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A

PSICANÁLISE
DO TARÔ E A
JORNADA DO
HERÓI

Aluno: Luciana Chiovitti da Silva


Professora Orientadora: Aguimar Martins dos Santos Machado
SBPI – Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa.

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INTRODUÇÃO

A Terapia mediante a utilização do Tarô associada a jornada do herói como elemento


facilitador do autoconhecimento são a base deste trabalho. Aqui se buscou evidenciar as
possibilidades de trabalhar o sujeito tendo como suporte o referido oráculo no processo
de mergulho em si mesmo. Validada por Carl Jung, a inserção da simbologia do Tarô na
terapia estimula o fluxo consciente a partir da reprodução de imagens arquetípicas, as
quais são parte do inconsciente coletivo e, com isso, o sujeito passa a utilizar as imagens
mentalmente, (re) formulando conceitos e se fortalecendo para o dia a dia. A partir da
minha experiência como taróloga, introduzi no processo terapêutico os arcanos maiores
e menores do Tarô, os quais simbolizam as etapas da vida, possibilitando um atendimento
que ajude o cliente a fazer essa viagem em busca de si mesmo.

Dentro da psicologia profunda de C.G. Jung entendemos os 22 Arcanos Maiores do Tarô


(arquétipos ou mistérios) como passos de aprendizagem do herói (cada um de nós) em
busca da individuação, ou seja, em busca da realização do sentido da vida.
As cartas (trunfos) mostram passo a passo todas as dificuldades e recompensas do
trabalho de autoconhecimento que precisamos empreender nesse percurso. É como um
livro por imagens, onde o mesmo personagem “caminha” em busca de sua verdade
interior.

A jornada do herói é uma forma de entender a trajetória das pessoas. Ela é um padrão.
Quem identificou esse padrão foi Joseph Campbell, um estudioso de mitologia e religião
comparada.

O centro do processo terapêutico está na troca de análises e diálogos entre consulente e


terapeuta. Desta relação de cumplicidade, guiada pelo Taro e a jornada do herói, se dá
um caminho rico de interpretação e compreensão das emoções, dos afetos, dos desejos,
da materialidade da vida e das ações que podem nos guiar a um diferente entendimento
de nossa realidade. Trata-se de um aprofundamento reflexivo. O jogo nos propõe um hiato
no tempo acelerado de nossas vidas para construção de possíveis novas narrativas e
caminhos a serem seguidos.

O diálogo construído em torno das significações que o jogo de tarô pode nos trazer,
discutindo, por exemplo, afetos e desejos, enriquecem e guiam o debate ocorrido em cada
sessão. Isto é, cada jogo reconhece uma tendência de sujeito, capturada em sua
universalidade. Isso permite reconhecer narrativas universais, naturais a toda pessoa, e
propor novas narrativas, mais próprias a nossa particular existência com maior chance de
bem estar e sucesso.

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INTRODUÇÃO AO TARÔ E A JORNADA DO HERÓI

O Tarô é um baralho de cartas misterioso de origem desconhecida. Tendo, pelo menos,


seis séculos de existência, é o antepassado direto das nossas modernas cartas de jogar.
O Tarô veio repentinamente à tona da consciência pública como figuras enigmáticas que
surgem de repente, inesperadamente em nossos sonhos, os personagens do tarô
parecem estar gritando para nos chamar a atenção. Como figuras dos nossos sonhos,
sem dúvida, as personalidades do Tarô introduziram-se em nossa autossatisfação a fim
de trazer-nos mensagens de grande importância.

Uma viagem pelas cartas do Tarô, primeiro de tudo é uma viagem às nossas próprias
profundezas. O que quer que encontremos ao longo do caminho é um aspecto do nosso
mais profundo e elevado eu. Pois as cartas do Tarô, nasceram num tempo em que o
misterioso e o irracional tinham mais realidade do que hoje, trazem-nos uma ponte efetiva
para a sabedoria ancestral do nosso eu mais íntimo. E uma nova sabedoria é a grande
necessidade do nosso tempo – sabedoria para resolver nossos problemas pessoais e a
sabedoria para encontrar respostas criativas às perguntas universais que a todos
confrontam.

De fato, pouquíssimo se sabe a respeito das cartas do Tarô ou a respeito da sua origem
e da evolução das designações de naipe e do simbolismo dos vinte e dois Triunfos.
As figuras nos Triunfos do Tarô contam uma história simbólica. À semelhança de nossos
sonhos, elas não vêm de um nível que a consciência não alcança, e muito distante da
nossa compreensão intelectual.

Parece apropriado, comportar-nos em relação a esses personagens do Tarô de maneira


muito parecida com a que usaríamos se eles nos tivessem aparecido numa série de
sonhos que retratassem uma terra desconhecida e longínqua, habitada por estranhas
criaturas. Com tais sonhos, as associações puramente pessoais têm valor limitado.

Podemos fazer melhor a conexão com seu significado através da analogia com mitos,
contos de fadas, dramas, quadros, acontecimentos históricos, ou qualquer outro material
com motivos similares que evocam universalmente grupos de sentimentos, intuições,
pensamentos ou sensações.

A melhor maneira de alcançar o significado individual das cartas é abordá-las diretamente,


como faríamos com os quadros de uma galeria de arte. Como as pinturas, os Trunfos,
são chamados detentores da projeção, o que quer dizer simplesmente que são os
ganchos para a imaginação.

Falando psicologicamente, a projeção é um processo inconsciente, autônomo, pelo


qual vemos primeiro nas pessoas, nos objetos e nos acontecimentos as tendências,

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características, potencialidades e deficiências que, na verdade, são nossas. Povoamos o
mundo exterior de feiticeiras e princesas, diabos e heróis do drama sepultado em nossas
profundezas.

A projeção que fazemos do nosso mundo interior para o exterior não é coisa que fazemos
de propósito. É simplesmente a maneira como funciona a psiquê. Na verdade, a projeção
acontece de forma tão contínua e inconsciente que acostumamos não dar tento de que
ela está acontecendo. Estas projeções são instrumentos úteis à conquista do
autoconhecimento. Contemplando as imagens que atiramos na realidade exterior, como
reflexos de espelho da realidade interior, chegamos a conhecer-nos.

Em nossa viagem através dos Trunfos do Tarô utilizaremos as cartas como detentores da
projeção. São ideais para esse propósito porque representam as forças instintuais que
operam de modo autônomo nas profundezas da psique humana e que Jung denominou
de arquétipos.

Tais arquétipos funcionam na psique de maneira muito parecida com a que os instintos
funcionam no corpo.

MAPA DA JORNADA DO TARÔ

Em nosso mapa, os Trunfos, desde o número 1 até o 21, dispostos em sequência, formam
três fileiras horizontais de settingtingtingtinge cartas cada uma. O LOUCO é o número 0,
não tem posição fixa. É o viajante. O Louco, está livre para espiar os demais personagens
e seguir a jornada.

É aqui que entra a JORNADA DO HERÓI. A jornada do herói é uma forma de entender
a trajetória das pessoas. Ela é um padrão. Quem identificou esse padrão foi Joseph
Campbell, um estudioso de mitologia e religião comparada.

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Campbell estudou várias culturas antigas, religiões, crenças e lendas populares pelo
mundo. Ao contrário da maioria das pessoas, que buscavam as diferenças entre culturas,
ele abriu seus olhos para as semelhanças. Assim, conseguiu traçar um caminho em
comum, que aparece nas principais narrativas mitológicas e religiosas da humanidade.

De acordo com a visão de Campbell, Jesus Cristo, Buda e Krishna têm várias coisas em
comum. Além de serem figuras muito conhecidas e acumularem seguidores cheios de fé
pelo mundo, eles possuem uma trajetória, uma história de vida, pontuada por
acontecimentos que, se não são idênticos, carregam uma simbologia muito parecida.

A jornada do herói mostra a síntese das aventuras dos maiores mitos da


humanidade. Ela possui um formato cíclico, porque pode e deve se repetir. Atualmente,
a leitura mais comum é a que classifica a jornada em 12 etapas. Essa classificação faz
uma síntese das ideias de Campbell, afinal, esse grande intelectual descreveu O herói é
alguém que deu a sua vida por algo maior que ele mesmo. É uma pessoa comum que
recebe um chamado para a aventura e justamente porque o aceita, se torna especial.

AS 12 ETAPAS DA JORNADA DO HERÓI.

1. O mundo comum
A história começa apresentando o protagonista em seu status quo, sua vida cotidiana.

2. O chamado à aventura
Então, o protagonista recebe um chamado à aventura, que pode ser um convite externo
ou uma situação em que ele mesmo se coloca.

3. Recusa do chamado
Geralmente, depois de receber o convite, o protagonista reluta em aceitar, porque ele não
quer sair de seu mundo comum.

4. Encontro com o mentor


Para dar um empurrãozinho a mais para o personagem principal embarcar de fato na
aventura, aparece então um mentor. É comum que essa figura seja representada por
alguém mais velho, que assume a condição de sábio e vai transmitir ensinamentos
importantes para o futuro herói sobreviver a sua jornada.

5. A travessia do primeiro limiar


Finalmente, o futuro herói deixa para trás o seu mundo comum e embarca no
desconhecido.

6. Provas, aliados e inimigos

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Dentro do novo mundo, o personagem principal irá fazer amigos, inimigos e enfrentará os
seus primeiros testes. Essa etapa é de bastante aprendizado.

7. Aproximação da caverna oculta


Depois de um tempo aprendendo as regras do novo mundo e conhecendo seus aliados,
aqueles que vão ajudá-lo a conquistar a missão, o herói se prepara para sua maior
batalha. É nesse momento que ele vai atrás do seu objeto de maior desejo ou do grande
inimigo que ele precisa enfrentar.

8. A provação
Aqui é quando de fato acontece o encontro com o chefão. Ou seja, esse é o maior desafio
que o herói precisa enfrentar, até o momento, em sua jornada. Geralmente, a provação é
uma experiência de (quase) morte, onde o protagonista vai usar tudo o que aprendeu
como o mentor e nas etapas anteriores para ressurgir glorioso.

9. A recompensa
Após passar pela experiência de quase morte (seja física ou mental), o herói ressurge
como um novo homem. E recebe uma recompensa que pode ser um prêmio, título, objeto
precioso ou nova habilidade.

10. O caminho de volta


Agora que o herói venceu os desafios do mundo desconhecido e conquistou a
recompensa é, finalmente, hora de voltar para casa.

11. A ressurreição
Mas, se você achava que a jornada do herói já tinha chegado ao seu fim, está muito
enganado. Aqui surge um momento decisivo na vida do personagem, onde ele precisa
provar que realmente aprendeu lições valiosas durante sua aventura.

12. O retorno com o elixir


Agora sim, finalmente, o herói retorna ao seu mundo comum trazendo consigo o elixir
(uma poção mágica com poderes de cura), um tesouro ou uma grande lição que ele
aprendeu ao longo de toda essa jornada.

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JORNADA DO HERÓI

Fazendo um paralelo entre a jornada do herói e a jornada do Tarô, quando o LOUCO (a


pessoa comum) segue sua aventura em busca de uma jornada de desafios,
autoconhecimento.

O caminho do Louco e a jornada do herói

As cartas (trunfos) mostram passo a passo todas as dificuldades e recompensas do


trabalho de autoconhecimento que precisamos empreender nesse percurso. É como um
livro por imagens, onde o mesmo personagem “caminha” em busca de sua verdade
interior.

Nesta jornada, as demais cartas, podem significar os desafios, aprendizados que se


ultrapassados, trarão a iluminação e ao final, tornará o Louco mais forte, experiente e
transformado, transcendendo para uma nova etapa em sua vida. Então, um ciclo se fecha
para dar início a algo novo, um novo ciclo.

Começando com o Arcano O Louco, único trunfo não numerado, mostra um jovem
despreocupado em busca de aventura, que em determinado momento de sua existência
percebe que possui todos os instrumentos para compor a própria história.

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A JORNADA DO LOUCO NO TARÔ

A seguir, podemos entender de forma bem resumida, o propósito de cada Trunfo na


JORNADA DO HERÓI:

I – O Mago – dá início à busca alquímica da transformação

II –A Papisa – Busca uma introversão espiritual, estudando nos livros sagrados a verdade
da vida

III –A Imperatriz – nos remete aos mistérios da natureza feminina e nos convida a sermos
receptivos

IV – O Imperador _ nos lembra que precisamos assumir a responsabilidades pela nossa


própria vida

V – O Sumo Sacerdote–Chama-nos a buscar orientação com quem já empreendeu a


jornada da espiritualidade antes de nós

VI –Os Enamorados – Avisa dos perigos dos afetos exagerados que poderiam nos fazer
dependentes da família ou das paixões. Um momento na vida do herói em que está sujeito
a perder o passo de aprendizagem caso “escolha” o outro em detrimento de si mesmo

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VII –O Carro – Nos lembra que precisamos continuar na jornada do herói e tocar a nossa
vida para a frente. Momento de triunfo, em que o herói desenvolveu autoestima e já tem
um objetivo a alcançar

Essas 7 primeiras cartas nos mostra o caminho da estruturação da personalidade.

As próximas 7 cartas auxiliam a enfrentar os perigos do mundo.

VIII –A Justiça – Enfatiza que precisamos ter ética e distinguir o certo do errado para
seguirmos com firmeza e constância

IX – O Eremita – Carta do Mestre Interior, arquétipo do Self, ou Si Mesmo, lembra que


devemos iluminar nossa própria vida e de todos que porventura de nós precisarem

X – A Roda da Fortuna– Momento crítico, onde temos que entrar em contato com nossos
padrões de comportamentos repetitivos. Outra carta onde o herói pode perder o passo de
aprendizagem caso não saia da eterna roda da repetição

XI – A Força–Domínio dos instintos destrutivos.

XII – O Enforcado–Onde o herói foi capturado. A carta mostra extrema introversão e


angústia, que deve ser superada pela alegria

XIII – A Morte – Carta de transformação pela dor. O herói ficou vaidoso por ter vencido
os padrões pela força de vontade (XI), e agora tem que passar pela morte e sepultamento

XIV – A Temperança – A carta da transmutação alquímica. Podemos nos sentires


purificados e conectados com o nosso coração e com a nossa essência. Com o Arcano
XIV o herói conclui, vitorioso seu embate com o mundo

As próximas cartas mostram o confronto do herói com o próprio inconsciente

XV – O Diabo–Depois de construir sua história no mundo, o herói tem que se voltar para
a própria sombra, e, enfrentar seus desejos e fraquezas mais profundos, alguns dos quais
ele nem imagina que tem

XVI – A Casa de Deus – Vemos um raio vindo do alto e destruindo a torre, onde os
gêmeos do tarô estavam aprisionados pelo diabo, libertando-os e jogando-os de volta ao
mundo. Perda do lugar de repouso e ampliação de consciência simultaneamente

XVII – A Estrela – Enfim, o herói conseguiu, definitivamente deixar todos os apegos e


mágoas. O passado ficou para trás e ele cuida de si mesmo (vivifica a terra com a água

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da vida) e inicia uma nova fonte que se transforma em rio. É abençoado pela estrela
matutina, não devendo perder a ética adquirida desde o Arcano VIII

XVIII – A Lua – O trabalho ainda não terminou, e o herói deve vencer os medos da noite
escura, deve ter confiança em seu próprio inconsciente que não vai surtar, enfrentar os
lobos e ir em direção da cidade prometida, isto é, da integração do consciente com o
inconsciente

XIX – O Sol– Aqui o herói encontra a comunhão das forças contrárias, união do masculino
e feminino, consciente e inconsciente. No mundo externo encontra um companheiro (ou
amigos, ou iguais) que lhe corresponde. Sob o Sol benfazejo ele reencontra a inocência
perdida do paraíso. Sua jornada termina aqui. Daqui pra frente ele colhe os frutos do que
plantou

XX – O Julgamento – Nesse Mistério, vemos o herói sendo ressuscitado por um anjo que
toca sua trombeta e reconhece seu valor. Já não depende de esforço e sim da Graça, já
pode adentrar novos níveis de consciência. É chamado para a Maestria, conquistou um
“eu” integrado, achou seu lugar no mundo e venceu as sombras do inconsciente

XXI – O Mundo – Esse trunfo mostra o resultado da Opus Alquímica. A Roda da Fortuna
(X) da eterna repetição se transformou na guirlanda de louros, símbolo da vitória, onde o
herói unificado conquistou os quatro elementos: o ar, a agua, a terra e a intuição, isto é,
integrou as quatro funções da psique: pensamento, sentimento, sensação e intuição.

Com a conclusão vitoriosa da jornada do herói, retomamos o Arcano d’O Louco, não mais
como o jovem aventureiro, mas como o Mestre, que encontrou seu caminho e por ele
segue seguro. Busca não lógica da espiritualidade e autorrealização.

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A IMPORTÂNCIA DOS ARQUÉTIPOS NESTE TRABALHO

Antes de falarmos do arquétipo do LOUCO, vamos explorar um pouco mais o tema


Arquétipo na psicologia analítica:

Na psicologia analítica, o inconsciente pessoal é o local onde os acontecimentos são


reprimidos ou julgados não importantes. Porém o inconsciente coletivo é composto por
várias estruturas psíquicas comuns a todos e que acabam por influenciar o pensar e a
práxis, sendo o inconsciente coletivo o “local” dos arquétipos.

O inconsciente coletivo, para Jung, é formado pelos arquétipos e instintos e o acesso a


ele ocorre por meio de imagens, que podem ser definidas como representações e
traduzem nosso comportamental, indo muito além do tempo e do espaço.

O arquétipo, à grosso modo, possui algumas funções, e dentre outras podemos enumerar:

1. Condicionar, orientar e sustentar o psiquismo individual.


2. Regular o equilíbrio, intervindo nas perturbações, através de compensações.
3. Informações são cambiadas com o meio o que proporciona um processo evolutivo.

Todos os arquétipos são paradoxais e fazem com que enxerguemos, na verdade,


apenas o que precisamos absorver. Os principais arquétipos herdados da
ancestralidade e que constantemente se repetem, devido as experiências são:

• Self
• Sombra
• Sabedoria
• Pai
• Mãe
• Criança
• Persona / herói

Porém são infinitos, pois são infinitas as vivências humanas.

O Self é o princípio organizador da personalidade, unificando. É o símbolo da totalidade,


o arquétipo central, indicando o que deve ser seguido. As Sombras representam as
experiências esquecidas, reprimidas ou não vivenciadas, ficam “quietas” e “adormecidas”
pois não são suportadas pelo ego ideal.

As Sombras ficam armazenadas no inconsciente e podem ser reconhecidas nas


projeções. Anima / animus são predominantes na fase adulta, sendo o arquétipo
responsável pela identidade profunda, e começa a ser elaborada a partir de mediações

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que ocorrem na adolescência. É a contraparte feminina do homem ou a contraparte
masculina da mulher. A sombra é responsável por aquilo que o Ego não aceita,
mantendo assim esse conteúdo em um lugar do inconsciente, mas que há a possibilidade
de se tornarem conscientes.

A Sombra no seu total é denominada como as qualidades negativas que todos


possuem e que o ego acaba por esconder. Também é composta por muitas qualidades e
dons natos que acabam não se desenvolvendo devido a condições externas. Ela é uma
sombra arquetípica que pode ser responsável pelos conteúdos humanos gerais, que não
são assimiladas a cultura coletiva.

Aqueles traços que nós não gostamos, ou preferimos ignorar, se juntam para formar o
que Jung chamou de Sombra. Essa parte da psique, que também é fortemente
influenciada pelo inconsciente coletivo, é uma forma complexa e geralmente é o complexo
mais acessível pela mente consciente.

A Sabedoria é o estágio final da consciência, onde se adquire a capacidade de colocar-


se no lugar do outro (alteridade) e o analisar. O arquétipo da Mãe é pensado como boa,
mas não necessariamente como perfeição. Colocada como símbolo de proteção e carinho
é essencialmente alimento.

O Pai é o arquétipo ligado a ordem, dever, ética e prioridade, direcionando e dando


sentido ao indivíduo, enquanto a Criança é a que ao nascer existe “apenas” como pré-
ego ainda preso ao inconsciente, e o desprendimento ocorre a partir da fala da palavra
“eu”.

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O arquétipo da grande mãe é visto como um dos mais primordiais na relação humana,
pois mesmo com indivíduos “desenvolvidos” tende-se a imitar a relação primeira.
Contempla a relação mãe e filho como uma das mais profundas na psique de um
indivíduo.

Neumann (1995) aponta o arquétipo da grande mãe como uma das fases no
desenvolvimento progressivo do ego, no qual o estágio da uroboros maternal se
caracteriza pela relação entre a criança pequena e a mãe que alimenta. Esse estágio
enfatiza a natureza carente e indefesa da criança e o lado protetor da mãe, necessária ao
desenvolvimento da consciência que a partir dessa simbiose se distinguirá.

O símbolo do uroboros pode ser traduzido como um dos primeiros estados na evolução
da consciência, em que o ego ainda não apareceu como um complexo consciente, não
havendo assim tensão entre o ego e o inconsciente, já que um permanece contido no
outro.

Quando o ego está sob o domínio da grande mãe, ou seja, do inconsciente, ele é possuído
tanto pela mãe devoradora quanto pela mãe doadora e bondosa.

O arquétipo da criança nos remete a dois aspectos polares da psique: de um lado o


tema nascimento miraculoso e de outro o abandono e as adversidades. O nascimento
miraculoso refere-se ao aspecto da divindade da criança, que personifica o inconsciente
coletivo ainda não integrado, ou seja, o Si-Mesmo. De outro lado, o abandono refere-se
à natureza humana do herói. Através do abandono o herói experimenta a sua
insignificância, a exposição e o perigo. Este segundo aspecto relaciona-se com a
precariedade da psique para atingir esta meta suprema de auto-realização.

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O Arquétipo Persona dá ao sujeito a possibilidade de criar um personagem que pode
não ser de fato ele mesmo. Dentro de cada persona existe um conjunto de ideias que se
originam da sociedade, no qual denominamos regras sociais. A Persona é muito
importante para a sobrevivência humana. Através dela, nos tornamos capazes de
conviver com o outro, inclusive nos ajuda a conviver com aquelas pessoas que nos são
desagradáveis de maneira saudável e equilibrada.

A Sombra e a Persona são opostos, polaridades do ego e que provem do Self

O arquétipo não fornece a fórmula, mas a estrutura, sempre variando pois o ser
humano é um ser cultural em sua essência. Esses símbolos universais, apesar de não
compreendidos em toda a sua profundidade, devemos ter claro o aspecto que quanto
mais o compreendemos mais compreenderemos a nós mesmos. E compreender a nós
mesmos é um dos pilares do humano.

O VAGABUNDO ARQUETÍPICO, com sua trouxa e seu cajado, está muito em evidência
em nossa cultura atual. Mas, mundo mecanizado, prefere viajar sentado a caminhar.
podemos ver-lhe o equivalente atual de pé à beira do caminho, de barba e mochila,
estendendo um Sorriso esperançoso e um polegar em nossa direção.

E se esse personagem representa um aspecto do nosso inconsciente, não podemos


deixar de reagir emocionalmente a ele de um modo ou de outro:

Ao se deparar com este arquétipo, alguns se sentiram imediatamente levados a parar e


dar uma carona ao moço que a pedia, isso lembrados de que eles também, em seus dias
de juventude, isso viveram um período de perambulações despreocupadas antes de
sossegar e passar a levar uma vida mais estável. Outros, que nunca bancaram o louco
na mocidade, estenderam instintivamente a mão ao caminhante porque este representa
um aspecto não vivido de si mesmos, aqui eles se sentem inconscientemente atraídos.

Pode acontecer, todavia, que outra pessoa tenha uma reação negativa em relação ao
jovem uma reação tão instantânea e violenta que o fará, de repente, tremer literalmente
de raiva. Nesse caso, o motorista apertará o acelerador, os dentes, E fugirá literalmente
da vista daquele espectador inocente, murmurando palavras contra os seus “modos
sujos”.

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As reações ao Louco serão, naturalmente tantas e tão variadas quantas forem as
personalidades e experiências de vida dos que se defrontarem com ele. Mas o ponto está
em que o ser tocado por um arquétipo sempre evocará uma reação emocional de alguma
espécie. Explorando essas reações inconscientes, podemos descobrir o arquétipo que
nos está nos manipulando e livrar-nos até certo ponto da sua compulsão.

Em resultado disso, da próxima vez que encontrarmos essa figura aqui típica na realidade
externa, a nossa resposta não precisará ser tão irracional quanto a acima descrita. Da
próxima vez que passar por um vagabundo feliz na estrada sentirá mais empatia por ele.
Tendo agora escolhido sua própria vida, estará mais disposto a deixar que os outros
escolham a sua. E, tendo chegado a um acordo com o regenerado na realidade interior,
não se sentirá tão hostil e defensivo quando uma figura assim lhe deparar na realidade
exterior. Mais importante de tudo, porém, é que terá experimentado o poder de um
arquétipo.

O Louco é um arquétipo compulsivo e, como vimos, muito em evidência nos tempos de


hoje. mas todas as figuras do tarô têm a sua espécie própria de poder e, por serem
eternas, estão todas ainda ativas em nós mesmos e em nossa sociedade.

No desenvolvimento humano ocorrem diferenças de consciência do ego e a cada estágio


há modificações, sendo que essas alterações ocorrem por conta das relações com os
mitos, deuses, símbolos e arquétipos. O Herói, para alguns Persona, vai até as
profundezas, enfrenta os desafios mesmo não possuindo as certezas do sucesso.

O arquétipo vai se aprontando, evoluindo, construindo sua própria história no decorrer do


caminho. A Persona é o self falso, o papel que representamos devido as crenças
desviadas e / ou pervertidas. Sem a Persona resta a loucura, o louco como aquele que é
igual em todos os lugares, que é incapaz de fazer uma adaptação ao local, que vai a um
culto, por exemplo, com a vestimenta de praia, não se interessando pelo relacional.

Quando passamos por experiências na quais precisamos ter certas características


despertamos o arquétipo respectivo. Embora o arquétipo seja universal, a maneira como
expressamos as suas características é individual, pois o consciente influencia a maneira
na qual ele é expresso.

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INTERPRETANDO OS ARQUÉTIPOS NO TARÔ ANALITICO

O Tarô analítico é utilizado na prática psicanalista para reflexão sobre quem somos e
como podemos agir para tomar decisões favoráveis ao nosso desenvolvimento. A partir
das figuras nas cartas somos chamados a refletir sobre arquétipos que estão mais
presentes em nossas vidas e a influência da presença mais expressiva deste arquétipo
em nosso modo de pensar e agir.

A projeção

Nesse contexto, a utilização da linguagem estético-simbólica presente no Tarot pode ser


compreendida como um instrumento que pode auxiliar na verbalização/interpretação dos
mistérios ocultos (Arcanos) no inconsciente. Assim, a técnica do jogo do Tarot e a jornada
do herói, consiste na projeção intuitiva do inconsciente para responder
questionamentos ou mesmo formular perguntas sugeridas pela escolha simbólica de uma
imagem.

Há dificuldades para que um sujeito possa expressar com palavras determinadas


emoções, sentimentos, desejos, medos etc. e, por isso, as Cartas se tornam eficientes.
Elas oferecem a oportunidade para se realizar a conexão entre as imagens simbólico-
estéticas e os arquétipos simbólicos do inconsciente, possibilitando, assim, a
verbalização.

Uma forma interessante, e até engraçada, de entendermos tal fenômeno é observar o


comportamento de crianças. É comum que elas escolham personagens para brincar de
“ser”, essa escolha diz muito sobre como se veem e quem são e seus arquétipos
dominantes.

Um breve esquema de arquétipos como são utilizados dentro da comunicação visual, e em áreas do conhecimento relativas

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A projeção é o nome que se dá também para um mecanismo de defesa no qual aquilo
que não é aceito em si mesmo é jogado para o inconsciente e projetado no outro. A não
aceitação e a repressão de comportamentos, desejos, pensamentos ou sentimentos que
estão confinados no inconsciente de uma pessoa podem ser projetados no ambiente
exterior sem que a pessoa saiba. Isso favorece a confusão na percepção dos
comportamentos alheios pois é possível que os reais comportamentos do outro sejam
cobertos e confundidos com os nossos comportamentos rejeitados e projetados sobre
eles.

Cada um vê o mundo através das suas próprias lentes de valores. A experiência pessoal,
a cultura, a memória, os valores, o conhecimento são projetados fora da pessoa. Assim,
vemos no mundo exterior o que há no nosso mundo interior.

A sincronicidade

Sincronicidade é um conceito criado por Carl Gustav Jung que defende a ideia de que os
acontecimentos se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado.

O conceito de sincronicidade pode facilmente ser compreendido como “coincidência


significativa”. São acontecimentos que interagem entre si não como causa e efeito, pois
compartilham dos mesmos significados.

Essas formas sincrônicas podem aparecer como pensamento, imagens, circunstâncias,


eventos e estruturas materiais no nosso externo sempre acompanhado de algum
significado pra quem está vivendo.

Mesmo com poucas informações visíveis, a sincronicidades na maioria das vezes


acontece como sinais e quanto mais conectados estamos conosco, mais enxergamos
esses sinais

Jung observou que as coincidências significativas iam além de uma probabilidade de


acasos. Ou seja, para ser sincronicidade, é preciso que dois ou mais eventos aconteçam
simultaneamente, sem relação de causalidade ou lógica de tempo e espaço, e
transformem a vida de algum jeito.

“A sincronicidade revela a conexão significativa entre o mundo subjetivo e o objetivo.”


Carl Jung

Essa ligação entre o mundo exterior e o interior se trata de uma conexão mental bem
ampla. Ela pode ser encontrada em qualquer lugar, como numa livraria, por exemplo.
Imagine que você deseja ler sobre determinado tema.

Então, começa a circular pelas estantes e corredores, e o livro que busca, se encontra
caído no chão do local. A resposta que você estava procurando chega até você de uma
maneira surpreendente, inusitada. Ou seja, o desejo de entender sobre um assunto
(realidade interior) se encontra com um evento exterior.

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Nesse tipo de situação, existe uma conexão entre os envolvidos, uma ligação que
não pode ser vista, mas que está ali. Esse elo é o que chamamos de sincronicidade:
quando não há uma simples casualidade, mas sim uma força do universo atuando para
que as pontas soltas se juntem.

A sincronicidade pode acontecer não só em qualquer lugar, mas também a qualquer


momento. Ela aparece na forma de uma solução que esteve o tempo todo guardada
dentro de sua mente, e geralmente, influencia na tomada de alguma decisão.

É assim que fazemos as nossas escolhas, criamos e recriamos nossos recursos de


sobrevivência social, emocional, com nossos pensamentos, nas várias solicitações da
vida. No entanto, precisamos nos policiar para não cair em excessos nas interpretações.

A intuição e a Inspiração

A intuição e a Inspiração podem ser definidas como um conhecimento, uma conclusão,


um conceito, uma informação obtida de imediato (sem um raciocínio prévio) a respeito do
assunto em questão. A intuição teria origem no interior da psique enquanto a inspiração
viria do exterior, como se fosse o sopro de um anjo

A associação

Associação é um tema chave na jornada do tarô. nós fazemos isso na linguagem do


cotidiano sem pensar a respeito. Você associa imediatamente a palavra “garrafa”, por
exemplo, a uma garrafa!

Mas que tipo de garrafa você mentaliza? uma garrafa grande, redonda, longa e estreita,
baixa, d vidro, cerâmica, colorida, estampada? Cada um de nós tem uma percepção
diferente da palavra garrafa apesar de ser uma palavra comum. Desta forma, é importante
trabalhar os símbolos desta forma também.

Ao considerar a associação livre como um meio de acesso ao inconsciente, a


psicanálise mostrou que esse fenômeno vale tanto para o psiquismo inconsciente quanto
para as representações conscientes: quando o psicanalista propõe ao paciente uma série
de termos indutores e pede-lhe para enunciar como resposta imediata, sem controle ou
omissão, aquilo no que eles lhe fazem pensar, está lidando precisamente com a rede
complexa de associações inconscientes por meio da qual se revelam os desejos
profundos do indivíduo.

O ato de associar significa juntar, reunir uma coisa à outra. A mente associa as imagens
a um significado. Essa associação pode ser aprendida da mesma forma como
aprendemos que o sinal vermelho, num semáforo de rua, significa “pare” e o sinal verde
significa “siga”. A associação pode se dar por proximidade temporal dos eventos,
coincidência, raciocínio etc.

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A mente reunirá as informações de que dispõe para dar significado ao mundo à sua volta.
Quanto maior o conhecimento e a sabedoria de uma pessoa, quanto mais memórias
disponíveis ela tiver armazenado, maior será o leque de associações oferecidas pela
mente dela.

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NO SETTING PSICANALITICO

A psicanálise integrativa, permite associar diversas práticas terapêuticas com o propósito


de compreender o cliente de forma holística, ela integra elementos complementares à
análise, que possibilitam o autoconhecimento de maneira mais eficaz e eficiente.

Desta forma, será de grande importância que o profissional da psicanalise integrativa,


tenha não só o manejo, mas principalmente o feeling necessario para lançar mão das
mais diversas ferramentas disponiveis no auxilio e desenvolvimento do processo analitico,

O que se defende aqui, é a possibiidade de se utilizar mais uma ferramenta que poderá
criar meios para que o psicanalista interaja com pacientes que tem dificuldade em
verbalizar ou expressar suas angustias, inseguranças, confusaão mental causados
muitas vezes pelos diversos mecanismos de defesa que se pode desenvolver durante as
experiencias de vida.

Ao considerar o Tarô e a jornada do herói como ferramenta de trabalho analítico, devemos


levar em conta além do conhecimento psicanalítico, também o conhecimento do Tarô,
seus arquétipos e significados, porém, lembrando que devemos sempre levar em
consideração o significado que o paciente está trazendo como informação primordial.

Se faz necessário identificar qual melhor forma de fazer a tiragem das cartas
considerando o propósito do que se está buscando avaliar, identificar ou trabalhar.

Ao utilizar o Tarô e a jornada do herói como ferramenta terapêutica, associaremos todas


as técnicas já mencionadas anteriormente: os arquétipos, simbologia e semiótica, a
projeção intuitiva do inconsciente, a capacidade de associação, a intuição e a inspiração
e por fim, a sincronicidade.

O Tarô Terapêutico é uma ótima ferramenta para aqueles que querem compreender
melhor o momento pelo qual estão passando ou estão em dúvida sobre determinado
assunto. Também ajuda a entender por que certos padrões se repetem na nossa vida ou
o que está nos impedindo de alcançar o que desejamos. A leitura terapêutica do Tarô
auxilia no autoconhecimento e na ressignificação dos conteúdos, ajudando a observar as
questões sob outro ângulo e a encontrar formas novas de lidar com elas.

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O PAPEL DO PSICANALISTA

Neste contexto, o psicanalista, além da análise de seu paciente, o que lhe é inerente, terá
também o papel de um facilitador do processo. O psicanalista, pode ajudar o
consulente/paciente, a entender dentro da sua jornada de vida, qual é o desafio, o
chamado que está vivendo no momento, e qual é o arquétipo que vem em resposta àquele
desafio.

Que mudanças no status quo são necessárias? Qual momento da jornada do herói está
sendo vivenciado por ele? Ajudar a entender o que está no inconsciente, nas sombras
que não consegue ver ou entender?

É também ajudar decodificar e organizar os símbolos para que seja compreensível ao


consulente a sua interpretação. Para que isso ocorra é necessário que o consulente esteja
disposto a falar sobre as suas vivências e experiências marcantes tanto alegres como
traumáticas para facilitar a compreensão e a melhor interpretação das figuras do tarô que
forem apresentadas em seu atendimento.

Importante destacar que o tarô não possui aqui uma interpretação adivinhatória e que
para compreender a representação do arquétipo é necessário estarmos dispostos a
assumir que somos protagonistas de nossas próprias vidas. Neste contexto somos
responsáveis de alguma maneira por todas as situações que acontecem, tanto as boas
como as ruins.

O lado bom disso é mostrar que possuímos a capacidade de alterar a maneira como
as coisas acontecem. Isto nos dá um grande poder, mas também é necessário
abandonar o vitimismo, ao colocar a culpa dos acontecimentos sempre em coisas
externas, sejam pessoas ou situações.

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A ABORDAGEM

A prática consiste em primeiro lugar aceitar que a sincronicidade tem uma função. A
função de nos fazer entender de que nada é por acaso. A função de nos fazer pensar nos
sinais que recebemos e seus significados.

Por quê isto aconteceu, ou está acontecendo? Que sinais preciso observar? Prestar
atenção aos sinais.

O método, pode ser utilizado de diversas formas:

1. Durante uma sessão de terapia onde foram trazidas muitas questões.


2. Ao final de uma sessão, para sintetizar os pontos trazidos, ou como fechamento
sendo um recado ou fechamento daquela sessão
3. Sendo uma sessão específica, onde serão abordados os temas, angústias,
preocupações, medos, obstáculos, ou seja, os desafios trazidos pelo analisando

Um exemplo de estrutura de atendimento:

• Fazer o acolhimento, proporcionando um ambiente tranquilo, onde o


analisando possa ficar a vontade sem ser interrompido.

• Um momento de pausa para conexão consigo mesmo para que possa se


interiorizar e fazer contato com as possíveis angústias, tristezas,
preocupações, dúvidas, medos etc.

• Nesta etapa o analisando deve responder a seguinte questão: O meu maior


desafio neste momento é...
Aqui é importante ajudar o analisando fazendo perguntas que o ajudem a
trazer os pontos caso seja necessário.

• Utilizando-se da sincronicidade, sortear as cartas considerando as seguintes


questões:

o O que não estou vendo neste desafio


o O que influenciou no passado
o O que está me detendo
o O que devo evitar/mudar
o O que está a meu favor
o O que me ajudara a superar

• Importante ressaltar, que a análise da carta e de todo o conteúdo arquetípico


e seus significados serão realizados sempre primeiro pelo analisando. É neste
momento rico que o psicanalista colhe informações importantes, como gestos,
comportamentos, reações, além do conteúdo falado.
Só depois de ouvir, poderá fazer as intervenções necessárias para seguir com
o processo psicanalítico

Observemos que nem sempre todo conteúdo é trabalhado numa única sessão, podendo
o conteúdo levantado ser trabalhado por várias outras sessões.

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Os objetivos dessa abordagem:

• Examinar as cartas individualmente em busca de orientação


• Entender qual o momento na jornada do consulente e o que ainda está por vir
• Identificar quais características arquetípicas precisam ser trabalhadas e
desenvolvidas no momento
• Como e onde pode buscar ajuda
• Conhecer melhor a si mesmo para evitar projeções nas situações externas
• Desenvolver uma reflexão programada além do momento da tiragem de cartas
• Elucidar a compreensão em seus relacionamentos e situações que a vida oferece
• Rever o passado sempre pensando em evitar os erros do futuro.
• Aprender a fazer boas escolhas na vida.

OUTROS ESQUEMAS DE TIRAGEM

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho é a soma do meu processo enquanto estudante de psicanálise e taróloga,


me fez compreender melhor meu papel enquanto Terapeuta e Psicanalista Integrativa.
Encontrei nele a chance de explorar as possíveis abordagens no campo da terapia
integrativa com soluções diferentes, desconstruindo a ideia da psicanálise puramente
clássica. Todo o processo de criação foi muito fluido e orgânico, desde a etapa de escolher
os símbolos presentes, e cada lugar que ocupariam, criar a composição osganizando toda
a hierarquia das informações. Sem dúvida foi um grande aprendizado que me marcou de
maneira muito positiva me dando um vislumbre do meu papel e lugar enquanto
Psicanalista Integrativa especialmente marcando o fim deste importance ciclo na minha
vida.

O tarô analítico associada à Jornada do herói trazem uma abordagem de conhecimento


do presente, sendo mais um método de compreensão dos conflitos do que o método
adivinhatório com relação ao futuro, se bem que, ao alterarmos o nosso comportamento,
estaremos também alterando o nosso futuro, mas isso mais por consequências de nossos
atos.

Utilizada como revisão de valores e condutas entendendo nossos padrões de controle ou


vitimização com relação às situações cotidianas o uso do tarô analítico e da jornada do
herói pode ser uma ferramenta muito importante nas sessões de terapia.

“A caverna que você tem medo de entrar, guarda o tesouro que está a procurar.”

Joseph Campbell

A Ouroboros ou Oroboro é uma criatura mitológica, uma serpente que engole a própria
cauda formando um círculo e que simboliza o ciclo da vida, o infinito, a mudança, o
tempo, a evolução, a fecundação, o nascimento, a morte, a ressurreição, a criação, a
destruição, a renovação. Muitas vezes, esse símbolo antigo está associado à criação do
Universo.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer as pessoas que me acompanharam nessa jornada e me ajudaram


a chegar até aqui:

A minha filha e ao André, obrigado pelo apoio incondicional de sempre.

Aos meus amigos e companheiros de profissão, obrigado por serem sempre uma grande
inspiração.

Minha orientadora, Aguimar Martins, por apoiar esse trabalho, e obrigado a todos os
professores do curso de Psicanálise Integrativa da SBPI que contribuíram para a minha
formação.

E por fim, obrigado a todos que se interessarem pelo artigo desenvolvido.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô. Tradução: Octavio Mendes. São Paulo, Editora Cultrix,
1988

JUNG, Carl. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução: Maria Luíza Appy e Dora
Mariana R. Ferreira da Silva. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2000

JODOROWSKY, Alejandro e COSTA, Mariane. O Caminho do Tarô. Tradução: Alexandre


Barbosa de Souza. São Paulo, Editora Chave, 2014

BARTLETT, Sarah. A Bíblia do Tarot: Amadora. Portugal: Editora Nascente, 2015.

ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos Porto Alegre: Artmed, 1999.

SITES VISITADOS

http://www.institutonovoser.com.br/tarot-de-marselha-a-jornada-do-heroi/

https://www.psicanaliseclinica.com/arquetipos-significados/#Funcoes_arquetipicas

https://ipacamp.org.br/

https://www.gilistore.com.br/blog/saiba-quais-sao-as-7-leis-da-sincronicidade?

https://pt.wikipedia.org/wiki/Persona_(psicologia)#

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