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Jung não tem assim tanta certeza. Ele não concebe essa força vital na qual as
contradições da vida sejam definitivamente superadas. Ao contrário, vê o inconsciente
como criador da consciência constantemente buscando na criatura expressões mais
plenas e resolução das auto-contradições que nem pode perceber nem resolver por si
mesmo. Se pudéssemos verter essa dialética para a linguagem religiosa, como Jung fez
em seu livro Resposta a Jó seria preciso descrever um Deus inconsciente e em doloroso
conflito para criar a consciência humana como único agente capaz de identificar a
antinomia divina e para resolve-la em si mesma em cooperação com o imperativo
divino e a ele sujeita [61] . Na mitologia mais tarde desenvolvida por Jung, a história,
tanto individual como coletiva, adquire seu sentido mais profundo como se fosse um
papel teatral no qual a colisão dos opostos divinos se resolve na vida humana. Neste
ponto Jung aproxima-se mais do que Tillich de Bohème, cuja experiência mística
percebe Deus e ser humano como mutuamente redentores.