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Assinatura do aluno:
Data da defesa:
Ayrton Senna
Diversos fatores podem interferir na execução do chute futebolístico. Sabe-se que para sua
execução é necessária a manutenção do equilíbrio corporal, que possui como base de
sustentação a articulação do tornozelo. Os atletas podem utilizar bandagens para promover
melhora da estabilidade articular e do desempenho durante os gestos esportivos. O objetivo
deste estudo foi avaliar a influência de dois tipos de bandagem funcional de tornozelo, sendo
elas rígidas e elásticas, na oscilação postural e na atividade elétrica de músculos do membro
inferior de apoio durante o chute, assim como o número de acertos de chutes no alvo.
Participaram do estudo 36 atletas profissionais de futebol feminino, divididas igualmente em
três grupos: Grupo Sem Bandagem (SB), Grupo Bandagem Rígida (BR) e Grupo Bandagem
Elástica (BE). Foram avaliadas a oscilação postural, a atividade mioelétrica do tibial anterior,
fibular longo e glúteo médio e o número de acertos no alvo durante a execução do gesto do
chute, sendo eles executados com o membro dominante. As bandagens foram aplicadas no
tornozelo do membro inferior de apoio. Verificou-se que o Grupo BE apresentou resultados
positivos tanto na resposta elétrica muscular quanto na oscilação postural (p<0,01), sendo que
o Grupo BE acertou 51,11% dos chutes realizados no alvo, mostrando resultados
significativos quando comparado com o Grupo BR (p<0,05) e com o Grupo SB (p<0,01). O
uso da bandagem funcional elástica quando comparado com os outros grupos do estudo,
mostrou resultados positivos tanto na oscilação postural, como na atividade elétrica muscular
e no número de acertos de chutes no alvo.
Several factors can interfere with the execution of the football kick. It is known that for its
implementation is necessary for maintaining body balance, which has as a basis of support to
the ankle joint. Athletes can use bandages to improve joint stability and performance during
sporting gestures. The objective of this study was to evaluate the influence of two types of
functional ankle bandages, stiff and elastic, on postural oscillation, electrical activity of
muscles of the supporting lower limb during the kick and number of on target kicks. 36
professional athletes from the women's national football team participated in the study. They
were divided into three groups: without bandage (WB), Rigid Bandage (RB), and Elastic
Bandage (EB). The postural oscillation, myoelectric activity of tibialis anterior, fibularis
longus, and gluteus medius, and the number of kicks on target during the execution of the
kick with the dominant member were measured. The bandages were applied on the lower limb
for ankle support. It was found that the Group EB presented positive results both in electrical
response of the muscle in postural oscillation (p < 0.01). The EB Group performed 51.11% of
kicks on target, showing significant results when compared with the RB (p < 0.05) and WB (p
< 0.01) Groups. The use of functional elastic bandage when compared with the other groups
in the study, showed positive results in postural oscillation, muscle electrical activity, and
number of kicks on target.
Figura 1 - Representação dos ligamentos da face medial do tornozelo. O ligamento deltóide está
representado pelos seus feixes: ligamento tíbio talar anterior (1); ligamento tíbio navicular (2);
ligamentotíbio calcâneo (3) e ligamento tíbio talar posterior (4). ......................................................... 22
Figura 2 - Representação dos ligamentos da face lateral do tornozelo. O ligamento colateral lateral está
representado pelos seus feixes: ligamento talo fibular posterior (1); ligamento calcâneo fibular (2) e
ligamento talo fibular anterior (3). ........................................................................................................ 22
Figura 9 - Ponto motor dos músculos segundo o protocolo Surface-EMG for the Non Invasive
Assessment of Muscle (SENIAM). ....................................................................................................... 40
Figura 10 - Representação dos sinais obtidos de eletromiografia de superfície durante o GCC dos
músculos glúteo médio (a), tibial anterior (b) e fibular longo (c). ........................................................ 41
Figura 14 - Representação da aplicação das fitas de esparadrapo para a bandagem rígida. .................. 44
Figura 15 - Tape Elástico da marca Kinesio Sport, utilizado para a bandagem elástica. ...................... 45
Figura 16 - Representação da aplicação das fitas de Tape Elástico para a bandagem elástica .............. 46
Figura 17 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem obtidos por meio da
plataforma de força vertical dos Grupos SB, BR e BE. ........................................................................ 50
Figura 18 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem do sinal mioelétrico
durante os chutes dos Grupos SB, BR e BE. ......................................................................................... 51
Figura 19 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem do sinal mioelétrico
durante os chutes dos Grupos SB, BR e BE. ......................................................................................... 51
Figura 21 - Boxplot da média e dois erros padrões do número de acertos de chutes no alvo dos Grupos
SB, BR e BE. ......................................................................................................................................... 54
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 19
2.3 Articulação do tornozelo .................................................................................................. 21
2.4 Principal lesão da articulação do tornozelo ...................................................................... 23
2.5 Bandagens Funcionais ...................................................................................................... 24
2.6 Mecanismo de ação das bandagens funcionais ................................................................ 26
2.7 Bandagens funcionais na articulação do tornozelo .......................................................... 27
3 OBJETIVO .................................................................................................................. 32
3.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 32
3.2 Objetivos específicos........................................................................................................ 32
4 METODOLOGIA........................................................................................................ 34
4.1 Aspectos éticos ................................................................................................................. 34
4.2 Caracterização do estudo e da amostra............................................................................. 34
4.3 Grupos de estudo .............................................................................................................. 34
4.4 Local e data da realização do estudo ................................................................................ 35
4.5 Protocolo de pesquisa - Materiais .................................................................................... 35
4.6 Bancada Experimental: ambiente do gesto controlado do chute ...................................... 35
4.7 Procedimento ................................................................................................................... 36
4.8 Instrumentos de avaliação ................................................................................................ 39
4.8.1 Eletromiografia de superfície ........................................................................................ 39
4.8.2 Plataforma de Força Vertical ......................................................................................... 41
4.9 Protocolos de intervenção ................................................................................................ 43
4.9.1 Bandagem funcional rígida ........................................................................................... 43
4.9.2 Aplicação – Bandagem funcional rígida ....................................................................... 44
4.9.3 Bandagem funcional elástica ......................................................................................... 45
4.10 Análise estatística ................................................................................................... 47
5 RESULTADOS ........................................................................................................... 49
6 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 57
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 62
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 64
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........ 70
APÊNDICE B – TRABALHOS DESENVOLVIDOS .................................................. 73
1 INTRODUÇÃO
O futebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no mundo. Fatores como a
motricidade e seus componentes mecânicos podem interferir na prática deste esporte
(NILSTAD et al., 2014). O movimento do chute é utilizado com grande frequência durante a
partida, por meio do qual, na maioria das situações, é que se consegue o principal objetivo,
marcar o gol (NUNOME et al., 2002; AMADIO, SERRÃO, 2007).
Durante o chute, o comportamento do membro inferior de apoio é de grande relevância,
considerando sua função de estabilizador do controle postural antes, durante e após a
realização deste movimento (NUNOME et al., 2002; BARBIERI et al., 2008).
O controle postural está diretamente relacionado ao equilíbrio que, no caso específico do
chute, trata-se de um equilíbrio postural dinâmico (ROSA, AMORIM, HIRATA, 2010), onde
a base é a articulação do tornozelo, responsável pelo senso de posição e movimento do corpo.
O déficit desta articulação pode interferir significativamente no desempenho funcional do
indivíduo, podendo até mesmo causar lesões (KAMINSKI, HARTSELL, 2002; DOCHERTY
et al., 2005; NAKASA et al., 2008).
As disfunções de tornozelo correspondem a aproximadamente 20% das lesões
musculoesqueléticas. Na prática esportiva, onde há um aumento desse índice para 30%, a
lesão geralmente ocorre na posição de inversão de tornozelo (BARBANERA et al., 2012). A
fisiologia articular local é fator primordial para a maior incidência das lesões por inversão,
pois esse movimento está associado ao movimento de flexão plantar, que é a posição de maior
instabilidade do talús dentro da pinça bimaleolar (MARCONDES; JESUS; GUALBERTO,
2011). Entre os fatores etiológicos desse acometimento, incluem a disfunção do suporte
articular, muscular e/ou alteração proprioceptiva durante a atividade funcional (NELSON et
al., 2007; FONG et al., 2007; BARBANERA et al., 2012).
Barbieri et al. (2008) realizaram a análise cinemática do membro inferior de apoio durante
a execução do chute futebolístico, realizado tanto com o membro dominante, como com o
membro não dominante. Os resultados mostraram maior variabilidade da articulação do
quadril em relação às articulações do joelho e tornozelo, sendo que, quando o membro de
apoio era o não dominante, a variabilidade apresentou-se reduzida em todas as articulações
mensuradas, com consequente acerto maior no alvo.
Considerando à alta incidência de lesões e o tempo, muitas vezes prolongado, de
afastamento das atividades específicas, intervenções preventivas e terapêuticas podem ser
Revisão
Bibliográfica
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A percepção da informação tátil ocorre a partir de uma sensação captada por receptores
periféricos. Os estímulos são conduzidos para o córtex sensorial, e em seguida, são
processados e interpretados nos lobos parietal, occipital e temporal. Esses estímulos são
encaminhados para o córtex pré-frontal e outras áreas de associação de nível superior, onde a
partir dessas estruturas, são transmitidos para o córtex motor suplementar, para elaboração de
uma estratégia de execução, seguindo para o córtex motor primário e executando uma ação
motora por meio dos motoneurônios, interferindo significativamente na ação dos músculos e
articulações (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2010).
Portanto, qualquer intervenção que exerça algum tipo de estímulo tátil no corpo humano,
como por exemplo, em nosso captor podal, que é a base do equilíbrio corporal em
ortostatismo, influenciará no sistema sensorial e motor, consequentemente alterando a
motricidade e os padrões posturais (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2010;
ALCANTARA; PRADO; DUARTE, 2012).
Figura 1 - Representação dos ligamentos da face medial do tornozelo. O ligamento deltóide está
representado pelos seus feixes: ligamento tíbio talar anterior (1); ligamento tíbio navicular (2);
ligamentotíbio calcâneo (3) e ligamento tíbio talar posterior (4).
Figura 2 - Representação dos ligamentos da face lateral do tornozelo. O ligamento colateral lateral está
representado pelos seus feixes: ligamento talo fibular posterior (1); ligamento calcâneo fibular (2) e
ligamento talo fibular anterior (3).
As lesões de tornozelo são muito comuns em indivíduos fisicamente ativos, sendo que a
maior incidência se concentra em atividades esportivas que requerem saltos ou mudanças de
direção continuas e bruscas (MARCONDES; JESUS; GUALBERTO, 2011).
Nesse contexto, destacam-se as entorses de tornozelo, correspondendo a 20% das lesões
musculoesqueléticas. As entorses por sua vez, ocorrem na maioria das vezes pelo movimento
de inversão da articulação, juntamente com uma flexão plantar e estiramento do ligamento
talofibular anterior, que é o ligamento mais acometido neste tipo de condição clínica
(BARBANERA et al., 2012).
As entorses em inversão de tornozelo são mais comuns, porque esse movimento está
associado a flexão plantar, que é a posição de maior instabilidade do talús dentro da pinça
bimaleolar. Outro fato relevante é a anatomia do complexo articular, onde o maléolo lateral é
mais baixo que o medial, favorecendo uma maior amplitude de movimento para inversão. Os
ligamentos do compartimento lateral, que mecanicamente são tensionados durante o
movimento de inversão, têm menor capacidade de estabilização em relação ao ligamento
deltóide do compartimento medial, que limita o movimento de eversão da articulação. Esses
fatores fazem com que esse tipo de entorse seja predominante na articulação (KAPANDJI
1990; MARCONDES; JESUS; GUALBERTO, 2011).
Existem diversas pesquisas científicas sobre esse tipo de lesão, mas isso não impede a
reincidência das mesmas. Vários registros mostram que os episódios se repetem com 70% dos
atletas (LIN; HILLER; BIE, 2010; JANSSEN; MECHELEN; VERHAGEN, 2011;
BARBANERA et al., 2012). Após a ocorrência de uma entorse, a articulação fica mais
suscetível à outra lesão parecida, pois os ligamentos do tornozelo e a cápsula articular podem
se tornar frouxos, aumentando assim, a instabilidade articular (HUBBARD; HICKS-LITTLE,
2008; TOURNÉ; BESSE; MABIT, 2010).
Existem vários métodos de tratamento para os sinais e sintomas presentes nessa condição
clínica, assim como, intervenções preventivas que visam proporcionar um suporte adequado
para a articulação nas atividades funcionais (ESPEJO; APOLO, 2011; BARBANERA et al.,
2012).
fita pode ser estirada longitudinalmente em até 140% de seu comprimento inicial (THELEN;
STONEMAN; DAUBER, 2008).
No que diz respeito às bandagens elásticas, Kase, Wallis e Kase (2003) sugerem que os
conceitos básicos de aplicação são os de inibição e ativação muscular. A aplicação na direção
da inserção para origem de um músculo tem o objetivo de inibir a ação muscular e a aplicação
da origem para inserção do músculo tem o objetivo de facilitar a função muscular. As tiras da
bandagem podem ter diversos formatos, ficando a critério do terapeuta, dependendo do
tamanho da região a ser tratada e do objetivo de tratamento. Os cortes podem ser feitos, por
exemplo, na forma de “Y” e “I”. Adicionalmente, a tensão aplicada à bandagem é também
opção terapêutica, estando relacionada ao objetivo quisto, podendo variar entre 0% (sem
tensão) e 100% (tensão máxima), onde tensões maiores são utilizadas para dar suporte a um
segmento.
Dentre os benefícios descritos na literatura das bandagens funcionais rígidas, está a
estabilização e melhora do senso posicional das articulações, e a minimização dos efeitos da
imobilização completa de um segmento corporal (MEURER et al., 2010; TRÉGOUET;
MERLAND; HORODYSKI, 2012). As bandagens funcionais elásticas, de acordo com a
forma de aplicação, fornecem estímulos proprioceptivos às articulações, podendo auxiliar na
remoção de edemas, aliviar algias locais, além de fornecer estímulos específicos para os
músculos (KASE; WALLIS; KASE, 2003; MORINI JR, 2013).
A utilização das bandagens por profissionais da área da saúde durante a reabilitação já é
considerada como um importante recurso terapêutico, principalmente em atletas de alto
rendimento. Diversos estudos fornecem informações que visam fundamentar o uso desse tipo
de técnica no tratamento ou prevenção de condições clínicas musculoesqueléticas, no entanto,
sua utilização também é contestada na literatura científica atual (ESPEJO; APOLO, 2011;
BRIEM et al., 2011; MORINI JR, 2013; TRÉGOUET; MERLAND; HORODYSKI, 2013).
permite a comunicação com os tecidos mais profundos por meio dos mecanoreceptores que se
situam na epiderme e na derme (KASE; WALLIS; KASE, 2003; MORINI JR, 2013).
As fitas, se bem aplicadas, proporcionam um melhor desenvolvimento neuropsicomotor
aos indivíduos que a utilizam. Seu processo terapêutico visa à estimulação constante das vias
aferentes e eferentes, melhorando a integração sensorial corporal com o ambiente e com suas
funções específicas, obtendo assim um ganho no controle da postura e do movimento
(TRÉGOUET; MERLAND; HORODYSKI, 2013; MORINI JR, 2013).
Em um contexto geral, dois aspectos são considerados para explicação dos efeitos destas
intervenções, o efeito mecânico das fitas, que podem limitar a amplitude do movimento
articular, resistindo a estresses externos, reduzindo assim, sobrecargas nos tecidos
subjacentes; e o efeito neurofisiológico das fitas, que podem aumentar os estímulos sensoriais
e consequentemente motores, originados dos receptores nervosos da pele (TRÉGOUET;
MERLAND; HORODYSKI, 2013; MORINI JR, 2013).
Estudos com os mais variados tipos de aplicação são realizados a fim de verificar o efeito
das bandagens em todo o sistema músculo esquelético (KARATAS et al., 2012; NAKAJIMA,
BALDRIDGE, 2013).
Tendo como maior incidência dentre as lesões de tornozelo, a entorse sob o movimento de
inversão da articulação, são simuladas situações parecidas com o movimento que leva a essa
condição clínica, para que se possa testar o real efeito das bandagens na proteção dessa
articulação. Os estudos se concentram em bandagens rígidas para estabilizar e posicionar
melhor a articulação, e em bandagens elásticas, com o intuito de ativar músculos que são
primordiais para estabilização da mesma (MEURER et al., 2010; BRIEM et al., 2011;
TRÉGOUET; MERLAND; HORODYSKI, 2013).
Dentre os achados da literatura científica, se destacam a maior ativação e consequente
diminuição do tempo de reação do músculo fibular longo, principal antagonista ao movimento
de inversão de tornozelo, parâmetro esse, que é mensurado por meio da eletromiografia de
superfície. Assim como uma menor amplitude do movimento articular de inversão,
propiciando maior estabilidade para a articulação (MEURER et al., 2010). Porém os
resultados estatisticamente significativos se concentram nas bandagens com pouca
elasticidade, quando em comparação com os testes em indíviduos sem qualquer bandagem, ou
com fitas de bandagem elástica para ativação da musculatura que cruza a articulação
(MEURER et al., 2010; BRIEM et al., 2011).
Trégouet, Merland e Horodyski (2013) estudaram o efeito das bandagens rígidas e
elásticas em uma simulação de entorse de tornozelo em inversão, avaliando o tempo de
ativação dos músculos e a amplitude de movimento da articulação. Sua amostra foi de 12
indivíduos, onde todos passavam pela simulação da entorse em três situações: sem bandagem,
com bandagem rígida e com bandagem elástica. Os resultados mostraram ganhos
significativos apenas com a bandagem rígida. Isso reforça os achados de outros estudos
semelhantes (MEURER et al., 2010; BRIEM et al., 2011) que perceberam melhoras na
resposta muscular com o uso de bandagens funcionais de tornozelo, sendo que essa melhora
foi encontrada com valor estatisticamente significante, somente no uso de bandagem
funcional rígida.
O esporte mais praticado pela população mundial é o futebol. Com isso existe um grande
interesse em investigar fatores intrínsecos ou extrínsecos, que interfiram em sua prática, seja
para os praticantes do âmbito amador ou profissional (ROSA; AMORIM; HIRATA, 2010).
Objetivos
do estudo
3 OBJETIVO
Mensurar a atividade elétrica dos músculos que cruzam a articulação do tornozelo e quadril
do membro inferior de apoio durante a realização do chute, por meio da eletromiografia de
superfície;
Avaliar a oscilação postural durante o chute, por meio da plataforma de força vertical;
Verificar o número de acertos no alvo durante a realização do chute;
Comparar a atividade elétrica de músculos do membro inferior de apoio, a oscilação
postural e o número de acertos de chutes realizados com o membro dominante;
Verificar o efeito de uma inovadora forma de aplicação de bandagem elástica, com o
intuito de estabilizar a articulação de tornozelo;
Comparar todos os resultados supracitados nos três grupos estudados: sem bandagem, com
bandagem rígida e com bandagem elástica.
Metodologia
4 METODOLOGIA
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade do Vale
do Paraíba, sob o CAAE 20559113.0.0000.5503 (ANEXO A), no dia 18 de novembro de
2013, onde as participantes foram previamente esclarecidas e orientadas sobre os objetivos da
pesquisa e os procedimentos a que seriam submetidas. Após aceitação plena, assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). O trabalho também se
encontra registrado no Clinical Trials sob o número: NCT02083497 (ANEXO B).
O ambiente da coleta foi composto por uma bola oficial de futebol de campo da marca
Adidas® modelo Cafusa, uma plataforma de força vertical da marca EMG System do Brasil,
um eletromiógrafo de superfície da marca EMG System do Brasil, um alvo de cartolina de 60
cm de lado, 6 colchonetes da marca ISP® com 1 m² cada, uma cunha da marca ISP®, 2
escadas de 40 cm de altura da marca Legno®, marcações de 15 cm de lado de fita adesiva
branca da marca Flax® e 2 canos de PVC da marca Tigre® de 70 cm altura e 4 cm de
diâmetro.
O alvo ficou fixo na parede a uma distância de 3,20 metros da plataforma de força, onde o
centro do alvo estava a 1,30 metros do chão. O cano de PVC ficou a 2 metros do chão e 20
centímetros a frente da plataforma de força, sendo que a distância entre o cano de PVC e o
alvo foi de 3 metros.
4.7 Procedimento
Após a coleta dos dados base, foi feita a simulação da tarefa, executando o gesto do chute
por quatro vezes, porém sem quantificação dos parâmetros mensurados. Após esse
procedimento prévio, os chutes foram realizados, sendo feita a captação da atividade
mioelétrica do glúteo médio, tibial anterior, fibular longo em sincronismo com a captação da
oscilação postural da voluntária.
O GCC constituiu-se das seguintes fases:
• Ao sinal de um dos pesquisadores, o indivíduo se dirigia até o centro da plataforma e
ao chegar, permanecia sobre apoio unipodal do membro não dominante para execução
do chute, ficando assim durante todo o ciclo do GCC;
• Após a bola ser solta na vertical, o participante esperarava ela atingir o chão e chegar a
uma altura conveniente para acertar o alvo, executando o chute com o membro que
não estava apoiado na plataforma;
• Os chutes foram realizados com a região medial do pé;
• A meta da tarefa era acertar a bola no alvo, com precisão;
• Após o contato do pé com a bola para a execução do chute, o individuo
permanecia em apoio unipodal, com o foco visual direcionado para o alvo, até o
instante em que um dos pesquisadores sinalizava para que ela descesse da plataforma,
com o pé que realizou o chute e na sequência com o pé que estava em contato com a
plataforma de força vertical;
• O Ciclo da tarefa era finalizado.
Cada ciclo da tarefa teve a duração dez segundos, desde o instante em que o individuo se
coloca em apoio unipodal na plataforma, até o momento em que se retira da mesma. A bola
foi solta por um dos pesquisadores sempre quatro segundos após o inicio do ciclo, sendo que
o intervalo entre um ciclo e outro, foi de vinte segundos. A tarefa descrita se repetiu em todos
os 9 chutes da coleta, realizados com o membro dominante da voluntária.
Em todas as coletas o mesmo pesquisador foi responsável pelos comandos verbais e
registro dos sinais captados, assim como outro pesquisador foi responsável por soltar a bola,
quatro segundos após o inicio do ciclo, respeitando o pesquisador responsável pelos
comandos verbais.
O sinal mioelétrico foi adquirido por um eletromiográfo da marca EMG System do Brasil
Ltda., modelo EMG830 WF de oito canais, composto por um conversor A/D (conversor
analógico-digital) de dezesseis bits de resolução. Os sinais foram adquiridos a uma taxa de
2000 Hz, unidade µV, calibrado segundo especificação do fabricante com Ymin: -2000,
Ymáx: 2000, Coef.A: 0 e Coef.B: 500. (Figura 8).
constituindo uma superfície de detecção que capta corrente por meio da interface pele-
eletrodo, sendo fixados com discos adesivos descartáveis após a higienização da área com
algodão embebecido de álcool a 70% a fim de minimizar a impedância da pele.
Os eletrodos de superfície foram posicionados aos pares sobre os músculos glúteo médio,
tibial anterior e fibular longo, conforme o protocolo Surface-EMG for the Non Invasive
Assessment of Muscle (SENIAM), no sentido longitudinal das fibras musculares, representado
pela figura 9.
Figura 9 - Ponto motor dos músculos segundo o protocolo Surface-EMG for the Non Invasive Assessment
of Muscle (SENIAM).
O eletrodo de referência do tipo pregador, untado com gel, foi posicionado sobre o
processo estiloide da ulna no lado contralateral ao que realizaria o chute.
Os dados foram coletados primeiramente com as voluntárias sentadas em uma cadeira,
com a região lombar apoiada sobre a mesma e o joelho em extensão. Nessa posição era
coletada a CVM dos músculos tibial anterior e fibular longo, por 10 segundos. Em seguida foi
coletado a CVM do glúteo médio também por 10 segundos, onde a voluntária era posicionada
em uma maca em decúbito lateral, com o lado a ser testado para cima. Após a coleta dos
dados base de CVM, foi coletada a atividade mioelétrica especificamente desses músculos
citados durante os ciclos do GCC, pelo período de 10 segundos cada.
Todos os registros foram realizados no membro inferior não dominante das voluntárias.
Após a coleta, os dados foram processados pelo software EMGWorks Analysis da Delsys®,
utilizando filtro band pass de 4ª ordem Butterworth, ajustado para frequência de corte de
20Hz a 400Hz para diminuir ruídos residuais e frequência de amostragem de 2000Hz.
Para a análise dos dados, considerando o tempo total para todas as coletas de 10 segundos,
foi excluído o primeiro e o último segundo, relacionados à atividade mioelétrica, obtendo-se o
valor médio quadrático – Root Mean Square (RMS) de cada ciclo (Figura 10).
Os dados foram agrupados em uma planilha do Microsoft Office Excel® 2013, onde foram
calculadas as médias de todos os chutes realizados, para comparar com os valores de base da
CVM e verificar a porcentagem de ativação mioelétrica de cada músculo na execução da
tarefa, sendo posteriormente feita a análise estatística.
Figura 10 - Representação dos sinais obtidos de eletromiografia de superfície durante o GCC dos
músculos glúteo médio (a), tibial anterior (b) e fibular longo (c).
O sinal referente à variação da aplicação de força de reação vertical foi adquirido por uma
plataforma de força, que concedeu os parâmetros estabilométricos e a consequente oscilação
postural das participantes. A plataforma utilizada foi da EMG System do Brasil Ltda, modelo
BIOMEC400 (figura 11), com ajuste de offset e ganho de amplificação ajustados por
software, com conversor analógico digital integrado com resolução de 16 bits, com quatro
sensores de força e dimensões de 500 x 500 mm. A frequência de aquisição do sinal foi de
2000 Hz, unidade Kgf, calibrado segundo especificação do fabricante com Ymin: 0, Ymáx:
200, Coef.A: -1,794 e Coef.B: 56,83.
Foi utilizado um eletrodo de referência do tipo pregador, untado com gel, posicionado
sobre o processo estilóide da ulna no lado contralateral ao que realizou o chute.
Primeiramente os dados foram coletados com o participante em apoio unipodal, com o
membro inferior não dominante na plataforma, em posição de chute e olhar fixo no alvo por
10 segundos, para mensuração dos dados de base, referentes à oscilação postural.
Após a coleta dos dados base, foi coletada a oscilação postural durante os ciclos do GCC,
pelo período de 10 segundos.
Todos os registros foram realizados no membro inferior não dominante das voluntárias.
Após a coleta, os dados foram processados pelo software EMGWorks Analysis da Delsys®,
utilizando uma frequência de amostragem de 2000 Hz.
Para a análise dos dados, considerando o tempo total para todas as coletas de 10 segundos,
foram excluídos o primeiro e o último segundo, obtendo-se o valor médio quadrático – Root
Mean Square (RMS) de cada ciclo (Figura 12).
Os dados foram agrupados em uma planilha do Microsoft Office Excel® 2013, onde foram
calculadas as médias de todos os chutes realizados, para comparar com os valores de base da
oscilação postural e verificar a porcentagem de oscilação na execução da tarefa, sendo
posteriormente feita a análise estatística.
Foi anotado por um dos pesquisadores, em uma tabela, o número de acertos no alvo em
cada um dos 9 chutes realizados. Esses dados foram posteriormente tabulados para
quantificação dos resultados e correlação com os outros parâmetros mensurados.
Os dados foram agrupados em uma planilha do Microsoft Office Excel® 2013, onde foram
feitas as médias de todos os chutes realizados e posteriormente a análise estatística.
Seguem os protocolos de intervenção, onde são descritos como foram as aplicações das
bandagens utilizadas na pesquisa.
A aplicação foi realizada sempre pelo mesmo pesquisador, com a voluntária sentada em
uma cadeira com a lombar encostada na mesma, joelho extendido e com o tornozelo em dorsi-
flexão e eversão, respeitando a seguinte sequência de colocação das fitas:
1. Duas tiras de base, sendo que uma 4 cm acima do maléolo lateral e a outra em região
de médio pé, 5 cm proximal ao hálux;
2. Três tiras saindo e terminando na tira de base, do lado medial para o lateral (uma
anterior, uma medial e outra posterior).
3. Três tiras de fechamento, uma em baixo da outra, começando 4 cm acima do maléolo
lateral.
4. Todas as tiras tinham 5 cm de largura.
O material utilizado para realização dessa bandagem foi o tape elástico da marca Kinesio
Sport®, sendo que sua composição é de tecido 100% algodão, enrolados por polímeros
elásticos, além de adesivo acrílico.
Figura 15 - Tape Elástico da marca Kinesio Sport, utilizado para a bandagem elástica.
A aplicação foi realizada sempre pelo mesmo pesquisador, com a voluntária sentada em
uma cadeira com a lombar encostada na mesma, joelho extendido e com o tornozelo em dorsi-
flexão e eversão, com tensão máxima das fitas utilizadas, respeitando a seguinte sequência de
colocação:
1. A primeira fita foi medida sempre 1 cm acima de cada maléolo, sendo aplicada com
tensão máxima, saindo 2 cm acima do maléolo medial em direção ao maléolo lateral;
2. A segunda fita foi medida sempre da região de médio pé, 5 cm proximal ao hálux,
passando pela região medial de médio pé e também região plantar, terminando no
maléolo medial. Sendo aplicada com tensão máxima, saindo da região de médio pé, 5
cm proximal ao hálux, passando, pela região medial de médio pé e também região
plantar, em direção ao maléolo medial.
Todas as tiras tinham 5 cm de largura e após a aplicação eram friccionadas com intuito de
ativar a cola da mesma.
Figura 16 - Representação da aplicação das fitas de Tape Elástico para a bandagem elástica
Resultados
5 RESULTADOS
Figura 17 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem obtidos por meio da
plataforma de força vertical dos Grupos SB, BR e BE.
Legenda: (SB) Sem Bandagem; (BR) Bandagem Rígida; (BE) Bandagem Elástica
Figura 18 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem do sinal mioelétrico
durante os chutes dos Grupos SB, BR e BE.
Legenda: (SB) Sem Bandagem; (BR) Bandagem Rígida; (BE) Bandagem Elástica.
Em relação ao músculo tibial anterior, a atividade mioelétrica foi maior no Grupo SB,
sendo ativado 47,67% de sua capacidade em relação a CVM, enquanto que no Grupo BR a
ativação foi de 30,50% e no Grupo BE de 29,83%. Ao realizar a comparação entre os grupos,
verificaram-se resultados estatisticamente significativos com valor de p<0,01 no Grupo SB
em relação ao Grupo BR e no Grupo SB em relação ao Grupo BE. Esses resultados
evidenciam que ambas as bandagens limitaram a inversão da articulação, movimento pelo
qual o tibial anterior é responsável e que se realizado além dos limites fisiológicos do
tornozelo, causa entorses, condição clínica muito comum entre as atletas.
Figura 19 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem do sinal mioelétrico
durante os chutes dos Grupos SB, BR e BE.
Legenda: (SB) Sem Bandagem; (BR) Bandagem Rígida; (BE) Bandagem Elástica.
Figura 20 - Boxplot da média e dois erros padrões dos valores em porcentagem do sinal mioelétrico
durante os chutes dos Grupos SB, BR e BE.
Legenda: (SB) Sem Bandagem; (BR) Bandagem Rígida; (BE) Bandagem Elástica.
Figura 21 - Boxplot da média e dois erros padrões do número de acertos de chutes no alvo dos Grupos SB,
BR e BE.
Legenda: (SB) Sem Bandagem; (BR) Bandagem Rígida; (BE) Bandagem Elástica.
Legenda: (F. Longo) Fibular Longo; (T. Anterior) Tibial Anterior; (G. Médio) Glúteo Médio.
Discussão
6 DISCUSSÃO
estudo, o grupo que utilizou a bandagem rígida apresentou aumento da ativação do principal
músculo estabilizador da articulação de tornozelo, em comparação com as atletas que
executaram a tarefa sem bandagem. Esses dados reforçam os achados de Meurer et al. (2010),
que analisou a resposta eletromiográfica do fibular longo em uma plataforma que simulava
uma entorse de tornozelo.
A atividade elétrica do músculo fibular longo foi maior no grupo que chutou com a
bandagem elástica proposta na pesquisa, aplicada em duas tiras com tensão máxima, que
limitava o movimento de inversão, contradizendo o estudo de Trégouet, Merland, Horodyski
(2013) que comparou dois tipos de bandagem com elasticidades diferentes, e obteve resposta
significativa na atividade elétrica muscular somente com a bandagem rígida, na simulação de
uma entorse, com um movimento súbito de inversão.
Briem et al. (2011), verificaram em um estudo com atletas profissionais da liga inglesa de
futebol, a velocidade de ativação do fibular longo, sob as condições, de nenhuma intervenção
na articulação de tornozelo, bandagem rígida e o método tradicional de bandagem elástica,
com uma fita sob o músculo fibular longo, no intuito de ativar o mesmo. Os resultados foram
significativos somente para o grupo bandagem rígida, sugerindo que a bandagem elástica de
estabilização articular, proposta na presente pesquisa, se mostra mais eficaz que o método
tradicional de ativação muscular, no que diz respeito à resposta eletromiografica do fibular
longo.
A articulação do quadril, também desempenha uma importante função no equilíbrio
corporal durante a execução do chute (BARBIERI et al., 2008). Os resultados obtidos
mostraram que o glúteo médio, considerado um importante estabilizador de quadril
(KENDALL, 2007; WILLY; DAVIS, 2013), apresentou uma aumento da atividade elétrica
muscular semelhante entre as atletas que chutaram sem a bandagem (49,58%) e as atletas que
chutaram com a bandagem rígida (41,33%), diferentemente das atletas que chutaram com a
bandagem elástica, que ativaram essa musculatura 17,75% em relação a sua capacidade
máxima, apresentando uma significante diferença na comparação entre grupos. Esses achados
podem estar relacionados ao aumento da atividade mioelétrica do principal músculo
estabilizador de tornozelo, que consequentemente, promoveu a melhora da estabilidade da
base de apoio, exigindo menos da articulação proximal.
Pesquisas sobre os efeitos das bandagens funcionais de tornozelo são realizadas,
entretanto, considerando somente os músculos que participam da funcionalidade desta
articulação (MEURER et al., 2010; RAYMOND et al., 2012; TRÉGOUET; MERLAND;
HORODYSKI, 2013). A verificação da resposta eletromiográfica do glúteo médio, realizada
nessa pesquisa, vem complementar o estudo sobre o real efeito de um agente externo, como
estabilizador podal, em um padrão muscular do membro inferior de apoio durante a atividade
específica do chute futebolístico. No caso da bandagem rígida, a limitação do movimento de
inversão e estabilização da articulação do tornozelo é maior (BRIEM et al., 2011;
RAYMOND et al., 2012). Esse fato pode explicar o aumento da atividade mioelétrica do
glúteo médio durante a tarefa, pois devido a quase imobilização podal, a articulação do
quadril oscilou mais, o que pode ser atribuído a necessidade da manutenção do equilibrio
corporal.
Em relação à variação da força de reação vertical ao solo, constatou-se que as atletas que
utilizaram a bandagem elástica, apresentaram menor oscilação postural durante o chute, em
relação às atletas que utilizaram a bandagem rígida e as que não utilizaram bandagem.
Barbieri et al. (2008) constataram que quanto menor a variabilidade das articulações do
membro inferior de apoio, melhor será o controle corporal e do gesto, ou seja, quanto menor a
oscilação postural durante o gesto, melhor o desempenho final.
A resposta dos músculos estabilizadores do membro inferior de apoio mostrou um padrão
de comportamento, que se tornou relevante e passivo de correlação com os achados referentes
à oscilação postural.
O grupo sem bandagem e o grupo bandagem rígida apresentaram uma média de oscilação
postural semelhante e significativamente maior que a do grupo que realizou os chutes com a
bandagem elástica. O comportamento muscular do membro inferior de apoio para os grupos
supracitados demonstraram, maior atividade mioelétrica do glúteo médio, diferentemente do
grupo bandagem elástica, que apresentou uma menor atividade elétrica muscular tanto de
glúteo médio como de tibial anterior, além de uma maior ativação do fibular longo, sugerindo
que a maior estabilidade da articulação de base, influenciou positivamente no equilíbrio do
individuo para execução da tarefa proposta.
Nakajima e Baldridge (2013), em um estudo com indíviduos sem histórico de lesão na
articulação do tornozelo, verificaram os efeitos da aplicação tradicional de bandagens
elásticas no intuito de ativar os músculos que cruzam a articulação, constatando resultados
significativos no controle postural dinâmico em comparação com o grupo placebo, por meio
de um teste dinâmico de membros inferiores.
A verificação feita na pesquisa, por meio da simulação de um chute futebolístico, que é
uma atividade funcional dos atletas da modalidade, torna os resultados relevantes, pois, dentre
outras situações, constata o efeito de uma nova forma de aplicação de bandagem funcional
elástica com o intuito de estabilizar a articulação de tornozelo, em uma situação próxima da
Conclusão
7 CONCLUSÃO
A bandagem funcional elástica de tornozelo pode ser considerada uma intervenção eficaz
para o membro inferior de apoio durante a realização do chute futebolístico, quando
comparada com a bandagem rígida e com a não utilização de qualquer bandagem,
promovendo melhora na ativação muscular e na oscilação postural das atletas. Esse fato pode
beneficiar a execução do gesto esportivo e consequentemente, aumentar o número de acertos
de chutes no alvo.
Em relação a bandagem elástica e sua aplicabilidade, o presente estudo foi pioneiro pois
não há na literatura comprovação da eficácia desse tipo específico de aplicação nas condições
e ambientes descritos. Podendo vir a ser uma importante intervenção para o público alvo
dessa pesquisa, tanto para otimização no desempenho, quanto como um método preventivo de
lesões na articulação.
No decorrer desta pesquisa foram identificados pontos a serem desenvolvidos em futuros
estudos, os quais validarão mais os resultados descritos. Entre eles destacam-se a
aplicabilidade de uma bandagem placebo para um controle maior do experimento e uma
plataforma que verifique mais variáveis estabilométricas e consequentemente forneça dados
mais precisos quanto ao equilíbrio postural.
Referências
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Apêndice e anexos
Dados de identificação:
Título do Projeto: Comparação entre bandagem funcional rígida e elástica para
estabilização de tornozelo do membro de apoio durante o chute futebolístico.
Pesquisador Responsável: Bruno de Moraes Prianti.
Equipe Executora: Bruno de Moraes Prianti, Fernanda Pupio Silva Lima, Alderico
Rodrigues de Paula Júnior.
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Universidade do Vale do
Paraíba (UNIVAP) – Laboratório de Engenharia de Reabilitação Sensório Motora.
Telefones e e-mails para contato: (12) 3947-1000 ramal: 2066;
brunoprianti@hotmail.com, tel. (12) 9207-1330; fpupio@univap.br tel. (12) 9770 – 0096.
Os dados obtidos do voluntário não poderão ser utilizados para outras finalidades não
descritas no termo, terão sigilo, confidencialidade e privacidade de acordo com as normas
éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.
Para a participação nesta pesquisa, se houver necessidade por parte do voluntário, a
instituição responsável pelo estudo fornecerá auxílio transporte e alimentação.
Eu, ______________________________________________________________, RG
nº _________________________________, fui informado (a) e concordo em participar,
como voluntário (a), do projeto de pesquisa acima descrito.
Assinatura da testemunha:_____________________________________________
Data: ____/_____/_______.
PRIANTI, B. M.; PRIANTI, T. S. M.; MENDES, I. S.; JÚNIOR, A. R. P.; LIMA, M. O.;
LIMA, F. P. S. Efeito da Bandagem Funcional de tornozelo no equilíbrio e na atividade
mioelétrica durante o chute futebolístico. In: XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia
Biomédica CBEB, 2014, Uberlândia.
o Artigo submetido:
o No prelo: