Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Neurociência e Cognição da
Universidade Federal do ABC
(UFABC) como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em
Neurociência e Cognição.
FOLHA DE ASSINATURAS
* Por ausência do membro titular, foi substituído pelo membro suplente descrito acima: nome completo, instituição e assinatura
AGRADECIMENTOS
Alcohol addiction, or alcohol use disorder, is a problem that affects both the addict's
life and the society. Ayahuasca is a beverage used in religious ceremonies, prepared using
two plants, Psychotria viridis, which has the psychedelic DMT, and Banisteriopsis caapi,
which has β-carboline alkaloids that inhibit monoaminoxidase, decreasing the metabolism of
DMT. Some observational and experimental studies suggest that ayahuasca may be useful
for preventing or treating drug addiction. This study investigated the effect of ayahuasca
pretreatment on animal models of ethanol addiction and analyzed the immunohistochemistry
of c-Fos protein at Nucleus Accumbens in rodents. The quantification of alkaloids present in
the ayahuasca was compatible with those reported in the literature, and in vitro assays
confirm MAO-A inhibitory activity. Male Swiss albino mice, aged 3-5 months, were used for
behavioral tests. The ayahuasca doses used in this work -equivalent to those used in
ayahuasca ceremonies- were suitable and safe for pre-clinical tests through screening tests
and evaluation of the animals’ motor coordination by rotarod. The conditioned place
preference model showed ayahuasca could block the ethanol-induced place conditioned
preference at all doses tested (130, 650 and 1950 mg/kg). The behavioral sensitization
model -using 14 days of sensitization and doses of 2g/kg of ethanol or 0.9% of saline
associated with doses of 650 or 1950mg/kg of ayahuasca- could not induce behavioral
sensitization in the control group. However, some punctual effects were observed, such as
the decrease in the permanence time of the central zone in the open field arena by the
groups that received ethanol. Histochemical analysis of animal’s brains used in the chronic
behavioral sensitization protocol showed no significant differences in the immunoreactivity of
c-Fos protein in the Core and Shell regions of the nucleus accumbens. Despite inconclusive
results in the behavioral sensitization test, the results of conditioned place preference
suggest that we should not discard the potential of using ayahuasca tea in the treatment of
alcohol addiction. However, it is important to emphasize the importance of other studies with
different experimental paradigms, and different alkaloids concentrations present in tea.
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
1.1 A história do Álcool ........................................................................................ 1
1.2 O consumo de Álcool no Mundo e no Brasil .................................................. 2
1.3 Problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas e dependência ... 3
1.4 A dependência como um problema geral ....................................................... 4
1.5 Aspectos neurobiológicos da dependência .................................................... 5
1.6 O atual tratamento da dependência ao etanol ............................................. 13
1.7 A Ayahuasca ................................................................................................ 15
1.8 Química, farmacologia e mecanismos de ação da ayahuasca .................... 16
1.9 A ayahuasca como potencial terapêutico ..................................................... 20
1.10 Modelos em animais .................................................................................... 25
2. OBJETIVOS ................................................................................................ 27
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 27
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 27
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 66
6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 84
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 86
1
fermentação. Tanto a Cauim quanto a Chica foram muito importantes para os povos
tradicionais, sendo utilizadas nos contextos ritualísticos e sociais desses povos
(Cascudo, 2004; Macena, 2015).
Apesar da história sobre a descoberta das formas de produção do álcool ser
importante por ter envolvido questões territoriais, econômicas e o próprio
desenvolvimento da sociedade humana como hoje a temos (Ives, 2011), nesta
introdução será abordado um entendimento do outro lado de toda esta expansão
alcoólica: como a sociedade consome o álcool atualmente e quais os malefícios e
benefícios a ele associados?
2
Em torno de 46 milhões de brasileiros informaram ter consumido alguma
bebida alcoólica nos 30 dias anteriores à pesquisa, além de mais da metade da
população entre 12 e 65 anos declarar que já consumiu álcool ao menos uma vez na
vida. Outro dado alarmante é que aproximadamente 2,3 milhões de pessoas
apresentaram critérios para dependência de álcool nos 12 meses anteriores à
pesquisa.
3
ressaltar o papel do consumo de álcool, principalmente dos bebedores pesados, no
contexto da violência e ao suicídio (Cherpitel et al., 2013). Globalmente, cerca de
240 milhões de homens e 46 milhões de mulheres possuem algum transtorno
relacionado ao uso de álcool (SENAD, 2017).
No Brasil, segundo o 3º levantamento sobre o Uso de Drogas pela População
brasileira realizado pela Fiocruz (ICICT/FIOCRUZ, 2017), aproximadamente 13%
dos homens brasileiros entre 18 e 65 anos dirigiram após consumir bebidas
alcoólicas e 4,4 milhões de pessoas reportaram ter discutido com alguém sob efeito
de álcool nos 12 meses anteriores à entrevista. Segundo o relatório da OMS (World
Health Organization, 2018), em 2016, de todas as mortes atribuídas ao consumo de
álcool no mundo, 28,7% foram por lesões, como as causadas por acidentes de
trânsito, autolesão e violência interpessoal; 21,3% por distúrbios digestivos; 19% por
doenças cardiovasculares; 12,9% por doenças infecciosas e 12,6% por câncer.
Além do espectro dos prejuízos à saúde física do usuário, o consumo de
álcool também está associado a consequências socioeconômicas, como o
desemprego, problemas familiares, perda de rendimentos e até a estigmatização do
acesso deste indivíduo aos cuidados de saúde
4
ou se envolvem em comportamentos que se tornam compulsivos e frequentemente
continuam, apesar das consequências prejudiciais” (ASAM, 2017).
Além de definir o que é dependência, é importante que se entendam os
critérios necessários para que um profissional da saúde diagnostique o indivíduo
como dependente. Apesar de muitas vezes pouco precisos, esses critérios acabam
sendo um norte para compreender a complexidade dessa doença e para cruzar
aspectos que vão além dos prejuízos citados anteriormente, facilmente
identificáveis.
Apesar da dependência de drogas ser uma temática complexa, com uma
grande individualidade dos dependentes, é importante definir e adotar critérios para
a dependência, pois, desta forma, este fenômeno deixa de ser entendido como um
problema de ordem moral e social, e passa a ser caracterizado como uma doença
que pode ser tratada e estudada, retirando assim sua estigmatização.
Existem dois critérios mundialmente utilizados para classificar um
dependente. O primeiro é definido pela CID-10 (Classificação Internacional de
Doenças), organizada pela OMS e utilizada pelo nosso Sistema Único de Saúde, o
SUS. Enquanto o segundo, pelo DSM (Diagnostic and Statistical Manual, Manual de
Diagnóstico e Estatística), foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria e
é mais utilizado em ambientes de pesquisa. Ambos os critérios podem ser
encontrados no apêndice 8.1 desta dissertação.
5
recompensa, que passa a reconhecer tais drogas como estímulos reforçadores
(Gonzales et al., 2004).
À medida que estas drogas são utilizadas repetidamente, o sistema límbico
sofre pequenas modificações e adaptações moleculares, atuando como um reforço
positivo para o consumo de drogas. Isso se reflete em um aumento do desejo e
necessidade de busca pela droga, a fim de que tal via de recompensa volte a ser
superestimulada (ativada), criando uma associação condicionada entre o consumo
de drogas e sua recompensa (Volkow et al., 2019). Contraintuitivamente, o uso
crônico atenua a liberação de DA induzida por drogas e reduz a experiência de
recompensa, resultando em tolerância e na necessidade de doses mais altas para
atingir o mesmo nível de satisfação (Volkow, et al., 2019).
Receptores dopaminérgicos modulam tanto a via de recompensa, com redes
que modulam o estriado e córtex, como também outra via, relacionada a
mecanismos da memória e condicionamento, envolvendo a amigdala, córtex orbito
frontal medial (OFCm) e hipocampo. As vias envolvidas no condicionamento e
memória possuem um papel crítico na dependência, principalmente porque
permitem que os indivíduos associem um estímulo específico a uma determinada
recompensa ou punição. Alguns estudos sugerem que drogas com potencial aditivo
não aumentam a dopamina em indivíduos dependentes, se comparados com grupos
controles (Volkow et al., 2014), o que pode ser mais uma evidência de que o sistema
nervoso de um dependente ou usuário crônico é diferente daquele de usuários que
não preenchem os critérios para dependência (Volkow et al., 2014).
Estudos mostram que dependentes, de forma geral, possuem menores
expressões de receptores dopaminérgicos D2 (Volkow et al., 2002). Essa redução
de receptores D2 entre indivíduos dependentes pode estar associada com a
diminuição da atividade do OFC, giro cingulado anterior e áreas corticais pré-frontais
dorsolaterais e áreas encefálicas envolvidas na regulação emocional e na tomada de
decisão (Volkow et al., 2002; 2019). Outro dado interessante é que, em estudos com
animais, o aumento de receptores D2, expressos no NAc, reduz o consumo de
drogas em modelos experimentais de dependência ao álcool (Thanos et al., 2001,
2004).
Dependendo dos efeitos farmacológicos da substância, outros sistemas além
do sistema dopaminérgico também sofrem neuroadaptações que podem levar a
6
dependência, dado seu papel regulador na recompensa e no reforço. Apesar de
serem diversos e envolverem diferentes regiões do SNC, alguns destes sistemas
estão de forma mais clara relacionadas com o presente estudo, e serão brevemente
comentados.
Sabe-se que o uso inicial e ocasional de substâncias se difere, em vários
aspectos, da dependência. Essa diferença tem correlatos com a mudança de
circuitaria cerebral envolvida nos mecanismos de dependência.
Quando ocorre esta migração do comportamento de busca inicial da
substância para um comportamento habitual, existe uma correspondência
neuroanatômica de migração da ativação da região ventral do estriado para a região
dorsal do estriado (Belin & Everitt, 2008). Estudos com cocaína e etanol mostraram
que as conexões entre a OFC e a região dorso medial do estriado (DMS) é crítica
para esse comportamento de busca inicial por recompensa (Gremel & Costa, 2013).
O cérebro tem diversos mecanismos que modulam as sinapses dessas regiões
OFC/DMS, e promovem ou inibem a formação de hábitos.
O estresse também é um fator importante no desenvolvimento e manutenção
da dependência. Neste sentido, é importante considerar que as áreas cerebrais
envolvidas na resposta ao estresse e a circuitaria da recompensa estão
correlacionadas. Sabe-se que algumas atividades que geram estresse moderado e
liberação de adrenalina, como saltar de paraquedas, por exemplo, podem também
gerar a ativação da via de recompensa. E, quando ocorre uma excessiva ativação
do sistema de recompensa, como nos processos de dependência de drogas, isso
pode envolver o sistema de resposta ao estresse do SNC. Indivíduos que se tornam
dependentes podem perder as funções normais e aspectos do sistema de
recompensa, ganhando ativação do sistema do estresse também.
O CRF (Corticotropin Releasing Factor, em tradução livre, Fator de liberação
de corticotrofinas) e a dinorfina possuem um papel essencial nesse sistema (George
& Koob, 2013). Quando um indivíduo passa por um momento de estresse agudo, o
peptídeo CRF é liberado na amígdala estendida. Curiosamente isso também ocorre
durante episódios de abstinência ao álcool (Merlo et al., 1995). Alguns estudos
corroboram essa hipótese, verificando que antagonistas de CRF diminuíram a
ansiedade gerada pela abstinência (Overstreet et al., 2004). Além disso,
7
antagonistas de CRF diminuíram o consumo de álcool de ratos dependentes, mas
não interferiram no consumo de animais não dependentes (Funk et al., 2007).
Essas mudanças na concentração de CRF extra hipotalâmica podem estar
relacionadas a uma resposta hormonal inicial e a um aumento na liberação de
glicocorticoides, diminuindo os níveis de CRF no núcleo paraventricular e
aumentando na amígdala (Koob & Le Moal, 2001). Um efeito similar é visto em
animais dependentes (Roberto et al., 2010). Outro dado importante é que hábitos
compulsivos de ingestão de drogas levam a um aumento dos níveis de CRF na
amígdala, PFC e VTA, contribuindo para a ocorrência de respostas estressantes e
estados emocionais negativos, que podem servir de contexto para o consumo
compulsivo, servindo como reforço negativo. Similar aos antagonistas de CRF,
antagonistas de glicocorticoides, como a mifepristona, também foram capazes de
diminuir o consumo de álcool em animais dependentes, mas não em animais não
dependentes (Vendruscolo et al., 2012, 2015). Translacionalmente, em um estudo
com humanos, observou-se que este antagonista de glicocorticoides (mifepristona)
foi capaz de diminuir a fissura e o consumo de bebidas alcoólicas, quando
comparado a um grupo controle placebo (Vendruscolo et al., 2015).
Aspectos da memória e das pistas sociais e ambientais também podem
interagir com o consumo de drogas. Um exemplo disso é quando indivíduos
dependentes recebem uma ligação de um colega para se encontrar no bar, ou
quando o dependente passa no ambiente em que usualmente consumia ou
consome a droga. No caso de animais de laboratório, podemos exemplificar citando
experimentos em que uma luz acende numa gaiola como pista ambiental ou o
animal é adicionado em um ambiente específico. Este ambiente (inicialmente um
estímulo neutro) passa a ser emparelhado (condicionado) com outro estímulo (a
droga) e, finalmente se torna um estímulo discriminativo para o comportamento de
usar a droga, pois sinaliza a disponibilidade do reforço. Nesse aspecto, o NAc possui
um papel importante, pois é nele que o ocorre um potencial de longa duração,
ativando essa região e afetando a resposta do próprio estímulo (Gipson et al., 2013).
Na dependência ao etanol, um tratamento coadjuvante e usual é a utilização
de antidepressivos. Sabemos que a diminuição dos níveis serotoninérgicos está, de
alguma forma, relacionado com transtornos depressivos, e estes têm sua relação
com a própria dependência; contudo, o próprio papel da serotonina no cérebro
8
merece mais estudos (Andrews et al., 2015; Thibaut, 2017). As projeções
serotoninérgicas do núcleo da rafe e do nervo vago estão relacionadas com diversas
funções cerebrais, além da grande quantidade de tipos de receptores de serotonina,
o que dificulta saber quais receptores estão envolvidos em que.
Diversas linhas de evidências sugerem que o aumento na excitação do
sistema serotoninérgico pode ser aversivo. O tratamento farmacológico com
inibidores da recaptação de serotonina (IRS), por exemplo, pode levar a ansiedade,
pânico e ideações suicidas (Burghardt & Bauer, 2013). A serotonina também
desempenha um papel importante na ansiedade induzida pela dependência ao
etanol. Agonistas serotoninérgicos, em indivíduos dependentes de álcool, podem
induzir estados de fissura (Krystal et al., 1994; Umhau et al., 2011), além dos IRS e
ISRS poderem aumentar a ansiedade e o próprio consumo em usuários com uso
pesado de álcool (Kranzler et al., 2011, 2012). Com estes resultados, alguns
pesquisadores continuam tentando elucidar o porquê desses efeitos sobre a
ansiedade, principalmente quando associados à alcoolistas. Em um modelo de
dependência em camundongos, no qual os animais eram expostos a álcool em
vapor e avaliados 24 horas e 7 dias após a abstinência, os animais mostraram
comportamentos associados à ansiedade (Lowery-Gionta et al., 2015). Esse efeito
aparenta ser dependente de serotonina, visto que, injetando nos animais
antagonistas de receptores serotoninérgicos, os comportamentos ansiogênicos
foram reduzidos (Marcinkiewcz et al., 2015).
Avançando nos aspectos neurobiológicos, o álcool é capaz de induzir uma
hiperexcitação tanto no núcleo dorsal da rafe quanto na região do Bed nucleus of the
stria terminalis (BNST), parte da amígdala estendida. Existe uma população de
neurônios que respondem à serotonina na região do BNST que expressa tanto CRF
quanto receptores serotoninérgicos 5HT2C. Quando ativados, esses neurônios
inibem as projeções para o VTA e hipotálamo lateral, inibindo o comportamento
dirigido pela recompensa e estados aversivos. É interessante que, silenciando os
neurônios de CRF no BNST, bloqueia-se o efeito da fluoxetina (um popular
antidepressivo da classe dos ISRS) de aumentar o aprendizado dependente de
memórias aversivas e ansiedade (Marcinkiewcz et al., 2016).
Como comentado anteriormente, o NAc é uma região importante para a
dependência de drogas e para o sistema de recompensa. O NAc é uma região no
9
prosencéfalo basal, rostral à área pré-óptica do hipotálamo, e faz parte do chamado
estriado ventral. O conjunto dos estriados (ventral e dorsal) forma o estriado, sendo
esta a principal região dos gânglios da base (Carlson, 2012). Essa região recebe um
grande número de projeções da via mesolímbica, integrando informações de
estruturas corticais e límbicas para mediar alguns comportamentos (Carlson, 2012;
Scofield et al., 2016). A estrutura do NAc no encéfalo é bilateral, sendo que cada
lado pode ser subdividido em subregiões. Apesar de atualmente o NAc ser subdivido
em mais de duas partes, neste trabalho será utilizada a subdivisão canônica em que
divide o NAc em core e shell. Essas regiões possuem morfologias e funções
diferentes, além de uma diferença na subpopulação de neurônios, por exemplo dos
tipos D1 e D2, sendo responsáveis por diferentes funções cognitivas.
De modo geral, a totalidade do núcleo accumbens possui funções
relacionadas ao processamento cognitivo da motivação, aversão, recompensa (de
uma forma mais específica na saliência de incentivo e nos reforços positivos), e na
aprendizagem por reforço (Saddoris et al., 2015, Ikemoto, 2010).
A diferença nas regiões shell e core, como comentado, se dá na parte
morfológica e funcional. A região Shell compreende a parte periférica do accumbens
e faz parte da amígdala estendida (Carlson 2012). Os principais tipos celulares do
NAc são em grande parte neurônios espinhosos médios sendo que, estes
expressam principalmente receptores dopaminérgicos da família D1 ou D2. É
interessante que uma porcentagem considerável (aproximadamente 40%) desses
neurônios expressa ambas famílias de receptores dopaminérgicos e estão em
maiores concentrações na região shell (Yager et al., 2015, Nishi et al., 2011).
Já a região core representa a parte central (interna) do NAc. Essa região
possui predominantemente neurônios espinhosos médios com expressão de
receptores dopaminérgicos da família D1 ou D2. Há evidências de que os neurônios
que expressam a família D1 mediam comportamentos relacionados a recompensa,
enquanto os neurônios espinhosos médios que expressam a família D2 podem estar
mais relacionados a mediação de processos cognitivos relacionados a aversão.
(Dumitriu et al., 2012; Saddoris et al., 2015). Também na região core, ocorrem
projeções para o globo pálido e substância nigra. É interessante que na região core
também existe uma abundância de receptores gabaérgicos (Meredith et al., 1992,
1993; Saddoris et al., 2015).
10
Quando explorado mais especificadamente as funções das regiões do NAc, o
shell aparentemente está relacionado com o processo cognitivo de recompensas,
como estímulos prazerosos, saliência motivacional e reforços positivos (Baliki et al.,
2013; Dumitriu et al., 2012; Saddoris et al., 2015). Também é na região shell em que
aparentemente ocorre uma maior liberação de dopamina com o consumo de drogas
de abuso, se comparado a região core (Hyman et al., 2006). Já a região core
aparentemente está relacionada aos processos cognitivos das funções motoras
relacionadas a recompensa e reforço, além da regulação do sono de ondas lentas
(Oishi et al., 2017; Saddoris et al., 2015; Valencia Garcia & Fort, 2018).
Outros dados que auxiliam os pesquisadores a desvendar os mecanismos
envolvidos com os testes comportamentais e a administração de substâncias, é a
análise de biomarcadores periféricos e centrais, além da ativação de regiões
específicas por proteínas. Estudos de biologia molecular têm apontado algumas
proteínas que parecem estar envolvidas com os mecanismos de dependência. O
recrutamento de regiões encefálicas envolve a ativação de diferentes mecanismos
para processar e transmitir a informação intracelular e intercelular. Essa ativação
pode ocorrer de formas diversas, como por alterações da atividade eletrofisiológica
neural ou por alterações na cascata de mensageiros celulares que evocam a
produção de fatores de transcrição. Esses fatores podem induzir ou inibir a
transcrição de genes (Herdegen & Leah 1998, Robison & Nestler, 2011).
Os genes ativados pelos fatores de transcrição podem produzir diferentes
proteínas, como as que constituem receptores de membrana, transportadores e
enzimas de síntese de neurotransmissores. Entre os fatores de transcrição mais
estudos está a família FOS, principalmente a FOSB, ΔFOSB e o c-Fos.
O ΔFosB talvez seja o fator de transcrição de gene mais significativo no
processo de dependência, visto que a superexpressão deste fator no NAc está
relacionado com adaptações neurais e efeitos comportamentais, como o aumento da
expressão de ΔFosB em modelos de auto-administração de drogas e de
sensibilização comportamental (Robison & Nestler, 2011; Ruffle, 2014). A
superexpressão de ΔFosB também é observada no processo de dependência ao
etanol e outras drogas de abuso, além de estar relacionada a respostas
comportamentais frente as recompensas naturais, tais como alimentação, sexo e
atividades físicas (Blum et al., 2012; Robison & Nestler, 2011; Ruffle, 2014).
11
Já a proteína c-Fos é um proto-oncogene que pertence a uma família de
genes de expressão imediata. Esses genes são fatores de transcrição de ativação
rápida e passageira na cascata inicial da expressão gênica que é responsável pelo
início do processo de mudanças adaptativas induzidas por estímulos extracelulares
(Davis et al., 2003). O c-Fos é induzido rapidamente após a ativação sináptica e
atinge o pico de expressão entre 90 e 120 minutos após ocorrer uma estimulação
(Grzanna & Brown, 1993; Robison & Nestler 2011). Essa proteína é um produto do
gene c-Fos e tem papel regulatório em conjunto com outros membros das famílias
FOS e JUN, que formam um complexo heterodimérico AP1, posteriormente ligando-
se ao DNA para controle da expressão gênica. Adicionalmente, o complexo AP1
liga-se a locais específicos presentes no interior de regiões regulatórias de diversos
genes, que incluem os relacionados com o comportamento e com a plasticidade
neural (Nye & Nestler, 1996; Robison & Nestler, 2011).
Animais que não sofreram qualquer estímulo e estão sujeitos apenas a
processos fisiológicos contínuos apresentam níveis considerados basais de c-Fos.
Contudo, a expressão desta proteína cresce rapidamente no SNC quando recebem
estímulos variados, como substâncias de abuso e características associadas à
novidade (Duncan 1996; Morrow, 2000). A exposição aguda e crônica ao álcool e
outras drogas também proporciona uma série de respostas adaptativas na via
mesolímbica do sistema dopaminérgico, incluindo mudanças nos fatores de
transcrição e genes de expressão imediata (Clapp et al., 2008, Cruz et al., 2015,
Nestler, 2011). Em resumo, a expressão de c-Fos indica que o neurônio está
submetendo-se a um processo de adaptação e possivelmente plasticidade advindo
de estímulos neuronais. Usualmente, ela está associada à ativação neuronal.
Neste sentido, Faria et al., (2008) observaram que a administração aguda de
etanol aumentou a expressão de c-Fos em regiões como PFC, córtex motor,
amígdala, hipocampo e NAc de camundongos. Já a administração crônica em
animais avaliados em modelo de sensibilização ao etanol produziu efeito contrário,
ou seja, ocorreu uma baixa expressão de c-Fos (Faria et al., 2008).
Além destes fatores de transcrição imediatos, outras alterações são mais
tardias e duradouras, como modificações na expressão e localização de
transportadores e enzimas de sínteses. A figura 1 mostra como respostas imediatas
podem modular vias com efeito tardio. Observa-se no painel A que a ativação do
12
receptor dopaminérgico D1 leva a uma ativação da via da proteína quinase A (PKA),
que estimula a formação do CREB (cAMP response element-binding), produzindo
como resultado um aumento da expressão da dinorfina e da atividade do neurônio
GABAérgico. No painel B pode ser observado como o ΔFosB pode modular a
expressão da dinorfina no neurônio no NAc, um evento resultante da ação de
opioides ou agonistas indiretos da dopamina (cocaína). Acredita-se também que
estes substratos celulares contribuam no aspecto emocional e motivacional da
abstinência e abuso de drogas (Hyman et al., 2006; Nestler & Lüscher, 2019).
Figura 1 Relação do sistema dopaminérgico (DA) via dinorfina (DYN), no estriado dorsal e
ventral (NAc) na adição a drogas. Modificado de (Hyman et al., 2006; Nestler, 2001).
13
alternativas, destaca-se nos últimos anos o uso de produtos naturais ou substâncias
ativas isoladas de plantas (Mendes & Prado, 2017).
Poucos fármacos são utilizados como coadjuvantes no tratamento da
dependência e, por não se tratar do foco deste estudo, não serão aprofundados
aqui. Já as plantas medicinais, como comentado, são alternativas muito usuais pela
população brasileira. Fazendo uma busca na literatura, não é difícil encontrar
estudos pré-clínicos, clínicos e principalmente etnoantropológicos da utilização de
plantas medicinais para a dependência (Singh et al., 2020). Dentre as plantas mais
citadas, destaca-se a Erva de São João (Hypericum perforatum L.), planta conhecida
pelo sucesso no combate à depressão (Uzbay, 2008). Outro exemplo é a iboga
(Tabernanthe iboga Baill.), arbusto cuja raiz tem sido muito utilizada, sendo seu
potencial terapêutico avaliado para a dependência ao etanol por Rezvani et al.,
(1995), além de sua utilização ser popular em clínicas pelo Brasil e pelo mundo. A
iboigaína é uma triptamina (alcaloide monoamínico encontrado em plantas, fungos e
animais e quimicamente relacionado ao aminoácido triptofano) e age em diferentes
sistemas de neurotransmissão no SNC. Apresenta afinidade pelo receptor NMDA,
receptores opioides do tipo kappa, receptores do tipo sigma e receptores nicotínicos,
além de ser agonista de receptores 5-HT2A (Glick et al., 2001; Popik & Glick, 1996).
Outra bebida a base de plantas medicinais, a ayahuasca, vem chamando a
atenção da comunidade acadêmica-científica nas últimas décadas. Seu uso tem
crescido bastante e fomentado diversas pesquisas acadêmicas, principalmente no
território brasileiro (Barbosa et al., 2018), como será discutido nas próximas sessões.
14
1.7 A Ayahuasca
15
grupos que utilizam o chá, e apesar da Banisteriopsis caapi aparentemente ser a
planta comum nestes, há combinações substituindo-a também). Comumente, uma
dessas plantas adicionadas na mistura é do gênero Psychotria, particularmente a
Psychotria viridis. Nas folhas de P. viridis são encontrados os alcaloides N, N-
dimetiltriptamina (DMT) e em menor quantidade N-metiltriptamina, agonistas
serotoninérgicos com ação alucinógena no SNC (Callaway et al., 1999; Callaway,
2005; McKenna et al., 1984). Já o cipó (tronco) de B. caapi possui alcaloides com
estrutura β-carbonílicas, tais como harmina, harmalina e tetra-hidroharmina (THH)
com potente ação inibidora reversível sobre a monoamina oxidase (MAO) hepática e
intestinal.
É importante ressaltar que a associação das plantas utilizadas na preparação
do chá é fundamental para se obter os efeitos psicoativos esperados. O DMT não é
ativo oralmente quando ingerido individualmente, contudo, isso pode ser contornado
quando se utiliza em conjunto com os inibidores periféricos da MAO, como as β-
carbolinas. Essa interação e sinergia é a base da ação psicotrópica e farmacológica
da ayahuasca (McKenna & Towers, 1984). Devido ao DMT ser um alcaloide
encontrado em abundância em diversas outras espécies da flora, outras plantas
também são utilizadas na preparação de bebidas análogas. Um exemplo é a
utilização de espécies conhecidas como Jurema no vinho de Jurema.
16
constituintes que provavelmente não participam do efeito farmacológico (McKenna &
Towers, 1984). Na figura 2 é possível observar as estruturas moleculares dos
alcaloides citados e suas semelhanças com o neurotransmissor serotonina.
17
As β-carbolinas, por serem inibidores da MAO, também tem potencial de
apresentar atividade psicoativa, mas é difícil atribuir suas ações isoladas aos efeitos
alucinógenos ou psicodélicos (Shulgin & Shulgin, 1997). A ação primária das β-
carbolinas, quando a ayahuasca é consumida por via oral, é a inibição da MAO
periférica (presente em altas concentrações no trato gastrointestinal). Por outro lado,
há evidências de que as β-carbolinas atravessem a barreira hematoencefálica
produzindo também, em menor grau, inibição da MAO central (He et al., 2015a;
Meinguet et al., 2015). Ademais, existem evidências de que a THH, um dos mais
abundantes alcaloides β-carbolínicos da bebida, age como um inibidor da
recaptação de serotonina, aumentando o tempo da serotonina e possivelmente do
DMT na fenda sináptica, podendo gerar um efeito de “disputa” com o DMT nos
receptores pós-sinápticos, e atenuando os efeitos subjetivos da ingestão oral do
DMT (Callaway et al., 1999).
O principal efeito sinérgico entre os constituintes da ayahuasca se dá pela
inibição da MAO periférica pelas β-carbolinas presentes no preparado. Com isso,
previne-se que ocorra a oxidação periférica do DMT, de modo que este consegue
ser oralmente ativo e produz sua ação no SNC (McKenna & Towers, 1984). É
importante ressaltar que o DMT sozinho é inativo quando administrado oralmente,
mesmo em doses muito altas como 1000 mg (McKenna, 1998; Nichols, 2004).
Contudo, outras formas de administração são utilizadas por usuários que preferem
ter a ação do DMT isolada, normalmente por via parenteral utilizando a DMT
(substância pura e isolada), ou a Changa, mistura de plantas que contém DMT,
sendo tais misturas fumadas ou inaladas, como no caso dos Rapés indígenas. Estas
formas alternativas de administração possuem uma ação instantânea e de curta
duração (em torno de 15 minutos) (McKenna, 1998; Smith et al., 2014; Stafford,
2013). Apesar destas formas alternativas, apenas o chá de ayahuasca é oralmente
ativo e promove uma ação prolongada, além de efeitos diferentes daqueles de
quando consumidos de forma parenteral. Consumido na forma de chá, o efeito inicial
ocorre aproximadamente após 40 minutos da ingestão e com longa duração (horas),
produzindo geralmente efeitos mais brandos (Callaway et al., 1999).
Os efeitos observados pelo consumo da ayahuasca geralmente incluem
visualização de mandalas e outra imagens de fosfenos, essas podendo ser vistas
com os olhos fechados, estado mental alterado, com contexto onírico exacerbado,
18
além de sentimento de estimulação e estado de alerta (Callaway et al., 1999). Além
do efeito alucinógeno, náuseas, vômito e diarreia estão relacionados com a ingestão
de ayahuasca, que pode induzir taquicardia, tremores, midríase, euforia e excitação
(Costa et al., 2005).
As β-carbolinas são altamente sensíveis ao subtipo MAO-A, forma da enzima
com maior afinidade na degradação de serotonina e outras aminas (Yasuhara,
1974). Antidepressivos inibidores da MAO aumentam os níveis cerebrais de
serotonina e outras aminas, como a dopamina e adrenalina, pois bloqueiam uma das
vias de metabolização dessas aminas. Em altas doses, também pode ocorrer uma
certa inativação da MAO-B pelas β-carbolinas. Este fato, aliado com a baixa
afinidade da MAO-B presente no fígado, mostra uma característica muito peculiar do
chá, e pode explicar o porquê não é comum relatos sobre crises no sistema
autonômico periférico, principalmente quando o chá é consumido
concomitantemente com alimentos ricos em tiramina (Callaway et al., 1999).
Numa perspectiva bioquímica, as β-carbolinas são alcaloides tricíclicos
indolicos com estrutura relativamente próxima das triptaminas, tanto na sua
biossíntese quanto farmacologicamente. (McKenna et al., 1984; McKenna & Towers,
1984). Já o DMT, como comentado previamente, é considerado um psicodélico
clássico (as estruturas moleculares dos psicodélicos clássicos e da serotonina
podem ser observadas na figura 3). Desta forma, é importante serem abordados os
efeitos admitidos para os alucinógenos clássicos e em seguida, as particularidades
do DMT em si. De uma perspectiva biológica, estudos pré-clínicos e em humanos
consideram que a alteração mental induzida pelos alucinógenos pode estar
associada a ação agonista sobre receptores serotoninérgicos corticais, em especial
o 5-HT2A. Essa ativação é interessante, pois estudos recentes mostram que a
ativação desses receptores gera a ativação de receptores glutamatérgicos do tipo
AMPA (alpha-amino-3-hidroxy-metil-5-4-isoxazolpropionico), aumentando a ativação
cortical e o fluxo de informação (Bouso et al., 2018; Murnane, 2018). Estes mesmos
estudos, além do trabalho realizado por Nichols (2016), também sugerem que essas
substâncias podem estimular a neuroplasticidade, principalmente estimulando a
expressão de c-Fos no córtex pré-frontal medial (mPFC) e córtex cingulado anterior
(ACC), além do aumento da expressão de BDNF no PFC. Esse aumento agudo
(24h) favorece a neuritogênese, espinogênese e sinaptogênese no PFC sendo
19
mediados pelo agonismo de receptores 5-HT2A e pela ativação dos receptores
tirosina kinase B (TrkB) pela alta afinidade de BDNF e mTOR, sendo muito
interessante que essa classe é até “apelidada” por alguns pesquisadores, como
“psicoplastógenos” (Murnane, 2018).
Além de potente agonista 5-HT2A, o DMT também apresenta afinidade por 5-
HT1A, 1B, 1D, 5-HT2c (Callaway et al., 1996; Grob et al., 1996; Nichols, 2016) e 5-HT7
(Speranza et al., 2017), este último, envolvido na modulação da sinaptogênese e
neuritogênese. Por fim, também é visto uma afinidade da DMT com os receptores
Sigma-1, o que pode estar relacionado com um possível efeito neuroprotetor da
ayahuasca (Bouso et al., 2012; dos Santos & Hallak, 2020).
20
terapêutico. Diversos trabalhos sugerem o potencial terapêutico da ayahuasca para
transtornos como depressão, ansiedade, transtornos de uso de substâncias, em
especial o alcoolismo e tabagismo (dos Santos & Hallak, 2020; Labate, 2000;
Wiltenburg et al., 2021).
Segundo Labate (2000), os movimentos religiosos que utilizam o chá de
ayahuasca têm recebido um número crescente de usuários de drogas de abuso
interessados em participar dos seus rituais, e esses indivíduos procuram tais
movimentos para auxílio no abandono da dependência. Integrantes e ex-integrantes
das religiões ayahuasqueiras relatam que a participação nos cultos contribuiu
significativamente para a diminuição do uso de drogas e melhora de problemas
psiquiátricos (Halpern et al., 2008; McKenna, 2004). Isso pode estar relacionado ao
contexto social em que o chá é consumido, mas não se pode descartar a hipótese
de que os componentes da ayahuasca exerçam um efeito farmacológico
antidependência per se. Por outro lado, é bem conhecido que o chá possui
propriedades psicoativas e, portanto, seu uso deve ser feito com cautela, pautado
em estudos científicos.
Nesta perspectiva em que o contexto social e as vivências psicológicas que o
chá proporciona são fatores importantes no processo terapêutico, Barbosa et al.,
(2018) realizaram uma pesquisa quantitativa e qualitativa em membros da UDV com
problemas associados ao álcool e tabaco. A pesquisa envolveu mais de 1900
pessoas e trouxe dados muito interessantes quanto ao potencial terapêutico do chá
para a dependência. Os pesquisadores mostraram que o sucesso da terapêutica
antidependência entre participantes nos rituais da ayahuasca foi superior ao
encontrado em outras religiões que atuam com dependentes, mas que não tem a
ayahuasca como parte da intervenção. Este fato reforça os achados que sugerem
que a ayahuasca pode ter potencial terapêutico por si só, além do contexto
ritualístico.
No estudo de Barbosa, foram avaliados mais de 1947 membros da UDV,
maiores de 19 anos, em termos de anos de membresia na UDV e frequência nas
reuniões periódicas nos últimos 12 meses. O estudo mostrou que transtornos
relacionados ao consumo de álcool e tabaco foram significativamente menores nos
membros da UDV do que se comparados às médias da população brasileira. Vale
ressaltar que esse resultado apresenta uma forte correlação com o número de
21
participação nos rituais dos últimos 12 meses, e também há quanto tempo já
participa da UDV, frequência de participações nos encontros periódicos, sendo que
os membros mais antigos da UDV mostraram uma diferença ainda maior se
comparados a normalidade brasileira (Barbosa et al., 2018).
A potencialidade da ayahuasca em tratar a dependência de drogas, com
ênfase na harmina, foi discutida em uma revisão publicada por Brierley & Davidson,
(2012). Os estudos apoiam, pelo menos em parte, as alegações de que o chá de
ayahuasca seria benéfico no tratamento da dependência de drogas.
A maioria dos estudos clínicos disponíveis sobre a ayahuasca são estudos
observacionais e retrospectivos com frequentadores das religiões ayahuasqueiras.
Grob et al. (1996) avaliaram um grupo de quinze usuários de ayahuasca, no qual
onze relataram ter um histórico de uso moderado a grave de álcool e outras drogas
antes de entrar na União do Vegetal e todos eles descontinuaram o uso das drogas
de abuso, sem relatos de recaídas, pouco tempo depois do início do uso recorrente
de ayahuasca. Labigalini Junior (1998) avaliou um grupo de quatro indivíduos que
haviam apresentado dependência e que também descontinuaram o uso das drogas
de abuso após começarem a frequentar os rituais. Em outro trabalho, adolescentes
pertencentes a uma religião ayahuasqueira apresentaram menor uso de álcool e
outras drogas em relação a jovens de mesma faixa etária que nunca fizeram uso do
chá de ayahuasca (Doering-Silveira et al., 2005).
Em um outro estudo observacional foi avaliado o efeito da participação em
duas sessões de terapia assistida com ayahuasca em combinação com quatro
sessões em grupos de aconselhamento sobre o consumo de substâncias de abuso
e outros parâmetros. Foi relatado diminuição do uso de álcool, tabaco e cocaína
pelos participantes, mas não de maconha e morfina (Thomas et al., 2013). Também
foi observada melhora nas escalas de humor e qualidade de vida e foi sugerido que
a terapêutica empregada produziu mudanças psicológicas e comportamentais
positivas nos participantes. Mercante (2013) realizou o estudo em três comunidades
no Brasil que utilizam a ayahuasca para tratar a dependência e através das
observações e entrevistas relata que o tratamento com ayahuasca se difere de uma
terapia de substituição, como por exemplo, a terapia com metadona para
dependentes de heroína, pois no tratamento com ayahuasca também são
trabalhadas questões sociais. Portanto, este tratamento proporciona uma
22
transformação social e pessoal, o que diminui as chances de recaída. Em uma
pesquisa recente, Jiménez-Garrido et al. (2020) realizaram um estudo longitudinal
com dois subgrupos de usuários de ayahuasca: novos usuários (näive) e usuários
de longo prazo. O estudo mostrou que os usuários novos apresentaram melhora
clínica em quadros psiquiátricos após 6 meses, avaliada por questionários, enquanto
os usuários de longo prazo apresentaram menores índices de depressão e maior
escore para qualidade de vida, comparado ao grupo näive. O potencial terapêutico
da ayahuasca no tratamento da dependência de drogas também foi avaliado em um
estudo qualitativo realizado com profissionais de saúde e curandeiros indígenas e
apontou evidências da efetividade da ayahuasca (Loizaga-Velder & Verres, 2014).
Além destas pesquisas, outras pesquisas pré-clínicas vem surgido nos
últimos anos para somar a esses dados clínicos. Oliveira-Lima et al. (2015),
realizaram um estudo com camundongos por meio do desenvolvimento de
sensibilização comportamental induzida por etanol, avaliando a atividade locomotora
dos animais. O trabalho mostrou que a ayahuasca foi capaz de bloquear a
sensibilização ao etanol em camundongos. Outro estudo deste laboratório avaliou o
efeito da ayahuasca, assim como os efeitos isolados das espécies que constituem a
bebida, P. viridis e B. caapi, em camundongos, sobre o teste de preferência
condicionada ao lugar induzido por etanol (Cata-Preta et al., 2018). Ayahuasca ou o
extrato de cada espécie foram administrados antes do etanol durante as sessões de
condicionamento, sendo observado que a ayahuasca foi capaz de bloquear o
desenvolvimento da preferência condicionada, enquanto que separadamente os
extratos não exerceram efeitos significativos. Além disso, os efeitos de um
tratamento pós-condicionamento foram avaliados no ambiente pareado com etanol e
todos os extratos bloquearam a preferência condicionada ao lugal induzida por
etanol. Outros estudos pré-clínicos também apresentam resultados que nos ajudam
a elucidar seus mecanismos e o potencial terapêutico na dependência de drogas da
ayahuasca (dos Santos & Hallak, 2020; Nunes et al., 2016).
Os dados apresentados sugerem que a ayahuasca pode ser um forte aliado
no tratamento da dependência química, entretanto é necessário reforçar que ainda
há a necessidade de estudos clínicos controlados que comprovem a eficácia e
segurança desta bebida para o tratamento da dependência química, além da
reprodução de estudos pré-clínicos. A reprodutibilidade dos estudos é um fator
23
imprescindível para aumentar a robustez dos dados experimentais, principalmente
no caso da ayahuasca, em que existe uma grande variabilidade da quantidade dos
princípios ativos nos diversos chás utilizados, tanto nos grupos de pesquisas, quanto
pelas doutrinas sincréticas. Desta forma, também é fundamental avaliar qual a
importância da religião e contexto de uso no tratamento dos indivíduos dependentes.
Possíveis mecanismos de ação da ayahuasca na dependência de drogas,
considerando tanto seus efeitos bioquímicos como os efeitos psicológicos, são
discutidos por Liester & Prickett, (2012). Resumidamente, são apresentadas quatro
hipóteses, que se complementam, para explicar os possíveis mecanismos
bioquímicos, fisiológicos, psicológicos e transcendentais. A hipótese bioquímica
sugere que a ayahuasca tem propriedades antidependência por meio da redução de
dopamina na via mesolímbica, como resultado dos efeitos em receptores
serotoninérgicos, pois sendo o DMT um potente agonista de receptores 5-HT2A, sua
ação resulta em uma diminuição na liberação de dopamina nas vias mesolímbica,
mesocortical e nigroestriatal. Além disso, usuários de ayahuasca apresentam níveis
elevados de prolactina, sendo esse um possível indicativo da redução de dopamina,
que modula negativamente a liberação desse hormônio. A hipótese fisiológica
sugere que a redução dos níveis de dopamina na via mesolímbica interfere na
plasticidade sináptica associada com o desenvolvimento e manutenção da
dependência. A hipótese psicológica sugere que a ayahuasca trata a dependência
por meio da resolução de traumas, encorajando a compreensão do potencial de
escolha e aperfeiçoando tomadas de decisão. Por último, a hipótese transcendental
sugere que a ayahuasca trata a dependência por meio da experiência
transcendental facilitada; sendo que esses aspectos da experiência podem incluir
visões de uma realidade espiritual, alteração de noção do tempo e espaço,
inefabilidade, insights intuitivos e sentimentos de unidade com o universo (Liester &
Prickett, 2012).
Por fim, ainda são carentes estudos controlados, em especial estudos com
animais de laboratório, além da reprodutibilidade destes estudos, que permitam
induzir um quadro experimental de dependência e avaliar a participação de
proteínas-chave nas vias moduladoras da dependência química.
24
1.10 Modelos em animais
25
substâncias, em especial os estimulantes, que se assemelham a sensibilização.
Contudo, mais pesquisas são necessárias para examinar as características da
sensibilização em humanos, incluindo os sistemas neurobiológicos envolvidos
(Steketee & Kalivas, 2011).
Por fim, a necessidade de tratamentos complementares que possam auxiliar
os processos terapêuticos na dependência, em especial a dependência ao etanol,
mostra-se essencial. Entender os mecanismos de funcionamento desses agentes
farmacológicos e da própria dependência apresenta-se como um caminho sólido e
necessário a ser trilhado nas pesquisas desta área do conhecimento.
26
2. OBJETIVOS
Figura 4 Material botânico e preparo do chá de ayahuasca na sede da UDV em Mogi das
Cruzes - SP. (a) Banisteriopsis caapi; (b) Psychotria viridis; (c) Decocção da Ayahuasca.
28
3.2 Liofilização do Chá de Ayahuasca
29
3.3 Quantificação dos alcaloides presentes no chá de ayahuasca
30
mM com 0,1% de ácido fórmico (Solução A) e metanol 0,1% ácido fórmico (Solução
B), a um fluxo de 300 µL/min, 40 ºC, nas seguintes condições: 0-7 min, 90-50% A; 7-
8 min, 50-90% B. O tempo total de corrida foi de 8 minutos. As fragmentações
utilizadas no MRM e os tempos de retenção de cada analito são descritos na tabela
1.
Tabela 1 Descrição dos íons precursores, íons produto, tempo de retenção, voltagem do cone e energia de colisão
no método por UPLC-ESI-MS/MS.
Analito Tempo de Íon precusor (m/z) Íon produto (m/z) Voltagem Energia
retenção (min.) do cone de colisão
195,1 114,9 15 36
195,1 143,8* 15 22
188,9 116,7 25 29
188,9 143,8* 25 17
217,1 187,9 25 17
217,1 200,0* 25 13
215,2 171,7 50 33
215,2 199,9* 50 25
213,2 169,8 50 33
213,2 198,0* 50 25
* Transição utilizada para quantificação dos analitos. PI - Padrão interno. m/z - Razão
massa/carga.
31
3.5 Quantificação de Etanol por GC-FID
3.6 Animais
32
da enzima monoaminooxidase in vitro. Este estudo foi aprovado pela Comissão de
Ética em Uso Animal da Universidade Federal do ABC (CEUA - UFABC) sob número
do processo 2502090217 (Anexo 9.1).
3.7 Drogas
33
O ensaio foi realizado em microtubos, utilizando 200 µL da fração proteica (na
concentração de 1,0 mg/mL) contendo a enzima MAO e tampão de ensaio. Foram
acrescentados 50 µL de selegilina para uma concentração final de 250 nM
(concentração que inibe especificamente a MAO-B) e os tubos foram pré-incubados
a 37 oC por 5 minutos. Em seguida, o chá de ayahuasca e o seu liofilizado diluído
foram pipetados em diferentes concentrações, incubados por 5 minutos e, por
último, acrescentados 20 µL do substrato quinuramina (90 µM) seguido de incubação
por 30 minutos a 37oC, encerrando-se a reação com a adição de 300 µL de TCA. Os
tubos foram centrifugados por 5 minutos a 16.000g em 4 oC e 800 µL do
sobrenadante foram transferidos para outro tubo de ensaio contendo 1 mL de NaOH
1M.
A atividade enzimática foi medida pela formação de 4-hidroxiquinolina (4-OH)
em espectrofluorímetro com faixa de excitação de 320 nm e emissão em 560 nm. A
porcentagem de inibição de cada concentração de ayahuasca foi obtida utilizando
um ensaio da amostra da ayahuasca liofilizada e um ensaio da amostra original. Até
a conclusão desta tese, somente foi possível realizar um ensaio. O cálculo de CI50
será realizado futuramente, quando outros ensaios forem realizados. Clorgilina
(inibidor da MAO-A) foi empregada como controle positivo do teste.
34
administração, os animais foram imediatamente colocados em gaiolas de arame e
observados e monitorados nos seguintes intervalos de tempo: 0-15 minutos, 15-30
minutos, 30-60 minutos, 1-2 horas, 2-4 horas e 24 horas, registrando-se as
alterações comportamentais que foram identificadas, de acordo com protocolo já
bem estabelecido para esta finalidade (Carlini, 2011). Os sinais avaliados foram
micção, defecação, “writhing” (contração do abdômen com distensão das patas
dianteiras), pelos arrepiados, ptose palpebral, atividade motora (aumento, igualdade
ou diminuição e permanência no canto da gaiola), tônus muscular, tremores ou
convulsões, ataxia, sensibilidade dolorosa, sinais de estereotipia, sono, “grooming”
(auto limpeza), lacrimejamento, exoftalmia e salivação. Na figura 5 é possível
observar um exemplo de gaiolas para screening farmacológico inicial.
35
interferem na coordenação e na atividade locomotora dos animais, o que
comprometeria a avaliação nos demais testes comportamentais.
Foram utilizadas três doses crescentes do liofilizado re-solubilizado (650,
3560 e 5000 mg/kg), uma dose do chá não liofilizado (650 mg/kg), e água por via
oral. Grupos de 7 camundongos (sendo 5 animais usados simultaneamente no
screening farmacológico) foram avaliados quanto à capacidade de se manterem
sobre barras girando a uma velocidade de 12 rpm nos tempos 0 min (desempenho
basal) e após 45, 90 e 180 minutos do tratamento. Foi avaliada a latência da queda
do animal e a média de tempo de permanência após 3 reposições, com período de
corte de 60 segundos (Carlini, 2011).
Na figura 6 é possível observar uma ilustração do RotaRod Panlab® modelo
LE8500 utilizado.
36
O teste consistiu em avaliar o efeito da ayahuasca sobre a preferência de
local induzida por etanol em camundongos expostos a uma caixa de madeira com
três ambientes distintos (como pode ser observado na figura 7 e esquematizado na
figura 8), separados por portas-guilhotina cuja abertura foi controlada pelo
pesquisador. Cada um destes compartimentos possui características que o
discriminam dos demais, por exemplo, quanto à cor das paredes, tipo de piso,
tamanho e textura. Inicialmente, os animais passaram por um período de 15 minutos
de ambientação (Habituação) em que foram colocados no compartimento central
(compartimento neutro) com todas as portas-guilhotina abertas, de forma que os
camundongos tivessem livre acesso para explorar os três ambientes. Este
procedimento foi realizado nos três primeiros dias, sendo que no terceiro dia os
animais foram filmados por 15 minutos, para contabilizar o tempo gasto em cada
compartimento (Pré-Teste), como pode ser observado na figura 8. A partir destes
dados, a preferência natural dos animais entre os compartimentos foi definida. Existe
uma diferença de tempo de permanência natural entre os animais. Desta forma, para
diminuir vieses experimentais, os animais foram distribuídos de forma que metade
dos animais foram pareados com etanol no compartimento com menor tempo de
permanência e a outra metade no compartimento com maior tempo de permanência
no teste basal
A fase de condicionamento (Condicionamento) foi realizada nos 8 dias
subsequentes, sendo 4 sessões de pareamento com etanol (2,0 g/kg i.p. na
concentração de 20%) e 4 com salina (0,9% i.p.), em dias alternados e com a
primeira sessão de pareamento definida de forma aleatória. Os animais receberam
as injeções em suas gaiolas moradias, 5 minutos antes de cada pareamento. Após
as injeções, foram confinados em um dos dois compartimentos por 5 minutos antes
de retornarem para a caixa-moradia. Para evitar qualquer viés experimental, em
cada grupo, metade dos animais injetados com etanol foram confinados no
compartimento de preferência natural e a outra metade confinados no
compartimento no qual não apresentaram preferência natural (Yim Junior et al.,
2006; Lee et al., 2016). O tempo em que os animais permaneceram no
compartimento no qual receberam o etanol (Ambiente Pareado) e no compartimento
que receberam salina (Não-Pareado) foi chamado de “Tempo de permanência”,
representado em segundos (s).
37
No dia do teste de preferência (Pós-Teste), 24 horas após a última sessão de
pareamento, cada animal foi colocado no compartimento central neutro, sem ter
recebido nenhuma droga e com todas as portas abertas, e então tiveram livre
acesso aos três ambientes. Os animais foram filmados e o tempo gasto em cada
compartimento foi medido, durante 15 minutos, conforme descrito anteriormente.
Figura 7 Fotografia das arenas de PCL utilizadas na pesquisa (Nesta imagem é possível
observar três arenas utilizadas simultaneamente e dispostas encostadas lateralmente).
38
O chá de ayahuasca e três concentrações do liofilizado foram administradas
por via oral 30 minutos antes do etanol em cada sessão de condicionamento com
esta droga. O grupo controle recebeu água por via oral como pré-tratamento 30
minutos antes do etanol. No dia do teste de preferência, os animais não receberam
nenhuma droga e foram colocados no compartimento central (neutro) do aparelho
com as portas abertas, e o tempo gasto em cada compartimento foi registrado.
Após 24 horas da realização do teste os animais foram submetidos a
eutanásia e perfusão para a retirada de tecidos, conforme será descrito mais a frente
(ver seção 4.15). Este protocolo permitiu avaliar a capacidade do pré-tratamento
com a ayahuasca bloquear o efeito reforçador (dependência) do etanol. Nas figuras
9 e 10, pode-se observar o esquema ilustrativo do protocolo de preferência
condicionada ao lugar e a sequência intercalar de administração diária.
39
3.12 Sensibilização comportamental
Os grupos receberam água ou ayahuasca por via oral 30 minutos antes das
administrações diárias de etanol ou salina 0,9%.
O desenvolvimento da sensibilização foi registrado nos dias 01, 05, 09 e 14
por meio da avaliação da atividade locomotora dos animais em um campo aberto
(Quantificação do Campo Aberto, QCA). Nos dias de observação da atividade
locomotora, os animais foram retirados da caixa moradia 20 min após a
administração de ayahuasca ou água e habituados ao aparato por 10 minutos. Em
seguida, esses animais receberam etanol ou salina 0,9%. Uma vez recebida a
40
substância, os animais foram colocados novamente no aparato pelo período de 30
minutos, e tiveram a atividade locomotora gravada em vídeo e analisada durante os
11 minutos iniciais, sendo o primeiro minuto descartado das análises (totalizando 10
minutos de análise dos 30 minutos totais), conforme previamente descrito. Após o
período de teste, os animais eram retornados para às caixas moradias. Nos demais
dias, ou seja, nos dias em que os camundongos não eram expostos ao campo
aberto, os animais recebiam os tratamentos em suas gaiolas moradias. Por se tratar
de um teste crônico, também houve a monitoração diária do peso dos animais
durante os períodos de adaptação e experimental.
Noventa minutos após o término do período de exposição no campo aberto,
no décimo quarto dia de tratamento e gravação, os animais foram anestesiados e
perfundidos. Os cérebros foram retirados, fixados e, posteriormente, congelados,
seguindo protocolo descrito mais à frente na sessão 4.13.
Para facilitar o entendimento do protocolo, nas figuras 12 e 13 é possível
observar um esquema com a distribuição dos dias de sensibilização.
Os parâmetros de atividade locomotora avaliados, com o auxílio do software
ToxTrac (https://toxtrac.sourceforge.io), foram: distância percorrida, taxa de
exploração, e tempo de permanência na zona periférica e central dos animais na
arena de campo aberto no período de exposição. A distância percorrida foi
mensurada em milímetros totais que os animais ambulavam na arena, como
observados na figura 14a. A taxa de exploração da arena representa em
porcentagem a divisão do número zonas pelas quais o animal passou em relação ao
número total de zonas geradas pelo software ToxTrac, conforme exemplificado na
figura 14b. O tempo de permanência representa em segundos o tempo total em que
os animais permaneceram em duas zonas das arenas de campo aberto: uma zona
central e outra periférica (externa), como pode ser observado na figura 14c.
41
Figura 11 Fotografia de quatro arenas de campo aberto utilizadas simultaneamente no
experimento.
Figura 13 Esquema ilustrativo das administrações nos dias de quantificação em campo aberto
(QCA). Nos demais dias, os animais foram submetidos ao mesmo esquema de administração, mas,
não foram expostos a arena de campo aberto.
42
a) b) c)
43
3.13 Eutanásia, perfusão e seccionamento dos encéfalos
44
encéfalos seccionados foram mantidos em freezer à -20ºC até o momento de
realização dos procedimentos de imuno-histoquímica.
a. b.
Figura 15 a. Modelo do criostato utilizado para secção dos encéfalos. b. Encéfalo fixado no
criostato para secção coronal
46
núcleos que se destacavam do ruído de fundo produzido pelo método da
imunoperoxidase conforme pode ser observado na figura 18c. É importante
enfatizar, que paralelamente a contagem manual, foi realizada a contagem dos
núcleos positivos de forma automática pelo mesmo software. Contudo, a
comparação da quantificação manual com a automática não foi equivalente, desta
forma, optou-se por utilizar a contagem manual por ser uma mensuração mais
congruente com a realidade. Foi realizada a contagem do máximo de cortes
disponível para cada animal.
Para realizar a análise quantitativa da expressão de c-Fos no NAc, foi
utilizado a concentração de núcleos marcados por 0,1 mm². Ou seja, após a
padronização da escala utilizada -para padronização, foi selecionada uma imagem
de referência no aumento de 10x com uma escala referente a 100µm- a medida final
utilizada foi a quantidade de proteínas (contagem dos núcleos) c-Fos, por 0,1mm². A
quantificação foi realizada em diferentes distâncias em relação ao bregma e
bilateralmente, quando possível. Posteriormente, foi tirada a média de cada animal e
posteriormente calculada a média dos grupos.
A área utilizada para análise do NAc core foi considerada dependendo da
altura em relação ao bregma e a área total foi calculada subtraindo a área da
comissura anterior, como observado na figura 18a. Para o cálculo do NAc shell foi
utilizado a mesma dinâmica, onde por meio do atlas Paxinos, foi dimensionada a
região de interesse e após calibração de escala, separado a área de interesse, como
pode ser observado na figura 18b.
47
Figura 16 Representação das regiões analisadas para a proteína c-Fos. Nas regiões com
aproximação, estão representadas o corte utilizado para análise de NAc core e NAc shell. O valor no
canto inferior direito representa a distância em relação ao Bregma de cada corte. As ilustrações
retiradas do atlas paxinos a. distância em relação ao bregma 1.70; b. distância em relação ao bregma
1,54; c. distância em relação ao bregma 1,18; d. distância em relação ao bregma 0,86;
48
a. b.
a. c.
b.
Figura 18 a) Exemplo de corte contendo a região do NAc Core e comissura anterior. Corte do
hemisfério direito em aumento de 10x e com distância em relação ao bregma de 1,18. A área total do
NAc Core compreende a totalidade da imagem diminuindo a região da comissura anterior; b) Exemplo
de corte contendo uma parte da região do NAc Core e a delimitação utilizada para o NAc Shell, além
da comissura anterior. Corte do hemisfério direito em aumento de 10x e com distância em relação ao
bregma de 1,30. A região parcial do NAc Core compreende a linha trastejada amarela, diminuindo a
comissura anterior direita. A região delimitada em vermelho compreende o NAc Shell. O espaço entre
ambas as regiões não foi utilizado pela incerteza de delimitação precisa entre as duas regiões;49c)
Exemplo de marcações para contagem manual da imunorreatividade da proteína c-Fos na região do
NAc Shell. Corte com aumento de 10x. Na ampliação, é possível melhor observar as marcações dos
núcleos de c-Fos.
3.15 Análise estatística
50
4. RESULTADOS
Concentração (mg/ml)
51
Tabela 3 Concentração (mg/ml) de etanol na amostra original recém aberta, amostra liofilizada, e
amostra original armazenada por três meses em geladeira.
Concentração (mg/ml)
Amostra EtOH
100
100.0
97.9
Aya Liofilizada
92.4
% inibição da MAO-A
88.9
86.4
Aya Chá
82.7
81.0
75.3
64.2
55.6
50
0
100 ng/ml 250 ng/ml 1 ug/ml 2,5 ug/ml 10 ug/ml
52
Testes farmacológicos
53
seguida de teste post hoc de Tukey Na Figura 20 é possível observar que, nas
quatro avaliações (0min, 45min, 90min e 180min), apenas o grupo tratado com a
maior dose (5000 mg/kg) mostrou perceptível déficit da coordenação motora na
observação de 45 minutos (df = 30, p= 0,016 em relação ao controle e df = 30,
p < 0,001 em relação ao tempo basal), o que corrobora os dados do screening
farmacológico. Nas rodadas posteriores, o desempenho dos animais foi recuperado.
Os descritivos completos, assim como testes estatísticos, testes de normalidade, e
outras representações gráficas, encontram-se no Apêndice 8.2 – Material
complementar Rota-Rod.
55
Figura 21 Tempo de permanência (segundos) nos compartimentos Não-Pareado e Pareado
de camundongos administrados por via oral com água (CTR), chá de ayahuasca (AC) na dose de 650
mg/kg ou ayahuasca liofilizada (AL) nas doses de 130, 650 e 1950 mg/kg e por via i.p com salina
0,9% (Não-Pareado) e etanol 2,0 g/kg (Pareado). As colunas representam as médias e as barras o
desvio padrão dos dados. Os pontos representam dados individuais. a) Antes do pareamento com
etanol, ANOVA = NS (n = 9-10/grupo). b) Após o pareamento com etanol, t-Student * p<0,05 –
estatisticamente diferente – comparação intragrupo (n = 9-10/grupo).
56
sem considerar o tempo dos que os animais permaneciam no compartimento neutro
(central). A taxa de crescimento foi calculada seguindo a fórmula expressa em
porcentagem
DadoAnimalPósTeste−DadoAnimalPréTeste
𝑇𝑥. 𝐶𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = .
𝐷𝑎𝑑𝑜𝐴𝑛𝑖𝑚𝑎𝑙𝑃𝑟é𝑇𝑒𝑠𝑡𝑒
57
4.7 Sensibilização comportamental
58
Figura 23 Distância percorrida (milímetros) na arena de campo aberto de camundongos
administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950
mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg (EtOH). Os pontos representam as
médias e as barras o desvio padrão dos dados. Animais avaliados por 10 minutos nos diferentes dias,
basal (sem tratamento), e dia 01 a dia 14. (ANOVA, p>0,05, n = 6-8/grupo).
59
não indicados na figura - caso a ANOVA mostrasse diferença estatisticamente
significativa.
. Os descritivos e análises estatísticas encontram-se no apêndice 8.4.
60
Figura 25 Taxa de exploração (porcentagem) da arena de campo aberto de camundongos
administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950
mg/kg e por via i.p com salina 0,9% (SAL) e etanol 2,0 g/kg (EtOH). Os pontos representam as
médias e as barras o desvio padrão dos dados. * p <0,05 – estatisticamente diferente do Basal.
ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo).
62
4.8 Imunorreatividade da proteína c-Fos na sensibilização
comportamental
63
4.8.1 Matriz de correlação e K- Means
64
Figura 28 Representação gráfica da matriz de correlação da densidade de c-Fos
(núcleos/mm²) na região do Core e Shell do Núcleo accumbens de camundongos que passaram pelo
protocolo de sensibilização comportamental. p < 0,001, Rho = 0,608, Matriz de correlação de Spearman
(n = 38).
65
5. DISCUSSÃO
66
harmalina ajudou a compensar o nível reduzido de DMT, no que se refere às
sensações subjetivas experimentadas pelos participantes do ritual. Também é
relevante comentar que a liofilização não alterou significativamente a quantidade de
DMT, mas observou-se uma diminuição dos níveis de harmina acompanhada por
uma ligeira elevação da concentração de THH. Já foi descrito que quantidades
adicionais de THH podem ser formadas a partir da harmina e harmalina durante a
preparação da bebida (Callaway, 2005; McIlhenny et al., 2009) e o efeito da
liofilização sobre as β-carbolinas não pode ser desprezado. Por outro lado, estudos
anteriores desse grupo sugerem que o processo de liofilização não causa alterações
consideráveis dos alcaloides.
Outro aspecto interessante é a formação de etanol por meio da fermentação
do chá, quando este é utilizado nas ritualísticas das doutrinas ayahuasqueiras.
Normalmente a bebida é armazenada em garrafas pet, que são utilizadas em
diversas ocasiões. É sugerido que a fermentação da ayahuasca possa interagir com
os constituintes e seus efeitos esperados. Nas amostras analisadas, tanto na
amostra original quanto na liofilizada, não foram detectados traços de etanol. Já na
amostra que ficou armazenada em geladeira apresentou uma pequena quantidade
de etanol, contudo, é um valor pequeno comparado a uma dose padrão de álcool.
Além da quantificação de DMT e β-carbolinas, o material utilizado neste
estudo também foi avaliado quanto a capacidade de inibição da MAO-A in vitro. A
análise neste projeto determinou que tanto a amostra de ayahuasca liofilizada
quanto a amostra do chá de ayahuasca original foram capazes de inibir a MAO-A
confirmando que os princípios ativos, no caso as e β-carbolinas, mantiveram-se
ativos nas amostras utilizadas, seja na forma original (chá) como liofilizada. A
confirmação da presença dos princípios ativos e a atividade inibitória sobre a MAO-A
qualificaram o material obtido para ser utilizado nos testes biológicos in vivo.
No screening farmacológico, apenas a concentração do chá de 5000 mg/kg
(maior dose testada) induziu diferenças comportamentais expressivas nos animais,
entre elas cauda de Straub, tremor e aumento da sensibilidade. Estes
comportamentos podem ser caracterizados pela chamada "síndrome serotonérgica”
(Carlini, 2011). Apesar da ayahuasca apresentar alguns efeitos tóxicos na dose mais
alta, nenhum animal foi a óbito no screening farmacológico, e as mudanças
67
comportamentais neste grupo foram diminuindo com o tempo, sendo que 24 horas
depois não houve mais nenhuma característica comportamental tóxica aparente.
Esses resultados estão em concordância com os dados da literatura e
corroboram a baixa toxicidade do chá de ayahuasca quando administrado por via
oral e em doses consideradas baixas a moderadas. Morais (2014) analisou a
toxicidade aguda e crônica da ayahuasca e comparou com estudo similar de Pires et
al. (2010), mostrando que óbitos gerados pelo chá de ayahuasca, em ratas, ocorriam
em doses superiores a 50 vezes as doses utilizadas nas doutrinas ayahuasqueiras
O trabalho de revisão realizado por Gable (2007) quanto a toxicidade do chá e seus
componentes, além de ambos os trabalhos citados previamente (Morais, 2014; Pires
et al., 2010), ratificam a segurança dessas substâncias.
Como parte da avaliação toxicológica inicial, também foi utilizado o teste de
rota-rod, que mede a coordenação motora (equilíbrio) dos animais em uma barra
giratória. Este comportamento exige um controle proprioceptivo, vestibular e de
habilidades motoras finas.
Assim como ocorreu no screening farmacológico, apenas a dose mais alta de
ayahuasca (5000 mg/kg) foi capaz de alterar o desempenho dos animais nos
minutos iniciais no rota-rod. Esse resultado é importante pois mostra que, em doses
elevadas, o chá pode interferir em testes comportamentais que requerem
coordenação motora preservada. Contudo, nos minutos posteriores, o desempenho
dos animais foi sendo recuperado, e no período final da análise (180 min) os animais
não apresentavam mais déficit motor.
Assim, a avaliação conjunta dos resultados obtidos nesta etapa inicial indicou
a ausência de efeitos neurotóxicos do chá e de efeito depressor ou estimulante.
Esse conjunto de informações permitiu a definição das doses consideradas seguras
para serem utilizadas nos testes subsequentes. Adotou-se também a administração
por via oral (gavagem) com intuito de reproduzir a forma de ingestão pela população,
além de aumentar a segurança para os animais.
Com as doses escolhidas e compatíveis com a literatura, o teste realizado em
seguida foi o de preferência condicionada ao lugar (PCL). Este paradigma
experimental é um método capaz de mensurar as propriedades reforçadoras de
drogas psicotrópicas. Inúmeros trabalhos mostraram sua eficácia nesta área de
estudo, sendo uma das grandes vantagens da PCL seu relativo baixo custo
68
experimental, fácil observação de resultados, além de fácil realização (Bardo &
Bevins, 2000; Lucke-Wold, 2011; Risinger et al., 2002).
No teste de PCL, inicialmente foi observado que os animais não possuíam
uma preferência por algum dos compartimentos. Este dado foi confirmado
comparando o tempo bruto que os animais permaneceram em cada compartimento
antes do pareamento com as drogas. Contudo, é relevante mencionar que, apesar
destas diferenças de tempo não serem estatisticamente significativas para os
grupos, existe uma diferença de tempo de permanência natural entre os animais.
Assim, com o intuito de diminuir quaisquer vieses experimentais, os animais foram
distribuídos de forma que metade dos animais foram pareados com etanol no
compartimento com menor tempo de permanência e a outra metade no
compartimento com maior tempo de permanência no teste basal
Na avaliação pós-pareamento com etanol, foi observado um aumento no
tempo de permanência no lado pareado com a droga apenas no grupo controle, ou
seja, o grupo que não recebeu a ayahuasca, mas recebeu etanol. Já nos demais
grupos experimentais, pré-tratados com a ayahuasca, todas as doses foram
suficientes para bloquear a instalação da preferência pelo compartimento pareado
com etanol, embora tenha sido observada uma tendência de aumento no lado
pareado no grupo ayahuasca chá 650 mg/kg.
Outra forma de avaliação entre os grupos experimentais foi por meio de
índices que relacionam ou o resultado pré-teste com o pós-teste e suas diferenças,
ou as diferenças no compartimento pareado com o não-pareado. Contudo, nenhuma
diferença significativa foi encontrada entre os grupos. Um dos fatores que contribuiu
para esta ausência de diferenças significativas pode ter sido a alta variabilidade dos
resultados (ver apêndice 8.3). Sabe-se que testes comportamentais produzem
naturalmente uma grande variabilidade, ainda mais quando se utilizam animais
heterogênicos, como foi o caso do presente estudo.
Uma limitação apresentada no PCL foi a falta de um grupo controle da
ayahuasca, para saber se nestes aparatos e condições experimentais, apenas a
ayahuasca seria capaz de instalar a preferência por um dos compartimentos. O
bloqueio da preferência condicionada ao etanol pela ayahuasca é descrito em outros
trabalhos na literatura. Cata-Preta et al. (2018) observaram que a ayahuasca foi
capaz de bloquear a PCL em diversas doses de ayahuasca, contudo, o chá per se
69
foi capaz de induzir o PCL em uma dose média, e não induziu condicionamento com
doses consideradas pequenas ou altas. Neste trabalho (Cata-Preta et al., 2018),
além de ter sido analisado um grupo tratado apenas com ayahuasca, foram também
testados os extratos de Psychotria viridis e Banisteriopsis caapi individualmente. Os
extratos isolados não geraram PCL per se, tampouco foram capazes de bloquear a
PCL induzida pelo etanol, o que reforça a importância da ação sinérgica dos
princípios ativos da ayahuasca. Gianfratti (2009) também observou o bloqueio da
PCL pela ayahuasca ao etanol, bem como observou o efeito reforçador da
ayahuasca quando administrada sozinha na mesma dose, ou seja, a ayahuasca
produziu preferência condicionada no teste.
Apesar destes trabalhos terem envolvido ayahuasca e etanol, é importante
ressaltar a importância de realizar outros estudos similares, pois como descrito
anteriormente, o chá de ayahuasca pode apresentar uma grande variabilidade na
quantidade de seus constituintes, dependendo de como é preparado, e também
porque pequenas variações metodológicas podem levar a resultados distintos, tal
como o presente estudo apresentado nesta dissertação.
O modelo de PCL também foi utilizado para avaliar o efeito da ayahuasca
sobre o condicionamento de outras drogas. Reis et al. (2020) mostraram que o chá é
capaz de bloquear a reinstalação da PCL com metilfenidato, contudo, ambas as
substâncias sozinhas também foram capazes de induzir a PCL. Outro estudo do
nosso grupo sugere que a ayahuasca na forma de chá foi capaz de bloquear a
preferência condicionada ao lugar induzida por morfina (Prado et al., 2016). Em
outro trabalho, diferente dos resultados encontrados no presente estudo e dos
previamente citados, Jones et al. (2010) observaram que o álcool, quando associado
com o MDMA (3,4 – metilenodioxi metanfetamina), que também é uma droga com
ação nos receptores serotonérgicos, induz o condicionamento em ratos no
compartimento associado à droga. Este resultado, segundo os autores, pode ser
atribuído à liberação de dopamina através da associação das duas drogas, o que
causaria essa diferença de poder reforçador.
O segundo estudo comportamental realizado foi baseado no fato que algumas
respostas comportamentais exibidas por animais de laboratório a estimulantes
dopaminérgicos indiretos e diretos são intensificadas após a administração repetida
dessas substâncias (tais como anfetaminas, cocaína, apomorfina entre outras)
70
(Robinson & Becker, 1986; Wise & Hoffman, 1992). Esse fenômeno tem recebido
diversas terminologias para sua descrição, como por exemplo tolerância reversa,
facilitação comportamental e sensibilização comportamental, sendo este último
atualmente o mais utilizado (Everitt & Wolf, 2002; Oliveira-Lima et al., 2015;
Szechtman et al., 1994).
Apesar de outros comportamentos serem observados por meio da utilização
de moduladores dopaminérgicos, tais como comportamento rotacional e
responsividade a estímulos acústicos (Robinson & Becker, 1986), é notável que a
hiperatividade locomotora é um dos fatores mais dramaticamente afetados pela
administração repetida de drogas capazes de aumentar a função dopaminérgica.
Desta forma, a locomoção constitui um parâmetro comportamental quantificável e
amplamente utilizado em estudos relacionados a estudos de sensibilização
comportamental (Godinho, 2017; Nascimento Alvarez et al., 2006; Oliveira-Lima et
al., 2015; Robinson & Becker, 1986; Wise, 1996).
Em revisões realizadas pelos pesquisadores Phillips et al. (1997a,b) é
sugerido que grande parte das substâncias com potencial de abuso é capaz de
estimular a atividade locomotora em roedores, provavelmente por modulação
dopaminérgica. Este dado gerou, nos últimos anos, uma investigação detalhada da
estimulação psicomotora induzida por drogas. Com isso, tem-se postulado que
modelos animais de estimulação locomotora induzida poderiam ter uma correlação
com a ação euforizante e reforçadora de drogas de abuso. Nessa circunstância, o
tratamento crônico com diversas drogas de abuso é capaz de promover
sensibilização ao seu efeito estimulante motor (Araujo et al., 2006; 2009; Robinson &
Becker, 1986).
Segundo alguns autores, a administração aguda de 1 a 2 g/kg de etanol,
apresenta um efeito controverso, podendo ou não resultar em aumento da atividade
motora, enquanto a administração repetida pode produzir o aparecimento de
sensibilização comportamental, normalmente caracterizada pelo aumento
progressivo da atividade locomotora em camundongos (Masur et al, 1986;
Cunningham & Noble, 1992; Phillips et al., 1995; Didone et al., 2019).
Apesar de existirem diversos trabalhos na literatura avaliando a sensibilização
comportamental induzida pelo etanol, poucos trabalhos avaliaram o efeito do pré-
tratamento com outras substâncias sobre a sensibilização comportamental ao
71
etanol. No caso da ayahuasca, Oliveira-Lima et al. (2015) demonstraram que doses
de ayahuasca entre 30 e 500 mg/kg foram capazes de bloquear a sensibilização
induzida pelo etanol. Tal estudo foi utilizado como referência no nosso trabalho, com
algumas modificações do desenho experimental. No nosso estudo, a sensibilização
comportamental foi analisada não apenas pela distância percorrida pelos animais na
arena, mas também utilizando outros parâmetros com o intuito de melhor explorar os
dados comportamentais.
Na análise da distância percorrida, apenas os grupos que receberam
ayahuasca na dose intermediária (AYA650-SAL e AYA650-EtOH) mostraram uma
diminuição na distância percorrida quando o último dia experimental (Dia 14) foi
comparado com o dia basal (pré-teste). Já ao avaliar taxa de crescimento do dia 9
em relação ao dia 5 (Dia09/05) com a taxa do dia 1 em relação ao basal
(Dia01/Basal) foi observado um aumento desde crescimento no grupo AYA1950-
EtOH. Entretanto, o grupo controle positivo, ou seja, o grupo que recebeu etanol e
foi pré-tratado com água, em ambas as comparações, não apresentou diferença
estatisticamente significativa, sugerindo a ausência de sensibilização nos animais
testados, tornando os demais resultados pouco conclusivos.
Na análise da taxa de exploração da arena de campo aberto, os grupos que
foram tratados com a maior dose de ayahuasca (1950 mg/kg), tanto os que
receberam salina quanto os que receberam etanol, tiveram uma diminuição na taxa
de exploração da arena comparando o primeiro dia experimental com a ambulação
basal, sugerindo a capacidade da alta dose do chá ser capaz de influenciar
negativamente a exploração da arena. No entanto, observa-se que houve pequena
redução da taxa de exploração (não significativa) no dia um nos demais grupos
experimentais, bem como não houve diferença entre os grupos, tornando difícil
atribuir o efeito ao chá de ayahuasca.
Outra forma utilizada para explorar os dados da sensibilização foi a análise do
tempo de permanência dos animais nas zonas periférica e central da arena de
campo aberto. Esta análise é bem conhecida em estudos com roedores, sendo que
animais com comportamentos ansiogênicos tendem a ficar nas zonas periféricas da
arena, enquanto a permanência em zona central da arena pode sugerir
comportamento ansiolítico.
72
Neste trabalho, aparentemente existiu uma tendência majoritária dos grupos
em diminuir o tempo na zona central após receberem as drogas, tratamentos, e
serem expostos a arena de campo aberto. Contudo, apenas os grupos que
receberam etanol apresentaram diminuição estatisticamente significativa da
permanência na zona central em relação ao basal, sendo que o grupo AYA1950-
EtOH diferiu apenas no dia 1, enquanto os grupos AGUA-EtOH e AYA650-EtOH
mantiveram a diminuição de permanência em todos os dias experimentais. Além
disso, o grupo AYA1950-EtOH, no último dia, apresentou maior tempo de
permanência na zona central comparado aos demais grupos.
A ausência da sensibilização comportamental na distância percorrida e os
poucos resultados encontrados no presente estudo podem ser justificados por
algumas hipóteses. Alguns autores sugerem que a sensibilidade comportamental
está correlacionada à predisposição de alguns animais a auto-administração da
droga. Grahame et al. (2000) mostraram que camundongos geneticamente
selecionados para maior preferência ao álcool desenvolveram a sensibilização
comportamental, enquanto que animais geneticamente selecionados para uma baixa
preferência ao álcool não desenvolveram a sensibilização. Isto indica uma possível
relação genética positiva entre o comportamento de sensibilização comportamental
e as propriedades reforçadoras do álcool. Corroborando esta hipótese, Lessov et al.
(2001) verificaram que uma linhagem de camundongos que possuía uma alta
preferência ao etanol apresentou um aumento no consumo voluntário da droga
posteriormente ao desenvolvimento da sensibilização comportamental. De forma
concomitante, os autores também verificaram que o consumo voluntário prévio de
álcool era capaz de promover o aumento da sensibilização do efeito estimulante
induzido pela droga. Didone et al. (2019) também mostraram que, em protocolos
crônicos de sensibilização, camundongos fêmeas Swiss atingiram o pico de
sensibilização em 40 dias de administração, enquanto que camundongos fêmeas
DBA/2AJ atingiram o pico de sensibilização em 20 dias, sugerindo que fatores
genéticos de cada linhagem devem ser importantes para o mecanismo de
sensibilização.
Estes estudos são relevantes, pois uma característica provavelmente inerente
ao estudo com animais e visivelmente expressa nestes experimentos é a alta
variabilidade de resultado intragrupos, expressa na variância dos resultados e desvio
73
padrão. Neste sentido, alguns estudos sugerem que camundongos outbred possuem
uma variabilidade considerável e podem não apresentar sensibilização
comportamental (De Pauli et al., 2014; Quadros et al., 2002).
Nesta linha de pesquisa, muitas vezes, ocorre a utilização de camundongos
fêmeas. Alguns trabalhos sugerem que fêmeas apresentam um desenvolvimento da
sensibilização comportamental mais robusto à psicoestimulantes, quando
comparadas a camundongos machos (Becker & Hu, 2008), achado que estimula a
utilização de fêmeas em estudos com este paradigma (Didone et al., 2008; Phillips et
al., 1997; Quoilin et al., 2012).
Outra hipótese levantada refere-se ao local do tratamento e quantidade de
exposições dos animais ao campo aberto, ou seja, ao contexto ambiental. É visto
que o contexto ambiental no qual a substância é administrada influencia de modo
expressivo a progressão da sensibilização comportamental. Desta forma, nos
paradigmas experimentais de sensibilização em que é feito um teste após a fase de
sensibilização ou condicionamento, a sensibilização pode não ocorrer, ou pode
sofrer uma diminuição caso o teste de sensibilização ocorra em contextos
ambientais diferentes daquele no qual os animais foram primeiramente
sensibilizados (Crombag & Robinson, 2004; Badiani et al 1995). No trabalho de
Robinson et al. (1998) é sugerido que a sensibilização comportamental pode não ser
uma consequência direta da administração da substância psicoestimulante em
doses diárias e fixas, mas sim, um resultado de interações entre estas manipulações
farmacológicas e o ambiente em que elas são realizadas (Anagnostaras et al., 1995;
Crombag & Robinson, 2004).
Em um experimento realizado por Badiani et al. (1995) foi observado que,
quando os animais recebiam a administração de uma droga (neste caso anfetamina
ou cocaína) em sua própria caixa-moradia e eram testados posteriormente na arena
de campo aberto, a sensibilização desenvolvida era menor do que quando os
animais recebiam a droga e logo em seguida eram expostos à arena de campo
aberto. Ou seja, parece que o tratamento com exposição simultânea ao campo
aberto é importante para o desenvolvimento da sensibilização comportamental. Além
do número de exposições à arena, as condições das caixas-moradias parecem ser
um fator determinante para a sensibilização ou não dos animais (Araujo et al., 2005).
74
Apesar do desenho experimental empregado no presente trabalho apresentar
certas limitações, é importante mencionar que a escolha desse formato experimental
e dos animais foi baseada no fato deste projeto ser o início de uma nova linha
experimental no presente grupo de pesquisa, servindo para familiarizar com os
procedimentos e para propor adaptações do protocolo para testes futuros em função
das condições laboratoriais, dificuldades encontradas e resultados obtidos. Além
disso, o desenho experimental e uso destes animais foram fundamentados em
protocolos utilizados e consolidados por grupos de pesquisa parceiros.
No que tange a imunorreatividade da proteína c-Fos, Faria et al. (2008)
observaram que a administração aguda de etanol aumentou a expressão de Egr-1 e
c-Fos em regiões como PFC, córtex motor, amígdala, hipocampo e NAc de
camundongos. Já a administração crônica em animais avaliados em modelo de
sensibilização ao etanol produziu efeito contrário, ou seja, ocorreu uma baixa
expressão de c-Fos (Faria et al., 2008).
Esse dado é interessante, pois aparentemente ocorre uma diminuição da
expressão de c-Fos em protocolos crônicos, que apresentam sempre a mesma fonte
de estímulo em todo o protocolo. Isto ocorreria, possivelmente, devido a essa
proteína estar associada aos processos de plasticidade neural, e, nesses casos,
pode já ter ocorrido o aprendizado e a plasticidade relacionada ao estímulo que se
manteve igual e sem novidade. Walter et al. (2017) mostraram que a administração
aguda de álcool associada a estímulos estressores aumentou os níveis de c-Fos em
diferentes regiões do SNC, enquanto a administração crônica mudou essa
expressão da proteína c-Fos. Apesar desta distinção entre exposição aguda e
crônica, Sharma et al. (2014) mostraram um aumento significativo da expressão de
c-Fos no NAc em ratos expostos ao álcool após infusão direta na área do gânglio
basal. Contudo, Jaramillo et al. (2016) obtiveram resultados contrários, observando
diminuição da expressão de c-Fos no PFC medial e no NAc em ratos que foram
administrados de forma aguda com 1 g/kg intragastrico de álcool.
Além da diferença entre tempo de exposição (agudo ou crônico), Badiani et
al. (1998) demonstraram que a expressão da proteína c-Fos no córtex pré frontal, no
núcleo Caudado e no NAc, região de interesse deste estudo, é significativamente
diferente quando administrações de anfetamina ocorrem envolvendo contextos
ambientais em comparação com o que ocorreu em animais que receberam a mesma
75
dose de anfetamina na caixa moradia. Também é interessante que, aparentemente,
os contextos ambientais podem modular o estágio inicial que posteriormente leva à
expressão de genes imediatamente precoces (Crombag, 2001). Outro estudo,
realizado por Uslaner et al. (2001), ratifica estes resultados, mostrando que a
administração de anfetamina e cocaína associadas à pistas ambientais aumentou a
expressão de RNAm para c-Fos em relação ao que ocorreu com os animais que
recebiam o mesmo tratamento na caixa moradia. Estes estudos apontam que a
expressão de c-Fos possivelmente está vinculada à exposição do animal à arena
(novo contexto ambiental) ou à moradia.
Com base nos estudos mencionados, fica evidente que os fatores
farmacológicos e extra-farmacológicos são importantíssimos para a modulação dos
efeitos de desenvolvimento e de expressão da sensibilização comportamental.
A análise da quantificação de c-Fos em animais submetidos ao teste de
sensibilização comportamental neste estudo não indicou diferença significativa na
expressão da proteína c-Fos entre os grupos experimentais, tanto na região Core
quanto Shell do NAc. Apesar de apresentar uma alta variabilidade, este resultado
negativo está de acordo com a literatura no que se refere ao fato de que
procedimentos crônicos e com pouca ou nenhuma alteração contextual não
aumentam a expressão de c-Fos, possivelmente por uma estabilização dos
mecanismos adaptativos neuronais. Também não foi verificada diferença de
densidade de c-Fos entre as regiões Core e Shell do NAc, exceto no grupo AYA650-
SAL que apresentou maior densidade na região do NAc Shell. De forma adicional, a
matriz de correlação de Spearman mostrou uma correlação positiva forte entre as
regiões do NAc, o que indica que uma alta densidade de c-Fos na região Core
sugere uma alta densidade de c-Fos na região Shell.
Existe uma relação entre os tipos de estímulos, protocolos experimentais, e
quais sub-regiões do NAc apresentam maior imunorreatividade de c-Fos (Brenhouse
& Stellar, 2006; Di Chiara, 2002; Úbeda-Contreras et al., 2018). Apesar dos artigos
não serem uniformes quanto a qual sub-região do NAc está relacionada ao
desenvolvimento da dependência e da sensibilização comportamental, parece que a
região Shell tem um papel predominante (Brenhouse & Stellar, 2006; Cruz et al.,
2015; McReynolds et al., 2018). Neste sentido, a ausência de diferença na
densidade de proteína c-FOS entre as sub-regiões do NAc neste projeto sugere
76
ausência do efeito de sensibilização comportamental ou da administração de
ayahuasca sobre a expressão de c-FOS.
Por fim, os resultados experimentais da sensibilização comportamental e da
expressão da imunorreatividade de c-Fos foram explorados pelo método de
mineração de dados “k-means”. O intuito de utilizar a mineração de dados para
analisar o grupo de resultados foi buscar nesse método o “clustering” dos resultados
e compará-los com os grupos originais, considerando os seis grupos experimentais,
o tratamento, ou a droga utilizada. Apesar da tentativa, os grupos gerados pelo
método não foram compatíveis com os grupos originais em todos os parâmetros
analisados, indicando que os resultados dos grupos não apresentam formatos de
“clusters” bem definidos, provavelmente pela alta heterogeneidade dos dados e alta
sobreposição dos intervalos de confiança dos grupos.
Uma das motivações da realização deste projeto foi a ampla quantidade de
evidências terapêuticas e que sugerem o benefício do chá de ayahuasca para ajudar
a combater a dependência de substâncias, em especial o álcool (Nunes et al., 2016;
Wiltenburg et al., 2021). Existe uma grande variedade de mecanismos fisiológicos e
psicológicos pelos quais a ayahuasca efetivamente pode interagir com a
dependência. O fato dos efeitos do chá de ayahuasca resultarem da ação sinérgica
de duas plantas complexas utilizadas na cocção, cada uma contendo alcaloides
próprios, provê uma grande variedade de mecanismos de ação diretos e indiretos,
tanto no sistema dopaminérgico quanto serotonérgico. Como visto anteriormente, o
DMT, pertencente à classe das triptaminas, parece ter seu papel terapêutico
compartilhado com os efeitos gerais dessa classe, aliado a algumas características
únicas, que vão além das triptaminas, como sua relação com os receptores Sigma-1.
Já os alcaloides β-carbolínicos apresentam características especiais e devem ser
estudados também de forma separada. Um bom exemplo é a harmina, que nos
últimos anos vem apresentando diversas evidências de sua potencialidade per se.
Para melhor avaliar o efeito e interação do chá de ayahuasca sobre o efeito
reforçador do etanol, é importante entender as hipóteses de como a ayahuasca
interage na dependência ao álcool. Liester & Prickett (2012) propõem uma
categorização dos mecanismos em que a ayahuasca atua sobre a dependência. Os
pesquisadores categorizaram os mecanismos da ayahuasca sobre a dependência
dentro de quatro teorias: bioquímica, fisiológica, psicológica e transcendental. Duas
77
destas teorias abrangem aspectos da psique humana e serão comentadas mais
superficialmente.
A teoria psicológica sugere que a ayahuasca trata a dependência por meio da
resolução de traumas, encorajando a compreensão do potencial de escolha e
aperfeiçoando as tomadas de decisão. Já a teoria transcendental sugere que a
ayahuasca trata a dependência por meio da experiência transcendental facilitada;
esses aspectos da experiência podem incluir visões de uma realidade espiritual,
alteração de noção do tempo e espaço, inefabilidade, insights intuitivos e
sentimentos de unidade com o universo. Este mesmo tipo de abordagem é utilizado
para explicar a ação de outras substâncias com efeito alucinógeno no tratamento da
dependência, como por exemplo a psilocibina (de Veen et al., 2017; Garcia-Romeu
et al., 2015). Apesar do foco deste trabalho residir em estudos experimentais in vivo
e in vitro, é importante a menção dessas teorias, pois outros estudos como o de
Barbosa et al., (2018) evidenciam a importância do contexto ritualístico acerca das
doutrinas sincréticas ayahuasqueiras.
Além desse ambiente, o efeito do chá sobre a psique é evidente para
qualquer usuário e faz parte fundamental deste processo terapêutico. É importante
ressaltar que esse processo é necessário para o ser humano e pode ajudar a
explicar o porquê de alguns trabalhos com animais não apresentarem respostas tão
fidedignas quanto as encontradas em humanos. Nesta linha, também é relevante
mencionar que o uso da ayahuasca sozinha, ou seja, sem as adequadas condições
internas do usuário (set) e do ambiente em que ele está inserido (setting), parece
estar associado com a ausência de resultados eficazes em diminuir a dependência
em humanos (Barbosa et al., 2018). Segundo Stanislav Grof, em seu último livro “O
Caminho do Psiconauta”, um ponto de virada decisivo no fracasso ou sucesso de
um experimento terapêutico depende criticamente de fatores extra-farmacológicos,
chamados de set and setting. Estes incluem quem administra a substância, a
personalidade do experienciador, a intenção e o propósito do experimento, o
ambiente interpessoal e físico, além do conjunto de pessoas envolvidas (Grof, 2020).
Diferente das duas primeiras teorias já comentadas, a teoria bioquímica e a
fisiológica apresentam grande correlação com estudos translacionais em animais e
in vitro. A primeira baseia-se em uma das teorias mais consolidadas sobre a
dependência, que é a capacidade de drogas com propriedades reforçadoras
78
aumentarem a liberação de dopamina na via mesolímbica e estimularem a busca por
esta droga com o intuito de reativar esta via. Essa ideia, revisada por Pierce &
Kumaresan, (2006), ainda sugere que a ativação dessa via é o mecanismo comum,
direta ou indiretamente, de todas as substâncias com potencial de abuso. Outros
nomes comumente utilizados para essa via são “via da recompensa” ou “circuito de
recompensa” e “via do prazer/circuito do prazer”. É importante ressaltar que essa
circuitaria é importante para o corpo humano e também está envolvida nos
mecanismos do prazer, motivação e recompensa (Koob, 2006; Volkow et al., 2019).
Algumas evidências sugerem que a ayahuasca tem a capacidade de reduzir
os níveis de dopamina na via mesolímbica, mediada pela sua ação sobre a
serotonina. Como visto previamente, o DMT é um potente agonista serotonérgico 5-
HT2A e as β-carbolinas também são agonistas parciais de 5-HT2A (Glennon et al.,
2000; McKenna & Towers, 1984). Estudos recentes mostram que a harmina é capaz
de atravessar a barreira hematoencefálica e também possui ação no SNC,
aumentando indiretamente, via inibição da MAO-A, a quantidade de serotonina
disponível na fenda sináptica (He et al., 2015).
O sistema serotonérgico tem um papel importante na comunicação celular
entre regiões encefálicas, tais como a associação entre córtex pré-frontal e
amígdala. Também tem um papel importante na mediação e regulação de estados
afetivos, comportamentos sociais e alguns mecanismos relacionados à dependência
(Wolf et al., 2018).
Aparentemente a estimulação de receptores 5-HT2A e 5-HT2C modula a
liberação de dopamina nas vias dopaminérgicas (mesolímbica, nigroestriatal e
mesocortical) (Sullivan et al., 2015). Essa modulação ocorre por alguns mecanismos;
um deles envolve a conexão direta entre neurônios dopaminérgicos e
serotonérgicos. Outro mecanismo conhecido envolve a ação indireta desta relação
pela mediação de interneurônios gabaérgicos. A ação da serotonina nos receptores
5-HT2A e 5-HT2C dos neurônios dopaminérgicos e a relação com a modulação da
liberação de dopamina não estão consolidadas. Aparentemente, agonistas de
receptores 5-HT2A e 5-HT2C induzem o aumento da liberação de dopamina (Howell &
Cunningham, 2015; Sari et al., 2011). Já a estimulação dos receptores
serotonérgicos pós-sinápticos parece excitar os interneurônios gabaérgicos, e
79
consequentemente esses neurônios inibem a liberação de dopamina (Howell &
Cunningham, 2015; Sari et al., 2011).
É possível que a ação inibidora pelos interneurônios gabaérgicos ocorra pela
ativação dos receptores 5-HT2C, que são expressos em maior quantidade nos
neurônios gabaérgicos (Howell & Cunningham, 2015). É interessante que o DMT
possui maior afinidade pelos receptores 5-HT2A, sendo assim, maiores doses de
DMT seriam necessárias para ativar ambos os receptores. Maiores doses também
poderiam ativar o receptor 5-HT1B, importante na inibição pré-sináptica.
Este fato pode ser uma limitação deste trabalho, pela baixa concentração de
DMT no chá utilizado. Apesar deste fato, é possível hipotetizar que a maior
concentração de harmalina no chá pode ter compensando a baixa concentração de
DMT e ajudado nos resultados de bloqueio da preferência condicionada ao lugar em
todas as doses testadas. Além disso, o mestre da união do Vegetal relatou que a
preparação utilizada neste estudo produziu os resultados esperados nas cerimônias
desempenhadas pela UDV. Contudo, nestas cerimônias, existe o envolvimento de
diversos fatores extra-farmacológicos e não se pode reduzir os efeitos observado em
humanos apenas a quantidade dos alcaloides presentes.
Esta teoria da redução dos níveis de dopamina cerebral também é sustentada
por evidências encontradas em estudos com membros dos grupos ayahuasqueiros.
McKenna et al. (1998) encontraram níveis aumentados de prolactina entre usuários
de ayahuasca. A dopamina é conhecida por ser um dos principais reguladores de
prolactina no organismo, pois a dopamina tem ação inibitória sobre a liberação de
prolactina. Existe uma hipótese de que, agonistas de receptores 5-HT2A/2c promovem
liberação de prolactina pelas glândulas pituitárias (Liester e Pricket 2012), indicando
que os altos níveis de prolactina encontrados nos usuários de ayahuasca se devem
a uma diminuição dos níveis de dopamina, e possivelmente pela ação agonista de
receptores 5-HT2A/2c. Esse efeito da ayahuasca nos neurônios dopaminérgicos
sugere a redução da ativação da circuitaria da recompensa no cérebro, diminuindo
os efeitos associados às substâncias com potencial adictivo.
É interessante que o possível potencial de diminuição de níveis de dopamina
em neurônios pós sinápticos pela ação conjunta do DMT e β-carbolinas também é
observada em drogas antipsicóticas. Medicamentos antipsicóticos têm sido
estudados para o tratamento de dependência pela capacidade de bloquearem
80
receptores dopaminérgicos na via mesolímbica (Ray et al., 2010). Antipsicóticos
atípicos aparentemente apresentam mecanismos de ação similares, afetando ambos
os sistemas de neurotransmissão – serotonérgico e dopaminérgico – gerando
propriedades anti-dependência (Sullivan et al., 2015).
Liester & Prickett (2012) também sugerem que existem três formas que os
neurônios dopaminérgicos podem ser influenciados. A primeira tendo maior
disponibilidade de DA liberada dos neurônios pré-sinápticos, a segunda pelo número
de receptores de dopamina em neurônios pós-sinápticos e, por fim, além da
quantidade de receptores de dopamina pós-sináptica, também é importante se
esses receptores estão disponíveis ou bloqueados por alguma substância. Essa
relação entre mecanismos complementares pode ajudar a explicar os diferentes
efeitos da ayahuasca e dos antipsicóticos clássicos e atípicos entre si.
A outra teoria hipotetizada pelos autores é a teoria fisiológica. Ainda no que
se refere à dopamina, esse neurotransmissor possui efeitos variados no sistema
nervoso central, dependo da região envolvida, dos tipos de receptores que estão
sendo ativados e da própria quantidade de dopamina disponível. Um exemplo é a
redução da síntese de dopamina na via nigro-estriatal e sua relação com a doença
de Parkinson. Já a diminuição no córtex pré frontal parece estar relacionada com
uma diminuição da atenção e hiperatividade (Stahl, 2008). De forma interessante, o
aumento dos níveis de dopamina pode amenizar tais efeitos, entretanto, o excesso
desse neurotransmissor pode levar a surtos psicóticos.
Na via mesolímbica, o papel da dopamina tem se mostrado associado à
plasticidade neural. Desta forma, a redução dos níveis de dopamina nesta via
interfere na plasticidade sináptica associada com o desenvolvimento e manutenção
da dependência.
No geral, os efeitos antidependência associados a ayahuasca, pelo menos
numa perspectiva farmacológica, são atrelados aos sistemas dopaminérgico e
serotonérgico. Contudo, é importante ressaltar que o efeito do chá não se reduz
apenas a esses dois sistemas e ainda existe um grande caminho a trilhar,
explorando outros sistemas e suas relações com o potencial antidependência. A
interação com os receptores Sigma 1 está relacionada a processos neuro
inflamatórios e merece maiores estudos em um futuro. Além disso, nos últimos anos
algumas pesquisas mostraram o potencial de neurogênese desempenhado por
81
psicodélicos, incluindo a ayahuasca (Morales-García et al., 2017; Murnane, 2018), e
este potencial também precisa ser melhor estudado e entendido.
Além do potencial antidependência amplamente discorrido neste trabalho,
estudos sugerem que a ayahuasca apresenta potencial terapêutico para transtornos
de ansiedade e depressão, além de um papel importante relacionado a memória
(dos Santos & Hallak, 2020; Wiltenburg et al., 2021). Estudos observacionais em
humanos sugerem que usuários adultos com consumo de longo-prazo de ayahuasca
apresentam melhora no aprendizado, memória e desempenho de funções
executivas quando comparados a grupos de controle que não usam o chá (Bouso et
al., 2012, 2015; Grob et al., 1996). Estudos com animais mostraram que o chá de
ayahuasca e suas β-carbolinas possuem características neuroprotetoras e podem
ser benéficos à memória, aprendizagem, e na melhora de seus déficits. Trabalhos
sugerem que a harmina melhorou a memória em vários modelos experimentais
como: tarefa de reconhecimento de objetos (Moura et al., 2006), teste de labirinto de
Morris (He et al., 2015b; Zhong et al., 2015) e teste de memória de curto-prazo
(Delayed-match-to-sample asymmetrical 3-choice task, sem tradução (Mennenga et
al., 2015).
Os resultados da sensibilização comportamental, apesar de serem distintos
do esperado, mostraram uma pequena recuperação do grupo que recebeu a maior
dose de ayahuasca associada ao etanol nos parâmetros de taxa de exploração e
tempo de permanência na zona central da arena. O aumento do tempo de
permanência na zona central e na taxa de exploração deste grupo no último dia
experimental, apesar de pouco conclusivo, pode estar relacionado a um potencial
ansiolítico e benéfico para a memória da ayahuasca. No entanto, esta possibilidade
precisa ser melhor estudada já que o modelo de sensibilização comportamental
usado no nosso estudo não tinha este objetivo e não produziu o resultado esperado,
no que se refere a indução de sensibilização pelo etanol.
Por fim, a presente pesquisa, dentro de suas limitações, parece corroborar a
ideia de que o chá de ayahuasca pode sim ter um potencial terapêutico na
dependência de etanol, dada pelo bloqueio da ayahuasca sobre a preferência
condicionada ao lugar induzida por etanol. Contudo, a heterogeneidade de
resultados observada, tanto em humanos quanto nos animais, enaltece a
necessidade de um ambiente de utilização adequado e maiores estudos em
82
ambientes controlados para aumentar o leque e arcabouço de conhecimento sobre
esta substância.
83
6. CONCLUSÕES
85
7. REFERÊNCIAS
Anagnostaras SG, Badiani A, Robinson TE. The development of sensitization to the psychomotor
stimulant effects of amphetamine is enhanced in a novel environment.
Psychopharmacol. (Berl), 117: 443-52, 1995.
Andrews, P. W., Bharwani, A., Lee, K. R., Fox, M., & Thomson, J. A. (2015). Is serotonin an upper
or a downer? The evolution of the serotonergic system and its role in depression and
the antidepressant response. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 51, 164–188.
https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2015.01.018
Araujo, N. P., Camarini, R., Souza-Formigoni, M. L. O., Carvalho, R. C., Abílio, V. C., Silva, R. H.,
Ricardo, V. P., Ribeiro, R. de A., & Frussa-Filho, R. (2005). The importance of housing
conditions on behavioral sensitization and tolerance to ethanol. Pharmacology
Biochemistry and Behavior, 82(1), 40–45. https://doi.org/10.1016/j.pbb.2005.07.009
Araujo, N.P.; Andersen, M.L.; Abilio, V.C.; Gomes, D.C.; Carvalho, R.C.; Silva, R.H.; Ribeiro, R, de A.;
Tufik, S.; Frussa-Filho, R. Sleep deprivation abolishes the locomotor stimulant effect of
ethanol in mice. Brain Res Bull., v. 69, n. 3, p. 332-337, 2006.
Araujo, N. P., Fukushiro, D. F., Cunha, J. L. S., Levin, R., Chinen, C. C., Carvalho, R. C., Ribeiro, I. C.
P., Gomes, D. C., Abílio, V. C., Silva, R. H., Ribeiro, R. de A., & Frussa-Filho, R. (2006).
Drug-induced home cage conspecifics’ behavior can potentiate behavioral sensitization
in mice. Pharmacology, Biochemistry, and Behavior, 84(1), 142–147.
https://doi.org/10.1016/j.pbb.2006.04.019
ASAM. (2017). ASAM Definition of Addiction. https://www.asam.org/Quality-Science/definition-of-
addiction
Badiani A, Browman KE, Robinson TE. Influence of novel versus home environments on
sensitization to the psychomotor stimulant effects of cocaine and amphetamine. Brain
Res., 20: 291-8, 1995
Badiani, A. Oates, M.M. Day, H.E. Watson, S.J. Akil, H. Robinson, T.E. Amphetamine-induced
behavior, dopamine release, and c-fos mRNA expression: modulation by environmental
novelty. J Neurosci., v. 18, n. 24, p.10579-10593, 1998.
Barbosa, P. C. R., Tófoli, L. F., Bogenschutz, M. P., Hoy, R., Berro, L. F., Marinho, E. A. V., Areco, K.
N., & Winkelman, M. J. (2018). Assessment of Alcohol and Tobacco Use Disorders
Among Religious Users of Ayahuasca. Frontiers in Psychiatry, 9, 136–136. PubMed.
https://doi.org/10.3389/fpsyt.2018.00136
Bardo, M. T., & Bevins, R. A. (2000). Conditioned place preference: What does it add to our
preclinical understanding of drug reward? Psychopharmacology, 153(1), 31–43.
https://doi.org/10.1007/s002130000569
Baliki, M. N., Mansour, A., Baria, A. T., Huang, L., Berger, S. E., Fields, H. L., & Apkarian, A. V.
(2013). Parceling Human Accumbens into Putative Core and Shell Dissociates Encoding
of Values for Reward and Pain. The Journal of Neuroscience, 33(41), 16383–16393.
https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.1731-13.2013
86
Becker, J. B., & Hu, M. (2008). Sex differences in drug abuse. Frontiers in
Neuroendocrinology, 29(1), 36–47. https://doi.org/10.1016/j.yfrne.2007.07.003
Blum, K., Werner, T., Carnes, S., Carnes, P., Bowirrat, A., Giordano, J., Marlene-Oscar-Berman, &
Gold, M. (2012). Sex, Drugs, and Rock ‘N’ Roll: Hypothesizing Common Mesolimbic
Activation as a Function of Reward Gene Polymorphisms. Journal of psychoactive drugs,
44(1), 38–55.
Belin, D., & Everitt, B. J. (2008). Cocaine Seeking Habits Depend upon Dopamine-Dependent
Serial Connectivity Linking the Ventral with the Dorsal Striatum. Neuron, 57(3), 432–441.
https://doi.org/10.1016/j.neuron.2007.12.019
Boden, J. M., & Fergusson, D. M. (2011). Alcohol and depression. Addiction, 106(5), 906–914.
https://doi.org/10.1111/j.1360-0443.2010.03351.x
Bouso, J. C., dos Santos, R. G., Alcázar-Córcoles, M. Á., & Hallak, J. E. C. (2018). Serotonergic
psychedelics and personality: A systematic review of contemporary research.
Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 87, 118–132.
https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2018.02.004
Bouso, J. C., González, D., Fondevila, S., Cutchet, M., Fernández, X., Ribeiro Barbosa, P. C.,
Alcázar-Córcoles, M. Á., Araújo, W. S., Barbanoj, M. J., Fábregas, J. M., & Riba, J. (2012).
Personality, psychopathology, life attitudes and neuropsychological performance
among ritual users of ayahuasca: A longitudinal study. PLoS ONE, 7(8), e42421–e42421.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0042421
Bouso, J. C., Palhano-Fontes, F., Rodríguez-Fornells, A., Ribeiro, S., Sanches, R., Crippa, J. A. S.,
Hallak, J. E. C., de Araujo, D. B., & Riba, J. (2015). Long-term use of psychedelic drugs is
associated with differences in brain structure and personality in humans. European
Neuropsychopharmacology, 25(4), 483–492.
https://doi.org/10.1016/j.euroneuro.2015.01.008
Bradford, M. M. (1976). A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical
Biochemistry, 72, 248–254. https://doi.org/10.1006/abio.1976.9999
Brenhouse, H. C., & Stellar, J. R. (2006). C-Fos and ΔFosB expression are differentially altered in
distinct subregions of the nucleus accumbens shell in cocaine-sensitized rats.
Neuroscience, 137(3), 773–780.
https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2005.09.039
Brierley, D. I., & Davidson, C. (2012). Developments in harmine pharmacology—Implications for
ayahuasca use and drug-dependence treatment. Progress in Neuro-Psychopharmacology
and Biological Psychiatry, 39(2), 263–272.
https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2012.06.001
Burghardt, N. S., & Bauer, E. P. (2013). Acute and chronic effects of selective serotonin reuptake
inhibitor treatment on fear conditioning: Implications for underlying fear circuits.
Neuroscience, 247, 253–272.
https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2013.05.050
87
Callaway, J. C. (2005). Various alkaloid profiles in decoctions of banisteriopsis caapi. Journal of
Psychoactive Drugs, 37(2), 151–155.
https://doi.org/10.1080/02791072.2005.10399796
Callaway, J. C., McKenna, D. J., Grob, C. S., Brito, G. S., Raymon, L. P., Poland, R. E., Andrade, E.
N., Andrade, E. O., & Mash, D. C. (1999). Pharmacokinetics of Hoasca alkaloids in healthy
humans. Journal of Ethnopharmacology, 65(3), 243–256. https://doi.org/10.1016/S0378-
8741(98)00168-8
Callaway, J. C., Raymon, L. P., Hearn, W. L., McKenna, D. J., Grob, C. S., Brito, G. S., & Mash, D. C.
(1996). Quantitation of N,N-dimethyltryptamine and harmala alkaloids in human plasma
after oral dosing with ayahuasca. Journal of Analytical Toxicology, 20(6), 492–497.
https://doi.org/10.1093/jat/20.6.492
Carlini, E. A. (2011). Capítulo 5—Testes Iniciais para Estudo de Drogas e Extratos com Efeito
Central. In Protocolos em psicofarmacoogia comportamental: Um guia para a pesquisa
de drogas com ação sobre o SNC, com ênfase nas plantas medicinais (p. 131–158).
Edita Fap-Unifesp.
Cascudo, L. da C. (2004). História da alimentação no Brasil (3a, p. 954). Global.
Cata-Preta, E. G., Serra, Y. A., Moreira-Junior, E. da C., Reis, H. S., Kisaki, N. D., Libarino-Santos,
M., Silva, R. R. R., Barros-Santos, T., Santos, L. C., Barbosa, P. C. R., Costa, J. L., Oliveira-
Lima, A. J., Berro, L. F., & Marinho, E. A. V. (2018). Ayahuasca and Its DMT- and β-
carbolines—Containing ingredients block the expression of ethanol-induced
conditioned place preference in mice: Role of the treatment environment. Frontiers in
Pharmacology, 9(MAY). https://doi.org/10.3389/fphar.2018.00561
Carlson, N. R. (2012). Physiology of Behavior (11th edition). Pearson.
Cavalieri, D., McGovern, P. E., Hartl, D. L., Mortimer, R., & Polsinelli, M. (2003). Evidence for S.
cerevisiae Fermentation in Ancient Wine. 57(SUPPL. 1), S226–S232.
https://doi.org/10.1007/s00239-003-0031-2
CEBRID. (2005). II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil.
CEBRID. (2010). VI Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre
estudantes do ensino fundamental e médio das redes pública e privada de ensino nas
27 capitais brasileiras.
Cherpitel, C. J., Borges, G., Giesbrecht, N., Monteiro, M., & Stockwell, T. (2013). Prevention of
alcohol-related injuries in the Americas: From evidence to policy action.
Chrzan, J. (2013). Alcohol: Social Drinking in Cultural Context. Routledge.
Costa, M. C. M., Figueiredo, M. C., Cazenave, S. O. S., Carolina, M., Costa, M., Figueiredo, M. C.,
De, S., & Santos Cazenave, O. (2005). Artigo Original Ayahuasca: Uma abordagem
toxicológica do uso ritualístico Ayahuasca: A Toxicological Approach of the Ritualistic
Use. Rev. Psiq. Clín, 32(6), 310–318.
Cruz, F. C., Javier Rubio, F., & Hope, B. T. (2015). Using c-fos to study neuronal ensembles in
corticostriatal circuitry of addiction. Brain Research, 1628, 157–173.
https://doi.org/10.1016/j.brainres.2014.11.005
88
Crombag, H. S., & Robinson, T. E. (2004). Drugs, Environment, Brain, and Behavior. Current
Directions in Psychological Science, 13(3), 107–111.
Crombag, H.S.; Badiani, A.; Chan, J.; Dell'orco, J.; Dinnen, S.P.; Robinson, T.E. The ability of
environmental context to facilitate psychomotor sensitization to amphetamine can be
dissociated from its effect on acute drug responsiveness and on conditioned
responding. Neuropsychopharmacol., v. 24, n. 6, p. 680-690, 2001.
Cunningham CL, Noble D. Conditioned activation induced by ethanol: role in sensitization and
conditioned place preference. Pharmacol. Biochem. Behav., 43(1):307-13, 1992.
Araujo, N. P., Fukushiro, D. F., Grassl, C., Hipólide, D. C., Souza-Formigoni, M. L. O., Tufik, S., &
Frussa-Filho, R. (2009). Ethanol-induced behavioral sensitization is associated with
dopamine receptor changes in the mouse olfactory tubercle. Physiology & Behavior,
96(1), 12–17. https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2008.07.029
De Pauli, R. F., Coelhoso, C. C., Tesone-Coelho, C., Linardi, A., Mello, L. E., Silveira, D. X., & Santos-
Junior, J. G. (2014). Withdrawal induces distinct patterns of FosB/∆FosB expression in
outbred Swiss mice classified as susceptible and resistant to ethanol-induced
locomotor sensitization. Pharmacology Biochemistry and Behavior, 117, 70–78.
https://doi.org/10.1016/j.pbb.2013.12.007
de Veen, B. T. H., Schellekens, A. F. A., Verheij, M. M. M., & Homberg, J. R. (2017). Psilocybin for
treating substance use disorders? Expert Review of Neurotherapeutics, 17(2), 203–212.
https://doi.org/10.1080/14737175.2016.1220834
Di Chiara, G. (2002). Nucleus accumbens shell and core dopamine: Differential role in behavior
and addiction. Behavioural Brain Research, 137(1–2), 75–114.
https://doi.org/10.1016/s0166-4328(02)00286-3
Didone, V., Ingelgom, T. van, Tirelli, E., & Quertemont, E. (2019). Long-term exposure to daily
ethanol injections in DBA/2J and Swiss mice: Lessons for the interpretation of ethanol
sensitization. PLOS ONE, 14(11), e0214696.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0214696
Didone, V., Quoilin, C., Tirelli, E., & Quertemont, E. (2008). Parametric analysis of the development
and expression of ethanol-induced behavioral sensitization in female Swiss mice:
Effects of dose, injection schedule, and test context. Psychopharmacology, 201(2), 249–
260. https://doi.org/10.1007/s00213-008-1266-9
Doering-Silveira, E., Grob, C. S., de Rios, M. D., Lopez, E., Alonso, L. K., Tacla, C., & Da Silveira, D.
X. (2005). Report on Psychoactive Drug Use Among Adolescents Using Ayahuasca
Within a Religious Context. Journal of Psychoactive Drugs, 37(2), 141–144.
https://doi.org/10.1080/02791072.2005.10399794
dos Santos, R. G., & Hallak, J. E. C. (2020). Therapeutic use of serotoninergic hallucinogens: A
review of the evidence and of the biological and psychological mechanisms.
Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 108, 423–434.
https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2019.12.001
89
Dumitriu, D., LaPlant, Q., Grossman, Y. S., Dias, C., Janssen, W. G., Russo, S. J., Morrison, J. H., &
Nestler, E. J. (2012). Subregional, Dendritic Compartment, and Spine Subtype Specificity
in Cocaine Regulation of Dendritic Spines in the Nucleus Accumbens. Journal of
Neuroscience, 32(20), 6957–6966. https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.5718-11.2012
Erkmen, O., & Bozoglu, T. F. (2016). Fermented Vegetables and Fruits. Food Microbiology:
Principles into Practice, 313–348. https://doi.org/10.1002/9781119237860.ch42
Everitt, B., & Wolf, M. (2002). Psychomotor Stimulant Addiction: A Neural Systems Perspective.
The Journal of neuroscience : the official journal of the Society for Neuroscience, 22, 3312–
3320. https://doi.org/10.1385/1-59259-306-2:183
Faria, R. R., Lima Rueda, A. V., Sayuri, C., Soares, S. L., Malta, M. B., Carrara-Nascimento, P. F., da
Silva Alves, A., Marcourakis, T., Yonamine, M., Scavone, C., Giorgetti Britto, L. R., &
Camarini, R. (2008). Environmental modulation of ethanol-induced locomotor activity:
Correlation with neuronal activity in distinct brain regions of adolescent and adult
Swiss mice. Brain Research, 1239, 127–140.
https://doi.org/10.1016/j.brainres.2008.08.056
Foltran, F., Gregori, D., Franchin, L., Verduci, E., & Giovannini, M. (2011). Effect of alcohol
consumption in prenatal life, childhood, and adolescence on child development.
Nutrition Reviews, 69(11), 642–659. https://doi.org/10.1111/j.1753-4887.2011.00417.x
Funk, C. K., Zorrilla, E. P., Lee, M.-J., Rice, K. C., & Koob, G. F. (2007). Corticotropin-Releasing
Factor 1 Antagonists Selectively Reduce Ethanol Self-Administration in Ethanol-
Dependent Rats. https://doi.org/10.1016/j.biopsych.2006.03.063
Gable, R. (2007). Risk Assessment of Ritual Use of Oral Dimethyltryptamine (DMT) and Harmala
Alkaloids. Addiction (Abingdon, England), 102, 24–34.
https://doi.org/10.1111/j.1360-0443.2006.01652.x
Garcia-Romeu, A., Griffiths, R., & Johnson, M. (2015). Psilocybin-Occasioned Mystical
Experiences in the Treatment of Tobacco Addiction. Current Drug Abuse Reviews, 7(3),
157–164. https://doi.org/10.2174/1874473708666150107121331
Gately, I. (2008). Drink: A Cultural History of Alcohol. Gotham.
George, O., & Koob, G. F. (2013). Control of craving by the prefrontal cortex. Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United States of America, 110(11), 4165–
4166. https://doi.org/10.1073/pnas.1301245110
Gianfratti, B. Avaliação farmacológica do chá de ayahuasca em modelos préclínicos de
dependência de etanol.[Tese] São Paulo: Universidade Federal de São Paulo –
Escola Paulista de Medicina; 2009.
Gipson, C. D., Reissner, K. J., Kupchik, Y. M., Smith, A. C. W., Stankeviciute, N., Hensley-Simon, M.
E., & Kalivas, P. W. (2013). Reinstatement of nicotine seeking is mediated by
glutamatergic plasticity. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United
States of America, 110(22), 9124–9129.
https://doi.org/10.1073/pnas.1220591110
90
Glennon, R. A., Dukat, M., Grella, B., Hong, S., Costantino, L., Teitler, M., Smith, C., Egan, C., Davis,
K., & Mattson, M. V. (2000). Binding of beta-carbolines and related agents at serotonin
(5-HT(2) and 5-HT(1A)), dopamine (D(2)) and benzodiazepine receptors. Drug and Alcohol
Dependence, 60(2), 121–132. https://doi.org/10.1016/s0376-
8716(99)00148-9
Glick, S. D., Maisonneuve, I. M., & Szumlinski, K. K. (2001). Chapter 2 Mechanisms of action of
ibogaine: Relevance to putative therapeutic effects and development of a safer iboga
alkaloid congener. Alkaloids: Chemistry and Biology, 56(C), 39–53.
https://doi.org/10.1016/S0099-9598(01)56006-X
Godinho AF, Silva MC, Kawashima JD, et al. Ayahuasca Modifies Amphetamine Self Ingestion
and Modifies Anxiety and Locomotor Activity in Adolescent Rats. Electronic J Biol, 13:2
Grahame NJ, Rodd-Henricks K, LI TK, Lumeng L. Ethanol locomotor sensitization, but not
tolerance correlates with selection for alcohol preference in high- and low-alcohol
preferring mice. Psychopharmacol. (Berl), 151(2-3):252-260, 2000.
Gonzales, R. A., Job, M. O., & Doyon, W. M. (2004). The role of mesolimbic dopamine in the
development and maintenance of ethanol reinforcement. Pharmacology and
Therapeutics, 103(2), 121–146. https://doi.org/10.1016/j.pharmthera.2004.06.002
Gremel, C. M., & Costa, R. M. (2013). Orbitofrontal and striatal circuits dynamically encode the
shift between goal-directed and habitual actions. Nature Communications.
https://doi.org/10.1038/ncomms3264
Grob, C. S., McKenna, D. J., Callaway, J. C., Brito, G. S., Neves, E. S., Oberlaender, G., Saide, O. L.,
Labigalini, E., Tacla, C., Miranda, C. T., Strassman, R. J., & Boone, K. B. (1996). Human
psychopharmacology of hoasca, a plant hallucinogen used in ritual context in Brazil.
Journal of Nervous and Mental Disease, 184(2), 86–94.
https://doi.org/10.1097/00005053-199602000-00004
Grof, S. (2020). O Caminho do Psiconauta: Enciclopédia para jornadas internas: Vol. II (1o ed).
Numina.
Guinness World Records. (2020). https://www.guinnessworldrecords.com/world-records/68379-oldest-
wine
Halpern, J. H., Sherwood, A. R., Passie, T., Blackwell, K. C., & Ruttenber, A. J. (2008). Evidence of
health and safety in American members of a religion who use a hallucinogenic
sacrament. Medical science monitor: international medical journal of experimental and clinical
research, 14(8), SR15-22.
He, D., Wu, H., Wei, Y., Liu, W., Huang, F., Shi, H., Zhang, B., Wu, X., & Wang, C. (2015). Effects of
harmine, an acetylcholinesterase inhibitor, on spatial learning and memory of APP/PS1
transgenic mice and scopolamine-induced memory impairment mice. European Journal
of Pharmacology, 768, 96–107.
https://doi.org/10.1016/j.ejphar.2015.10.037
91
Howell, L. L., & Cunningham, K. A. (2015). Serotonin 5-HT2 Receptor Interactions with Dopamine
Function: Implications for Therapeutics in Cocaine Use Disorder. Pharmacological
Reviews, 67(1), 176–197. https://doi.org/10.1124/pr.114.009514
Hyman, S. E., Malenka, R. C., & Nestler, E. J. (2006). Neural mechanisms of addiction: The role of
reward-related learning and memory. Annual Review of Neuroscience, 29, 565–598.
https://doi.org/10.1146/annurev.neuro.29.051605.113009
ICICT/FIOCRUZ. (2017). III Levantamento Nacional Sobre o Uso de Drogas pela População
Brasileira.
Ikemoto S. (2010). Brain reward circuitry beyond the mesolimbic dopamine system: a
neurobiological theory. Neuroscience and biobehavioral reviews, 35(2), 129–150.
https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2010.02.001
Ives, M. (2011). How Beer Saved the World.
Jiménez-Garrido, D. F., Gómez-Sousa, M., Ona, G., Dos Santos, R. G., Hallak, J. E. C., Alcázar-
Córcoles, M. Á., & Bouso, J. C. (2020). Effects of ayahuasca on mental health and quality
of life in naïve users: A longitudinal and cross-sectional study combination. Scientific
Reports, 10(1), 4075. https://doi.org/10.1038/s41598-020-
61169-x
Jones, B. C., Ben-Hamida, S., de Vasconcelos, A. P., Kelche, C., Lazarus, C., Jackisch, R., & Cassel,
J. C. (2010). Effects of ethanol and ecstasy on conditioned place preference in the rat.
Journal of Psychopharmacology (Oxford, England), 24(2), 275–
279. https://doi.org/10.1177/0269881109102775
Koob, G. F. (2006). The neurobiology of addiction: A neuroadaptational view relevant for
diagnosis. Addiction, 101, 23–30. https://doi.org/10.1111/j.1360-0443.2006.01586.x
Koob, G. F., & Le Moal, M. (2001). Drug addiction, dysregulation of reward, and allostasis.
Neuropsychopharmacology, 24(2), 97–129. https://doi.org/10.1016/S0893-
133X(00)00195-0
Kranzler, H. R., Armeli, S., Tennen, H., Covault, J., Feinn, R., Arias, A. J., Pettinati, H., & Oncken, C.
(2011). A double-blind, randomized trial of sertraline for alcohol dependence:
Moderation by age and 5-hydroxytryptamine transporter-linked promoter region
genotype. Journal of Clinical Psychopharmacology, 31(1), 22–30.
https://doi.org/10.1097/JCP.0b013e31820465fa
Kranzler, H. R., Feinn, R., Armeli, S., & Tennen, H. (2012). Comparison of Alcoholism Subtypes as
Moderators of the Response to Sertraline Treatment. Alcoholism: Clinical and
Experimental Research, 36(3), 509–516. https://doi.org/10.1111/j.1530-0277.2011.01609.x
Kreek, M. J., LaForge, K. S., & Butelman, E. (2002). Pharmacotherapy of addictions. Nature
Reviews Drug Discovery, 1(9), 710–726. https://doi.org/10.1038/nrd897
Krystal, J. H., Webb, E., Cooney, N., Kranzler, H. R., & Charney, D. S. (1994). Specificity of
Ethanollike Effects Elicited by Serotonergic and Noradrenergic Mechanisms. Archives of
General Psychiatry, 51(11), 898–911.
https://doi.org/10.1001/archpsyc.1994.03950110058008
92
Labate, B. C. (2000). A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos.
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/279073
Labigalini Junior, E. (1998). O uso de ayahuasca em um contexto religioso por ex-dependentes
de alcool. https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/18894
Lessov CN, Palmer AA, Quick EA, Phillips TJ. Voluntary ethanol drinking in C57BL/6J and DBA/2J
mice before and after sensitization to the locomotor stimulant effects of ethanol.
Psychopharmacol. (Berl), 155(1):91-99, 2001.
Liester, M. B., & Prickett, J. I. (2012). Hypotheses regarding the mechanisms of ayahuasca in the
treatment of addictions. Journal of Psychoactive Drugs, 44(3), 200–208.
https://doi.org/10.1080/02791072.2012.704590
Liu, L., Wang, J., Rosenberg, D., Zhao, H., Lengyel, G., & Nadel, D. (2018). Fermented beverage
and food storage in 13,000 y-old stone mortars at Raqefet Cave, Israel: Investigating
Natufian ritual feasting. Journal of Archaeological Science: Reports, 21, 783–793.
https://doi.org/10.1016/j.jasrep.2018.08.008
Loizaga-Velder, A., & Verres, R. (2014). Therapeutic Effects of Ritual Ayahuasca Use in the
Treatment of Substance Dependence—Qualitative Results. Journal of Psychoactive
Drugs, 46(1), 63–72. https://doi.org/10.1080/02791072.2013.873157
Lowery-Gionta, E. G., Marcinkiewcz, C. A., & Kash, T. L. (2015). Functional Alterations in the
Dorsal Raphe Nucleus Following Acute and Chronic Ethanol Exposure.
Neuropsychopharmacology, 40, 590–600. https://doi.org/10.1038/npp.2014.205
Lucke-Wold, B. (2011). The Varied Uses of Conditioned Place Preference in Behavioral
Neuroscience Research: An Investigation of Alcohol Administration in Model
Organisms. Impulse (Columbia, S.C.), 2011.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4896635/
Luna, L. E. (1984). The concept of plants as teachers among four mestizo shamans of iquitos,
Northeastern Peru. Journal of Ethnopharmacology, 11(2), 135–156.
https://doi.org/10.1016/0378-8741(84)90036-9
Luna, L. E. (1996). Biodynamic Constituents in Ayahuasca Admixture Plants: An Uninvestigated
Folk Pharmacopoeia.
https://www.researchgate.net/publication/284026585
Macena, A. (2015). Cerveja, embriaguez e sociedade: Tríade que reúne humanos há séculos.
Arquivos Brasileiros de Alimentação, 1(1), 65–84.
Malhotra, R. (2017). Our ancestors were drinking alcohol before they were human.
http://www.bbc.com/earth/story/20170222-our-ancestors-were-drinking-alcohol-before-they-
were-human
Marcinkiewcz, C. A., Dorrier, C. E., Lopez, A. J., & Kash, T. L. (2015). Ethanol induced adaptations
in 5-HT2c receptor signaling in the bed nucleus of the stria terminalis: Implications for
anxiety during ethanol withdrawal. Neuropharmacology, 89, 157–167.
https://doi.org/10.1016/j.neuropharm.2014.09.003
93
Marcinkiewcz, C. A., Mazzone #1, C. M., D’agostino, G., Halladay, L. R., Hardaway, J. A., Diberto, J.
F., Navarro, M., Burnham, N., Cristiano, C., Dorrier, C. E., Tipton, G. J., Ramakrishnan, C.,
Kozicz, T., Deisseroth, K., Thiele, T. E., Mcelligott, Z. A., Holmes, A., Heisler, L. K., & Kash, T.
L. (2016). Serotonin engages an anxiety and fear-promoting circuit in the extended
amygdala Europe PMC Funders Group. Nature, 537(7618), 97–101.
https://doi.org/10.1038/nature19318
Masur J, Souza ML, Zwicker AP. The excitatory effect of ethanol: absence in rats, no tolerance
and increased sensitivity in mice. Pharmacol. Biochem. Behav., 24(5):1225-8, 1986.
McGovern, P. E., Zhang, J., Tang, J., Zhang, Z., Hall, G. R., Moreau, R. A., Nuñez, A., Butrym, E. D.,
Richards, M. P., Wang, C. S., Cheng, G., Zhao, Z., & Wang, C. (2004).
Fermented beverages of pre- and proto-historic China. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, 101(51), 17593–17598.
https://doi.org/10.1073/pnas.0407921102
McIlhenny, E. H., Pipkin, K. E., Standish, L. J., Wechkin, H. A., Strassman, R., & Barker, S. A. (2009).
Direct analysis of psychoactive tryptamine and harmala alkaloids in the Amazonian
botanical medicine ayahuasca by liquid chromatography-electrospray ionization-
tandem mass spectrometry. Journal of Chromatography. A, 1216(51), 8960–8968.
https://doi.org/10.1016/j.chroma.2009.10.088
McKenna, D. J. (1998). 10. The Scientific Investigation of Ayahuasca: A Review of Past and
Current Research. 1, 12.
McKenna, D. J. (2004). Clinical investigations of the therapeutic potential of ayahuasca:
Rationale and regulatory challenges. 102(2), 111–129.
https://doi.org/10.1016/j.pharmthera.2004.03.002
McKenna, D. J., & Towers, G. H. N. (1984). Biochemistry and pharmacology of tryptamines and
beta-carbolines a minireview. Journal of Psychoactive Drugs, 16(4), 347–358.
https://doi.org/10.1080/02791072.1984.10472305
McKenna, D. J., Towers, G. H. N., & Abbott, F. (1984). Monoamine oxidase inhibitors in South
American hallucinogenic plants: Tryptamine and β-carboline constituents of
Ayahuasca. Journal of Ethnopharmacology, 10(2), 195–223.
https://doi.org/10.1016/0378-8741(84)90003-5
McReynolds, J. R., Christianson, J. P., Blacktop, J. M., & Mantsch, J. R. (2018). What does the Fos
say? Using Fos-based approaches to understand the contribution of stress to
substance use disorders. Neurobiology of Stress, 9, 271–285.
https://doi.org/10.1016/j.ynstr.2018.05.004
Meinguet, C., Bruyère, C., Frédérick, R., Mathieu, V., Vancraeynest, C., Pochet, L., Laloy, J., Mortier,
J., Wolber, G., Kiss, R., Masereel, B., & Wouters, J. (2015). 3D-QSAR, design, synthesis
and characterization of trisubstituted harmine derivatives with in vitro antiproliferative
properties. European Journal of Medicinal Chemistry, 94, 45–55.
https://doi.org/10.1016/j.ejmech.2015.02.044
94
Mendes, F. R., & Prado, D. R. (2017). Uso da fitoterapia no tratamento da dependência de
drogas. In Inovações no tratamento de dependência de drogas. (p. 53-70.). Atheneu:
Mennenga, S. E., Gerson, J. E., Dunckley, T., & Bimonte-Nelson, H. A. (2015). Harmine treatment
enhances short-term memory in old rats: Dissociation of cognition and the ability to
perform the procedural requirements of maze testing. Physiology & Behavior, 138, 260–
265. https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2014.09.001
Mercante, M. S. (2013). A ayahuasca e o tratamento da dependência. Mana, 19(3), 529–558.
https://doi.org/10.1590/s0104-93132013000300005
Merlo, E., Lorang, M., Yeganeh, M., Rodriguez De Fonseca, F., Raber, J., Koob, G. F., & Weiss, F.
(1995). Increase of Extracellular Corticotropin-Releasing Factor-Like lmmunoreactivity Levels
in the Amygdala of Awake Rats during Restraint Stress and Ethanol Withdrawal as Measured
by Microdialysis (The Journal of Neuroscience, Vol. 15, Número B, p. 5439–5447).
Morais, Juliana Alves de. Toxicidade aguda e crônica do chá ayahuasca (Banisteriopsis caapi e
Psychotria viridis), por análise histológica em ratas wistar. 2014. xvii, 87 f., il. Dissertação
(Mestrado em Ciências da Saúde)-Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Morales-García, J. A., de la Fuente Revenga, M., Alonso-Gil, S., Rodríguez-Franco, M. I., Feilding, A.,
Perez-Castillo, A., & Riba, J. (2017). The alkaloids of Banisteriopsis caapi , the plant
source of the Amazonian hallucinogen Ayahuasca, stimulate adult neurogenesis in vitro.
Scientific Reports, 7(1), 5309. https://doi.org/10.1038/s41598-017-05407-9
Moura, D. J., Rorig, C., Vieira, D. L., Henriques, J. A. P., Roesler, R., Saffi, J., & Boeira, J. M. (2006).
Effects of β-carboline alkaloids on the object recognition task in mice. Life Sciences,
79(22), 2099–2104. https://doi.org/10.1016/j.lfs.2006.07.004
Murnane, K. S. (2018). The renaissance in psychedelic research: What do preclinical models
have to offer. In Progress in Brain Research (Vol. 242, p. 25–67). Elsevier B.V.
https://doi.org/10.1016/bs.pbr.2018.08.003
Nascimento Alvarez, J. do, Fukushiro, D. F., Obara Tatsu, J. A., Pereira de Carvalho, E., Castro
Gandolfi, A. C. de, Tsuchiya, J. B., Carrara-Nascimento, P. F., Lima, M. L., Gentil Bellot, R., &
Frussa-Filho, R. (2006). Amphetamine-induced rapid-onset sensitization: Role of novelty,
conditioning and behavioral parameters. Pharmacology Biochemistry and Behavior.
https://doi.org/10.1016/j.pbb.2006.03.010
Meredith, G. E., Agolia, R., Arts, M. P. M., Groenewegen, H. J., & Zahm, D. S. (1992). Morphological
differences between projection neurons of the core and shell in the nucleus accumbens
of the rat. Neuroscience, 50(1), 149–162. https://doi.org/10.1016/0306-4522(92)90389-J
Meredith, G. E., Pennartz, C. M. A., & Groenewegen, H. J. (1993). Chapter 1 The cellular framework
for chemical signalling in the nucleus accumbens. In G. W. Arbuthnott & P. C. Emson
(Orgs.), Progress in Brain Research (Vol. 99, p. 3–24). Elsevier.
https://doi.org/10.1016/S0079-6123(08)61335-7
Nestler, E. J. (2001). Molecular basis of long-term plasticity underlying addiction. Nature
Reviews Neuroscience, 2(2), 119–128. https://doi.org/10.1038/35053570
95
Nestler, E. J., & Lüscher, C. (2019). The Molecular Basis of Drug Addiction: Linking Epigenetic to
Synaptic and Circuit Mechanisms. Neuron, 102(1), 48–59.
https://doi.org/10.1016/j.neuron.2019.01.016
Nichols, D. E. (2004). Hallucinogens. In Pharmacology and Therapeutics.
https://doi.org/10.1016/j.pharmthera.2003.11.002
Nichols, D. E. (2016). Psychedelics. Pharmacological Reviews, 68(2), 264–355.
https://doi.org/10.1124/pr.115.011478
Nishi, A., Kuroiwa, M., & Shuto, T. (2011). Mechanisms for the modulation of dopamine d(1)
receptor signaling in striatal neurons. Frontiers in neuroanatomy, 5, 43.
https://doi.org/10.3389/fnana.2011.00043
Nunes, A. A., Santos, R. G. dos, Osório, F. L., Sanches, R. F., Crippa, J. A. S., & Hallak, J. E. C.
(2016). Effects of Ayahuasca and its Alkaloids on Drug Dependence: A Systematic
Literature Review of Quantitative Studies in Animals and Humans. Journal of
Psychoactive Drugs, 48(3), 195–205.
https://doi.org/10.1080/02791072.2016.1188225
Nye, H. E., & Nestler, E. J. (1996). Induction of chronic Fos-related antigens in rat brain by
chronic morphine administration. Molecular Pharmacology, 49(4), 636–645.
Oliveira-Lima, A. J., Santos, R., Hollais, A. W., Gerardi-Junior, C. A., Baldaia, M. A., Wuo-Silva, R.,
Yokoyama, T. S., Costa, J. L., Malpezzi-Marinho, E. L. A., Ribeiro-Barbosa, P. C., Berro, L. F.,
Frussa-Filho, R., & Marinho, E. A. V. (2015). Effects of ayahuasca on the development of
ethanol-induced behavioral sensitization and on a post-sensitization treatment in mice.
Physiology and Behavior, 142, 28–36. https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2015.01.032
Overstreet, D. H., Knapp, D. J., & Breese, G. R. (2004). Modulation of multiple ethanol withdrawal-
induced anxiety-like behavior by CRF and CRF 1 receptors.
Oishi, Y., Xu, Q., Wang, L., Zhang, B.-J., Takahashi, K., Takata, Y., Luo, Y.-J., Cherasse, Y.,
Schiffmann, S. N., de Kerchove d’Exaerde, A., Urade, Y., Qu, W.-M., Huang, Z.-L., & Lazarus,
M. (2017). Slow-wave sleep is controlled by a subset of nucleus accumbens core
neurons in mice. Nature Communications, 8, 734. https://doi.org/10.1038/s41467-017-00781-
4
Pierce, R. C., & Kumaresan, V. (2006). The mesolimbic dopamine system: The final common
pathway for the reinforcing effect of drugs of abuse? Neuroscience and Biobehavioral
Reviews, 30(2), 215–238. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2005.04.016
Pires, A., Oliveira, C., & Yonamine, M. (2010). Ayahuasca: Uma revisão dos aspectos
farmacológicos e toxicológicos. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 31.
Phillips TJ, Huson M, Gwiazdon C, Burkhart-Kasch S, Shen EH. Effects of acute and repeated
ethanol exposures on the locomotor activity of BXD recombinant inbred mice. Alcohol
Clin Exp Res., 19(2):269-78, 1995.
Phillips TJ. Behavior genetics of drug sensitization. Crit. Rev. Neurobiol., 11: 21-33, 1997 a.
Phillips TJ, Roberts AJ, Lessov CN. Behavioral sensitization to ethanol: genetics and the effects
of stress. Pharmacol. Biochem. Behav., 57:487-493, 1997 b.
96
Popik, P., & Glick, S. D. (1996). Ibogaine, A Putatively Anti-Addictive Alkaloid. Drugs of the Future
1996,21(11): 1109–1115.
Prado, D. R., Reis, L. F., & Mendes, F. R. (2016). Ayahuasca reduz o efeito reforçador da morfina
no teste de preferência condicionada ao lugar em camundongos. XXIV Simpósio de
Plantas Medicinais do Brasil, Minas Gerais.
http://xxivspmb.ceplamt.org.br/cd/trabalhos.html
Quadros, I. M. H., Hipólide, D. C., Frussa-Filho, R., De Lucca, E. M., Nobrega, J. N., & Souza-
Formigoni, M. L. O. (2002). Resistance to ethanol sensitization is associated with
increased NMDA receptor binding in specific brain areas. European Journal of
Pharmacology, 442(1), 55–61. https://doi.org/10.1016/S0014-2999(02)01503-0
Quoilin, C., Didone, V., Tirelli, E., & Quertemont, E. (2012). Developmental differences in ethanol-
induced sensitization using postweanling, adolescent, and adult Swiss mice.
Psychopharmacology, 219(4), 1165–1177. https://doi.org/10.1007/s00213-011-2453-7
Paxinos, G., & Franklin, K. (2012). Paxinos and Franklin's the Mouse Brain in Stereotaxic
Coordinates.
Ray, L., Heydari, A., & Zorick, T. (2010). Quetiapine for the treatment of alcoholism: Scientific
rationale and review of the literature. Drug and alcohol review, 29, 568–575.
https://doi.org/10.1111/j.1465-3362.2010.00185.x
Rehm, J., Kanteres, F., & Lachenmeier, D. W. (2010). Unrecorded consumption, quality of alcohol
and health consequences. Drug and Alcohol Review, 29(4), 426–436.
https://doi.org/10.1111/j.1465-3362.2009.00140.x
Reis, H. S., Rodrigues, I. R. S., Anjos-Santos, A., Libarino-Santos, M., Serra, Y. A., Cata-Preta, E. G.,
Oliveira-Campos, D., Kisaki, N. D., Barros-Santos, T., Yokoyama, T. S., Cruz, F. C., Oliveira-
Lima, A. J., Barbosa, P. C. R., Berro, L. F., & Marinho, E. A. V. (2020). Ayahuasca blocks
the reinstatement of methylphenidate-induced conditioned place preference in mice:
Behavioral and brain Fos expression evaluations. Psychopharmacology, 237(11), 3269–
3281. https://doi.org/10.1007/s00213-020-05609-6
Rezvani, A. H., Overstreet, D. H., & Leef, Y. W. (1995). Attenuation of alcohol intake by Ibogaine in
three strains of alcohol-preferring rats. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, 52(3),
615–620. https://doi.org/10.1016/0091-3057(95)00152-M
Risinger, F. O., Cunningham, C. L., Bevins, R. A., & Holloway, F. A. (2002). Place Conditioning:
What Does It Add to Our Understanding of Ethanol Reward ? 10.
Rivier, L., & Lindgren, J. E. (1972). “Ayahuasca,” the South American hallucinogenic drink: An
ethnobotanical and chemical investigation. Economic Botany, 26(2), 101–129.
https://doi.org/10.1007/BF02860772
Roberto, M., Cruz, M. T., Gilpin, N. W., Sabino, V., Schweitzer, P., Bajo, M., Cottone, P., Madamba, S.
G., Stouffer, D. G., Zorrilla, E. P., Koob, G. F., Siggins, G. R., & Parsons, L. H. (2010).
Corticotropin releasing factor-induced amygdala gamma-aminobutyric Acid release
plays a key role in alcohol dependence. Biological Psychiatry, 67(9), 831–839. PubMed.
https://doi.org/10.1016/j.biopsych.2009.11.007
97
Robinson, T. E., & Becker, J. B. (1986). Enduring changes in brain and behavior produced by
chronic amphetamine administration: A review and evaluation of animal models of
amphetamine psychosis. Brain Research, 396(2), 157–198. https://doi.org/10.1016/s0006-
8993(86)80193-7
Robinson, T. E., Browman, K. E., Crombag, H. S., & Badiani, A. (1998). Modulation of the induction
or expression of psychostimulant sensitization by the circumstances surrounding drug
administration. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 22(2), 347–354.
https://doi.org/10.1016/s0149-7634(97)00020-1
Ruffle, J. K. (2014). Molecular neurobiology of addiction: What’s all the (Δ)FosB about? The
American Journal of Drug and Alcohol Abuse, 40(6), 428–437.
https://doi.org/10.3109/00952990.2014.933840
Robison, A. J., & Nestler, E. J. (2011). Transcriptional and epigenetic mechanisms of addiction.
Nature Reviews Neuroscience, 12(11), 623–637.
https://doi.org/10.1038/nrn3111
Samokhvalov, A. V., Irving, H. M., & Rehm, J. (2010). Alcohol consumption as a risk factor for
atrial fibrillation: A systematic review and meta-analysis. European Journal of Preventive
Cardiology, 17(6), 706–712.
https://doi.org/10.1097/HJR.0b013e32833a1947
Sari, Y., Johnson, V. R., & Weedman, J. M. (2011). Role of the Serotonergic System in Alcohol
Dependence: From Animal Models to Clinics. Progress in molecular biology and
translational science, 98, 401–443. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-385506-0.00010-7
Saddoris, M. P., Cacciapaglia, F., Wightman, R. M., & Carelli, R. M. (2015). Differential Dopamine
Release Dynamics in the Nucleus Accumbens Core and Shell Reveal Complementary
Signals for Error Prediction and Incentive Motivation. Journal of Neuroscience, 35(33),
11572–11582. https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.2344-15.2015
Sharma, R., Dumontier, S., DeRoode, D., Sahota, P., Thakkar, M.M. (2014). Nicotine infusion in the
wake-promoting basal forebrain enhances alcohol-induced activation of nucleus
accumbens. Alcohol Clin. Exp. Res., 38(10), 2590-2596
Scofield, M. D., Heinsbroek, J. A., Gipson, C. D., Kupchik, Y. M., Spencer, S., Smith, A. C. W.,
Roberts-Wolfe, D., & Kalivas, P. W. (2016). The Nucleus Accumbens: Mechanisms of
Addiction across Drug Classes Reflect the Importance of Glutamate Homeostasis.
Pharmacological Reviews, 68(3), 816–871. https://doi.org/10.1124/pr.116.012484
Schuckit, M. A. (2009). Alcohol-use disorders. The Lancet, 373(9662), 492–501.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(09)60009-X
SENAD. (2017). Detecção do uso e diagnóstico da dependência de substâncias psicoativas.
Shulgin, A., & Shulgin, A. (1997). Tihkal: The Continuation. Transform Press,U.S.; Illustrated Edition
(9 Oct. 1997).
Singh, L., Joshi, T., Tewari, D., Echeverría, J., Mocan, A., Sah, A. N., Parvanov, E., Tzvetkov, N. T.,
Ma, Z. F., Lee, Y. Y., Poznański, P., Huminiecki, L., Sacharczuk, M., Jóźwik, A., Horbańczuk,
J. O., Feder-Kubis, J., & Atanasov, A. G. (2020). Ethnopharmacological Applications
98
Targeting Alcohol Abuse: Overview and Outlook. Frontiers in Pharmacology, 10, 1593.
https://doi.org/10.3389/fphar.2019.01593
Smith, A. C. W., Kupchik, Y. M., Scofield, M. D., Gipson, C. D., Wiggins, A., Thomas, C. A., & Kalivas,
P. W. (2014). Synaptic plasticity mediating cocaine relapse requires matrix
metalloproteinases. Nature Neuroscience, 17(12), 1655–1657.
https://doi.org/10.1038/nn.3846
Speranza, L., Labus, J., Volpicelli, F., Guseva, D., Lacivita, E., Leopoldo, M., Bellenchi, G. C., di
Porzio, U., Bijata, M., Perrone-Capano, C., & Ponimaskin, E. (2017). Serotonin 5-HT7
receptor increases the density of dendritic spines and facilitates synaptogenesis in
forebrain neurons. Journal of Neurochemistry, 141(5), 647–661.
https://doi.org/10.1111/jnc.13962
Stafford, P. (2013). Psychedelics Encyclopedia (Ronin Publishing, Org.; 3rd Edição).
https://www.amazon.com.br/dp/B00BVTW2PA/ref=dp-kindle-
redirect?_encoding=UTF8&btkr=1
Stahl, S. M. (2008). Stahl’s essential psychopharmacology: Neuroscientific basis and practical
applications, 3rd ed (p. xv, 1117). Cambridge University Press.
Steketee, J. D., & Kalivas, P. W. (2011). Drug Wanting: Behavioral Sensitization and Relapse to
Drug-Seeking Behavior. Pharmacological Reviews, 63(2), 348–365.
https://doi.org/10.1124/pr.109.001933
Sullivan, L. C., Clarke, W. P., & Berg, K. A. (2015). Atypical Antipsychotics and Inverse Agonism
at 5-HT2 Receptors. Current pharmaceutical design, 21(26), 3732–3738.
Szechtman, H., Dai, H., Mustafa, S., Einat, H., & Sullivan, R. M. (1994). Effects of dose and
interdose interval on locomotor sensitization to the dopamine agonist quinpirole.
Pharmacology, Biochemistry, and Behavior, 48(4), 921–928.
https://doi.org/10.1016/0091-3057(94)90201-1
Thanos, P. K., Taintor, N. B., Rivera, S. N., Umegaki, H., Ikari, H., Roth, G., Ingram, D. K., Hitzemann,
R., Fowler, J. S., Gatley, S. J., Wang, G. J., & Volkow, N. D. (2004). DRD2 gene transfer into
the nucleus accumbens core of the alcohol preferring and nonpreferring rats attenuates
alcohol drinking. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, 28(5), 720–728.
https://doi.org/10.1097/01.ALC.0000125270.30501.08
Thanos, P. K., Volkow, N. D., Freimuth, P., Umegaki, H., Ikari, H., Roth, G., Ingram, D. K., &
Hitzemann, R. (2001). Overexpression of dopamine D2 receptors reduces alcohol self-
administration. Journal of Neurochemistry, 78(5), 1094–1103. https://doi.org/10.1046/j.1471-
4159.2001.00492.x
Thibaut F. (2017). Anxiety disorders: a review of current literature. Dialogues in clinical
neuroscience, 19(2), 87–88.
https://doi.org/10.31887/DCNS.2017.19.2/fthibaut
Thomas, G., Lucas, P., Capler, N. R., Tupper, K. W., & Martin, G. (2013). Ayahuasca-assisted
therapy for addiction: Results from a preliminary observational study in Canada.
Current Drug Abuse Reviews, 6(1), 30–42.
99
Úbeda-Contreras, J., Marín-Blasco, I., Nadal, R., & Armario, A. (2018). Brain c-fos expression
patterns induced by emotional stressors differing in nature and intensity. Brain Structure
and Function, 223(5), 2213–2227. https://doi.org/10.1007/s00429-018-1624-2
UDV. (2020). Centro Espirita Beneficente União do Vegetal. https://udv.org.br/a-uniao-do-vegetal/
Umhau, J. C., Schwandt, M. L., Usala, J., Geyer, C., Singley, E., George, D. T., & Heilig, M. (2011).
Pharmacologically induced alcohol craving in treatment seeking alcoholics correlates
with alcoholism severity, but is insensitive to acamprosate. Neuropsychopharmacology,
36, 1178–1186. https://doi.org/10.1038/npp.2010.253
Uslaner, J.; Badiani, A.; Day, H.E.; Watson, S.J.; Akil, H.; Robinson, T.E. Environmental context
modulates the ability of cocaine and amphetamine to induce c-fos mRNA expression in
the neocortex, caudate nucleus, and nucleus accumbens. Brain Res., v. 920, n. 1-2, p.
106-116, 2001.
Uzbay, T. (2008). Hypericum perforatum and substance dependence: A review. Phytotherapy
research: PTR, 22, 578–582. https://doi.org/10.1002/ptr.2420
Vendruscolo, L. F., Barbier, E., Schlosburg, J. E., Misra, K. K., Whitfield, T. W., Logrip, M. L., Rivier,
C., Repunte-Canonigo, V., Zorrilla, E. P., Sanna, P. P., Heilig, M., & Koob, G. F. (2012).
Corticosteroid-Dependent Plasticity Mediates Compulsive Alcohol Drinking in Rats.
https://doi.org/10.1523/JNEUROSCI.0069-12.2012
Vendruscolo, L. F., Estey, D., Goodell, V., Macshane, L. G., Logrip, M. L., Schlosburg, J. E., McGinn,
M. A., Zamora-Martinez, E. R., Belanoff, J. K., Hunt, H. J., Sanna, P. P., George, O., Koob, G.
F., Edwards, S., & Mason, B. J. (2015). Glucocorticoid receptor antagonism decreases
alcohol seeking in alcohol-dependent individuals. The Journal of Clinical Investigation,
125(8), 3193–3197. PubMed.
https://doi.org/10.1172/JCI79828
Valencia Garcia, S., & Fort, P. (2018). Nucleus Accumbens, a new sleep-regulating area through
the integration of motivational stimuli. Acta Pharmacologica Sinica, 39(2), 165–166.
https://doi.org/10.1038/aps.2017.168
Volkow, N. D., Fowler, J. S., Wang, G.-J., & Goldstein, R. Z. (2002). Role of dopamine, the frontal
cortex and memory circuits in drug addiction: Insight from imaging studies.
Neurobiology of learning and memory, 78(3), 610–624.
Volkow, N. D., Michaelides, M., & Baler, R. (2019). The Neuroscience of Drug Reward and
Addiction. Physiological Reviews, 99(4), 2115–2140.
https://doi.org/10.1152/physrev.00014.2018
Volkow, N. D., Tomasi, D., Wang, G.-J., Logan, J., Alexoff, D. L., Jayne, M., Fowler, J. S., Wong, C.,
Yin, P., & Du, C. (2014). Stimulant-induced dopamine increases are markedly blunted in
active cocaine abusers. Molecular Psychiatry, 19, 1037–1043.
https://doi.org/10.1038/mp.2014.58
Walter, T. J., Vetreno, R. P., & Crews, F. T. (2017). Alcohol and Stress Activation of Microglia and
Neurons: Brain Regional Effects. Alcoholism, Clinical and Experimental Research, 41(12),
2066–2081. https://doi.org/10.1111/acer.13511
100
Wiltenburg, V. D., da Rocha Prado, D., & Mendes, F. R. (2021). Therapeutic Use of Hallucinogens.
In D. De Micheli, A. L. M. Andrade, R. A. Reichert, E. A. da Silva, B. de O. Pinheiro, & F. M.
Lopes (Orgs.), Drugs and Human Behavior (p. 479–510). Springer International Publishing.
https://doi.org/10.1007/978-3-030-62855-0_35
Wise, Roy A., & Hoffman, D. C. (1992). Localization of drug reward mechanisms by intracranial
injections. Synapse, 10(3), 247–263.
https://doi.org/10.1002/syn.890100307
Wolf, D., Klasen, M., Eisner, P., Zepf, F. D., Zvyagintsev, M., Palomero-Gallagher, N., Weber, R.,
Eisert, A., & Mathiak, K. (2018). Central serotonin modulates neural responses to virtual
violent actions in emotion regulation networks. Brain Structure & Function, 223(7), 3327–
3345. https://doi.org/10.1007/s00429-018-1693-2
Wood, B. J. B. (1994). The indigenous fermented foods of the Sudan: A study in African food
and nutrition. Trends in Food Science & Technology, 5(12), 405.
https://doi.org/10.1016/0924-2244(94)90172-4
World Health Organization. (2018). Global status report on alcohol and health 2018 (WHO). World
Health Organization.
http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en/
Yasuhara, H. (1974). Studies on monoamine oxidase (report XXIV) effect of harmine on
monoamine oxidase. The Japanese Journal of Pharmacology, 24(4), 523–533.
https://doi.org/10.1254/jjp.24.523
Yager, L. M., Garcia, A. F., Wunsch, A. M., & Ferguson, S. M. (2015). The ins and outs of the
striatum: Role in drug addiction. Neuroscience, 301, 529–541.
https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2015.06.033
Zhong, Z., Tao, Y., & Yang, H. (2015). Treatment with harmine ameliorates functional impairment
and neuronal death following traumatic brain injury. Molecular Medicine Reports, 12(6),
7985–7991. https://doi.org/10.3892/mmr.2015.4437
101
8. APÊNDICE
102
ou o efeito desejado; acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma
quantidade de substância;
2. Síndrome de abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes
aspectos: síndrome de abstinência característica para a substância; a mesma
substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar
ou evitar sintomas de abstinência;
3. Existe um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de
reduzir ou controlar o uso da substância;
4. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por
um período mais longo do que o pretendido;
5. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da
substância, na utilização ou na recuperação de seus efeitos;
6. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar a substância;
7. Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar
papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa;
8. Uso continuado da substância, apesar de problemas sociais ou
interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus
efeitos;
9. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são
abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância;
10. Uso recorrente da substância em situações nas quais isso representa
perigo para a integridade física;
11. O uso da substância é mantido apesar da consciência de ter um problema
físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou
exacerbado pelo uso da mesma.
103
8.2 Material complementar Rota-Rod
Tabela contendo média, desvio padrão e teste de Shapiro-Wilk dos dados do rota-rod.
Descriptives
Tabela da Anova de medidas repetidas considerando os quatro momentos em que os animais eram
testados na barra giratória (Tempo) e os grupos experimentais: água (CTRL), chá de ayahuasca (AC) na dose de 650
mg/kg ou ayahuasca liofilizada (AL) nas doses de 650, 3560 e 5000 mg/kg.
104
Tabela post hoc da Anova de medidas repetidas. Comparação dos diferentes grupos no mesmo tempo e mesmo
grupo nos diferentes tempos por Tukey..
< .00
AL5000 - 45Min AL5000 32.429 5.68 30.0 5.7073
1
105
Tempo Grupo Tempo Grupo Mean Difference SE df t ptukey
Distribuição em gráfico de violino do tempo de permanência (segundos) na barra giratória (12 RPM) de
camundongos administrados por via oral com água (controle), chá de ayahuasca (AC) na dose de 650 mg/kg ou ayahuasca
liofilizada (AL) nas doses de 650, 3560 e 5000 mg/kg. Cada ponto representa a média do grupo no tempo. barra vertical
representa a média do grupo.
106
8.3 Material complementar PCL
Tabela contendo média, desvio padrão e teste de Shapiro-Wilk dos dados do PCL.
NãoPareado-PréTeste = Tempo bruto lado não pareado antes do condicionamento com etanol,
Pareado-PréTeste = Tempo bruto lado pareado antes do condicionamento com etanol, NãoPareado-PósTeste =
Tempo bruto lado não pareado depois do condicionamento com etanol, Pareado-PósTeste = Tempo bruto lado
pareado antes do condicionamento com etanol, TaxCresc.NãoPar.Pós/Pré = Taxa de crescimento do lado não
pareado do préTeste para o pósTeste, TaxCresc.Par.Pós/Pré = Taxa de crescimento do lado pareado do
préTeste para o pósTeste,, DiferençaPréTrat = diferença no tempo bruto do lado pareado com lado não pareado
no préTeste, DiferençaPósTrat = diferença no tempo bruto do lado pareado com lado não pareado no pósTeste,
Teste t de student
Pré - Teste Pós - Teste
Grupo Teste p value Grupo Teste P value
Controle Student's t 0.532 Controle Student's t 0.046
Aya 130 Student's t 0.287 Aya 130 Student's t 0.802
Aya 650 Student's t 0.824 Aya 650 Student's t 0.940
Aya Chá Student's t 0.223 Aya Chá Student's t 0.085
Aya 1950 Student's t 0.535 Aya 1950 Student's t 0.916
Tabelas com os valores de p do teste t pareado comparando o tempo bruto no lado não-pareado com o lado
pareado no período Pré e Pós-Teste; teste de hipótese M1≠M2
107
do período pré-teste para o período pós-teste no compartimento Não pareado
(TaxCresc.NãoPar.Pós/Pré) e Pareado (TaxCresc.Par.Pós/Pré); diferença no tempo
de permanência entre o ambiente Não Pareado e Pareado no período Pré-Teste
(DiferençaPréTrat) e Pós-Teste (DiferençaPósTrat).
A seguir encontra-se todas as análises da ANOVA e em seguida os testes
post hoc de Tukey para comparação entre os grupos. A ANOVA só foi significativa
na Taxa de crescimento no lado pareado do PósTeste em relação ao PréTeste,
contudo não foi encontrado diferença entre os grupos pelo post hoc de Tukey
108
109
8.4 Material complementar sensibilização comportamental – Distância
percorrida
Tabela contendo média, desvio padrão e teste de Shapiro-Wilk dos dados da distância percorrida.
Tabela da ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo), distância percorrida (milímetros) na
arena de campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca liofilizada (AYA)
nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg (EtOH).
110
Foi mantido na tabela apenas os valores estatisticamente significativos.
Comparison
Tabela da ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo), taxa de crescimento distância
percorrida (porcentagem) na arena de campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e
ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg
(EtOH).
Comparison
111
ANOVA de uma via seguido de post hoc de Tukey
Tabela das anovas de uma via seguidas de teste de Tukey. Foi considerado a comparação dos
diferentes grupos experimentais considerando a taxa de crescimento do dia 01 e dia 14 em relação ao dia basal
e taxa de crescimento do dia 14 em relação ao dia 01.
112
Taxa de crescimento (porcentagem) da distância percorrida na arena de campo aberto de camundongos
administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p com
salina 0,9% (SAL) e etanol 2,0 g/kg (EtOH). As caixas representam as médias e as barras os mínimos e máximos. *, # p<0,05
– estatisticamente diferente entre grupos. ANOVA de medidas repetidas seguida de Tuckey (n = 6-8/grupo).
113
8.5 Material complementar sensibilização comportamental – Taxa de
exploração
Tabela da ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo), taxa de exploração na arena de
campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses
de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg (EtOH). Foi mantido na tabela apenas os
valores estatisticamente significativos.
Comparison
Basal AYA1950-EtOH - Dia 01 AYA1950-EtOH 41.5263 6.34 33.0 6.55238 < .001
F df1 df2 p
115
116
Taxa de exploração (porcentagem) arena de campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e
ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p com salina 0,9% (SAL) e etanol 2,0 g/kg (EtOH). As
colunas representam as médias e as barras o intervalo de confiança dos dados. * p <0,05 – estatisticamente do grupo
marcado. ANOVA de medidas repetidas seguida de Tuckey (n = 6-8/grupo).
117
ANOVA de medidas repetidas seguido de post hoc de Tukey
Tabela da ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo), tempo de permanência na zona
central na arena de campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e ayahuasca
liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg (EtOH).
Dia ✻
22384 20 1119 1.78 0.031
Grupo
Comparison
AYA1950-
- Basal AYA1950-SAL 39.0000 27.86 27.0 1.39982 1.000
EtOH
118
Within Subjects Effects
AYA1950-
- Dia 01 AYA1950-SAL 0.4000 12.84 27.0 0.03116 1.000
EtOH
119
Within Subjects Effects
AYA1950-
- Dia 14 AYA1950-SAL 30.6000 8.98 27.0 3.40618 0.231
EtOH
Tabela da ANOVA de medidas repetidas seguida de Tukey (n = 6-8/grupo), tempo de permanência na zona
periférica (externa) na arena de campo aberto de camundongos administrados por via oral com água (AGUA) e
ayahuasca liofilizada (AYA) nas doses de 650 e 1950 mg/kg e por via i.p. com salina 0,9% (SAL) ou etanol 2,0 g/kg
(EtOH). Foi mantido na tabela apenas os valores estatisticamente significativos.
Within Subjects Effects
Comparison
120
8.7 Material complementar imunorreatividade c-Fos
Comparison
NAc Core AGUA-EtOH - NAc Core AGUA-SAL -45.69 23.8 32.0 -1.923 0.737
121
Post Hoc Comparisons - Região NAc ✻ Grupo
Comparison
Nac Shell AGUA-EtOH - Nac Shell AGUA-SAL -77.86 39.2 32.0 -1.988 0.698
F df1 df2 p
122
Tabela das anovas de uma via seguidas de teste de Tukey para a média da imunorreatividade da
proteína c-Fos nas regiões Core e Shell do Núcleo Accumbens.
123
8.8 Material complementar k-means
a) b)
c) d)
124
9. ANEXOS
125