noção de direito é a mesma.
Outra concepção é denomina-la política, define o conceito de soberania
como “o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu
território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de
convivência”, é a noção de bem comum. Em sua grande maioria os
estudiosos definem as características da soberania como una, indivisível,
inalienável e imprescritível. Una, em um Estado não pode haver mais que
uma soberania, não há mais de um poder superior na mesma esfera.
Indivisível, ela se aplica a universalidade dos fatos ocorridos no Estado, por
este motivo não pode existir partes separadas da mesma soberania.
Inalienável, não se pode transferir a outro, aquele que a exclui, desaparece
quando ficar sem ela, seja o povo, a nação, ou o Estado. Imprescritível, sem
prazo de duração, sem validade, pois jamais seria verdadeira se tivesse um
prazo certo para durar. É um poder originário, pois nasce no momento em
que nasce o Estado. Exclusivo, pois só o Estado o possui. Coativo, pois o
Estado.

Você também pode gostar