Inclui índice
1. Religião. 2. Evangelismo 3. Devocional. I Marins, Ezequias Amâncio
II. Título.
CDD: 200
ISBN 978-855990040-8
Orando com os Salmos
© 2017 de Ezequias Amancio Marins
EDITORA KOINONIA
Rua Lindolfo de Azevedo, 1793 - Jd. América
Belo Horizonte - MG - CEP 30421-428
TEL: (31) 3657-5799
www.editorakoinonia.com.br
AMS DIAGRAMAÇÃO
www.amsdiagramacao.com.br
Dedicatória
A Deus, o autor da inspiração para as exposições bíblicas
contidas nesse livro.
A minha família (Débora e João Marcos), esteio da minha
vida, e que contribuíram (cada um em sua especificidade) para
o exercício dessas lições aprendidas com os Salmos.
A minha igreja, IBACEN pelo espaço cedido em seu púlpi-
to ao longo desses 23 anos de ministério.
Aos meus colegas pastores, do nosso colegiado na IBACEN
(Léo, Macário e André Lopes) e colaboradores (Alessandro,
André Herdy e Rogério), esses são os meus amigos leais.
Agradecimentos
Também expresso meu tributo aos autores que consultei ao
longo do preparo dessas mensagens, em sua maioria já faleci-
dos, mas que, cada um a seu modo formataram meu pensamen-
to nas Escrituras Sagradas.
Sumário
Apresentação (Débora Marins)........................................................................09
Introdução............................................................................................................17
Conclusão........................................................................................................... 123
Apresentação
Em seu livro “Oração: o refúgio da alma”, Richard Foster
cita Bernardo de Claraval dizendo: “Se você é sábio, mostra-
rá ser você mesmo, um reservatório e não um canal. Porque
um canal espalha amplamente a água que ele recebe, mas um
reservatório espera até ser cheio antes de transbordar, e então
transfere, sem perder de si, sua água em profusão.”
“Orando com os Salmos: Quando a tragédia chega em nos-
sa casa” é uma obra, escrita com muita propriedade, por alguém
que, tenho testemunhado (pelo simples fato de ser uma só car-
ne com ele), tem sido um reservatório.
De maneira simples, mas profunda, Ezequias, transfere sem
perder de si para a Igreja de Cristo, por meio de um transbordar
do Espirito Santo de Deus, a verdade da Palavra afim de com-
preendermos o propósito de Deus ao permitir que a tragédia
chegue em nossa casa.
Isso é feito em profusão, através da exposição dos Salmos 3,
4, 5 e 6. Orações onde Davi expõe a sua angústia da alma dian-
te da tragédia de uma rebelião em sua própria casa. Orações
que revelam a fragilidade humana contrapondo a soberania
de nosso Deus diante das hostilidades da vida. Orações que se
traduzem em palavras quando, nas ondas violentas do mar de
tragédias, nos falta o que dizer. Enfim, orações proferidas nos
momentos mais difíceis do nosso dia.
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Desta forma, Ezequias apresenta o Salmo 3 como a “Oração
da Manhã”. A oração que começa o dia expressando uma fé su-
prema naquele que é soberano. Aquele que sustenta a esperan-
ça da sua presença em meio a tragédia. Absalão, filho de Davi,
havia usurpado a autoridade de seu pai, por isso Davi estava em
fuga. Sua atitude: expressar sua fé unicamente em seu Senhor.
No Salmo 4, o “Salmo da Noite”, Davi, ora àquele que é o
seu defensor. Diante das ofensas, das opiniões dos homens, do
julgamento de sua própria consciência, do mau imaginário e
real. Davi recusa-se a recorrer a sua própria justiça. Seu defen-
sor por excelência e direito: o Senhor, é a quem ele recorre.
No Salmo 5, outro “Salmo da Manhã”, Davi revela a condi-
ção de sua alma a Deus. Destaca Ezequias de que a forma como
você lida com a oração revela quem você é. Tanto no aspec-
to público como secreto. Mesmo diante de um “nó teológico”
(“vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pe-
dirdes”, Mateus 5:8). A oração revela a condição de nossa alma
diante de Deus. “Deus não muda, nós mudamos”. O segredo
está em confiar.
No Salmo 6, outro “Salmo da Noite”, a oração que quebran-
ta Davi diante de Deus é a mesma que sela a sua vitória diante
das adversidades. O cenário é de uma oração feita num contex-
to de doença. Davi se derrama diante do Senhor. É uma oração
de penitência, marcada pela sinceridade de uma alma que não
teme se expor diante de seu Senhor. Mesmo estando sofrendo
no corpo, Davi sabia que a sua forte convicção de pecado era o
que causava a angústia. Diante disso ele ora.
Esta obra é marcada por um forte senso do valor da inti-
midade com Deus. Se você é alguém que tem ansiado conhecer
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mais do Senhor; é visitado constantemente, por um desejo de
desnudar-se diante dele; reconhece de que é impotente diante
das hostilidades da vida; incapaz de, por si só, encarar as tragé-
dias naturais e sobrenaturais da vida.
Este livro será um reservatório da graça de Deus, e a água
viva, que é Jesus lhe encherá até transbordar para os da sua casa,
indo até os confins da terra.
Professora Débora Fritz Santos Marins, Bacharel em Teo-
logia e em Educação Cristã pelo “Seminário Teológico Batista
do Sul do Brasil, e Graduada em Pedagogia pela “Universidade
Federal Fluminense”.
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Prefácio
Estamos vivendo em uma sociedade em que o imediatismo
domina. Cresce cada vez mais diante do caos presente a desi-
gualdade social, o desemprego, a corrupção e as diferentes pra-
gas que assolam a sociedade. Ainda há o desejo de obter solu-
ções rápidas, os problemas resolvidos imediatamente, as curas
imediatas, o dinheiro em abundância, tudo isso resumido na
frase: “queremos ter saúde para dar e vender”.
Diante deste grito por soluções imediatas na sociedade está
também os cristãos – servos do Deus vivo – a Igreja. Muitos já
têm se entregado ao pragmatismo do: “o importante é o que
está dando certo, não aquilo que é propriamente certo”, e com
isso não se entregam ao Senhor, e rejeitam toda e qualquer re-
comendação que vem das Escrituras a terem uma vida basea-
da na perspectiva de Deus, que nem sempre é o que pensamos
e sonhamos, e nem sempre acontece na hora que desejamos,
mas com certeza é o que precisamos. Nesta perspectiva divina
não existem ingredientes secretos, “pulos do gato”, ou algo mais,
contudo somos incentivados como novas criaturas em Cristo a
fazer uso do que os reformadores falavam dos “meios de graça”–
leitura das Escrituras, vida de oração.
A proposta deste excelente livro é nos levar aos Salmos
– livro de orações, revelações de Deus expressadas por expe-
riências humanas - e demonstrar de forma clara, concisa e en-
cantadora pontos como o que parafraseio do livro: Diante dos
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desafios e caos da vida o crente precisa expressar sua suprema
fé em Deus, diante de todos os males, Deus estabelece-se como
defensor por excelência de seu povo, que na oração o crente
revela a condição de sua alma diante de Deus e que a oração
que nos quebranta diante de Deus, trabalha ao mesmo tempo
selando a nossa vitória em meio às adversidades.
Com isso, Pr. Ezequias leva seu leitor a mergulhar nos sal-
mos três a seis, atribuídos a Davi. E tendo Davi como persona-
gem evidenciado, o escritor apaixonado por História incentiva
seus leitores a entender o contexto ou o pano de fundo que estes
salmos foram escritos. O seu plano é demonstrar que o cenário
não era nada favorável, nem tranquilo, pois somos arremetidos
ao momento em que o Rei Davi estava sofrendo um golpe de
estado e seu inimigo agora não vinha de fora, como o foi com o
Rei Saul e sua terrível perseguição, mas vinha de dentro de sua
casa, seu próprio filho, Absalão.
O rei então não podia reinar, não tinha mais o coração e
lealdade do seu filho e muito menos o do seu povo que estava
apegado a soluções de vingança e justiça humana de Absalão.
Ainda pior do que isso, o rei estava enfrentando tudo isso como
consequência direta dos seus pecados: homicídio, adultério e
por desprezar a lei do Senhor. E se tinha alguém que merecia
ser julgado e condenado nas palavras do profeta Natã, “este ho-
mem era ele”.
O autor então propõe e nos convida a enxergar que diante
deste drama vivido por Davi, a despeito de ser falho e pecador,
ele reconheceu a supremacia divina e na medida que reconhece
a Deus enxerga sua própria miséria.
Nisto, como lhe é característico, o autor faz esse livro ba-
seado em sermões expositivos, destrinchando cada capítulo
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proposto e demonstrando sempre o contexto externo que o rei
Davi estava enfrentando, em constante aflição, perseguição e
angústia e o contexto interno pessoal em seu confronto com o
pecado, reconhecimento de sua miséria e o seu contexto espi-
ritual. Sem deixar de destacar a confiança notável do rei na su-
premacia de Deus que o tinha escolhido, algo que não mudaria.
Também de forma bem apropriada, o autor faz um link
com o Novo Testamento, com exemplos correlatos de interven-
ção divina, por meio da expressão de fé e convergindo no exem-
plo maior por Excelência – Jesus Cristo.
Somos brindados também neste livro, com citações que
abrilhantam ainda mais seu conteúdo, falas de reformadores,
teólogos e crentes piedosos que são citados pelo autor que nos
acrescentam a importância de tirar os olhos de nós diante de
angústias e tribulações e fixarmos os nossos olhos em Deus, ci-
tando John Piper (o que o autor faz neste livro), exemplificando:
“Deus muitas vezes nos tira, nos desmama da autossuficiência,
para que passemos a vê-lo como nosso único provedor e como
única fonte de satisfação que temos”.
Ainda somos presenteados no término de cada capítulo
com uma oração, ratificando que o autor acredita piamente na-
quilo que propõe no livro, a oração é a única forma que temos
de falar com Deus e de sermos forjados conforme seu caráter e
querer.
Por fim, “Orando com os salmos” é um livro que arrebata
nosso coração, desacelera nosso imediatismo e nos torna im-
potentes, contudo se contarmos com nossas habilidades para
resolver problemas; nos remete a vida de Davi, enfrentando um
inimigo que vinha de sua própria casa, tendo que lidar com o
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pior inimigo de todos, sua própria natureza pecaminosa, mas
que achou em Deus – sua soberania, providência, eleição e su-
ficiência, o segredo de continuar caminhando em triunfo. Para
isso não rejeitou a oração, não abriu mão da piedade e justiça,
não comeu o “pão da preguiça”, mas confiou somente no Se-
nhor e sua salvação.
Nesta época em que vivemos crises, no contexto munici-
pal, estadual, federal e mundial, as perguntas são: Qual resposta
você procura? Qual solução você deseja? A proposta do livro é:
vamos aprender e reaprender a orar com os salmos!
Recomendo com louvor este profundo manuscrito. Que
Deus em Cristo Jesus lhe abençoe na leitura deste precioso livro!
Pr. Alessandro Clayton da Silva, Pastor Colaborador na Igre-
ja Batista Central em Japuiba; Bacharel em Teologia pelo Seminá-
rio Teológico Interdenominacional de Angra dos Reis, RJ
16
Introdução
Abraham Lincoln confidenciou a um amigo a respeito de Sal-
mos: “Eles são ótimos. Encontro alguma coisa neles para cada dia
do ano”. Martinho Lutero chamou-os de “a Bíblia em miniatura”.
Salmos é o livro mais longo da Bíblia. Ele contém mais capítulos
que qualquer outro livro da Bíblia, como também os capítulos
mais longos e mais curtos da Bíblia. O Novo Testamento cita o
livro de Salmos mais que qualquer outro livro. Sem dúvida, é o
livro mais popular do Antigo Testamento, se não de toda a Bíblia.
Esses dados já seriam suficientes para nos despertarmos
para a leitura e apreciação do livro de Salmos. Entendo que não
haja drama humano que não seja descrito nesse livro e de uma
forma bem peculiar, esse é o livro das orações do povo de Deus.
É fato que cristãos do mundo inteiro têm sido abençoados com
a meditação nos Salmos bíblicos. Por um tempo considerável
na história do século XVII um grupo de crentes ingleses, que
foram chamados de “puritanos”, cantavam apenas os Salmos
nos cultos, inspirados pelo exemplo de Calvino, na Suíça, no
século XVI, no período de seu ministério em Genebra.
Me comprometi a expor alguns Salmos em nossa igreja,
aqui em Angra dos Reis, no ano de 2016. Foram ao todo 21
Salmos expostos, nas quintas feiras, em nosso “Culto de Oração
e Estudo Bíblico”. Semana após semana eu me punha a estudar
e a me preparar para pregar com fidelidade as verdades desse
verdadeiro “raio x” da alma humana.
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Quando pensei em escrever esse livro, me revigorei com
a ideia de que os Salmos 3, 4, 5, 6 poderiam render princípios
que, se convertidos em livro poderiam abençoar famílias que
vivem o drama de ter de lidar com traições, decepções, amargu-
ras, cisões e divisões em seu próprio seio. Infelizmente o lugar
onde deveríamos encontrar aconchego, muitas vezes lidamos
com conflitos, em outras palavras, onde deveriam haver encon-
tros, temos na maioria das vezes, confrontos.
Logo, procurei para ser fiel na exposição bíblica, aprofun-
dar as discussões a respeito do contexto em que o rei Davi com-
pôs esses Salmos: a sua experiência de deserção do seu próprio
filho que toma o seu trono e o leva ao limite de suas forças,
uma vez envergonhado e afastado do centro do poder. De fato,
Davi enfrenta o seu pior inimigo, que seria o seu próprio filho,
conhecedor de todos os seus “pontos fracos”. O pior inimigo é
aquele que nos conhece mais de perto! Sem dúvidas.
Mas, o que me encanta em Davi é que em todo esse con-
texto ele se apresenta consciente de seus próprios erros, de que
ele estava vivendo aquilo que mais tarde, Paulo vai chamar de
“princípio da semeadura”:
Gálatas 6:7-8
7 - Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o
que o homem semear, isso também ceifará.
8 - Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a
corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a
vida eterna.
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A minha proposta neste livro é que você se veja em cada
um dos temas expostos, em tudo procuro falar da importância
da oração em meio às tragédias que assolam a nossa casa. E falo
de oração como alguém que está aprendendo a orar. Na verda-
de, todos nós estamos aprendendo a orar!
Eu lhes introduzo ao conteúdo dos Salmos, com uma frase
de Martinho Lutero: “É muito benéfico ter palavras prescritas
pelo Espírito Santo, que homens piedosos podem usar em suas
aflições”. Logo, aproveitem a leitura e lhes recomendo, que ao
fim de cada capítulo, pare a fim de orar e a colocar seu coração
diante do Senhor, daquele que conhece todas as coisas, mas que
optou em criar a oração justamente para sermos sinceros e ge-
nuínos diante dele. Pode ser?
19
1 O que fazer nos
momentos difíceis da vida?
Diante das hostilidades da vida, o crente precisa
expressar sua suprema fé em Deus.
Salmos 3:1-8
1 - SENHOR, como se têm multiplicado os meus adversá-
rios! São muitos os que se levantam contra mim.
2 - Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele
em Deus. (Selá.)
3 - Porém tu, SENHOR, és um escudo para mim, a minha
glória, e o que exalta a minha cabeça.
4 - Com a minha voz clamei ao SENHOR, e ouviu-me des-
de o seu santo monte. (Selá.)
5 - Eu me deitei e dormi; acordei, porque o SENHOR me
sustentou.
6 - Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram
contra mim e me cercam.
21
7 - Levanta-te, SENHOR; salva-me, Deus meu; pois feriste a to-
dos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios.
8 - A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua
bênção. (Selá.)
22
podemos falar e ter comunhão com Ele! E nós podemos fazê-lo
orando em nome de Jesus Cristo. Os Salmos nos foram dados
para aprendermos a orar em nome de Jesus Cristo”.
Eugene Peterson, um pastor presbiteriano nos EUA, autor
da paráfrase da Bíblia “A mensagem”, diz que estava ensinan-
do a sua igreja orar por conta das dificuldades que ele percebia
neste tema em sua igreja, sobretudo nos termos de orações pro-
fundas, e diz que a sua igreja cresceu bastante na intimidade
com o Senhor quando ele fez uma versão mais contemporânea
do Livro de Salmos e distribuiu ao seu povo.
Isso porque na ausência de fórmulas e palavras para orar-
mos, é muito importante lembrarmos de que a Bíblia tem um
livro de orações, e Deus não quer apenas que oremos a Palavra
de Deus, mas ele também deu condições para que a Palavra dele
fosse ministrada a nós em termos igualmente humanos.
Caio Fábio (quando estava produzindo em nosso meio
evangélico) disse que o livro de Salmos é um livro psicoteo-
lógico, pois parte da revelação de Deus, mas é expressado por
experiências humanas, extremamente sofridas.
Todos os Salmos que iremos trabalhar neste livro fazem
parte de um contexto histórico bem particular na vida de Davi.
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Absalão capturou o coração do povo. Isso porque o povo
quer ser ouvido, valorizado e Davi com o passar dos anos esta-
va deixando muito a desejar em relação ao seu povo e aos seus
filhos, em especial à Absalão. O texto de II Samuel 11 apresenta
um Davi ocioso, mesmo sendo “tempo dos reis irem para a ba-
talha”, passeando pelo terraço em seu palácio onde ele vê e dese-
ja uma mulher de nome, Bete Seba, a possui e depois a despede.
E ao descobrir que ela estava grávida, Davi não fala a verdade e
resolve montar uma estratégia macabra, envolvendo o marido
da mulher, seu leal soldado Urias.
O contexto desta passagem bíblica é triste: Davi chama
Urias da batalha e o libera para que ele tivesse uma noite de
amor com a sua esposa, para que tudo ficasse bem controlado,
calculado, mas Urias que era mais justo do que Davi, ficou à
porta do rei. E ao ser perguntado porque ele não iria para casa,
a resposta de Urias foi identificadora de sua fidelidade: “Como
irei para a casa, desfrutar da minha mulher, do conforto do meu
lar, enquanto o exército do meu rei está na guerra?”. Mesmo
assim Davi monta uma outra estratégia: escreveu uma carta,
entregou para o próprio Urias (por isso, um pregador do pas-
sado disse que Urias “morreu por que não leu”) onde ele leva
sua sentença de morte ao comandante Joabe em uma carta que
dizia: “Ponha esse cidadão na frente da batalha, no lugar mais
perigoso”. Com isso, Urias é morto no campo de batalha e Davi
chama a Bete Seba para que vá ao palácio.
De repente, Davi pensa que estava tudo resolvido, “tranqui-
lo e favorável”, quando o profeta Natã, bate à porta de sua casa,
pois era alguém com acesso ao rei. E Natã lhe conta uma his-
tória: “Havia um homem pobre que só tinha uma cordeirinha
que tratava como uma filha, até mesmo dormindo com ela, ele a
25
amava. E do seu lado havia um homem rico que possuía grande
rebanho, e que irá receber uma visita de um amigo a quem vai
oferecer um churrasco, uma refeição, e qual não foi a surpre-
sa que ele não pegou uma das suas criações, mas sim resolveu
apanhar a única ovelhinha de seu vizinho para o repasto”. Davi
pega em sua espada, e diz “Fale o nome desse homem, vou ma-
tá-lo agora”. E Natã prega o menor sermão de toda a Bíblia: “Tu
és o homem”.
E Deus vai dizer em II Samuel 12, que este homem (da his-
tória) deveria sofrer quatro vezes mais. E Natã vai dizer a Davi
“que até a quarta geração, a espada não se apartará de sua fa-
mília”. Depois de algum tempo (II Samuel 13) Amnon, um dos
filhos, se enamora, tem um desejo carnal por sua meia irmã, e
irmã de Absalão. E aquele desejo transforma-se em obsessão
sexual e será consumada em estupro, por conta do conselho
de Jonadabe, “homem mui sagaz”, uma vez que ele se finge de
doente, e pede ao rei que sua irmã seja enviada para cuidar dele,
e antes disso, mesmo ela dizendo “Não faça essa loucura”, ele a
possui e se enoja dela em seguida. Amnon, que pensa através de
seu membro viril, despreza sua irmã, e ela sai da sua casa com as
suas roupas rasgadas, logo ela que se vestia de uma roupa talar
lindíssima, própria das filhas virgens do Rei!
Absalão espera uma resposta do rei por dois anos e Davi não
faz nada! Então Absalão faz um banquete e pede permissão ao
rei para que todos os seus irmãos estivessem presentes, Davi não
desconfia de nada, uma vez que ele é um pai negligente. No ban-
quete, Absalão faz questão de embebedar a Amnon e o mata.
Absalão foge e fica em uma cidade de nome Gesur e mesmo
Davi sabendo onde ele estava, não o procurou, mesmo sentindo
saudades, e manda que Joabe o busque, depois de três anos!
26
Pasmem! Depois disso, Absalão fica em Jerusalém dois anos
“sem ver a face do rei”, e essa expressão é bíblica: “E Absalão fi-
cou dois anos sem ver a face do rei” (II Samuel 14:28). E depois
de dois anos, e isso está no final do capítulo 14 de II Samuel,
Davi o recebe e lhe dá apenas um beijo no rosto, e se dá por
satisfeito. Depois de tantos anos, tantas tragédias, Davi dá ape-
nas um beijo em Absalão! Era o que faltava para que Absalão se
revoltasse contra o rei. Ele levantou para si, então um número
de pessoas, de adversários, conforme o texto:
II Samuel 15:13-14
13 - Então veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração
de cada um em Israel segue a Absalão.
14 - Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam
com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não po-
deríamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar,
para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance
sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.
27
II Samuel 15:30
30 - E seguiu Davi pela encosta do monte das Oliveiras,
subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com
os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a
sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.
Salmos 3:1
1 - SENHOR, como se têm multiplicado os meus adversá-
rios! São muitos os que se levantam contra mim.
28
migos que se transformaram em verdadeiras pedreiras. Eram
muitos, e se não fosse o bastante, eles ainda diziam:
Salmos 3:2
2 - Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele
em Deus. (Selá.)
Salmos 3:3
3 - Porém tu, SENHOR, és um escudo para mim, a minha
glória, e o que exalta a minha cabeça.
Marcos 10:47
47 - E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar,
e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim.
31
Davi não queria que Israel se transformasse em um campo
de batalha fratricida, em uma guerra entre irmãos, preferiu reti-
rar-se. São essas virtudes de Davi que se não compensaram seus
defeitos ao menos encantava o coração de Deus!
Relembrando algo de seu passado (I Samuel 24), Davi teve
chances claras de matar a Saul, enquanto era igualmente per-
seguido, mas em nenhum momento ele quis tocar em um “un-
gido do Senhor”. E mesmo assim, quando cortou apenas parte
do manto do rei, sentiu dor na consciência, quando poderia ter
matado o rei Saul. Davi agora estava diante de Absalão e em
nenhum momento passava em sua mente agir com ele como
Saul agira consigo. Por isso, Davi prefere fugir e se refugiar no
Senhor, para escrever: “Mas tu, Senhor, és o escudo ao meu re-
dor, a minha glória, aquele que levanta a minha cabeça”. E pros-
segue em sua oração:
Salmos 3:4
4 - Com a minha voz clamei ao SENHOR, e ouviu-me des-
de o seu santo monte. (Selá.)
32
Salmos 3:5
5 - Eu me deitei e dormi; acordei, porque o SENHOR me
sustentou.
Provérbios 3:24
24 - Quando te deitares, não temerás; ao contrário, o teu
sono será suave ao te deitares.
Quero refletir essa ideia ainda mais: esse salmo é uma ora-
ção matutina. Davi deita, dorme e acorda e o Senhor está com
ele. Não por ele ser uma pessoa sobre-humana, absolutamente,
nem por conta de alguma unção que meros mortais não tem
acesso. O que Davi não abria mão era estar ciente de que ele já
não tinha mais controle sobre a sua vida. E eu fico pensando
que muitos são os que perdem o sono, justamente porque pen-
sam que possuem algum tipo de controle de sua vida!
33
Atos 12:6-7
6 - E quando Herodes estava para o fazer comparecer, nessa
mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, liga-
do com duas cadeias, e os guardas diante da porta guardavam
a prisão.
7 - E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu
uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou,
dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
I Samuel 14:6
6 - Disse, pois, Jônatas ao moço que lhe levava as armas:
Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura
operará o SENHOR por nós, porque para com o SENHOR
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nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com pou-
cos.
Para Deus, livrar um filho seu, uma filha sua, com muitos
ou com poucos, não há impedimento algum! Por isso, Davi vai
dizer adiante neste Salmo 3:
Salmos 3:6
6 - Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram
contra mim e me cercam.
Davi estava com seus valentes, gente com a “faca nos den-
tes”, com “sangue nos olhos”, “gente valorosa”, mas Davi confia-
va no Senhor. Ele pôde dizer: “não tenho medo”. O mesmo que
ele havia professado em outro salmo:
Salmos 23:4
4 - Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não
temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu
cajado me consolam.
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manifestação do poder de Deus para salvação ou julgamento.
Davi pede uma condução divina em suas batalhas. Era um pe-
dido por salvação!
Salmos 3:7-8
7 - Levanta-te, SENHOR; salva-me, Deus meu; pois feriste a to-
dos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios.
8 - A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua
bênção. (Selá.)
36
tas pessoas escolhidas e eleitas certamente serão levadas à gló-
ria no céu. Essas doutrinas da graça são como uma corrente,
cada uma está ligada às outras. Cada elo na corrente, isto é, cada
doutrina necessita das outras.”
A benção do Senhor estava sobre o seu povo. E essa convic-
ção fazia com que Davi cresse que a sua “salvação”, ou em outras
palavras, sua “cura” só poderia vir pelo Senhor, e não de outro
meio. Deus era tudo o que Davi tinha e ao mesmo tempo era o
que ele precisava ter.
Salmos 30:5
5 - Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está
a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela
manhã.
38
saúde... Uma boa doença tende a produzir a saúde da alma”.
E por fim, Abraham Wright: “Sou abençoado por minhas en-
fermidades, enriquecido por minha pobreza e fortalecido por
minha fraqueza”.
Confie, descanse, considere em confiança ao Senhor quan-
do estiver passando por aflições.
Jó 42:1-6
1 - ENTÃO respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
2 - Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus pro-
pósitos pode ser impedido.
3 - Quem é este, que sem conhecimento encobre o conse-
lho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim
eram inescrutáveis, e que eu não entendia.
4 - Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me
ensinarás.
5 - Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem
os meus olhos.
6 - Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
40
(e) E enfim, Deus estará sempre presente em sua “noite es-
cura da alma”.
R. C. Sproul vai dizer: “Somos ensinados que é totalmente
legítimo que cristãos passem por aflições. Nosso Senhor mes-
mo foi um homem de dores e estava familiarizado com aflições.
Apesar de que a aflição possa atingir as raízes das nossas almas,
não precisa resultar em amargura. Sofrer é uma emoção legíti-
ma, às vezes até uma virtude, mas não pode haver lugar em nos-
sas almas para a amargura. Da mesma maneira podemos ver
que é algo bom ir à casa onde há luto, mas mesmo no luto, este
sentimento profundo não pode dar lugar ao ódio. A presen-
ça de fé não dá a garantia de ausência de depressão espiritual;
porém, a noite escura da alma sempre abre o caminho para o
brilho da luz do meio dia da presença de Deus.”
Deus não vai deixá-lo em trevas espirituais, sempre vai
raiar um novo dia em sua experiência. Por isso não se esque-
ça da grande ideia dessa passagem: “Diante das hostilidades da
vida, o crente precisa expressar sua suprema fé em Deus”.
Eu quero terminar esse capítulo, considerando como ilus-
tração um trecho de uma das Crônicas de Nárnia, obra de C. S.
Lewis, “A Viagem do Peregrino da Alvorada”:
Por favor, Aslam - disse Lúcia -, antes de partirmos, pode
dizer-nos quando voltaremos a Nárnia? Por favor, gostaria que
não demorasse...
- Minha querida - respondeu Aslam muito docemente,
você e seu irmão não voltarão mais a Nárnia.
- Aslam! - exclamaram ambos, entristecidos.
- Já são muito crescidos. Têm de chegar mais perto do pró-
prio mundo em que vivem.
41
- Nosso mundo é Nárnia - soluçou Lúcia.
- Como poderemos viver sem vê-lo?
- Você há de encontrar-me, querida - disse Aslam.
- Está também em nosso mundo? - perguntou Edmundo.
- Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhe-
cer-me por esse nome.
Foi por isso que os levei a Nárnia, para que, conhecendo-
-me um pouco, venham a conhecer-me melhor.
Orando
Muito obrigado Senhor, pela sua Palavra, porque o Senhor
recreou a nossa alma. São muitos momentos que nos sentimos
sós, e como Davi, olhamos de um lado e para o outro e vemos
como são grandes as nossas adversidades, mas também que-
remos como Davi declarar “como é grande o nosso Deus”! E
que possamos estar renovados em nossa rotina diária de vida. E
que o Senhor persista em ser nosso escudo, nosso socorro bem
presente na hora da angústia. Que o Senhor tenha misericórdia
de nós e seja gracioso em nos abençoar, e na nossa “noite escura
da alma” não permita que nos desesperemos a ponto de desejar
dar cabo a nossa vida, porque a nossa salvação vem do Senhor.
Cremos que Jesus é a nossa salvação. Amém.
42
2 Deus é o nosso
defensor por excelência!
Diante de todos que tramam pelo nosso mal, Deus
estabelece-se como nosso defensor por excelência!
Salmo 4:
Salmos 4:1-8
1 - OUVE-ME quando eu clamo, ó Deus da minha justiça,
na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve
a minha oração.
2 - Filhos dos homens, até quando convertereis a minha
glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a
mentira? (Selá.)
3 - Sabei, pois, que o SENHOR separou para si aquele que é
piedoso; o SENHOR ouvirá quando eu clamar a ele.
4 - Perturbai-vos e não pequeis; falai com o vosso coração
sobre a vossa cama, e calai-vos. (Selá.)
5 - Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no SENHOR.
43
6 - Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? SENHOR,
exalta sobre nós a luz do teu rosto.
7 - Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo
em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.
8 - Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu,
SENHOR, me fazes habitar em segurança.
II Samuel 15:23
23 - E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo
o povo; também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou
todo o povo na direção do caminho do deserto.
II Samuel 15:30
30 - E seguiu Davi pela encosta do monte das Oliveiras,
subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com
os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a
sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.
Salmos 4:1
1 - OUVE-ME quando eu clamo, ó Deus da minha justiça,
na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve
a minha oração.
Jeremias 23:6
6 - Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e
este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR
JUSTIÇA NOSSA.
47
Davi não pensava em recorrer a qualquer tipo de estratégia
para recuperar o que era seu, resolveu esperar, mas antes ele
declara: Deus alivia a minha angústia!
Há um desabafo no verso 02, referindo-se aos seus inimi-
gos:
Salmos 4:2
2 - Filhos dos homens, até quando convertereis a minha
glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a
mentira? (Selá.)
Salmos 4:3
3 - Sabei, pois, que o SENHOR separou para si aquele que é
piedoso; o SENHOR ouvirá quando eu clamar a ele.
49
I Pedro 2:9
9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Romanos 9:18
18 - Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a
quem quer.
50
Salmos 4:4
4 - Perturbai-vos e não pequeis; falai com o vosso coração
sobre a vossa cama, e calai-vos. (Selá.)
Romanos 8:31
31 - Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós,
quem será contra nós?
51
Salmos 51:17
17 - Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a
um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
Salmos 51:19
19 - Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holo-
caustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos
sobre o teu altar.
Jó 36:16
16 - Assim também te desviará da boca da angústia para
um lugar espaçoso, em que não há aperto, e as iguarias da tua
mesa serão cheias de gordura.
52
Deus tem o desejo para cada um de nós, de nos levantar em
meio à angústia, da luta e nos colocar diante dele, para desfru-
tarmos do melhor dele:
Isaías 54:17
17 - Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará,
e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condena-
rás; esta é a herança dos servos do SENHOR, e a sua justiça que
de mim procede, diz o SENHOR.
53
02 - A determinação de um homem que
descansa na segurança divina.
Que consolação tem o meu coração, descansando
no poder de Deus!
Repare comigo no verso 6, mais uma vez o Salmista fala em
“muitos”. E essa palavra é sintomática porque quando passamos
por várias dificuldades é muito comum termos o nosso senso
lógico distorcido. É o que acontece quando em nosso ambien-
te de trabalho temos uns dois ou três desafetos, mas quando
nos referimos a Deus em oração, falamos sempre em “muitos”,
quando na realidade são “poucos”.
E nós pastores, pensamos muitas vezes em redefinirmos
muitas coisas em nosso ministério a partir da oposição de “um
ou outro”, porque insistimos em chamá-los de “muitos”! Enten-
do que esse “muitos” já é uma expressão de alguém que está em
profundo desespero de alma, precisando descansar na seguran-
ça que vem da providência de Deus.
Elias viveu isso, ele venceu os profetas de Baal, e se depri-
miu depois de tudo. Daí alguém dizer que não existe um mo-
mento em que estamos mais vulneráveis do que quando saímos
de uma vitória, de uma conquista. Não podemos nos esquecer
que Jesus foi tentado depois do batismo! (Mateus 3-4).
Às vezes ensinamos às pessoas que após ao batismo elas já
estarão em vitória, bem protegidas, mas as maiores tentações
54
são depois das vitórias. A igreja termina um evento grandioso
e depois as intrigas aparecem! Na vida pessoal é assim também:
quando chegamos a um determinado patamar em nossa carrei-
ra, pensamos que chegamos ao topo, então é que começamos a
declinar em nossa fé.
Pois é, Elias chega a audácia de dizer para Deus que só ele
havia permanecido fiel em todo o Israel! Elias estava se sentindo
a “última Coca Cola do deserto!”. E Deus chega para Elias e diz
que ele tinha ainda outros 07 mil profetas em Israel! I Reis 19.
Esse complexo de essencialidade de Elias nos persegue, quando
nos sentimos essenciais demais, até mesmo, únicos. Davi me
parece que não sofre desse complexo de essencialidade porque
ele opta em descansar na fidelidade de Deus.
Os salmos por mais que nos falem dos dramas humanos,
refletem também sobre Deus. É um livro que fala sobre Deus.
Questiono autores, pastores, que afirmam que o salmo 73, refe-
rindo-se ao “mal de Asafe”, diga respeito apenas a Asafe em seu
estado depressivo. Mas, na realidade o protagonista do salmo é
Deus! Ele é quem atua por meio das experiências humanas. A
Bíblia não é um livro de registros das histórias de homens fan-
tásticos. Não existem na realidade “homens de Deus”, mas sim
“homens grandemente usados por Deus”. O que Davi está viven-
ciando é o fato de que ele confiava que podia descansar em Deus:
Salmos 4:6
6 - Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? SENHOR,
exalta sobre nós a luz do teu rosto.
55
Uma outra versão:
Salmos 4:7
7 - Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo
em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.
Davi sabia que toda essa confiança iria valer a pena, e mais
tarde, ele vai dizer em outro salmo:
Salmos 16:11
11 - Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há far-
tura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.
Filipenses 4:11-13
11 - Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi
a contentar-me com o que tenho.
57
12 - Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda
a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter far-
tura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer
necessidade.
13 - Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.
Salmos 4:8
8 - Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu,
SENHOR, me fazes habitar em segurança.
Deuteronômio 33:12
12 - E de Benjamim disse: O amado do SENHOR habitará se-
guro com ele; todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus ombros.
I Tessalonicenses 4:13-14
13 - Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca
dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os de-
mais, que não têm esperança.
14 - Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, as-
sim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a tra-
zer com ele.
João 11:25-26
25 - Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem
crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
60
26 - E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá.
Crês tu isto?
Provérbios 3:24
24 - Quando te deitares, não temerás; ao contrário, o teu
sono será suave ao te deitares.
61
Eclesiastes 5:12
12 - Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer
muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.
Salmos 127:2
2 - Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde,
comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.
62
Se eu fosse sintetizar quem era Davi, eu diria que ele era ex-
tremamente humilde diante de Deus, e por isso era o “homem
segundo o coração de Deus” (I Samuel 13.14). Mas diante dos
homens ele era corajoso, era impetuoso, franco com as palavras.
Davi antes de falar aos homens, sempre falava com Deus.
É fato que nós teríamos mais coragem para falar diante
dos homens, se tivéssemos mais tempo de conversa com Deus.
Antes de falar aos homens, fale com Deus!
Quando alguém me questiona do que se deve fazer dian-
te dos homens maus, minha resposta sempre é: “Ore, fale com
Deus”. Davi só tinha coragem diante dos homens, porque era
humilde diante de Deus! Davi era novo quando enfrentou Go-
lias, quando disse: “quem é você para falar mal do meu Deus”
(I Samuel 17).
Seja humilde diante de Deus e ele vai lhe honrar diante dos
homens! Tem muita gente que faz a ordem inversa: é humilde
diante dos homens (complacente demais) e acaba assumindo
para si uma postura de subserviência, de ser escravo das opi-
niões e gostos dos homens, escravo de agradar aos outros ho-
mens, porque não tem sido humilde o bastante diante de Deus
para que ele pleiteie suas lutas e suas guerras. Antes de falar aos
homens, fale para Deus. Seja humilde diante de Deus, para ser
corajoso diante dos homens.
Mateus 7:11
11 - Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará
bens aos que lhe pedirem?
“Aos que lhe pedirem”. John Wesley disse certa feita que
“todas as bênçãos que Deus nos dá são respostas às nossas ora-
64
ções”. Eu sei que Deus é soberano para nos dar o infinitamente
muito mais de tudo o que pedimos ou pensamos (Efésios 3.20),
mas a minha experiência particular é que Deus só dá determi-
nadas coisas se pedirmos:
Mateus 7:7-8
7 - Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-
-se-vos-á.
8 - Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encon-
tra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.
Mateus 7:11
11 - Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará
bens aos que lhe pedirem?
Lucas 18:7
7 - E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam
a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
65
Me lembro de uma história, contada por Bruce Wilkerson,
em seu livro, “A oração de Jabez”:
Conta-se uma pequena estória na qual seu João morreu e
foi para o céu. Pedro o aguardava junto aos portões para leva-
-lo a um passeio. Ali no meio do esplendor das ruas de ouro,
das mansões celestiais e dos coros de anjos, seu João observa
um prédio bastante estranho. Para ele aquilo se parecia com um
enorme armazém – não tinha janelas e havia apenas uma porta.
Porém, quando ele pede para entrar, Pedro hesita um pouco:
– Olha, acho que você não quer ver o que existe lá dentro –
diz o apóstolo ao recém-chegado.
Mas porque deveriam existir segredos no céu? Fica pensan-
do seu João. Que surpresa tão grande poderia me esperar ali?
Quando o passeio oficial termina, seu João continua pensando
naquele edifício e pede novamente para ver o que há lá dentro
daquela estrutura.
Pedro finalmente cede. Quando o apóstolo abre a porta, seu
João quase o atropela em sua ânsia de desvendar aquele misté-
rio. Percebe que o prédio tem corredores e mais corredores com
prateleiras, do chão ao teto, cada uma delas repleta de caixas
brancas amarradas com fitas vermelhas.
“Estas caixas têm nomes escritos nelas”, nota seu João, pen-
sando em voz alta. Então, ele se vira para Pedro e pergunta:
– Há alguma com o meu nome? – Sim – responde o após-
tolo. Pedro tenta levar seu João para fora do prédio: – Franca-
mente, seu João – diz Pedro – acho que se eu fosse o senhor…
Mas seu João já está bem próximo do corredor “J”, procurando
a sua caixa.
66
Pedro vai seguindo atrás, balançando a cabeça. Ele alcança
seu João no momento exato em que este já puxou a fita de sua
caixa e está quase tirando a tampa. Ao olhar o interior da caixa,
seu João reconhece o conteúdo instantaneamente. Deixa esca-
par um enorme suspiro, semelhante aos muitos que Pedro já
escutara tantas outras vezes.
A caixa continha todas as bênçãos que Deus queria ter
dado a seu João enquanto ele estava na terra…, Mas seu João
nunca pedira.
Em suma: eu creio que Deus dá tudo o que precisamos!
E que através do Espírito Santo temos as nossas orações inter-
pretadas, por Ele. Por isso eu apelo para que estejamos nos re-
lacionando com o Senhor, na perspectiva de quem pede para
receber! Deve haver uma relação que devo fazer entre aquilo
que está na mente de Deus e na mente do homem!
Salmos 91:7
7 - Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não
chegará a ti.
Salmos 29:11
11 - O SENHOR dará força ao seu povo; o SENHOR aben-
çoará o seu povo com paz.
Salmos 119:165
165 - Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não
há tropeço.
Charles Spurgeon disse certa feita que “as Bíblias mais gastas,
pertencem às pessoas mais íntegras”. Elas são gastas por conta das
leituras que representam corações inteiros diante de Deus.
Segue agora, parte da biografia de George Müller: Viveu
de 1805 a 1898, teve 50 mil orações respondidas, e cuidou de
10000 órfãos em 63 anos de ministério. Certa vez, estava con-
68
tando a um amigo como sua fé se desenvolvera em vinte e cinco
anos. O amigo estava curioso para saber o segredo. O Sr. Müller
levantando bem alto uma velha Bíblia, respondeu: “Amigo, eu
conheço o Livro e o Deus do Livro, porque o li acerca de cem
vezes.” Vocês já experimentaram esta receita? A Bíblia diz que
“a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. Romanos
10:17. É por causa da negligência na leitura da Bíblia que pre-
domina a incredulidade em nossa geração.
Muitos de nós não temos experiências assim, mesmo de-
sejando ter, são muitos os que leem biografias e estão desejo-
sos de ter essas experiências. Mas, será que estamos dispostos a
pagarmos o preço? O segredo de George Muller era uma vida
de inteira comunhão com o Senhor, afinal de contas ele lera a
Bíblia cem vezes, nos últimos 25 anos de sua vida.
Por fim, eu penso que Deus não nos defende por sermos
justos. Ele nos defende, porque ele é a nossa Justiça. E isso faz
toda a diferença! É ele quem tem um povo precioso para si. É
Ele que, a despeito dos nossos merecimentos, mais do que isso,
dos nossos “desmerecimentos”, nos favorece, pois, a Graça está
em Deus nos amar a despeito dos nossos deméritos! Deus é
quem nos defende!
Orando
Obrigado pela tua Palavra exposta. Obrigado por que esse
Salmo 4 tem muito que ver com o Salmo 3, porque são realida-
des de vida bem próximas: o de número 03 é do dia, o do 4 é o
da noite. A situação humana, concreta e detalhada nos foi mos-
69
trada, bem como aplicações para o nosso dia a dia. Ajuda-nos a
vivermos na dependência do Senhor e sobretudo a pagarmos o
preço de sermos íntimos do Senhor. Em seu nome que oramos.
Amém.
3 Aprendendo a orar
em meio ao caos!
A oração do crente revela a condição de sua alma
diante de Deus.
Salmos 5:1-12
1 - DÁ ouvidos às minhas palavras, ó SENHOR, atende à
minha meditação.
2 - Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois
a ti orarei.
3 - Pela manhã ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela ma-
nhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.
4 - Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquida-
de, nem contigo habitará o mal.
5 - Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que
praticam a maldade.
6 - Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR
aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.
7 - Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza da tua be-
nignidade; e em teu temor me inclinarei para o teu santo templo.
71
8 - SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos meus
inimigos; endireita diante de mim o teu caminho.
9 - Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas
são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto;
lisonjeiam com a sua língua.
10 - Declara-os culpados, ó Deus; caiam por seus próprios
conselhos; lança-os fora por causa da multidão de suas trans-
gressões, pois se rebelaram contra ti.
11 - Porém alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem
eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os
que amam o teu nome.
12 - Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás
da tua benevolência como de um escudo.
72
Muito mais do que o modo como ele articula as suas pala-
vras, seu discurso religioso, quer através de sua mensagem ou
testemunho é como ele lida com a sua intimidade com a oração,
tanto em nível particular (secreta) quanto comunitária (pública).
Jesus fala do modo como devemos lidar com as nossas ora-
ções, em seu famoso “sermão do monte”:
Mateus 6:5-8
5 - E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois
se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que
já receberam o seu galardão.
6 - Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechan-
do a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que
vê em secreto, te recompensará publicamente.
7 - E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8 - Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe
o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
76
cem fazem parte do plano de Deus, até mesmo as nossas esco-
lhas pessoais que os teólogos vão chamar de “livre agência”, as
decisões corriqueiras da vida. Até mesmo estas vão estar con-
vergindo para o plano de Deus. Em outro texto, temos:
77
Jó 42:2
2 - Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus pro-
pósitos pode ser impedido.
Romanos 11:33
33 - Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como
da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos!
Salmos 5:3-6
3 - Pela manhã ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela ma-
nhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.
4 - Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquida-
de, nem contigo habitará o mal.
5 - Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que
praticam a maldade.
6 - Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR
aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.
78
Davi está olhando para si, e não para Absalão. Nesse ponto
Davi está dizendo que Deus não tem prazer na justiça, não há
mal em Deus e o quanto ele havia sido arrogante.
Uma dica para entender esse texto são os salmos peniten-
ciais (32, 51) quando Davi “cai em si” depois do pecado com
Bate Seba. Pois ele tinha uma consciência de que quando se
peca, o boleto sempre vem! Todo mês, todo dia ele vem! E Davi
por isso diz: “tu destróis os que falam mentira, e aborrece o as-
sassino, e o roubador” e ele faz isso tudo olhando para si! Davi
está orando para Deus e contra si mesmo! Foi Dietrich Bonhoe-
fer que disse que devemos ler a Bíblia contra nós, por que ler
a favor de nós é bem mais fácil. Davi faz aqui uma oração de
confissão. Ele está teologando uma teologia que emerge do so-
frimento.
Não é nada como percebemos em movimentos neopente-
costais, da teologia chamada da prosperidade, em meio a al-
guns pastores ditos conservadores, de que temos de nos suceder
sempre como prósperos na vida, abençoados, “cabeças e não
caudas” e outras sandices mais!
Mas, Davi não faz aqui teologia do sofrimento, mas sim a
que nasce no sofrimento. John Piper vai dizer que: “Deus tem o
controle de quem fica doente e quem fica bem, e todas as suas
decisões são para o bem de seus filhos, mesmo se elas forem
muito dolorosas e duradouras. Foi Deus quem sujeitou a cria-
ção à futilidade e corrupção, e é ele quem pode libertá-la”.
79
Deuteronômio 32:39
39 - Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há
além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e nin-
guém há que escape da minha mão.
Salmos 119:71
71 - Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os
teus estatutos.
Salmos 119:75
75 - Bem sei eu, ó SENHOR, que os teus juízos são justos, e
que segundo a tua fidelidade me afligiste.
— Não pelo que fez, mas pelo que não fez. Obrigado por
não arremessar lanças, por não se rebelar contra reis, por não
expor um homem em autoridade no instante mesmo em que
era tão vulnerável, por não dividir o reino, por não atacar os jo-
vens Absalões, que se parecem tanto com os jovens Davis, mas
não o são.
81
— E, muito obrigado também por sofrer, por estar dispos-
to a perder tudo. Obrigado por dar plenos poderes a Deus para
terminar o seu reino, até mesmo destruí-lo, se for da vontade
dele. Obrigado por ser um exemplo para todos nós. E sobre
tudo — sorriu discretamente — muito obrigado por não con-
sultar feiticeiras.
Essa cena desenvolve o contexto em que Davi sabe que Ab-
salão está conspirando contra o seu governo e ele toma uma
decisão importante: não se tornaria louco como Saul, não agiria
como Saul agiu em relação a ele! Não deu crédito ao Saul que
havia dentro dele! Davi não foi o Saul de Absalão, continua sen-
do Davi! Não mudou quando era vítima e não mudou quando
tinha o poder em suas mãos. Por isso essa frase: “Obrigado
por dar plenos poderes a Deus para terminar o seu reino, até
mesmo destruí-lo, se for da vontade dele. Obrigado por ser um
exemplo para todos nós.”
Davi tinha a chance em mãos de debelar aquela rebeldia,
rebelião, era apenas chamar Joabe que ele resolveria a situação.
Mas, ele não fez nada, optou em se tornar um homem que orava
em fuga!
R. David Jones comentou que em Jerusalém Davi havia
cometido um grande crime contra Urias, marido de Bateseba.
Davi sofreu quando seu filho primogênito Amnom cometeu
incesto e depois foi assassinado por Absalão, mas a profecia so-
bre os males que lhe viriam por causa do seu crime ainda não
estava cumprida por completo. Deixar a cidade fortificada de
Jerusalém colocaria a vida de Davi em perigo, mas ele estava
acostumado com isso. Estava mais preocupado com a seguran-
ça dos outros, a do seu filho rebelde, e em fazer a vontade de
Deus do que consigo próprio.
82
Era como se ele dissesse que estava merecendo tudo o que
estava passando em sua vida. E esse reconhecimento está implí-
cito nas palavras desse verso:
Salmos 5:5-6
5 - Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que
praticam a maldade.
6 - Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR
aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.
85
I Samuel 16:1-13
1 - ENTÃO disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás
dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre
Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o
belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um
rei.
2 - Porém disse Samuel: Como irei eu? pois, ouvindo-o Saul,
me matará. Então disse o SENHOR: Toma uma bezerra das va-
cas em tuas mãos, e dize: Vim para sacrificar ao SENHOR.
3 - E convidarás a Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o
que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem eu te disser.
4 - Fez, pois, Samuel o que dissera o SENHOR, e veio a Be-
lém; então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo,
e disseram: De paz é a tua vinda?
5 - E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao SENHOR; santifi-
cai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a
seus filhos, e os convidou ao sacrifício.
6 - E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Cer-
tamente está perante o SENHOR o seu ungido.
7 - Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a
sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o
tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem,
pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR
olha para o coração.
8 - Então chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar diante
de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o SENHOR.
9 - Então Jessé fez passar a Sama; porém disse: Tampouco a
este tem escolhido o SENHOR.
86
10 - Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Sa-
muel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem esco-
lhido a estes.
11 - Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E
disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas.
Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não
nos assentaremos até que ele venha aqui.
12 - Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e
formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR:
Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
13 - Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no
meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito
do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e
voltou a Ramá.
87
Deus tem um compromisso leal com quem é justo, com o
seu próprio povo eleito. Um detalhe aqui sobre esse “escudo”.
Há duas palavras hebraicas para “escudo” na Bíblia: em Salmo
3:3, a palavra é “mêginnah”, escudo leve. A outra palavra é “tsin-
nah”, escudo pesado. Então, Deus é tanto escudo leve, arredon-
dado, quanto é um escudo pesado, que cobre toda a parte do
corpo. Há dois salmos de Davi em que ele usa as duas palavras
no mesmo texto:
Salmos 35:1-2
1 - PLEITEIA, SENHOR, com aqueles que pleiteiam comi-
go; peleja contra os que pelejam contra mim.
2 - Pega do escudo e da rodela, e levanta-te em minha aju-
da.
Salmos 91:4
4 - Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas
te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Salmos 18:2
2 - O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o
meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem con-
fio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto re-
fúgio.
88
Salmos 28:7
7 - O SENHOR é a minha força e o meu escudo; nele con-
fiou o meu coração, e fui socorrido; assim o meu coração salta
de prazer, e com o meu canto o louvarei.
Salmos 84:11
11 - Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR
dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na
retidão.
Salmos 119:114
114 - Tu és o meu refúgio e o meu escudo; espero na tua
palavra.
89
Jesus também vai falar de dois caminhos: o que leva à salva-
ção e ao que leva à perdição eterna. Na cruz, Jesus está no meio
de dois homens que fizeram opções distintas no último ato de
suas vidas: um pediu para ser lembrado e o outro perdeu sua
chance ao ficar escarnecendo de quem poderia ter sido o seu
salvador.
Na vida temos esses dois caminhos. Charles Swindol sugere
que Davi está terminando o Salmo 6 falando do Senhor e não
do seu desânimo: “Davi termina a sua canção com os seus olhos
voltados ao Senhor e longe das fontes do seu desânimo. Tendo
entregado a Deus o seu “fardo da manhã”, o desânimo de Davi
fugiu.”
Como você tem começado o seu dia? O modo como você
começa o seu dia determina como você vai terminá-lo.
I Pedro 4:12-13
12 - Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre
vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
13 - Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das afli-
ções de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos
regozijeis e alegreis.
(c) O que o homem faz quando sua alma está sendo aperta-
da, revela de qual material é feito o seu interior.
Quer conhecer um homem? Perceba-o no seu contexto de
sofrimento! Recorde que Davi estava fugindo de Absalão, com
a cabeça coberta, pés descalços e acompanhado por uma mino-
ria de colaboradores. E esses eram os “amigos leais”, de acordo
com Charles Swindoll.
E repare esse outro episódio que aconteceu a Davi enquan-
to ele estava vivendo esse contexto:
II Samuel 16:5-12
5 - E, chegando o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um
homem da linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simei, filho
de Gera, e, saindo, ia amaldiçoando.
92
6 - E atirava pedras contra Davi, e contra todos os servos
do rei Davi; ainda que todo o povo e todos os valentes iam à sua
direita e à sua esquerda.
7 - E, amaldiçoando-o Simei, assim dizia: Sai, sai, homem
de sangue, e homem de Belial.
8 - O SENHOR te deu agora a paga de todo o sangue da
casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já deu o SENHOR o
reino na mão de Absalão teu filho; e eis-te agora na tua desgra-
ça, porque és um homem de sangue.
9 - Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que amal-
diçoaria este cão morto ao rei meu senhor? Deixa-me passar, e
lhe tirarei a cabeça.
10 - Disse, porém, o rei: Que tenho eu convosco, filhos de
Zeruia? Ora deixai-o amaldiçoar; pois o SENHOR lhe disse:
Amaldiçoa a Davi; quem pois diria: Por que assim fizeste?
11 - Disse mais Davi a Abisai, e a todos os seus servos: Eis
que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha
morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amal-
diçoe; porque o SENHOR lho disse.
12 - Porventura o SENHOR olhará para a minha miséria; e
o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia.
Orando
A sua palavra é a verdade e ela nos conforta, dirige, guia e
constrange a nossa vida. Na vida tomamos decisões que real-
mente precisamos compreender que fazem parte da sua pro-
vidência, porque senão já teríamos nos matado. O que nos
impede de darmos cabo a nossa vida é a certeza de que todas
95
as coisas (boas e ruins) concorrem para o bem daqueles que
amam a Deus e são chamados pelo seu propósito (de nos tor-
namos parte do “povo da aliança”). Davi tinha essa consciência,
ele estava fora do palácio, mas ainda era ainda rei. Podia ter a
sua coroa na cabeça do outro, mas ele ainda era rei. Ele tinha a
consciência de quem ele era, e a sua identidade não estava atre-
lada às circunstâncias, mas sim a uma promessa. Nós também
somos assim: cada um aqui em seu contexto, nesse momento
da nossa vida cremos que o Senhor tem algo para nós. A nossa
identidade é tirada do Senhor, não de nós. Por isso obrigado,
pois a nossa oração diante do Senhor revela o quanto intensa ou
pequena e frágil tem sido a nossa condição espiritual. Que nes-
tes dias, à luz desse Salmo tenhamos nossa vida marcada pelo
Senhor, em um espírito de renúncia, diante de tudo que temos
vivido nestes dias. Obrigado Deus, pelas oportunidades que o
Senhor nos tem dado.
96
4 Na desordem
emocional, orando com
lágrimas!
A oração que nos quebranta diante de Deus,
ao mesmo tempo sela a nossa vitória sobre nossas
adversidades..
Salmos 6:1-10
1 - SENHOR, não me repreendas na tua ira, nem me casti-
gues no teu furor.
2 - Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco;
sara-me, SENHOR, porque os meus ossos estão perturbados.
3 - Até a minha alma está perturbada; mas tu, SENHOR,
até quando?
4 - Volta-te, SENHOR, livra a minha alma; salva-me por
tua benignidade.
5 - Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro
quem te louvará?
97
6 - Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar
a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas,
7 - Já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se
envelhecido por causa de todos os meus inimigos.
8 - Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniqüidade;
porque o SENHOR já ouviu a voz do meu pranto.
9 - O SENHOR já ouviu a minha súplica; o SENHOR acei-
tará a minha oração.
10 - Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimi-
gos; tornem atrás e envergonhem-se num momento.
Salmos 32:5
5 - Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não en-
cobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgres-
sões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.)
100
01 - Davi expõe a radiografia da sua alma.
Diante de Deus não podemos nos esconder em nossa
autojustiça. Temos de ser francos e transparentes!
Salmos 6:1-7
1 - SENHOR, não me repreendas na tua ira, nem me casti-
gues no teu furor.
2 - Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco;
sara-me, SENHOR, porque os meus ossos estão perturbados.
3 - Até a minha alma está perturbada; mas tu, SENHOR,
até quando?
4 - Volta-te, SENHOR, livra a minha alma; salva-me por
tua benignidade.
5 - Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro
quem te louvará?
6 - Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar
a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas,
7 - Já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se
envelhecido por causa de todos os meus inimigos.
101
Não sei se você é defensor de algum conceito de autoestima,
mas é fato de que a sua autoestima não pode estar baseada em
sua própria opinião acerca de si mesmo, ou ainda no que as
pessoas pensam a seu respeito, mas sim deve estar alicerçada na
sua identidade em Deus!
Recentemente estava ouvindo Jonas Madureira dizendo
que ele era contra alguns cânticos que dizem que os crentes de-
sejam se esvaziar. Ele dizia que na realidade isso não é neces-
sário, pois já somos vazios! É claro que na ideia de quem canta
é a ideia de alguém que quer se esvaziar do que já está cheio,
como a oração do falecido pastor presbiteriano Antônio Elias:
“Senhor, me esvazie do que estou cheio, e me encha do que es-
tou vazio”.
Mas a oração que nos quebranta diante de Deus sela a nossa
vitória sobre as nossas adversidades, quando a gente expõe a
nossa radiografia sendo sincero como Davi, reconhecendo que
o nosso estado é resultado de nossos próprios pecados cometi-
dos no passado. Relembramos então quando Natã chegou para
Davi, e disse “Tu és o homem”. Essa palavra foi muito dura, mas
necessária, e ainda foi lhe dito o seguinte:
II Samuel 12:11-12
11 - Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua pró-
pria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus
olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mu-
lheres perante este sol.
12 - Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio
perante todo o Israel e perante o sol.
102
O filme estava passando na mente de Davi. Deus estava exer-
cendo a sua ira. Por isso, logo no início do salmo, Davi diz: “não
me repreendes na tua ira, nem me castigues no teu furor”. Davi
vai abrindo o seu coração diante de Deus. É fato que nosso Deus
exerce sua ira desde os céus. Mack Stilles vai dizer: você não pode
anunciar as boas notícias sem antes deixar claro quais são as más
notícias. E a maioria do nosso evangelismo começa equivocado
quando começamos a falar do plano maravilhoso que Deus tem
para com o homem, quando na realidade devemos começar fa-
lando da ira que Deus exerce por conta dos nossos pecados!
Isso, o pecado é ofensa contra o caráter santo de Deus. O
erro que cometemos aos outros seres humanos é pecado contra
quem é igual a gente, mas o pecado contra Deus é cosmica-
mente maior, porque Deus é um ser perfeito. A. W. Pink vai
colaborar nesse ponto, falando sobre o atributo da ira de Deus,
dizendo que: “A indiferença para com o pecado é uma nódoa
moral, e aquele que não o odeia é um leproso moral. Como
poderia Aquele que é a soma de todas as excelências olhar com
igual satisfação para a virtude e o vício, para a sabedoria e a es-
tultícia? Como poderia Aquele que é infinitamente santo ficar
indiferente ao pecado e negar-Se a manifestar a Sua “severida-
de” (Romanos 11:22) para com ele? Como poderia Aquele que
só tem prazer no que é puro e nobre, deixar de detestar e de
odiar o que é impuro e vil? A própria natureza de Deus faz do
inferno uma necessidade tão real, um requisito tão imperativo
e eterno como o céu o é. Não somente não há imperfeição ne-
nhuma em Deus, mas também não há nEle perfeição que seja
menos perfeita do que outra.”
O mesmo Deus que ama é justo. O mesmo Deus que se ira
é santo. Há bases bíblicas para este ponto:
103
Romanos 11:22
22 - Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus:
para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benig-
nidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira
também tu serás cortado.
Romanos 1:18
18 - Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda
a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em
injustiça.
Salmos 6:2
2 - Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco;
sara-me, SENHOR, porque os meus ossos estão perturbados.
Salmos 32:3-4
3 - Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus os-
sos pelo meu bramido em todo o dia.
4 - Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o
meu humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.)
NVI:
Habacuque 1:2
2 - Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escuta-
rás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?
Mateus 15:22-28
22 - E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas
cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem miseri-
córdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemo-
ninhada.
23 - Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípu-
los, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que
vem gritando atrás de nós.
24 - E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às
ovelhas perdidas da casa de Israel.
25 - Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socor-
re-me!
26 - Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no
pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
27 - E ela disse: Sim, SENHOR, mas também os cachorri-
nhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
28 - Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande
é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde
aquela hora a sua filha ficou sã.
107
Essa mulher se sentiu parte do povo de Deus, mesmo não
sendo da linhagem do povo de Deus. Ela era uma estrangei-
ra, mas pede humildemente a Jesus, para que a despeito de seu
silêncio inicial, ele interviesse em sua sorte. Ela se apresenta
como uma “cachorrinha”, o que demonstra sua humildade ex-
trema, uma vez que os cachorros neste tempo não tinham esse
status doméstico que damos a eles hoje! Eram animais margi-
nalizados! Ela se coloca diante de Jesus como alguém indigna
da graça, da compaixão. Como se ela dissesse: “Eu quero miga-
lhas! Eu quero o seu favor!”.
Davi também suplica ao Senhor pedindo que considerasse
a aliança que havia estabelecido com o seu povo. E no verso
5 ele dialoga com Deus falando a respeito do seu conceito de
morte:
Salmos 6:5
5 - Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro
quem te louvará?
II Timóteo 4:6
6 - Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sa-
crifício, e o tempo da minha partida está próximo.
J.B. Phillips:
109
Davi não tinha essa esperança, nós a temos! Davi está de-
sesperado, cansado, o quadro que ele narra, usando a paráfrase
de Eugene Peterson é tocante:
II Samuel 15:13-14
13 - Então veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração
de cada um em Israel segue a Absalão.
14 - Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam
com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque não po-
deríamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar,
para que porventura não se apresse ele, e nos alcance, e lance
sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.
110
II Samuel 15:30
30 - E seguiu Davi pela encosta do monte das Oliveiras,
subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com
os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a
sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.
Salmos 6:8-9
8 - Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade;
porque o SENHOR já ouviu a voz do meu pranto.
9 - O SENHOR já ouviu a minha súplica; o SENHOR acei-
tará a minha oração.
I João 5:14-15
14 - E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos
alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.
112
15 - E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos,
sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.
Salmos 6:10
10 - Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimi-
gos; tornem atrás e envergonhem-se num momento.
II Samuel 16:23
23 - E era o conselho de Aitofel, que aconselhava naqueles
dias, como se a palavra de Deus se consultara; tal era todo o
conselho de Aitofel, assim para com Davi como para com Ab-
salão.
113
E como resultado desse conselho equivocado (premedita-
do) de Husai, Absalão vai na frente da batalha e fica preso em
seus cabelos, numa árvore, e posteriormente é executado por
Joabe. A passagem bíblica está em:
II Samuel 18:9
9 - E Absalão se encontrou com os servos de Davi; e Ab-
salão ia montado num mulo; e, entrando o mulo debaixo dos
espessos ramos de um grande carvalho, pegou-se-lhe a cabeça
no carvalho, e ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo,
que estava debaixo dele, passou adiante.
II Samuel 18:14
14 - Então disse Joabe: Não me demorarei assim contigo
aqui. E tomou três dardos, e traspassou com eles o coração de
Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho.
II Samuel 18:33
33 - Então o rei se perturbou, e subiu à sala que estava por
cima da porta, e chorou; e andando, dizia assim: Meu filho Ab-
114
salão, meu filho, meu filho, Absalão! Quem me dera que eu
morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!
I Reis 1:5-6
5 - Então Adonias, filho de Hagite, se levantou, dizendo: Eu
reinarei. E preparou carros, e cavaleiros, e cinquenta homens,
que corressem adiante dele.
6 - E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que
fizeste assim? E era ele também muito formoso de parecer; e
Hagite o tivera depois de Absalão.
115
Mas Davi até então, tinha essa esperança de que se reconci-
liaria com o seu filho, e tudo voltaria a ser o que era antes. Isso
não aconteceu. Deus reconstitui a Davi o seu trono, mas permi-
te que seu filho morra!
É difícil entender os caminhos de Deus, às vezes ele nos
dá determinadas coisas e não outras! E talvez você esteja
perguntando: “por quê?”. E eu respondo que no caso de Davi,
para que ficasse em sua lembrança, o tempo todo, de que o que
lhe havia acontecido foi por conta de sua desobediência. Ele esta-
va no trono, seu trono era o mesmo, mas ele não era mais o mes-
mo. Por toda a vida, Davi ficaria remoendo o fato de que ele havia
vencido uma batalha, mas não uma guerra. Ele tinha fracassado
desde quando tomou para si uma mulher que não lhe pertencia
(II Samuel 11).
Deus nos deixa marcas e oramos em meio às lágrimas por
conta disso! Deus perdoa os nossos pecados, mas não alivia as
consequências dos mesmos! Deus não é um avô bonachão, que
passa a mão em nossa cabeça e diz que vai dar tudo certo! Ele é
um pai justo, que diz que as coisas vão melhorar, mas algumas
marcas ficarão!
I João 1:8-10
8 - Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a
nós mesmos, e não há verdade em nós.
116
9 - Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
10 - Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso,
e a sua palavra não está em nós.
Deus nos perdoa os pecados, mas não nos alivia das conse-
quências! Que duro preço Davi pagou! A única vez que vamos
encontrá-lo chorando e chamando pelo seu filho foi justamente
quando ele recebe a notícia de sua morte: “Absalão, Absalão,
meu filho Absalão”.
Quantas oportunidades ele perdeu de estar próximo dele!
Mas, você se lembra de que quando a sua irmã Tamar foi estu-
prada pelo seu meio irmão, Amnon, Davi fica em silêncio. De-
pois Absalão trama a morte de Amnon e Davi fica em silêncio.
Em seguida Absalão foge fica três anos fora de Jerusalém e Davi
pede para ele voltar, mas fica dois anos sem receber o filho. Ab-
salão ficou na cidade do rei, sem ver o rei e sendo filho do rei!
De repente, Davi chama o seu filho e lhe dá apenas um beijo!
Ora, você pode demonstrar com um beijo o seu desdém!
Foi o que Judas fez em relação a Jesus. Lembra-se?
Lucas 22:48
48 - E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do
homem?
117
conflitos vêm se agigantando com o tempo. O tempo da negli-
gência!
Habacuque 1:2
2 - Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escuta-
rás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?
Habacuque 1:5-6
5 - Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admi-
rai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não
crereis, quando for contada.
6 - Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impe-
tuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de
moradas que não são suas.
118
(c) Temos de aproveitar a vida para louvar ao Senhor. Ela é
muito curta, para ser pequena!
João 9:4
4 - Convém que eu faça as obras daquele que me enviou,
enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Davi pensou que já que Deus estava em silêncio, ele iria
louvar crendo que ele já tinha sido ouvido em seu clamor, e ele
bendisse o Senhor em toda a sua vida!
Apocalipse 5:8
8 - E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte
e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos
eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as ora-
ções dos santos.
119
Gênesis 21:15-20
15 - E consumida a água do odre, lançou o menino debaixo
de uma das árvores.
16 - E foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de
um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o meni-
no. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou.
17 - E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de
Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar? Não
temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde
está.
18 - Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, por-
que dele farei uma grande nação.
19 - E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi
encher o odre de água, e deu de beber ao menino.
20 - E era Deus com o menino, que cresceu; e habitou no
deserto, e foi flecheiro.
121
indagou a razão disso e lhe disseram que os homens explicaram
que tinham viajado com muita pressa nos primeiros dias. Agora
teriam de parar para que a alma deles os alcançasse.
Eugene Peterson vai dizer que tem pastor que perde a alma
no dia de sua consagração ao ministério pastoral! Quando Jesus
fala que nós deveríamos tomar cuidado para não perdermos a
nossa alma, ele não estava falando de morte, mas sim da perda
da razão de viver! Tem gente perdendo a alma por aí, e devemos
parar um pouco em nossa correria diária a fim de recuperar-
mos nossa inspiração para a vida. Nossa alegria muitas vezes
fica entulhada em meio às nossas obrigações diárias!
Orando
Obrigado por essa palavra tão preciosa aos nossos corações
e que vez por outra precisamos ouvir, ouvir e ouvir. E não são
as nossas atividades e trabalhos que fazem com que encontre-
mos sentido nas nossas vidas. A razão de nossas vidas está em
nos quebrantarmos diante do Senhor reconhecendo que o que
temos vivido hoje é resultado de erros e acertos em nosso pas-
sado. Mas isso não pode nos levar ao desespero, porque temos
de crer que todas as vezes que oramos de acordo com a sua von-
tade o Senhor nos dá tudo o que pedimos. Que as nossas ora-
ções não sejam mais as mesmas depois de mergulharmos nestas
orações de Davi. É o meu desejo, em nome do Senhor Jesus!
122
Conclusão
Chegamos ao fim de nossa jornada pela alma de Davi, e por
que não dizer pelo nosso coração, ao encararmos o modo como
devemos lidar com as tragédias que se avolumam em nossas
famílias.
Gosto de pensar que, a partir dos Salmos nossas orações
estarão encontrando eco ao próprio coração de Deus, pois es-
taremos orando as suas próprias palavras, uma vez que cremos
na inspiração plena das Escrituras Sagradas. Como diria Agos-
tinho: “o que a Bíblia diz, Deus diz”.
Os salmos escolhidos para esse livro retratam um contexto
da vida do rei Davi que se assemelha a realidade de muitas das
nossas famílias. Filhos que se rebelam contra seus pais. Homens
que caem seduzidos pelo encanto do adultério. Pais e filhos que
não dialogam mais, não abrem mais o coração um para o outro.
Enfim, famílias onde a intimidade é “artigo de luxo”, e palavra
estranha no vocabulário do cotidiano.
Além disso tudo, é fato sabido que o tempo em oração tem
sido preterido por grande parte das pessoas que, controlados
por uma agenda que nunca alivia nada, nem ninguém e oprime
as pessoas numa espécie da “tirania da urgência”.
Em meio a essa tragédia, de não se relacionar mais com
Deus em oração por conta das questões ameaçadoras da vida,
todos nós somos desafiados a adaptar os Salmos em nosso con-
123
texto de vida, fazendo a Deus essas mesmas orações, que fica-
ram eternizadas no texto bíblico.
Faço coro com as palavras de Dietrich Bonhoefer, em seu
livro já citado, “orando com os Salmos”: “Ao repetir as próprias
palavras de Deus, começamos a orar a Ele. Não oramos com a
linguagem errada e confusa de nosso coração; mas pela palavra
clara e pura que Deus falou a nós por meio de Jesus Cristo, de-
vemos falar com Deus, e Ele nos ouvirá”.
Entendo que se após a leitura desse livro você acordará para
o fato de que precisa orar mais e que o livro de Salmos é uma
verdadeira “escola de oração”, e nela encontram-se matricula-
dos todos os carentes da graça de Deus. Ficarei feliz em saber
que cumpri o meu propósito nessa escrita.
E ainda vou dizer que, além do Senhor Jesus, que morreu
recitando um Salmo (22), Agostinho, quando sua última doen-
ça o derrubou, pediu aos seus irmãos que fixassem nas paredes
de sua cela cópias em letras grandes dos salmos penitenciais
(Salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143), para que ele os lesse con-
tinuamente.
Vou terminar, então com as palavras inspiradas do Senhor
Jesus, em João 15.7, na Nova Versão Transformadora:
124